Poesias

quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

2020 ...

Ano de 2020 👀😨😰😱...
Prefiro nem comentar.
Mas já que não consigo me conter, foi o ano que na minha opinião, nem deveria ter começado.
Preocupante é que 2021 tem poucas perspectivas de ser melhor, e não se tomar cuidado, poderá ser até pior...

Mas enfim, deixemos isto para lá e passemos as celebrações!

Seguem abaixo, fotos da decoração de natal. 

Feliz 2021! 🎈🎉



Enfim vamos celebrar!🍷🍸🍹🍰🍮 
Com segurança. 
Parabéns ao aniversariante, Jesus! 














E o sol, acredito que um dia nascerá. Como já cantava Cartola: "A sorrir, eu prefiro levar a vida. Pois chorando, eu vi a mocidade perdida..."🙏🙏   

Enfim, comemoremos! "Sorria, nem que seja a força..." Já cantava Inezita Barroso. 😅😅😅 
Que estejamos preparados para 2021! 🙏🙏🙏🙏🙏🙏


Luciana Celestino dos Santos
Santo André, 23 de dezembro de 2020.  
   

sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

MARÍTIMO

O sol em toda sua majestade
Resolveu enfeitar o belo cenário
Linda praia de mar verde esmeralda,
Águas tépidas,

Coqueiros a embalar,
O balançar dos ventos
Fortes ventos, rajadas
O cair da tarde, a tudo modificar

No mar, profundo mar
Pequenos barquinhos a salpicar
Suas águas ora calmas, ora bravias
Os quais deslizam pelas águas, vagas,

A lançarem suas redes ao mar
Trazendo o alimento as famílias e as pessoas
Contingente de gentes

E para este bonito cenário
A família viajou
Para tanto providenciou a devida locação
As roupas, os víveres, e outros itens necessários

Para confortavelmente desfrutarem
De dias sem igual
De carro, o menino contemplou

Da estrada a paisagem verdejante
Árvores e flores coloridas em profusão
Um céu azul e quase sem nuvens
Encostas, barrancos, a mata

Em alguns lugares, recônditas cachoeiras,
A deslizarem pelas serras
As cidades desenhadas lá embaixo,
E entrevistas do alto

Na noite, lindas luzes amareladas a enfeitar,
Mas o verde a se impor
Algumas estrelas, a ladear com a lua prateada

O menino a tudo observava maravilhado
E em dado momento,
De carro, de longe, pode o mar ver
Pois sua mãe apontava a paisagem para o menino,
E ficava a dizer:
Que bonito o mar!
Não me canso de olhar!

E o menino a concordar ficou
Pois viu que tudo era realmente belo
Dizia, que Deus fora muito caprichoso em seu trabalho

E a mãe rindo, disse:
Temos um discípulo!
Tal pai tal filho!

E com isto, toda a família a rir ficou
As férias de fato
Animadas deveras seriam

Com o menino, a mil planos fazer
E o pai, a ajustar passeios diversos com a família
Com isto, ao chegarem nas proximidades,
Do lugar em que ficariam a descansar,
Depararam-se, com inúmeras e magníficas construções
Casarios históricos, construções coloniais

Belos prédios avarandados,
Construções de no máximo seis andares
Tudo muito belo!

Ao ver o imponente cenário
A criança dizia que tudo era lindo
Com isto, ao chegarem ao chalé
As malas no chão depositaram,
Organizaram as coisas

Alguma coisa comeram
E mais tarde, a praia foram
Durante o passeio pela praia
O menino a contemplar ficou
O ir e vir das ondas,
As espumas brancas espaçadas
A doirada areia,
O sol abrasador

O mar verdinho,
O qual convidava a um mergulho
Nos domínios de Netuno

Curioso, o menino perguntou:
De quem se trata soberano deus?
O pai explicou-lhe que Netuno
Era o deus daqueles mares
Habitante das águas,
Que segundo a grega tradição,
Cuida dos mares

O menino curioso perguntou,
Sobre o tal povo grego
E o pai explicou que fora o povo que criou,
As mais belas lendas sobre a origem do mundo,
E que não mais é,
O mesmo povo que agora habita a ilha,
E sim um povo muito antigo

Este povo, muito inventivo
Tentava explicar o mundo,
Da maneira que lhe era possível
E através de humanos dramas,
Tentavam entender o mundo em que viviam
E com isto, tomar consciência de si mesmos
Berço da filosofia
De alguns dos maiores e melhores pensadores

E o menino intrigado a se perguntar
Do que um pensador ficaria a tratar,
Se apenas pensar, pensar

Seu pai, percebendo um certo ar de interrogação
Tratou logo de responder a anunciada indagação
E assim falou:
Pensador, é um ser pensa o mundo,
Reflete sobre tudo o cerca,
Lançando aos fatos, um olhar crítico,
E a tudo analisando

E a criança a sorrir,
Dizendo ser um pensador,
Pois muito pensava,
E naquele momento a pensar estava,
Nos passeios que iria realizar

Foi o bastante para todos sorrirem
E desta forma, o menino encantado
Entrava no mar,
Brincava em suas águas
Tentava correr das ondas, em vão

Depois, saia da água,
Ia ao encontro dos pais,
E lá ficava a conversar

O pai explicou-lhe então, que filosofia
Era a arte do amor ao conhecimento
Campo aberto a discussões e análises,
De assuntos diversos
Neste tocante, argumentou

Que as políticas discussões
Eram realizadas em uma praça
Ágora, chamada
Onde todos a se reunir ficavam

A criança por sua vez, encantou-se com a idéia
De iluminada civilização que a tudo discutia
Seu pai, mencionou ainda
Que somente os homens livres,

Ali poderiam deliberar
Não sendo o espaço franqueado aos escravos,
Mulheres e crianças

A mãe, ao ouvir o comentário
A dizer ficou:
Isto por que as mulheres,
Como em muitas civilizações,
Muito desvalorizadas são!

Os homens ainda não se aperceberam,
Da criadora força das mulheres
Inventivas ficam a driblar preconceitos
Depositárias de nossas maiores esperanças

Nisto, a mulher aproximou-se do filho,
Como que a dizer:
Nunca maltrates uma mulher!
Afinal é delas que surge a continuidade da vida
Delas surgindo conhecimento,
Criação e entendimento

Mas, se alguma delas,
Não merecer sua consideração,
Ou mesmo seu dedicado afeto
Procure não dar valor a isto
Encontre alguém lhe queira bem
E que você também lhe dedique afeto

Mas nunca, nunca, nunca
Uma mulher fiques, a maltratar!

O menino, surpreso,
Prometeu assim proceder
E o pai de longe ria
Quando ele percebeu que a cena
A ganhar contornos dramáticos estava,
Dizia para a mulher:
O menino entendeu o bom conselho,
E tudo o fará para o bem aplicar!
E a mulher retrucou dizendo,
Assim esperar!

Desta feita, o menino,
A correr pela areia ficou
Brincava de colher conchas
Sempre a perguntar
Por que formatos tão diversos tinham

E seu pai dizendo que tudo na natureza,
Uma finalidade tinha
Mencionou que elas tinham abrigavam
Marinhos seres, mariscos, etc.
E para tanto, precisavam de diferentes formatos
Animado, falou que algumas produzem pérolas

A criança então ficou a perguntar:
Como elas eram feitas? De que forma?

E o pai a explanar:
Dentro da concha bivalve,
Composta de duas estruturas similares,
Que se fecham entre si,
Visando se preservarem

Corpúsculos estranhos,
Por vezes as invadem
E a concha tentando se proteger,
Do intruso ser

Produz nacarada substância,
Em róseos tons,
A envolver o pequeno ser invasor

Aos poucos ganha formas e contornos arredondados,
Consistência e firmeza
Enfim, transforma-se em delicada pérola
A produzir encantamento

E maravilhas na forma das mais belas jóias,
A adornarem orelhas, braços, e belos colos
E a refletirem seu brilho,
Nos faiscantes olhos das mulheres

O menino e a esposa, ao ouvirem a narrativa,
Aplaudiram o homem

A seguir, a criança novamente entrou na água
Agora acompanhado da mãe,
Que ficou a jogar-lhe água nas costas
E o menino então, gritos soltava

E a dupla brincava de enfrentar as ondas
Por vezes, mergulhavam
E o pai, a dupla fotografava
Retratos a eternizarem momentos fugazes

Mais tarde, a dupla,
A se abrigar ficou,
Debaixo de um guarda-sol

O sol era forte
E todos precisavam novamente,
O protetor solar aplicar

A mãe zelosa aplicou o produto
Nas costas do filho, em suas espáduas
E nisto a dizer ficou:
Meu anjinho de asas caídas!
E a criança ria, ria
Ria muito, das engraçadas palavras da mãe

E a questionar, do que espáduas poderia se tratar
E a mulher calmamente a explicar
Seres os ossos da omoplata,
Nas costas, bem próximas aos ombros

E o menino, a demonstrar entendimento,
Soltou uma animada interjeição:
Há, entendi!

Por algum tempo,
Na areia brincaram,
A construir castelos de areia ficaram
A planejar as mais belas construções
Munidos de um baldinho, pás e algumas formas variadas

Fizeram um castelo com um lago cheio de patinhos
E a criança encantada com o trabalho
Comentou que tudo era muito belo
Não querendo voltar atrás

Mais tarde, no mar entraram
A mãe segurava o menino,
A nadar estava a ensiná-lo

Gritos, risadas
A criança com as pernas a bater

Ao saírem do mar
A mulher perguntou a todos:
Quem como fome está?
Os meninos então, sim disseram

Com isto, o trio rumou para o chalé,
Confortável instalação,
Onde abrigados estavam

Lá, o pai e a mãe, um almoço preparam
E todos regaladamente se alimentaram,
Com um suco de laranja se refrescaram,
Matando a sede

Cansados,
Todos a cama exaustos se recolheram

A tardinha,
A beira da praia caminharam
Jantaram em um restaurante do lugar
E durante o passeio, a conversar ficaram
Todos estavam encantados com a beleza do lugar

A noite, uma fresca brisa
Os vinha embalar

Na manhã seguinte
O menino se deparou com embarcações
Estavam em um porto perto da praia
E seu pai, ao avistar os pescadores,
Com eles, a conversar ficou
E muitas histórias conheceu

Descobriu que os bravos pescadores,
Cedo madrugavam para os frutos do mar recolher
Pescavam por longas horas,
Arriscando-se, ante as inconstâncias do mar...

