O sol em toda sua majestade
Resolveu enfeitar o belo cenário
Linda praia de mar verde esmeralda,
Águas tépidas,
Coqueiros a embalar,
O balançar dos ventos
Fortes ventos, rajadas
O cair da tarde, a tudo modificar
No mar, profundo mar
Pequenos barquinhos a salpicar
Suas águas ora calmas, ora bravias
Os quais deslizam pelas águas, vagas,
A lançarem suas redes ao mar
Trazendo o alimento as famílias e as pessoas
Contingente de gentes
E para este bonito cenário
A família viajou
Para tanto providenciou a devida locação
As roupas, os víveres, e outros itens necessários
Para confortavelmente desfrutarem
De dias sem igual
De carro, o menino contemplou
Da estrada a paisagem verdejante
Árvores e flores coloridas em profusão
Um céu azul e quase sem nuvens
Encostas, barrancos, a mata
Em alguns lugares, recônditas cachoeiras,
A deslizarem pelas serras
As cidades desenhadas lá embaixo,
E entrevistas do alto
Na noite, lindas luzes amareladas a enfeitar,
Mas o verde a se impor
Algumas estrelas, a ladear com a lua prateada
O menino a tudo observava maravilhado
E em dado momento,
De carro, de longe, pode o mar ver
Pois sua mãe apontava a paisagem para o menino,
E ficava a dizer:
Que bonito o mar!
Não me canso de olhar!
E o menino a concordar ficou
Pois viu que tudo era realmente belo
Dizia, que Deus fora muito caprichoso em seu trabalho
E a mãe rindo, disse:
Temos um discípulo!
Tal pai tal filho!
E com isto, toda a família a rir ficou
As férias de fato
Animadas deveras seriam
Com o menino, a mil planos fazer
E o pai, a ajustar passeios diversos com a família
Com isto, ao chegarem nas proximidades,
Do lugar em que ficariam a descansar,
Depararam-se, com inúmeras e magníficas construções
Casarios históricos, construções coloniais
Belos prédios avarandados,
Construções de no máximo seis andares
Tudo muito belo!
Ao ver o imponente cenário
A criança dizia que tudo era lindo
Com isto, ao chegarem ao chalé
As malas no chão depositaram,
Organizaram as coisas
Alguma coisa comeram
E mais tarde, a praia foram
Durante o passeio pela praia
O menino a contemplar ficou
O ir e vir das ondas,
As espumas brancas espaçadas
A doirada areia,
O sol abrasador
O mar verdinho,
O qual convidava a um mergulho
Nos domínios de Netuno
Curioso, o menino perguntou:
De quem se trata soberano deus?
O pai explicou-lhe que Netuno
Era o deus daqueles mares
Habitante das águas,
Que segundo a grega tradição,
Cuida dos mares
O menino curioso perguntou,
Sobre o tal povo grego
E o pai explicou que fora o povo que criou,
As mais belas lendas sobre a origem do mundo,
E que não mais é,
O mesmo povo que agora habita a ilha,
E sim um povo muito antigo
Este povo, muito inventivo
Tentava explicar o mundo,
Da maneira que lhe era possível
E através de humanos dramas,
Tentavam entender o mundo em que viviam
E com isto, tomar consciência de si mesmos
Berço da filosofia
De alguns dos maiores e melhores pensadores
E o menino intrigado a se perguntar
Do que um pensador ficaria a tratar,
Se apenas pensar, pensar
Seu pai, percebendo um certo ar de interrogação
Tratou logo de responder a anunciada indagação
E assim falou:
Pensador, é um ser pensa o mundo,
Reflete sobre tudo o cerca,
Lançando aos fatos, um olhar crítico,
E a tudo analisando
E a criança a sorrir,
Dizendo ser um pensador,
Pois muito pensava,
E naquele momento a pensar estava,
Nos passeios que iria realizar
Foi o bastante para todos sorrirem
E desta forma, o menino encantado
Entrava no mar,
Brincava em suas águas
Tentava correr das ondas, em vão
Depois, saia da água,
Ia ao encontro dos pais,
E lá ficava a conversar
O pai explicou-lhe então, que filosofia
Era a arte do amor ao conhecimento
Campo aberto a discussões e análises,
De assuntos diversos
Neste tocante, argumentou
Que as políticas discussões
Eram realizadas em uma praça
Ágora, chamada
Onde todos a se reunir ficavam
A criança por sua vez, encantou-se com a idéia
De iluminada civilização que a tudo discutia
Seu pai, mencionou ainda
Que somente os homens livres,
Ali poderiam deliberar
Não sendo o espaço franqueado aos escravos,
Mulheres e crianças
A mãe, ao ouvir o comentário
A dizer ficou:
Isto por que as mulheres,
Como em muitas civilizações,
Muito desvalorizadas são!
