Poesias

quarta-feira, 17 de junho de 2020

COISAS DO BRASIL PARTE 2 – REGIÕES NORTE E CENTRO OESTE - CAPÍTULO 8

CAPÍTULO 8

Em seguida o pajé passou a contar sobre a ‘Lenda das Amazonas‘:
Em 1542, Frei Gaspar de Carvajal, escrivão da frota espanhola de Francisco Orellana, ao penetrar num enorme rio brasileiro, que ele chamou de "Mar Dulce", encontrou mulheres guerreiras, tendo sido por elas atacado.
O medo foi tanto que o frade escriba, ao vê-las jovens, belicosas, nuas, chegou a afirmar que queimavam um dos seios para melhor manejar o arco e a flecha.
Confundiu-as com o mito grego das Amazonas.
E o grande rio foi batizado como: - o Rio das Amazonas, Rio Amazonas.
Contam que no Reino das Pedras Verdes somente vivem mulheres - as Amazonas.
Trabalham muito.
Caçam, pescam.
Fazem cerâmica, redes, tecido, enfeitados de penas.
Trabalham na roça.
Fazem armas.
É uma comunidade onde todos possuem tudo em comum.
A direção está nas mãos de uma das Amazonas, que exerce também função religiosa, dirigindo as festas.
Seu reinado é curto, somente as virgens de vinte a vinte e cinco anos, podem disputar a chefia das Amazonas.
A cada cinco luas cheias, no mês de abril (cinco anos), há renovação do comando das Amazonas.
As Amazonas fazem um amuleto famoso - o muiraquitã.
É uma raridade.
Os próprios índios afirmam que não sabem como fabricá-lo.
Dizem que o muiraquitã vem de um lugar muito distante, da terra das mulheres sem marido, do país das mulheres guerreiras ...
Em um lago enorme - jaci-uaruá, no mês de abril de todos os anos, quando a lua cheia aparece, as Amazonas mergulham no lago e do fundo trazem um punhado de barro.
Com este barro limoso modelam figuras: peixes, rãs, tartarugas.
O mais comum é a rã, símbolo de fertilidade.
O amuleto é perfurado para ser usado no pescoço.
O barro tem que ser modelado depressa, ainda debaixo da água, porque o luar faz endurecer o limo verde.
Nesta mesma noite elas recebem a visita dos homens de uma tribo vizinha.
É a noite nupcial.
Só os índios que já lhe deram uma filha, recebem o muiraquitã.
Os que lhes deram um filho terão que levar o menino para a sua aldeia, porque entre as Amazonas só vivem mulheres.
Os índios contam assim.4
Os índios, ao ouvirem a narrativa do pajé, ficaram impressionados.
Afinal de contas, como ele podia saber tantas coisas? 
Isso por que, além do conhecimento da cultura indígena, o pajé sabia também, da história dos brancos, e em detalhes.
Coisa rara por aquelas paragens.
Nisso o pajé comentou que durante alguns anos, chegou a conviver com alguns brancos.
Foi durante esse período em que foi aculturado pelos brancos, que passou a conhecer a histórias dos portugueses.
Porém, muito embora lhe tivessem ensinado muitas coisas, os brancos eram tremendamente cruéis.
Foi nesse momento que o pajé comentou que pôde ver de perto a maldade dos brancos.
Cauteloso, não entrou em detalhes, mas comentou que já viu pessoas morrendo nas mãos dos brancos.
Por isso mesmo, insistia com os índios para que tivessem cuidado com os brancos, pois os mesmos eram perigosos.
Com isso, encerrou-se o assunto, e o pajé continuou a contar histórias para os índios.

4 Texto de Alceu Maynard Araújo. Extraído do site: http://www.terrabrasileira.net/folclore/regioes/3contos/amazonas.html.

Texto retirado de artigos da internet sobre o folclore brasileiro, e de guias de viagens sobre o Brasil. 

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte. 

