Poesias

segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

VIVERES HISTÓRICOS

Cruzeiros a singrar os mares
Aventuras vividas em meio aos cruzados

Grandes embarcações construídas em madeira
A abrigar muitas histórias, muitas vidas
As naus com suas velas enfunadas, a percorrer os mares
Ao sabor de grandes conquistas, e novas descobertas

As missões religiosas, em busca da expansão imperial
A dizimar povos, as gentes
Destruir legados
Tudo em nome da sanha conquistadora
Enrustida em missão religiosa

Como os jesuítas a catequizarem os índios
A ensinarem a doutrina cristã
De um salvador que se tornara a luz do mundo
E deixara um grande exemplo de doação e humildade

Índios que viviam de modos livres
A exporem suas vergonhas,
Como nos dizeres da carta

Famosa correspondência epistolar de Pero Vaz de Caminha
Caminha em busca de novas rotas para as especiarias
Cravo, gengibre e noz moscada

Especiarias a mudarem os rumos da história
E a denominar índios,
Os habitantes da terra descoberta

Especiarias destinadas a melhorarem o gosto dos alimentos
A tornar o paladar e o sabor dos alimentos, mais agradável

Não descobriram a rota das Índias,
Conforme esperavam
Mas descobriram uma terra maravilhosa
De matas verdejantes, verde exuberante
Lindas e fartas fontes de água e de vida
Céu azul, forte e claro

Com índios desnudos,
A se pintarem com tintas naturais
A se enfeitarem com a beleza das penas das aves da terra
Como se fora a primeira criação divina

A viverem em aldeias, a dormirem em ocas
A caçarem e a pescar
A deslumbrarem os aventureiros europeus

Todos cheios de vestimentas, calçolas, sapatos, camisas, colas, chapéus rebuscados
Portugueses protocolares
A sofrerem com o calor da terra

Doentes da longa viagem do mar
Acometidos de escorbuto, e outras doenças, além de piolhos
Muitos perecendo em longa viagem
A enfrentarem borrascas, desvios de rotas, entre outros percalços
Além de brigas e desentendimentos

Convés e proa, popa
Bombordo e estibordo, sul e oeste
Coordenadas cartográficas
Grandes navegações

Índios e índias a deslumbrarem os olhos admirados dos portugueses
Acostumados aos preceitos cristãos,
Assolados pela culpa do pecado original
E distantes da pureza inocente,
De não se ter vergonha do próprio corpo
Acometidos pelas imposições da sociedade 
A viverem nos conformes dos reclamos sociais

Em tributo a amizade,
Ofereceram bugiarias aos índios
Bijuterias, colares, espelhos, entre outras tranqueiras
Em troca da árvore de madeira nobre, abundante no país
Mais tarde denominado Pau Brasil

Que em razão de sua cor vermelha,
Era utilizada no tingimento das peças,
Das ricas indumentárias europeias

Árvore fartamente explorada
Tanto ao ponto de chegar ao seu quase esgotamento
Planta que deu nome a esta terra de contrastes     

Em sua rota errática,
Europeus se deslumbraram com os primeiros sinais de terra
Terra à vista, a gritar
Após meses a desbravarem mares inóspitos

Perdidos em um oceano de água
Tendo por instrumentos náuticos a bússola e o astrolábio
Bem como as cartas náuticas
E a lua e sua constelação de estrelas, por farol

Dura a vida de marinheiro
Dura a vida de aventureiro
A despedir-se dos parentes no cais do porto
Os quais acenavam-lhes tristemente,
Sem a certeza de que algum dia, tornariam a vê-los

Hoje alhures, alheados em algum lugar perdido
Em um oceano de monstros e tormentas
Quem sabe um dia, a se encontrar algures
Em algum lugar de ventura
Os mortos desta vida de desditas
Terrifica aventura,
Por muitos, desacreditada

E a terra a ser avistada
Aos poucos se pareceu ilha

Por breve instante,
Acreditaram haver chegado as Índias
Terra que com tanta luta,
Mais tarde conquistaram

Ao se aproximarem as naus,
Pouco a pouco puderam notar, tratar-se
De um lugar maravilhoso
Terra deslumbrante

Com suas praias de águas limpas e plantas exuberantes
A serem levados ao líder da tribo
E a negociar madeira,
Em troca de quinquilharias, bugigangas
Que tanto encantaram os índios

E os portugueses,
Levaram toras e mais toras de madeira
Para o velho continente

Caminha, a escrever maravilhas da terra recém-descoberta
As aves, exuberantes e coloridas,
Com seu canto canoro
A entoar sonoro,
Na densidade das matas

Floresta tropical, com árvores frondosas, folhas e flores várias
Variedades antes nunca vistas
Cenário diverso da frieza europeia

Com índios a se banharem em rios, lagos e cachoeiras
A brincarem entre si

As mulheres a prepararem os alimentos
A criarem ornamentos de penas

O pajé a cuidar das doenças da tribo,
A realizar os rituais, as danças e os rituais de iniciação

A mulheres a moldarem o barro,
A fazerem cuias e vasos
A confeccionarem cestas de palha,
Nas tramas que elaboravam

Abrigando-se em suas ocas,
Cujo aglomerado, formavam a taba

Adoravam Tupã, entre outras divindades
Contemplavam a lua, Jaci
E possuíam várias formas do falar

Os índios guerreavam entre si
Lutavam e se combatiam
Haviam índios canibais
E índios aculturados,
Que se aliavam aos portugueses, em suas batalhas

Santo André foi fundado por índio, Cacique Tibiriçá, sua filha Bartira,
E um português, chamado João Ramalho
A formarem a Vila de Santo André da Borda do Campo
A qual fora abandonada, dez anos depois de fundada
E pouco tempo depois, de ter sido alçada a condição de Vila
Reconhecida oficialmente como tal 

Índios que sofreram o opróbrio da escravidão
Que foram aculturados, nos moldes europeus
E catequizados por jesuítas
Os quais utilizaram sua força de trabalho,
Para a construção da terra Brasil

Índios que guerreavam ao lado dos portugueses,
Contra os portugueses
Que fizeram sua história
Aprenderam a ler e a escrever,
Que adotaram os costumes dos brancos
Que sofreram com suas doenças
Que eram milhões e hoje são poucos

Muitos lutam para preservar sua história
A grande maioria alijada

Muitos sofrendo com o tráfico de drogas,
Com a falta de uma divisão clara de terras
Sem rumo, vagando de um lado para o outro
Outros articulados, e engajados e novas lutas sangrentas               

Em tempos de antanho,
A caçarem e a pescarem
A viverem seus rituais,
A ouvirem os ensinos de seu cacique
A beberem o cauim
Bebida preparada com a fermentação do milho mastigado

A brincarem, a nadarem nas águas exuberantes do Brasil
A mais tarde, plantarem grãos
Vivendo em ocas de palha
Sem roupas para cobrir as vergonhas
Livres em sua oca, sem móveis

A caminharem pelas matas
A contemplarem a natureza e apreciarem o canto dos pássaros
A cultivarem as lendas, como a da vitória-régia

Jovem e bela índia, que encantada pela beleza da lua,
Ao vê-la refletida nas águas, atirou-se no lago, em busca de sua companhia
Vindo a se transformar em linda flor
A qual passou a ter este nome, em homenagem a uma rainha

E assim, pela tradição oral, para sendo criadas,
Histórias diversas para se explicar a origem do mundo,
E os propósitos da natureza

(Na Idade Medieval
Em contraste com os tempos coloniais)
As Cruzadas a cruzarem o oriente
A conquistarem outras terras, outras plagas, outras gentes
Para a cobiça dos bravos portugueses
E os navios a singrarem os mares

E o tempo dando saltos
Cada vez maiores

E os cruzados e os cruzeiros,
A moeda se tornarem
E cruzeiros, empreendimento comercial se tornar
Navios imensos e luxuosos a cortarem com constância,
As águas do nem sempre cristalino mar

Houve tempo, em que piratas
Percorreram mares brasileiros
A fazerem das suas, por estas plagas
Pelo litoral
A explorarem o Pau Brasil,
Assim como o fizeram, os portugueses
E a terror provocarem nos moradores destas paragens

Brasil, terra que aos poucos,
Passou a ser colonizada
Povoada pelos brancos portugueses
Tornando-se terra habitada
E refugio de muitos forasteiros

Sem poder industrializar-se
Adquirindo produtos manufaturados de outras plagas
E a industrialização aqui a tardar

E quando ocorreu,
De forma modesta,
Com cafeicultores a investir em outras atividades
Adquirindo casarões na Avenida Paulista
Tecelagens, fábricas, entre outras atividades

E os operários a trabalharem por longas horas em máquinas
Greves a ocorrerem,
E este estado de coisas a denominado ser:
Caso de Polícia, nos dizeres do presidente Washington Luís

Leis a serem redigidas,
Regulamentando jornadas, férias
Uma lei denominada Eloy Chaves,
A se preocupar com um sistema de previdência

E o apito da fábrica de tecidos
A todos conclamar para o trabalho
A fiar em teares, confeccionando tecidos     
Tempos antigos

A andarem de bonde,
E em cortiços viverem

Sindicatos,
Lutas por melhores condições laborativas
Industrialização tardia em terras tupiniquins

Viveres históricos
Lidos e aprendidos nos livros de história
Vividos e contados ao  sabor das passadas,
Pinceladas e escritas por alguém inspirado ou não

A contar as glórias e inglórias desta terra apaixonante
Palco de independência memorável retratada,
Em quadro magistral de Pedro Américo

Onde um Dom Pedro galante, ergue sua espada
A bradar em alto e claro som
Independência ou morte!