Os homens ainda não se aperceberam,
Da criadora força das mulheres
Inventivas ficam a driblar preconceitos
Depositárias de nossas maiores esperanças
Nisto, a mulher aproximou-se do filho,
Como que a dizer:
Nunca maltrates uma mulher!
Afinal é delas que surge a continuidade da vida
Delas surgindo conhecimento,
Criação e entendimento
Mas, se alguma delas,
Não merecer sua consideração,
Ou mesmo seu dedicado afeto
Procure não dar valor a isto
Encontre alguém lhe queira bem
E que você também lhe dedique afeto
Mas nunca, nunca, nunca
Uma mulher fiques, a maltratar!
O menino, surpreso,
Prometeu assim proceder
E o pai de longe ria
Quando ele percebeu que a cena
A ganhar contornos dramáticos estava,
Dizia para a mulher:
O menino entendeu o bom conselho,
E tudo o fará para o bem aplicar!
E a mulher retrucou dizendo,
Assim esperar!
Desta feita, o menino,
A correr pela areia ficou
Brincava de colher conchas
Sempre a perguntar
Por que formatos tão diversos tinham
E seu pai dizendo que tudo na natureza,
Uma finalidade tinha
Mencionou que elas tinham abrigavam
Marinhos seres, mariscos, etc.
E para tanto, precisavam de diferentes formatos
Animado, falou que algumas produzem pérolas
A criança então ficou a perguntar:
Como elas eram feitas? De que forma?
E o pai a explanar:
Dentro da concha bivalve,
Composta de duas estruturas similares,
Que se fecham entre si,
Visando se preservarem
Corpúsculos estranhos,
Por vezes as invadem
E a concha tentando se proteger,
Do intruso ser
Produz nacarada substância,
Em róseos tons,
A envolver o pequeno ser invasor
Aos poucos ganha formas e contornos arredondados,
Consistência e firmeza
Enfim, transforma-se em delicada pérola
A produzir encantamento
E maravilhas na forma das mais belas jóias,
A adornarem orelhas, braços, e belos colos
E a refletirem seu brilho,
Nos faiscantes olhos das mulheres
O menino e a esposa, ao ouvirem a narrativa,
Aplaudiram o homem
A seguir, a criança novamente entrou na água
Agora acompanhado da mãe,
Que ficou a jogar-lhe água nas costas
E o menino então, gritos soltava
E a dupla brincava de enfrentar as ondas
Por vezes, mergulhavam
E o pai, a dupla fotografava
Retratos a eternizarem momentos fugazes
Mais tarde, a dupla,
A se abrigar ficou,
Debaixo de um guarda-sol
O sol era forte
E todos precisavam novamente,
O protetor solar aplicar
A mãe zelosa aplicou o produto
Nas costas do filho, em suas espáduas
E nisto a dizer ficou:
Meu anjinho de asas caídas!
E a criança ria, ria
Ria muito, das engraçadas palavras da mãe
E a questionar, do que espáduas poderia se tratar
E a mulher calmamente a explicar
Seres os ossos da omoplata,
Nas costas, bem próximas aos ombros
E o menino, a demonstrar entendimento,
Soltou uma animada interjeição:
Há, entendi!
Por algum tempo,
Na areia brincaram,
A construir castelos de areia ficaram
A planejar as mais belas construções
Munidos de um baldinho, pás e algumas formas variadas
Fizeram um castelo com um lago cheio de patinhos
E a criança encantada com o trabalho
Comentou que tudo era muito belo
Não querendo voltar atrás
Mais tarde, no mar entraram
A mãe segurava o menino,
A nadar estava a ensiná-lo
Gritos, risadas
A criança com as pernas a bater
Ao saírem do mar
A mulher perguntou a todos:
Quem como fome está?
Os meninos então, sim disseram
Com isto, o trio rumou para o chalé,
Confortável instalação,
Onde abrigados estavam
Lá, o pai e a mãe, um almoço preparam
E todos regaladamente se alimentaram,
Com um suco de laranja se refrescaram,
Matando a sede
Cansados,
Todos a cama exaustos se recolheram
A tardinha,
A beira da praia caminharam
Jantaram em um restaurante do lugar
E durante o passeio, a conversar ficaram
Todos estavam encantados com a beleza do lugar
A noite, uma fresca brisa
Os vinha embalar
Na manhã seguinte
O menino se deparou com embarcações
Estavam em um porto perto da praia
E seu pai, ao avistar os pescadores,
Com eles, a conversar ficou
E muitas histórias conheceu
Descobriu que os bravos pescadores,
Cedo madrugavam para os frutos do mar recolher
Pescavam por longas horas,
Arriscando-se, ante as inconstâncias do mar...
