A força econômica, a maior arrecadação, e o maior número de trabalhadores
localizavam-se em Santo André.
Mas a sede do Município, continuaria na Vila de São Bernardo até 1938, quando um
decreto estadual provocou duas mudanças drásticas: a troca do nome de Município de São
Bernardo, para Município de Santo André; e a transferência da sede do Município, também
da Vila de São Bernardo para o Distrito de Santo André.
A solenidade de troca de nome e transferência de sede, ocorreu no feriado de 1º de
Janeiro de 1939.
E assim, durante seis anos todo o ABC se chamou Santo André.
Em 1944 o então Distrito de São Bernardo (incluindo Diadema) obteve a
emancipação político-administrativa, separando-se do Município de Santo André, e sendo
instalado em 1º de janeiro de 1945, com o nome de São Bernardo do Campo.
Em 1948 foi a vez de São Caetano, que separava-se, surgindo o C de ABC, São
Caetano do Sul.
Em 1953 foi a vez de Mauá e Ribeirão Pires, (incluindo Rio Grande, atual Rio Grande
da Serra) obterem suas independências.
Hoje o município de Santo André, corresponde ao espaço central do antigo Bairro da
Estação, às áreas de Utinga e Capuava, e à vasta área do setor de mananciais, da região
Sudeste da Grande São Paulo, incluindo Paranapiacaba, Campo Grande e 18 loteamentos
além da represa Billings.
Historicamente, somente em 1989 a Prefeitura assumiu, na prática, a área de
mananciais, criando posteriormente, o Escritório Regional da área de Mananciais, com sede
no Parque Represa Billings-gleba 2, inaugurado em 24 de Fevereiro de 1991, e com Subsede
em Paranapiacaba, inaugurada em 8 de março do mesmo ano.
Santo André conseguiu, no caso de Utinga, provar que a estrada de ferro nunca
rompeu o território andreense, nem o dividiu.
Cruzando e acompanhando o vale do Rio Tamanduateí, os trilhos ferroviários
provocaram a implantação do processo de industrialização em Santo André.
As primeiras fábricas foram implantadas nos entornos da estação, e as áreas
próximas, de ambos os lados dos trilhos, receberam os grandes loteamentos urbanos, em
especial a partir dos anos 20 do século XX, quando se estabeleceu, nitidamente, a vocação
e o perfil de uma cidade moderna, industrializada e de trabalhadores.
As grandes levas de imigrantes, a partir de antigos agricultores do interior de São
Paulo, descobriram este espaço urbano e construíram a cidade.
Iniciou-se uma interação
cultural, que hoje pode explicar e descobrir a própria identidade da cidade.
Uma interação
onde a própria barreira física da estrada de ferro deixa de ser problema.
Na verdade, o desenrolar histórico da cidade já mostrava esta integração, até antes
da construção da ferrovia.
A Estrada do Oratório, via de penetração em direção à Zona Leste paulistana, é uma
seqüência da própria malha central de Santo André, a partir do Ipiranguinha (por onde
passava o histórico Caminho do Pilar), Rua Senador Fláquer (do I Grupo, hoje Museu, e o
reativado Cine Theatro Carlos Gomes), Rua Coronel Oliveira Lima (do ramal ferroviário
que demandava à São Bernardo), Rua General Glicério (que abrigou uma Hospedaria de
Imigrantes no fim do século XIX), Rua Bernardino de Campos (dos grandes comícios dos
Candidatos de Prestes, Armando Mazzo à frente), Estação e Avenida Antonio Cardoso.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Texto extraído de matéria jornalísticas publicadas no Jornal Diário do Grande ABC, coluna do memorialista Ademir Médici, site da Prefeitura de Santo André e internet.
Poesias
sábado, 11 de abril de 2020
Tecelagem Kowarick, 1937
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Antiga estação, inaugurada em 1867
A Estação São Bernardo serviu, a princípio, à sede da Freguesia de São Bernardo,
hoje centro de São Bernardo do Campo, a oito quilômetros de distância.
A Freguesia de São Bernardo abrangia, praticamente, toda a área do atual ABC, e sempre teve sua sede junto ao velho Caminho do Mar, depois Estrada do Vergueiro e hoje Rua Marechal Deodoro, em São Bernardo.
A Freguesia foi criada em 1812, sendo elevada a município autônomo em 12 de março de 1889, sempre abrangendo toda a região do ABC.
A denominação Santo André, em alusão à antiga e desaparecida Vila de Santo André da Borda do Campo, foi retomada apenas em 1910, com a criação do Distrito de Santo André, instalado em 18 de Abril de 1911 no então denominado Bairro da Estação, hoje centro de Santo André.
O Bairro da Estação, à época da criação do Distrito de Santo André, já se destacava como o principal polo de industrialização do Município de São Bernardo.
Atraía, ao mesmo tempo, fábricas de várias modalidades, e um operariado vindo basicamente do interior do Estado.
Também atraía muitos moradores da Vila de São Bernardo, em sua maioria italianos, interessados em melhores condições de trabalho no parque fabril que se formava.
A proximidade com a Estação Ferroviária, as terras planas ao longo do Vale do Tamanduateí, os estímulos fiscais, a facilidades de comunicação com a Baixada Santista e a Capital, foram alguns dos fatores que podem explicar o rápido crescimento do parque industrial de Santo André.
Em poucos anos, Santo André passou a ser a maior força econômica da região, seguido por São Caetano (também servido por uma Estação Ferroviária), e só depois pela Vila de São Bernardo, sede do Município.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Texto extraído de matéria jornalísticas publicadas no Jornal Diário do Grande ABC, coluna do memorialista Ademir Médici, site da Prefeitura de Santo André e internet.
A Freguesia de São Bernardo abrangia, praticamente, toda a área do atual ABC, e sempre teve sua sede junto ao velho Caminho do Mar, depois Estrada do Vergueiro e hoje Rua Marechal Deodoro, em São Bernardo.
A Freguesia foi criada em 1812, sendo elevada a município autônomo em 12 de março de 1889, sempre abrangendo toda a região do ABC.
A denominação Santo André, em alusão à antiga e desaparecida Vila de Santo André da Borda do Campo, foi retomada apenas em 1910, com a criação do Distrito de Santo André, instalado em 18 de Abril de 1911 no então denominado Bairro da Estação, hoje centro de Santo André.
O Bairro da Estação, à época da criação do Distrito de Santo André, já se destacava como o principal polo de industrialização do Município de São Bernardo.
Atraía, ao mesmo tempo, fábricas de várias modalidades, e um operariado vindo basicamente do interior do Estado.
Também atraía muitos moradores da Vila de São Bernardo, em sua maioria italianos, interessados em melhores condições de trabalho no parque fabril que se formava.
A proximidade com a Estação Ferroviária, as terras planas ao longo do Vale do Tamanduateí, os estímulos fiscais, a facilidades de comunicação com a Baixada Santista e a Capital, foram alguns dos fatores que podem explicar o rápido crescimento do parque industrial de Santo André.
Em poucos anos, Santo André passou a ser a maior força econômica da região, seguido por São Caetano (também servido por uma Estação Ferroviária), e só depois pela Vila de São Bernardo, sede do Município.
Luciana Celestino dos Santos
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Ah! Santo André!
No tocante às suas origens, a Vila de Santo André da Borda do Campo, deve ser
lembrada por sua importância histórica no planalto, e como uma referência ao quinhentismo.
Não tendo portanto, nenhuma relação com a segunda cidade, o Município de Santo André dos dias atuais.
A Santo André de hoje nasceu no século XIX, com a passagem da Estrada de Ferro São Paulo Railway – a SPR ou Inglesa –, que começou a ser construída em 1860.
No ano seguinte, começou a ser formado o primeiro povoado do atual território de Santo André, denominado Alto da Serra ou Vila de Paranapiacaba.
Paranapiacaba pode ter sua fase inicial dividida em três partes:
No ano de 1861, se deu o início da formação da Vila Velha.
Em 1862, se iniciou a formação da parte alta (morro).
Nos idos de 1898, se deu o início da formação de Vila Nova.
O atual centro histórico de Santo André nasceu em 1867, a partir de um povoado, formado muito lentamente, ao redor da Estação Férrea São Bernardo, inaugurada naquele ano, e que somente nos anos 30 do século XX viria a se chamar Santo André.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Texto extraído de matéria jornalísticas publicadas no Jornal Diário do Grande ABC, coluna do memorialista Ademir Médici, site da Prefeitura de Santo André e internet.
Não tendo portanto, nenhuma relação com a segunda cidade, o Município de Santo André dos dias atuais.
A Santo André de hoje nasceu no século XIX, com a passagem da Estrada de Ferro São Paulo Railway – a SPR ou Inglesa –, que começou a ser construída em 1860.
No ano seguinte, começou a ser formado o primeiro povoado do atual território de Santo André, denominado Alto da Serra ou Vila de Paranapiacaba.
Paranapiacaba pode ter sua fase inicial dividida em três partes:
No ano de 1861, se deu o início da formação da Vila Velha.
Em 1862, se iniciou a formação da parte alta (morro).
Nos idos de 1898, se deu o início da formação de Vila Nova.
O atual centro histórico de Santo André nasceu em 1867, a partir de um povoado, formado muito lentamente, ao redor da Estação Férrea São Bernardo, inaugurada naquele ano, e que somente nos anos 30 do século XX viria a se chamar Santo André.
Luciana Celestino dos Santos
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Texto extraído de matéria jornalísticas publicadas no Jornal Diário do Grande ABC, coluna do memorialista Ademir Médici, site da Prefeitura de Santo André e internet.
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Santo André, Antiga Vila
São duas cidades, portanto, duas histórias.
Esta humilde vila, se iniciou quando o português João Ramalho, que já vivia no Brasil, fundou-a.
Tal criação se deu, por obra da chegada de seus compatriotas, em 1500.
Época do descobrimento da Ilha de Vera Cruz, Terra de Santa Cruz, Brasil.
No tocante a isso, o povoado teve vida curta.
Surgida em 1550, a vila foi oficializada em 8 de Abril de 1553 e chegou ao fim em 1560.
No dia 8 de abril, do ido e longínquo ano de 1553, João Ramalho recebeu um documento referente a vila recém-fundada.
Tal documento, garantia as terras pertencentes ao município do Grande ABC.
Foi assim que se criou a Vila de Santo André da Borda do Campo.
Vila dos personagens: João Ramalho, Cacique Tibiriçá e sua filha Bartira.
Um vilarejo que teve pelourinho, poder constituído, atas e que ficava num ponto do atual ABC paulista, cuja população foi transferida para São Paulo de Piratininga – dos jesuítas do Pátio do Colégio –, juntamente com toda sua documentação, representada por vários livros de atas hoje arquivados em São Paulo.
Foi João Ramalho, que batizou a Vila de Santo André da Borda do Campo.
Era uma linda vila.
Com isso, o poderoso português João Ramalho, dominou-as até 1560, quando toda a população, tanto os moradores, quantos as autoridades foram transferidos para São Paulo de Piratininga – fundada pelos jesuítas, ou São Paulo de Piratinin, “peixe-seco” –, com toda a documentação.
Desta forma, Santo André, passou então, a ser Freguesia do município.
Uma espécie de bairro ou distrito.
Contudo, quanto a origem da vila de Santo André, existem várias versões controversas.
A mais usual, é a defendida pelo historiador José de Souza Martins.
Segundo ele, a antiga Santo André, situava-se no atual município de São Bernardo do Campo, na embocadura do Córrego da Borda do Campo com o Ribeirão dos Meninos, próxima à Avenida Senador Vergueiro, onde esteve instalada a Villares e hoje está o Carrefour.
Foi neste cenário, que no século XVIII, fixou-se a sede da fazenda dos Beneditinos.
Segundo documentos da época, houve reiteradas manifestações, solicitando a transformação da Vila de Santo André em município.
Isso, depois de séculos de abandono, quando da transferência para São Paulo.
Mas somente em 12 de março de 1889, um ato do Presidente da Província de São Paulo, sua Excelência, o senhor Pedro Vicente de Azevedo, formalizou a criação do município de São Bernardo – correspondente à área do município de São Bernardo, referente à área de toda a vila – hoje ABC.
Anos antes, fora criada a Freguesia de São Bernardo, por aprovação régia do Bispo Diocesano e por alvará de 12 de outubro de 1812.
A Freguesia, espécie de Distrito de Santo André, abrangia uma área que não tinha limites exatos, mas não equivalia ao território atual da região do Grande ABC, pois dela não fazia parte, o bairro rural de São Caetano.
Contudo, somente no ano de 1890, foi instalado o município de São Bernardo, abrangendo toda a área do Grande ABC, com sede em São Bernardo do Campo.