Pena ser a realidade tão diversa
Com direito a mal estar
E declaração de independência as margens de um riacho

Outrora de água límpidas e cristalinas
Hodiernamente tristemente esquecido, espremido e poluído

Ao lado dali, um casebre
Casinha modesta intitulada “Casa do Grito”

Famosa construção, tal como a conhecida “Casa de Pedra”
Localizada próxima a antiga Estrada de Santos
Onde supostamente
Dom Pedro I e sua amada Domitila de Castro do Canto e Melo,
Encontravam-se furtivamente
Muito embora,
A edificação tenha sido erigida,
Tempos após o falecimento de ambos

Quem sabe o fora,
Palco de encontro de almas amantes?

Estrada Velha, antiga Calçada do Lorena
A homenagear com estátuas,
O centenário da independência do Brasil

Resquícios de um passado que insiste em se fazer presente
Ainda que nas menores coisas

Brasil, terra boa e gostosa
Viveres históricos
Viva a história, viva o Brasil
Quem sabe um dia, saberemos ufanar
Ufa!       
E pensar que ainda,
Tem tanta coisa para se desvendar! 

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

*alheado
adjetivo
1. que se transferiu; cedido.
2. absorto nos próprios pensamentos; distraído, desatento.

*algures
advérbio
em alguma parte, em algum lugar.

*alhures
advérbio
em outro lugar, em outra parte.

Conforme consulta ao Google.

Andanças

Andanças

“São, São Paulo,
Meu amor ...
São oito milhões de habitantes...
Porém com todo o defeito
Te carrego no meu peito...”

“Na Paulista os faróis já vão abrir
E um milhão de estrelas prontas
Pra invadir, os Jardins...
Manhãs frias de abril

Se a avenida exilou seus casarões
Quem reconstruiria nossas ilusões...

Você sabe quantas noites ...
Eu te procurei
Nestas ruas onde andei...
Quantas fronteiras ele já cruzou
De um mundo inteiro de uma só cidade...”

Os últimos passos que dei
Os últimos caminhos por onde andei
Neste ano tão movimentado

Em São Paulo conheci ruas
Percorri caminhos...

Na Rua Pires da Mota
Avistei construções antigas
Belas edificações

No Largo Nossa Senhora da Conceição
Um belo parque,
Espaçoso e com uma bela vista

Ao lado um prédio imponente,
Na cor salmão
Onde, de suas amplas varandas,
Se pode vislumbrar a beleza do cenário

Também neste lugar
Se pode ver casas abandonadas
Um desalento
Mas também se pode ver
Muitas coisas belas,
Como uma igreja
Toda em tijolo a vista

Na Praça Santo Agostinho
Temos um lindo colégio,
Ladeado por outra magnífica construção

Ao lado, canteiros com plantas
Uma constante na cidade
Que nunca pára

Na Rua Vergueiro
Mais maravilhas
Pois tem alguns monumentos

Uma igreja, a qual se pode alcançar,
Subindo as escadarias
E um museu que mostra
Todo em vidro e tons vermelhos,
Um pedaço da história desta cidade,
São Paulo de Piratininga

Nesta região temos ainda um hospital
E uma intrigante escultura
Em concreto

No Ipiranga às margens do riacho
Onde a idealização de nossa independência
Transcorreu,
O grito de liberdade ecoou

No Riacho do Ipiranga
No lugar onde hoje
Está situada Praça do Monumento
Dom Pedro I proclamou
A Independência desta,
Nossa terra tão querida
Tão bem descrita em lindas canções

Nesta praça
Um imponente monumento
Com escadarias, esculturas
E uma ampla vista da paragem
Nos dá dimensão do cenário
Que o nosso Imperador primeiro
Avistou

Lindo, tão lindo lugar
Nesta praça, que mais parece um parque
Dada suas dimensões colossais,
Está uma pequena casa
Simples e de pé direito baixo
Em cima de um morro
Do qual se descortina o cenário
Da Independência

Logo adiante, está o Museu do Ipiranga
Uma construção erigida em homenagem
A Independência do Brasil

Neste lugar histórico
Temos ainda o Parque da Independência
Com árvores, plantas, muitas plantas...

Ladeando esse imponente cenário,
Está o Museu Natural

A Faculdade São Marcos, é um belo
E imponente prédio
Possuí duas unidades na região
Todas belíssimas,
Instaladas em prédios antigos

Nesta região, a da Avenida Nazaré
Existem inúmeras construções antigas
Belos prédios preservados

Como o prédio do Instituto Sagrada Família
Com seus jardins em estilo francês
Assemelhados aos jardins do Museu do Ipiranga
Onde viveu e morreu Madre Paulina
Segundo anúncios

Do outro lado, temos um Sesi
E mais alguns recantos aprazíveis
Desta encantadora cidade
Que de tão grande
Às vezes intimida

Com isso...
No centro da cidade
Em São Paulo
Há muitos prédios históricos
Muita beleza e muita história
Pena que nem tudo esteja
Bem conservado!

Passeando pela cidade, avistando
Os mais diversos cenários
Pela janela do ônibus, vi o Clube do Ipiranga
As principais ruas de São Caetano,
O shopping da cidade
Assim como vários logradouros de Santo André,
Igrejas, comércios etc.

Na Avenida Paulista
Onde fui no começo do ano
Um pedaço da Europa

Suas calçadas amplas
Rivalizam com as ruas repletas de automóveis
Nos faróis, os carros surgem com suas lanternas,
Numa explosão de cores

Lá está uma bela casa
Parece-me do século XIX
A qual ainda resiste
Apesar da sanha devorada da avenida
Que insiste em tudo transformar
Em metal e concreto,
Com seus prédios reluzentes e altíssimos
É ali que está o Masp e o Parque Trianon

No centro da cidade
Temos o Viaduto do Chá,
O Vale do Anhangabaú,
O Prédio da antiga companhia de luz
Que virou shopping,
O Copan, o Terraço Itália,
O Edifício do Banespa,
O Edifício Martinelli

A Praça da República
Com sua ampla área verde
A qual já foi cenário de um crime
Não fosse seu estado de abandono
Seria um convite a um belo passeio

Já no Pátio do Colégio...
Foi neste cenário onde se desenrolou
O surgimento da cidade

No Mosteiro São Bento
Construído com os tijolos
Feitos em São Caetano,
Na Fazenda dos monges beneditinos
Um pedaço da história

O ABC, antes de ter esse nome
Exportou gente e trabalho para
À São Paulo de antanho

Santo André, São Bernardo e São Caetano
São cidades ligadas entre si
Numa rica simbiose

E ainda em São Paulo
Temos igrejas, conventos
Belos prédios antigos
Parques como o da Água Branca,
O da Luz, próximo
A Estação Inglesa de mesmo nome

Sim, em Sampa temos bairros ingleses
Construídos pelos construtores das estradas de ferro
Que cortam parte do estado

Ainda na região da Luz,
Temos a Rua São Caetano,
Famosa pelo comércio de vestido de noivas
Um Museu Sacro, e um posto da Polícia Militar
Bem como outras igrejas

Já o Parque Ibirapuera,
Inaugurado há cinqüenta anos
É um exemplo da conciliação
Entre a modernidade e a beleza

Seu chafariz em meio a um lago
É um dos cartões postais da cidade

Próximo dali, está o Obelisco
Imponente torre-monumento

E o Monumento aos Bandeirantes
Também conhecido como O Empurra
Onde a nossa herança racial
Arrasta um barco
Como que irmanados
Num mesmo propósito

Na Rua José Paulino,
Uma tradicional área de comércio
Tão famosa como a Rua Vinte e Cinco de Março
Conhecida por seu comércio popular

Em São Paulo é que começa a estrada de ferro
Que corta parte do interior do estado
A Estrada de Ferro – Sorocabana

Próximo dali está o antigo
Prédio do Dops
Cenário da vergonha
De um tempo nebuloso
E que hoje abriga um Museu

Em outro ponto da cidade
Próximo a Rua Major Quedinho
Temos a Biblioteca Mário de Andrade
Outra belíssima construção da cidade

Temos ainda, a Ladeira da Memória,
Com pinturas feitas em azulejos portugueses
Na última vez que passei por ali
Sua fachada estava pichada
Uma pena!