COISAS DO BRASIL PARTE 2 – REGIÕES NORTE E CENTRO OESTE - CAPÍTULO 7

CAPÍTULO 7

Quanto a lenda do Jaguarari, o pajé contou então que este era um moço índio.
Ele era muito forte, tão forte como a onça.
E se houvesse uma luta entre os dois, não se sabe quem saíria ganhando.
Era, também, muito corajoso e os outros moços índios morriam de inveja dele.
Os velhos gostavam dele, porque era bondoso.
As moças, então, viviam elogiando sua elegância, sua força, sua ligeireza!
E é claro que ele se sentia feliz.
O índio Jaguarari gostava de remar e possuía uma canoa muito bonita.
Mas bonita mesmo!
Feita com todo o capricho.
Quando ele passava, remando, as aves da beira do rio não fugiam.
Ao contrário, esticavam o pescoço o mais que podiam para vê-lo passar.
Para pescar e caçar não havia outro!
Não tinha nem graça!
Enquanto os outros índios se cansavam, correndo pela selva atrás de algum bicho, Jaguarari caçava quantos queria.
Depois, pedia aos jovens índios que o ajudassem a carregar os animais que havia caçado.
E eles, embora tivessem inveja de Jaguarari, não conseguiam resistir ao seu pedido, tão grande era sua simpatia.
Como o moço era bondoso, ainda repartia os animais abatidos com os amigos, proibindo-os de contar aos outros índios quem os havia caçado...
Um dia, ele partiu bem cedo para a caça.
Ia sozinho.
A manhã estava linda.
De toda parte, saíam gritos, pios, cantos, saudando o sol que transformava tudo em vida e alegria.
O moço índio sentia-se mais feliz do que nunca, e não parava de admirar as maravilhas que encontrava: as aves voando perto das águas tranqüilas do lago... o colorido das flores... as teias de aranha cobertas de orvalho, parecendo tecidas com fios de prata...
Quanta beleza!
Entusiasmado, ele resolveu passar o dia na floresta.
Só voltaria à aldeia quando começasse a anoitecer.
Queria aproveitar bem aquele dia maravilhoso.
Por isso mesmo, foi entrando pela selva, até alcançar lugares que ainda não conhecia.
Em tudo encontrava a mesma vida e a mesma beleza, que pareciam nascer da luz do sol.
Foi então que encontrou um lago muito bonito, o mais bonito que ele já havia visto.
Tinha uma superfície tão calma e cristalina, que parecia ser de vidro.
Não resistiu e resolveu dar um mergulho.
Como sempre, as aves que se achavam nas margens não fugiram.
Ao contrário, chegaram mais perto do lago, para ver melhor o moço índio.
Depois de se banhar demoradamente, Jaguarari deitou-se à beira do lago e ficou admirando a beleza do céu.
Ficou assim horas, completamente esquecido do que pretendia fazer.
Quando se lembrou, deu um salto, apanhou o arco, as flechas e partiu para a caça.
Não queria caçar muito, pois estava longe de sua aldeia.
E ficou por ali, caçando, até sentir fome.
Preparou e comeu uma das caças e, sentindo sono, deitou-se para descansar um pouco.
Adormeceu profundamente.
Quando despertou, viu que o dia já estava terminando.
Apressou-se em voltar à aldeia.
Mal começou a andar, ouviu um canto que o deixou maravilhado.
Nunca ouvira nada tão bonito, antes.
Deixava longe o canto do uirapuru!
Jaguarari, encantado, queria conhecer a ave que cantava assim, mas já era tarde.
Precisava ir embora, mas o canto era tão bonito!
Poderia voltar outro dia...
E não conseguia afastar-se.
Sem perceber, foi andando na direção da doce e mágica melodia.
Afastando cipós e folhagens, sem ligar para o perigo que podia encontrar, foi seguindo, como que puxado por uma corda invisível.
Não demorou muito, chegou, por outro caminho, ao lago onde havia nadado.
E viu a Iara.
Era realmente a Iara.
Tinha um rosto tão lindo, que o moço ficou impressionado.
Sempre atraído, ele já estava quase dentro da água.
Lembrou-se, porém, do que os velhos costumavam contar sobre a Iara, e se agarrou desesperadamente ao tronco de uma árvore, à beira do lago.
A Iara, que já o tinha visto antes, quando ele estava nadando, queria levá-lo para o fundo das águas.
Como não gostava da luz do dia, esperara entardecer para atrair o moço com o seu canto.
Jaguarari, por ser forte, muito forte, conseguiu resistir, agarrado ao tronco da árvore.
Depois, segurando os cipós que havia por perto, conseguiu afastar-se do lago.
Percebeu, então, inúmeros animais e aves, paralisados pelo canto da Iara.
Estavam tão hipnotizados, que nem perceberam a sua passagem.
Quando chegou à aldeia, sua mãe notou que ele estava diferente.
-- Que aconteceu? - perguntou-lhe. Você foi atacado por alguma fera?
-- Não, minha mãe. Nada me aconteceu.
-- Mas você está tão esquisito! Nunca o vi assim!
-- É apenas cansaço. Estive muito longe e precisei andar depressa, para que a noite não me pegasse na floresta.
-- Ainda bem. Pensei que fosse coisa mais grave.
No dia seguinte, porém, ele continuou preocupado e triste, bem diferente do que havia sido até então.
Todos estranharam e queriam saber o que lhe havia acontecido.
Muitos acreditavam que ele estava sendo vítima de Jurupari, o espirito do mal, pois o moço não ligava para mais nada.
Apenas continuava a caçar e a pescar.
Só que não trazia mais bichos e peixes, como antes.
Agora, trazia apenas algum bichinho e dois ou três peixes, quando muito.
Ele ficava a maior parte do tempo na beira do lago, para tornar a ver a Iara.
Estava completamente enfeitiçado.
A Iara, porém, não aparecia mais.
E o moço ficava ali, atento, procurando perceber algum movimento na água ou ouvir algumas notas de seu maravilhoso canto.
A mãe dele é que não conseguia descansar.
Ficava à espera do filho e, todas as vezes que lhe perguntava o que estava acontecendo, a resposta era sempre a mesma:
-- Nada. Apenas estou cansado.
Justo ele, que antes não gostava de ficar na floresta quando escurecia, voltava agora muitas horas depois de ter anoitecido.
E, desde aquele dia, não aceitou mais a companhia de ninguém.
Os dias foram passando e cada vez Jaguarari parecia mais triste e desanimado.
Tanto sua mãe insistiu, que, uma noite, ao voltar do lago, ele lhe contou:
-- Vi a Iara, minha mãe. Num lago, bem dentro da floresta. É a moça mais linda que já me apareceu. Não existe outra igual. Seu canto é tão bonito, que não consigo esquecê-lo. Preciso vê-la outra vez e, novamente, ouvir a sua voz maravilhosa!
A pobre mãe pôs-se a chorar:
-- Fuja da Iara! - pediu-lhe. – Ela conseguiu enfeitiçá-lo e você será morto, se não se afastar dela!
Ele então foi para a rede, mas não pôde dormir.
A lembrança do canto da Iara roubara-lhe o sono.
No dia seguinte, ouvindo o conselho da mãe, Jaguarari não saiu da aldeia.
À medida, porém, que a tarde ia caindo, ele foi ficando impaciente.
Não conseguia conter-se.
Precisava ir até o lago!
Como era tarde demais para atravessar a floresta, tomou uma canoa e começou a descer o rio.
Os que estavam por perto pensaram que ele ia pescar.
De repente, um índio gritou:
-- Ei, Jaguarari não estava sozinho? Pois agora não está mais! Vejam!
Ao longe, avistava-se Jaguarari de pé, na canoa, em companhia de uma moça.
Era a Iara.
Foi a última vez que alguém o viu.3