O menino a certa altura impaciente,
Logo pediu ao pai,
Para no mar entrar
E a mãe então, percebendo isto,
Convidou a criança para nas águas brincar,
Com isto, estendeu a esteira na areia da praia,
Deixando uma sacola por cima
E assim, a dupla na água entrou
Logo sendo acompanhada pelo pai
Que dos pescadores, enfim, se despediu
Passearam, nadaram
Divertiram-se
Contemplaram o cair da tarde,
Com seus matizes de cores,
Ora contornado de um azul profundo
Vívido
Ladeado por tons róseos,
Quase purpúreos,
A se fazerem acompanhar mais tarde,
Por tons alaranjados,
Até a tarde se escurecer
E a cada vez que as horas,
Os minutos se distavam
Mais profundo se tornava o azul da tarde,
Que aos poucos se tornou,
Profundo negrume,
Cintilado de estrelas brilhantes
Para o encantamento do menino
Deslumbrado com tantas delícias!
Agradecido,
Abençoou a Deus,
Pela possibilidade de contemplar,
Tão lindo espetáculo!
Seu pai, concordou
A todo o momento dizia que somente,
Um iluminado ser seria capaz,
De proesa tamanha,
A cinzelar o dia com um belo sol
E a noite com tão belas cores
Emocionado, dizia a todo o momento
Tratar-se de uma obra de arte da criação
Pintura exuberante
Exibida no painel da vida
A mãe, achando graça
Comentou estar ladeada de dois poetas
Rindo, dizia que tudo para eles,
Em poesia se transformava,
E que viver assim, era um eterno deleite!
Passeando, avistaram pessoas
Em seus carros possantes,
Com seus altos sons
A ouvir músicas de duplo sentido
O rapaz, ao se deparar com a cena
Lamentou o gosto musical das pessoas
A mulher por sua vez, dizia
Que não se deve valorizar,
Coisas que não valem a pena,
Gosto é coisa que não se discute
E em se respeitando o meu, não me incute,
O som de tão infeliz canção
Rindo, pai e filho comentaram
Que a veia poética em todos,
A aflorar estava
E assim, para casa seguiram
Mais tarde, conversando com o filho
O homem disse que ouviu lindas narrativas
Como a do eterno desencontro do sol e da lua
O jovem falou a criança,
De dois índios se tratar,
Os quais estavam impedidos de se encontrar
Pois transformados foram,
O índio no sol,
E a índia na lua
Nunca podendo se aproximar
Castigo de entidades malvadas
Que não queriam ver o amor do casal a se concretizar
Mas a um bonito fenômeno natural criar
Curioso, o menino a indagar ficou
Sobre a origem da noite
E o pai a tentar explicar falou,
Que a noite estava aprisionada em um coco
Curioso, o menino questionou
O fato de algo tão grandioso
Num simples coco caber
Seu pai, dizendo que a narrativa,
Daquela forma começava,
Conjecturou que talvez na tradição daquele povo,
A noite sempre estivera abrigada no coco
Tentando esclarecer se tratar de uma lenda
Argumentou que não se devia buscar lógica,
A nossa humana lógica em tais narrativas
Pois são histórias de um povo simples,
Que tentava apenas, entender o avassalador,
Mundo que os rondava
O menino então, pediu
Para o pai a história continuar
E o pai a prosseguir falou:
Que o coco estivera sob a guarda de dois índios
O cacique da aldeia confiara
A dois valorosos guerreiros,
Da afamada tribo, o encargo
Ressalvando sempre que o coco,
Não poderia jamais ser aberto,
Sob nenhuma hipótese
Os índios porém, curiosos
Ficaram a segurar o coco, e a observar
Em dado momento, a curiosidade
A se despedir do bom senso
Despertou neles o ímpeto de abri-lo
E assim o fizeram
Desta forma, quando a noite se viu livre do objeto,
Que a ela obstaculizava
Preencheu todo o ambiente,
Invadiu toda a atmosfera
E o ambiente, que todo claro era,
Por receber a luz do dia constante,
Negro ficou!