A instalação oficial deu-se em 11 de maio de 1890, por força de um requerimento de outrora, do Coronel Oliveira Lima, do futuro Senador Fláquer, do Padre Lustosa e de vários outros moradores.
O Conselho de Intendência, nomeado para exercer provisoriamente a administração municipal era composto pelo: Coronel Oliveira Lima, Francisco José da Silva e José Dal Zotto – este último –, nomeado como Primeiro Intendente municipal, cargo similar ao de Prefeito.
A Câmara Municipal foi instalada em 29 de setembro de 1892, quando tomaram posse os Vereadores.
A denominação Santo André, em alusão a desaparecida Vila de Santo André da Borda do Campo, foi retomada apenas em 1910.
O atual município de Santo André recebeu nome oficial em 1938, e a comemoração de seu aniversário é em 8 de abril, que foi a data da instalação oficial da antiga vila.
Nos idos de 1896, foi criado o Distrito de Paz, de Ribeirão Pires – incluindo os atuais municípios de Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra, parte de Mauá e o atual Distrito de Paranapiacaba.
Em 1907, foi criado o Distrito de Paranapiacaba.
Três anos após, o município de Santo André foi criado, – em 1910 – incluindo a atual cidade de Santo André, São Caetano e parte de Mauá.
No ano de 1916, foi criado o município de São Caetano.
A antiga região do Tijucuçu – “lamaçal” –, recebia muitas enchentes, as quais deixavam o lugar cheio de barro.
Esse local, se tornou o atual município de São Caetano.
Nessa cidade, a famosa região da Estrada das Lágrimas, ficou conhecida por este nome, porque foi neste local, que mães chorosas se despediram de seus filhos que foram lutar na Guerra do Paraguai.
Em 1934, foi criado o município de Mauá.
Nos idos de 1938, o município de São Bernardo, passou a denominar-se Santo André.
O distrito sede do lugar, passou a ser o Distrito de São Bernardo, englobando o Distrito de São Caetano, e mantendo as divisas distritais.
Em 1944, o Distrito de São Bernardo, foi elevado à categoria de município, com a denominação de São Bernardo do Campo.
A instalação da nova cidade, ocorreu no dia 1º de janeiro de 1945.
Nos idos de 1948, o Subdistrito de São Caetano foi elevado também, à condição de município, com a denominação de São Caetano do Sul.
No dia 16 de fevereiro de 1950, foi elaborado o Hino de Santo André, oficializado pela Lei Municipal nº 541, com os seguintes versos:
“Santo André livre terra querida
Forja ardente de amor e trabalho
Em teu solo semeias a vida,
Em teus lares há pão e agasalho
Salve, salve torrão andreense
Gigantesco viveiro industrial!
Teu formoso destino pertence
Aos que lutam por um ideal
Três figuras de heróis bandeirantes
Isabel, o Cacique e o Reinol
Constituíram os troncos gigantes
Das famílias paulistas de escol
Salve, salve torrão andreense ...
Se tu foste, no início, um castigo
Hoje és benção dos céus sobre nós,
Santo André, o teu nome bendigo,
Berço e tumba de nossos avós
Salve, salve torrão andreense...
Eia, pois, a caminho da glória,
Santo André do herói quinhentista!
Tu será para sempre na história
Marco zero da História Paulista!
Salve, salve torrão andreense...”
Santo André, nosso orgulho constante!
Quanto ao hino, importante destacar que seu autor foi José Dal Zotto.
Muito embora ele seja pouco conhecido, sabe-se que ele era um imigrante italiano e chegou em São Bernardo em 1878.
Era filho legítimo de Ângelo Dal Zotto e Maria Dal Zotto.
Foi casado com Giusseppina Dal Zotto.
Era negociante – antiga forma de se designar os comerciantes.
Exerceu a Intendência aos 38 anos, e permaneceu no cargo até 27 de março de 1892.
Faleceu em 10 de janeiro de 1897 e foi sepultado na Quadra 7, Sepultura Perpétua 23, do Cemitério Municipal – hoje pertencente a Vila Euclides – em São Bernardo do Campo.
A sepultura, foi cedida graciosamente pela Câmara Municipal.
Este grande homem, é também considerado, o Primeiro Prefeito da região.
Em 1953, o município de Santo André, inicialmente termo da Comarca de São Paulo, obteve pela Lei nº 2420, aos 18 de dezembro, sua autonomia jurídica, criando-se a Comarca de Santo André.
No ano de 1954, os distritos de Mauá e Ribeirão Pires – incluindo o atual município de Rio Grande da Serra – foram elevados à condição de município, também.
Em 1958, foi criado o município de Diadema.
Nos idos de 1985, em parte do 2º Subdistrito de Santo André, foi criado o Distrito de Capuava.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Texto extraído de matéria jornalísticas publicadas no Jornal Diário do Grande ABC, coluna do memorialista Ademir Médici, site da Prefeitura de Santo André e internet.
Esta humilde vila, se iniciou quando o português João Ramalho, que já vivia no Brasil, fundou-a.
Tal criação se deu, por obra da chegada de seus compatriotas, em 1500.
Época do descobrimento da Ilha de Vera Cruz, Terra de Santa Cruz, Brasil.
No tocante a isso, o povoado teve vida curta.
Surgida em 1550, a vila foi oficializada em 8 de Abril de 1553 e chegou ao fim em 1560.
No dia 8 de abril, do ido e longínquo ano de 1553, João Ramalho recebeu um documento referente a vila recém-fundada.
Tal documento, garantia as terras pertencentes ao município do Grande ABC.
Foi assim que se criou a Vila de Santo André da Borda do Campo.
Vila dos personagens: João Ramalho, Cacique Tibiriçá e sua filha Bartira.
Um vilarejo que teve pelourinho, poder constituído, atas e que ficava num ponto do atual ABC paulista, cuja população foi transferida para São Paulo de Piratininga – dos jesuítas do Pátio do Colégio –, juntamente com toda sua documentação, representada por vários livros de atas hoje arquivados em São Paulo.
Foi João Ramalho, que batizou a Vila de Santo André da Borda do Campo.
Era uma linda vila.
Com isso, o poderoso português João Ramalho, dominou-as até 1560, quando toda a população, tanto os moradores, quantos as autoridades foram transferidos para São Paulo de Piratininga – fundada pelos jesuítas, ou São Paulo de Piratinin, “peixe-seco” –, com toda a documentação.
Desta forma, Santo André, passou então, a ser Freguesia do município.
Uma espécie de bairro ou distrito.
Contudo, quanto a origem da vila de Santo André, existem várias versões controversas.
A mais usual, é a defendida pelo historiador José de Souza Martins.
Segundo ele, a antiga Santo André, situava-se no atual município de São Bernardo do Campo, na embocadura do Córrego da Borda do Campo com o Ribeirão dos Meninos, próxima à Avenida Senador Vergueiro, onde esteve instalada a Villares e hoje está o Carrefour.
Foi neste cenário, que no século XVIII, fixou-se a sede da fazenda dos Beneditinos.
Segundo documentos da época, houve reiteradas manifestações, solicitando a transformação da Vila de Santo André em município.
Isso, depois de séculos de abandono, quando da transferência para São Paulo.
Mas somente em 12 de março de 1889, um ato do Presidente da Província de São Paulo, sua Excelência, o senhor Pedro Vicente de Azevedo, formalizou a criação do município de São Bernardo – correspondente à área do município de São Bernardo, referente à área de toda a vila – hoje ABC.
Anos antes, fora criada a Freguesia de São Bernardo, por aprovação régia do Bispo Diocesano e por alvará de 12 de outubro de 1812.
A Freguesia, espécie de Distrito de Santo André, abrangia uma área que não tinha limites exatos, mas não equivalia ao território atual da região do Grande ABC, pois dela não fazia parte, o bairro rural de São Caetano.
Contudo, somente no ano de 1890, foi instalado o município de São Bernardo, abrangendo toda a área do Grande ABC, com sede em São Bernardo do Campo.
A instalação oficial deu-se em 11 de maio de 1890, por força de um requerimento de outrora, do Coronel Oliveira Lima, do futuro Senador Fláquer, do Padre Lustosa e de vários outros moradores.
O Conselho de Intendência, nomeado para exercer provisoriamente a administração municipal era composto pelo: Coronel Oliveira Lima, Francisco José da Silva e José Dal Zotto – este último –, nomeado como Primeiro Intendente municipal, cargo similar ao de Prefeito.
A Câmara Municipal foi instalada em 29 de setembro de 1892, quando tomaram posse os Vereadores.
A denominação Santo André, em alusão a desaparecida Vila de Santo André da Borda do Campo, foi retomada apenas em 1910.
O atual município de Santo André recebeu nome oficial em 1938, e a comemoração de seu aniversário é em 8 de abril, que foi a data da instalação oficial da antiga vila.
Nos idos de 1896, foi criado o Distrito de Paz, de Ribeirão Pires – incluindo os atuais municípios de Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra, parte de Mauá e o atual Distrito de Paranapiacaba.
Em 1907, foi criado o Distrito de Paranapiacaba.
Três anos após, o município de Santo André foi criado, – em 1910 – incluindo a atual cidade de Santo André, São Caetano e parte de Mauá.
No ano de 1916, foi criado o município de São Caetano.
A antiga região do Tijucuçu – “lamaçal” –, recebia muitas enchentes, as quais deixavam o lugar cheio de barro.
Esse local, se tornou o atual município de São Caetano.
Nessa cidade, a famosa região da Estrada das Lágrimas, ficou conhecida por este nome, porque foi neste local, que mães chorosas se despediram de seus filhos que foram lutar na Guerra do Paraguai.
Em 1934, foi criado o município de Mauá.
Nos idos de 1938, o município de São Bernardo, passou a denominar-se Santo André.
O distrito sede do lugar, passou a ser o Distrito de São Bernardo, englobando o Distrito de São Caetano, e mantendo as divisas distritais.
Em 1944, o Distrito de São Bernardo, foi elevado à categoria de município, com a denominação de São Bernardo do Campo.
A instalação da nova cidade, ocorreu no dia 1º de janeiro de 1945.
Nos idos de 1948, o Subdistrito de São Caetano foi elevado também, à condição de município, com a denominação de São Caetano do Sul.
No dia 16 de fevereiro de 1950, foi elaborado o Hino de Santo André, oficializado pela Lei Municipal nº 541, com os seguintes versos:
“Santo André livre terra querida
Forja ardente de amor e trabalho
Em teu solo semeias a vida,
Em teus lares há pão e agasalho
Salve, salve torrão andreense
Gigantesco viveiro industrial!
Teu formoso destino pertence
Aos que lutam por um ideal
Três figuras de heróis bandeirantes
Isabel, o Cacique e o Reinol
Constituíram os troncos gigantes
Das famílias paulistas de escol
Salve, salve torrão andreense ...
Se tu foste, no início, um castigo
Hoje és benção dos céus sobre nós,
Santo André, o teu nome bendigo,
Berço e tumba de nossos avós
Salve, salve torrão andreense...
Eia, pois, a caminho da glória,
Santo André do herói quinhentista!
Tu será para sempre na história
Marco zero da História Paulista!
Salve, salve torrão andreense...”
Santo André, nosso orgulho constante!
Quanto ao hino, importante destacar que seu autor foi José Dal Zotto.
Muito embora ele seja pouco conhecido, sabe-se que ele era um imigrante italiano e chegou em São Bernardo em 1878.
Era filho legítimo de Ângelo Dal Zotto e Maria Dal Zotto.
Foi casado com Giusseppina Dal Zotto.
Era negociante – antiga forma de se designar os comerciantes.
Exerceu a Intendência aos 38 anos, e permaneceu no cargo até 27 de março de 1892.
Faleceu em 10 de janeiro de 1897 e foi sepultado na Quadra 7, Sepultura Perpétua 23, do Cemitério Municipal – hoje pertencente a Vila Euclides – em São Bernardo do Campo.
A sepultura, foi cedida graciosamente pela Câmara Municipal.
Este grande homem, é também considerado, o Primeiro Prefeito da região.
Em 1953, o município de Santo André, inicialmente termo da Comarca de São Paulo, obteve pela Lei nº 2420, aos 18 de dezembro, sua autonomia jurídica, criando-se a Comarca de Santo André.
No ano de 1954, os distritos de Mauá e Ribeirão Pires – incluindo o atual município de Rio Grande da Serra – foram elevados à condição de município, também.
Em 1958, foi criado o município de Diadema.
Nos idos de 1985, em parte do 2º Subdistrito de Santo André, foi criado o Distrito de Capuava.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Texto extraído de matéria jornalísticas publicadas no Jornal Diário do Grande ABC, coluna do memorialista Ademir Médici, site da Prefeitura de Santo André e internet.