3 Sociedade e Cultural - Enciclopédia Compacta Brasil - Larousse Cultural - Nova Cultural – 1995. Texto extraído do livro Histórias e Lendas do Brasil (adaptado do texto original de Gonçalves Ribeiro). - São Paulo: APEL Editora, sem/data.  

Texto retirado de artigos da internet sobre o folclore brasileiro, e de guias de viagens sobre o Brasil. 

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte. 

COISAS DO BRASIL PARTE 2 – REGIÕES NORTE E CENTRO OESTE - CAPÍTULO 6

CAPÍTULO 6

Iara, figura lendária conhecida como Mãe-D'água, é bastante conhecida dos índios.
Essa entidade, loira e muito bonita – a mãe-d'água –, atrai os pescadores, ou quem quer que se aproxime de rio ou praia à noite, e leva o pretendente a afogar-se por conta da fascinação que causa nos mesmos.
Estes, encantados com a Iara, partem em seu encalço, em busca de diversão.
Em algumas comunidades é reputada como protetora das águas e pescas.
Sendo meio peixe e meio mulher, apresenta-se a pentear os cabelos, a cantar ou mesmo conversar com algum passante.
Encantado e quase que sob efeito hipnótico, o pretenso parceiro mergulha nas profundezas da água, onde sufoca e morre.
A Iara é uma bonita moça que vive na água, contam os índios.
Dizem que é tão linda, que ninguém resiste ao seu encanto.
Costuma cantar com uma voz tão doce, que atrai as pessoas.
Quando se percebe, já é tarde.
Ela arrasta a vítima para o fundo das águas.
Os índios têm tanto medo da Iara, que, ao entardecer, evitam ficar perto dos lagos e dos rios.
Receiam ser atraídos por ela.

