Nisso, Elis, profundamente decepcionada com Lourival, acostumada a ouvir os conselhos de seus pais, passou a desprezá-lo. Dizendo que não conseguia entender por que ele era assim, prometeu aos pais, que nunca mais se encontraria com ele.
Bernardo e Claudete ao ouvirem a promessa, ficaram deveras satisfeitos. Isso por que, acreditando que seria apenas uma questão de tempo para que ela esquecesse o rapaz, passaram com o tempo, a sugerir a ela que arrumasse outro pretendente.
Elis, contudo, não estava nem um pouco interessada em arrumar outro namorado. Decepcionada com Lourival, a moça ainda assim, não havia se esquecido do rapaz. Desta maneira, precisava de mais algum tempo para se desfazer de sua lembrança e retomar sua vida.
Bernardo porém, não pensava desta forma. Acreditando que somente quando a filha encontrasse um bom partido se esqueceria de Lourival, simpatizando com o filho de um comerciante da região, sugeriu-lhe que um dia desses aparecesse em sua casa para visitar a ele e sua família. Tencionando arrumar um pretendente para sua filha, Bernardo então, começou a preparar o ambiente.
Foi assim que em poucos dias, Elis foi apresentada a Abelardo.
O rapaz ao ver Elis, se encantou com a beleza da moça. No entanto, o mesmo não se pode dizer dela. Muito embora Abelardo não fosse desprovido de atrativos, a moça ainda estava muito ligada a Lourival para se interessar por qualquer outro rapaz.
Todavia, mesmo diante do desinteresse de Elis por Abelardo, Bernardo fazia questão de que sua filha o fizesse companhia. Dizendo que seria indelicado de sua parte deixar o rapaz sozinho com ele e Claudete, Bernardo pressionou a filha, a aceitar a presença de Abelardo.
Elis então, sem ter alternativas, muitas vezes ficou tardes inteiras a pagear o rapaz.
Contudo, muito embora o tempo passasse, nada a fazia esquecer de Lourival.
Certa vez, ao passear pelo centro da cidade com Abelardo, Elis acabou avistando Lourival.
O rapaz, cheio de si, demorou para perceber a moça. No entanto, assim que a viu caminhando com Abelardo, enciumado, foi logo tomar satisfações.
Elis ao ver Lourival diante de si, mal pôde acreditar. Feliz por vê-lo mais uma vez, ainda assim, rechaçou-o.
Lourival, percebendo o ar de desdém de Elis, ainda assim, exigiu explicações para o fato dela estar acompanhada de um rapaz.
Elis ao ouvir a pergunta de Lourival, respondeu que não lhe devia satisfações.
Abelardo ao ouvir isso, ficou felicíssimo. De tão satisfeito chegou a interferir na conversa. Perguntando a moça se ela não gostaria de voltar para casa, sugeriu-lhe encerrar a conversa o quanto antes.
Elis ao ouvir isso, respondeu que antes, precisava dizer umas palavras a Lourival. Assim, delicadamente, pediu para que Abelardo se afastasse por alguns minutos.
Abelardo ao ouvir o pedido de Elis, não gostou nem um pouco. Tanto que chegou a insistir para ficar.
A moça, percebendo isso, comentou que se ele a deixasse a sós por alguns minutos com Lourival, poderia levá-la para um novo passeio no dia seguinte.
Abelardo ao ouvir isso, mesmo desapontado com o pedido de Elis, concordou. Assim, caminhando por entre ruas, deixou-a sozinha com Lourival.
Lourival então, aborrecido com a cena que acabara de ver, perguntou:
-- Quer dizer então, que bastou eu virar as costas para você arrumar um novo namorado?
Elis, aborrecida com a pergunta, comentou irritada:
-- E o que você tem com isso? Por acaso não foi você o primeiro a faltar com a confiança? Seu mentiroso! Você disse que tinha uma vida estabelecida, só que na verdade é um criminoso. Um criminoso e um mentiroso!
Lourival, furioso comentou:
-- Mentiroso por que? Por acaso ser um pescador me faz menos digno que um comerciante? Por que um pescador não pode ter uma vida estabelecida? Por que é pobre? É isso?
Elis, desconcertada com as palavras de Lourival , disse:
-- Não, não é isso. Eu não quis desfazer da sua pessoa. Me desculpe.
-- É. Eu sei que não. Você nunca faria isso. Isso é coisa de seu pai. Foi ele que te envenenou contra mim. Disse que eu estava envolvido com contrabando, que eu sou um bandido, e nem um pouco digno de sua confiança.
Elis, demudada, perguntou:
-- E não é verdade? Se meu pai contratou até um detetive para te investigar!
Lourival ao ouvir isso, comentou:
-- Quer dizer que foi essa a desculpa que ele usou para te dizer tudo isso?
-- Não foi desculpa. – respondeu Elis, aborrecida.
Luciana Celestino dos Santos
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Poesias
quinta-feira, 20 de maio de 2021
OLHAI OS LÍRIOS DO CAMPO - CAPÍTULO 8
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