Poesias

quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

Meneios


Crianças, essas eternas crianças!
Sempre a reinar
Imaginando as mais curiosas histórias

Ao voltar da escola,
Gostava de vestir um calçãozinho com rendinhas na barra
Vesti-lo era me preparar para horas de diversão
Livre da escola, da obrigação dos estudos
Ver tevê, desenhos animados

Criança sequiosa de descobrir novos mundos
Novas realidades
A sonhar com mundos repletos de eventos,
Acontecimentos

Menina a contemplar o vôo colorido das borboletas
O gramado imenso do jardim
O pinheirinho da entrada da casa
Modesta residência,
De uma pequena família

Os pássaros a passearem pelo imenso quintal
Pequenas rosas
Rosas diversas, Antúrios
Imenso quintal com árvores
Posteriormente concretado

A Dama da Noite misteriosa
A enfeitar os ares noturnos, com seu perfume
Faceira
Ladeada de outras plantas

Varais repletos de roupas
A tremularem ao sabor dos ventos

O radinho na área de serviço
A ouvir músicas enquanto fingia tentar estudar
Canções infantis
Alegria enfinda, reinações

A imaginar as histórias cantadas
Nas músicas que ecoavam pelas ondas do rádio
Perdia-me naquelas canções
Embrião talvez, das minhas literárias criações

A empinar pipas improvisadas
Montadas de forma desajeitada
Vontade de ver o mundo
Quando o mundo inteiro cabe dentro de si
A sonhar com uma bicicleta que não chegou

Na casa, construção inacabada
Palco de sonhos e fantasias
A se imaginar cantando
E a viver mil vidas diferentes
Em apenas uma vida

A ouvir antigas canções e a se emocionar
Sem nem ao menos compreender
O sentido de tal afeto

Sensação de identidade
Com coisas distantes
Vontade de entender o que nem mesmo sabia existir
Mundo que me parecia avassalador e assustador

Brincadeiras fagueiras em uma piscina de plástico
Alegria de muitos de meus dias
Festas juninas, ensaios, coreografias
A serem realizadas na quadra da escola

Em uma delas, blusinha branca, saia vermelha, meia-calça
Cabelos curtos, presos
Maquiagem, pose
Menina de cinco anos
Fotografada

As brincadeiras de carnaval
Criança fantasiada, a brincar de jogar confete
Ficava ali por horas

Os desenhos, as pinturas, as artes
O devanear
Os coleguinhas, as brigas, as amizades
Leituras em salas, ditados
As tormentosas aulas de matemática

A geografia de um mundo a descortinar
O sol da meia-noite
Detestado evento a estudar

Festinhas de final de ano
Danças
Comemorações
Brincar de boneca
Com uma aventura de Monteiro Lobato
O eterno faz de conta

A imaginar-se dama rica
A viajar de primeira classe
De navio, trem
Madame

Imaginar-se como personagem de novela
Noveleira que sempre fora
Algumas delas, marcantes

Programas infantis,
O eterno sonho de ser algo diferente do que se é
Demora em se aceitar
Enquanto ser humanamente limitado
E não a se espelhar apenas no que a televisão nos traz

Na escola, a imaginar mil mundos diversos
Snoopy, querido cãozinho
O balanço montado no fundo do quintal
A pracinha onde de vez em quanto,
Ficava a noite a brincar
A luz amarela do passeio a criar uma bonita atmosfera

O carrinho de hambúrguer
E o delicioso e completo lanche
Os passeios pelos arrabaldes
A contemplar as flores do mato
As construções, as casas
A imaginar e vivenciar a vida

Caminhadas
As idas na sorveteria
A me esbaldar com o sorvete servido
Quanta festa!

As brincadeiras com os bonequinhos de plástico
A enfeitarem a piscina de anis do bolo
Muitos deles, escondidos na areia
Numa das mais belas festas de aniversário que tive

Canudinhos coloridos
A tomarem formas diversas
Colares, a serem contados

Quantas saudades!
Da minha Araraquara de cores raras
A eterna Morada do Sol
Berço das minhas mais belas lembranças

Que ventura poder dizer
Tenho álacres lembranças
Belas coisas lindas para me recordar
A quantas gentes não fora dado tal privilégio!
A graça de se viver e de ter o que se contar

Luciana Celestino dos Santos
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