Poesias

quinta-feira, 6 de maio de 2021

O DESTINO DESFOLHOU - CAPÍTULO 1

Em uma cidade pouco conhecida, muitos crimes vinham sendo cometidos ultimamente.
Crimes os mais variados possíveis. Desde pequenos golpes, furto e roubos, até assassinatos. É, a situação era estarrecedora.
Mas a despeito disso, os policiais desta cidade não se deixaram intimidar. Valorosos, procuravam desvendar os crimes, muito embora estivessem em desvantagem, dado que os bandidos, detentores de um aparato mais moderno para suas práticas criminosas, facilmente conseguiam despistar a policia.
Sim, o crime organizado invadira a cidade, pegando as pessoas de surpresa.
Mesmo a policia, empenhada em encontrar os bandidos, não sabia o que fazer para tentar diminuir os índices alarmantes de criminalidade.
Não sabiam lidar com essa força criminosa que enveredava para todos os lados, inclusive na política.
Pior, por mais que fizessem, nada era suficiente.
A própria população estava insatisfeita com a atuação dos policiais.
Isso por que, últimos meses, a policia, em decorrência de sua falta de preparo para lidar com esse tipo de criminoso, acabou agindo equivocadamente. Os policiais, na tentativa de conterem um assalto, acabaram efetuando disparos que podem ter atingido uma das vítimas.
Muito embora, este tenha sido um fato isolado, o mesmo contribuiu e muito, para diminuir a credibilidade da polícia.
Por conta disso, o delegado da cidade cogitou até a possibilidade de afastar os policiais envolvidos no incidente, tamanha era a pressão popular para que se fizesse alguma coisa.
Foi por esta razão que as vidas de Fabrício e Alessandro, viraram de cabeça para baixo.
Isso por que, ao trocarem tiros com os bandidos, acabaram colocando em risco a vida das pessoas que passavam pelo local naquele momento. Não bastasse isso, um dos disparos acabou por atingir uma das vítimas dos bandidos. Contudo, não dava para se saber ao certo, quem tinha sido o autor dos disparos.
Contudo, apesar do delegado Otaviano, acreditar que nenhum de seus policiais havia efetuado os aludidos disparos, precisava ainda assim, tomar uma atitude. Por isso, antes de qualquer coisa, chamou os dois policiais para uma conversa.
Ao entrarem na sala, Otaviano foi logo pedindo para que se sentassem.
Os policiais então se sentaram e o delegado foi logo dizendo:
-- Eu tenho certeza absoluta de que não foram os senhores os autores dos disparos. Todavia, eu não posso simplesmente ignorar o clamor da população de nossa cidade, que está muito interessada em que se resolva esse crime. Por isso eu estou sugerindo aos senhores, que pelo menos por enquanto, se afastem de suas atividades costumeiras. Em outras palavras, eu estou pedindo para que ambos peçam uma licença.
-- Uma licença? Pra quê? – perguntou Fabrício, surpreso.
-- Doutor, eu não posso deixar de trabalhar. – comentou Alessandro.
O delegado, percebendo a apreensão de ambos, comentou:
-- Meus caros policiais. Eu não estou pedindo para os senhores se afastarem. Só estou pedindo para que fiquem alguns dias de licença, até as coisas se acalmarem e nos começarmos a apurar os fatos. Como eu já disse antes, tenho certeza absoluta de que os senhores não estão envolvidos neste lamentável incidente. Porém, sabendo da indignação dos populares, eu não posso deixá-los expostos. Não agora.
Ao ouvirem as palavras do delegado, os dois policiais ficaram indignados com sua atitude. Afinal, se ele acreditava tão sinceramente na inocência de ambos, por que pedir para que se afastassem de suas atividades policiais? Afinal de contas, se não tinham nada a temer, também não tinham motivos para se esconder.