O menino a certa altura impaciente,
Logo pediu ao pai,
Para no mar entrar

E a mãe então, percebendo isto,
Convidou a criança para nas águas brincar,
Com isto, estendeu a esteira na areia da praia,
Deixando uma sacola por cima
E assim, a dupla na água entrou
Logo sendo acompanhada pelo pai
Que dos pescadores, enfim, se despediu

Passearam, nadaram
Divertiram-se
Contemplaram o cair da tarde,
Com seus matizes de cores,
Ora contornado de um azul profundo
Vívido

Ladeado por tons róseos,
Quase purpúreos,
A se fazerem acompanhar mais tarde,
Por tons alaranjados,
Até a tarde se escurecer

E a cada vez que as horas,
Os minutos se distavam
Mais profundo se tornava o azul da tarde,
Que aos poucos se tornou,

Profundo negrume,
Cintilado de estrelas brilhantes
Para o encantamento do menino
Deslumbrado com tantas delícias!
Agradecido,
Abençoou a Deus,
Pela possibilidade de contemplar,
Tão lindo espetáculo!

Seu pai, concordou
A todo o momento dizia que somente,
Um iluminado ser seria capaz,

De proesa tamanha,
A cinzelar o dia com um belo sol
E a noite com tão belas cores

Emocionado, dizia a todo o momento
Tratar-se de uma obra de arte da criação
Pintura exuberante
Exibida no painel da vida

A mãe, achando graça
Comentou estar ladeada de dois poetas

Rindo, dizia que tudo para eles,
Em poesia se transformava,
E que viver assim, era um eterno deleite!

Passeando, avistaram pessoas
Em seus carros possantes,
Com seus altos sons
A ouvir músicas de duplo sentido

O rapaz, ao se deparar com a cena
Lamentou o gosto musical das pessoas
A mulher por sua vez, dizia
Que não se deve valorizar,
Coisas que não valem a pena,
Gosto é coisa que não se discute
E em se respeitando o meu, não me incute,
O som de tão infeliz canção

Rindo, pai e filho comentaram
Que a veia poética em todos,
A aflorar estava
E assim, para casa seguiram

Mais tarde, conversando com o filho
O homem disse que ouviu lindas narrativas
Como a do eterno desencontro do sol e da lua

O jovem falou a criança,
De dois índios se tratar,
Os quais estavam impedidos de se encontrar
Pois transformados foram,
O índio no sol,
E a índia na lua

Nunca podendo se aproximar
Castigo de entidades malvadas
Que não queriam ver o amor do casal a se concretizar
Mas a um bonito fenômeno natural criar

Curioso, o menino a indagar ficou
Sobre a origem da noite
E o pai a tentar explicar falou,
Que a noite estava aprisionada em um coco

Curioso, o menino questionou
O fato de algo tão grandioso
Num simples coco caber

Seu pai, dizendo que a narrativa,
Daquela forma começava,
Conjecturou que talvez na tradição daquele povo,
A noite sempre estivera abrigada no coco
Tentando esclarecer se tratar de uma lenda
Argumentou que não se devia buscar lógica,
A nossa humana lógica em tais narrativas
Pois são histórias de um povo simples,
Que tentava apenas, entender o avassalador,
Mundo que os rondava

O menino então, pediu
Para o pai a história continuar
E o pai a prosseguir falou:
Que o coco estivera sob a guarda de dois índios

O cacique da aldeia confiara
A dois valorosos guerreiros,
Da afamada tribo, o encargo
Ressalvando sempre que o coco,
Não poderia jamais ser aberto,
Sob nenhuma hipótese

Os índios porém, curiosos
Ficaram a segurar o coco, e a observar

Em dado momento, a curiosidade
A se despedir do bom senso
Despertou neles o ímpeto de abri-lo
E assim o fizeram

Desta forma, quando a noite se viu livre do objeto,
Que a ela obstaculizava
Preencheu todo o ambiente,
Invadiu toda a atmosfera
E o ambiente, que todo claro era,
Por receber a luz do dia constante,
Negro ficou!

Os índios assustados, a correr ficaram,
De um lado para o outro
Sem saber se iam, ou se ficavam

O cacique então, ao notar o alarde
Logo percebeu do que se tratava
E dirigindo-se aos índios,
Sentença severa aplicou

Disse-lhe que de humana forma que tinham,
Passariam a forma de macacos ter,
E assim, exporiam a todos a infâmia praticada,
Não podendo junto dos demais índios viver

Curioso, o menino perguntou sobre
A origem da vitória-régia
E o pai então, escolhendo bonitas palavras
Começou a dizer,
Tratar-se da história de uma linda índia,
A qual se encantou com seu semblante,
Refletido nas águas profundas do lago

A certa altura, a indiazinha se deparou com o reflexo
De uma circunferência prateada nas águas
E deslumbrada, ficou a figura contemplar,
Seu efeito sobre a superfície das águas,
Era de fato magnífico
E a índia, ao perceber a lua no céu,
E o seu reflexo nas águas,
Lamentou a impossibilidade do encontro

Encantada, todos os dias se dirigia ao lago,
E a lua contemplava
Triste, lamentava-se de sua dura sina
De nunca a lua poder tocar

A certa altura, desesperada
A índia atirou-se ao lago
E no local onde a índia atirou-se,
Uma bela e exótica flor se formou,
Uma imponente vitória-régia
Com sua forma circular,
Seu amplo espectro verde,
E sua singela flor

E assim, todos os dias, a flor
Recebia o reflexo da lua
Como que ao seu rosto beijar
Estando de certa forma, lado a lado
Agora não mais separados

Nisto o menino pegou uma metade de laranja,
Dizia com sede estar
Seu pai ao ver a cena,
Comentou existir uma lenda,
Sobre a origem dos sacis
A qual apregoava que eles surgiam
Do gomo de laranjas

O menino incrédulo
A contestar ficou:
Como pode de algo tão pequeno
Surgir um ser tão traquina?

E o pai a falar:
O ser surge perneta,
E vive em bandos,
A reinações fazer
Com seu gorro vermelho, cachimbo
E a pular de uma perna só

Tentando a explicação completar,
O homem disse que em outras lendas
Trata-se de um menino negro
O qual ao nascer, teve a perna amputada
Por seu cruel e implacável dono,
O menino que a reinar ficava

E com o tempo ganhou um cachimbo,
O qual ficava pitando e matutando
Em rodamoinhos a se locomover
Somente podendo ser caçado por uma peneira
E aprisionado dentro de uma garrafa

Criatura que a tudo e a todos inferniza
Azedando leite, estragando alimentos,
Fazendo nós nas crinas dos animais
E assim, quando alguma coisa errada acontecia
Ora ali, acolá ou aqui
Podia se dizer: É o saci!

O pai, chegou a dizer que em outras lendas
O menino já nascera sem uma das pernas
E que a despeito disto
Era um ser vivaz e alegre
E em seu entender, um exemplo de superação

A defender a natureza
Lado a lado com o curupira
Ser de cabelos cor de fogo e pés virados para trás,
Para que num zás trás
Pudesse confundir os caçadores
Fazendo-os assim se perderem,
Com suas enganosas pegadas

Do fogo fátuo
Conseguiu arrancar uma expressão espantada
Do garoto impressionado
O qual perguntou se verdadeira, era
A história narrada

Seu pai, percebendo a admiração
Do dileto filho
Comentou:
Tratam-se de cadavéricas emanações
As quais produzem vapores
E estranhos brilhos
Os quais de longe se assemelham a mil olhos
Iluminados olhos
A assombrar os passantes desavisados,
Mas que nada de mal fazem

A criança, de olhos arregalados
A noite, assustado ficou
E a mãe, percebendo se tratar das narrativas do marido,
Com ele então ralhou:
Onde já se viu, uma criança pequena assustar?

E assim, tentando ao garoto acalmar,
Disse que tudo era lenda,
Não havendo com que se assustar

O menino então, abraçou a mãe
E a mulher, o garoto a embalar ficou
Que nos braços da mãe adormeceu

No dia seguinte, mais histórias,
Aventuras de nosso imponente e folclórico país
Lindas narrativas de uma terra,
Que muito tem para contar!

Histórias de lobisomem,
A todos assustar
Com sua hórrida aparição,
Corpo coberto de pelos,
Unhas compridas,
Olhar feroz
A se transformar nas noites,
Em que a lua cheia está
A vagar pelas paragens e a todos amedrontar

Triste sina de um filho
O sétimo de uma prole numerosa
A ser combatido com uma bala de prata

Impressionado, o menino ficou a perguntar,
De criatura real se tratar
No que o pai consentiu em dizer que não
Disse ser apenas criação,
De mentes criativas,
Impressionadas com os sustos da noite

O menino então, comentou ter ouvido
Histórias de ET’s e de chupa cabras
No que o pai então, completou:
Tratam-se de lendas,
A respeito de estranhos seres
A amedrontar as pessoas,
Que já impressionadas estavam,
Com a mortandade de animais,
Os quais tinham o sangue todo sugado

Fato este que gerou espanto
E assim, para acalmar tal celeuma
Precisavam de alguma forma,
O fato justificar
E então ficaram a cismar
O homem então, comentou,
Até surgir algo, para tudo explicar

Curioso, o menino perguntou se não havia
Em outros planetas,
Viva alma, quaisquer formas de vida
E o pai respondeu-lhe afirmativamente
Dizia sim existir
E que talvez até contatos fossem feitos

Mas de fato, havia e há vida em outros planetas
E que os seus habitantes,
As condições do mesmo se adaptavam
Alertava porém, que os contatos,
Provavelmente não se dariam de forma,
Tão estrepitosa

A criança então, indagou
Sobre o significado de tão sonorosa expressão
O pai respondeu num ímpeto,
Trata-se de algo barulhento, ruidoso

O garoto então comentou
Que a palavra de fato, lembrava
Algo que ruído produzia

Com isto, o homem começou,
A com o filho brincar,
Fazendo-lhe cócegas na barriga
E a criança, a se contorcer de tanto rir,
Pedia ao pai a todo o momento,
Para com a brincadeira parar

Com efeito, a manhã
O dia praiano, fora deveras proveitoso
A manhã,
Lindamente a surgir no horizonte,
Dissipando as brancas nuvens,
E o sol a contrastar, com o azul pálido do céu

A família a deleitar-se na praia
Muito ir e vir das ondas
Brincar no mar
Apreciar o sol

E o lindo cenário que circundava a praia
A serra verdejante
As praias a contornar a praia
Os barcos dos pescadores,
A navegar em mar alto

Pessoas a caminhar,
Mulheres a se bronzear,
Deitadas na areia

O menino aproveitou para coletar conchinhas,
Já tinha algumas
Que no chalé, guardada estavam
Alegre, dizia ser a lembrança,
Dos dias na praia

O garoto corria pela areia,
Chamando a atenção dos pais
Neste esteio, ao longo dos dias

A família notou o efeito solar
Em suas bronzeadas e douradas peles,
A espantar a brancura dos dias citadinos

Às vezes, pedalavam pela orla
Contemplavam a brisa,
A imponência do mar,
Os coqueiros a tremularem,
Ao sabor das ventarolas

As pessoas caminhando, correndo
Tudo era festa,
Alegria enfinda,
Nas belas tardes de verão,
Abraçadas por um sol cálido

Quanto as lendas narradas pelo pai
Estas eram as mais profusas
Riqueza cultural deste país maravilhoso!