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domingo, 5 de abril de 2020
Dos jornais
No dia 13 de março de 1964, o presidente João Goulart fez um comício na Central do Brasil, Rio de Janeiro, no qual ele defendia as chamadas "Reformas de Base": Reforma agrária, administrativa do governo, universitária, bancária, eleitoral, fiscal e tributária e constitucional.
Os Beatles eram sucesso absoluto no mundo inteiro.
No dia 15, na abertura dos trabalhos no Congresso, foi lida uma mensagem do
Presidente a favor das "Reformas de Base".
Em cartaz no Cinema Paissandu, Rio de Janeiro, o filme "Jules et Jim-Uma Mulher para Dois", de François Truffaut.
No dia 17, manifestação da Federação das Indústrias, da Federação das Associações Comerciais e do Sindicato dos Bancos contra "o clima de agitação".
No dia 19, em São Paulo, centenas de milhares de pessoas participam da "Marcha da Família com Deus pela Liberdade", em oposição ao presidente João Goulart.
Brigitte Bardot, veio para o Brasil e foi morar em Búzios, com seu namorado Bob Zaguri. Sendo ela atriz de cinema Europeu, ganhou grande destaque no filme: "E Deus criou a Mulher."
No dia 20, o general Castello Branco, Chefe do Estado-Maior do Exército, expediu circular aos Generais, conclamando-os a agirem "contra a subversão."
No dia 26, no Rio de Janeiro, foi deflagrada a "Rebelião dos Marinheiros".
No dia 31 de março de 1964, em Minas Gerais, sob o comando do General Mourão Filho, eclodiu o levante militar contra o Presidente João Goulart. Tropas do Exército, marcharam em direção ao Rio de Janeiro.
Dia 2 de abril de 1964. A versão carioca da "Marcha da Família", em preparativos desde de 31 de março, acabou transformada na comemoração de quase um milhão de pessoas da vitória do levante.
Grupos mais exaltados incendiaram o prédio da UNE.
O jornal Correio da Manhã se posicionou contra o golpe.
A Universidade de Brasília foi invadida pela PM; prisão de professores e estudantes.
Dia 10, saiu a primeira lista de cassações.
Entre os cassados, João Goulart, Jânio Quadros e Luís Carlos Prestes.
Dia 15 de abril de 1964, posse do General Humberto de Alencar Castello Branco, como presidente do Brasil.
Dia 13 de janeiro de 1965. O Fundo Monetário Internacional, concedeu ao Brasil um empréstimo de 125 milhões de dólares.
Maria Bethânia fez sucesso cantando Carcará, de João do Vale: "Carcará,pega,mata e come!"
Dia 11 de março. Manifestação estudantil contra o presidente Castello Branco, na Ilha do Fundão, Rio de Janeiro.
Abril de 65. Lançada a Revista Civilização Brasileira, sob a direção de Enio Silveira.
Dia 13 de abril. O BID (Banco Internacional de Desenvolvimento), a Cepal e a
Organização Internacional para a Alimentação concederam ao Brasil um empréstimo de 300 milhões de dólares.
Dia 22 de abril. Explodiu uma bomba nas oficinas do jornal O Estado de S. Paulo.
Dia 29 de abril. Intervenção armada dos Estados Unidos na República Dominicana, posteriormente apoiada pela OEA (Organização dos Estados Americanos). No dia 17 de maio, o Brasil aceitou enviar tropas à República Dominicana para deter o processo revolucionário naquele país.
O livro: Festival de Besteiras que Assola o País, de Sérgio Porto, tornou-se um best-seller.
Início da novela Redenção, de Raimundo Lopes, estrelada por Regina Duarte, na TV Excelsior. A novela viria a ter 594 capítulos.
Foi inaugurada a TV Globo, no Rio de Janeiro.
Carlos Lacerda rompeu com o presidente Castello Branco.
Foi lançado o filme São Paulo S/A, de Luís Sérgio Person, com Walmor Chagas. E Os Fuzis de Ruy Guerra, recebeu o Urso de Prata no Festival de Berlim.
Censura proibiu a peça O Berço do Herói, de Dias Gomes.
Dois dos poucos espetáculos de cunho político que escapam à Censura são: Liberdade, Liberdade, de Flávio Rangel, e Arena Contra Zumbi, de Boal e Guarnieri.
Passeatas estudantis em todo o país contra o acordo MEC/Usaid.
Na Inglaterra, Mary Quant lançou a minissaia. Tinha 34 anos quando realizou este feito.
Dia 3 de outubro. Realizaram-se eleições diretas para governador em 12 estados. A oposição saiu vitoriosa em cinco, dois deles de grande peso político: Minas e Guanabara/Rio de Janeiro.
Dia 8 de outubro. Carlos Lacerda retirou sua candidatura á Presidência.
O cinema nacional produziu “Opinião Pública”, de Arnaldo Jabor, e “A Falecida”,
de Leon Hirsman, entre outros.
No mundo, foi sucesso “Julieta dos Espíritos”, de Fellini, “Pierrot,Le Fou e Alphavile”, de Godard, “A Noviça Rebelde”, “Doutor Jivago”, “A Nau dos Insensatos”.
Dia 27 de outubro. Foi assinado o Ato Institucional nº 2, que extinguiu os partidos políticos, instituiu o sistema Bipartdário –o Arena, governista, e o MDB, de oposição – e foram cancelas as eleições Presidenciais.
Dia 4 de janeiro de 1966. Foi lançada oficialmente a candidatura do General Arthur da Costa e Silva à Presidência da República.
Março de 1966. Belo Horizonte. A polícia reprimiu com violência uma passeata, e invadiu uma igreja atrás dos estudantes. Passeatas também em são Paulo, Curitiba, Vitória e Rio de Janeiro.
Em cartaz o filme “Un Homme, une Femme”, de Claude Lelouch, no Cinema Veneza, Rio de Janeiro.
Em cartaz noutros cinemas, “O Homem que Não Vendeu sua Alma”, com Paul Scofield, “Quem Tem Medo de Virginia Woolf”, com Elizabeth Taylor e Richard Burton, “A Guerra Acabou”, de Alain Resnais.
Abril de 1966. Foi lançada a revista Realidade.
Dia 10 de abril. Foi ao ar pela TV Record o programa dominical de Hebe Camargo, que viria a ser líder de audiência por muitos anos.
Dia 1o de junho. MDB lançou a candidatura de Cordeiro de Farias à Presidência da República. Dia 3 de junho, Cordeiro de Farias renunciou á candidatura.
Dia 28 de junho. Na Argentina, um golpe chefiado pelo General Juan Carlos
Ongania, derrubou Arturo Illia da Presidência.
Brasil foi á Copa do Mundo da Inglaterra. Protestos contra a convocação de Servílio. Copa do Mundo: Brasil perdeu para a Hungria. Última chance de classificação era derrotar Portugal.
Dias 19 e 24 de março. Passeatas tomaram o centro do Rio de Janeiro. Pessoas
aplaudiram, e jogaram papel picado do alto dos edifícios.
Realizado o II Festival de Música Popular Brasileira, desta vez pela TV Record.
Chico Buarque e Nara Leão foram consagrados pela música “A Banda”.
Foram inauguradas exposições de arte de Rubens Gerhsman, Antonio Dias e Roberto Magalhães.
A moda do costureiro Courréges ganhou o mundo.
Dia 25 de julho. Uma bomba explodiu no aeroporto dos Guararapes, em Recife, onde desembarcaria o General Costa e Silva, candidato à sucessão do Presidente Castello Branco. Morreu o Almirante Nélson Dias Fernandes e o jornalista Edson Régis; catorze pessoas ficaram feridas.
O serviço de Censura do Departamento Federal de Segurança Pública baixou novas normas de censura para a televisão.
Dia 28 de julho. O 28º Congresso da UNE (União Nacional dos Estudantes) foi
realizado clandestinamente no porão da Igreja de São Francisco de Assis, em Belo Horizonte. Apenas 300 dos 500 delegados esperados conseguiram chegar ao local.
Recrudesceu a repressão ao movimento estudantil.
Publicação da UNE anunciou o dia 22 de setembro de 1966 como o”Dia de Luta
contra a Ditadura”.
Em cartaz no cine Paissandu o filme “Todas as Mulheres do Mundo”, estrelado por Leila Diniz e dirigido por Domingos de Oliveira.
Dia 3 de outubro de 1966. Arthur da Costa e Silva, já promovido a Marechal, foi
ratificado pelo Congresso para a Presidência da República.
Dia 12 de Outubro. O presidente do Congresso, Adauto Lúcio Cardoso, da Arena, ex-UDN, se negou a reconhecer cassações de mandatos de deputados. Dia 19 de outubro, Castello Branco decretou recesso do Congresso.
Janeiro de 67. Foi promulgada a Constituição que estabeleceu eleição indireta para Presidente e Governador, Estado de Sítio, julgamento de civis por tribunais militares, e o direito de estrangeiros explorarem riquezas minerais. O MDB chamou a Constituição de Carta Liberticida.
Dia 15 de março de 1967. Posse do Marechal Arthur da Costa e Silva na Presidência da República.
Passeatas de estudantes contra acordo MEC/Usaid.
No III Festival de Música Popular Brasileira, da TV Record. O 1º lugar foi de
“Ponteio”, de Edu Lobo e Capinan, o 2º de “Domingo no Parque”, com Gilberto Gil e Os Mutantes, 3º “Roda Viva”, de Chico Buarque, e, em 4º, Caetano Veloso, com “Alegria, Alegria”. Estava lançado o “Movimento Tropicalista” na música.
Dia 4 de setembro. No Rio de Janeiro, constituiu-se a “Frente Ampla” contra o
governo, reunindo Juscelino Kubitschek, Carlos Lacerda e outros.
Dia 11 de setembro, Juscelino foi convocado a depor na Polícia Federal sobre a”Frente Ampla”. Dia 12 de setembro, Juscelino se negou a depor e viajou para os EUA.
Julho-agosto de 1967. Foi proibido o Congresso da UNE.
Escalada norte-americana na Guerra do Vietnã, resistência ferrenha do Vietcong.
O movimento hippie ganhou força nos Estados Unidos e no mundo.
Dia 5 de outubro. Estourou a ”Guerra dos Seis Dias”, Israel contra os países árabes.
Dia 8 de outubro. Ernesto “Che” Guevara foi morto na Bolívia.
1968. “Soy Loco por Ti, América”, música de Gilberto Gil e Capinan, foi cantada em todo o país:
“Soy loco por ti, América,
Soy loco por ti de amores
El nombre del hombre muerto
Ya no se puede decirlo
Quien sabe
Antes que o dia arrebente
Antes que o dia arrebente
El nombre del hombre muerto
Antes que a definitiva noite se espalhe em Latinoamérica
El nombre del hombre es pueblo
El nombre del hombre es pueblo! ...”
Janeiro de 1968. A peça “Roda Viva”, de Chico Buarque e José Celso Martinez
Corrêa, inaugurou o “teatro de agressão”.
Dia 30 de janeiro de 1968. Os vietcongs e os norte-vietnamitas se lançaram contra o Vietnã do Sul e os norte-americanos.
Dia 28 de março. O estudante Édson Luiz Lima Souto foi morto no Calabouço, Rio de Janeiro.
Dia 4 de abril. Assassinado Martin Luther King, prêmio Nobel da Paz de 64 e líder do movimento pela igualdade civil nos EUA.
Era lançada a revista Veja.
Dia 5 de abril. O Presidente Costa e Silva e o Ministro da Justiça Gama e Silva
extinguiram a “Frente Ampla”.
Dia 17 de abril. 68 municípios foram considerados área de segurança nacional,
extinguindo-se, portanto, as eleições para Prefeito nestas cidades.
Dia 1º de maio. O Governador de São Paulo, Abreu Sodré, foi apedrejado e ferido em protesto na Praça da Sé, São Paulo.
Dia 3 de maio. EUA e Vietnã do Norte concordaram em abrir a Conferência de Paz, em Paris.
Nos cinemas, “O Bandido da Luz Vermelha”, de Rogério Sganzerla, “2001-Uma
Odisséia no Espaço”, de Stanley Kubrick, “Edu,Coração de Ouro”, de Domingos Oliveira, “O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro”, de Gláuber Rocha, “O Bebê de Rosemary”, de Roman Polanski, “Roberto Carlos em Ritmo de Aventura”, de Roberto Farias.
Dia 10 de maio. Eclodiu na França uma rebelião estudantil contra a estrutura do ensino e a política do governo. Estudantes ocuparam universidades, promoveram manifestações, levantaram barricadas nas ruas. Pouco depois, 6 milhões de trabalhadores entraram em greve de apoio aos estudantes. O Presidente De Gaulle declarou Estado de Sítio.