Diante disso, os policiais responderam:
-- Doutor, agradecemos a preocupação, mas não podemos aceitar. Isso por que, a nossa ausência fatalmente seria entendida como culpa, e nós não somos culpados. Nós estavamos lá. Nós só atiramos nos assaltantes. Não ferimos nenhuma vítima.
O delegado então respondeu:
-- Tenho certeza disso. Apesar de nossos parcos recursos, eu tenho absoluta convicção de que os meus policiais são bem treinados e estão mais do que prontos para lidar com esse tipo de situação. Contudo, eu não posso deixar de investigar e apurar o que realmente aconteceu. Provando que foram os próprios assaltantes que atiraram na vítima, ou não, estaremos cumprindo nosso papel de policiais.
-- Sabemos disso doutor. Mas preferimos continuar trabalhando. – respondeu Alessandro.
Fabrício assentiu com a cabeça, concordando.
E assim, saíram da sala e retomaram seu trabalho.
Apesar da pressão para que ambos se afastassem, os dois policiais estavam desapontados com o delegado. Isso por que, não esperavam que o mesmo lhe propusesse um período de licença.
Porém, conhecendo o delegado, sabiam que se o mesmo havia lhes pedido para que assim procedesse, era por que a situação era realmente delicada.
Contudo, os dois tinham absoluta certeza de que não haviam feito nada de errado.
No dia do assalto, os policiais, não só eles, mas os outros que os acompanhavam, só efetuaram disparos depois que os assaltantes começaram a atirar.
Cientes de que haviam vítimas em poder dos bandidos, os policiais sabiam que só deveriam atirar em último caso. Mas foi só chegarem em frente a agência bancária, para que os bandidos começassem a atirar. Em resposta, só restou a polícia revidar os tiros.
Foi desta forma que adentraram a agência e renderam os bandidos.
No entanto, ao entrarem na agência, qual não foi a surpresa dos policiais ao perceberem que uma das vítimas havia sido baleada. Provavelmente um dos bandidos atirou no rapaz durante a confusão.
Confusão por que, no momento da troca de tiros, algumas das vítimas começaram a correr pela agência, na vã tentativa de se protegerem.
Por conta disso, todos os policiais que participaram da operação, foram seriamente repreendidos pelo delegado. Este, ao saber da confusão, fez questão de comentar que não eles deviam ter atirado, sabendo que havia civis dentro da agência.
Um dos policiais no entanto, ao ouvir as imprecações do delegado, fez questão de comentar:
-- Mas doutor, os bandidos começaram a atirar. Se não revidassemos, facilmente os mesmos se evadiriam da agência, levando algum refém.
Doutor Otaviano, ao ouvir as palavras do policial, ainda preocupado com a repercussão que o caso teria, comentou que ainda assim, o mais importante foi deixado de lado, isto é, as vidas humanas, as pessoas que estavam dentro e fora da agência e que poderiam ter sido baleadas, mortas.
Dito e feito. Não demorou nem duas horas, para que o caso fosse parar na televisão e nos jornais da cidade.
Durante a noite na cidade, não se falava em outra coisa que não fosse na inépcia dos policiais que atiraram e balearam uma das vítimas do assalto.
A imprensa era implacável.
Dia e noite nos noticiários locais, era certo que alguma notícia relativa ao estado de saúde do rapaz, seria veiculada. E assim, durante dias a fio, se comentava que o estado de saúde do rapaz era grave.
Tal situação só serviu para complicar ainda mais a situação dos policiais.
Principalmente a situação de Fabrício e Alessandro, que coordenaram a operação e deram ordem de responder aos tiros.
A situação de ambos, era muito delicada. E a cada dia que passava, mais e mais se agravava a situação dos policiais.
Por conta da notícia veiculada nos telejornais, os policiais eram freqüentemente hostilizados pela população local. Tratados como bandidos, certa vez, ao passearem com a família pela cidade, os populares ao verem os dois policiais em companhia de seus familiares, passaram a lhes atirar objetos.
A família de ambos ficou apavorada.