Os índios assustados, a correr ficaram,
De um lado para o outro
Sem saber se iam, ou se ficavam
O cacique então, ao notar o alarde
Logo percebeu do que se tratava
E dirigindo-se aos índios,
Sentença severa aplicou
Disse-lhe que de humana forma que tinham,
Passariam a forma de macacos ter,
E assim, exporiam a todos a infâmia praticada,
Não podendo junto dos demais índios viver
Curioso, o menino perguntou sobre
A origem da vitória-régia
E o pai então, escolhendo bonitas palavras
Começou a dizer,
Tratar-se da história de uma linda índia,
A qual se encantou com seu semblante,
Refletido nas águas profundas do lago
A certa altura, a indiazinha se deparou com o reflexo
De uma circunferência prateada nas águas
E deslumbrada, ficou a figura contemplar,
Seu efeito sobre a superfície das águas,
Era de fato magnífico
E a índia, ao perceber a lua no céu,
E o seu reflexo nas águas,
Lamentou a impossibilidade do encontro
Encantada, todos os dias se dirigia ao lago,
E a lua contemplava
Triste, lamentava-se de sua dura sina
De nunca a lua poder tocar
A certa altura, desesperada
A índia atirou-se ao lago
E no local onde a índia atirou-se,
Uma bela e exótica flor se formou,
Uma imponente vitória-régia
Com sua forma circular,
Seu amplo espectro verde,
E sua singela flor
E assim, todos os dias, a flor
Recebia o reflexo da lua
Como que ao seu rosto beijar
Estando de certa forma, lado a lado
Agora não mais separados
Nisto o menino pegou uma metade de laranja,
Dizia com sede estar
Seu pai ao ver a cena,
Comentou existir uma lenda,
Sobre a origem dos sacis
A qual apregoava que eles surgiam
Do gomo de laranjas
O menino incrédulo
A contestar ficou:
Como pode de algo tão pequeno
Surgir um ser tão traquina?
E o pai a falar:
O ser surge perneta,
E vive em bandos,
A reinações fazer
Com seu gorro vermelho, cachimbo
E a pular de uma perna só
Tentando a explicação completar,
O homem disse que em outras lendas
Trata-se de um menino negro
O qual ao nascer, teve a perna amputada
Por seu cruel e implacável dono,
O menino que a reinar ficava
E com o tempo ganhou um cachimbo,
O qual ficava pitando e matutando
Em rodamoinhos a se locomover
Somente podendo ser caçado por uma peneira
E aprisionado dentro de uma garrafa
Criatura que a tudo e a todos inferniza
Azedando leite, estragando alimentos,
Fazendo nós nas crinas dos animais
E assim, quando alguma coisa errada acontecia
Ora ali, acolá ou aqui
Podia se dizer: É o saci!
O pai, chegou a dizer que em outras lendas
O menino já nascera sem uma das pernas
E que a despeito disto
Era um ser vivaz e alegre
E em seu entender, um exemplo de superação
A defender a natureza
Lado a lado com o curupira
Ser de cabelos cor de fogo e pés virados para trás,
Para que num zás trás
Pudesse confundir os caçadores
Fazendo-os assim se perderem,
Com suas enganosas pegadas
Do fogo fátuo
Conseguiu arrancar uma expressão espantada
Do garoto impressionado
O qual perguntou se verdadeira, era
A história narrada
Seu pai, percebendo a admiração
Do dileto filho
Comentou:
Tratam-se de cadavéricas emanações
As quais produzem vapores
E estranhos brilhos
Os quais de longe se assemelham a mil olhos
Iluminados olhos
A assombrar os passantes desavisados,
Mas que nada de mal fazem
A criança, de olhos arregalados
A noite, assustado ficou
E a mãe, percebendo se tratar das narrativas do marido,
Com ele então ralhou:
Onde já se viu, uma criança pequena assustar?
E assim, tentando ao garoto acalmar,
Disse que tudo era lenda,
Não havendo com que se assustar
O menino então, abraçou a mãe
E a mulher, o garoto a embalar ficou
Que nos braços da mãe adormeceu
No dia seguinte, mais histórias,
Aventuras de nosso imponente e folclórico país
Lindas narrativas de uma terra,
Que muito tem para contar!