E o pai a contar ficou
A história da cuca
Com seu corpo de jacaré,
Desgrenhados cabelos
A assustar as crianças

Rindo, recordou-se da cantiga:
“Nana nenê, que a cuca vem pegar
Papai foi pra roça
Mamãe pro cafezal...”

O garoto por seu turno, acompanhou o cantar do pai
Tudo isto, para no final, dizer:
Pare de cantar papai, pois você desafinado está
E o homem ria e ria

Comentou que o escritor Monteiro Lobato
Da lenda se apropriou
Para que a estranha entidade,
O Sítio do Pica Pau Amarelo, habitasse
E ali produzisse as mais estranhas confusões

Dotada de mágicos poderes
A transformar crianças em pedra
A atrapalhar os brinquedos e folguedos infantis

E a criança a criticar dizendo:
Que criatura má!
E o pai, com isto a concordar

Em seguida, o homem contou-lhe a história
De um negrinho,
Que tão pobre, ficava a pastorear,
As terras de um cruel senhor,
Que sempre maldades ficava a fazer

Um dia uma rês
Do rebanho se apartou
E o menino forçado foi,
A procurar o animal

Atravessou a noite e a madrugada do sertão,
A então procurar
Procurava, procurava,
Desesperação
O animal não conseguiu achar não

Aflito as terras do fazendeiro retornou
Na estância verdejante,
O menino do cavalo apeou

O cruel fazendeiro
A perceber o infortúnio do menino
Um castigo a ele aplicou
Surrando a criança,
O menino ficou a espancar
Desferindo-lhe tão horrenda sova
A ensangüentado deixá-lo

Por fim, abandonando,
A desventurada criança em cima de um formigueiro
E o menino, diante de tal flagelo
Veio a morte encontrar

O fazendeiro por sua vez,
Ao corpo do menino procurar,
Deparou-se com uma angélica visão
A criança lhe apareceu,

De rosto tranqüilo e sorriso nos lábios
Foi o bastante para assustá-lo
Aterrorizado, o homem acorreu para a sede
Deixando para trás o cavalo

Lívido, branco
Fora confundido com alma penada
E por esta razão precisou então explicar,
O menino flagelado,
Morto não estava,
Pois diante dele se apresentara,
Altaneiro e bem disposto,
Em seu corpo, nenhum sinal de agressão,
Parecia ter vindo de outra dimensão,
Apenas para lhe atormentar

E a história do menino,
Que o rebanho da estância pastoreava,
E muito maltratado era,
Tornou-se lenda
Símbolo de um duro tempo de escravidão
Onde os negros, homens, mulheres,
Crianças, idosos, muito maltratados eram

Comovida, a criança,
A se lamentar dizia:
Que homem ruim!
Como pode fazer isto com uma criança!

E o pai a abraçar o filho falava:
Muito sofrimento há no mundo
Mas nem todas as pessoas são más,
Ainda há espaço para as boas coisas,
Pelos homens, celebradas
E é para as boas obras,
Que os humanos olhos, devemos voltar

E a criança, como que a compreender,
Completou:
Aos homens maus, que se dêem tão mau,
Tão mau, que tudo se volte contra eles

E assim, possam na pele sentir,
O mal que a outros causaram

O pai respondeu-lhe então
Existir uma velha frase que ensina
“Aqui se faz, aqui se paga”
Verdadeiro ensinamento da realidade
Que todos prevenidos, devemos ficar

O menino ressalvou que mau,
Jamais se tornaria
Pois queria bem a todos,
E a todos respeitava

O pai asseverou-lhe que assim deveria ser
Pois todos um dia por seus atos,
Irão responder

Nisto, a criança pediu ao pai
Para que mais e mais histórias contasse
E o pai então prosseguiu

Fez menção de contar a história do Corpo Seco
E o menino a perguntou ficou,
Do que se tratava
O homem por sua vez, recomendou ao filho,
A história ouvir,
Pois assim, a tudo compreenderia

Com isto, o pai comentou
Que a história se iniciava
Com a trajetória de um filho
O qual gostava de muito jogar, beber e farrear,
Deixando sua idosa mãe de lado
Pois sempre que ela o ia chamar
O filho a rechaçá-la ficava,
Deixando a mãe desolada,
A voltar sozinha para casa
Tratava-se de uma senhora idosa e doente

Em dado momento,
Cansada dos maus-tratos do filho
A mulher a dizer imprecações ficou,
Condenando o filho a insepulto ficar,
Quando de seu passamento

O jovem irônico ria, ria à beça
Parecia não se importar com a praga,
Desdenhando dos dizeres da senhora

E ela, ao filho ingrato, dizia
Tu és a tristeza dos meus dias!

Certo dia, em mais uma de suas andanças
A fumar, a beber e a jogar
Em companhia de homens de igual vício
Foi informado por um conhecido,
Que a pobre mãe,
A passar mal estava

E o filho, ingrato
Nem um pouco se importou,
Disse que mais tarde para casa voltava
E assim procedeu

Porém, qual não foi seu espanto,
Quando ao lá voltar,
Deparou-se com o corpo inerte da mãe
A pobre senhora havia morrido,
Ante a falta de atenção e de cuidados,
Do seu dileto filho

Com isto, foi preparado o funeral da senhora
E o filho, temendo ser apontado,
A cerimônia deixou de comparecer

Tomado pela culpa
Muito bebeu, e a lamentar ficou,
O triste passamento da mãe

Contudo, ó triste realidade!
O moço não se corrigiu
E assim, continuou a conviver com o antigo vício
A fumar, a beber e a jogar

Porém, numa tarde
Os companheiros de bar,
Ao conhecimento tomarem,
Do passamento da mãe do jovem,
Censuraram-lhe os modos
E a dizer ficaram,
Que ele era o pior homem que conheciam,
Pois nenhum deles capaz seria,
De dispensar a mãe, tão horrendo tratamento,
Deixar a mãe morrer em desalento

E assim, expulsaram o moço da mesa
E a dizer ficaram:
Nunca mais volte, pois a tua sorte,
Muito madrasta será!
Assustado, o jovem recordou-se
Da materna imprecação

Com o passar do tempo
Todos a evitá-lo ficaram
Ninguém a lhe oferecer consolo,
Repouso ou abrigo
Sozinho, passou a beber mais e mais
Tentava esconder sua vergonha, em vão,
Pois a todo o momento era apontado nas ruas

Envelhecido, o corpo tomado pela doença
Sem amparo,
O homem morreu,
Como vivera nos tempos últimos,
Sozinho e desamparado

Contudo, quando de sua morte
Os conhecidos, imbuídos de um sentimento,
Mescla de dó, e respeito aos mortos,
Do enterro logo tratou
E assim o caixão e o velório foram ajustados
O corpo foi então enterrado

Contudo, dias depois do enterro,
Um seco corpo aflorou a terra
O coveiro, em percebendo o evento
Tratou de novamente o corpo enterrar
Contudo, sempre que assim procedia
O corpo seco, novamente aflorava a terra,
Jazendo insepulto

Tal evento, causou horror na cidade
E todos os moradores,
Cientes da lição trataram logo,
De a tradição aos filhos e netos repassarem,
Pois a todos devemos respeitar

E o pai, percebendo o espanto nos olhos do filho
Disse que o corpo nunca ficou enterrado,
Permanecendo exposto à flor da terra,
Aos olhos e comiseração pública

A criança, ao se deparar com a sonoridade,
De uma palavra,
Seu significado perguntou
E o pai paciente explicou
Que comiseração nada mais era do que pena,
A piedade dos homens,
Pela triste sina do ingrato filho

Preocupado, o menino perguntou
Acaso seria a história, verdadeira?
E o pai, sorrindo, respondeu-lhe que não
Apenas de uma lenda se tratando
Não havendo com o que se preocupar

A mãe, ao notar que as histórias se tornavam,
Deveras sombrias,
Aconselhou o marido a contar,
Narrativas mais amenas

No que o garoto, curioso,
Insistiu para que o pai contasse mais e mais
Histórias sobrenaturais
E o pai completando que a todos os povos,
Fascinava o fantástico,
E a possibilidade de a tudo tentar explicar,
A contar a história da mula sem cabeça ficou

Iniciou dizendo tratar-se de
Mitológico ser, jovem mulher,
A qual se envolvera com um padre
Vindo a ser transformada em estranho ser,
A cuspir fogo pelas ventas,
Mesmo que venta não tivesse

Com isto, o menino então, começou a rir
A mulher por sua vez,
Argumentou que se tratava de uma narrativa machista,
Posto que somente a mulher fora punida,
E que ao padre deveria caber maior punição

O homem então, respondeu dizendo,
Em se tratando de um tempo antigo,
A narrativa obedece a historicidade de seu tempo
Antigo tempo, onde o machismo prevalecia,
E que a mulher que errasse,
Do ponto de vista da sociedade da época,
Devia ser severamente punida,
Pois de tudo lhe era imputada a culpa

Suspirando, a mulher saiu da sala

Com isto, o homem ressalvou que a noite,
Era o cenário preferido para a estranha criatura
A qual circulava com sua cabeça de fogo,
A todos assustar

E a criança a dizer:
Triste sina de tal mulher!
O pai então concordou

Nisto, começou a falar
Que alguns índios acreditavam que as estrelas no firmamento
Eram as almas de antigos parentes,
A viverem no céu,
E a olharem para eles

Segundo seu relato
A mandioca surgira quando,
Do passamento da indiazinha Mani
A luz da vida de sua mãe,
Que ao enterrá-la,
Verteu compungidas lágrimas sobre o túmulo

Tais lágrimas banharam o leito onde a criança jazia
E com isto, uma bonita e viçosa planta
Passou a crescer no lugar,
Onde a criança enterrada fora

A mãe por seu turno,
Solicitou a abertura da sepultura
Porém, qual não foi o espanto de todos
Quando então perceberam, que não mais havia corpo

Pois a pequenina índia se transformava,
Em um robusto tubérculo
Mani, a qual fora enterrada perto da oca
Tendo por nome batizado, o alimento surgido,
Mandioca

Animado com a lenda
O garoto aplaudiu a narrativa
Correndo e gritando, ficou a chamar a mãe,
Dizia-lhe ter uma bonita história para contar

Mais tarde, o pai contou a lenda das sereias
Seres mitológicos,
Oriundos da tradição grega,
A habitar os mares e a seduzir os navegantes,
Com seus encantos

Os marinheiros, ao passarem pelos mares,
Precisam os ouvidos proteger,
Ou então arrastados serão,
Para o fundo das águas,
Maravilhados com encanto das vozes

A entoar cantigas suaves,
Melodias maviosas
Aprisionados os homens morrem,
Sem condições ter para a tona surgir

Completando a narrativa,
O pai ficou a dizer,
No Brasil um equivalente ter,
Denominado Iara
Entidade a habitar os rios
E a produzir os mesmos encantamentos,
Levando os homens para o fundo das águas

Lindos seres a pentearem seus verdes cabelos,
Imensos e encantadores
A beira das águas,
Para os incautos impressionar

O menino, admirado com a narrativa,
A dizer ficou:
Que mulheres más!