Na Via Funchal,
A via da erva doce...
Os largos que permeiam a cidade
A Rua Libero Badaró com seus prédios antigos
A Rua Maria Paula, a Rua Direita
Os primeiros tempos da cidade
Saudade ...

Sebos, a cidade tem muitos sebos, bibliotecas,
Museus e livrarias
São Paulo é pujante e plural
Rica, divide espaço com outras importantes,
Cidades da região metropolitana

São Paulo, templo dos bandeirantes
Homens duros e cruéis
Que desbravaram o nosso Brasil
Ajudando e muito, a torná-lo o que
Hoje ele é!
Viva São Paulo!

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

E AS ESTRELAS CAÍDAS NO CHÃO

E as estrelas caídas no chão
A cintilarem um chão de luzes amarelas
Rivalizam com as estrelas ausentes do firmamento,
Negro firmamento

E a lua branca, altaneira e redonda,
A esplender de brilho seu mistério
A contrastar com o cair da tarde
E suas brumosas nuvens, densas e coloridas

O lusco-fusco em tons lilases,
Sobrepostos a tons azuis
Um oceano de águas claras, cristalinas, azuis
Espumas brancas
E a tarde a cair

E as nuvens azuis e lilases
A darem lugar e vez, a escuridão da noite
Barcos a noite, a acenderem suas luzes,
E a pescar no oceano infinito
De águas lindas e azuis!

Ao fundo, a cadeia de serras,
Envolvidas pelo manto escuro da noite
Lindo cenário para se contemplar!

A tardinha, um sol tímido
Que ao mostrar seus raios,
Despejou todo seu fogo e seu esplendor,
No dia!

O mar revolto a tarde,
Com sua forte correnteza,
A arrastar as águas de sua margem,
A revolver a areia,
E a trazer com a mesma fúria,
As águas de seu profundo

Fúria que vai e vem, vem e vai
No caminho entre as serras,
As litorâneas cidades avistadas do alto,
Ainda com seus brilhos,
Em meio a muito verde

As verdes serras, envoltas em brumas
Conforme o passar das horas,
Recebiam os primeiros reflexos da luz solar

A luz em seus abismos,
Simbologia da divina criação!
E em carro espaçoso a seguir viagem

Viagem,
Em estrada repleta de árvores floridas,
E róseas flores
Em um jardim de maravilhas

Lantanas floridas, plantas crescidas
Pés de morango desenvolvidos
Ipês majestosos, azaléias várias,
Hibiscos entrelaçados e com poucas flores

Rosas a desenvolver
Dipladênias amarelas, repletas de flores
Formosos lírios da paz,
Mini rosas na cor rosa, viçosas
Ervas para chá, marias-sem-vergonha

Damas da noite,
Com suas flores miúdas e cheirosas
A primavera branca começa a florir,
Despontando seus primeiros galhos para fora

Pássaros de peito amarelo, a caminhar em gramados
Gaivotas a voarem pelos ares

No jardim florido,
Pequenos passarinhos marrons,
Circundam o espaço,
Caminham por entre os galhos das árvores
Passeiam por entre a trama de galhos das primaveras,
Que contornam os muros e o portão da casa
De variegadas cores, branca, vermelha e rosa

Flores e plantas a encontrarem frestas,
Para se exporem para fora,
Simpática casa de praia

E a lua apagada, a sumir no horizonte...
E os trens a percorrerem os trilhos,
Por entre as estações...

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

sábado, 18 de janeiro de 2020

AS BRUMAS

As brumas que nunca cessam
A tornar gélido o ar das manhãs
A gelar ainda mais a noite
Madrugando o amanhecer do sol

Passos lentos, vagarosos
Tendo o frio, e o vento por companhia
A solitude de um dia que nem bem começou

Solidez dorida de um dia invernal
Sinto uma noite escura
Um breu sem luar
O silêncio da noite
O vento a fazer barulho
Em contraste com a desolação do cenário

Como é difícil levantar para ir ao trabalho
Em dias tão tristes,
Onde o frio do inverno nos faz companhia
Assolando-nos por toda a manhã
E ás vezes por todo o dia

Noite escura a nos envolver na volta para casa
Vento frio a nos invadir
Vontade de para casa voltar

Durante o dia, pressa, correria
Trabalho
Labor, muito labor

Na volta, a vontade de um pouco descansar
Esquecer a dureza do cotidiano
A faina diária
As decepções, os dissabores
As injustiças submetidas
A todos impingidas

Esquecer que por vezes,
Que a vida é tão dura e difícil!

Que vontade de permanecer neste mundo de sonho
Onírico a nos embalar
A beleza das canções
Os momentos bonitos vividos

Projetos a iniciar
Sonhos a se materializar
Uma vida inteira a se transfigurar
Manhãs madrugadeiras a beira mar
A beleza do oceano a contemplar

Mares, imensos mares
Férias na praia
Em criança
A contemplar e a brincar no mar
Pedaladas a beira mar
A contemplar o ir e vir das águas

Ondas a beijarem a areia
Revoltas, a tudo invadir
A se aninharem por toda a faixa de areia

Ou então, a se recolherem para dentro de si
As espumas das ondas, brancas
A contrastarem com o dourado das areias

De longe, avistar o movimento dos banhistas
O ir e vir de frágeis e pequenos barcos
A emoldurarem a entrada do rio

Com sua maré bravia, e suas pedras
Perto das serras verdejantes
Ora reveladas pela beleza do sol
Ora escondidas atrás de brumas
Nevoeiro das manhãs

Os barcos circundam o mar e fazem par com o ambiente
Pequenos coqueiros e chapéus-de-praia, emolduram o cenário
Embelezam o lugar

O vento a servir de obstáculo ao caminhar
Lentas passadas, tímidas pedaladas
A ganhar distância,
Apreciar a bela paisagem natural

As construções citadinas, os quiosques
Curiosos nomes
Cuidar das flores do jardim da bela casa

Viver, ler
Eterno debruçar sobre o conhecimento
Por seu querer,
Passei madrugadas a ler,
Sobre a beleza e a dureza, que habitam as humanas relações

Contemplei a poucos passos, a miséria humana
O sofrimento de personagens
Que de tão humanamente descritos,
Parecem tão reais!

Poderiam, e de certa forma são
Os nossos amigos de todas as horas
Quando as personagens de nossa vida real, enfim, nos faltam

Um livro, velho amigo
Antigo conhecido
A amplificar nossa visão de mundo
A nos trazer as melhores promessas de um mundo melhor

Como as boas músicas a nos traduzirem
As nossas melhores emoções
Quantas vezes a sensação de que a música
Diz ao mundo o que queremos
Quando nos faltam as palavras

Quantas canções a parecer que foram feitas para nós
A permanecer conosco a embelezar nossas vidas
A enfeitar nossas almas
A nos enriquecer de vida interior
A fazer um par sem igual com a literatura

Poesia em forma melódica
Fruto de nossas melhores cabeças pensantes

Nestas horas, sinto um orgulho imenso em minha nacionalidade,
A brasileira!
Belas pessoas a construírem este país

Quanta personalidade na literatura, na música e nas artes!
Povo valoroso que és!
És belo e forte pela própria natureza!
Ó impávido colosso!
E o seu futuro a espelhar muita grandeza!

Rico contraste entre a riqueza
Das artísticas criações
Cálidas e acolhedoras

E o frio inverno a nos rondar
Deixando-nos embalados em muito pano!

Vinho quente a nos aquecer
Percorrendo nossas gargantas
Muita música a lembrar nossas mais ricas tradições

Canções de raiz,
Homenagem a nossa origem rural
Lindo mês de festividades!

Bandeirolas coloridas
A emoldurar o painel de nossas memórias
Bruma a se dissipar no coração

Outono a se dissipar
Inverno a se aproximar
Logo dará lugar a primavera
E novos sóis irão se fazer
Ante nossos maravilhados olhos

E o inverno se desabrochará em lindas flores
Primaveras, rosas, hortências
A azular e encher de cores diversas
O jardim de minha vida
As flores de minha existência!

