Poesias

sábado, 18 de abril de 2020

Núcleos Urbanos: Vila Nova ou Vila Martin Smith

Com a construção da segunda obra de subida e descida da serra, o núcleo original se estendeu para as áreas vizinhas ao longo do vale.
Essa expansão urbana teve um controle mais rígido e planejado, dando início à implantação de um modelo urbano projetado: a Vila Nova ou Vila Martin Smith.
Esse novo conjunto projetado pela Companhia, formava um sistema disciplinarmente organizado através de uma técnica de aglomeração dispostas hierarquicamente, e conforme um arranjo que definia o desenho das habitações.
Isto vinha reforçar o aspecto britânico das construções já existentes, que eram
arquitetonicamente diferenciadas pela utilização de sistema construtivo em madeira, a maioria em pinho-de-riga, porém trazia novidades quanto ao sistema construtivo, pois as habitações possuíam uma tipologia pré-definida.

O Sistema Funicular: um Patrimônio Tecnológico
Os ingleses, aliados aos mais renomados engenheiros europeus, vieram ao Brasil executar o projeto de ligação da ferrovia entre o planalto paulista e a Baixada Santista na serra do Mar, cuja implantação foi dividida em duas fases distintas:
Primeiro Período: 1860 a 1899;
Segundo Período: 1900 a 1946.
O que aconteceu após 1946...

Instalação do 1o Sistema Funicular (Serra Velha)
Essa primeira fase, correspondeu à instalação da primeira ligação conhecida como Primeiro Sistema Funicular ou Serra Velha.
Este se constituía de quatro planos inclinados interligados por patamares, onde estavam instalados sistemas de máquinas fixas acionando cabos de aço ("tail end") que sustentavam locomotiva e composições na subida e descida da serra, numa extensão total de aproximadamente oito quilômetros.
Em 1864, estava pronto o primeiro trecho.
A 16 de fevereiro de 1867, o sistema foi inaugurado, em caráter provisório, com duas viagens diárias.
No término das obras, a grande maioria dos trabalhadores foi dispensada, ficando apenas aqueles necessários para a manutenção dos serviços de conservação da ferrovia, do maquinário e das operações de tráfego, dando origem ao vilarejo então denominado Alto da Serra, organizado nos limites ferroviários.
Ainda nessa época, o povoado da região não era muito mais que um acampamento e, segundo Celina Kuniyoshi, "esse caráter provisório se justificava na medida em que ficariam morando no Alto da Serra após a inauguração da estrada, apenas um número muito reduzido de empregados, que se encarregariam do tráfego local, dispensado portanto até a construção de uma estação.
Todavia, para a aceitação definitiva da linha por parte do governo, foi exigida a complementação das obras na Serra, demandando a permanência de grande número de operários, e também dos negociantes de víveres que abasteciam esses trabalhadores.
Essa população, por sua vez, constituiu um público para a linha férrea, e a Companhia resolveu então construir uma estação no Alto da Serra.
Como o desenvolvimento da lavoura cafeeira, cresceu o tráfego da estrada de ferro, estimulando a expansão do núcleo urbano de Alto da Serra para atender ao fluxo cada vez maior de passageiros e vagões de carga que aguardavam a descida (3 vagões apenas em cada viagem), ou a formação de um comboio para prosseguir viagem rumo a São Paulo e Jundiaí.
Apesar desse desenvolvimento, o Alto da Serra só deixou de ser um núcleo urbano acanhado, formado com casas de barro e sapé, no final do século XIX, quando a São Paulo Railway construiu o segundo funicular."

Instalação do 2º Sistema Funicular (Serra Nova)
Por causa da rápida expansão econômica da região planaltina, o escoamento da
produção de café foi tornando-se insuficiente, necessitando de novas alternativas, resolvidas a partir da construção do Segundo Sistema Funicular ou Serra Nova.
Este executava suas operações em cinco planos inclinados, por meio de cabos de aço contínuos que tracionavam as composições movidas por cinco máquinas fixas, assentadas nos patamares.
Para a circulação das composições, usava-se uma locomotiva de pequeno porte denominada "locobreque", que era dotada de um mecanismo de sapatas em sua parte de baixo, entre as rodas, que tracionava os cabos de aço.
Em fins de 1899, foram concluídas as obras do segundo plano inclinado, que foram inauguradas no início de 1900.
Em outubro deste ano, o segundo funicular começou a operar, sendo definitivamente entregue ao público, em 28 de dezembro de 1901.
O que aconteceu após 1946...
Em 1946, expirando-se o prazo de concessão de noventa anos, a Estrada de Ferro foi encampada pela União (decreto de 13 de outubro de 1946), passando a se denominar Estrada de Ferro Santos – Jundiaí.
Na década de 1960, começaram os estudos para o aumento da capacidade de trafégo Santos – Jundiaí, o que resultou na implantação do sistema de esteiras dentadas, construído exatamente em cima do traçado da Serra Velha.
Assim, inaugurava-se, em 1974, a chamada cremalheira-aderência, com tecnologia japonesa.
E um sistema de tração, parecido com a operação de escadas rolantes, com engrenagens que se juntam e se ajustam às locomotivas, que, além das rodas convencionais, possuem uma terceira roda dentada, no meio da composição, que se ajusta às cremalheiras.
Com o sistema aderência-cremalheira, desapareceu o primeiro plano inclinado
construído na década de 1860.
O Segundo Plano Inclinado continuou em atividade até 1982, sendo então desativado comercialmente.
O mesmo se deu, de 1896 a 1990, mais ou menos, no trajeto que corresponde à ligação do Quinto Patamar na Vila de Paranapiacaba com o Quarto Patamar, na Grota Funda, foi operado, precariamente, por funcionários de uma entidade civil denominada ABPF (Associação Brasileira de Preservação Ferroviária).
O qual se dava aos fins de semana, apenas para atender fins turísticos.
Paranapiacaba, portanto, pode ser considerado patrimônio de interesse
internacional pelos seus famosos sistemas funiculares de cabos de aço que tracionavam os trens: o primeiro, inaugurado em 16 de fevereiro de 1867, e o segundo, em 28 de dezembro de 1901.

