Poesias

quinta-feira, 20 de maio de 2021

OLHAI OS LÍRIOS DO CAMPO - CAPÍTULO 7

Lourival, ao perceber o desencanto nos olhos da moça, tentou inutilmente explicar-lhe a situação, mas ela, logo saiu da sala e adentrando seu quarto, sumiu de suas vistas.
Bernardo então, constatando que conseguira o que almejara, pediu para a esposa sair da sala.
Lourival por sua vez, humilhado com a situação, novamente fez menção de sair da casa. Bernardo, percebendo isso, exigiu que ele esperasse mais um pouco. Dizendo que não havia terminado seu assunto, ao perceber que Claudete já havia saído da sala, segurou o rapaz pelo braço.
Lourival, ao se ver compelido a permanecer diante de Bernardo, comentou irritado, que ele já havia conseguido o que queria, e portanto não havia mais nada a ser dito.
Bernardo no entanto, insistiu. Alegando que ainda tinha uma última coisa a dizer, respondeu:
-- Como o senhor já deve ter percebido, eu não quero vê-lo rondando minha filha. Ou seja, para ser mais claro: eu não criei Elis para vê-la se envolver com um aproveitador. Filha minha não se mistura com gentalha.
Lourival ao ouvir estas palavras, tratou logo de sair da residência. Antes porém, comentou:
-- Está certo! Eu não vou mais importunar nem o senhor nem sua família. Só quero que saiba de uma coisa: muito embora eu não seja o modelo de genro que o senhor quer – endinheirado –, eu não sou nenhum traste inútil, como o senhor pensa. Eu tenho dinheiro o suficiente para comprar toda essa pose de esnobe que o senhor tem... Tem mais uma coisa... eu não sou um golpista, eu gosto de sua filha, muito embora, para gente como o senhor, o dinheiro seja o mais importante.
Ao ouvir as palavras do rapaz, Bernardo, considerando-o um grande atrevido, bem que tentou retrucar, mas Lourival rapidamente saiu da casa da família, e ganhando a rua, deixou-o falando sozinho.
Desapontado, o rapaz ficou a caminhar pelas ruas de Fortaleza, sem vontade de voltar para casa. Humilhado, só conseguia pensar em uma coisa: dinheiro. Irritado e chateado com a situação, Lourival percebeu que só havia uma forma de ser aceito pelo arrogante Bernardo. Somente quando tivesse muito dinheiro é que poderia se casar com Elis.
Ao notar que só havia este caminho, o rapaz passou a trabalhar cada vez mais amiúde com Raul. No entanto, por mais que trabalhasse, Lourival nunca conseguia amealhar dinheiro suficiente para realizar seu intento. E assim, mesmo ganhando um bom dinheiro, não era o suficiente para sua ambição.
Seus tios, ao notarem o comportamento irritadiço de Lourival, censuraram sua ganância, mas o moço, dizendo que precisava mudar de vida, retrucou. Alegando que não agüentava mais viver naquela vila de pescadores, Lourival comentou que gostaria de morar numa casa melhor e mais ampla.
Seus tios – Marta e Renato –, ao ouvirem os comentários do rapaz, responderam que se ele gostaria de viver em uma casa melhor, deveria aprender a guardar pelo menos, parte do dinheiro que ganhava.
Lourival, ao ouvir o conselho dos tios, caiu em si. Percebendo que se continuasse a esbanjar o dinheiro que ganhava, nunca conseguiria melhorar sua vida, depois desse dia, nunca mais gastou tudo o que ganhava com bobagens. Assim, foi questão de tempo, para que conseguisse comprar uma bela residência no centro da cidade.
Com isso, as moças da região onde vivia, ao saberem que o rapaz partiria em breve, ficaram desalentadas. Os rapazes da vila porém, felizes, mal viam a hora de Lourival partir e eles finalmente se verem livres de sua presença inconveniente.
Assim, foi.

Luciana Celestino dos Santos
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