Texto retirado de artigos da internet sobre o folclore brasileiro, e de guias de viagens sobre o Brasil.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

COISAS DO BRASIL PARTE 2 – REGIÕES NORTE E CENTRO OESTE - CAPÍTULO 5

CAPÍTULO 5

E por esta razão, todos na aldeia iam se deitar cedo.
Para que no novo dia que iria se iniciar, estivessem dispostos para trabalhar.
Por isso, se levantavam cedo, muito antes do sol se mostrar inteiro.
Quando então o astro-rei finalmente aparecia, inteiro, dando o ar de sua graça, os índios já estavam trabalhando há algumas horas.
Enfim, era uma pesada jornada de trabalho que enfrentavam sempre.
Dia após dia, não havia descanso para os índios.
Como não tinham como preservar os alimentos, constantemente os homens saíam para caçar e pescar.
E as mulheres, diariamente cuidavam de suas ocas e da repartição dos alimentos entre os membros da tribo.
Aliás, esta era uma filosofia que o pajé seguia e impunha severamente aos índios.
Tudo que fosse caçado, cultivado, criado, tudo sem exceção, deveria ser partilhado com os demais membros da tribo.
Nesse sistema de comunidade em que os índios viviam, até os idosos, diferentemente de outras organizações sociais, eram respeitados.
Aliás, os homens mais velhos da aldeia, passavam a organizar os índios mais jovens.
Eram ouvidos, e suas palavras eram lei entre os índios.
O pajé, aliás, era um desses homens de mais idade e experiência, e que por isso conhecia toda a sorte de segredos e lendas de sua tribo.
Respeitado, era o chefe dos demais índios.
E assim, impunha aos membros da tribo, o afastamento do colonizador, o homem branco.
Severo, não admitia qualquer espécie de contato com eles.
Todos os índios deveriam permanecer nas matas.
Isso tudo, para que se preservasse a tribo.
O pajé, temia que se houvesse uma aproximação com os brancos, os índios e sua tribo, fatalmente seriam dizimados.
E ele, ressabiado, não queria correr o risco.
Como já havia convivido com os brancos, sabia de sua crueldade e falta de escrúpulos.
Assim, não queria novamente se envolver, com que ele denominava ‘raça maldita’.
Porém, por mais que os índios desejassem saber o que os brancos haviam feito de tão ruim, o pajé se recusava a comentar.
Dizendo que os brancos cometerem terríveis atrocidades, o pajé alegava que não tinha coragem de comentar tudo o que havia visto.
E assim, nenhum branco sabia onde viviam estes índios.
Dessa forma, os índios viviam em paz.
Longe da presença nefanda do homem branco, os índios viviam felizes em sua aldeia, caçando, pescando e vivendo.
Suas vidas eram simples, mas eram felizes.
E o pajé, desejoso de que essa tranqüilidade fosse perene, fazia de tudo para preservar os índios.
E isso era muito bom.
Assim, mais um dia transcorreu na vida dos índios.
Depois de um longo dia para todos, os índios se reuniram diante do pajé, que a partir de então, passou a contar-lhes as mais belas histórias que conhecia sobre os índios.
Primeiramente, passou a falar da Iara.

Texto retirado de artigos da internet sobre o folclore brasileiro, e de guias de viagens sobre o Brasil.

Luciana Celestino dos Santos
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COISAS DO BRASIL PARTE 2 – REGIÕES NORTE E CENTRO OESTE - CAPÍTULO 4