"Julho é um mês terrível". 
O ex-maquinista José Arnaldo de Farias, baiano de Senhor do Bonfim, chegou em julho de 1947 a Paranapiacaba, e só foi descobrir que a vila tinha igreja, 29 dias depois.
"A cerração não deixava a gente nem vê a aba do chapéu" recorda ele, servindo mais uma cachaça a quem tem frio nessa manhã de julho de 1982.
Lá se vão, trinta e cinco anos, mas a cerração continua firme.
Às oito da manhã, no alto do morro onde fica o cemitério, a paisagem fica encharcada pela garoa gelada (...).
Embaixo, o barulho dos trens enfrentando a cremalheira, incomoda a parte alta da vial que não acordou ainda.
Paranapiacaba acorda tarde porque não há o que fazer, além do que fazem os
homens da ferrovia.
No bar do velho Manuel Maria Marques, o Maneco, 76 anos, um grupo de adultos assiste aos desenhos animados da tevê; quem passa toma café, conhaque ou fogo paulista, porque o frio zune nos ouvidos.
Português de Coimbra, o seu Maneco, vive aqui desde o dia 3 de setembro de 1930, quando Paranapiacaba chamava-se Alto da Serra e o movimento era grande.
A vila ferroviária que os ingleses haviam batizado de Vila Martin Smith tinha jardins floridos nos jardins dos quintais. Paranapiacaba era uma espécie de cidade – modelo."

Alto da Serra – Os Principais Referenciais: Estação do Alto da Serra
A velha estação do Alto da Serra possuía um aspecto original.
Sua torre que lembra o Big-Ben de Londres, era equipada com um relógio, cujos mostradores em algarismos romanos podiam ser vistos a longa distância.
Além da função visual, o relógio da estação também desempenhava importante papel como referencial "sonoro", pois estava localizado em uma torre elevada.
A estação de trem foi o primeiro referencial da Vila.
Desta forma, o trânsito local era obrigatório.
Assim, pela sua localização central na Vila, possuía características bastante originais, tendo, à princípio, desempenhado as funções de um "ponto de encontro".
Comenta Ferreira que: "o ponto principal de encontros para se tratar de um negócio, para se comentar sobre futebol, política ou outro assunto qualquer.
Era muito comum, quando saíamos de casa, que alguém nos perguntasse aonde iríamos e a resposta era quase sempre: Vou até a Estação.
As noites de sábado e domingo eram os dias de glória da Estação.
Durante o dia, o movimento já aumentava, mas, à noite, era impressionante o movimento em suas dependências; plataformas bastante largas ofereciam espaço para um grande número de pessoas, mas, mesmo assim, em alguns momentos, havia dificuldades em encontrar-se espaços vazios."
Esta estação, que se caracterizava por uma esplêndida arquitetura de estilo
vitoriano, teve projeto datado em fins do século passado e foi desenhada por engenheiros britânicos.
Ela veio desmontada para ser construída aqui.
A estação configurava um novo status para o quase acampamento de obras que constituía o então Alto da Serra.
A estação do Alto da Serra foi desativada em 1977 e já estava em processo de
demolição, quando sobreveio um incêndio em janeiro de 1981 e, dela, só restou a torre do relógio que, restaurada, foi integrada à atual estação.

Os Principais Referenciais: Passarela Metálica
A passarela metálica, construída em 1899 sobre o corredor ferroviário, onde se
localizavam a estação, o pátio e todos os equipamentos, estabeleceu o única ligação existente entre os dois núcleos da cidade.
Os Principais Referenciais: Clube União Lyra Serrano.
O edifício do clube União Lyra Serrano, o "town hall" social do Alto da Serra,
representando um dos mais antigos clubes de "football" do Estado foi fundado em 1903.
Lembra Negrelli que: "havia a Sociedade Recreativa Lyra da Serra, onde aos
domingos à noite havia uma sessão de cinema mudo, geralmente filme em série.
No salão cada grupo de família tinha os seus lugares certos, tudo direitinho, e orquestra composta de músico locais, tocavam belas valsas e até peças clássicas, eram amadores, nada ganhavam, tocavam para agradar a todos, e abriam a sessão com uma marcha, para o filme natural.
Nesta Sociedade também existia um salão para o jogo de bilhar, e nos fundos dois campos para bochas, e entre os habitantes havia verdadeiros craques (...)".
A Sociedade Recreativa Lyra da Serra, hoje, União Lira Serrano, em razão da união feita com o Serrano Football Club, tem sede ampla com salões para cinema e bailes, jogos diversos e biblioteca e um campo de futebol.
O campo de futebol, até hoje, ocupa local de destaque, dentro da Vila.
Em 1907, começaram as construções da sede atual que, em 1938, foi ampliada
adquirindo a feição hoje existente: um grande edifício de dois andares, totalmente construído em madeira de lei, principalmente pinho-de-riga, importada da Inglaterra.
Antigamente, ao final da escada de madeira, na porta de um camarote, poder-se-ia ler: Este reservado é de uso exclusivo dos senhores Mr. Alfred E. Whitton, Dr. Jorde A. Boeri, Arno L. M. da Veiga e respectivas famílias.
Outrora, os degraus de todas as escadas internas recebiam tapetes de veludo.

Os Principais Referenciais: Castelinho
Um dos mais importantes e controvertidos elementos da paisagem local.
Trata-se de uma construção vitoriana, mesclando "Queen Anney style" com "shigle style" e, por essa razão, batizado de "Castelinho".
Ele servia como residência ao superintendente inglês, autoridade máxima da Ferrovia e, portanto, da cidade.
Foi construído em 1897 e seu projeto original foi concebido dentro do conjunto da tipologia das casas da Vila Martin Smith, sendo o único exemplar do "pacote" importado da Inglaterra como sendo do "typo C", conforme atestam as plantas da época.
Situa-se entre a Vila Velha e a Vila Martin Smith, na mais elevada e estratégica
colina local, no "baricentro" visual, de onde se pode avistar toda a movimentação da Vila Ferroviária.
Caracteriza-se pelo aspecto simbólico de liderança, pois é de onde se visualiza todo o núcleo urbano, o pátio de manobras, a estação e as instalações das máquinas fixas do último patamar.
Ele atrai as atenções de qualquer ponto da Vila, por sua situação elevada.
Mas isso aconteceu, também, com os quarteirões de casa que eram organizadas em termos de um claro sistema de aglomeração para facilitar a localização imediata de qualquer funcionário, que deveria estar sempre pronto a atender os superiores hierárquicos.
Observa Marco Santos: "sendo, então uma forma da presença estática e simbólica do poder.
Desta forma, a estrutura social e hierárquica dos trabalhadores da empresa refletem espacialmente na Vila, como sendo uma forma de distribuição e uma afirmação de vigilância e poder."
Durante muitos anos, esta construção funcionou como residência de um bispo de Santo André e, depois, como escritório da Ferrovia, abrigando, atualmente, um Museu.