Em maio, rebeliões estudantis também na Alemanha, Bélgica, Espanha, Itália, Estados Unidos, Argentina, Bolívia, Chile, Senegal.
O tema do terrorismo e da guerrilha entrou na publicidade: moças armadas de
metralhadoras anunciavam roupas com o tecido “Tergal”.
Dia 26 de maio. O dr. Euríclides Zerbini realizou o primeiro transplante de coração no Brasil, no Hospital das Clínicas de São Paulo.
Dia 6 de junho. Foi assassinado a tiros, na Califórnia, o Senador Robert Kennedy, candidato à Presidência dos EUA.
Dia 22 de junho de 1968. Roubo de armas do Hospital Militar do Cambuci, São
Paulo.
Dia 26 de junho. Realizou-se no Rio de Janeiro, com a permissão do Governo
Estadual, a Passeata dos 100 mil. Em seguida, a comissão eleita na Passeata dos Cem Mil, se avistou com o presidente Costa e Silva, em Brasília. Atritos entre o presidente e a comissão encerrou a reunião sem resultado.
Dia 26 de junho. Carro-bomba foi lançado contra quartel-general do II Exército, São Paulo.
Reabilitado o autor teatral Qorpo Santo, desaparecido cem anos antes. Foi
considerado precursor do Teatro do Absurdo.
Julho. Estreou em São Paulo a peça “Roda Viva”, de Chico Buarque e José Celso
Martinez Corrêa.O CCC (Comando de Caça aos Comunistas) atacou o teatro Ruth Escobar, os cenários foram destruídos e os atores, espancados. O CCC metralhou a Faculdade de Direito da USP.
Dia 4 de julho. Passeata com cerca de 30 mil pessoas foi violentamente reprimidas no Rio de Janeiro.
Dia 5 de julho. O Ministro Gama e Silva proibia qualquer manifestação pública.
Dia 22 de julho. Atentado a bomba contra a sede da Associação Brasileira de
Imprenssa/ABI, Rio de Janeiro.
Dia 21 de agosto. Tanques soviéticos invadiram a Tchecoslováquia. Indignação em todo o mundo, à direita e à esquerda.
Dia 29 de agosto. A polícia invadiu a Universidade de Brasília. Um estudante foi
baleado na cabeça.
Foi lançado o disco “Manifesto Tropicália”, de Caetano, Gil, Gal e Os Mutantes,
com arranjos de Rogério Duprat, um marco da música popular brasileira.
Outubro. Inúmeras cartas de telespectadores recebidas pela TV Globo rejeitavam as cenas de amor entre um negro (Jorge Coutinho) e uma branca (Djenane Machado), na novela de época Passos dos Ventos, de Janete Clair. O roteiro foi alterado e Djenane, substituída por Aizita Nascimento, uma negra.
Dia 4 de setembro de 1969, Rio de Janeiro. Militantes do Movimento Revolucionário 8 de outubro/MR-8 e da Aliança Libertadora Nacional/ALN sequestraram o Embaixador norte-americano Charles Elbrick. Exigiam em troca de sua devolução a libertação de quinze presos políticos e a leitura, em cadeia nacional, de um manifesto contra a ditadura. O manifesto foi lido em cadeia de rádio e televisão, os quinze presos políticos foram soltos e saíram do país e, no dia 7 de setembro de 1969, o Embaixador Elbrick foi libertado.
Em seguida, a repressão saiu prendendo quem tivesse a mais remota possibilidade de fornecer alguma informação.
Dia 31 de agosto de 1969. Vítima de trombose, Costa e Silva deixou a Presidência da República. Em lugar do Vice-Presidente Pedro Aleixo, assumiu o poder uma junta composta pelos três ministros militares: General Lyra Tavares, Almirante Augusto Rademaker e o Marechal-do-Ar Márcio de Souza Melo.
Dia 5 de setembro. A junta militar decretou o Ato Institucional no 13, que permitia o banimento dos brasileiros considerados perigosos à segurança nacional. O Governo baniu então, os quinze presos políticos libertados, em troca do Embaixador norte-americano.
Dia 9 de setembro. A junta militar decretou o Ato Institucional nº 14, que previa a pena de morte e a prisão perpétua em casos de “guerra revolucionária ou subversiva”.
Dia 29 de setembro. Morto nas dependências da Oban, o operário Virgílio Gomes da Silva, o “Jonas”, membro da ALN e chefe dos sequestradores do embaixador Charles Elbrick.
Dia 22 de outubro. O Congresso foi reaberto, sem os 93 membros cassados desde o AI-5.
Dia 25 de outubro. O Congresso elegeu Médici e Rademaker, Presidente e Vice,
respectivamente, por 239 votos da Arena contra 76 abstenções do MDB.
Dia 4 de novembro. Foi morto pela polícia, em São Paulo, Carlos Marighella, ex-
dirigente do PCB e principal líder da ALN.
Dia 19 de novembro. Pelé foi o terceiro jogador na história do futebol a marcar mil gols.
No final de 1969, o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) foi de 9%, da
indústria de 11% e da indústria automobilística, 20%. Foi criado o Consórcio de Automóveis e os novos modelos eram o Opala e Corcel. O fusca seguia como o mais vendido. A Petrobrás era a maior empresa da América Latina.
Dia 13 de janeiro de 1970. A Câmara Federal ratificou o decreto-lei presidencial
que estabelecia censura prévia a livros e periódicos.
A seca no Nordeste fez 2 milhões de flagelados ameaçarem saquear as cidades. O Presidente Médici declarou que,” a economia vai bem, mas o povo vai mal”.
Dia 11 de março. Foi sequestrado pela Vanguarda Popular Revolucionária, o Cônsul japonês Nobuo Okuchi, em São Paulo. No dia 15, foram libertados 5 presos políticos, em troca do Cônsul.
Abril. Tropas do Exército, Marinha e Aeronáutica localizaram e cercaram o campo de treinamento de guerrilheiros comandados por Carlos Lamarca, no vale da Ribeira, São Paulo. Lamarca escapou.
Dia 9 de maio. Nota do governo negou a existência de presos políticos e de tortura no Brasil.
Dia 15 de maio. A África do Sul foi excluída do Comitê Olímpico Internacional, por adotar o apartheid racial.
Os Beatles lançaram o “Let it Be”, que encerrou a discografia do grupo. Em abril, Paul MacCartney anunciou que estava saindo do grupo, e que iria gravar sozinho.
Dia 8 de junho. O Presidente da Argentina, Juan Carlos Onganía, que ascendera ao poder através do golpe, foi deposto por golpe de uma junta militar.
Em São Paulo, Ruth Escobar produz e Victor Garcia dirigiram a magnífica
montagem da peça “O Balcão”, de Jean Genet.
Nos cinemas “Azzilo Muito Louco”, de Nélson Pereira dos Santos, “M.A.S.H.”, de Robert Altman, “Love Story”, de Arthur Hiller, “Investigação sobre um cidadão acima de Qualquer Suspeita”, de Elio Petri.
Copa do mundo de Futebol, no México. O país cantou a marchinha “Pra Frente”, Brasil, de Miguel Gustavo:
“Noventa milhões em ação
Pra Frente Brasil
Salve a Seleção...”
Em 1971, a economia cresceu 11,3%. O setor automobilístico liderou o crescimento, as Bolsas do Rio de Janeiro e de São Paulo seguiram batendo recordes, as ações do Banco do Brasil atingiram a mais alta cotação dos últimos anos.
No início de 1972, o Presidente Médici anunciou sua grande meta: conter a inflação.
Na TV Globo, o programa “A Grande Família” fazia sucesso e no dia 8 de fevereiro de 1972, foi vendido o primeiro aparelho de TV em cores no Brasil. Também foi ao ar O Bem Amado, da TV Globo, a primeira novela em cores.
67Em agosto de 1972, o MDB lançou um projeto antiimpacto, e contestou os resultados econômicos e criticou a distribuição de renda.
O presidente Médici inaugurou a rodovia Transamazônica.
No dia 16 de novembro de 72, a Bolsa de Valores do Rio de Janeiro teve o menor movimento do período do “Milagre” e fechou o ano com recuo de 49,9%. Foi o princípio do fim do “Milagre”.
Em 1972, a Polícia Federal vetou qualquer referência em jornais à: Anistia
Internacional, abertura política ou democratização, anistia para cassados, críticas a política econômica, assim como a publicação do decreto de Dom Pedro I abolindo a censura no Brasil, no século passado.
Em setembro de 1973, o Presidente do Chile, Salvador Allende, foi deposto e morto, dentro do Palácio Presidencial. O General Augusto Pinochet passou a chefiar a ditadura no Chile. Milhares de presos políticos concentrados no Estádio Nacional, foram mortos ou desapareceram.
No dia 15 de janeiro de 74, o Colégio Eleitoral elegeu o General Ernesto Geisel
presidente da República. Foi o começo da abertura lenta e gradual. Em seguida, o Presidente Geisel reconheceu o fim do “Milagre Brasileiro”.
No dia 30 de abril de 75, o governo pró-americano do Vietnã do Sul entregou o poder ao Vietcong. Os últimos norte-americanos se retiraram de Saigon. Foi o fim da guerra.
Em 1975, no dia da estréia, a novela “Roque Santeiro”, de Dias Gomes, foi proibida, pela Censura.
No dia 19 de janeiro de 76, o Presidente Geisel demitiu o Comandante do II Exército, o General Ednardo D’Àvila Mello.
Em 1978, um manifesto de empresários em São Paulo – entre outros, Bardella,
Severo Gomes, Mindlin, Antônio Ermínio e Vilares – defendia liberdade e direitos aos cidadãos.
No dia 1º de janeiro de 79, o Presidente Geisel revogou o AI-5.
No dia 15 de março de 1979, o General João Baptista Figueiredo tomou posse na Presidência da República.
No dia 22 de agosto de 79, o Congresso aprovou a Lei da Anistia e os exilados
começaram a retornar ao Brasil.
O regime ditatorial também era uma forma de regime totalitário, como foi o nazi-facismo na Europa, que restringiu a liberdade dos cidadãos e ceifou milhares de vidas.
Estas formas de governo, foram péssimas para os países do qual fizeram parte, um verdadeiro atraso de vida.
Só que, recentemente entramos no processo democrático, e temos uma coisa
a acrescentar.
A ditadura foi instaurada de fato em 1964, só que antes disso os militares já
interferiam no governo desde o início de década de sessenta. Já estavam preparando o golpe que desencadeariam anos depois.
Jango estava sendo observado, suas escutas grampeadas, e sem nenhum apoio
político acabou sendo deposto e traído por seus amigos.
Seu cunhado Leonel Brizola, articulava um golpe para alcançar a Presidência, mas, por ser cunhado do então Presidente em exercício, não poderia se eleger por vias legais.
Antes disso, quando da renúncia de Jânio Quadros, houve uma tentativa de afastá-lo do poder, como o que ocorreu para impedir a posse de Juscelino que não ocorreu, graça à intervenção do militar Lott.
Jango chegou a Presidência com a ajuda do cunhado Brizola, que articulou uma resistência quando era governador do Rio Grande do Sul.
Falou numa rádio clandestina com o intuito de conseguir mais adeptos para uma resistência.
A rádio fora improvisada dentro do próprio Palácio do Governo.
As autoridades pensaram em bombardear o Palácio do Governo do Rio Grande do Sul.
Mas felizmente, a resistência dera certo e João Goulart pode assumir o poder.
Durante um certo período teve seus poderes e sua autonomia política castrados.
Realizou um Comício Público advertindo a todos para a realização das Reformas de Base, foi aclamado mas nem por isso conseguiu realizar o seu projeto.
Isso por que o golpe militar, se deu em 1º de abril de 64.
Nele grandes contingentes militares foram levados até as principais cidades do país com o forte intuito de impedir a reação popular.
Sindicatos perderam sua autonomia, e ninguém se manifestou contra o
processo.
Nem mesmo os estudantes com a sua organização, a UNE (União Nacional dos
Estudantes).
Os estudantes durante as greves lideradas por sindicatos, quiseram fazer parte
das mesmas e entronizá-las ao movimento estudantil.
Mas não lograram êxito em seu intento.
O golpe foi planejado pelos militares, mas a população e até os políticos foram pegos de surpresa.
Jango tentou uma reação, mas desistiu por que viu que não daria certo.
Por isso, fugiu do país.
Brizola se refugiou no Uruguai e mantendo contato com Cuba, Fidel e Che Guevara, e tentou realizar o intento de uma revolução no Brasil.
O projeto era treinar os militantes militarmente pelo Exército cubano.
Leonel Brizola nunca escondeu sua admiração pelo líder revolucionário Fidel Castro.