CAPÍTULO 4

Segundo ele, esta história explicava a origem da noite.
Espantados, alguns índios perguntam então, se antes, não havia noite.
No que o pajé, lhes disse que não.
Disse ainda, que a noite estava adormecida dentro de um coco, o qual dois índios estavam encarregados de cuidar.
E durante algum tempo, executaram a tarefa com maestria.
Zelosos, cuidaram muito bem do coco.
Contudo, devido a curiosidade que tinham, curiosidade que pode ser a mãe de muitas desgraças, os índios começaram a se perguntar – porque tinham que cuidar tão zelosamente do coco?
Por que não o podiam abrir?
E assim, tentados a descobrir o que havia dentro da fruta, passaram a espiar o que havia dentro do coco.
No entanto, não conseguiram ver nada.
Era como se o coco tivesse sido lacrado.
Diante disso, não lhes restava outra alternativa senão, abrir o coco para ver o que tinha dentro.
E assim, tentaram abrir cuidadosamente o coco.
Entretanto, dada a robustez do fruto, a única forma de abri-lo seria o lançando com toda a força ao chão.
Diante disso, os índios atiraram o coco no chão.
Neste instante, descobriram o que havia dentro da fruta.
Espantosamente, começou a sair de dentro da fruta, uma escuridão profunda, que lhes causou encantamento.
Contudo, mais e mais, a escuridão passou a invadir o horizonte e ocultar toda a natureza que estava envolta deles.
A partir deste momento, os índios começaram a se apavorar.
Conforme a noite surgia, vinha com ela, seus elementos integrantes.
Junto a noite, surgiu a lua as estrelas, e as criaturas que vivem deste momento.
Isso fez os índios ficarem mais e mais apavorados.
Como não conheciam esta entidade mágica, ficaram desesperados, e assim, passaram a temer a noite.
Com isso, a noite tomou conta de tudo.
Em todo lugar se deu a escuridão.
Muitos índios acreditaram que seria a última noite deles vivos.
Mas não foi o que aconteceu.
Muito embora, os dois índios descuidados tenham libertado a noite e todos os seus males, os outros índios, nada tinham a temer.
Não deviam ser castigados.
Contudo, os vigias, que tentaram debalde restituir a noite ao coco, estes tiveram sua punição.
Afinal, como ousaram descumprir a ordem que lhes foi dada de vigiarem o coco, tinham que receber um castigo.
Nunca deveria tê-lo aberto.
Tal atitude afrontou a ira dos deuses e por isso, os dois deviam ser castigados.
E o pajé, assim o fez.
Por conta da desobediência, transformou os dois índios em macacos.
Como castigo pelo ato impensado que praticaram, passariam a ter a forma de símios e viveriam por entre as árvores, como bichos.
Nunca mais voltariam a ser índios novamente.
E foi o que aconteceu.
Como castigo, vivendo como macacos, nunca mais puderam voltar para a aldeia. 2
Aproveitando a oportunidade, o pajé disse o seguinte:
-- Isso é um aviso para que vocês curumins sejam cautelosos. A curiosidade deve ter limites. Quando extrapolamos o limite do bom senso, é por que já fomos longe demais. Nesse momento devemos frear nossa curiosidade. Isso é importante para nossa segurança. Ouviram bem, curumins? Vocês não devem ir além do que é seguro para vocês. Isso é sério.
Nisso, o chefe da aldeia mandou todos se recolherem para suas ocas.
E assim era sempre.
Quando a noite se aproximava, todos deviam se recolher.
Em respeito a Lua – Jaci, a senhora mãe dos índios, nenhum deles ousava enfrentá-la.
E por temerem a noite, deviam se recolher.
Ademais, por não terem acesso a qualquer sistema de geração de energia, não tinham como ficar acordados até altas horas.
Não tinham a luz natural para continuarem trabalhando.
Assim, não lhes restava mais nada, senão dormir.

2 Criação da autora, baseada em um quadrinho de Maurício de Souza. (Turma da Mônica)

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Luciana Celestino dos Santos
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COISAS DO BRASIL PARTE 2 – REGIÕES NORTE E CENTRO OESTE - CAPÍTULO 3