Os Principais Referenciais: Edifício do Mercado
Essa construção interessante, recebeu uma atenção especial em seu projeto de 1899.
Pela finalidade a que se destinava e por se tratar de um edifício não residencial e de uso comercial, comportava detalhes construtivos ligados a cuidados higiênicos e sanitaristas, tais como um sistema de ventilação cruzada através de óculo na entrada e de venezianas nas laterais.
Nesse mercado, como conta Negrelli: "compartimentos em box onde funcionavam um açougue, um bar, a agência do correio, porém, do lado de for a existia um barracão com divisões, onde aos sábados vinham caipiras, que traziam aves, ovos e frutas.
Era uma espécie de feira-livre em miniatura."

Os Principais Referenciais: Pau-da-Missa
O pau-da-missa constitui-se de um velho pé de cambuci, que possuía forte conotação simbólica, pois, como se tratava de uma árvore que se encontrava em local de passagem obrigatória para quem se dirigia à estação, e tornou-se receptáculo de recados e avios.
Recorda Ferreira que o "pau-da-missa era uma árvore muito importante para os
moradores, pois de tronco grosso servia para a colocação de todos os tipos de avisos para a comunidade, em geral, avisos de funerais, missas, aniversários, casamentos, contra quem ia jogar o time de futebol e outros."

Extraído da internet
Prof. Issao Minami – Departamento de Projeto FAUUSP.
Fontes: Site da Prefeitura de Santo André, e Jornal Diário do Grande ABC.
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.  
   

Paranapiacaba

"É o alto da serra.
Em frente, a alguns decâmetros, abre-se, rasga-se um vão, uma
clareira enorme por onde se enxerga um horizonte remotíssimo, um acinzentamento confuso de serras e céu, que assombra, que amesquinha a imaginação.
Começam aí os planos inclinados..." (A Carne - Júlio Ribeiro)
Paranapiacaba: “lugar de onde se vê o mar”, em tupi-guarani.
Num dia claro, esta era a visão que tinham os povos indígenas que passavam por ali, depois de subir a Serra do Mar rumo ao planalto.
No século XIX, naquele caminho íngreme utilizado pelos índios, desde os tempos pré-coloniais, seria construída uma estrada de ferro que mudaria a paisagem do interior paulista, e ocasionaria a fundação da Vila de Paranapiacaba.
O fator preponderante para a construção da Ferrovia Santos-Jundiaí foi a expansão do café, que chegou ao Rio de Janeiro no início do século XIX, e logo se espalhou pelo vale do Rio Paraíba.
A próxima região ocupada pela cultura cafeeira seria o oeste paulista, já bem no interior do estado.
A partir daí, tornou-se urgente encontrar um meio de escoar o café, com maior facilidade para o Porto de Santos.
O mercado no exterior era certo, mas o produto levava dias de viagem em tropas de muares, até o litoral.
Os primeiros estudos para a implantação da ferrovia começaram em 1835, mas foi apenas depois de 1850, que a idéia começou a sair do papel, graças ao espírito empreendedor do Barão de Mauá.
Ele encontrou nos ingleses, os parceiros ideais para executar o projeto.
Além de ter interesses em dinamizar o fluxo de exportação e importação brasileiros, a Inglaterra detinha uma vasta experiência na construção de ferrovias, utilizando a tecnologia da máquina a vapor – algo imprescindível para vencer as dificuldades técnicas impostas pelo desnível de 796 metros, entre o topo da serra e o litoral.
Em 26 de abril de 1856, a recém – criada empresa inglesa São Paulo Railway Co. recebia, por um decreto imperial, a concessão para a construção e exploração da ferrovia por 90 anos.
As obras tiveram início em 1860, comandadas pelo engenheiro inglês Daniel M. Fox.
Dadas as características extremamente íngremes do trecho da serra, optou-se pela adoção do chamado sistema funicular: o percurso foi dividido em quatro planos inclinados, cada um com uma máquina fixa a vapor, que tracionava as composições através de cabos de aço.