Sempre se colocou no papel de seguidor de Fidel, queria ser o
Fidel do Brasil.
A idéia revolucionária de que o Brasil tinha um grande contingente de
adeptos, era falsa utopia.
O número de comunistas no Brasil era insuficiente para organizar a revolução num país de grandes extensões territoriais, ainda mais, contando com os que
eram contra a luta armada.
A revolução por caminho pacífico, era no que Luís Carlos Prestes acreditava. Por isso foi acusado de tentativa de insurreição antes do golpe de 64 fracassar. Por sua intolerância em relação a luta armada, com o qual era contrário, foi muito criticado.
Nessa época, ocupava cargo de honra no Partido Comunista Brasileiro (PCB) e mantinha contato com a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Era contra as idéias de Fidel, e em um encontro político, passaram a se tratar asperamente.
O movimento estudantil realizado contra a ditadura e com intento de realizar uma revolução comunista no Brasil fracassou, tudo foi mal articulado e mal realizado.
O contingente de militantes era insuficiente para realizar uma revolução no país.
No final dos anos sessentas e início dos anos setentas foram realizadas no país as conhecidas guerrilhas urbanas, pequenas guerras realizadas no campo e na cidade, atos terroristas.
Os militantes participantes das guerrilhas eram treinados, pois fazer guerrilhas
exigia esforço e treinamento, o que não foi fácil.
Alguns militantes foram presos por indisciplina.
Além disso o treinamento não incluía um grande número de pessoas, ou seja, a
quantidade de guerrilheiros eram ínfimas, sem contar que muitas manifestações desse tipo a guerrilha não deu certo, e quase que o líder Lamarca, fora preso em uma delas.
O plano de revolução deveria ser minucioso, bem detalhado e explicado.
Marighella tentava conseguir adesões ao seu intento, só que as adesões eram
insuficientes, mesmo entre os dissidentes e isso atrapalhava os planos revolucionários.
Precisavam de grandes somas de dinheiro para treinar um exército revolucionário.
Fidel, juntamente com Che e Brizola, quando este estava exilado no Uruguai, país que faz fronteira com o Brasil, tentou realizar uma revolução no continente, no qual o centro polarizador seria o Brasil.
Nem isso deu certo.
Brizola desistiu do movimento depois de alguns percalços, onde o contingente guerrilheiro já reduzido se desmantelou.
Desistiu da revolução.
Quando Che e seus comandados penetraram em território Boliviano, foi o passo final em sua carreira guerrilheira, pois ali ele fora encurralado e assassinado por forças imperialistas norte-americanas, juntamente com a ajuda do governo Boliviano.
O processo revolucionário contou com assaltos a bancos, movimentos mal
articulados, sem muito planejamento e feitos de maneira amadora, quase que de improviso.
A trajetória revolucionária foi completada por uma série de equívocos, pois não
conseguiram muitas adesões, não se uniram num único partido forte, polarizador de todas as tendências de esquerda, onde todos lutariam por um ideal comum.
Outra coisa em que também falharam: não conseguiram o apoio mais fundamental, que era o apoio do povo, da classe proletária, o operariado.
Estes, sempre estiveram em poucos números nas organizações partidárias (os trabalhadores).
Muitos dizem também que a guerrilha rural era mais importante que a guerrilha urbana, sendo esta era só um apoio logístico para o movimento rural. Só que o que aconteceu foi o extremo oposto, valorizaram a cidade em detrimento do campo.
Deveriam ter aprendido com táticas de guerrilha armada.
Deveriam elaborarem melhor seus planos de ação, terem mais profissionalismo. Em muitos assaltos, alguns deles fugiam de ônibus sem segurança
alguma, e andavam com explosivos dentro de transportes coletivos.
Além do amadorismo, primaram pela falta de segurança, arriscando as suas vidas e as de cidadãos comuns.
Muitos acontecimentos denotam a seguinte realidade: a de que nem os militantes eram tão ingênuos assim, conforme já lhes foi dito antes.
Estes executaram algumas pessoas influentes, inclusive Embaixadores e militantes do próprio grupo em que estavam lutando, se matando entre si. Eram contra o aparelho repressor, odiavam o extermínio de militantes
e aplicavam o justiçamento entre os próprios companheiros de militância.
Houve disputas na ALN (Aliança Libertadora Nacional), entre alguns dos principais militantes quando o líder Carlos Marighella, foi fuzilado numa rua de São Paulo.
Pelo comando, brigavam para ver quem seria o novo líder.
Lutavam mesquinhamente por uma organização quase falida.
Realizaram seqüestros em troca de presos políticos; um dos primeiros seqüestros a ser realizado foi o do Embaixador americano.
No decorrer do seqüestro, quando foram encurralados pela polícia estando todo o exército na porta da casa onde estava escondido um dos sequestradores, com armas e dinheiro. Um deles fugiu sem calças. A fuga patética fora a tal ponto primária que para escapar da polícia o militante teve que pular de uma altura de quase dois metros, pegou um táxi e comprou uma calça, se encontrou com outro envolvido no sequestro e ambos fugiram de ônibus.
Os presos políticos a serem postos em liberdade em troca do Embaixador, foram listados às pressas sem nenhum critério, quase que aleatoriamente.
Não se preocuparam antes, em fazer um levantamento dos presos políticos no país.
Esse tipo de troca se tornou comum nos anos de repressão.
Seqüestros de embaixadores se tornou algo comum.
Outra coisa a se acrescentar é sobre os movimentos de reforma agrária no qual a luta dos trabalhadores era encerrada com várias mortes no campo.
Nos anos sessentas o líder dos trabalhadores rurais, criou uma organização para os trabalhadores denominada Master (Movimento dos Agricultores sem Terra).
Hoje o órgão de defesa dos camponeses se denomina MST (Movimento dos Sem Terra).
Nos tempos da ditadura os trabalhadores rurais deveriam ser treinados para
participarem de guerrilhas.
E o foco principal destas deveria ser o campo, o que acabou não ocorrendo.
O foco principal das guerrilhas era mesmo a cidade, várias ações terroristas
foram realizadas, assaltos de bancos, seqüestros de embaixadores.
Antes houve um período de discussões para partir para as ações, que mesmo depois destas discussões, ainda assim não foram bem articuladas.
Houve uma tentativa de ataque a um quartel no qual lançaram uma bomba dentro de um carro.
Um soldado se aproximou do carro-bomba, e este explodiu matando-o.
Essa morte foi lançada pelos militares como forma de incitar a população.
Esta reagiu sendo contra atitudes terrroristas, ou seja, o morto foi usado como massa de manobra.
O mesmo ocorreu com a passeata dos Cem Mil, onde o estudante Édson Luís,
morto no restaurante Calabouço, foi usado pelos manifestantes de esquerda, para manifestações contra a ditadura.
Na missa pelo corpo do jovem, autoridades invadiram as ruas que davam acesso a igreja para impedir as manifestações.
Mesmo assim houve uma passeata no qual muitos acreditam ter participado mais de cem mil pessoas.
Atos terroristas foram realizados.
No final dos anos sessentas surgiu um líder guerrilheiro Carlos Lamarca, simples Capitão do exército, que antes de desertar, roubou muitas armas do exército.
Como a ALN (Aliança Libertadora Nacional) não possuía lugar adequado para acondicionar armas, então, tiveram que colocá-las em casas de amigos.
Ficando lá por longo tempo, pois a organização nunca foi buscar.
Em uma das casas onde parte das armas ficaram escondidas, aconteceu algo imprevisível.
Ao abrir a porta da garagem, um homem assustou-se, e vendo as armas escondidas, tratou logo de se livrar delas, atirando-as num rio.
Por falar nisso, os assaltos a serem realizados, não eram bem planejados e muitas vezes, nem veículo de fuga tinham.
Não tinham lugar para fugir, e quando eram visados pela polícia, tinham que se refugiar na casa de amigos.
Não tinham aparelho seguro para se esconderem.
Em certa ocasião, mais de vinte pessoas ficaram na mesma casa, e não podiam
conversar, para não chamarem a atenção, dos que moravam próximos a casa onde estavam.
Durante o golpe de 64, o líder do movimento dos agricultores fugiu do país, só que antes disse ao Governador Brizola, que poderia contar com ele numa reação contra o regime militar.
Todavia, além de Brizola não poder contar com o apoio de que o líder tanto falava, descobriu o quanto este era covarde.
Durante o mesmo período de resistência, Carlos Lacerda, Luís Carlos Prestes e
Juscelino Kubstchek, criaram a Frente Ampla depois da dissidência do Partido Comunista Brasileiro (PCB), que mais tarde virou Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR).
Juscelino que fora cassado por um dos Atos Institucionais, teve que abdicar de seu sonho de ser novamente Presidente da República, pois perdeu seus direitos políticos.
Carlos Lacerda retirou sua candidatura à Presidência.
Prestes e Lacerda, velhos inimigos políticos, agora se unindo em torno de um objetivo comum.
Mas, Lacerda também ajudou os militares a realizarem o golpe, a denominada
Revolução de 64.
Outra dissidência foi o MR-8 (Movimento Revolucionário).
Na Nigéria, continente Africano, remessas de dinheiro para a Revolução foram embolsados por políticos brasileiros, e o dinheiro nunca serviu para o seu verdadeiro fim.
O Brasil também manteve relações com Cuba, com seu modelo revolucionário. Além de outros países, como no caso países da América Latina.
Além desses, tiveram contato com militantes italianos e franceses, e chegaram a fazer um série de alianças entre esses países.
As torturas foram denunciadas por este órgão no exterior.
Che Guevara chegou a lutar no continente Africano, pela causa Nigeriana.
Cuba também chegou a manter relações diplomáticas com a Nigéria.
Tentaram ensinar o que sabiam sobre a revolução para outros povos, inclusive o Brasil.
Por várias vezes fracassaram no seu intento.
As estratégias revolucionárias, os atos de terrorismo que foram realizados, contando inclusive com atentados a bomba em oficinas de jornais, atentados dirigidos aos próprios militares, execuções, não ofereciam nenhum tipo de ameaça para o setor militar.
Por falar nisso, entre os próprios militares, havia aqueles que eram militantes da esquerda.
Muitos militares influentes, se posicionaram contra certas medidas ditatoriais e
foram exonerados do cargo.
Carlos Lamarca, que era militar, se posicionou frente as guerrilhas urbanas. Tudo estava indo bem até que um dos membros da ALN (trocadilho da
Aliança Nacional Libertadora) fora preso e delatara o esquema das guerrilhas. Lamarca encurralado se refugiou na casa de um amigo, e depois fugiu num carro, e não despertou a atenção dos policiais.
Os militantes, conseguiram realizar algumas ações no campo, sendo que o preparo das bombas era artesanal.
Cuba dispendeu remessas de dinheiro para a causa, contingentes guerrilheiros foram treinar lá.
Muitos desses guerrilheiros não foram aproveitados nas guerrilhas, ficando
presos em Cuba.
As táticas de guerilha com focos, inspirada no modelo cubano, não deram
certo no Brasil, país de grandes extenções territoriais.
Diante disso, tentaram copiar o modelo de Lampião, subdividindo grupos. Também pegaram idéias, como o exemplo da resistência de Canudos, em que só foram destroçados na quarta batalha com o exército.
Só que Marighella não pensou no seguinte ponto, ali estava um grande contingente populacional, mesmo estando armados só de paus e pedras.
Outro problema ainda durante a gestão do Partido Comunista criado em 1922, era Prestes.
Isso porque o líder do partido anotava nome de membros e minúcias em suas
cadernetas, durante o golpe militar.
Quando Prestes fugiu do país, escondeu precariamente as cadernetas.
Quando a polícia invadiu sua casa, estas estavam escondidas em latas de
feijão.
A polícia apreendeu todo o material, e chegou a todos os integrantes do partido, sendo por causa disto, que muitos adeptos do partido foram presos.
Com isso Prestes cometeu o mesmo erro da Intentona Comunista, deixando ao
alcance dos militares, os nomes de membros do movimento.
Por isso foi, atacado por seus inimigos por este erro primário.
Quando a ALN foi desmantelada pelos órgãos repressores, todos os pontos de
contato foram interceptados pela polícia, escutas grampeadas, códigos de contatos foram delatados por membros do partido, e Marighella logo foi localizado e juntamente com a ajuda de três religiosos, encaminhado para uma armadilha, onde foi covardemente fuzilado.
Amigos e militantes execraram os religiosos.
A policia invadiu o convento em busca de algo que denunciasse Marighella.
O convento foi utilizado para guardar dinheiro de ações terroristas, armas entre outras coisas.
Os estabelecimentos comerciais assaltados eram indenizados, e para lucrarem com isso hiperinflacionavam os produtos dos assaltos.