E o pai a brincar ficou a dizer:
Cuidado com as aparências,
Pois elas enganam!
E a mãe que por ali passava
A rir ficou,
Irônica dizia:
Quem não te conhece, que te compre!

E o jovem, incomodado
Com tais palavras, argumentou:
Afinal esta não é uma grande verdade?
E a mulher assentiu com a cabeça
Em que pese saber
Muitos homens assim não procederem

Nisto, o pai contou ao filho
A lenda do guaraná
Curioso fruto vermelho,
De arredondado formato
Em cujo centro, possuí

Uma forma assemelhada a um olho
Razão pela qual seu significado é,
Bagos semelhantes a olhos de gente

O menino intrigado,
Chegou a dizer:
Que fruta feia deve ser!

E o pai rindo, disse tratar-se
De um fruto curioso
Surgido dos olhos de um menino morto
Cujos olhos foram plantados em fértil campo
Sob a recomendação de Tupã,
Com vistas a auxiliar os membros da tribo
Lindo menino, luz dos olhos de seus pais
Traiçoeiramente morto por Jurupari
Invejoso de sua vivacidade

A planta, com seu fruto
Fruto do qual se extraí um pó,
A utilizado ser, em bebidas

Neste esteio, falou sobre,
O lindo canto do Uirapuru
Ave de canto canoro
Outrora bravo guerreiro
Apaixonado pela bela esposa de um cacique

Em razão de tal infortúnio,
O jovem enamorado
Implorou a Tupã,
Para transformado ser
Em singelo pássaro,
Que a voar pelas matas,
Da densa floresta ficava,
A cantar e encantar a todos

Sonhador a exibir seu belo canto
A sua amada
Com o simples fito de que nele,
Reconhecesse o outrora bravo guerreiro
E assim, voava sobranceiro

Nisto, ó ironia!
O cacique, impressionado,
Com o delicado canto,
Passou a caçar a ave
Seguindo seu rastro,
Acompanhando seu canto
Vindo por fim,
A se perder no emaranhado das matas
Nas tramas das trilhas
Em meio a selva
Oceano de plantas e flores

Dizem que seu canto esporádico,
Raro e magnífico
É ouvido por poucas vezes
E que assim, toda floresta
Curva-se ao seu som
Todas as outras aves, pássaros silenciam
Enfeitiçados com o belo canto

Ave símbolo da Amazônia
Berço de tantas lendas
E narrativas a maravilhosas
Lugar encantado
A tornar o Brasil, mais Brasil!

A criança, ao término da narrativa
As lindas histórias aplaudiu
Comentou que o pai,
Sabia boas histórias contar
E com isto, as férias
Muito especiais se tornaram

Agradecido, o menino muito aproveitou o passeio
Mergulhou nas águas quentes do mar
Deslumbrado ficou, com os pôres-do-sol
Os tons multicores do firmamento
Em suas várias fases do dia

Amanhecer azulado,
Logo colorizado com o branco das nuvens,
O dourado do sol
Raios de sol a dourarem as águas

Pôres-do-sol
Em tons azul claro,
Cravejado de nuvens,
Aos poucos escurecido e
Envolto em tons róseos,
Fortes tons,
Ladeados com o branco intenso das nuvens
Aos poucos, um alaranjado toma conta do cenário,
Com suas bordas amareladas

Nisto, a noite,
Pouco a pouco vai invadindo o lugar

As nuvens se despedem do dia
O sol já foi embora faz tempo
E a lua começa a timidamente se apresentar
Em seu curvo formato,
E assim algumas estrelas,
A ela fazem companhia

O menino então, a apontar ficou
Ao ver as estrelas a brilharem no céu
Chegou a falar, da alma dos índios se tratar

Bronzeado, chegou a dizer
Que muitas saudades do lugar iria ter
E o pai a falar:
Não se preocupe,
Pois logo logo, iremos voltar!

DICIONÁRIO:
cinzelar verbo transitivo direto trabalhar com cinzel.
"c. o cobre"
2. FIGURADO (SENTIDO)•FIGURADAMENTE
fazer com esmero; apurar, aprimorar, burilar.
"c. um soneto"

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

Mares

Preservar as memórias dos queridos entes
Guardar com carinho nos corações,
Os seus gostos, seus interesses da vida
A fim de que eles vivam eternamente em nossas lembranças

Perceber que em muitas alegrias
Existem alheias tristezas
A vida vem e vai
Ora nos trazendo alegrias, ora nos transmitindo tristezas

E mesmo nos maiores conflitos,
Descobrir a alegria, e um melhor jeito para se entender os desenganos,
Recorrentes nos desvãos da vida

Viver no mar
Oceano salpicado de barcos,
A circundarem os banhistas
Frias águas do tempo
De um tempo de felicidade passado
Mas que a qualquer momento pode ser retomado

Origem das primeiras cidades de uma terra brasilis
Índios a marcarem a história destas plagas
Cunhambebe a se estabelecer em Bertioga
E a depois lutar em território fluminense
Ao lado de Estácio de Sá

Anchieta e seu trabalho de catequizar os índios
A dormir em leito de pedras,
Circundado pelo brilho das estrelas
A iluminar de tímida forma, a cama
Do município litorâneo, com seu casario histórico

Jesuíta dotado de espírito aventureiro,
Como os demais sacerdotes,
A enfrentar serras íngremes
A fazer pouso em campo estrelado,
Tendo por leito apenas as pedras,
E o duro chão dos caminhos

A transmitir os ensinos de sua religião,
E conhecimento aos índios

Em suas caminhadas pelo litoral,
Ficava a escrever belos textos na areia molhada
Palavras que com a elevação da maré,
Seriam devoradas pelas águas
Que as lamberiam, em seu furor

Abarebebê, Leonardo Nunes
A percorrer de forma veloz, as regiões
Amontoado de aldeias indígenas
Aldeias e povoados, a receberem as luzes da doutrina cristã
E a reunir as gentes,
A construção de uma igreja de pedras,
Que hoje se faz em ruínas
Memória do município desmembrado de Itanhaém,
Peruíbe, Terra da Eterna Juventude
Com sua lama medicinal, a curar dores e vitalizar

Lugar de mar aberto, extenso
Linda serra verdejante ao fundo
Ultimamente salpicada de barcos pesqueiros
Com seu mar azul e lindo, contrastando com a espuma branca das ondas

Lua brilhante, acompanhada de estrelas,
Iluminam o céu escuro
A noite preta e densa, a envolver toda a atmosfera

Em contraste aos tempos passados,
Conforto em macios lençóis
Quartos arejados
Em tempos de antanho,
Homens desbravadores, dormindo ao relento
Os nobres padres jesuítas a descansarem seus corpos cansados,
Em céu de estrelas

A edificarem cidades e povoados
E escalando íngreme serra, colonizaram o interior
Marca de bravura e coragem,
E um grande contingente de violência

Índios foram escravizados, catequizados,
E transformados em servis criaturas
Auxiliaram na edificação dos povoados
Índias foram violadas,
Dando origem aos cafuzos
Paridos de cócoras
Primeira mistura brasileira

As mulheres brancas, raras,
Eram trazidas de Portugal
Mulheres que não tinham nada a perder em suas terras
Acreditavam na possibilidade de um bom casamento em terras tupiniquins
Acreditavam, ou eram levadas a acreditar
Mulheres brancas, objeto de cobiça dos portugueses
A habitarem estas plagas

Homens brancos,
Vinham na esperança de enriquecer,
De livrarem-se das pesadas penas impostas pela coroa portuguesa
Muitos indesejados em sua terra

Bandeirantes, a desbravarem os sertões
A percorrerem as entranhas do Brasil
A gerarem conflitos com os índios habitantes destas paragens
A imporem seu modus vivendi
Aculturando os índios, ou adaptando-os a sua cultura
Ora odiados, ora temidos pelos índios
Como o Anhagüera, ou Diabo Velho
A colocar fogo em aguardente, atemorizando os índios

Edificaram construções em taipa de pilão
Estruturas em ripas de madeira,
Cobertas de argila, estrume e sangue de animais
Grossas paredes, pintadas de cal
Com batentes de portas e janelas coloridos e verde, azul
Em seu interior, poucos móveis feitos em madeira de lei
Os alimentos a serem conservados de forma rudimentar
Água fresca guardada em cabaças e jarras de barro
Resultante do trabalho das índias
Inóspitas paragens,
A fazer das mulheres, seres dotados de muita coragem

Em muitos povoados, ataques diversos de índios
Como em Vila de Santo André da Borda do Campo,
A qual fora abandonada
Vindo o Cacique Tibiriçá, a índia Bartira, e o português João Ramalho
Este último, vindo a desposá-la
Todos a viver, junto com os demais habitantes da vila,
Em São Paulo de Piratininga, ou Piratinim
Vida dura, difícil, sacrificada, com muito pouco, ou quase nenhum conforto

Desbravadores,
Como o foram os primeiros portugueses a aportarem no Brasil
A oferecerem-lhe quinquilharias, em busca do Pau Brasil
Madeira nobre, da qual se extraía uma tintura vermelha,
A tingir as vestes espalhafatosas dos portugueses
Neste primeiro contato, a dominação dos índios,
O adoecimento dos nativos, a violação das índias
O deslumbramento dos navegadores,
Com a exuberância das matas,
A nudez, dos índios
Seu modo de vida simples

A viver da caça, da pesca, da coleta de alguns frutos
A prepararem o cauim,
Bebida feita do milho fermentado pela mastigação dos índios
Mandioca, base da culinária brasileira
Mistura de paladar português com gosto indígena, adaptado
As peculiaridades de cada local
E assim, surgiu a culinária paulista, a mineira, e assim por diante