A vila de Paranapiacaba era inicialmente apenas um acampamento de operários.
Depois da inauguração da ferrovia, em 1867, houve a necessidade de se fixar parte deles, no local para cuidar da manutenção do sistema.
Assim, construiu-se a Estação Alto da Serra, que também foi o primeiro nome dado ao lugarejo.
Por causa da sua localização, último ponto antes da descida da serra, a vila começou a ganhar importância.
Também nesta época foi fundada, em torno da estação São Bernardo, a futura cidade de Santo André, à qual a vila de Paranapiacaba pertence hoje.
Enquanto isso, a ocupação no interior do estado se consolidava, graças à Estrada de Ferro.
O comércio e a produção agrícola aumentaram significativamente.
Em pouco tempo já era preciso duplicar a ferrovia.
A partir de 1896, começaram as obras.
Paralelamente aos trabalhos de duplicação, a vila também sofreria modificações.
No alto de uma colina, os ingleses construíram a casa do engenheiro-chefe, chamada de Castelinho, de onde toda a movimentação no pátio ferroviário poderia ser observada.
Na mesma época, foi erguida a Vila Martim Smith, com casas em estilo inglês, de madeira e telhados em ardósia, para servir de moradia aos funcionários da empresa.
Em 1900, o novo sistema de planos inclinados foi inaugurado, recebendo o nome de Serra Nova.
Do outro lado da estrada de ferro, a Parte Alta de Paranapiacaba, que não pertencia à companhia, seguia padrões arquitetônicos diversos daqueles da vila inglesa.
A área começou a ser ocupada por comerciantes, para atender os ferroviários já na década de 1860.
Ali também moravam os funcionários aposentados, que não poderiam mais usar as casas cedidas pela empresa.
Até meados da década de 40, os moradores viviam ali como uma grande família. A vila era bem cuidada, com ruas arborizadas e casas pintadas.
O clube União Lira Serrano era o centro de uma intensa atividade sócio-cultural: bailes, jogos de salão, competições esportivas, encenações teatrais, exibições de filmes e concertos da Banda Lira.
Outro importante ponto de encontro, para fechar um negócio ou conversar sobre política e futebol, era a Estação.
Nas noites de sábados e domingos, moços e moças bem alinhados, interessados em namorar, caminhavam pelas plataformas largas, como relata João Ferreira, antigo morador da vila.
Em 1946, terminou o período de concessão da São Paulo Railway Co. e todo seu
patrimônio foi incorporado ao da União.
Este fato foi apontado pelos antigos moradores, como o início da decadência da vila.
Com a desativação parcial do sistema funicular, na década de 70, mais um golpe: parte dos funcionários foi dispensada ou aposentada, e outros foram contratados, para cuidar do novo sistema de transposição da serra - a cremalheira - aderência.
Nos anos 1980, depois de várias denúncias na imprensa sobre a deterioração da vila, foi criado o Movimento Pró-Paranapiacaba.
Em 1986, a Rede Ferroviária entregou restaurados o sistema funicular, entre o 4° e o 5° patamares e o Castelinho.
No ano seguinte, o núcleo urbano, os equipamentos ferroviários e a área natural de Paranapiacaba, foram tombados pelo CONDEPHAAT - Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo.
A vila de Paranapiacaba surgiu com a construção da ferrovia Santos–Jundiaí.
Inaugurada em 1867, a estrada estabeleceu uma ligação entre o planalto e o Porto de Santos, visando principalmente o escoamento do café.
Os galpões que abrigaram os dois sistemas funiculares – desativados com a
instalação em 1974 de um sistema de tração mista denominado cremalheira – se transformaram no Museu Ferroviário de Paranapiacaba.
O Museu abriga o que foi considerado o maior sistema funicular do mundo, que se encontra no seu lugar original.
A roda de inércia, movida a vapor, puxava o cabo de aço de duas pontas.
Um veículo serra-breque, acoplava-se a cada uma das extremidades do cabo, e era o responsável por puxar ou frenar a composição.
As rodas de inércia, de capacidade bem maior, tracionavam cabos de aço sem fim ou, como chamavam os ingleses, “endless ropes”.
No alto de uma colina da vila, fica o Castelinho (1897), antiga residência do
engenheiro-chefe da São Paulo Railway.
A posição estratégica permitia ao mais alto funcionário inglês, observar o andamento dos trabalhos no pátio ferroviário.
Hoje funciona no Castelinho, o Centro de Preservação da Memória de
Paranapiacaba.
Ali estão reunidos objetos e instrumentos de trabalhos da época dos ingleses, que foram embora em 1946.
No século XIX, a economia brasileira baseava-se quase que exclusivamente em um único produto de exportação: o café.
Este, gradativamente, ganhou espaço como um bem de grande valor comercial, e possibilitou o surgimento, aqui, da "single enterprise" ferroviária.
Assim, em 1854, por iniciativa do Barão de Mauá, a concessão da ferrovia a ser
construída foi cedida a São Paulo Railway Company, pelo prazo de 90 anos.
A ferrovia trouxe da Europa toda uma tecnologia inaugurada a partir da invenção do vapor, mas, aqui em São Paulo, enfrentou o desafio de vencer o grande desnível que separava o planalto paulistano da Baixada Santista, ou seja, a ligação das principais regiões produtoras de café ao seu terminal exportador, o porto de Santos.
A solução desse problema exigiu muito tempo, e demandou grandes capitais bancados pela Inglaterra.
Aos 15 de maio de 1860, as obras foram iniciadas.
Durante os trabalhos de preparação do leito e instalação da linha com 139 km, foi necessário que se constituísse um acampamento no alto da serra do Mar, a 796 m de altitude.
O local escolhido para o acampamento principal, ficava no topo da serra, e era próximo das obras.
Esse local – que era um vale circundado por morros onde a Companhia, circunstancialmente, instalou o pessoal operacional, técnico e administrativo do sistema ferroviário – denominou-se Alto da Serra.
Não se pode afirmar com precisão quando se formou a Parte Alta, mas sabe-se, com certeza, que ela nasceu através da implantação da ferrovia e, quando esta foi inaugurada em 1867, uma pequena aglomeração já existia na Parte Alta.
Era um pequeno povoado de casas de pau-a-pique e palha, quando Bento José Rodrigues da Silva, saindo de Mogi das Cruzes, construiu uma picada que finalizava no Alto da Serra.
No local de chegada, em 1889, foi erigida a Igreja Matriz.
"Nesta fase inicial da construção, houve a ocupação dos locais hoje correspondentes à Vila Velha a partir da Parte Alta, por um acampamento de operários. (...)
Foi determinado um eixo principal – Rua Direita que dava acesso aos depósitos e oficinas, distribuindo-se desordenadamente em torno desta rua as construções dos operários: ainda os mesmos casebres de pau-a-pique ou pau roliço amarrado, cobertos de sapé.
A Companhia tinha suas construções (...) cobertas com folhas de ferro galvanizado ondulado."
No período que vai de 1860 ao final de 1899, Alto da Serra, na Parte Baixa, manteve, basicamente, as características e a feição de acampamento que serviu de alojamento à construção da ferrovia.
Paranapiacaba foi constituída por dois núcleos urbanos distintos.
Esses núcleos, morfologica e funcionalmente diferentes, eram formados por:
Parte Baixa: composta pelo núcleo original, Vila Velha ou Varanda Velha, e a parte projetada, Vila Martin Smith ou Vila Nova;
Parte Alta ou Morro ou Vila dos Aposentados ou, ainda, Parte Civil.
Parte Alta é o local “que foi se escalando um dos morros de fechamento do vale" e onde se registra uma ocupação com forte herança dos imigrantes portugueses, percebida facilmente na rua principal, onde em lotes estreitos e alinhados se formaram residências geminadas compondo uma única fachada contínua multicolorida, com usos em geral misto, residencial e comércio.
De fato, o alinhamento dos sobrados geminados da Rua William Speers, conjuntamente com a igreja e cemitério, são os principais referenciais da Parte Alta”.
A Parte Elevada da Vila de Paranapiacaba, hoje integrante do município de Santo André, surgiu em decorrência dos ferroviários aposentados, não desejarem abandonar a região pela qual sentiam muito carinho.
O estilo arquitetônico das moradias não acompanhou o original da Vila ferroviária, sofrendo inúmeras modificações ao longo do tempo.

Extraído da Internet
Fontes: Site da Prefeitura de Santo André, e do Jornal Diário do Grande ABC.
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Luciana Celestino dos Santos. 

Símbolos de Rio Grande da Serra

Bandeira:
A Bandeira do município, constituída por um retângulo, no centro do brasão
municipal, tem 14 módulos de largura e 20 módulos de comprimento, tendo marginado uma faixa azul escuro, em todos os lados e no centro amarelo.
O Brasão será localizado no centro, sendo que a face superior fica a três módulos acima do eixo horizontal da Bandeira, e obedece às seguintes normas:
• em sentido horizontal, cinco e um quarto de módulos (comprimento);
• em sentido vertical, seis e três oitavos módulos (largura);
• o centro da curvatura inferior do brasão situa-se no eixo vertical, medindo três e três quartos módulos da face superior (sobre este eixo) e o seu raio é de dois e cinco oitavos módulos;
• a bordadura em preto tem um quarto módulo de altura;
• o brasão terá as cores com os módulos correspondentes.