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

DAS VOLTAS DO MUNDO - CAPÍTULO 7

 Assim, como era de se esperar, na aula seguinte, Fábio voltou a falar da Grécia.
Primeiramente, recomendou aos alunos que abrissem o livro na página 27.
Nisso os alunos pegaram seus livros de história e abriram na página indicada.
Diante disso, o professor então, começou a aula.
Não sem antes destacar que Esparta, localizada na Lacônia, uma fértil planície situada na região central da Península do Peloponeso, foi uma das principais Cidades-Estados gregas.
Fundada pelos Dórios, povo de origem indo-européia, que invadiu a região no século XII antes de Cristo e dominou os Aqueus.
Os Aqueus viviam na região desde o século XVI antes de Cristo, morando em pequenas vilas agrárias.
Alguns se submeteram aos Dórios, tornando-se seus aliados.
Mas outros resistiram e foram escravizados.
As terras conquistadas pelos Dórios foram distribuídas entre os guerreiros, constituindo-se as explorações familiares, base do sistema Gentílico do Período Homérico.
A propriedade da terra era coletiva e o regime, patriarcal.
Existiam poucas diferenças entre as classes sociais.
A constituição de Esparta (Grande Reta) estabelecia que o governo da cidade devia ser regido por dois reis (Diarquia), um conselho e uma assembléia.
A sucessão era hereditária, existindo apenas duas grandes famílias: os Ágidas e os Euripôntidas.
Havia três camadas na sociedade: os Espartiatas ou Espartanos, descendentes dos invasores Dórios, que formavam a Aristocracia e exploravam o trabalho servil na agricultura.
Os Hilotas – camada que correspondia à massa da população vencida, submetida à servidão coletiva – pertenciam ao Estado ou a particulares e trabalhavam na agricultura, entregando grande parte da produção aos Espartiatas.
E os Periecos, que não tinham direitos políticos, mas eram livres.
Trabalhando como comerciantes e artesãos, possuíam pequenas propriedades, embora não pudessem administrá-las fora dos limites da cidade.
Somente os Espartiatas eram considerados cidadãos espartanos.
Iniciavam sua preparação militar aos sete anos de idade, praticando pesados exercícios físicos e acostumando-se a dormir em camas de bambu, a passar fome e sede.
Os jovens Espartiatas participavam de uma competição anual que consistia em matar o maior número possível de servos.
Era uma das formas encontradas para limitar o crescimento da população Hilota.
Por volta de 650 antes de Cristo, esse sistema sofreu profundas alterações.
A conquista da Planície de Messênia, motivada pela escassez de terras, provocou o aumento do número de servos.
Os Messênios revoltaram-se obrigando Esparta a tomar medidas drásticas para impedir o crescimento das rebeliões.
A cidade passou a viver praticamente em função do problema servil.
As conquistas externas foram interrompidas e o governo limitou-se a manter a sua política de aliança com os povos vizinhos.
Redefinindo a economia, Esparta aboliu a grande propriedade familiar e estabeleceu, em seu lugar, uma vasta propriedade estatal, chamada Terra Cívica, dividida em lotes.
Distribuídos entre os guerreiros Dórios (Espartiatas), esses lotes não podiam ser cedidos ou divididos.
O Estado conservava a posse legal da terra, cabendo aos cidadãos o seu usufruto.
O controle dos servos também passou para a competência exclusiva do Estado, que os distribuía em lotes e podia dispor de suas vidas.
As competições anuais visando a morte dos servos também foram abolidas.
As mudanças políticas acompanharam as transformações econômicas.
Esparta tornou-se definitivamente uma Oligarquia e somente os Espartiatas passaram a ter direito às decisões políticas.
O Poder Supremo foi monopolizado por um Conselho de Ansiãos (Gerúsia), composto de 28 Gerontes, um grupo de 5 Magistrados (Éforos) e dois Reis (Diarcas).
Mais tarde, a Diarquia perdeu parte de suas funções executivas, conservando apenas as funções militares e sacerdotais.
Apenas os Espartiatas com mais de trinta anos podiam participar das Assembléias que escolhiam os Gerontes.
E para ser membro do Conselho de Ansiãos era preciso ter mais de sessenta anos.
O mesmo procedimento era exigido para a escolha dos Magistrados que compunham a Éfora. Cumpria ao Conselho de Ansiãos redigir as leis votadas durante as Assembléias.
Nesse sentido, a Gerúsia exercia um poder meramente consultivo.
Por outro lado, atribuía-se aos Éforos um poder executivo quando assumiam as principais decisões do governo.
Esse sistema caracterizou Esparta como uma cidade extremamente conservadora.
Como resultado de uma economia estática, fundamentada na mão de obra servil e nos privilégios de uma minoria aristocrática, a cidade começou a regredir cultural e socialmente.
O seu desenvolvimento foi muito diferente do de Atenas que, a partir das mudanças do Período Arcaico ao Período Clássico, conseguiu derrubar as bases da Oligarquia e instaurar a Democracia.
Assim, graças a sua localização na Península Àtica, que se estende por todo o Mar Egeu, Atenas escapou das grandes correntes invasoras (principalmente os Dórios).
Com poucas terras férteis, os Atenienses dedicaram-se ao comércio marítimo, favorecido pela existência de portos naturais e de minas de prata, que facilitaram a emissão de moedas.
O desenvolvimento do comércio transformou Atenas em grande centro econômico.
Seus primitivos habitantes eram de origem ariana (Aqueus, Jônios e Eólios), mas os Atenienses se consideravam apenas Jônios.
Essa população se distribui em vilas espalhadas pela planície, organizadas, segundo a estrutura patriarcal, em Fratrias e Gens.
Por volta do século X antes de Cristo, essas vilas aglutinaram-se pacificamente em diversas Pólis, da qual Atenas se tornou Capital.
Dois séculos depois, a estrutura econômica da cidade mantinha-se ainda essencialmente rural, baseada na grande propriedade.
Já se notava, porém, o desenvolvimento de atividades artesanais e mercantis que ultrapassaram os limites da própria Atenas.
A camada social dominante era constituída pelos Eupátridas (bem-nascidos), cujas grandes propriedades eram cultivadas por escravos, rendeiros e assalariados.
Embora o governo fosse monopolizado pelos Eupátridas, o regime era monárquico e hereditário, sendo chefiado por um Monarca (o Basileu, que era chefe de guerra, juiz e sacerdote), cujo poder era limitado por um conselho de Aristocratas, o Areópago.
A colonização provocada pela Diáspora ampliou os horizontes do mundo Grego.
O contato dos colonos com a metrópole intensificou-se e Atenas transformou-se em importante centro comercial.
Como resultado, os comerciantes e artesãos tornaram-se cada vez mais numerosos, iniciando um processo de ascensão na escala social.
As leis do legislador Dracon (623 antes de Cristo), embora reforçassem os privilégios dos Eupátridas, foram as primeiras leis escritas destinadas a impedir abusos em relação às classes inferiores.
Outro legislador, Sólon, promulgou uma série de leis que limitavam o poder dos Eupátridas.
Sólon determinou o fim do monopólio do poder pela Aristocracia (que se baseava no critério do nascimento) e instituiu um novo sistema de participação de poder baseado na riqueza dos cidadãos (Eclésia).
Nessa assembléia, que dividia os cidadãos em quatro classes políticas, onde todos podiam participar igualmente das decisões.
Todavia, poucos podiam votar, já que o direito de voto era baseado exclusivamente na riqueza.
Sólon também acabou com a escravidão por dívida, mas a situação do escravo continuou a mesma.
Porém, as reformas de Sólon não puderam ser devidamente aplicadas devido à rivalidade entre os partidos políticos e sociais.
Essas desavenças provocaram o aparecimento dos Tiranos, homens que se apoderavam do poder sem respeitar a legislação estabelecida, ou seja, de forma ilegítima.
Vale a pena ressaltar que o termo Tirano não envolvia, o sentido pejorativo que carrega atualmente.
Pisístrato foi o principal Tirano.
Líder do Partido Diacranos (Partido das Montanhas), formado por pequenos proprietários (Gergois) e por trabalhadores remunerados, tomou o poder, derrotando os Pedianos (Partido da Aristocracia) e os Paralianos (Partido dos Grandes Comerciantes).
Ao assumir o poder, confiscou grande parte das terras dos Eupátridas e distribuiu-as aos camponeses pobres.
Foi criado um sistema crédito estatal aos camponeses (pequenos proprietários rurais) para que estes não recorressem aos empréstimos dos Eupátridas.
Com a morte de Pisístrato (527 antes de Cristo), o poder passou a Hiparco e Hípias, seus filhos.
Sem a mesma popularidade, foram derrubados pelos Eupátridas, restabelecendo-se a Oligarquia em Atenas.
A volta da Oligarquia uniu Diacranos e Paralianos que, liderados por um Aristocrata progressista, Clístenes, realizaram uma série de reformas políticas.
Clístenes implantou a Democracia em Atenas.
As reformas de Clístenes limitaram o poder do Arcondato e do Areópago, concentrando o poder na Assembléia Popular (Eclésia), onde todo o cidadão Ateniense podia falar e propor leis.
O poder passou a ser exercido pela Bulê, ou Conselhos dos 500, composto por 50 elementos dos 10 Demos de Atenas, que foi dividida por Clístenes em três regiões: Cidade (Asty), Interior (Mesogia) e Litoral (Paralia).
A Democracia ateniense era o regime do povo, que constituía a parcela menor da população, pois excluía escravos, estrangeiros e mulheres.
Ao povo pertenciam apenas os que tinham direitos políticos e eram considerados, por isso, cidadãos atenienses.
Democracia que fez com que o poder, antes dominado pelos Eupátridas, passasse a ser exercido pelos pequenos proprietários, artesãos e comerciantes, submetendo uma massa de escravos, Metecos (Estrangeiros) e mulheres.
A Democracia Ateniense tornou-se um exemplo para muitas cidades gregas e a Cidade de Atenas passou a ser o centro político e cultural da Grécia no século V antes de Cristo.
Por outro lado, as reformas de Clístenes produziram um efeito de estabilidade em Atenas.
Essa estabilidade permitiu a formação de um sistema coeso, capaz de enfrentar um longo período de perturbações externas – provocadas por guerras contra os Persas – que ajudaram a consolidar ainda mais as instituições atenienses.
A partir daí, Fábio passou a tratar das Guerras Greco-Pérsicas.