CAPÍTULO 3

Com isso, ao término da história, calmamente contada pelo pajé, todos deveriam ir para suas ocas e dormirem.
Contudo, os curumins, sequiosos por novas histórias, teimavam em não ir para suas moradas.
O pajé, percebendo isso, advertiu-os de que se não o fizessem, não poderiam ouvir as novas histórias que ele ía contar no dia seguinte.
Diante disso, temerosos de que o castigo se aplicasse, os indiozinhos trataram logo de ir para suas ocas, acompanhados de seus pais, e lá ficaram a dormir, o sono dos inocentes.
E a sonhar com mais um dia de brincadeiras e banhos no ribeirão.
Sonhavam também com as caçadas que algum dia iriam fazer.
Enfim, esperavam ansiosos, esperando o dia em que deixariam de serem simples crianças, para viverem como grandes índios.
O dia em que cumpririam o rito de passagem.
Mas isso era apenas um sonho distante.
Nisso, no dia seguinte, novamente tudo se repetiu.
As mulheres cuidaram das ocas, olharam as crianças e fizeram trabalhos artesanais com palha e barro.
Já os homens saíram para pescar, e também caçar.
O pajé tomou conta da aldeia e alguns auxiliares, cuidaram da plantação.
Os indiozinhos maiores, auxiliaram suas mães nos cuidados com os irmãos menores, e também ajudaram em algumas atividades domésticas.
E, ao cair da tarde, se dirigiram para o rio e lá ficaram a se banhar a tarde inteira.
Alegres, brincavam na água.
E este foi o momento de reunião de todos os curumins da aldeia.
Algumas vezes, os homens, retornando de suas caçadas, resolviam entrar também nas águas do rio e se banharem.
E assim, ficam a fazer companhia as crianças.
Contudo, conforme mudava a posição do sol no horizonte, que neste momento estava se pondo, todos se deram conta de que já era hora de retornarem a aldeia.
Era hora de voltarem.
Logo deveriam se recolher.
Mas antes, cearam e ouviram uma nova lenda, que foi contada pelo pajé.
Assim, só depois de cumprirem esta rotina, é que poderam se recolher.
E novamente, depois da ceia, o pajé reuniu todos os índios ao redor de uma fogueira, e começou a lhes contar uma história.

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Luciana Celestino dos Santos
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COISAS DO BRASIL PARTE 2 – REGIÕES NORTE E CENTRO OESTE - CAPÍTULO 2

CAPÍTULO 2

Durante a noite, a tribo se reúne ao redor de uma fogueira, e o pajé lhes conta histórias de sua tradição.
Preocupado, não quer a tradição se perca, e assim começa mais uma curiosa narrativa.
A história começa assim:
Certa vez, um indiozinho, como tantos outros que havia na aldeia, havia se encantado com a lua.
A lua, tão branca, tão brilhante, tão atrativa.
Tudo nela o encantava.
E assim, noite após noite, ficava a observar a lua.
Conforme as noites passavam, percebia que a lua modificava suas formas.
Ora era esférica, ora somente um arco perdurado no céu.
Mas, por mais misteriosa que a lua fosse, mais se sentia fascinado por ela.
E assim, muito embora se sentisse feliz por isso, sabia que seu amor não poderia ser concretizado, já que ela estava tão longe.
Pensando nisso, criou inúmeras estratégias para tentar se aproximar dela.
Planejou subir até uma palmeira, e achou que assim, alcançaria sua amada.
Tentou tantas vezes se aproximar da lua, mas nunca conseguiu de fato.
Um dia, tristonho, acabrunhado, desencantado, pensou em desistir do seu amor e tentar se apaixonar por alguém de sua tribo.
Contudo, ao ver refletida num lago a bela imagem da lua, esqueceu-se de sua tristeza, e novamente desejou encontrá-la.
Enfeitiçado por sua beleza, chegou a acreditar que a lua havia repousado nas águas do lago, só para que ele pudesse alcançá-la.
E assim, faceira, esperava-o na beira do lago. Feliz, fez todo o possível para tirá-la para fora do lago.
Todavia, como tal tarefa seria impossível, resolveu, como bom nadador que era, atirar-se nas águas e resgatar sua amada de lá.
E assim o fez.
Mais que depressa, atirou-se no lago e foi ter com sua amada.
Finalmente poderia concretizar seu amor.
Contudo, ao invés de retornar das águas, trazendo sua querida consigo, só lhe restou viver no lago.
Tragado pela forte correnteza, não conseguiu voltar a tona.
Estava aprisionado.
E assim, passaria a eternidade.
Preso em suas águas.
Com isso, não podendo viver ao lado da lua, só lhe restava sua companhia noturna.
Quando então a lua aparecia no céu, o indiozinho logo aparecia no lago para brincar, e lhe fazer companhia.
Caprichosa, a lua gostava de sua companhia.
Embora não o pudesse tocar, sentia-se menos só com sua presença.1

1 Criação da autora.

Texto retirado de artigos da internet sobre o folclore brasileiro, e de guias de viagens sobre o Brasil.

Luciana Celestino dos Santos
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