Histórias de lobisomem,
A todos assustar
Com sua hórrida aparição,
Corpo coberto de pelos,
Unhas compridas,
Olhar feroz
A se transformar nas noites,
Em que a lua cheia está
A vagar pelas paragens e a todos amedrontar
Triste sina de um filho
O sétimo de uma prole numerosa
A ser combatido com uma bala de prata
Impressionado, o menino ficou a perguntar,
De criatura real se tratar
No que o pai consentiu em dizer que não
Disse ser apenas criação,
De mentes criativas,
Impressionadas com os sustos da noite
O menino então, comentou ter ouvido
Histórias de ET’s e de chupa cabras
No que o pai então, completou:
Tratam-se de lendas,
A respeito de estranhos seres
A amedrontar as pessoas,
Que já impressionadas estavam,
Com a mortandade de animais,
Os quais tinham o sangue todo sugado
Fato este que gerou espanto
E assim, para acalmar tal celeuma
Precisavam de alguma forma,
O fato justificar
E então ficaram a cismar
O homem então, comentou,
Até surgir algo, para tudo explicar
Curioso, o menino perguntou se não havia
Em outros planetas,
Viva alma, quaisquer formas de vida
E o pai respondeu-lhe afirmativamente
Dizia sim existir
E que talvez até contatos fossem feitos
Mas de fato, havia e há vida em outros planetas
E que os seus habitantes,
As condições do mesmo se adaptavam
Alertava porém, que os contatos,
Provavelmente não se dariam de forma,
Tão estrepitosa
A criança então, indagou
Sobre o significado de tão sonorosa expressão
O pai respondeu num ímpeto,
Trata-se de algo barulhento, ruidoso
O garoto então comentou
Que a palavra de fato, lembrava
Algo que ruído produzia
Com isto, o homem começou,
A com o filho brincar,
Fazendo-lhe cócegas na barriga
E a criança, a se contorcer de tanto rir,
Pedia ao pai a todo o momento,
Para com a brincadeira parar
Com efeito, a manhã
O dia praiano, fora deveras proveitoso
A manhã,
Lindamente a surgir no horizonte,
Dissipando as brancas nuvens,
E o sol a contrastar, com o azul pálido do céu
A família a deleitar-se na praia
Muito ir e vir das ondas
Brincar no mar
Apreciar o sol
E o lindo cenário que circundava a praia
A serra verdejante
As praias a contornar a praia
Os barcos dos pescadores,
A navegar em mar alto
Pessoas a caminhar,
Mulheres a se bronzear,
Deitadas na areia
O menino aproveitou para coletar conchinhas,
Já tinha algumas
Que no chalé, guardada estavam
Alegre, dizia ser a lembrança,
Dos dias na praia
O garoto corria pela areia,
Chamando a atenção dos pais
Neste esteio, ao longo dos dias
A família notou o efeito solar
Em suas bronzeadas e douradas peles,
A espantar a brancura dos dias citadinos
Às vezes, pedalavam pela orla
Contemplavam a brisa,
A imponência do mar,
Os coqueiros a tremularem,
Ao sabor das ventarolas
As pessoas caminhando, correndo
Tudo era festa,
Alegria enfinda,
Nas belas tardes de verão,
Abraçadas por um sol cálido
Quanto as lendas narradas pelo pai
Estas eram as mais profusas
Riqueza cultural deste país maravilhoso!
E o pai a contar ficou
A história da cuca
Com seu corpo de jacaré,
Desgrenhados cabelos
A assustar as crianças
Rindo, recordou-se da cantiga:
“Nana nenê, que a cuca vem pegar
Papai foi pra roça
Mamãe pro cafezal...”
O garoto por seu turno, acompanhou o cantar do pai
Tudo isto, para no final, dizer:
Pare de cantar papai, pois você desafinado está
E o homem ria e ria
Comentou que o escritor Monteiro Lobato
Da lenda se apropriou
Para que a estranha entidade,
O Sítio do Pica Pau Amarelo, habitasse
E ali produzisse as mais estranhas confusões
Dotada de mágicos poderes
A transformar crianças em pedra
A atrapalhar os brinquedos e folguedos infantis
E a criança a criticar dizendo:
Que criatura má!
