Poesias

quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

NOITE

A noite antiga com seus halos azuis,
Emoldurados pelo negrume,
Da ausência de sol
Noite sem luar,
Sem brilhos

O crepúsculo,
Com seus tons azuis escuros
Suas cores tonantes

As árvores com suas altas copas,
Quase sem folhagens,
Emolduradas por uma noite escura

Ao longe, o brilho da cidade
As casinhas a cintilarem
A cidade a mostrar suas pequenas constelações
Na falta de estrelas no céu,
As estrelas da terra,
A iluminar os lugares indivisos

Janelas acesas, postes,
Cidade luz
Horas mortas, apagadas
A cidade quase em silêncio
Mentes silentes

Momento para rumar,
A lugares outros
Os brilhos da cidade distante,
A margear os trilhos esquecidos,
De uma antiga estrada de ferro

Ao longo da estrada, construções abandonadas,
Casas, fábricas, muros,
Mato, o verde a de tudo a tomar conta

A manhã que se dista do horizonte,
A noite que a tudo envolve com seu negrume
E a lua sumida,
Por onde andará?
Quem sabe a quem estará a encantar!

Lua dos amantes,
Dos apaixonados pela vida,
Pelo deslumbrante espetáculo da natureza!

Em meio ao cenário deserto,
Outros eventos a consolar
Os carros apressados a passar
Com suas luzes e faróis fugidios,
A multidão apressada,
Todos para casa,
Ou para seus compromissos outros,
Querem chegar

Até a tarde das noites se aproximar,
E a cidade enfim,
Finalmente poder descansar!

E as ruas silenciosas, desertas
E a cidade se deita,
Como que a dormir

Ao longo dos caminhos,
Comércios, imponentes construções,
Prédio e casa abandonadas,
Muita feiúra embalada por algumas belezas

E a noite escura a tudo envolver
E as estradas da vida a brilhar
As avenidas diamantinas,
As estradas a faiscar de tantas luzes,
Faroletes, filas de carros,
A se perder de vista,
Em nosso curto horizonte,
De concreto e de cimento!

E o sono e o cansaço,
A nos surpreender adormecidos,
Em próximas paragens

Silêncio das ruas, das casas,
As luzes da cidade,
Os brilhos distantes
Momento de introspecção!

Ó noite!
Quantos mistérios insondáveis te rondam!
Quantas vidas obscurecidas,
Por teu negro e espesso véu!
Se na claridade dos dias,
Não nos ocupamos das vidas outras,
Que dirá, no véu escuro da noite!

A descansar, contemplar
A velocidade das horas a passar,
E perceber que um dia foi pouco,
Para tudo o que numa vida se pretende realizar!

E assim se segue
Noite após noite
Passos lentos, outros apressados
O descanso esperado
O se deitar em cama acolhedora,
A esquecer a luta do dia,
E a esperança de um melhor amanhecer

Convite a um mundo de idéias,
Melhor pensar sobre a vida,
Em um momento,
Que ainda não nos foi roubado,
Na louca corrida da luta pela vida,
No tropel das mil paixões mundanas!

Tempo de deixar-se esquecer,
A dureza da lida,
A luta renhida,
O sobreviver dos dias,
O ganhar pão, com o suor do rosto

Tempo parco das delícias,
Ó noite!
Quanta maravilha se esconde em ti,
Em contraste as horas do ocaso,
Em que muitos em solidão,
Envoltos ficam

Sinto a noite como algo maravilhoso,
Assim como o nascer do dia
Com sua beleza das horas crepusculares!

Tudo em si,
É provido de soberana beleza!
O encanto das horas que se repetem
E o tédio,
Que a todo custo,
Lutamos para dele nos afastar

Tormento que nos atordoa
Todos nós, que queremos,
A todos os minutos,
Da vida aproveitar

E a aproveitar estamos,
Ainda que de singelas formas,
Pois todos os minutos de felicidade,
A nós concedidos
São fugazes resgates das horas de tédio
E assim a insipidez da vida,
Não se faz tão presente!

O dom da capacidade de com tudo se admirar!
A beleza das pequenas coisas,
Ainda a nos encantar!
E a capacidade de coisas novas criar,
E uma nova realidade para nós inventarmos
Ó inventividade humana!

E assim, a noite não se torna tão espessa,
E os sonhos cada vez melhores,
Quando, ao cair nos braços de Orfeu,
Nos entregamos, aos mais admiráveis encantamentos!

Sonhos de plagas distantes,
Novas realidades,
Sonhos delirantes, assaz distantes,
De nossa por vezes dura, realidade!

Encantamentos ensinos
E em nossas orações,
Nossas melhores intenções,
Nos sonhos, pessoas e projetos depositados!

Quando a despertar,
Um novo e promissor dia desejamos,
Assim como melhores auspícios
A quem de apoio precisa,
Em suas horas outras de dificuldades,
Outros a quem sempre nos esquecemos,
Em nossa azafama diária!

Dificuldades pelas quais,
Todos nós passamos, passaremos
Tristezas diversas, a nos aproximar,
Em um ponto crucial,
Em que viver não é fácil,
E que o sofrimento,
Parte da vida de todos faz,
Cabendo a nós saber o fazer,
Qual a lição dele devemos tirar!

A todos os que sofrem,
Bons augúrios, boa sorte,
Que a dor se esvaia, sem marcas deixar
E que um dia tudo não passe apenas,
De uma velha lembrança

O futuro seja alvissareiro
E a noite das tristezas se diste de nós todos,
Para que se aproxime a noite das maravilhas,
Do mistério e do encantamento!

As flores da noite,
Exalem seu perfume em nossas vidas,
Como que a nos despertar,
Para o eterno encantamento do viver!
Noite, noite,
Ah, noite dos meus encantos!

Eterno bailar de uma delicada valsa,
Dança eterna, nunca enfinda
Arremata por um tango,
Onde a dupla de dançarinos,
A riscar os salões, ficam,
Em suas teatrais expressões
Seus passos lentos, compassados,
A dançarina a deslizar,
O homem uma rosa entre os lábios segurar,
Dançar, dançar,
E o chão dos salões a riscar!

DICIONÁRIO:
tonante
adjetivo de dois gêneros
1. que tona, atroa ou troveja.
"tempestade t."
2. vibrante, forte.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte

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