Brasão:
O Brasão resume o passado histórico do município com sua significação heráldica e obedece a seguinte descrição: escudo redondo português cortado, e encimado pela coroa mural distintiva das municipalidades.
O primeiro quartel, contendo em fundo azul celeste, três montanhas em cores verdes claras, tendo no centro um rio em forma de "S", nascendo na linha horizontal das montanhas e alargando-se em seu percurso, indo para o lado direito, tendo as margens verdes escuro, contendo a esquerda entre a curvatura do "S", formado pelo rio, a parte superior da cruz de Santo André.
O segundo quartel, situado à esquerda terá o fundo azul escuro, com três flores
(copos de leite) saindo de uma só haste, com três folhas para cada flor, em cima à direita uma das partes da cruz de Santo André.
O terceiro quartel, terá fundo amarelo ouro, com duas marcações de pedras com quatro menores atrás, e um menor na frente separado dos demais, em cima à esquerda, uma parte da cruz de Santo André.
Como tenente do escudo teremos sete estrelas, que representam os municípios
ABCDMRR, na seguinte disposição: três delas na lateral esquerda do escudo, três na lateral direita, e uma maior abaixo da linha divisória do segundo e terceiro quartel, sendo todas na cor azul escuro.
O Brasão poderá ser usado nas cores originais ou em preto e branco.
Seu uso é privativo da municipalidade.

Cronologia:
1534 Sesmaria (lote de terra não cultivada, que os reis de Portugal cediam a quem se dispusesse a cultivá-la) de doação de terras à Pero Luiz de Góes.
1536 Sesmaria de doação de terras à Brás Cubas.
1553 Carta dos Jesuítas Manoel da Nóbrega e José de Anchieta à Inácio de Loyola, informando sobre a organização da terceira aldeia jesuítica – Jeribatiba ou Geribatiba (em tupi, Rio Grande).
1560 Sesmaria de Jeribatiba ou Geribatiba, doação de terras ao provençal Luis de Graã.
1600 Tropeiros construíram a Capela de Santa Cruz, onde hoje fica a atual Capela de São Sebastião.
1611 Menção a Capela de Santa Cruz.
1640 Num documento do Marques de Alegrette, ele eleva a Vila de Geribatiba à Vila de Rio Grande.
1735 Foi concedida uma Sesmaria à João Alves Pimentel, no Rio Grande, caminho de Santos, parte do atual município.
1840 O capitão general, Antônio Manuel de Melo, solicitou a construção do rancho na estrada para abrigo de tropeiros e cargas na estrada bifurcação Mogi das Cruzes – São Paulo.
1843 João Rodrigues Seixal, inspetor da Estrada de Santos à Mogi das Cruzes informou que mandaria abrir às suas expensas, a picada que da estrada daria comunicação direta ao Porto de Santos e fronteiras das Vilas do Nordeste e Norte (Guarulhos, Mogi das Cruzes, Jacareí e Rio Grande).
1844 - Lei 26, de 08/03/1844, autorizou aplicar a quantia de 10.$000.000 (Dez contos de reis) para abertura da estrada acima citada, que aproveitaria o traçado da estrada do Zanzalá e abandonar-se-ia a trilha da mesma com o variante em Rio Grande.
1848 - Fica estabelecido um mediador no Zanzalá, um registro verificador que serviria de barreira fiscal, em Cubatão.
A construção da nova estrada foi abandonada, e o velho caminho Santos a Mogi, via Zanzalá (passando por Rio Grande) continuou sendo utilizado pelas tropas, carreiros, carroças e cavalheiros, como se verifica no ofício
que em 23/03/1859, que nomeou Veríssimo Affonso Fernandes a Inspetor Geral no referido caminho.
Em 30/12/1906, em ata da Câmara Municipal de São Bernardo do
Campo, verificou-se indicação do Vereador Manoel da Costa Marques (residente em Rio Grande, onde era proprietário e Capitão), pedindo para que a Câmara oficiasse o Governo do Estado, através da Comissão de Obras, para que se procedesse melhoramentos na referida estrada a partir da Estação Ferroviária de Rio Grande, uma vez que por ela transitavam carreiros, carroças e cavalheiros.
1850 - Até mesmo após a inauguração da Estação Rio Grande, em 1867, o "Caminho dos Tropeiros" era bastante utilizado – tropas aproximadas de 200 mulas passavam pelo local.
O "Caminho dos Tropeiros" já era conhecido e muito procurado, devido ao
fácil acesso.
A planta do "Sítio Grande" dos terrenos de posse do Alferes Francisco Martins
Bonilha (transmitido ao Conselheiro Manoel Dias de Toledo) registrou a existência de olarias, serrarias, carreador, pastos, carvoarias, taperas, além de 30 (trinta) propriedades com seus devidos nomes.
O Conselheiro Manoel Dias de Toledo construiu uma pousada, para abrigar os
trabalhadores da futura Estrada de Ferro e da Nova Estrada de Zanzalá, que vai até Mogi, com bifurcação para São Paulo.
O mesmo Conselheiro determinou a construção da primeira Cadeia Pública.
1854 - Surgiu uma das primeiras construções de alvenaria da cidade.
Eram quinze construções no centro perto da Estação.
1855 - Fiscalização sobre a epidemia de cólera que assolava a região.
1860 - Aumentaram as olarias (Vicente de Raggo, Rodolfo Furnagali, Agostinho Fernandes Branco, Joaquim Lopes e outros).
1862 - A lei n° 08, de 19 de maio, determinou a construção do caminho de Zanzala.
1863 - O Jornal Correio Paulistano publicou a ligação: Mogi-Rio Grande, interligando Santos à São Paulo.
1864 - A Ferrovia São Paulo Raiway atinge o povoado.
A estação era de pau-à-pique.
1867 - Inauguração das Ferrovias do município atual e das cidades vizinhas.
A inauguração foi em 17/02/1867.
1868 - Em fins de 1867, o engenheiro fiscal previu a construção de um armazém, devido ao aumento do tráfego e das linhas férreas.
Em 1868, já constava em alguns documentos a construção do armazém, e do 2° leito da ferrovia.
1870 - Aos poucos, as construções foram erguidas no povoado.
1880 - Rio Grande continha agora ramais de ferrovia para a extração do carvão.
1895 - Início da exploração de manganês, grafite e água mineral.
1897 - Foi lavrado registro de imóvel no então povoado.
1899 - Chegaram imigrantes italianos, alemães, holandeses e suíços. Começaram a trabalhar em Rio Grande.
Na mesma época, surgiu o primeiro armazém de secos e molhados.
1900 - Esculpida a imagem de São Sebastião, existente até os dias de hoje.
1901 - Os barcos que transitam no Rio Grande passam a pagar impostos.
Até 1906 - Iniciou-se a canalização do Rio Grande e adjacências.
1909 - Surgiu o açougue, vendendo carne para o povoado.
1910 - O cemitério do povoado foi chamado de "Santa Cruz".
1912 - A iluminação pública foi trocada, colocando-se novos lampiões na cidade.
1918 - Indústrias de grafite e desenhos industriais funcionavam na cidade.
1920 - Instalado o primeiro telefone.
1922 - A Prefeitura de São Paulo adquiriu a Pedreira. Abertura de novos empregos e serviços ao povoado, com instalações elétricas.
1928 - Inauguração de instalação elétrica.
1930 - Inaugurado o Primeiro Campo de Futebol da Pedreira.
Nesse tempo, funcionava em Rio Grande, a fábrica de esteiras, serralheria, sorveteria, olarias, plantações, plantio de flores e verduras.
Cultivo de copo-de-leite, flor nativa do Rio Grande.
1938 - Times de futebol ganharam tradição em Rio Grande.
1945 - Implantada a Indústria Química Eletro Cloro, próximo à Rio Grande.
1950 - Rio Grande possuía aproximadamente 90 (noventa) casas de alvenaria.
1952 - Rio Grande possuía padarias, armazéns de secos e molhados, armarinhos, mercearias, floriculturas caseiras, venda de folhagens, venda de verduras, sorveterias (picolés e sorvete de massa), costureiras, arranjos de flores artificiais, festas religiosas em grande escala, bailes carnavalescos com blocos, musicatas, serenatas, violinistas, sanfoneiros, escolas públicas, telefones, trens, ônibus até as cidades vizinhas, muitas casas em alvenaria etc.