E o pai, com isto a concordar
Em seguida, o homem contou-lhe a história
De um negrinho,
Que tão pobre, ficava a pastorear,
As terras de um cruel senhor,
Que sempre maldades ficava a fazer
Um dia uma rês
Do rebanho se apartou
E o menino forçado foi,
A procurar o animal
Atravessou a noite e a madrugada do sertão,
A então procurar
Procurava, procurava,
Desesperação
O animal não conseguiu achar não
Aflito as terras do fazendeiro retornou
Na estância verdejante,
O menino do cavalo apeou
O cruel fazendeiro
A perceber o infortúnio do menino
Um castigo a ele aplicou
Surrando a criança,
O menino ficou a espancar
Desferindo-lhe tão horrenda sova
A ensangüentado deixá-lo
Por fim, abandonando,
A desventurada criança em cima de um formigueiro
E o menino, diante de tal flagelo
Veio a morte encontrar
O fazendeiro por sua vez,
Ao corpo do menino procurar,
Deparou-se com uma angélica visão
A criança lhe apareceu,
De rosto tranqüilo e sorriso nos lábios
Foi o bastante para assustá-lo
Aterrorizado, o homem acorreu para a sede
Deixando para trás o cavalo
Lívido, branco
Fora confundido com alma penada
E por esta razão precisou então explicar,
O menino flagelado,
Morto não estava,
Pois diante dele se apresentara,
Altaneiro e bem disposto,
Em seu corpo, nenhum sinal de agressão,
Parecia ter vindo de outra dimensão,
Apenas para lhe atormentar
E a história do menino,
Que o rebanho da estância pastoreava,
E muito maltratado era,
Tornou-se lenda
Símbolo de um duro tempo de escravidão
Onde os negros, homens, mulheres,
Crianças, idosos, muito maltratados eram
Comovida, a criança,
A se lamentar dizia:
Que homem ruim!
Como pode fazer isto com uma criança!
E o pai a abraçar o filho falava:
Muito sofrimento há no mundo
Mas nem todas as pessoas são más,
Ainda há espaço para as boas coisas,
Pelos homens, celebradas
E é para as boas obras,
Que os humanos olhos, devemos voltar
E a criança, como que a compreender,
Completou:
Aos homens maus, que se dêem tão mau,
Tão mau, que tudo se volte contra eles
E assim, possam na pele sentir,
O mal que a outros causaram
O pai respondeu-lhe então
Existir uma velha frase que ensina
“Aqui se faz, aqui se paga”
Verdadeiro ensinamento da realidade
Que todos prevenidos, devemos ficar
O menino ressalvou que mau,
Jamais se tornaria
Pois queria bem a todos,
E a todos respeitava
O pai asseverou-lhe que assim deveria ser
Pois todos um dia por seus atos,
Irão responder
Nisto, a criança pediu ao pai
Para que mais e mais histórias contasse
E o pai então prosseguiu
Fez menção de contar a história do Corpo Seco
E o menino a perguntou ficou,
Do que se tratava
O homem por sua vez, recomendou ao filho,
A história ouvir,
Pois assim, a tudo compreenderia
Com isto, o pai comentou
Que a história se iniciava
Com a trajetória de um filho
O qual gostava de muito jogar, beber e farrear,
Deixando sua idosa mãe de lado
Pois sempre que ela o ia chamar
O filho a rechaçá-la ficava,
Deixando a mãe desolada,
A voltar sozinha para casa
Tratava-se de uma senhora idosa e doente
Em dado momento,
Cansada dos maus-tratos do filho
A mulher a dizer imprecações ficou,
Condenando o filho a insepulto ficar,
Quando de seu passamento
O jovem irônico ria, ria à beça
Parecia não se importar com a praga,
Desdenhando dos dizeres da senhora
E ela, ao filho ingrato, dizia
Tu és a tristeza dos meus dias!
Certo dia, em mais uma de suas andanças
A fumar, a beber e a jogar
Em companhia de homens de igual vício
Foi informado por um conhecido,
Que a pobre mãe,
A passar mal estava
E o filho, ingrato
Nem um pouco se importou,
Disse que mais tarde para casa voltava
E assim procedeu
Porém, qual não foi seu espanto,
Quando ao lá voltar,
Deparou-se com o corpo inerte da mãe
A pobre senhora havia morrido,
Ante a falta de atenção e de cuidados,
Do seu dileto filho
Com isto, foi preparado o funeral da senhora
E o filho, temendo ser apontado,
A cerimônia deixou de comparecer
Tomado pela culpa
Muito bebeu, e a lamentar ficou,
O triste passamento da mãe
Contudo, ó triste realidade!
O moço não se corrigiu
E assim, continuou a conviver com o antigo vício
A fumar, a beber e a jogar
Porém, numa tarde
Os companheiros de bar,
Ao conhecimento tomarem,
Do passamento da mãe do jovem,
Censuraram-lhe os modos
E a dizer ficaram,
Que ele era o pior homem que conheciam,
Pois nenhum deles capaz seria,
De dispensar a mãe, tão horrendo tratamento,
Deixar a mãe morrer em desalento
E assim, expulsaram o moço da mesa
E a dizer ficaram:
Nunca mais volte, pois a tua sorte,
Muito madrasta será!