Isso por que, quando se está sozinho, mesmo diante da maior ira, não há problema. Contudo, uma horda de populares enfurecidos, é algo extremamente perigoso. Juntas, as pessoas se sentem mais fortes e mais dispostas a cometerem atrocidades.
E nisso, um deles de tão irado, chegou a atirar uma pedra, que feriu Fabrício no rosto.
Alice, sua esposa, ao perceber que o marido havia sido ferido, tratou logo de levá-lo até o Pronto Socorro da cidade. Lá seu ferimento foi limpado e fechado por meio de pontos.
Com isso, enquanto Fabrício era atendido no pronto socorro, Alice tentava acalmar o filho de oito anos, que ficou tremendamente assustado ao perceber a reação das pessoas com relação a seu pai. Não bastasse estar sendo hostilizado na escola, o garoto tinha que presenciar agressões feitas a seu pai em plena luz do dia.
Chorando, Leonardo não conseguia entender como as pessoas podiam ser tão ruins umas com as outras. E por mais que Alice explicasse, para ele não havia explicações satisfatórias para o que estava acontecendo. Tanto que por mais que se falasse, nada fazia o menino se acalmar.
Leonardo só se acalmou quando viu o pai, e este conversou um pouco com ele.
Sim, o caso estava ganhando repercussão. Repercussão em nível nacional, diga-se de passagem.
Foi por conta de um noticiário exibido em todo o país, que Joana, uma jornalista interessada em furos de reportagem, decidiu-se por viajar até o local dos fatos, para tentar descobrir algo novo sobre o tal tiroteio, bem como investigar uma denuncia de corrupção, feita há algum tempo e que não havia dado em nada.
A segunda notícia, assim como a notícia do tiroteio, foi veiculada em cadeia nacional, e curiosamente, atraiu o interesse da jornalista. No entanto, em razão de compromissos profissionais, a mesma não pôde ir até a cidade para investigar os fatos.
Contudo, agora era diferente. Como jornalista free lancer, a Joana poderia ir para onde quisesse e trabalhar na matéria que lhe interessasse. Por isso, estava decidida a até mesmo, morar no local, se isso fosse necessário.
Por ser formada em jornalismo, poderia facilmente se infiltrar na imprensa local e trabalhar como jornalista na cidade.
Assim, só lhe faltava arrumar as malas e seguir viagem.
E assim fez.
Na estrada, avistou fazendas e muita vegetação.
Ao chegar na cidade, chegou a se surpreender com a infra-estrutura do lugar. O lugar, apesar de pouco conhecido, era bem servido em matéria de hotéis, restaurantes, casas, delegacia, farmácia, prefeitura, escritórios, um pronto socorro, algum comércio, uma agência bancária e uma imobiliária. Na cidade havia até um jornal próprio.
Realmente, era de se impressionar.
Joana achou por bem, no entanto, ficar num hotel.
Como não queria chamar a atenção, achou por bem, se passar por turista. Pelo menos por enquanto, não era conveniente que soubessem que ela era jornalista.
E assim discretamente, depois de chegar na cidade, passou a visitar os seus lugares pitorescos. Por isso mesmo, acabou se passando por turista.
Todavia, conforme se passavam os dias, a moça passou a sentir necessidade de se apresentar aos figurões da cidade. Porém, como faria isso? Não conhecia ninguém no lugar e assim, qualquer aproximação ficava ainda mais difícil.
Isso no entanto, não a desanimava. Acostumada a lidar com situações pouco favoráveis, Joana estava mais do que preparada para tanto. Por isso mesmo, visando conhecer um pouco da rotina do prefeito da cidade, Joana começou a perguntar aos moradores do lugar, quando ele costumava se apresentar publicamente, se havia alguma obra para ser inaugurada, se ele tinha seguranças, etc.
Tudo para saber o momento certo de se aproximar do ilustre representante da cidade. No que foi prontamente atendida.