Isso por que, quase todas as colônias gregas situadas no Oriente foram ocupadas por tropas Persas desde os tempos do Rei Ciro.
No início, os Persas respeitavam a autonomia das cidades gregas da Ásia, das quais recebiam contribuições aparentemente espontâneas.
Com o passar do tempo, entretanto, a exigência cada vez maior de impostos obrigou muitas dessas cidades a se revoltarem, principalmente Mileto, que contou com a ajuda dos Atenienses.
Esse foi o motivo para a guerra total entre Gregos e Persas.
Assim, quando se deu a Primeira Guerra, a cidade de Mileto foi arrasada e seus habitantes deportados para a Mesopotâmia.
Em seguida, uma expedição militar persa submeteu a Trácia e a Macedônia.
Em 492 antes de Cristo, Dario exigiu a rendição incondicional dos Gregos.
Atravessando o Mar Mediterrâneo, Dario desembarcou o exército Persa na Planície Grega de Maratona, a poucos quilômetros de Atenas.
Avisados a tempo, os Atenienses conseguiram se organizar.
Comandados por Milcíades e ajudados pelas irregularidades do terreno – que dificultavam a ação da cavalaria persa –, conseguiram vencer os Persas.
Com a vitória, o prestígio de Atenas aumentou como nunca entre os Gregos.
Já, durante a Segunda Guerra, dez anos depois, os Persas voltaram a vencer a Grécia.
Xerxes, sucessor de Dario em 486 antes de Cristo, preparou uma ofensiva.
Para atravessar o Estreito de Dardanelos, os Persas chegaram ao requinte de construir uma ponte feita com barcos.
Mas a iminência da dominação uniu ainda mais os gregos: formou-se uma confederação de cidades, denominada Confederação de Delos, para lutar contra os invasores.
Com isso, cerca de 6000 Espartanos, comandados pelo Rei Leônidas, tentaram barrar os Persas no Desfiladeiro das Termópilas.
Mas estes descobriram outra passagem, no alto das montanhas.
Para permitir a retirada de seus homens, Leônidas e mais 300 soldados resistiram no desfiladeiro, acabando massacrados pelos Persas.
Os Persas atacaram Atenas depois de a população ter sido retirada.
Embora vazia, Atenas foi incendiada.
Temístocles, comandante dos Atenienses, atacou a frota Persa no Golfo de Salamina e destruiu-a.
Em seguida, Pausânias, Rei de Esparta, comandando um exército grego unificado, derrotou os Persas na Batalha de Platéia.
O poderoso Império Persa foi obrigado a curvar-se diante dos Gregos que, na ofensiva conduzida pela Liga de Delos, forçaram os Persas a aceitar a paz e sair da Ásia Menor.
Com isso, Atenas atingiu seu momento de maior esplendor durante o governo de Péricles, que assumiu a liderança política do Estado depois do ostracismo de Címon, filho de Milcíades.
Péricles governou durante quinze anos (de 444 a 429 antes de Cristo) e durante seu governo as instituições de Atenas funcionaram harmoniosamente.
Péricles realizou uma série de reformas políticas, instituindo o pagamento aos membros dos Tribunais e da Assembléia.
Iniciou ainda a construção de diversas obras públicas, tanto para embelezar a cidade e reforçar sua defesa, quanto para dar emprego aos desocupados.
Soldados e marinheiros passaram a receber salários.
A Assembléia Popular conseguiu deter amplos poderes políticos.
Mas as reformas de Péricles não conseguiram alterar a situação dos escravos.
No entanto, o esplendor cultural de Atenas atingiu um de seus pontos mais altos.
Houve um grande desenvolvimento do teatro, assim como das artes em geral.
Os cidadãos recebiam o Theoricon, uma quantia em dinheiro para assistirem aos espetáculos teatrais.
Péricles cercou-se dos maiores intelectuais de seu tempo, como o escultor Fídias, o poeta trágico Sófocles, o historiador Heródoto e o filósofo Anaxágoras.
As escolas de Atenas eram freqüentadas por estudantes de toda a Grécia.
Todavia, a expansão de Atenas entrou em choque com a de Esparta, provocando uma guerra entre as duas cidades, conhecida como a Guerra do Peloponeso.
Assim, o êxito de Atenas, despertou a rivalidade de Esparta e de Corinto.
Nessa época muitos aliados Atenieneses desejavam se desligar da Confederação de Delos, já que não havia mais razão para a sua existência depois da vitória contra os Persas.
No entanto, Atenas exigiu que continuassem na Liga e manteve a cobrança dos tributos de guerra.
Com isso, algumas cidades se revoltaram, entre elas Naxos e Tasos, sendo destruídas.
Depois das Guerras Greco-Pérsicas, Atenas se transformou em grande potência comercial e marítima.
Os Atenienses se orgulhavam de viver no maior centro econômico e cultural da Grécia.
O dinheiro da Liga de Delos, originalmente guardado para combater uma possível ameaça Persa, foi usado na fortificação de Atenas.
Assim, a hegemonia Ateniense na Grécia tornava inevitável o choque com Esparta.
Corinto, rival comercial de Atenas, pertencia à Liga do Peloponeso, liderada por Esparta.
O conflito eclodiu inicialmente em 431 antes de Cristo, entre Corinto e Atenas, provocando logo a intervenção de Esparta.
Começou assim, a Guerra do Peloponeso, que durante 27 anos devastaria as Cidades Gregas.
Péricles, então governante de Atenas, resistiu ao forte ataque dos Espartanos por terra, enquanto no mar os Atenienses, comandados por Temístocles, devastavam a frota de Corinto, aliada de Esparta.
Como os ataques Espartanos eram constantes, toda a população vizinha refugiou-se dentro da cidade de Atenas.
Como conseqüência, uma terrível peste atingiu a cidade, dizimando grande número de pessoas.
O próprio Péricles foi vítima da peste, morrendo em 429.
Com isso, as cidades dominadas pela Liga de Delos aproveitaram-se do enfraquecimento de Atenas e se revoltaram.
Com o poderio da cidade abalado, o governo foi retomado pela Aristocracia.
Em 421 antes de Cristo, Nícias, um aristocrata, assinou um tratado de paz com Esparta, mas essa trégua durou pouco.
Em 415 a guerra recrudesceu.
Contando com o apoio do rei da Pérsia, Esparta consegue derrotar Atenas no mar e por terra,  impondo-lhe rendição em 404 antes de Cristo.
Começa assim um período de hegemonia de Esparta.
No entanto, não interessava aos Persas fortalecer qualquer das cidades gregas.
Assim é que, em 396 antes de Cristo, apoiaram uma liga de cidades gregas que se insurgiram contra Esparta, entre as quais se destacavam Tebas e Atenas.
Os conflitos entre as cidades gregas sucederam-se.
Atenas recobrou seu poderio e conseguiu voltar a se impor por um curto período.
Ao assinar o acordo de paz com o rei da Pérsia, Esparta reconheceu o domínio dele sobre os Gregos da Ásia, enfraquecendo-se cada vez mais.
Na verdade, através de sucessivos conflitos, as cidades gregas foram se alternando no poder, culminando com a hegemonia de Tebas, que se impôs graças à liderança de Epaminondas.
Mas o domínio Tebano durou pouco tempo (371 a 362 antes de Cristo).
Marcada pelas conseqüências das Guerras do Peloponeso e por rivalidades internas, a Grécia tornara-se um alvo fácil para outros conquistadores.
A Macedônia, região situada ao Norte e governada por Filipe II, conquistou toda a Grécia.
Cercada por grandes montanhas e vales férteis, essa região possuía uma economia fundamentada na agricultura e no pastoreio.
Assim, em comparação com as cidades gregas, comercialmente desenvolvidas e urbanizadas, a Macedônia, era considerada atrasada.