Assustado, o jovem recordou-se
Da materna imprecação
Com o passar do tempo
Todos a evitá-lo ficaram
Ninguém a lhe oferecer consolo,
Repouso ou abrigo
Sozinho, passou a beber mais e mais
Tentava esconder sua vergonha, em vão,
Pois a todo o momento era apontado nas ruas
Envelhecido, o corpo tomado pela doença
Sem amparo,
O homem morreu,
Como vivera nos tempos últimos,
Sozinho e desamparado
Contudo, quando de sua morte
Os conhecidos, imbuídos de um sentimento,
Mescla de dó, e respeito aos mortos,
Do enterro logo tratou
E assim o caixão e o velório foram ajustados
O corpo foi então enterrado
Contudo, dias depois do enterro,
Um seco corpo aflorou a terra
O coveiro, em percebendo o evento
Tratou de novamente o corpo enterrar
Contudo, sempre que assim procedia
O corpo seco, novamente aflorava a terra,
Jazendo insepulto
Tal evento, causou horror na cidade
E todos os moradores,
Cientes da lição trataram logo,
De a tradição aos filhos e netos repassarem,
Pois a todos devemos respeitar
E o pai, percebendo o espanto nos olhos do filho
Disse que o corpo nunca ficou enterrado,
Permanecendo exposto à flor da terra,
Aos olhos e comiseração pública
A criança, ao se deparar com a sonoridade,
De uma palavra,
Seu significado perguntou
E o pai paciente explicou
Que comiseração nada mais era do que pena,
A piedade dos homens,
Pela triste sina do ingrato filho
Preocupado, o menino perguntou
Acaso seria a história, verdadeira?
E o pai, sorrindo, respondeu-lhe que não
Apenas de uma lenda se tratando
Não havendo com o que se preocupar
A mãe, ao notar que as histórias se tornavam,
Deveras sombrias,
Aconselhou o marido a contar,
Narrativas mais amenas
No que o garoto, curioso,
Insistiu para que o pai contasse mais e mais
Histórias sobrenaturais
E o pai completando que a todos os povos,
Fascinava o fantástico,
E a possibilidade de a tudo tentar explicar,
A contar a história da mula sem cabeça ficou
Iniciou dizendo tratar-se de
Mitológico ser, jovem mulher,
A qual se envolvera com um padre
Vindo a ser transformada em estranho ser,
A cuspir fogo pelas ventas,
Mesmo que venta não tivesse
Com isto, o menino então, começou a rir
A mulher por sua vez,
Argumentou que se tratava de uma narrativa machista,
Posto que somente a mulher fora punida,
E que ao padre deveria caber maior punição
O homem então, respondeu dizendo,
Em se tratando de um tempo antigo,
A narrativa obedece a historicidade de seu tempo
Antigo tempo, onde o machismo prevalecia,
E que a mulher que errasse,
Do ponto de vista da sociedade da época,
Devia ser severamente punida,
Pois de tudo lhe era imputada a culpa
Suspirando, a mulher saiu da sala
Com isto, o homem ressalvou que a noite,
Era o cenário preferido para a estranha criatura
A qual circulava com sua cabeça de fogo,
A todos assustar
E a criança a dizer:
Triste sina de tal mulher!
O pai então concordou
Nisto, começou a falar
Que alguns índios acreditavam que as estrelas no firmamento
Eram as almas de antigos parentes,
A viverem no céu,
E a olharem para eles
Segundo seu relato
A mandioca surgira quando,
Do passamento da indiazinha Mani
A luz da vida de sua mãe,
Que ao enterrá-la,
Verteu compungidas lágrimas sobre o túmulo
Tais lágrimas banharam o leito onde a criança jazia
E com isto, uma bonita e viçosa planta
Passou a crescer no lugar,
Onde a criança enterrada fora
A mãe por seu turno,
Solicitou a abertura da sepultura
Porém, qual não foi o espanto de todos
Quando então perceberam, que não mais havia corpo
Pois a pequenina índia se transformava,
Em um robusto tubérculo
Mani, a qual fora enterrada perto da oca
Tendo por nome batizado, o alimento surgido,
Mandioca
Animado com a lenda
O garoto aplaudiu a narrativa
Correndo e gritando, ficou a chamar a mãe,
Dizia-lhe ter uma bonita história para contar
Mais tarde, o pai contou a lenda das sereias
Seres mitológicos,
Oriundos da tradição grega,
A habitar os mares e a seduzir os navegantes,
Com seus encantos
Os marinheiros, ao passarem pelos mares,
Precisam os ouvidos proteger,
Ou então arrastados serão,
Para o fundo das águas,
Maravilhados com encanto das vozes
A entoar cantigas suaves,
Melodias maviosas
Aprisionados os homens morrem,
Sem condições ter para a tona surgir
Completando a narrativa,
O pai ficou a dizer,
No Brasil um equivalente ter,
Denominado Iara
Entidade a habitar os rios
E a produzir os mesmos encantamentos,
Levando os homens para o fundo das águas
Lindos seres a pentearem seus verdes cabelos,
Imensos e encantadores
A beira das águas,
Para os incautos impressionar
O menino, admirado com a narrativa,
A dizer ficou:
Que mulheres más!