Todavia, os moradores, percebendo que a mesma fazia muitas perguntas a respeito da rotina do prefeito da cidade, começaram a ficar ressabiados. Afinal de contas, qual o interesse dela com relação ao prefeito? Por acaso ela era jornalista?
Ao notar o receio dos moradores, Joana fez questão de contar que há muito tempo atrás, tinha ouvido falar, na sua cidade, que o prefeito desta localidade havia feito um grande trabalho, embelezando praças e canteiros de avenidas.
Joana contou então, que ao ver as imagens da cidade revitalizada, encantou-se pelo trabalho e ficou deveras interessada em conhecer o lugar. Acostumada com o caos urbano em sua cidade, desejava conhecer o prefeito. Como cidadã gostaria de saber como tudo tinha sido realizado, para quem sabe, sugerir ao prefeito de sua cidade, as mesmas melhorias.
Os moradores do lugar, ao ouvirem as palavras da moça, acreditaram nelas. Por ter vindo de uma cidade maior, acreditavam que sua desenvoltura com as palavras, se devia ao fato da moça ter estudo. Assim, sem mais receios, os mesmos passaram a contar a ela os meios possíveis para se falar com o prefeito.
Agradecida pelas informações, Joana então, passou a procurar insistentemente os assessores do político, para agendar uma entrevista com o mesmo. Entrementes, por mais que tentasse, não conseguia nada.
Um dia, cansada de ser enrolada pelos assessores do político, Joana resolveu tentar outra coisa.
Como em breve haveria um festival na cidade, a moça aproveitaria a ocasião, para tentar se aproximar do prefeito. Em meio a multidão, o mesmo não poderia evitá-la. Querendo ou não, acabaria tendo que conversar com ela.
Assim, quando finalmente a festa aconteceu, Joana fez de tudo para se aproximar do político. Porém, sempre que se aproximava, surgia um segurança para afastá-la. Por conta disso, passou a noite inteira tentando se aproximar, e sendo repelida pelos seguranças.
Apesar disso, a moça não desistia. Teimosa, passaria a noite inteira tentando se aproximar se isso fosse realmente necessário.
No entanto, Joana sabia que esta não seria sua única oportunidade de aproximação. Como essas, haveriam outras, e certamente nas próximas, Joana seria mais bem sucedida.
Assim, só cabia a Joana esperar. Sim, esperar. Porém, para uma pessoa agitada igual ela, não era nada fácil se acostumar com essa perspectiva. Até por que, a moça, dependia deste trabalho para viver. Desta forma, não podia se dar ao luxo de ficar muito tempo sem trabalhar. De formas que, precisava encontrar uma maneira de se encontrar com o prefeito. Sim, e o mais depressa possível.
Todavia, não foi nada fácil provocar um encontro com a maior autoridade do município.
Isso por que, o famigerado político, envolvido em um escândalo, estava deveras receoso. Temeroso, não queria saber de jornalistas.
Ademais, com o tiroteio que se deu em uma agência bancária da cidade, havia mais um motivo para ele se esconder.
Com isso, a jornalista tinha duas matérias sensacionais para cobrir na cidade.
Se tudo desse certo, certamente ela ganharia um prêmio.
Todavia, Joana devia ser bastante cautelosa ao empreender seu trabalho, ou então, acabaria não conseguindo nada.
Determinada, a moça prometeu a si mesma que não se precipitaria, muito embora tivesse muita pressa em realizar seu trabalho.
Mas se controlaria. Até por que, não queria espantar seu primeiro alvo.
Porém, não teria que esperar muito.
Isso por que, poucos dias depois, o prefeito foi inaugurar uma estátua nas cercanias da cidade. Joana ao saber disso, foi imediatamente até o local.
Como era de se imaginar, uma multidão compareceu na inauguração.
Joana percebeu então, que mais uma vez teria um grande desafio pela frente. Porém, como era determinada, não seria agora que ela desistiria de seu intento. Para ela, era tudo ou nada. E foi assim, que a moça, vestindo um provocante vestido verde, tentou chamar a atenção do prefeito.