Nordeste, Porto Seguro, lugar da primeira missa celebrada,
Em Ilha de Vera Cruz, Terra de Santa Cruz, Brasil
Retratada de forma poética por Pedro Américo

No Nordeste, história de índios canibais,
A devorarem padres
Em Itanhaém, índios escravizaram Hans Staden,
O qual naufragou em águas brasileiras,
Vindo a se salvar do canibalismo, por sua bravura e coragem,
Em lutar ao lado dos índios

Conflitos de interesses, onde todos lutam pela vida
Em que pese a morte, quase sempre, à espreita

Engenhos de açúcar, e as formas em metal,
Chamadas de Pão de Açúcar
Com o tempo, passou-se a escravizar os negros
Os quais não conheciam a terra, e o modo de vida
O que dificultava a fuga

Muitos, reis e príncipes em suas terras,
A viverem de modo servil em plagas alheias
A sofrerem as maiores formas de humilhação,
E sofrimento no transporte das terras africanas,
Traídos que eram por seus pares
A morrerem muitos na jornadas
E muito pouco viverem nas senzalas

Em São Paulo, a trabalharem no comércio do café
Fazendas coloniais, com senzalas, pelourinhos
Grandes construções
Cenários de muito luxo e requintes, com interiores ricamente decorados
Em contraste com as moradas antigas dos bandeirantes

Brasil, terra de foro de privilégios
Com as sesmarias,
Criadas com o objetivo de estimular a ocupação do país
Sesmeiros ocuparam as terras, mas de extensas, perderam seu território
Poucos conseguindo mantê-los
E ainda assim, as terras foram desbravadas,
E o país, de dimensões continentais
Transformou-se em terra de diversas culturas,
Onde povos, vivendo nos mais distantes rincões,
Falam a mesma língua, portuguesa

Araribóia em apoio aos portugueses,
Contra os invasores holandeses
Por tributo aos seus bravos feitos,
Recebeu sesmarias, entre elas: “São Lourenço dos Índios,
Atualmente conhecida como Niterói
Dizem que em matança noturna, o índio seguiu a nado, pela baía,
A fim de emboscar os holandeses

Bravos índios,
Tão decantados nas poesias da fase primeira do romantismo
Especialmente na poesia de Gonçalves Dias

Ciclo do ouro, com o fausto e riqueza das construções barrocas de Vila Rica,
Atual Ouro Preto,
Palco de muitas fotografias,
Disparadas das câmeras digitais dos turistas e passantes do local

Cenário da Inconfidência Mineira, e de um bravo Tiradentes,
Morto e esquartejado,
Com seus pedaços espalhados pela cidade
Lembranças da brutalidade de outros tempos,
Os quais ainda infelizmente persistem em muitos aspectos

Tantas histórias, tanto passado,
História de um tempo, não tão distante
Memórias de uma época, e de lugares,
Próximos de nós

Ruínas abertas a visitação,
Pedaço da história de Peruíbe
Pensamentos distantes, a viajarem no tempo
Viver histórico, com a vida prosaica de cada dia

Com flor noturna a desabrochar,
Em um jardim sempre exuberante,
Com suas belas árvores de folhagem verdejante
As flores várias

As águas a invadir as areias,
E a formarem pequenas e singelas lagunas
Remansos de água salgada e doce

Mar azul
Céu azul, brancas nuvens, sol dourado,
A refletir na claridade das águas

Queima de fogos no reveillon
Cenário de luzes variegadas e formas, por muitos minutos

Barcos pesqueiros a circundarem a praia
Quiosques repletos das gentes, e das músicas variadas
Canais de água e correr o mar

Canal de pedras, divide a praia em duas
De lá saindo os barcos que singram as águas
Mar revolto, correntes de retorno

Lua cheia, céu estrelado
Flores de cera,
Hibiscos dobrados vermelhos, laranja, róseos;
Lantanas coloridas;
Flores miúdas de uma dama da noite perfumada

No caminho de volta ao lar citadino
A serra enfeitada de manacás floridos

Céu bonito,
Com imponentes formações de brancas nuvens na ida
Pôr do sol dourado em das viagens, várias

Lindo cenário de felicidade e de reflexão
O entender da vida
Crianças a correr para o mar, a brincar na areia

Caminhadas, muitas,
Novas construções,
As melhorias a caminharem a passos lentos

Carnaval com confete e serpentina
Herança dos tempos do Entrudo
Os corsos,
Com as mocinhas sentadas,
Em seus luxuosos carros conversíveis
Mascaradas,
Enroladas em confete e serpentina

Blocos carnavalescos
Desfiles em sambódromo,
A formação das escolas de samba,
A desfilarem inicialmente em avenidas

São Paulo a despontar neste cenário
E Adoniram Barbosa a demonstrar,
Ser a mais completa tradução,
De que São Paulo não é o túmulo do samba

Cidade aniversariante que nunca dorme!

E o entrar nas águas da praia,
Molhar o corpo, os cabelos,
Apreciar o cenário
E a ter a certeza do quanto se pode ser feliz,
Realizando algo tão simples
O segredo da felicidade, está na simplicidade

Assim como a música pode mudar o estado de ânimo de alguém
E um livro aperfeiçoar o modo como se vê o mundo
As pessoas são eternas em nossas memórias

E o tempo, este eterno inconstante,
Este só nos acrescenta
Só cabendo a nós não temê-lo

E os mares guiam a corrente, ou a corrente guia os mares
Mar, maré, mares, guia
Condutor de destinos ...

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

Mares Guia; ou as Madrugadas aos Mares

Madrugada de céu estrelado
Meia lua ainda mal apontada
Mal adormecida
Em céus de uma cidade escurecida,
Na madrugada adentro
Longa jornada

Madrugadas por hora cedem
E em seu lugar dão hora a luz do dia
E a jornada de trabalho a se cumprir
Para após, um merecido descanso dispôr

E assim, a vida segue
Com suas obrigações
E seus pequenos shows de cantores,
A transportarem contentamento por fios sutis
A nos ligarem os sons maviosos, aos ouvidos atentos
Gravações registradas nos HD's de nossos computadores
Remanso e descanso de nossos tédios
A nos impulsionar para o trabalho
Odisséia sem fim!

Estrelas a luzirem num céu de escuros véus
A desvendar os pequenos mistérios do dia
Dia-a-dia descamando as fibras da vida
A contar os passos dos homens
Através de seu relógio singelo de brilho e esplendor

Para enfim desfrutar
Passeios por entre mares azul esverdeados,
Ou melhor,
Esverdeantes azuis

Entrecortado de furibundas ondas
Brancas ondas
De ondulante espuma branca
Ondas de mar e mergulhos
Amplo mar, lindo mar

Ao lado de estonteante montanha
Serra verde, oculta por entre nuvens
Mistérios por desvendar
Amplos cenários

Em Torre de TV,
Acenas para uma verde vista alegre
Das casas a acompanhar
Tendo o mar como elemento, ao fundo

As ruínas de uma antiga igreja
E suas pedras por revelar
Um tempo de padre jesuítas
Índios por escravizar
E brancos senhores de terras

Caminhar por caminhos deslumbrantes
Casas imponentes, e coqueiros a dançarem
Na cadência e balanços dos ventos bravios do mar

Quiosques a servirem bebidas e iguarias
Água de coco saboreada à beira-mar
Esculturas na areia
E o sol a tocar a pele
Mudando o tom de suas cores

Corpo a molhar, ao tocar as águas do mar
Divertir-se e nadar,
Repousar em suas fortes águas
As águas a tocarem os pés, no ir e vir das vagas
O corpo a se banhar, nas águas em movimento

Barcos ancorados, em um Porto sossegado
A aguardar o movimento dos peixes e crustáceos
Vendidos em uma Peixaria de brancos e azuis

Barcos a singrarem os mares
A luzirem na escuridão das noites
De longe observados
Como se fora acenos de quem passa,
E acompanha os movimentos da vida

Madrugadas afora dando lugar ao lindo dia
Imponente sol a raiar
E as águas do mar, sempre a brilhar

Vida!
Longa vida a ti, ó deus dos mares
Longa vida a ti, que tanto de tua paz nos traz
Ó mar!
Mar dos mares!
Farol, Porto e abrigo dos meus melhores dias!

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

Luna

Lua a dançar pelos urbanos espaços
Acompanhando um lindo valsar a desenhar nos céus
Seus lentos e delicados passos
A ser obumbrada por escuros vapores da noite

Prédios e construções a obstruir o passeio da lua
Cidade adormecida
Decorada pelas luzes artificiais
E a noite escura
No passeio, o monumento a exaltar a memória do lugar
O português João Ramalho, próximo a sua Bartira, e o cacique Tibiriçá
O shopping com sua fachada descascada
O corredor com flores, manacás, azáleas, algumas tímidas árvores

E os sons a embalar os meus ouvidos
Agradáveis melodias
As tardes a ouvir as mais belas apresentações
Espetáculos com belos cenários, palcos, luzes, bonitas performances

Os ônibus a circularem pelo corredor
As ermas ruas, vazias
E os olhos a contemplar a lua
A memória a registrar os bons momentos da vida
Repositório de boas lembranças
Vivência, experiência

As viagens mentais que fazemos
Durante a viagem diária de nossos corpos a se deslocarem
De um ponto a outro na cidade
Os estudos, melhores pensamentos de uma boa colocação no mercado de trabalho
A se confrontar com injustiças tremendas
Em que muitas vezes, envolvidos estamos
Impotentes, sem nada poder fazer para que as coisas mudem

Sinto pesar pelas humanas maldades
Sendo que quem o faz e propaga, não se apercebe de que o mal maior
Será dirigido contra si mesmo
É triste isto constatar!

E o melhor é as tristezas abandonar
Pois melhores pensamentos, necessários se fazem
Sonhar com melhores mundos
E a lua e a solitária estrela brilha pra nós
Nesta noite solitária de desesperança
Tudo passa, e o mal também passará
Assim o espero
E assim, sigo minha vida,
Esperando e agindo em busca de melhores momentos,
Melhor sorte para nós todos
Assim creio!

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

Lua Branca, Branca Lua

Lua branca,
Branca e redonda,
Circundada de estrelas cintilantes
A iluminar um céu de pretume
Escuro

Lua envolta em nuvens
A se revelar no firmamento
Aparecendo e desaparecendo
Na imensidade altaneira

O dia a clarear
Amanhecer
E a cobrir a paisagem indivisa de um tom alaranjado
A se cingir de dourado, e de azul
Colorindo a atmosfera do dia
E o dia a adquirir tons claros
Com um sol quente e um calor abrasador

A orlar um dia magnífico
Pleno das melhores promessas

A erigir em monumento ao sacrifício
Um imenso edifício
Com magnífico frontespício

Homenagem aos maiores desafios
Trabalho da perícia e inventividade humanas
Como a natureza é prodígio de Deus!