Por isso mesmo, depois de um certo tempo, os bancos passaram a utilizar forte esquema de segurança.
Daí os assaltos passaram a ser realizados, em outras fontes de comércio.
Depois da morte do líder Marighella, o órgão que ele fundou se fragmentou, e a partir daí, as conhecidas guerrilhas foram se enfraquecendo por falta de grandes líderes, sendo Carlos Lamarca, o último deles.
Quando o PCB quando ainda existia como força política e Luís Carlos Prestes era o líder, ocorreu um fato estranho.
Marighella estando em viagem a Cuba comunista, acabou sendo tirado do PCB, por seu líder.
Isso por que, Marighella almejava tirar Prestes do partido, que no final das contas acabou tendo que formar a ALN.
O PCB também foi desarticulado e seus líderes organizaram órgãos contra o regime militar.
Essa subdivisão do forte Partido Comunista, que possuía membros consideráveis, foi um golpe fatal para a Revolução Comunista que pretendiam realizar.
Antes da morte do líder que substituíu Marighella, tentaram realizar a semana do terror, que acabou não se concretizando.
O seqüestro do Embaixador americano contrariou Marighella e foi uma aliança
entre a ALN e o MR-8.
Conseguiram o que queriam mas pagaram um preço por isso.
Em Itapecerica da Serra, tentaram organizar um Congresso.
Por lá, roubaram um caminhão e o pintaram de verde-oliva, as cores do exército.
Depois, esconderam o caminhão sob uma lona, mas acabaram por serem descobertos, devido principalmente o tamanho reduzido da cidade, na qual todos se conheciam.
Ocorreu um tiroteio nas ruas de São Paulo e alguns dos militantes conseguiram fugir.
Um deles entrou num carro e fez uma mulher de refém.
Por isso ele combinou uma história que ela contaria a polícia e no jornal do dia seguinte, e ela confirmou a combinação.
Para concluir esse painel que aqui se traçou, para encerrar, o ideal da revolução não foi alcançado, os líderes se perderam no caminho a trilhar, percorreram vertentes erradas, ocorreram mortes desnecessárias, justiçamentos onde já havia tão poucos militantes.
O contingente que fora treinado em Cuba e não fora aproveitado aqui no Brasil
gerou descontentamentos entre os militantes exilados que queriam lutar pelo movimento revolucionário, e não chegaram a sair de Cuba.
Os presos políticos libertados em questão do seqüestro do Embaixador foram
banidos e levados para Cuba.
Duas pessoas se ofereceram para mandar mensagens para o
Brasil.
E muitos mandaram mensagens.
As mais importantes e comprometedoras foram escondidas dentro de um absorvente.
Ao passarem pela alfandega as mulheres que levavam as mensagens foram detidas, e levadas ao banheiro, os militares ao revistá-las, foram direto
na calcinha de uma delas.
Claramente, elas foram delatadas por um agente infiltrado entre
eles.
O fracasso da revolução idealizada se deveu a uma série de fatores.
Ainda assim valeu por um sonho.
Só que a luta não valeu a pena.
Nada valeu.
Não valeu a pena nada.
A luta já era perdida antes de começar.
Como já foi dito antes, o sonho acabou.
O sonho dourado dos anos de ouro, de luta, de loucas e tresloucadas transformações, acabou.
Entramos na realidade já partir dos duros anos setentas.
Os grandes líderes como Câmara Ferreira, Carlos Lamarca, Marighella, foram
todos mortos no inicio dos anos setenta.
As guerrilhas foram se enfraquecendo, muitos militantes foram fuzilados por resistirem a prisão, ou então de tanto sofrerem torturas, acabaram morrendo em consequência destas.
As guerrilhas foram se enfraquecendo, muitos militantes foram fuzilados por resistirem a prisão, ou então de tanto sofrerem torturas, acabaram morrendo em consequência destas.
Ou mesmo fizeram como aquele que se atirou contra a parede, deixando-a toda ensanguentada.
Tudo para não sofrer as torturas.
Muitos corpos foram lançados ao mar, e muitos outros desapareceram e não mais serão encontrados, mesmo depois de quase trinta anos.
Os muitos participantes dessa lutam ainda são militantes de partidos políticos, outros desistiram da vida política.
Nos anos 60, quando Geraldo Vandré compôs a música que o consagrou ”Pra não dizer que não falei das flores”, teve sua prisão decretada e foi realmente preso.
Quanto a isso devo acrescentar que foi ele também que compôs Disparada, entoada por Jair Rodrigues:
“Prepare o seu coração
Pras coisas que eu vou contar
Eu venho lá do sertão
Eu venho lá do sertão
E posso não lhe agradar
Aprendi a dizer não
Ver a morte sem chorar
E a morte, o destino tudo
A morte, o destino tudo
Estava fora de lugar
Eu vivo pra consertar
Na boiada já fui boi
Boiadeiro já fui rei...”
Este belo clássico da MPB agraciado num Festival da Canção, é como nós
pretendemos encerrar este trabalho, um toque de saudade e nostalgia, para rememorar os anos 60, daqueles que viveram esse momento em suas vidas.
Até um dia.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Informações extraídas do livro: A Revolução Impossível, de Luis Mir, o livro Anos Rebeldes, baseado na minissérie exibida na rede Globo, e matérias publicadas no Jornal O Estado de São Paulo, ano de 1997.
Os Beatles eram sucesso absoluto no mundo inteiro.
No dia 15, na abertura dos trabalhos no Congresso, foi lida uma mensagem do
Presidente a favor das "Reformas de Base".
Em cartaz no Cinema Paissandu, Rio de Janeiro, o filme "Jules et Jim-Uma Mulher para Dois", de François Truffaut.
No dia 17, manifestação da Federação das Indústrias, da Federação das Associações Comerciais e do Sindicato dos Bancos contra "o clima de agitação".
No dia 19, em São Paulo, centenas de milhares de pessoas participam da "Marcha da Família com Deus pela Liberdade", em oposição ao presidente João Goulart.
Brigitte Bardot, veio para o Brasil e foi morar em Búzios, com seu namorado Bob Zaguri. Sendo ela atriz de cinema Europeu, ganhou grande destaque no filme: "E Deus criou a Mulher."
No dia 20, o general Castello Branco, Chefe do Estado-Maior do Exército, expediu circular aos Generais, conclamando-os a agirem "contra a subversão."
No dia 26, no Rio de Janeiro, foi deflagrada a "Rebelião dos Marinheiros".
No dia 31 de março de 1964, em Minas Gerais, sob o comando do General Mourão Filho, eclodiu o levante militar contra o Presidente João Goulart. Tropas do Exército, marcharam em direção ao Rio de Janeiro.
Dia 2 de abril de 1964. A versão carioca da "Marcha da Família", em preparativos desde de 31 de março, acabou transformada na comemoração de quase um milhão de pessoas da vitória do levante.
Grupos mais exaltados incendiaram o prédio da UNE.
O jornal Correio da Manhã se posicionou contra o golpe.
A Universidade de Brasília foi invadida pela PM; prisão de professores e estudantes.
Dia 10, saiu a primeira lista de cassações.
Entre os cassados, João Goulart, Jânio Quadros e Luís Carlos Prestes.
Dia 15 de abril de 1964, posse do General Humberto de Alencar Castello Branco, como presidente do Brasil.
Dia 13 de janeiro de 1965. O Fundo Monetário Internacional, concedeu ao Brasil um empréstimo de 125 milhões de dólares.
Maria Bethânia fez sucesso cantando Carcará, de João do Vale: "Carcará,pega,mata e come!"
Dia 11 de março. Manifestação estudantil contra o presidente Castello Branco, na Ilha do Fundão, Rio de Janeiro.
Abril de 65. Lançada a Revista Civilização Brasileira, sob a direção de Enio Silveira.
Dia 13 de abril. O BID (Banco Internacional de Desenvolvimento), a Cepal e a
Organização Internacional para a Alimentação concederam ao Brasil um empréstimo de 300 milhões de dólares.
Dia 22 de abril. Explodiu uma bomba nas oficinas do jornal O Estado de S. Paulo.
Dia 29 de abril. Intervenção armada dos Estados Unidos na República Dominicana, posteriormente apoiada pela OEA (Organização dos Estados Americanos). No dia 17 de maio, o Brasil aceitou enviar tropas à República Dominicana para deter o processo revolucionário naquele país.
O livro: Festival de Besteiras que Assola o País, de Sérgio Porto, tornou-se um best-seller.
Início da novela Redenção, de Raimundo Lopes, estrelada por Regina Duarte, na TV Excelsior. A novela viria a ter 594 capítulos.
Foi inaugurada a TV Globo, no Rio de Janeiro.
Carlos Lacerda rompeu com o presidente Castello Branco.
Foi lançado o filme São Paulo S/A, de Luís Sérgio Person, com Walmor Chagas. E Os Fuzis de Ruy Guerra, recebeu o Urso de Prata no Festival de Berlim.
Censura proibiu a peça O Berço do Herói, de Dias Gomes.
Dois dos poucos espetáculos de cunho político que escapam à Censura são: Liberdade, Liberdade, de Flávio Rangel, e Arena Contra Zumbi, de Boal e Guarnieri.
Passeatas estudantis em todo o país contra o acordo MEC/Usaid.
Na Inglaterra, Mary Quant lançou a minissaia. Tinha 34 anos quando realizou este feito.
Dia 3 de outubro. Realizaram-se eleições diretas para governador em 12 estados. A oposição saiu vitoriosa em cinco, dois deles de grande peso político: Minas e Guanabara/Rio de Janeiro.
Dia 8 de outubro. Carlos Lacerda retirou sua candidatura á Presidência.
O cinema nacional produziu “Opinião Pública”, de Arnaldo Jabor, e “A Falecida”,
de Leon Hirsman, entre outros.
No mundo, foi sucesso “Julieta dos Espíritos”, de Fellini, “Pierrot,Le Fou e Alphavile”, de Godard, “A Noviça Rebelde”, “Doutor Jivago”, “A Nau dos Insensatos”.
Dia 27 de outubro. Foi assinado o Ato Institucional nº 2, que extinguiu os partidos políticos, instituiu o sistema Bipartdário –o Arena, governista, e o MDB, de oposição – e foram cancelas as eleições Presidenciais.
Dia 4 de janeiro de 1966. Foi lançada oficialmente a candidatura do General Arthur da Costa e Silva à Presidência da República.
Março de 1966. Belo Horizonte. A polícia reprimiu com violência uma passeata, e invadiu uma igreja atrás dos estudantes. Passeatas também em são Paulo, Curitiba, Vitória e Rio de Janeiro.
Em cartaz o filme “Un Homme, une Femme”, de Claude Lelouch, no Cinema Veneza, Rio de Janeiro.
Em cartaz noutros cinemas, “O Homem que Não Vendeu sua Alma”, com Paul Scofield, “Quem Tem Medo de Virginia Woolf”, com Elizabeth Taylor e Richard Burton, “A Guerra Acabou”, de Alain Resnais.
Abril de 1966. Foi lançada a revista Realidade.
Dia 10 de abril. Foi ao ar pela TV Record o programa dominical de Hebe Camargo, que viria a ser líder de audiência por muitos anos.
Dia 1o de junho. MDB lançou a candidatura de Cordeiro de Farias à Presidência da República. Dia 3 de junho, Cordeiro de Farias renunciou á candidatura.
Dia 28 de junho. Na Argentina, um golpe chefiado pelo General Juan Carlos
Ongania, derrubou Arturo Illia da Presidência.
Brasil foi á Copa do Mundo da Inglaterra. Protestos contra a convocação de Servílio. Copa do Mundo: Brasil perdeu para a Hungria. Última chance de classificação era derrotar Portugal.
Dias 19 e 24 de março. Passeatas tomaram o centro do Rio de Janeiro. Pessoas
aplaudiram, e jogaram papel picado do alto dos edifícios.
Realizado o II Festival de Música Popular Brasileira, desta vez pela TV Record.
Chico Buarque e Nara Leão foram consagrados pela música “A Banda”.
Foram inauguradas exposições de arte de Rubens Gerhsman, Antonio Dias e Roberto Magalhães.
A moda do costureiro Courréges ganhou o mundo.
Dia 25 de julho. Uma bomba explodiu no aeroporto dos Guararapes, em Recife, onde desembarcaria o General Costa e Silva, candidato à sucessão do Presidente Castello Branco. Morreu o Almirante Nélson Dias Fernandes e o jornalista Edson Régis; catorze pessoas ficaram feridas.
O serviço de Censura do Departamento Federal de Segurança Pública baixou novas normas de censura para a televisão.