Os Macedônios eram povos de origem ariana.
Sua organização política, baseada na nobreza territorial, apoiava-se em uma economia agrária bastante rudimentar.
Os ricos proprietários de terras, em número muito pequeno, exploravam os camponeses pobres e escravos.
Por outro lado, devido a sua posição geográfica, eram freqüentemente ameaçados por regiões vizinhas como a Ilíria, a Trácia e o Epiro.
Esses fatores obrigaram os Macedônios a se tornarem um povo prático e extremamente combativo.
Em meados do século IV antes de Cristo, Filipe II da Macedônia, alguns anos antes de assumir o poder, viajou por toda a Grécia para conhecer seu modo de vida e costumes.
Em Tebas, percebeu que as guerras e rivalidades entre as cidades haviam enfraquecido os Estados gregos.
Observou, também, a organização do exército Tebano e familiarizou-se com o uso de longas lanças de madeira introduzidas pelo grande estrategista Epaminondas.
Ao assumir o poder em 356 antes de Cristo, uma das primeiras medidas de Filipe II foi limitar o poder da nobreza, distribuindo suas terras entre os camponeses pobres.
Dessa forma, passou a contar com o apoio de uma classe numerosa, o que lhe permitiu a formação de um exército de milhares de soldados.
Armadas de escudos e lanças de madeira, essas forças militares – que tinham na Falange seu ponto forte – conseguiram vencer os tradicionais inimigos da Macedônia.
Ao mesmo tempo, Filipe II fortaleceu a economia do país, desenvolvendo o comércio e aumentando a exploração das jazidas de ouro.
Além disso, as reformas econômicas e militares de Filipe II criaram a base de um aparelho de Estado destinado, acima de tudo, a manter uma política imperialista.
Aproveitando a forte crise que enfraquecia as Cidades Gregas - resultado das lutas internas iniciadas com a Guerra do Peloponeso –, Filipe II conquistou alguns aliados entre os Gregos, que viam na dominação Macedônica a única forma de união e de superação das divergências internas.
Filipe II usou de toda sua habilidade para conseguir adeptos.
Para isso, instigava os Gregos contra os Persas e procurava demonstrar a necessidade de se unirem para combatê-los.
Nesse sentido, contou com a importante colaboração de Isócrates, pregador de uma cruzada grega contra os persas.
As intenções do imperialista Filipe II eram evidentes.
No entanto, somente Demóstenes, o grande orador Ateniense, tinha consciência do perigo e passou a alertar seus concidadãos na Eclésia de Atenas.
Em conseqüência, formaram-se dois grupos políticos: Os 31 Filomacedônicos, liderados por Ésquines, que viam em Filipe II o salvador da Grécia; e os Antimacedônicos, liderados por Demóstenes, que pregavam a união dos gregos contra Filipe II.
No entanto, quando os Gregos perceberam o perigo que representava a política Macedônica, já era tarde.
Apoiando-se nos grupos Filomacedônicos, organizados em todas as cidades gregas, a Falange Macedônica derrotou os Atenienses e os Tebanos na Batalha de Queronéia, em 338 antes de Cristo.
Em seguida, Filipe II apoderou-se do restante da Grécia.
Todavia, conhecedor do individualismo das cidades gregas, Filipe II preservou sua autonomia e respeitou suas instituições.
Desse modo, pôde reivindicar o direito de chefiar uma liga militar contra os Persas – a Liga de Corinto.
Filipe II já havia assentado as bases militares para a invasão da Pérsia quando foi assassinado, durante a cerimônia de casamento de sua filha.
Tão logo se espalhou a notícia da morte do Rei da Macedônia, cidades gregas como Tebas e Atenas começaram a se revoltar.
Por outro lado, os numerosos filhos de Filipe reivindicavam a sucessão do pai.
Alexandre, filho legítimo de Filipe II, que contava na época com apenas 20 anos de idade, resolveu a questão por meio da violência.
Montou uma armadilha para os irmãos, assassinando-os no meio de um banquete.
Além disso, usou de extrema brutalidade para com os revoltosos.
As Cidades Gregas rebeldes foram arrasadas e seus habitantes escravizados.
Dessarte, com um exército de 35.000 homens e 169 navios, constituído na maioria por Macedônios e pequenos contigentes das Cidades Gregas, Alexandre desembarcou na Ásia.
Na primeira batalha em 334 antes de Cristo, venceu os Sírios junto ao Rio Górdio.
No ano seguinte, desbaratou um imenso exército Persa comandado pelo próprio Dario III na Planície de Issos.
Em seguida, tomou o Porto de Tiro, na Fenícia.
Fiel a sua política de enfraquecer ao máximo o inimigo antes de chegar ao centro do império, Alexandre deslocou-se para o Egito, onde encontrou pouca resistência, sendo recebido como um verdadeiro deus pelos sacerdotes locais.
Alexandre incorporou o exército Egípcio às suas divisões e invadiu o território Persa em 331 antes de Cristo, defrontando-se com inimigo na Planície de Gaugamela.
Por isso, com a vitória, abriu-se caminho para a conquista das cidades Persas.
O Rei Dario III foi assassinado, e Alexandre coroado Rei da Pérsia.
Com isso, as tropas Macedônicas continuaram a marchar até a Índia.
Porém, ao chegarem às margens do Rio Indo, os soldados se recusaram a avançar.
Alexandre, então, dividiu seu exército e voltou a Mesopotâmia.
Na Babilônia, foi acometido por uma febre vindo a falecer em 323 antes de Cristo, com apenas 33 anos de idade.
Alexandre, não deixou herdeiros.
Devido às diferenças sócio-culturais, o imenso império que conquistou foi dividido entre seus generais, formando os Estados Helenísticos.
O Reino do Oriente incluía a Dinastia dos Selêucidas e compunha-se da Síria, Mesopotâmia e Ásia Menor.
O Reino do Egito foi herdado por Ptolomeu.
O Reino da Macedônia, que incluía toda a Grécia, ficou com o general Antígono.
Além disso, formaram-se em outras regiões do Império, pequenos reinos, como o de Pérgamo, que teve grande desenvolvimento.
As Cidades Gregas voltaram a ter um curto período de relativa independência, mas no século II antes de Cristo, foram conquistadas pelos Romanos.
Assim, a Civilização Helenística é resultado da fusão entre a cultura grega e a cultura do Oriente, principalmente Persa e Egípcia.
Em função do expansionismo Macedônico, o centro econômico deslocou-se da Grécia Continental para outros centros do Oriente, como Pérgamo, Alexandria e Antioquia.
Essas regiões beneficiaram-se economicamente dos novos caminhos abertos por Alexandre e da circulação de moedas, decorrente do aumento da produção de ouro e prata.
A cidade de Alexandria fundada no Egito transformou-se em centro da Civilização Helenística e seus museus e bibliotecas tornaram-se conhecidos no mundo inteiro.
Por outro lado, manteve-se a importância da economia agrícola, baseada no uso intensivo da mão de obra escrava.
Os Reinos Helenísticos constituíam-se de Estados centralizados, governados por Déspotas considerados divinos e cercados por imensa e privilegiada burocracia.
Um poderoso aparato de Estado assegurava o domínio de uma massa miserável de servos e escravos.
A filosofia desenvolveu-se de maneira extraordinária, com correntes filosóficas como o Epicurismo e o Estoicismo, que criticavam com vigor o escravismo.
Mas foi principalmente nas ciências que o Helenismo conseguiu suas maiores conquistas.