E a lua, resquício,
Do pouco da natureza existente em nossas vidas

Por que as estrelas e os vagalumes
Somente podem ser admirados
Em bela paisagem Peruíbense
E em outras paragens mais naturais
E não em meio a tanta poluição citadina

Sinto saudade da lua refletida nas águas do mar

DICIONÁRIO:

frontispício substantivo masculino
1. ARQUITETURA fachada principal de um edifício; frontaria.
2. BIBLIOLOGIA•BIBLIÔNIMO ilustração colocada na folha de rosto.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte. 

LOVES IS A MANY SPLENDORED THING

Reagrupar, as fotos da vida, na melhor fotografia
Ricos fatos, repletos de acontecimentos
A comporem imagens eternizadas,
Em um belo porta-retrato
Imagens do cotidiano, de belos momentos

Um mar azul lindo, com espumas brancas,
Repleto de curvas e remansos d’água
Um céu azul, repleto de brancas nuvens
Grandes, amplas, espessas

Um sol tímido,
A dardejar alguns raios de seu esplendor,
Por entre as frias águas do oceano
Banhos de mar, em meio a frialdade da água
Vento cortante, a invadir o semblante
E a espalhar os cabelos

Estender o corpo, para receber os raios solares
Nos dias de sol intenso e de céu azul,
Emoldurado por densas nuvens brancas
A tecer bordados de sonho e de forma,
E colorir a pele em tons marrons

A tarde passear,
Caminhar por entre velhas e conhecidas paragens
Contemplar novas imagens,
Em belas e imponentes construções,
Lindos jardins, belas casas, plantas e flores,
Detalhes arquitetônicos

Mais tarde, em suave cama repousar
Dos momentos ditosos do dia,
Imagens do presente, belas fotografias,
Extraídas das retinas da memória,
E também das lentes de uma câmera

A sonhar ...
Sonhos estranhos,
De passagem, passageiro
Onde a simples decisão de um,
Poderá transformar a vida de outros vários
Universo em aromas, fragrâncias delicadas
Perfumes fortes, fracos,
Linda loja em estilo germânico,
Em uma vila em São Paulo

Em outras tardes fagueiras, a passear
Passear pelo mar, em capas de chuva
Chuva forte a inundar os olhos
A encharcar as formas,
E transformar a tarde
O mar se compor em bordas, revolto

E a noite em fascínio
A lua fraca,
A mostrar seus contornos redondos
Que com o passar do tempo, vai ganhando forma

Em outras semanas,
Uma lua em contornos parciais
Branca, quase translúcida, em um céu de manhã
A lua, ora as transformações da lua,
Ora cheia, ora minguante, ora nova
Algumas poucas estrelas no horizonte
Céu azul, de manhã
Ao fundo dos quintais,
Um portentoso chapéu de praia,
E coqueirais

A lua minguante a despontar no horizonte
Celeste abóbada da madrugada
Num céu sem estrelas
A fraca lua minguante,
A desfilar num céu azul de outrora
Tempos de frios e chuvas
Luas cheias, brancas, brilhantes

O tempo a passar,
E as memórias do tempo a desfilar
Os sambas enredos,
Carnavais a desfilar em meu coração
Tempos de trabalho, deslocamentos vários
A pensar em tempos melhores
Alegria nos pequenos gestos, leves movimentos
Muitos brilhos e luzes a piscar
Penachos coloridos,
Fantasias orladas com lindos passos a enfeitar

Linda árvore decorada de enfeites
A irradiar beleza pelo ambiente,
Com sua folhagem artificial
E suas luzes coloridas,
A compor imagético cenário
De nuvens densas,
Imensidades brancas a invadirem os céus
E a sala com seus sons,
Seus sinos vários, entrelaçados de cordas,
A emitirem adoráveis sons,
Os mais belos sons

O amor de fato,
É uma das coisas mais belas da vida
O sentimento a entontecer os sentidos
A enfraquecer dissabores e tristezas
Dissipar as mágoas,
Remover as distâncias, e afastar a indiferença

Temo porém,
Que nem todas as coisas sejam belas na vida
Por que nem todos sua parte fazem,
Na contribuição do bem e da paz
É pena, mas a estes tantos, só podemos a sorte desejar
Pois quem mais mal aos outros deseja,
Mais tem o mal a retornar para si

Tentemos então, transformar nossas vidas
Recheá-las de belos momentos
Como a dança de um casal enamorado
Fotografados pelo coração e pela memória

Como a ficar envoltos em um sonho
De luz, de lua e estrelas
Envoltos em um céu muito belo e cintilante

Sonhar a vagar por entre as luzes de um céu escuro
A tocar a imensidade dos astros,
E a contemplar a beleza da noite,
A espreita,
De fora da janela de um quarto
Com suas amplas janelas abertas,
Para o incerto, para o futuro,
Para os momentos de ventura
Para uma das muitas maravilhas da vida,
Uma coisa chamada amor!

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte. 

JUBILOSA AURORA

Jubilosa tarde que por ora cai, a entorpecer meus sentidos e entontecer minhas palavras.
Sinto afastar de mim aos poucos, os velhos ais e as antigas mágoas.
Fruto da descoberta de um admirável novo mundo, repleto de maravilhas, não franqueados a todos os passantes.
Quais folhas de plantas soltas premidas pelo vento.
Contar as folhas.
Brincar de dinheiro.
Sonhar com um mundo diferente.
Tantos sonhos infantis.
Brincar de trem, de navio, de Hotel.
Embalos da eternal primavera, aurora de minha vida.
Quantos poemas a desenvolver. Tanta beleza para se criar.
Meu mundo é tudo aquilo que está em mim.
Universo ao meu redor, redução do infinito particular. Meu Universo Particular.

Éden de maravilhas, de um longínquo e perfeito mundo.
Obsequiando novos favores à guisa de novos descobrimentos.
Por longínquo e distante tempo, ouvi a lira planger.
Agora ouço murmúrios. Prenúncios de novidades alvissareiras.
Por demasiado período choraste.
Neste momento se lançando a mais alta aventura.
Novos anos, novas vidas, velhas tristezas.
Mais velhos e mais belos sonhos.
Mundo das idéias luminosas. Mundo de sombras.
Em contraponto, ao mundo das idéias luminosas.
Correr em busca de luz, de cor, de som.
De música suave, de movimento, como som de aeronave a pousar em lindo Campo de Bagatelle.
O sonho da mais bela nave. Aparelho mais pesado que o ar.

Danças airosas, volupeios. Gentileza, delicadeza.
Pinturas, cores, formas, retratos, portraits.
Homenagem a um tempo de repressão e de barbárie. Caos.
Cravos distribuídos aos presos políticos. Delicadeza contra a brutalidade.
Flores em oposição as armas.
O amor versus a violência.
Chega de lutas estéreis, brigas infundadas.
Quero ver a história vivificada, ainda que através de quadros, esculturas, fotografias e painéis, estampados em uma sala de museu.
Quanta beleza pode haver nestas instalações, a tentarem explicar a frialdade de uma época.
Tempo de festivais, e de canções memoráveis.
Gosto muito dos tempos passados. Tempos para serem lembrados.
Em tal momento de vida, lembrar-se do adágio: “Ser fiel a ti mesmo”, como a nada mais fora. Sede leal aos teus ideais. Lute por eles. Faça deles a bandeira de tua vida. Nunca te afastes de teus sonhos.
Abandonar os sonhos, é entregar-se a covardia.
Minha covardia.
Abandonar os sonhos é sentir-se em desventura perdida. Soberana tibieza. Cansaço.
Filaucia da humanidade. Jactância empedernida. Aspereza social.
Senti-me em solitude, sob a escuridade de um tempo sem esperança.
Como um peso do mundo nas costas, assaz parecido com Atlas.
Langor.
Tristeza desmesurada.

Cessados os tempos das tormentas, das intempéries bravias, a avassalar os sentimentos.
Eis que surge o tempo das delícias.
Tertúlia, primavera do descobrimento.
Afastar a lassidão do corpo e abrilhantar a vivência da alma.
Salutares conhecimentos adquiridos.
Trabalho. Ponto. Horário.
Ir e vir. Vir e ir.
A irônica e divina comédia da vida.
A vida de nós todos.
O balançar descadenciado do trem.
Multidão. Aglomeração.
Cidade veloz, musa que nunca dorme.
Cidade voraz, acalente suas ninfas, driades, hamadriadres.
Terra em que se fez ouro negro, agora dá ensejo ao corte e as queimadas de cana.
Personificação da pujança, a qual, irmã de Santo André – marco zero da história paulista – abriu caminho ao espírito bandeirante.
Memorial da integração dos povos. Seus parcos verdes encantam.
Seus velhos prédios a esboroar no esquecimento. Na falta de cuidado, de alento.
Quanta riqueza perdida nestas plagas.
A esperança de que não soçobrem as iniciativas de resguardar tão rico patrimônio histórico.
Construções magníficas, altaneiras. Algumas preservadas.

Museus – belíssimas exposições. Alguns ricos acervos. Memórias.
Músicas. Letras fugidias a brincar com o vernáculo. A divinal Flor do Lácio.
A Chuva na Fazenda evapora na Serra do Luar, eterizando-se no pensamento, como a cor de seu vestido, da Cor do Girassol do seu Cabelo.
A translucidez da Água da Fonte, e a galhardia de Manuel, o audaz.
Assim, como vistes o Menino correndo e o tempo, também sei que uma Canção é menor do que a vida de qualquer pessoa.
O rio de asfalto e gente a nos assolar.
Tantas letras a fazerem de minhas lembranças, viva poesia.
Longe dos retratos em branco e preto, que poesia embalam.
O correr das letras se sucedem.
Bem aventurança. Alegria por ouvir tão belas canções.
Bandeirinhas a tremular na casa de minhas lembranças.