Extraído na internet.
Fontes: Site da Prefeitura de Rio Grande da Serra, e Jornal Diário do Grande ABC.
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Luciana Celestino dos Santos.

O Hino da cidade de Rio Grande da Serra:

O Hino à Rio Grande da Serra, instituído pela Lei Municipal no 233, de 3 de Agosto de 1979, sendo a letra de autoria da Sra. Aida Bressan.
Música e Letra: Aida Arnoni Bressan

Salve, Salve, Rio Grande da Serra
Berço eterno de nossos ancestrais,
Do Brasil um pedaço de terra,
Que a beleza do verde nos traz,

Onde a mata florida impera,
E a lembrança do musgo é fugaz.
Como é lindo teu céu estrelado,
Se a neblina não vem visitar.

Onde Dom Pedro ficou acampado
E com tua água sua sede saciar,
Verdes campos, pedreira, progresso,
O teu lema é lutar e vencer,
Da biquinha famosa o regresso,
Que saudades, quem pode esquecer.

Estribilho (Salve, Salve...)

Desta água, grafite e o carvão,
Da madeira que deixaste cortar,
Foram feitos a cadeira e o caixão,
Para teus entes queridos descansar
Foste um marco de luta e venceste,
De mãos dadas com teu semelhante.

Hoje és livre em indústria crescente,
Tua bandeira se ergue tremulante.

Estribilho (Salve, Salve ...)

A Bandeira e o Brasão da municipalidade foram instituídos, respectivamente, pelas Leis n°s 44 e 45 ambas de 24 de setembro de 1970, na gestão do Pref. Geraldino Loti Filho.

Extraído da internet.
Fontes: Site da Prefeitura de Rio Grande da Serra, e Jornal Diário do Grande ABC.
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Luciana Celestino dos Santos. 

Pontos Turísticos - Marcos Históricos - Rio Grande da Serra

A Capela de São Sebastião – Marco Histórico de Rio Grande da Serra

Sobre a importância da Capela "Santa Cruz", hoje em ruínas e seu valor como marco fundamental no Coração da Cidade.
O marco da civilização de Rio Grande da Serra está representado sem a menor
sombra de dúvida, pela Capela de Santa Cruz, ou "São Sebastião", famosa não pela sua arquitetura, mas sim pela sua torre e coroa, um dos mais belos símbolos portugueses.
Notório, também, pelo sítio de sua localização, precisamente no centro de Rio
Grande da Serra (coração do primeiro povoamento), numa colina, fazendo frente para o antigo Caminho do Zanzalá à Mogi das Cruzes (atual caminho que faz a Avenida da Saudade, Avenida Doutor Luis Carlos de Mesquita), Avenida Dom Pedro I (ex.: Capitão Marques), Rua Rabello Lobo, atual Rua Prefeito Carlos José Carlson, (Rua da Estação e Rua Guilherme Pinto Monteiro).
Pelo lado direito de quem da Capela olha, para a antiga Estrada Velha de Ribeirão ires à Paranapiacaba, (antiga trilha de índios e tropeiros) e que atravessa a propriedade da SOLVAY S/A (Indústria ELCLOR, PETROCLOR, etc.), com destino à Campo Grande, Paranapiacaba, onde existe interligação com os acessos a Itaquaquecetuba, Mogi das Cruzes, e trilhas para Bertioga e Santos.
A sua localização também é referenciada pelo fato de a Capela de Santa Cruz estar distante um quilômetro do Rio Grande, pelo seu lado esquerdo, rio notoriamente importante à época, pela sua navegabilidade, como veremos mais adiante.

Da Edificação da Capela "Santa Cruz"

Consta que, por volta de 1611, as tropas que transportavam sal e gêneros vindos através do porto de Santos e São Vicente, para o povoado de Mogi das Cruzes, utilizavam-se das trilhas e caminhos, principalmente o de "Zanzalá para Mogi", o qual ladeava o Rio Grande, no povoado do mesmo nome.
Do Rio Grande, seja pelo rio Grande, seja pelas trilhas e caminhos existentes, os tropeiros e carreiros se dirigiam não só à Mogi das Cruzes, como também para São Bernardo do Campo (Santo André) e para a Província de São Paulo.
Um dos locais preferidos para "parada" das tropas, era às margens do rio Grande, por ser esse um dos rios mais importante da região, pois tinha navegabilidade, local de boa pastagem para o gado e, ainda, oferecia certa segurança, já que o percurso de subida da Serra até Paranapiacaba, região de agreste e de mata densa, onde além dos animais ferozes, eram freqüentes os ataques indígenas e salteadores, razão pela qual era normal o pernoite
dos tropeiros fora da região das "matas", "dentro" do campo, e próximo ao Rio Grande.
Consta, ainda, que numa dessas paradas das tropas em Rio Grande, veio a falecer um dos tropeiros, que foi sepultado num alcantil próximo ao local.
No lugar marcado por uma cruz de madeira, decidiu-se construir uma morada, que mais tarde foi substituída por uma ermida, a Capela “Santa Cruz”, hoje "São Sebastião", em ruínas, devido a ação demolidora praticada na calada da noite do dia 20 para 21 de abril de 1979.
A ação demolitória, foi considerada violenta, pelo uso de picaretas, marretas, e um trator.