Com isso, Fábio, enquanto ministrava sua aula, percebeu que alguns alunos conversavam entre si. Assim, imediatamente chamou-lhes a atenção:
-- O que está havendo aqui? Alguém pode me explicar? Afinal de contas, há semanas que eu estou percebendo que os senhores não estão prestando a devida atenção às minhas aulas. Por acaso é algum problema comigo?
Ao ouvirem isso, algumas alunas negaram ter qualquer tipo de problema com ele.
Mas, conforme os garotos continuaram a conversar, Fábio imediatamente intimou-os para que se retirassem da classe.
Os alunos em número de cinco, ao serem expulsos da classe, começaram a discutir com o professor.
Considerando-se injustiçados, teimaram em não sair da classe.
Fábio, então, já bastante irritado com o comportamento provocativo dos alunos nas últimas semanas, ameaçou levar o caso a diretoria, caso eles não se comportassem dentro da classe.
Isso por que, enquanto explicava a história dos gregos, os alunos, em vez de prestarem atenção nas suas explicações, passaram todo o tempo conversando.
Por isso mesmo, enquanto ministrava sua aula, teve que interromper várias vezes a explicação da matéria, para chamar a atenção dos alunos.
E assim, o comportamento dos garotos estava comprometendo o desenvolvimento normal da aula.
Porém, de nada adiantavam as admoestações.
Era sempre assim.
Chamava a atenção de um aluno, aí então seguiam-se alguns minutos de calmaria.
No entanto, após esses minutos, o burburinho continuava.
E por mais que ele chamasse a atenção dos garotos, nada adiantava.
Enervado com isso, tomou a seguinte atitude.
Firme e decidido, chegou a dizer:
-- Se os senhores não aprovam minha didática, é melhor sugerirem algo melhor. O que eu não vou admitir que é façam pouco caso da minha aula. Se os senhores não se interessam por história, eu só posso lamentar. Mas enquanto estiverem em classe, assistindo minha aula, os senhores deverão prestar atenção em tudo o que eu falo. Estão ouvindo? Por que não me custa nada mandar o caso para a direção da escola analisar. Se eu tiver que fazer isso, não duvidem que eu o farei. – disse e saiu da classe.
E assim, os alunos ficaram sozinhos na classe.
Ao ouvirem isso, mesmo os rapazes ficaram preocupados.
Afinal, e se ele fizesse o que realmente prometeu?
Diante das circunstâncias, o melhor a fazer era não provocá-lo mais.
Mas ainda assim, a rivalidade com o professor, não estava resolvida.
Isso por que, sempre que ouviam das meninas que Fábio era um professor muito interessante e legal, eles logo retrucavam:
-- Ah, ele nem é tão bonito assim.
-- É. E eu nem sei o que vocês viram nele. – emendava outro.
Por isso, sempre que as garotas ficavam tecendo comentários a respeito da beleza do professor, eles logo criavam defeitos para ele.
Alegavam que ele era muito mais velho que qualquer um deles, que estava por fora das novidades, que o papo dele era muito cansativo, e que a aula dele nem era tão boa assim.
Mas, mesmo assim, nos dias seguintes, para espanto de Fábio, não houve nenhum problema em classe.
Prevenidos sobre a possibilidade de o professor levar o assunto para a direção, os garotos resolveram se acalmar.
Todavia, não fosse a apatia de Leonora, tudo estaria bem.
Isso por que, ao contrário das semanas anteriores, a moça não estava tão atenta as aulas, como antes.
Dedicada e atenta, sempre respondia as indagações do professor, assim como procurava participar ativamente das outras aulas.
Sim por que, Leonora, ao contrário de boa parte de suas colegas de escola, adorava as aulas de literatura, geografia, etc.
Por isso também em oposição a suas colegas, costumava participar das aulas.
Enfim, era uma aluna dedicada.
Fábio, ao perceber o desinteresse da moça pela aula, ficou preocupado.
Tal comportamento se deu, em razão dos últimos acontecimentos que sucederam em sua vida.
Leonora estava tendo problemas.
Certa vez a moça, ao voltar para casa, depois de um passeio com colegas e amigos, percebeu que alguém a seguia.
Preocupada, logo que percebeu isso, começou a caminhar apressadamente.
Mas seu perseguidor, ao perceber que ela apertava o passo, também passou a andar mais depressa.
A moça, ao ouvir o barulho dos passos, passou então a correr.
Nisso, o rapaz que a seguia, fez o mesmo.
Com isso, Leonora passou a correr mais e mais depressa.
Mas, por mais que corresse, parecia que o rapaz estava mais e mais próximo.
Sua sorte foi que, em certa altura, um conhecido a abordou.
Estranhando a aflição da moça, foi logo a convidando para entrar em sua casa, para conversarem sossegadamente.
Nisso, o rapaz que a seguia, ao perceber a aproximação de um conhecido da garota, tratou logo de sumir dali.
E Rogério, um antigo amigo de Leonora, preocupou-se ao vê-la tão intranqüila.
Afinal, Leonora estava sempre tão calma.
Percebendo-a tão nervosa foi logo lhe oferecendo água com açúcar.
Assim, foi até a cozinha e lhe preparou a água.
Em seguida, foi até a sala e ofereceu a água.
No que a moça bebeu o conteúdo do copo.
Ao terminar de beber a água com açúcar, a moça explicou que alguém a seguia.
Isso por que, ao retornar para sua casa, percebeu que alguém a acompanhava.
Por isso, tratou logo de apertar o passo e aumentar o ritmo de seu caminhar.
Mas, para seu desespero, a pessoa que a seguia também aumento o ritmo de suas passadas.
Com isso, ao perceber que a pessoa não desistira de continuar a segui-la, passou então a correr.
Mas, também não adiantou, pois quem a seguia começou igualmente a correr.
Por esta razão, a perseguição só acabou quando ele apareceu.
Assim, só restava a Leonora agradecer o rapaz, o que fez depois de lhe explicar o que estava acontecendo.
Ao ouvir as explicações de Leonora, Rogério, preocupado com o que havia ocorrido, se prontificou a acompanhá-la até sua casa.
Muito embora a moça não morasse muito longe dali, diante do que ocorrera minutos atrás, não havia como deixá-la voltar sozinha para casa.
Assim, depois que a moça se acalmou um pouco, Rogério tratou de levá-la para casa.
Com isso, embora não tenha chegado tarde, seus pais, ao constatarem que já passava das quatro horas da tarde, ficaram preocupados.
Por isso, logo que Leonora chegou em casa, estes lhe indagaram sobre o que tinha ocorrido para ter chegado tão tarde.
Mas, esta, chateada que estava com o que tinha ocorrido, não quis saber de conversa, foi logo para seu quarto, e de lá só saiu no dia seguinte.
Não saiu de lá nem para jantar, muito embora seus pais tenham insistido para que ela saísse do quarto e conversasse com eles.
Seu Clóvis e Dona Leonilde estavam preocupados com Leonora.
Mas, de nada adiantou a insistência dos mesmos, para que a moça saísse do quarto.
Leonora ficou o restante da tarde e durante toda a noite, reclusa.
Entretanto mesmo depois de uma longa noite pensando em como faria para evitar que o incidente se repetisse, não conseguiu encontrar nenhuma solução.
E de tão triste, seus pais perceberam que estava demudada.
Mas, novamente a garota não quis saber de conversa.
Mesmo preocupados Dona Leonilde e Seu Clóvis, nada podiam fazer.
Pacientes, esperariam que Leonora resolvesse conversar com eles.
Contudo, apesar do passar dos dias, nada mudava.
Cada vez mais reclusa em seu quarto, seus pais não sabiam mais o que fazer para animá-la.
Sempre que sugeriam dar um passeio, Leonora rejeitava a proposta.
Além disso, sempre que Dona Leonilde e Seu Clóvis tentavam conversar com a filha sobre o que estava acontecendo, esta lhes respondia com evasivas.
Enfim, conforme os dias foram se seguindo, Dona Leonilde e Seu Clóvis ficaram cada vez mais apreensivos.
Muito embora soubessem que havia algo errado, não sabiam como proceder.
Foi então que após procurarem Rogério, o rapaz, percebendo a preocupação de ambos, resolveu falar.
Comentando então, sobre o estranho homem que a seguira, Dona Leonilde e Seu Clóvis ficaram deveras preocupados.
Afinal de contas, se alguém a estava seguindo, eles deviam tomar alguma providência, visando evitar que ocorresse um dano maior.
Nesse ponto, até mesmo o rapaz foi obrigado a concordar.
Assim, Rogério, preocupado com o comportamento de Leonora, aconselhou seus pais, a tentarem descobrir se algo teria acontecido, ou mesmo se ela conhecia o rapaz.
Isso por que, apesar do susto que Leonora sofrera, achava um tanto estranho o comportamento da moça.
Afinal de contas, se realmente havia alguém seguindo-a, o primeiro cuidado que ela deveria ter tomado após chegar em casa, era ter chamado a polícia.
Assim, advertidos pelo rapaz do que se sucedera com Leonora, Seu Clóvis e Dona Leonilde foram imediatamente até a Delegacia.
 Ao lá chegarem, os pais de Leonora foram conversar com o delegado.
Afirmaram que sua filha havia sido seguida dias atrás, por um sujeito desconhecido.
Contudo, ao serem atendidos pelo delegado, este afirmou que não havia com que se preocupar.
Afinal de contas aquela era uma cidade demasiado tranqüila.
Assim, apesar do cuidado dos dois em relatar a polícia que Leonora estava sendo seguida, o delegado não tomou nenhuma medida.
Simplesmente recomendou a eles que não deixassem a garota sozinha.
Que esta sempre que fosse sair, que fosse acompanhada por alguma colega.
Contudo, se isso tornasse a acontecer, deveriam informar imediatamente a polícia.
Por esta razão, Dona Leonilde e Seu Clóvis, demasiado assustados que estavam com os fatos ocorridos com a filha, resolveram que não iriam esperar mais para comentarem com a filha sobre o que teria se sucedido.
Com isso, depois que voltaram da Delegacia, foram até o quarto de Leonora.
Mas esta, ao ser interpelada pelos pais, mais do que depressa, desconversou.
Não queria falar com eles.
Seu Clóvis no entanto, não se deu por vencido, e insistiu com a filha.
Preocupado, queria saber o que estava acontecendo.
Além disso, sabia que ela lhe contasse tudo o se sucedera, ele poderia ajudá-la.
Mas Leonora não quis saber de conversa.
Aborrecida, disse não houve nada de mais, só que ela não gostou do incidente.
Seu pai, todavia, não ficou nem um pouco convencido com suas explicações.
Isso por que, tudo demonstrava que Leonora escondia algo de seus pais.
-- Mas o quê? O que teria se sucedido para que Leonora ficasse tão triste e tão nervosa? – Perguntavam-se Seu Clóvis e Dona Leonilde.
Tudo isso em razão do comportamento arisco da moça, pois, toda vez que seus pais tentavam lhe falar, esta lhes respondia que queria ficar só.
Assim, Leonilde e Clóvis não tinham como conversar sobre o assunto.
Do jeito que Leonora estava triste, comentar sobre o incidente só a tornaria ainda mais arredia.
Por conta disso, chegaram até a pensar que talvez tivesse mais algum problema sério perturbando a tranqüilidade da moça.
Talvez algum problema na escola.
Mas, não sabiam ao certo.
Para piorar, conforme os dias se seguiam, mais e mais se denotava a tristeza da moça.
Por isso, Fábio, ao constatar que a situação se agravava, foi logo se aproximando da moça, com o intuito de ajudá-la.
Isso por que, sabia que algo errado estava acontecendo.
Assim, ao término da aula, ao perceber que a moça arrumava seu material, para sair, pediu a ela que esperasse um pouco, antes de ir embora.
Ao ouvir o pedido do professor, assentiu com a cabeça, concordando.
Com isso, ao terminar de arrumar as suas coisas, foi até a mesa do professor e perguntou:
-- Sim, o que senhor quer falar comigo, professor?
-- Nada de mais. Eu só quero saber por que a senhorita está tão desatenta a minha aula?
-- Eu não estou desatenta. – retrucou a moça.
-- Me desculpe mas está sim. Já faz alguns dias que a senhorita não presta atenção nas minhas aulas. O que está acontecendo? Quem sabe eu possa te ajudar?
-- Não é nada professor. Me desculpe, prometo que não vou mais ficar distraída em suas aulas.
-- Leonora, a questão não é essa. Mas tudo bem. Eu não vou insistir, se a senhorita não quer falar sobre isso, eu vou respeitar. Em qualquer caso, se tiver algo que eu possa fazer a esse respeito, pode vir falar comigo. Eu vou estar sempre disponível. Está bem? Não tenha receio em me falar.
-- Está bem, professor. Obrigada. – respondeu já pegando seu material escolar e saindo da classe.
-- Tchau, professor.
-- Tchau. Até semana que vem.
E assim se encerrou a conversa entre os dois.
Tal fato contudo, não tranqüilizou nem um pouco o professor.
Isso por que, este em percebendo que algo estava indo mal, queria fazer algo para ajudar a moça.
Mas como, se a própria moça não queria lhe contar o que estava acontecendo?
O que poderia fazer?
Preocupado, pensou em chamar os pais da garota para conversar.
Quem sabe, eles soubessem como resolver o problema?
Mas, cauteloso, achava que seria precipitado chamar os pais de Leonora.
Afinal, o que poderia alegar para estar chamando-os?
Enfim, a situação era delicada.
Por isso, precisava agir, com o máximo de cuidado possível.
Mas, para sua surpresa, ao final de alguns dias, Leonora retornou as suas atividades normais.
Novamente participativa, nem parecia a mesma garota triste de antes.
Ao perceber isso, mais do que depressa, o professor se tranqüilizou.
Depois de ficar por todo o final de semana pensando em como chamar os pais da moça para uma conversa informal, não tinha mais com o que se preocupar.
Aparentemente estava tudo resolvido.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