Filmes, novelas, minisséries, desenhos, seriados.
Transmitem imagens, sons, cores e formas.
Sonhos e idéias.
Mente fértil a que a tudo transporta: ora transformando fatos e sonhos em memórias; ora criando histórias, fantasiosas criações cambiantes, só a pouco postas em papéis.
Rutilaram em minha memória por anos a fio.
Idéias volatizadas, etéreas. Corporificadas em matéria tangível.
Como a esperança de uma criança criada sob o império da televisão e fascinada por imagens e histórias memoráveis.
Mocinhos, vilões, heroínas.
Porcina rebuscada, Tieta sofisticada e vaporosa, com seus lenços coloridos. A beleza das praias, da dunas – Mangue Seco.
O coração do agreste a resplender no cantar de Sílvio Caldas.
Uma “Fera Radical” em busca de vingança pela morte dos pais. Atrevida motoqueira.
“Vale Tudo” na luta pela sobrevivência?
Creio que não. Em que pese muitos infelizmente em contrário, ainda nos dias atuais, o fazem.
Nesta pequena grande pátria ‘desimportante’, abrigo e porto de muitos canalhas.
O singelo retorno para o aconchego. Saudades de Asa Branca, de Roque Santeiro, da Viúva Porcina, da empregada “Ninaaaaaaaa...”, Rodésio, Sinhozinho Malta, e tantas outras personagens icônicas.
Todos a espera de um “Salvador da Pátria”.
Outros a fazerem “Caras e Bocas”. A fazerem de conta que o problema não é com eles. Que tal um pouco de pó de pirlim pim pim?
Quem sabe assim, todos os maus políticos desapareçam?
Mendacidade de uma era.
Quem sabe, com o faz-de-conta, não seja possível um mundo melhor?

Bons filmes pátrios atuais, antigos, chanchadas.
Nossa, “Terra é Sempre Terra”.
Cinema mudo – Rodolfo Valentino, Theda Bara, Greta Garbo.
Musicais – Gene Kelly, a bailar na chuva.
Nossos eternos astros a brilhar em uma constelação de estrelas cintilantes.
Entre miríades de sonhos rutilantes.
Sonhos coloridos, em branco e preto, em movimento. Dançados ou cantados.
Podendo serem apenas falados, ou expressados.
Musas da arte. Da então consagrada sétima arte. Criação dos irmãos Lumiere. Portentosa criação a dar vazão a um mundo de sonho e encantamento.
Viagens. Eterno prazer em conhecer um Brasil feito à mão. Este eterno desconhecido.
Auroras saturnais.
Tantos natais, carnavais, festas juninas.
Festas bem organizadas, festejos em meu coração.
Bandeirinhas coloridas enfeitadas de balões. Comes e bebes. Beleza que fita o céu, a contemplar sua beleza, ainda que encerrada entre quatro paredes.
Lindeza de se admirar!

Mar, cenário de deslumbramento para caminhar.
Aguardo o samba sair, para encantamento das cabrochas desta ala brasileira, e o passado se transformar em um roupa que não nos serve. Guardada por Deus e talvez contando vil metal.
Mas o que hoje quero, é cultivar a beleza do dia. Campos de flores a sobrepujarem campos de aço.
Não ter que correr contra o tempo, e sim ao seu favor.
Como uma estranha força a me impelir até uma voz tamanha.
Numa festa de arromba.
E eu nunca mais te deixarei tão só.
Ó aurora jubilosa.
Sonhos encantados mil.

Como a mão que balança o berço, conduz o destino.
Bela frase a qual não recordo a origem.
Dúvida a pairar.
Caminhos a espraiar.

Até Breve.

DICIONÁRIO: 

filáucia substantivo feminino
1. FILOSOFIA
segundo Aristóteles (384-322 a.C.), virtude que consiste em amar a si mesmo na medida certa, sem excesso nem carência, integrando no afeto a busca ideal do Bem e do Belo.
2. amor desmedido de si próprio.

jactância substantivo feminino
1. atitude de alguém que se manifesta com arrogância e tem alta opinião de si mesmo; vaidade, orgulho, arrogância.
2. pretensão de bravura ou altos méritos e conquistas; atitude de quem conta bravatas; fanfarrice.

tertúlia substantivo feminino
1. agrupamento, reunião de parentes ou amigos.
2. palestra literária.

esboroar verbo transitivo direto e intransitivo e pronominal
reduzir(-se) a pequenos fragmentos, a pó; desfazer(-se), desmoronar(-se), pulverizar(-se).
"o tornado esboroou a torre"

rutilar verbo 1. transitivo direto e intransitivo
fazer brilhar ou brilhar vivamente; fulgurar, resplandecer.
"amanhecer que rutila indícios de um belo dia"
2. transitivo direto
lançar de si; emitir, despedir, chamejar.
"olhar que rutila vivacidade"

mendacidade substantivo feminino
1. qualidade, característica do que é mentiroso ou falso; falsidade, fingimento, hipocrisia.
"a m. de sua compaixão é aviltante"
2. tendência para enganar; deslealdade, perfídia, traição.
"a m. está arraigada em seu temperamento"

miríade substantivo feminino
1. número, grandeza, correspondente a dez mil.
2. POR EXTENSÃO
quantidade indeterminada, porém considerada imensa.
"m. de estrelas"
   
As ninfas são figuras mitológicas que pertencem a categoria de espíritos da natureza. Elas são figuras femininas que estão ligadas a elementos naturais.
Os gregos acreditavam que elas viviam nos lagos, montanhas, campos e bosques sendo elas as responsáveis por levar felicidade e alegria para as pessoas.
Elas também eram a personificação da graça, da fertilidade, da natureza, bem como suas características de fecundidade.
O significado da palavra ninfa (Nimphe) pode ser bem variado, mas entre eles podemos encontrar “noiva” e até mesmo “botão de rosa”.
O que muita gente não sabe é que muitas delas eram aladas. Um exemplo é Hérmia, que era considerada a deusa de todas as ninfas.
 
Antríades: associadas as cavernas;
Oréades: representam as montanhas;
Auloníades: associadas aos pastos;
Napéias: representação dos vales;
Limáquides ou Limónides: associadas aos prados e campinas;
Alseídes: associadas aos arvoredos;
Antusas: ninfas das flores;
Dríades: associadas as árvores, especialmente o carvalho;
Melíades: associadas às árvores do freixo;
Hemadríades: representam as outras árvores.

https://mitologiagrega.net.br/ninfas-da-mitologia-grega/

As hamadríades são ninfas que nascem com as árvores e com as quais partilham o destino, devendo protegê-las.
Na mitologia grega, as dríades (em grego: Δρυάδες, Dryádes, de δρῦς, drýs, "carvalho") eram ninfas associadas aos carvalhos.[1] De acordo com uma antiga lenda, cada dríade nascia junto com uma determinada árvore, da qual ela exalava. A dríade vivia na árvore ou próxima a ela. Quando a sua árvore era cortada ou morta, a divindade também morria. Os deuses frequentemente puniam quem destruía tal árvore.

wikipedia.
        
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

JARDIM FLORIDO

Lembrei-me de um lindo manacá-da-serra
Com seus pequenos botões a se desenvolver
Com suas flores a desabrochar
Brancas, a serem lentamente coloridas pelo sol
Que com seus matizes de luz,
A modificam para rosa

Ipês recentemente plantados
A se desenvolverem de espantosa forma
Elevam-se altaneiros, imponentes
Brevemente espero,
A se encherem de flores roxas, e amarelas

Como numa linda canção de raiz
A me fazer companhia
Mas sem rivalizar com a Aurora
Que um prisioneiro não pode contemplar

Flores de cera
A formarem lindas colônias
Com suas pequenas flores
A construir um buquê

Rosas, quantas rosas
Com suas cores,
A mostrarem delicadeza e beleza em seu talhe
Mini rosas, brancas, rosas, vermelhas
A voltearem os ipês

Rosa Menina, rubra flor
Por que não florir?
Como aguardo a descoberta de teu mistério!

A Dama da Noite sobranceira
A encher o rico jardim de perfume
A inebriar as noites de minha praia querida
Com suas pequenas, brancas e perfumadas flores
Aroma de minhas lembranças

Dipladênias amarelas
As hortências, a aguardar o melhor momento da florada
As primaveras
A eternizar a beleza da estação das flores
Frequentemente trazes flores e cores ao jardim
A bela casa amarela

As primaveras, minhas primaveras, com suas belas flores
A preencherem o cenário
A percorrerem o muro da fachada
Embelezam a entrada da casa
Enfeitam a minha vida

Lírios-da-paz a fazerem par com o portão
Lágrimas-de-Cristo, com seus balõezinhos brancos
Pontinhas vermelhas, a embelezarem o lugar

Borboletas a passearem pelo jardim
Trazem em suas asas
Cores diversas, a matizarem de beleza o pequeno jardim
A pousarem nas plantas
Trazes mais alegria ao lugar

Passarinhos a trazerem em seus bicos
Pequenos gravetos, madeirinhas
A voarem em busca de novos caminhos, abrigos
Pouco a pouco a formarem um ninho
Construído aos poucos
Frutos de inúmeros vôos,
Coletas de gravetos,
Pousos nos galhos da dipladênia e do ipê em formação
A pousarem nas árvores e plantas do lugar
Formaram um singelo ninho no alto do hibisco

Hibiscos dobrados em várias cores
Laranja, vermelho e rosa
A guardarem a entrada da casa
A enfeitar o jardim de verde
Fazem par com as azaléias coloridas

As lantanas, com suas pequeninas flores coloridas,
A acompanharem a sombra convidativa
Dos hibiscos

Durante as manhãs, a companhia dos pássaros
A admiração dos passantes
Como é lindo o jardim da minha casa!

Os Beija-flores, com suas cores
Colibris a beijarem os hibiscos
A colherem pólen em pleno vôo
A encantarem nossos olhos
Com um belo espetáculo
A beleza a fazer parelha com o jardim

Gosto de me deitar na rede e ficar a contemplar
A mais bela criação divina
Perceber que apesar dos dissabores
A vida me concedeu muitas boas coisas
Entre elas, o privilégio de admirar tão belo espetáculo
Nas minhas moradas

Em outra paragem
Outra modalidade de Dama da Noite
Além da pequena e perfumada flor
Ainda existe uma flor branca
De dimensões maiores
A desabrochar em uma noite
Vindo a se apagar em poucas horas
Simbolo da inconstância dos dias
O devir
Movimento do mundo
As voltas do mundo
Mudanças da vida
Efêmero espetáculo de esplendor

Gosto das flores
Do encantamento que produzem
Da beleza que traduzem em si
Da esperança que trazem consigo
De como a vida ainda pode ser tão bela!

Como gostaria de ver mais árvores,
Mais plantas e mais flores pelos meus caminhos
Menos cinza, menos feiúra
Menos tristeza, menos rancor

A beleza é simples
Está ao nosso alcance
Basta querer!
Como um jardim florido!

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

  

IPÊS


Ipês floridos, roxo e floridos, no caminhos das pedras e dos passos apressados.
Uma elevação em concreto, a desnudar janelas para uma paisagem que acena de verdes e ipê florido.
Em sua visão oposta, os trilhos de uma estação de trem.
Trilhos envelhecidos pelo devassar dos tempos.

