No dia seguinte os dois passearam. Mais tarde, depois de se despedir do moço, Elis, aproveitou para olhar algumas vitrines no centro da cidade. A seguir, verificando se não era seguida, a moça foi até a residência de Lourival.
Quando Elis se deparou com a casa – uma bela e ampla construção toda em azul, que parecia um pequeno palácio –, notou que esta, não ficava nada a dever a sua residência. Espantada com as dimensões do imóvel, assim que entrou na casa, Elis, ao ser atendida por Marta, perguntou se eles possuíam aquele imóvel há muito tempo.
Marta educadamente, respondeu que não. Em seguida, perguntando o por quê da curiosidade, ao saber que Elis era amiga de Lourival, foi logo chamá-lo.
Em questão de minutos finalmente, Lourival descendo às escadas, dirigiu-se a sala.
Ao se deparar com Elis, o rapaz ficou profundamente feliz. Comentando que não esperava vê-la tão cedo, Lourival respondeu que estava em seu quarto, lendo um pouco.
Elis ao constatar que ele e sua família estavam muito bem instalados, comentou que era muito estranho que um simples pescador, tivesse condições de morar numa casa tão boa quanto aquela.
Lourival, ao ouvir o comentário, respondeu que durante um longo tempo, guardou parte do dinheiro que ganhava para comprar uma boa casa. Afirmando que ele também tinha o direito de ter uma boa vida, respondeu que não precisou roubar dinheiro de ninguém para tanto. Alegando que sempre trabalhou, comentou que há muito tempo, não estava mais envolvido com contrabando.
Ao ouvir isso, Elis, respirou aliviada.
Lourival, então, insistindo em dizer que estava disposto a mudar de vida, acabou por convencê-la, de que não se envolveria mais com o bando.
Foi assim que os dois voltaram a se entender.
Com isso, precavidos, Lourival e Elis evitavam se encontrar em lugares muito freqüentados, para que assim, nenhum conhecido de Bernardo, avistasse o casal. Elis, acreditava que em assim procedendo, estaria a salvo da severidade de seu pai.
Ledo engano. Contudo, levaria algum tempo até que essa história caísse nos ouvidos de Bernardo.
Com isso, sempre que podiam os dois se encontravam. Felizes, Elis e Lourival tornaram a ver o belíssimo jardim que os encantara tempos atrás.
Elis, ao observar os lírios que haviam no campo, comentou que uma bonita passagem da Bíblia, contava por meio de uma metáfora, a respeito da excessiva preocupação das pessoas com o dia de amanhã.
Lourival ouvindo atentamente o relato da namorada, perguntou-lhe qual era a relação de tudo isso, com a vida deles.
A moça respondeu que:
-- Olhai os lírios do campo.
O rapaz intrigado, perguntou-a ela o que estava querendo dizer com estas palavras.
Elis explicou então, que nesta passagem da Bíblia, estava escrito que as aves não fiam e nem tecem. Não obstante isso, nunca lhes falta o que comer. Assim, a excessiva preocupação dos homens com o dia de amanhã é desnecessária. Isso por que, em se trabalhando, nunca faltará o que o comer.
Lourival ao ouvir, isso, comentou que era muito bonita esta passagem da Bíblia. Mas dizendo que nem tudo eram flores na vida das pessoas, relatou que nem todos os homens podiam se dar ao luxo de não terem que se preocupar com o dia de amanhã.
Elis ouviu atentamente as palavras do namorado.
O rapaz então, dizendo que já passara necessidade, deixou-a comovida.
Elis, que nunca tivera a mínima idéia do que era passar fome, ao ouvir que ele e seus tios passaram por provações, relatou que agora entendia o apelo sedutor que poderia haver em ganhar dinheiro fácil.
Lourival ao ouvir estas palavras, comentou que nunca mais viu Raul.
A moça ao ouvir isso, sorriu.
Luciana Celestino dos Santos
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Poesias
quinta-feira, 20 de maio de 2021
OLHAI OS LÍRIOS DO CAMPO - CAPÍTULO 10
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