Poesias

quinta-feira, 20 de maio de 2021

OLHAI OS LÍRIOS DO CAMPO - CAPÍTULO 12

Elis, desesperada, despedindo-se de Lourival, partiu no encalço de Abelardo. No entanto, não conseguiu alcançá-lo.
Lourival, percebendo o desespero de Elis, bem que tentou ajudá-la, mas a moça, dizendo que tinha que resolver aquela história sozinha, pediu para ele voltar para casa.
Lourival, mesmo preocupado, ao notar que não ajudava em nada, acabou concordando. Mas não sem antes dizer, que as portas de sua casa estariam sempre abertas para ela.
Elis, agradeceu a oferta. Nisso, voltando para casa, ao lá chegar, constatou que Abelardo já havia revelado tudo o que sabia.
Bernardo, furioso, ao saber que sua filha o enganara, ameaçou colocá-la de castigo.
Abelardo, que ainda estava na casa, ao perceber a fúria de Bernardo, comentou que revelou o que sabia, para que ele ficasse mais atento com Elis. Contudo, não queria que Bernardo batesse na moça.
Bernardo, ao ouvir isso, prometeu que não bateria na filha. Porém, dizendo que tamanha desobediência não poderia ficar sem castigo, alegou que ela ficaria alguns dias sem sair de casa.
Abelardo, ao ouvir isso, respondeu que assim ficava mais tranqüilo. Em seguida, saindo da sala, despediu-se de Bernardo e Claudete.
Com isso Bernardo, notando que precisava ficar a sós com a filha, pediu a esposa para que saísse da sala.
Claudete, temendo que o marido batesse em Elis, pediu insistentemente para que ele não fizesse nada do que pudesse se arrepender depois.
Bernardo irritado, ainda assim, prometeu a esposa que não surraria a filha.
Só assim, Claudete deixou a sala.
Nisso, furibundo, Bernardo se dirigiu a filha:
-- Quando eu penso que eu já vi tudo o que poderia, eu me surpreendo com mais um absurdo. Onde já se viu uma filha desobedecer seu pai?
Elis ao perceber a visível irritação do pai, tentou se explicar, mas Bernardo, iracundo, nem a deixou falar. Afirmando que estava decepcionado com o seu comportamento, Bernardo comentou que não esperava esse tipo de atitude por parte dela. Alegando que já ouvira histórias parecidas, sempre imaginou que sua filha era diferente.
Elis ao ouvir estas palavras, tentou novamente se explicar, mas outra vez Bernardo a impediu de falar. Profundamente irritado, comentou que diante dos últimos acontecimentos, só cabia a ele colocá-la de castigo. E assim, Bernardo, afirmou que ela só poderia sair de casa, acompanhada.
Elis então, percebendo que precisava dizer algo, comentou que não sairia de casa acompanhada por ninguém. Dizendo que era dona de seu nariz, respondeu que desde há muito tempo, resolvia seus assuntos sozinha. Assim, não seria agora que seria tolhida em sua liberdade.
Bernardo ao notar a postura da filha, retrucou:
-- Mocinha! Não seja petulante! Você não está em condições de discutir comigo. Além disso, que modos são esses?! Não foi assim que eu te criei.
-- Não. Não foi mesmo! Você me criou para ser uma esnobe, uma pessoa arrogante. Só que eu não sou. Não sou, e não vou desistir de ficar com Lourival por sua causa. Eu gosto dele. Será que não dá para você entender?
-- Não. Não dá para entender. Como eu vou entender que uma moça tão delicada e tão educada, possa gostar de um sujeitinho desclassificado? Minha filha, esse rapaz além de pobre, é um bandido.
Elis respondeu:
-- Não. Não é não. Ele mudou. Agora ele está trabalhando num escritório. Ele está seguindo um caminho correto agora.
-- Minha filha. Como você pode ter tanta certeza? Ele já te enganou antes.
-- Mas agora é diferente. Ele me prometeu. – respondeu ela.
-- Promessas. Desde quando verdadeiras?
-- Desde quando eu o vi trabalhando. Ele mudou. – insistiu ela.
-- Sim. E daí. Isso não muda o fato dele não ser homem para você. Eu não criei minha filha para cair nas mãos do primeiro safardana que aparecer.
Elis ao ouvir as palavras nem um pouco elogiosas de seu pai, a respeito de Lourival, respondeu num tom agressivo:
-- Ele não é um safardana. É um homem bom. Só que mal orientado. Mas agora, ele está no caminho certo. Posso assegurar.
-- Até quando minha filha? Até aparecer uma proposta melhor? Escute, Elis, eu sei o que estou dizendo, esse tipo de gente, não muda nunca.
-- Muda sim pai. Muda e muda tanto, que ele está pensando até em casamento.
Bernardo então, comentou:
-- Casamento. Parece que esse seu namoradinho não perde tempo mesmo. Mal passou a te ver e agora já esta pensando em matrimônio. Minha filha, não vê que esse miserável está querendo te aplicar o golpe do baú?
Elis ao ouvir isso, irritada, respondeu:
-- Ele não é um golpista. E eu irei me casar com ele, mesmo que contra sua vontade.
-- Ah, é mesmo?! Será que ele vai te aceitar sem dinheiro? – perguntou Bernardo em um tom provocativo.
-- Vai sim, ele não está interessado no meu dinheiro.
-- É isso que nós vamos ver. – respondeu Bernardo em tom de desafio.
-- Pois bem, veremos. Eu te garanto que o senhor está enganado. – respondeu ela.
-- Pode ser. Mas enquanto eu vivo for, a senhorita não se casará com este desclassificado.
-- Me casarei sim, mesmo contra sua vontade.
-- Não se casará não. – respondeu Bernardo gritando.
A seguir, um pouco mais calmo, comentou:
-- E agora, a senhorita vai fazer o favor de se trancar em seu quarto, e não vai sair de lá enquanto eu não te autorizar. Está ouvindo?
Elis mais uma vez tentou retrucar, mas Bernardo, segurando-a pelo braço, arrastou-a até o quarto. Em seguida trancando a porta, deixou a filha gritando, pedindo para sair.
Claudete ao ouvir a discussão, tentou convencer o marido a não deixá-la trancada em seu quarto. Em vão.
Profundamente aborrecido, Bernardo não queria mais nem ouvir falar neste assunto.

Luciana Celestino dos Santos
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