Caminhos de mata, musgo, ferrugem.
No balanço dos tempos, os trens passam.
Em seu deslizar tímido sobre os trilhos.

Contemplo a visão do alto do prédio.
Velho e feio, que abrigou os maiores dias do meu trabalho.
Rezo na esperança dos mais belos, lindos dias.
Onde me abrigo no pouso do alento.
Se acaso encontro tanto desalento, é por se fazer pensar em melhores tempos.

Por vezes maciços de beri amarelo me brindam de encantos.
Por ora frutas no chão.
Árvores de lindas flores amarelas.
Que nome terás?
Acácias amarelas encontrei em caminhos da Sé.
Em minha casa, saudades das violetas na janela.

Na volta ao lar, ipês floridos se fazem acenar à distância, no limiar dos tempos.
Tempo de parar e de pensar.
Repensar e se desfazer em esquecimento.

Com isto, um nome dia a se começar.
Novo deslize em superfícies ásperas, duras.
A melhor lugar ocupar.
E ocupando, assumir um lugar no mundo.
Afinal, em que lugar você que estar?

I
Que lugar no mundo ocupar?
Ser alguém?
Acumular-se de riquezas materiais.
Desfrutar o instante do viver.
Quanta contradição!

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte. 

Intempéries

Desolação,
Desencanto
Triste ocaso das horas
Desinteresse
Intolerância
Os agentes da ignorância
A se perpetuarem mundo afora

Cansaço
Desta vida seca e vazia
Destas pessoas duras,
Empedernidas,
Sem nenhum alento no coração

Sinto pena
Profundo pesar
Pelo fato do mundo
Estar como está

Que pena que todos fechados estão
Para o respeito e a consideração
Que pena!

E pensar que o mundo
Bem melhor poderia ser
Apenas com um simples gesto
Atitude amistosa
Gestos gentis, atitudes delicadas

Quanto perdemos com a má educação
E as más escolhas feitas na vida
É pena!

Todavia, em que pese
Estas coisas brutas
Esta gente sem consideração
Estas coisas que magoam e ferem
Muitos melhores seres existem
A engrandecer este mundo,
Vasto e inóspito
A preenchê-lo de belezas,
Maravilhas e encantamento!

Que grande ventura
Por me descobrir brasileira
E que apesar de tantos defeitos
Brasileiro, ó povo!
É um povo de valor
Que busca transformar suas vidas
E muitos nesta busca,
A vida de outros também modificam

Amo os poetas
Em todos os gêneros
Cantadores dos livros,
Dos textos, das obras literárias,
Muitas imortalizadas
Outras tantas,
Em música transformadas
Quanta beleza
Este mundo mágico nos traz!

Em recente matéria
Porventura descobri
De eminente filósofo
Sua tese de que a música
É a essência e a explicação,
Do mundo

Em outras passagens
Afirmativas descobri
De que a música traz em si a matemática,
Em sua exatidão,
De idéias construídas

Música boa é exata,
Perfeita
Como a se encaixar
Da mais perfeita forma
Em nossas vidas

A muitas vezes,
Germinar em campo estéril
E a estimular boas idéias

Traz cor e vida
A muitas vidas insípidas e sem sentido
Música inspira,
Modifica,
Ilumina e ajuda a iluminar
Estimula a enxergar a vida,
Com novos olhos
Incrível façanha!

Sempre a nos estimular
A viver em um mundo melhor
Pitagórica filosofia,
Que creio eu,
Não ser desprovida de fundamento

A música salva,
As almas em desesperação
Como a literatura,
Ajuda a alimentar o espírito

Em suas delicadas letras
Suave melodia
Ensinamentos, lições de vida,
Conselhos e admoestações
Como que a nos despertar
Para o mundo que nos cerca
A estimular, a criar

As canções,
Companheiras fiéis
Das horas de desalento,
Desânimo,
Da falta de coragem
Da vontade de muito se fazer,
Sem se saber,
Por onde começar
A estimular melhores pensamentos,
Posicionamentos
Quanta companhia nos faz!

A nos transportar
Para melhores paragens
Cenários de rara beleza
Encantamentos mil

Novas realidades a se revelar
Canções a celebrarem realidades
Muitas desconhecidas para mim

A falarem de velhas paineiras,
Em mourões,
Esteio, para se estender as cercas
O ipê amarelo,
A florir, obstaculizando o luar
As quiçaças de um sertão,
Sem condições para se plantar
As saudades de uma terra distante,
Os pássaros a cantar

Entre outras canções a dizer
Que mais devemos confiar em nós,
Do que esperar por vãs promessas
E dureza das realidades,
A perceber que nem todos
Verdadeiros são

O que se há de fazer!
Bons e maus há,
Neste desenfreado mundo,
E cabe a nós distingui-los,
Em uma terra de gente indistinta,
Apagada pela multidão

A massa indiferente,
E amorfa que nos acompanha em nossos passos,
Dando-nos a falsa impressão,
De que não estamos sós
Falsa assertiva,
Quimérica

Mundo cinzento,
Como na canção
Falta de verde,
De flores coloridas,
De plantas
Para alegrar o cenário triste

Talvez daí resida a necessidade
Quase primal, de bucolismo
De poesia,
E de natureza

A indiferença a nos rondar
Socorrei-nos por nos sentirmos tão indiferentes
Nesta vida monótona
Triste melopéia

Daí a necessidade de maiores conhecimentos,
Melhores leituras,
Emotivas canções,
Repertório afetivo
A embalar nossas vidas,
E a nos trazer encantamentos
A semear beleza por áridos campos
A germinar em campo frio
E quem sabe produzir bons frutos

Mas o campo é inóspito,
E difícil a semeadura
Mas ainda assim acredito
Que bons frutos se colherá,
Entre aqueles que dispostos estiverem,
A melhor viver

Que venham,
Pois embora difícil,
A colheita é farta e compensadora!
Bons auspícios,
Mensagens alvissareiras
Boa nova a se aproximar
Muitos sonhos a se realizar!

Novas floradas a acontecerem,
Como na canção
Flores delicadas,
A cobrirem campos de aço
Assim, o quero!

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

Imagens – Memórias de um Passado Assaz Distante

Memórias de um passado assaz distante
Tão lindo quanto o porte de um cavaleiro andante
Mais paisagens das janelas da alma,
A serpentearem o vale da saudade

A ladeira da memória
As avenidas de contornos magistrais
Lembranças espectrais

Colheita dos melhores frutos,
Dos bonitos pensamentos,
Das mais apreciáveis atitudes

Como as melhores lições aprendidas,
Das emoções aprazíveis

Chuva a escorrer na face
A chuva na rua, na fazenda,
Sem par, junto a Serra do Luar

Lindo efeito imagético de um pavão misterioso
Majestoso, a voar dentre muitos,
Que a nada podem se opor,
Pois não sabem voar

Vivendo em meio as mais lindas criações
Do prodigioso engenho e arte humanos
Nos sábios escritos do poeta lusitano

Passeando em belas histórias recriadas
Pelo poder de realização de grandes criadores
Em uma bela noite para se voar

A ouvir estrelas em cenários de poesia e de filme
Onde o que impera é uma suprema felicidade
Felicidade a não ser contada de forma esquemática
E sim, como realmente o é

Lindos filmes a retratarem a vida
Que a arte imita, ou será a vida a imitar a arte?

Grandes diretores,
Soberbos criadores
A insensados serem,
Outros a detratados serem
Triste pensar que ao se destacar
Alvo de maledicência, certamente será

Eis que a inveja a tudo limita
Pois faz do suposto vencedor,
O grande perdedor na batalha da vida

E assim prosseguindo,
Penso, que assim,
Só se deve gostar de quem gosta de ti

E ouvindo as canções
De meu coração a bater feliz,
A ouvir tão carinhosa canção

E se acaso você chegasse,
E em chateaux encontrasse,
Paz, harmonia, alegria e beleza

Seria capaz de apreciar um céu de azul enfindo,
Cheio de nuvens,
Azul da cor do mar

Saudades do Dirceu e sua inesquecível Marília,
Tão decantada nas aulas de literatura
Linda e trágica história de amor
Traçada as voltas da Inconfidência Mineira

Poéticas aulas a desbravarem a linda flor do Lácio
A recordar de lindas celebrações da vida
Com muita festa, luzes, casa decorada
Nas festas de final de ano

Os mais belos natais,
Adornados por árvore repleta de enfeites
Lindos vestidos de festa
O uso das melhores vestes,
Em um momento único de celebração

Cabelos arrumados, maquiagem feita
Perfumes, fragrâncias
A ouvir natalinas canções,
Preparação, comemoração

Belas luzes a enfeitar os prédios das cidades
Árvore de Natal montada em meio a amplo cenário
Com suas luzes a resplenderem nas distâncias dos caminhos
Luminosidade a margear as ruas, a avenida, e as distâncias

Shoppings e lojas decorados,
Natalinas vilas,
Grandes bolas douradas,
Festões tingidos de verde e brilhos
Ursos, casinhas simpáticas

Como um caminho de velas,
A margearem uma ladeira,
Em inesquecível passeio sulista

Próximo a canyons e bela natureza
Muitos prédios em germânico estilo
Passeios para fora de nosso cotidiano
Para novas e distantes paragens

Belas fotografias a comporem o quadro,
De nossas memórias

Estudos muitos para enfrentar novas provas na vida
Diários transtornos
Aventuras no ir e vir
Nos trens de passagem pela minha vida
Vida minha, e de tantas gentes

Muitos brindes a ela, em uma linda mesa,
Enfeitada por boa comida,
Com lindas taças com champagne,
E belos castiçais de conchas

O tempo a passar, e a chuva a chover
Chove, chuva, chove sem parar
São as eternas águas de março,
A fecharem o verão

Um verão inesquecível e tão igual a tantos outros
Chuvas a alagar avenidas, paços municipais,
E muitos transtornos causar, no regresso ao lar
Tentativa de outras alternativas tomar,
Novas rotas percorrer
Tudo em vão

Sonho de um submarino amarelo
Mambembe,
A singrar as enxurradas e enchentes do caminho
E assim,
Iremos todos passear em um submarino amarelo

A desejar o momento em que chuva passará
Calmaria a invadir os mares e a circundar as paragens
Melhores tempos
A singrar águas mais calmas,
De um tempo mais doce
Com mais luz e mais cor

Pois o verão já é chegado
E o tempo a correr, passa
Independente do que seja feito com ele
Por isto ocupá-lo devemos,
Das melhores coisas da vida

Pois memorar
É trazer a baila, as mais belas celebrações
De uma vida

Nossa vida, nossas viagens internas e externas
Nossas vivências!

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.