Dia 28 de julho. O 28º Congresso da UNE (União Nacional dos Estudantes) foi
realizado clandestinamente no porão da Igreja de São Francisco de Assis, em Belo Horizonte. Apenas 300 dos 500 delegados esperados conseguiram chegar ao local.
Recrudesceu a repressão ao movimento estudantil.
Publicação da UNE anunciou o dia 22 de setembro de 1966 como o”Dia de Luta
contra a Ditadura”.
Em cartaz no cine Paissandu o filme “Todas as Mulheres do Mundo”, estrelado por Leila Diniz e dirigido por Domingos de Oliveira.
Dia 3 de outubro de 1966. Arthur da Costa e Silva, já promovido a Marechal, foi
ratificado pelo Congresso para a Presidência da República.
Dia 12 de Outubro. O presidente do Congresso, Adauto Lúcio Cardoso, da Arena, ex-UDN, se negou a reconhecer cassações de mandatos de deputados. Dia 19 de outubro, Castello Branco decretou recesso do Congresso.
Janeiro de 67. Foi promulgada a Constituição que estabeleceu eleição indireta para Presidente e Governador, Estado de Sítio, julgamento de civis por tribunais militares, e o direito de estrangeiros explorarem riquezas minerais. O MDB chamou a Constituição de Carta Liberticida.
Dia 15 de março de 1967. Posse do Marechal Arthur da Costa e Silva na Presidência da República.
Passeatas de estudantes contra acordo MEC/Usaid.
No III Festival de Música Popular Brasileira, da TV Record. O 1º lugar foi de
“Ponteio”, de Edu Lobo e Capinan, o 2º de “Domingo no Parque”, com Gilberto Gil e Os Mutantes, 3º “Roda Viva”, de Chico Buarque, e, em 4º, Caetano Veloso, com “Alegria, Alegria”. Estava lançado o “Movimento Tropicalista” na música.
Dia 4 de setembro. No Rio de Janeiro, constituiu-se a “Frente Ampla” contra o
governo, reunindo Juscelino Kubitschek, Carlos Lacerda e outros.
Dia 11 de setembro, Juscelino foi convocado a depor na Polícia Federal sobre a”Frente Ampla”. Dia 12 de setembro, Juscelino se negou a depor e viajou para os EUA.
Julho-agosto de 1967. Foi proibido o Congresso da UNE.
Escalada norte-americana na Guerra do Vietnã, resistência ferrenha do Vietcong.
O movimento hippie ganhou força nos Estados Unidos e no mundo.
Dia 5 de outubro. Estourou a ”Guerra dos Seis Dias”, Israel contra os países árabes.
Dia 8 de outubro. Ernesto “Che” Guevara foi morto na Bolívia.
1968. “Soy Loco por Ti, América”, música de Gilberto Gil e Capinan, foi cantada em todo o país:
“Soy loco por ti, América,
Soy loco por ti de amores
El nombre del hombre muerto
Ya no se puede decirlo
Quien sabe
Antes que o dia arrebente
Antes que o dia arrebente
El nombre del hombre muerto
Antes que a definitiva noite se espalhe em Latinoamérica
El nombre del hombre es pueblo
El nombre del hombre es pueblo! ...”
Janeiro de 1968. A peça “Roda Viva”, de Chico Buarque e José Celso Martinez
Corrêa, inaugurou o “teatro de agressão”.
Dia 30 de janeiro de 1968. Os vietcongs e os norte-vietnamitas se lançaram contra o Vietnã do Sul e os norte-americanos.
Dia 28 de março. O estudante Édson Luiz Lima Souto foi morto no Calabouço, Rio de Janeiro.
Dia 4 de abril. Assassinado Martin Luther King, prêmio Nobel da Paz de 64 e líder do movimento pela igualdade civil nos EUA.
Era lançada a revista Veja.
Dia 5 de abril. O Presidente Costa e Silva e o Ministro da Justiça Gama e Silva
extinguiram a “Frente Ampla”.
Dia 17 de abril. 68 municípios foram considerados área de segurança nacional,
extinguindo-se, portanto, as eleições para Prefeito nestas cidades.
Dia 1º de maio. O Governador de São Paulo, Abreu Sodré, foi apedrejado e ferido em protesto na Praça da Sé, São Paulo.
Dia 3 de maio. EUA e Vietnã do Norte concordaram em abrir a Conferência de Paz, em Paris.
Nos cinemas, “O Bandido da Luz Vermelha”, de Rogério Sganzerla, “2001-Uma
Odisséia no Espaço”, de Stanley Kubrick, “Edu,Coração de Ouro”, de Domingos Oliveira, “O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro”, de Gláuber Rocha, “O Bebê de Rosemary”, de Roman Polanski, “Roberto Carlos em Ritmo de Aventura”, de Roberto Farias.
Dia 10 de maio. Eclodiu na França uma rebelião estudantil contra a estrutura do ensino e a política do governo. Estudantes ocuparam universidades, promoveram manifestações, levantaram barricadas nas ruas. Pouco depois, 6 milhões de trabalhadores entraram em greve de apoio aos estudantes. O Presidente De Gaulle declarou Estado de Sítio.
Em maio, rebeliões estudantis também na Alemanha, Bélgica, Espanha, Itália, Estados Unidos, Argentina, Bolívia, Chile, Senegal.
O tema do terrorismo e da guerrilha entrou na publicidade: moças armadas de
metralhadoras anunciavam roupas com o tecido “Tergal”.
Dia 26 de maio. O dr. Euríclides Zerbini realizou o primeiro transplante de coração no Brasil, no Hospital das Clínicas de São Paulo.
Dia 6 de junho. Foi assassinado a tiros, na Califórnia, o Senador Robert Kennedy, candidato à Presidência dos EUA.
Dia 22 de junho de 1968. Roubo de armas do Hospital Militar do Cambuci, São
Paulo.
Dia 26 de junho. Realizou-se no Rio de Janeiro, com a permissão do Governo
Estadual, a Passeata dos 100 mil. Em seguida, a comissão eleita na Passeata dos Cem Mil, se avistou com o presidente Costa e Silva, em Brasília. Atritos entre o presidente e a comissão encerrou a reunião sem resultado.
Dia 26 de junho. Carro-bomba foi lançado contra quartel-general do II Exército, São Paulo.
Reabilitado o autor teatral Qorpo Santo, desaparecido cem anos antes. Foi
considerado precursor do Teatro do Absurdo.
Julho. Estreou em São Paulo a peça “Roda Viva”, de Chico Buarque e José Celso
Martinez Corrêa.O CCC (Comando de Caça aos Comunistas) atacou o teatro Ruth Escobar, os cenários foram destruídos e os atores, espancados. O CCC metralhou a Faculdade de Direito da USP.
Dia 4 de julho. Passeata com cerca de 30 mil pessoas foi violentamente reprimidas no Rio de Janeiro.
Dia 5 de julho. O Ministro Gama e Silva proibia qualquer manifestação pública.
Dia 22 de julho. Atentado a bomba contra a sede da Associação Brasileira de
Imprenssa/ABI, Rio de Janeiro.
Dia 21 de agosto. Tanques soviéticos invadiram a Tchecoslováquia. Indignação em todo o mundo, à direita e à esquerda.
Dia 29 de agosto. A polícia invadiu a Universidade de Brasília. Um estudante foi
baleado na cabeça.
Foi lançado o disco “Manifesto Tropicália”, de Caetano, Gil, Gal e Os Mutantes,
com arranjos de Rogério Duprat, um marco da música popular brasileira.
Outubro. Inúmeras cartas de telespectadores recebidas pela TV Globo rejeitavam as cenas de amor entre um negro (Jorge Coutinho) e uma branca (Djenane Machado), na novela de época Passos dos Ventos, de Janete Clair. O roteiro foi alterado e Djenane, substituída por Aizita Nascimento, uma negra.
Dia 4 de setembro de 1969, Rio de Janeiro. Militantes do Movimento Revolucionário 8 de outubro/MR-8 e da Aliança Libertadora Nacional/ALN sequestraram o Embaixador norte-americano Charles Elbrick. Exigiam em troca de sua devolução a libertação de quinze presos políticos e a leitura, em cadeia nacional, de um manifesto contra a ditadura. O manifesto foi lido em cadeia de rádio e televisão, os quinze presos políticos foram soltos e saíram do país e, no dia 7 de setembro de 1969, o Embaixador Elbrick foi libertado.
Em seguida, a repressão saiu prendendo quem tivesse a mais remota possibilidade de fornecer alguma informação.
Dia 31 de agosto de 1969. Vítima de trombose, Costa e Silva deixou a Presidência da República. Em lugar do Vice-Presidente Pedro Aleixo, assumiu o poder uma junta composta pelos três ministros militares: General Lyra Tavares, Almirante Augusto Rademaker e o Marechal-do-Ar Márcio de Souza Melo.
Dia 5 de setembro. A junta militar decretou o Ato Institucional no 13, que permitia o banimento dos brasileiros considerados perigosos à segurança nacional. O Governo baniu então, os quinze presos políticos libertados, em troca do Embaixador norte-americano.
Dia 9 de setembro. A junta militar decretou o Ato Institucional nº 14, que previa a pena de morte e a prisão perpétua em casos de “guerra revolucionária ou subversiva”.
Dia 29 de setembro. Morto nas dependências da Oban, o operário Virgílio Gomes da Silva, o “Jonas”, membro da ALN e chefe dos sequestradores do embaixador Charles Elbrick.
Dia 22 de outubro. O Congresso foi reaberto, sem os 93 membros cassados desde o AI-5.
Dia 25 de outubro. O Congresso elegeu Médici e Rademaker, Presidente e Vice,
respectivamente, por 239 votos da Arena contra 76 abstenções do MDB.
Dia 4 de novembro. Foi morto pela polícia, em São Paulo, Carlos Marighella, ex-
dirigente do PCB e principal líder da ALN.
Dia 19 de novembro. Pelé foi o terceiro jogador na história do futebol a marcar mil gols.
No final de 1969, o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) foi de 9%, da
indústria de 11% e da indústria automobilística, 20%. Foi criado o Consórcio de Automóveis e os novos modelos eram o Opala e Corcel. O fusca seguia como o mais vendido. A Petrobrás era a maior empresa da América Latina.
Dia 13 de janeiro de 1970. A Câmara Federal ratificou o decreto-lei presidencial
que estabelecia censura prévia a livros e periódicos.
A seca no Nordeste fez 2 milhões de flagelados ameaçarem saquear as cidades. O Presidente Médici declarou que,” a economia vai bem, mas o povo vai mal”.
Dia 11 de março. Foi sequestrado pela Vanguarda Popular Revolucionária, o Cônsul japonês Nobuo Okuchi, em São Paulo. No dia 15, foram libertados 5 presos políticos, em troca do Cônsul.
Abril. Tropas do Exército, Marinha e Aeronáutica localizaram e cercaram o campo de treinamento de guerrilheiros comandados por Carlos Lamarca, no vale da Ribeira, São Paulo. Lamarca escapou.
Dia 9 de maio. Nota do governo negou a existência de presos políticos e de tortura no Brasil.
Dia 15 de maio. A África do Sul foi excluída do Comitê Olímpico Internacional, por adotar o apartheid racial.
Os Beatles lançaram o “Let it Be”, que encerrou a discografia do grupo. Em abril, Paul MacCartney anunciou que estava saindo do grupo, e que iria gravar sozinho.
Dia 8 de junho. O Presidente da Argentina, Juan Carlos Onganía, que ascendera ao poder através do golpe, foi deposto por golpe de uma junta militar.
Em São Paulo, Ruth Escobar produz e Victor Garcia dirigiram a magnífica
montagem da peça “O Balcão”, de Jean Genet.
Nos cinemas “Azzilo Muito Louco”, de Nélson Pereira dos Santos, “M.A.S.H.”, de Robert Altman, “Love Story”, de Arthur Hiller, “Investigação sobre um cidadão acima de Qualquer Suspeita”, de Elio Petri.
Copa do mundo de Futebol, no México. O país cantou a marchinha “Pra Frente”, Brasil, de Miguel Gustavo:
“Noventa milhões em ação
Pra Frente Brasil
Salve a Seleção...”
Em 1971, a economia cresceu 11,3%. O setor automobilístico liderou o crescimento, as Bolsas do Rio de Janeiro e de São Paulo seguiram batendo recordes, as ações do Banco do Brasil atingiram a mais alta cotação dos últimos anos.
No início de 1972, o Presidente Médici anunciou sua grande meta: conter a inflação.
Na TV Globo, o programa “A Grande Família” fazia sucesso e no dia 8 de fevereiro de 1972, foi vendido o primeiro aparelho de TV em cores no Brasil. Também foi ao ar O Bem Amado, da TV Globo, a primeira novela em cores.