Sua Arquitetura

A arquiteta Luciana Costa, que recentemente fez estudos e todo um trabalho de
campo visando apresentar projeto para recuperação e restauro da obra, explica: "As capelas, devido a nossa colonização ser regida pelos religiosos, são marcos fundamentais para o estudo e o entendimento de toda uma sociedade da época", e respondendo à indagação - "Ter características jesuíticas, o que será que isso significa?", responde:
"É considerada jesuítica a arquitetura, e todo acervo da obra religiosa dos Séculos XVI, XVII, fruto de um trabalho penoso e constante dos padres que vinham com a Companhia de Jesus. Não é a arquitetura mais bela, nem a mais rica do nosso período, porém, a mais significativa. A construção da ermida de estilo simples, em pedra assentada com barro e encamisamento de tijolos, técnica chamada "taipa de mão". Não ocupa área superior a 80 metros quadrados e a planta é relativamente simples. É retangular, como uma única nave, que continha alta (em madeira e excelente estilo colonial), em nível um pouco mais elevado de onde se concentravam os fiéis. Havia nichos laterais, um de cada lado, onde eram colocadas as imagens. O seu telhado simples, em duas águas, era coberto por telhas capa - canal (telhas que se colocavam uma sim e a outra ao contrario), únicas utilizadas na época colonial, porque eram feitas nas coxas dos índios escravos. O teto composto por madeiramento, dava à Capela conformação de uma nave. O seu frontispício com uma única porta, com abertura de luz sobre ela, em arco, é o único ponto por onde entrava iluminação externa."

Da torre e seu coroamento

A arquiteta Luciana Costa é de opinião que a torre, de estilo peculiar, meã ou meia-chã jesuítica, é feita em adobe, que é o tijolo feito em fôrma, porém não cozido.
Não é a mesma técnica usada para a construção da ermida, pelo que parece ter a torre construção posterior à capela.
Lembra as torres carmelitanas, de estilo próprio, quadrangular.
Ergue-se na lateral direita da Capela (quem de frente a observa), apresentando na parte superior duas grandes janelas ovaladas, fechadas por venezianas em madeira bem aparelhada, por onde se expandia o som cristalino e sonoro de um sino, em bronze, que tem como escudo, o brasão do Brasil Imperial.
Este sino, ao que consta, está nas dependências da Casa Paroquial, sob a custódia do padre administrador.
O coroamento da torre é da maior importância, pois retrata um símbolo português, da época de Portugal colônia.
Mísulas verticais, nos quatros cantos da torre, formam duas pétalas de flor - o Lírio (flor símbolo de Portugal).
Desse quadrângulo, ergue-se uma cúpula ovalada (como uma abóbora celeste), que da à Capela a característica de uma nave, arrematada no centro por
um bulbo, o qual sustenta um Globo (o globo mundial) construído em grossas fitas de aço.
Em cima fica a Cruz da Ordem de Cristo, o Galo e o Cruzeiro.
A cruz que ficava na torre da capela "Santa Cruz", talvez como um arremate ou enfeite tem pequenas setas, como que indicando os pólos ( Norte, Sul, Leste, Oeste).
A Cruz da Ordem de Cristo esteve estampada em todas as bandeiras de Portugal (e que foram nossas) até 1822, e no Brasil, com a primeira Bandeira do Império, instituída por Dom Pedro I, em 18 de setembro de 1822.
As naus portuguesas ostentavam em suas bandeiras, essa cruz.
Foi Dom Henrique (O Navegador) quem equipou as embarcações pioneiras dos grandes descobrimentos marítimos, que ampliaram os domínios portugueses no mundo e, com essa expansão política, ajudaram também a divulgar o Cristianismo.
Quando as expedições de Pedro Álvares Cabral (1500) e Martim Afonso de Souza (1531) aportaram as costas brasileiras, os portugueses estavam no auge do seu movimento de expansão marítima.
A carta de Pedro Vaz de Caminha, primeiro relato da vida em terra brasileira, no seu nascedouro, faz um primeira referência a esse símbolo cristão: "Ali estava com o Capitão, a Bandeira de Cristo, com que saída de Belém, a qual esteve sempre bem alta, da parte do Evangelho".
No quadro "A primeira Missa no Brasil", de autoria de Vitor Meirelles de Lima, o referido símbolo também está presente, bem próximo do altar improvisado. Na tela "O descobrimento do Brasil" de Oscar Pereira da Silva, apresenta as naus que deixam entrever esse símbolo.
E nós encontramos em Luis de Camões (1524-1560), em seu famoso épico de amor, "Os Lusíadas", imortal evangelho cívico de amor a pátria lusa, a interpretação de quão profundo é o emblema que ficava sob a Torre de nossa Capela "Santa Cruz".
A cruz da Ordem de Cristo, símbolo cristão que encheu de forças os Cavaleiros das Cruzadas Medievais, o mesmo símbolo que sustentou o ânimo dos que lutavam contra os mouros na Península Ibérica e depois de atravessar o Atlântico, aqui fez nascer em novas bases, a velha civilização européia, representava, verdadeiramente, uma essência do mundo cristão e lusitano, do qual orgulhosamente descendemos.
O povoado de Rio Grande nasceu e floresceu à sombra benéfica e acolhedora dessa Cruz, mas que a ação demolidora, praticada por alguns poucos, destruiu na calada da madrugada de 21 de abril de 1979.
O restauro, a reconstrução desse marco fundamental na história de nossa civilização, impõe-se já como um ponto de honra, porque através dele que vamos nos recordar sempre de valores nobilíssimos como é o da Liberdade, da autonomia e da Cristandade.
A Capela "Santa Cruz" teve como ornamento, doze finíssimas aquarelas, retratando as estações do calvário de Cristo, verdadeiras obras de arte, que foram destruídas pelo tempo.
E, a partir da doação pela família Pandolfi, de imagem esculpida a canivete, em
madeira, feita no século XVII, por empregados na serraria da Família Pandolfi, que a Capela de "Santa Cruz" passou a ser conhecida como Capela "São Sebastião" sendo o seu Padroeiro a imagem do referido Santo.