Sim, Joana faria tudo para conseguir seu furo de reportagem. Até se insinuar para o prefeito, como se fora uma admiradora sua.
Nisso, o prefeito, que não era indiferente ao charme de uma mulher, foi logo perguntando, quem era aquela moça bonita, que não parava de olhar de um lado para o outro.
Como o assessor não sabia quem era, para decepção do prefeito, tratou logo de se informar com alguns moradores sobre quem seria aquela mulher.
Porém, ao contrário do que imaginava, não conseguiu descobrir nada sobre a mulher que não parava de andar de um lado para o outro, nas palavras do prefeito. Todavia o assessor, acabou descobrindo por meio de outro assessor, depois de muito perguntar, que não havia muito tempo, aquela mesma moça, havia tentado entrar em contato com o prefeito. Como não logrou êxito, durante o festival da cidade, tentou a todo momento, driblar a segurança, sem sucesso. Nada dava certo. Agora a moça estava lá.
De tão insistente, o assessor chegou até a comentar com seu colega, que aquela cisma não podia ser boa coisa. Provavelmente ela era jornalista, e estava querendo uma entrevista com o prefeito. Ou pior, alguma espiã.
Ao ouvir isso, o outro assessor, caiu na gargalhada.
Achando tudo muito absurdo, comentou com o amigo que ele estava ficando paranóico.
Nisso, o primeiro tornou a falar com o prefeito, e comentou sobre o que havia descoberto.
O prefeito, ao saber dos fatos, ficou deveras satisfeito. Sim, por que se ela estava a sua procura, ele não teria nenhum problema em se aproximar dela. Seria muito mais fácil do que pensava.
E foi assim, que Joana conseguiu ter seu primeiro encontro com o prefeito. Sob a desculpa de que gostaria de conhecer seu trabalho, a moça foi logo perguntando quando poderia agendar uma entrevista com ele.
Mais, o prefeito não estava nem um pouco interessado em entrevistas.
Assim fez o que pode para deixar a entrevista para depois.
Primeiramente, convidou Joana para um almoço.
Joana que há algum tempo esperava por uma oportunidade para conversar, não perdeu tempo.
E assim, depois da inauguração, lá foram os dois, juntos almoçar.
Durante o almoço, Arthur, contou a moça, sobre o duro trabalho de administrar uma cidade.
Isso por que, quase todos os dias, tinha que participar de algum evento, sem contar seu trabalho diário na prefeitura.
Joana, ao ouvir isso, ficou intrigada. Como ele podia ter tanto trabalho fora da prefeitura, se aquela era uma cidade pequena? Assim, diante dessa dúvida, Joana tratou logo de perguntar:
-- Mas o que é que tem tanto para fazer nessa cidade?
O prefeito então respondeu:
-- Muito mais do que a mocinha imagina. Mas não foi para isso que eu te convidei para almoçar. Eu quero mesmo, é saber um pouco mais sobre você.
-- Sobre mim?
-- Sim, sobre você.
-- Mas eu não tenho nada para falar sobre mim. – respondeu meio sem jeito.
-- Ah! Tem sim. Pra começar, onde foi que a senhorita ouvir falar de mim? Por que até onde eu sei, a senhorita não é daqui, não é mesmo?
-- Realmente não sou. Eu vim de muito longe. E já que o assunto é esse, eu vou contar. Eu fiquei sabendo de seu trabalho, em uma reportagem veiculada em um noticiário muito famoso. Quando vi a propaganda sobre sua administração fiquei bastante curiosa. Isso por que, como uma cidade tão pequena, parece ser tão promissora? E é por isso que eu estou aqui.
-- Então é só esse o seu interesse? Conhecer o meu trabalho?
-- Sim. E por que não? Afinal de contas é um trabalho tão bonito. Oxalá fizessem o mesmo em minha cidade.