Efemérides Brasileiras

Índios no Fim do Ano

Ouvi dizer, por estas paragens
Que os índios comemoravam
Logicamente à moda deles
O fenômeno do rompimento da aurora de um novo ano

Assim como se dera com os negros
Herdeiros de suas divindades originais
Que ofertavam ricas prendas aos seus orixás

Os índios também procediam de uma maneira especial
Em sua ritualística para celebrarem o novo ano
Primeiramente, preparavam suas canoas com belos adornos
E com delicado deleite para tão precioso momento

Trabalhando e trabalhando
Logo ao cair da tarde e ao surgir da noite alta
Alta e obscura, mal se via a lua, a Lua Jaci
E o pio da coruja que observava atenta os preparativos do ritual

Os índios, cônscios de seus deveres
Preparavam suas oferendas às suas divindades
E a partir daí saía a procissão que seguia rio adentro

Dentro de uma das canoas um rico altar ornado
Com grandes homenagens ao deus Tupã
À certa distância da margem, lançavam flores

Em homenagem ás suas mais ricas tradições
E após, seguiam novamente em direção as margens do rio
De onde iniciaram a procissão

Voltando aos negros

Os negros

Ah! Esses velhos escravos do preconceito
Que também se entregavam aos seus rituais
Oferendas à Yemanjá
Altares para suas divindades e celebrações aos seus orixás

Com oferendas e festejos
Perpetuando as lendas mais sagradas de seus ancestrais
Habitantes da misteriosa e distante África

Hoje, em todos os recantos do Brasil
A ritualística abre espaço para novas esperanças
Todos a seu modo celebram o reveillon

Data esta que recebe um tratamento todo especial
Trata-se de um momento em que se renovam as esperanças no futuro
Num mundo melhor

Todos acreditam que o novo ano vindouro será melhor
Bem melhor
Mas poucos se esforçam para que este desejo se concretize
No entanto, só cabe a nós a realização de nossos maiores sonhos
Por isso a todos, um feliz e próspero ano novo!

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citdada a fonte. 

 

Ao deus Netuno

Fascinação, encantamento, deslumbramento.
Nunca uma visão parecera tão maravilhosa.
No fundo do mar havia uma grande festa, todos foram convidados.
A todo o momento surgiam pessoas conduzindo seus elegantes cavalos-marinhos, cada qual mais belo que o outro.
O mar estava calmo, e os deuses pareciam estar felizes.
Todos confraternizaram, desde as humildes sardinhas, até as criaturas mais magníficas do mundo marinho, como os belos corais, que sempre enfeitaram o fundo do oceano com suas belas cores e formatos, e que muitas vezes, colocam em perigo a navegação dos desavisados.
Realmente, o mar apresenta muitos perigos para quem não o sabe respeitar.
Ademais, também compareceram as criaturas mais assustadoras dos mares, os tubarões, devidamente acompanhados das baleias.
Apesar da visão parecer assustadora, todos estavam em perfeita harmonia.
Não houve um único incidente que pudesse empanar o brilho de festa tão resplandescente.
Nenhuma única presa fora atacada por seu predador.
Os camarões e as lagostas, bem como os caranguejos, as outras espécies, todos puderiam ficar tranqüilos, e até mesmo entretidos em seus afazeres diários se o quisessem.
Os golfinhos faziam acrobacias magníficas enfeitando e abrilhantando ainda mais a efeméride.
Netuno, em sua linda carruagem, enfeitada de lindas algas e belos corais, assim como de reluzentes conchas do mar, parecia assistir a tudo satisfeito, afinal a festa fora feita em sua homenagem.
Todos os convivas estavam felizes, e tudo iria bem se não fora apenas um detalhe.
Qual detalhe?
Esqueceram-se da linda sereia.
Aquela que com seu lindo canto, envolvia os homens e os levava para o fundo do mar.
Enfurecida por ter sido esquecida, foi ter com o rei dos mares, Netuno.
Assim, no meio da festa – que estava maravilhosa, e onde havia sons de belas músicas ecoando pelos mares, se propagando através das ondas – apareceu magnífica, a bela sirena esquecida.
Radiante, ostentava uma exuberante diadema em sua fronte mítica.
As criaturas marítimas ficaram extasiadas diante daquela visão.
Todos queiram tocá-la, dançar com ela, e até mesmo quem sabe, invejavam a sua beleza.
A partir desse momento, todos passaram a disputar sua atenção.
E até que a simples disputa passou a dar ensejo a uma luta corporal.
Instituiu-se assim, uma contenda entre todos os convivas, que por fim, acabou por encerrar a comemoração.
Em razão do desfecho da festa, Netuno, o homenageado encolerizou-se e imputou a todos o castigo de serem perseguidos por seus respectivos predadores sem trégua por todo o período de suas existências.
Para a sereia, restou o castigo mais cruel.
Mesmo com toda sua beleza, não pôde escapar a ira do deus dos mares.
Seu castigo foi o de eternamente ser perseguida pelo que era, ou seja, por sua beleza.
Daí por diante, nunca mais teve paz por ser tão bela.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.