E o pai a brincar ficou a dizer:
Cuidado com as aparências,
Pois elas enganam!
E a mãe que por ali passava
A rir ficou,
Irônica dizia:
Quem não te conhece, que te compre!
E o jovem, incomodado
Com tais palavras, argumentou:
Afinal esta não é uma grande verdade?
E a mulher assentiu com a cabeça
Em que pese saber
Muitos homens assim não procederem
Nisto, o pai contou ao filho
A lenda do guaraná
Curioso fruto vermelho,
De arredondado formato
Em cujo centro, possuí
Uma forma assemelhada a um olho
Razão pela qual seu significado é,
Bagos semelhantes a olhos de gente
O menino intrigado,
Chegou a dizer:
Que fruta feia deve ser!
E o pai rindo, disse tratar-se
De um fruto curioso
Surgido dos olhos de um menino morto
Cujos olhos foram plantados em fértil campo
Sob a recomendação de Tupã,
Com vistas a auxiliar os membros da tribo
Lindo menino, luz dos olhos de seus pais
Traiçoeiramente morto por Jurupari
Invejoso de sua vivacidade
A planta, com seu fruto
Fruto do qual se extraí um pó,
A utilizado ser, em bebidas
Neste esteio, falou sobre,
O lindo canto do Uirapuru
Ave de canto canoro
Outrora bravo guerreiro
Apaixonado pela bela esposa de um cacique
Em razão de tal infortúnio,
O jovem enamorado
Implorou a Tupã,
Para transformado ser
Em singelo pássaro,
Que a voar pelas matas,
Da densa floresta ficava,
A cantar e encantar a todos
Sonhador a exibir seu belo canto
A sua amada
Com o simples fito de que nele,
Reconhecesse o outrora bravo guerreiro
E assim, voava sobranceiro
Nisto, ó ironia!
O cacique, impressionado,
Com o delicado canto,
Passou a caçar a ave
Seguindo seu rastro,
Acompanhando seu canto
Vindo por fim,
A se perder no emaranhado das matas
Nas tramas das trilhas
Em meio a selva
Oceano de plantas e flores
Dizem que seu canto esporádico,
Raro e magnífico
É ouvido por poucas vezes
E que assim, toda floresta
Curva-se ao seu som
Todas as outras aves, pássaros silenciam
Enfeitiçados com o belo canto
Ave símbolo da Amazônia
Berço de tantas lendas
E narrativas a maravilhosas
Lugar encantado
A tornar o Brasil, mais Brasil!
A criança, ao término da narrativa
As lindas histórias aplaudiu
Comentou que o pai,
Sabia boas histórias contar
E com isto, as férias
Muito especiais se tornaram
Agradecido, o menino muito aproveitou o passeio
Mergulhou nas águas quentes do mar
Deslumbrado ficou, com os pôres-do-sol
Os tons multicores do firmamento
Em suas várias fases do dia
Amanhecer azulado,
Logo colorizado com o branco das nuvens,
O dourado do sol
Raios de sol a dourarem as águas
Pôres-do-sol
Em tons azul claro,
Cravejado de nuvens,
Aos poucos escurecido e
Envolto em tons róseos,
Fortes tons,
Ladeados com o branco intenso das nuvens
Aos poucos, um alaranjado toma conta do cenário,
Com suas bordas amareladas
Nisto, a noite,
Pouco a pouco vai invadindo o lugar
As nuvens se despedem do dia
O sol já foi embora faz tempo
E a lua começa a timidamente se apresentar
Em seu curvo formato,
E assim algumas estrelas,
A ela fazem companhia
O menino então, a apontar ficou
Ao ver as estrelas a brilharem no céu
Chegou a falar, da alma dos índios se tratar
Bronzeado, chegou a dizer
Que muitas saudades do lugar iria ter
E o pai a falar:
Não se preocupe,
Pois logo logo, iremos voltar!
DICIONÁRIO:
cinzelar verbo transitivo direto trabalhar com cinzel.
"c. o cobre"
2. FIGURADO (SENTIDO)•FIGURADAMENTE
fazer com esmero; apurar, aprimorar, burilar.
"c. um soneto"
Luciana Celestino dos Santos
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