Poesias

quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

IPÊS

Ipês floridos, roxos e floridos, no caminhos das pedras e dos passos apressados.
Uma elevação em concreto, a desnudar janelas para uma paisagem que acena de verdes e ipê florido.
Em sua visão oposta, os trilhos de uma estação de trem.
Trilhos envelhecidos pelo devassar dos tempos.
Caminhos de mata, musgo, ferrugem.
No balanço dos tempos, os trens passam.
Em seu deslizar tímido sobre os trilhos.

Contemplo a visão do alto do prédio.
Velho e feio, que abrigou os maiores dias do meu trabalho.
Rezo na esperança dos mais belos, lindos dias.
Onde me abrigo no pouso do alento.
Se acaso encontro tanto desalento, é por se fazer pensar em melhores tempos.

Por vezes maciços de beri amarelo me brindam de encantos.
Por ora frutas no chão.
Árvores de lindas flores amarelas.
Que nome terás?
Acácias amarelas encontrei em caminhos da Sé.
Em minha casa, saudades das violetas na janela.

Na volta ao lar, ipês floridos se fazem acenar à distância, no limiar dos tempos.
Tempo de parar e de pensar.
Repensar e se desfazer em esquecimento.

Com isto, um nome dia a se começar.
Novo deslize em superfícies ásperas, duras.
A melhor lugar ocupar.
E ocupando, assumir um lugar no mundo.
Afinal, em que lugar você que estar?

I
Que lugar no mundo ocupar?
Ser alguém?
Acumular-se de riquezas materiais.
Desfrutar o instante do viver.
Quanta contradição!

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

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