-- A propósito. De onde você veio?
-- Eu sou de São Paulo.
-- Ora, ora. São Paulo. A cidade que nunca dorme. Que não para.
-- Exatamente.
Nisso o almoço foi servido. Salmão, arroz à grega e suco de laranja.
Joana ao ver a refeição, elogiou o restaurante.
O almoço estava realmente delicioso.
E assim, enquanto se deliciavam com o almoço, Arthur comentou com ela que ser prefeito, era a realização de um sonho muito antigo, com quem sabe projeções para um cargo mais alto. Vaidoso, ao perceber o interesse de Joana, comentou que desde a infância sonhava em fazer algo de bom por sua cidade.
Joana parecia encantada com o relato do prefeito. Porém, o que ele não sabia, era que ela não estava ali por causa de sua boa administração. O que lhe interessava, era saber que rumo tinha tomado a denúncia de corrupção, que envolvera seu nome, há alguns anos atrás.
Mas, para descobrir algo referente a isso, Joana precisava se tornar amiga de Arthur. Em razão disso, continuou a ouvir a história mirabolante do prefeito, e fingiu interesse em sua vida.
Depois, ambos escolheram uma sobremesa.
Com isso, Arthur comeu um pedaço de torta, e ela uma fatia de pudim de leite.
O prefeito, ao ver a simplicidade do pedido de Joana, perguntou a ela se não preferia escolher outra sobremesa.
Joana então, respondeu que apesar de simples, adorava a sobremesa, e desta forma ficou decidido.
Por fim, ambos pediram um cafezinho que tomaram sossegadamente.
No hora de pagar a conta, Joana se ofereceu para pagar a sua parte.
Arthur, ao ouvir o oferecimento da moça, recusou-se veementemente a aceitar a oferta. Comentando que era um homem à moda antiga, fez questão de pagar a conta sozinho. Além disso, conforme ele mesmo havia dito, fora ele quem convidou-a para o almoço. Desta forma, cabia a ele pagar almoço.
Dessarte, encantado com a moça, Arthur perguntou-lhe, quando poderiam se encontrar novamente.
Desta vez Joana, insistiu em dizer, que primeiro queria entrevistá-lo, depois pensaria em aceitar outros convites.
Arthur, porém, contou-lhe que não estava nem um pouco interessado em conceder entrevistas. Por ser uma pessoa pública, já estava cansado de tantas entrevistas. Assim, preferia conhecê-la melhor.
Joana então concordou. Mais uma vez, aceitaria um convite para sair, com a condição de que logo a seguir, lhe Arthur concederia uma entrevista.
O prefeito, então aceitou a proposta. Diante disso, combinou com a moça, o lugar e o dia do jantar.
Joana, porém, ao ouvir convite, declinou-o gentilmente. Alegando que não queria causar transtornos em sua casa, insistiu em dizer que não aceitaria. Até por que a esposa dele poderia não gostar nem um pouco disso e com razão.
Foi então que o ilustre prefeito comentou que não era casado.
Joana então se espantou.
-- Não é casado? Mas como? Um homem público por via de regra, costuma ser casado.
-- Fui casado, mas o relacionamento não deu certo. – respondeu ele percebendo o espanto da moça. – Assim, não haverá problema nenhum se você aceitar meu convite. Não vão te acusar de ser uma destruidora de lares. – disse ele, rindo.
Joana então, percebendo a brincadeira, comentou que apenas não queria ser inconveniente. Até por que o seu interesse era estritamente profissional.
Com isso, o prefeito insistiu.
Mas Joana apesar dos esclarecimentos, preferiu dar um tempo. Alegando que tinha alguns assuntos para resolver, prometeu que poderiam planejar alguma coisa para o dia seguinte.
Arthur, mesmo um pouco desapontado, acabou concordando.
Assim, ficou acertado que ambos, sairiam novamente para almoçar no dia seguinte, no mesmo restaurante.
Joana concordou.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a autoria.

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