Informações extraídas da internet.
Site da Prefeitura de Rio Grande da Serra, e do Jornal Diário do Grande ABC.
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Luciana Celestino dos Santos. 

A história de Rio Grande da Serra

Os desbravadores percorriam toda a extensão da Serra do Mar e, aos poucos as
primeiras povoações foram surgindo no Planalto de Piratininga.
Naquele tempo, mantimentos e alimentos chegavam no Porto de São Vicente, e eram levados por caravanas, até as cidades e povoados.
O sal tornou-se uma mercadoria valiosa.
Aportava em São Vicente e, era transportado para o topo da serra, passando pelo povoado de "Alto da Serra", hoje Paranapiacaba.
As sacas de sal eram transportadas em lombos de burros, em comitivas guiadas pelos tropeiros.
Por volta de 1640, a Vila de Mogi das Cruzes foi fundada, tornando-se rapidamente um dos maiores povoados.
Logo, os tropeiros dirigiram-se para lá com suas cargas de sal.
Eles utilizavam o "Caminho do Mar", passando pelo "Alto da Serra", até a região conhecida por "Zanzalá".
Um dos locais preferidos para as paradas das tropas era as margens do Rio Grande.
Além de consumirem a água de um dos maiores rios da região, os tropeiros
aproveitavam os pastos próximos.
Numas dessas paradas e andanças, morreu um dos membros mais velho das tropas.
Segundo a lenda, foi sepultado num local próximo a parada, onde posteriormente, foi marcado por uma cruz de madeira.
Para homenagear o companheiro, a tropa resolveu construir uma morada, que mais tarde foi substituída por uma capela, e que hoje é a atual "Antiga Capela de São Sebastião".
Após alguns anos, o lugarejo passou a ser chamado de Santa Cruz.

Curiosidades: Lírios e Copos de Leite

A família Nishikawara chegou em Rio Grande da Serra, em fevereiro de 1947.
Junto com outros imigrantes japoneses, estabeleceu-se na Fazenda Joaquim,
iniciando na região o plantio de flores, principalmente rosas.
A neblina constante, contribuiu também para o cultivo de outras espécies, como o copo de leite e o lírio.
As flores eram enviadas para São Paulo, e chegaram a ser despachadas para o Rio de Janeiro.
Ao longo dos anos, como o clima não era muito favorável ao desenvolvimento das flores, plantações de verduras e legumes tomaram conta das propriedades.

Rio Grande
Os índios chamavam o rio de Jeribatiba ou Geribatiba.
Num tempo em que ainda corria livre (hoje forma a represa Billings), o Rio Grande era caminho natural pelo qual seguiam em batelões, as tropas que conduziam as mercadorias entre Santos, no pé da serra, Mogi das Cruzes e o interior.
Jeribatiba foi a terceira aldeia organizada dos jesuítas, depois que chegaram ao
litoral paulista.

Carnaval Comportado
Sempre reunindo um grande número de participantes, as festas carnavalescas de Rio Grande da Serra eram comemoradas na rua, junto à Estação Ferroviária.
No final da década de 30, os bailes eram realizados no armazém da estação.
Era comum, os foliões começarem os festejos em Rio Grande, tomarem o trem, e se apresentarem em Ribeirão Pires.
Além do Carnaval de rua, que começou entre 1911 e 1914, marcado principalmente pela disputa entre os blocos, o armazém da estação era preparado para os bailes noturnos.
Durante o dia, moças lavavam o galpão, e jogavam fubá e cera de vela no chão,
transformando o local numa pista de dança.
Os bailes de Rio Grande eram famosos na região, principalmente pelas orquestras que conduziam o Carnaval.
Fantasias típicas eram a marca registrada dos imigrantes italianos, alemães e japoneses, além de churrascos e vinho à vontade.

Informações extraídas da internet.
Site da Prefeitura de Rio Grande da Serra, e do Jornal Diário do Grande ABC.
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Luciana Celestino dos Santos

A cidade de Rio Grande da Serra

Ainda não sabemos ao certo qual foi o interesse dos desbravadores e dos índios, nas terras que hoje pertencem ao município de Rio Grande da Serra.
Mas foi a abundância de estradas, caminhos e trilhas, o que mais despertou a atenção dos tropeiros que percorriam toda a extensão da Serra de Piratininga, com carregamentos de sal e outras mercadorias.
No meio das matas de Rio Grande da Serra, são encontrados também vestígios de habitação, utensílios em pedra e adornos esculpidos, elementos próprios da cultura indígena.
Segundo historiadores, índios provindos do Peru abriram algumas das trilhas
existentes na região, com o objetivo de encontrar riquezas minerais.
O lugar foi escolhido por inúmeros imigrantes, que aqui se estabeleceram, trazendo na bagagem cultura e costumes próprios.
Monumentos foram levantados, e ainda existem resquícios dos antigos casarões da nobreza do século passado.
Conta-se até que Dom Pedro I tenha passado por nossas terras, numa de suas
inúmeras viagens.
A verdade é que Rio Grande da Serra esconde diversos segredos sobre a história do desbravamento da região do Grande ABC e São Paulo.
Além disso, o município é uma reserva ecológica, coberta por rios, cachoeiras e trilhas fantásticas.
Rio Principal: Rio Grande que desemboca no reservatório Billings, no Riacho
Grande.
Outros rios: Bonito, Jurubatuba, Pequeno, Riachos das Pedras, Ribeirão da Estiva, Riacho das Pedrinhas etc.
Retalhado pelo rio de origem, Rio Grande, com suaves ondulações e vertente (perto da Serra do Mar).
As Biquinha Matarazzo e Biquinha dos Dotta, possuem águas límpidas e
praticamente puras, sem detritos residuais, que impeçam o consumo.
Sendo de ótima qualidade.
Suas flores são: samambaias, lírios, margaridas, flores silvestres etc.
Rio Grande da Serra fica próxima à Serra do Mar, em plena Mata Atlântica e com 100% de sua área protegida pela Lei de Proteção de Mananciais.
O município está situado na região do ABC, a sudeste da Grande São Paulo, parte da área Metropolitana, tendo como limites os Municípios de Suzano, Ribeirão Pires e Santo André.

Informações extraídas da internet.
Site da Prefeitura de Rio Grande da Serra, e do Jornal Diário do Grande ABC.
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Luciana Celestino dos Santos.