67Em agosto de 1972, o MDB lançou um projeto antiimpacto, e contestou os resultados econômicos e criticou a distribuição de renda.
O presidente Médici inaugurou a rodovia Transamazônica.
No dia 16 de novembro de 72, a Bolsa de Valores do Rio de Janeiro teve o menor movimento do período do “Milagre” e fechou o ano com recuo de 49,9%. Foi o princípio do fim do “Milagre”.
Em 1972, a Polícia Federal vetou qualquer referência em jornais à: Anistia
Internacional, abertura política ou democratização, anistia para cassados, críticas a política econômica, assim como a publicação do decreto de Dom Pedro I abolindo a censura no Brasil, no século passado.
Em setembro de 1973, o Presidente do Chile, Salvador Allende, foi deposto e morto, dentro do Palácio Presidencial. O General Augusto Pinochet passou a chefiar a ditadura no Chile. Milhares de presos políticos concentrados no Estádio Nacional, foram mortos ou desapareceram.
No dia 15 de janeiro de 74, o Colégio Eleitoral elegeu o General Ernesto Geisel
presidente da República. Foi o começo da abertura lenta e gradual. Em seguida, o Presidente Geisel reconheceu o fim do “Milagre Brasileiro”.
No dia 30 de abril de 75, o governo pró-americano do Vietnã do Sul entregou o poder ao Vietcong. Os últimos norte-americanos se retiraram de Saigon. Foi o fim da guerra.
Em 1975, no dia da estréia, a novela “Roque Santeiro”, de Dias Gomes, foi proibida, pela Censura.
No dia 19 de janeiro de 76, o Presidente Geisel demitiu o Comandante do II Exército, o General Ednardo D’Àvila Mello.
Em 1978, um manifesto de empresários em São Paulo – entre outros, Bardella,
Severo Gomes, Mindlin, Antônio Ermínio e Vilares – defendia liberdade e direitos aos cidadãos.
No dia 1º de janeiro de 79, o Presidente Geisel revogou o AI-5.
No dia 15 de março de 1979, o General João Baptista Figueiredo tomou posse na Presidência da República.
No dia 22 de agosto de 79, o Congresso aprovou a Lei da Anistia e os exilados
começaram a retornar ao Brasil.
O regime ditatorial também era uma forma de regime totalitário, como foi o nazi-facismo na Europa, que restringiu a liberdade dos cidadãos e ceifou milhares de vidas.
Estas formas de governo, foram péssimas para os países do qual fizeram parte, um verdadeiro atraso de vida.
Só que, recentemente entramos no processo democrático, e temos uma coisa
a acrescentar.
A ditadura foi instaurada de fato em 1964, só que antes disso os militares já
interferiam no governo desde o início de década de sessenta. Já estavam preparando o golpe que desencadeariam anos depois.
Jango estava sendo observado, suas escutas grampeadas, e sem nenhum apoio
político acabou sendo deposto e traído por seus amigos.
Seu cunhado Leonel Brizola, articulava um golpe para alcançar a Presidência, mas, por ser cunhado do então Presidente em exercício, não poderia se eleger por vias legais.
Antes disso, quando da renúncia de Jânio Quadros, houve uma tentativa de afastá-lo do poder, como o que ocorreu para impedir a posse de Juscelino que não ocorreu, graça à intervenção do militar Lott.
Jango chegou a Presidência com a ajuda do cunhado Brizola, que articulou uma resistência quando era governador do Rio Grande do Sul.
Falou numa rádio clandestina com o intuito de conseguir mais adeptos para uma resistência.
A rádio fora improvisada dentro do próprio Palácio do Governo.
As autoridades pensaram em bombardear o Palácio do Governo do Rio Grande do Sul.
Mas felizmente, a resistência dera certo e João Goulart pode assumir o poder.
Durante um certo período teve seus poderes e sua autonomia política castrados.
Realizou um Comício Público advertindo a todos para a realização das Reformas de Base, foi aclamado mas nem por isso conseguiu realizar o seu projeto.
Isso por que o golpe militar, se deu em 1º de abril de 64.
Nele grandes contingentes militares foram levados até as principais cidades do país com o forte intuito de impedir a reação popular.
Sindicatos perderam sua autonomia, e ninguém se manifestou contra o
processo.
Nem mesmo os estudantes com a sua organização, a UNE (União Nacional dos
Estudantes).
Os estudantes durante as greves lideradas por sindicatos, quiseram fazer parte
das mesmas e entronizá-las ao movimento estudantil.
Mas não lograram êxito em seu intento.
O golpe foi planejado pelos militares, mas a população e até os políticos foram pegos de surpresa.
Jango tentou uma reação, mas desistiu por que viu que não daria certo.
Por isso, fugiu do país.
Brizola se refugiou no Uruguai e mantendo contato com Cuba, Fidel e Che Guevara, e tentou realizar o intento de uma revolução no Brasil.
O projeto era treinar os militantes militarmente pelo Exército cubano.
Leonel Brizola nunca escondeu sua admiração pelo líder revolucionário Fidel Castro.
Sempre se colocou no papel de seguidor de Fidel, queria ser o
Fidel do Brasil.
A idéia revolucionária de que o Brasil tinha um grande contingente de
adeptos, era falsa utopia.
O número de comunistas no Brasil era insuficiente para organizar a revolução num país de grandes extensões territoriais, ainda mais, contando com os que
eram contra a luta armada.
A revolução por caminho pacífico, era no que Luís Carlos Prestes acreditava. Por isso foi acusado de tentativa de insurreição antes do golpe de 64 fracassar. Por sua intolerância em relação a luta armada, com o qual era contrário, foi muito criticado.
Nessa época, ocupava cargo de honra no Partido Comunista Brasileiro (PCB) e mantinha contato com a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Era contra as idéias de Fidel, e em um encontro político, passaram a se tratar asperamente.
O movimento estudantil realizado contra a ditadura e com intento de realizar uma revolução comunista no Brasil fracassou, tudo foi mal articulado e mal realizado.
O contingente de militantes era insuficiente para realizar uma revolução no país.
No final dos anos sessentas e início dos anos setentas foram realizadas no país as conhecidas guerrilhas urbanas, pequenas guerras realizadas no campo e na cidade, atos terroristas.
Os militantes participantes das guerrilhas eram treinados, pois fazer guerrilhas
exigia esforço e treinamento, o que não foi fácil.
Alguns militantes foram presos por indisciplina.
Além disso o treinamento não incluía um grande número de pessoas, ou seja, a
quantidade de guerrilheiros eram ínfimas, sem contar que muitas manifestações desse tipo a guerrilha não deu certo, e quase que o líder Lamarca, fora preso em uma delas.
O plano de revolução deveria ser minucioso, bem detalhado e explicado.
Marighella tentava conseguir adesões ao seu intento, só que as adesões eram
insuficientes, mesmo entre os dissidentes e isso atrapalhava os planos revolucionários.
Precisavam de grandes somas de dinheiro para treinar um exército revolucionário.
Fidel, juntamente com Che e Brizola, quando este estava exilado no Uruguai, país que faz fronteira com o Brasil, tentou realizar uma revolução no continente, no qual o centro polarizador seria o Brasil.
Nem isso deu certo.
Brizola desistiu do movimento depois de alguns percalços, onde o contingente guerrilheiro já reduzido se desmantelou.
Desistiu da revolução.
Quando Che e seus comandados penetraram em território Boliviano, foi o passo final em sua carreira guerrilheira, pois ali ele fora encurralado e assassinado por forças imperialistas norte-americanas, juntamente com a ajuda do governo Boliviano.
O processo revolucionário contou com assaltos a bancos, movimentos mal
articulados, sem muito planejamento e feitos de maneira amadora, quase que de improviso.
A trajetória revolucionária foi completada por uma série de equívocos, pois não
conseguiram muitas adesões, não se uniram num único partido forte, polarizador de todas as tendências de esquerda, onde todos lutariam por um ideal comum.
Outra coisa em que também falharam: não conseguiram o apoio mais fundamental, que era o apoio do povo, da classe proletária, o operariado.
Estes, sempre estiveram em poucos números nas organizações partidárias (os trabalhadores).
Muitos dizem também que a guerrilha rural era mais importante que a guerrilha urbana, sendo esta era só um apoio logístico para o movimento rural. Só que o que aconteceu foi o extremo oposto, valorizaram a cidade em detrimento do campo.
Deveriam ter aprendido com táticas de guerrilha armada.
Deveriam elaborarem melhor seus planos de ação, terem mais profissionalismo. Em muitos assaltos, alguns deles fugiam de ônibus sem segurança
alguma, e andavam com explosivos dentro de transportes coletivos.
Além do amadorismo, primaram pela falta de segurança, arriscando as suas vidas e as de cidadãos comuns.
Muitos acontecimentos denotam a seguinte realidade: a de que nem os militantes eram tão ingênuos assim, conforme já lhes foi dito antes.
Estes executaram algumas pessoas influentes, inclusive Embaixadores e militantes do próprio grupo em que estavam lutando, se matando entre si. Eram contra o aparelho repressor, odiavam o extermínio de militantes
e aplicavam o justiçamento entre os próprios companheiros de militância.
Houve disputas na ALN (Aliança Libertadora Nacional), entre alguns dos principais militantes quando o líder Carlos Marighella, foi fuzilado numa rua de São Paulo.
Pelo comando, brigavam para ver quem seria o novo líder.
Lutavam mesquinhamente por uma organização quase falida.
Realizaram seqüestros em troca de presos políticos; um dos primeiros seqüestros a ser realizado foi o do Embaixador americano.
No decorrer do seqüestro, quando foram encurralados pela polícia estando todo o exército na porta da casa onde estava escondido um dos sequestradores, com armas e dinheiro. Um deles fugiu sem calças. A fuga patética fora a tal ponto primária que para escapar da polícia o militante teve que pular de uma altura de quase dois metros, pegou um táxi e comprou uma calça, se encontrou com outro envolvido no sequestro e ambos fugiram de ônibus.
Os presos políticos a serem postos em liberdade em troca do Embaixador, foram listados às pressas sem nenhum critério, quase que aleatoriamente.
Não se preocuparam antes, em fazer um levantamento dos presos políticos no país.
Esse tipo de troca se tornou comum nos anos de repressão.
Seqüestros de embaixadores se tornou algo comum.
Outra coisa a se acrescentar é sobre os movimentos de reforma agrária no qual a luta dos trabalhadores era encerrada com várias mortes no campo.
Nos anos sessentas o líder dos trabalhadores rurais, criou uma organização para os trabalhadores denominada Master (Movimento dos Agricultores sem Terra).
Hoje o órgão de defesa dos camponeses se denomina MST (Movimento dos Sem Terra).
Nos tempos da ditadura os trabalhadores rurais deveriam ser treinados para
participarem de guerrilhas.
E o foco principal destas deveria ser o campo, o que acabou não ocorrendo.
O foco principal das guerrilhas era mesmo a cidade, várias ações terroristas
foram realizadas, assaltos de bancos, seqüestros de embaixadores.
Antes houve um período de discussões para partir para as ações, que mesmo depois destas discussões, ainda assim não foram bem articuladas.
Houve uma tentativa de ataque a um quartel no qual lançaram uma bomba dentro de um carro.
Um soldado se aproximou do carro-bomba, e este explodiu matando-o.
Essa morte foi lançada pelos militares como forma de incitar a população.
Esta reagiu sendo contra atitudes terrroristas, ou seja, o morto foi usado como massa de manobra.
O mesmo ocorreu com a passeata dos Cem Mil, onde o estudante Édson Luís,
morto no restaurante Calabouço, foi usado pelos manifestantes de esquerda, para manifestações contra a ditadura.
Na missa pelo corpo do jovem, autoridades invadiram as ruas que davam acesso a igreja para impedir as manifestações.
Mesmo assim houve uma passeata no qual muitos acreditam ter participado mais de cem mil pessoas.
Atos terroristas foram realizados.
No final dos anos sessentas surgiu um líder guerrilheiro Carlos Lamarca, simples Capitão do exército, que antes de desertar, roubou muitas armas do exército.
Como a ALN (Aliança Libertadora Nacional) não possuía lugar adequado para acondicionar armas, então, tiveram que colocá-las em casas de amigos.
Ficando lá por longo tempo, pois a organização nunca foi buscar.
Em uma das casas onde parte das armas ficaram escondidas, aconteceu algo imprevisível.
Ao abrir a porta da garagem, um homem assustou-se, e vendo as armas escondidas, tratou logo de se livrar delas, atirando-as num rio.
Por falar nisso, os assaltos a serem realizados, não eram bem planejados e muitas vezes, nem veículo de fuga tinham.
Não tinham lugar para fugir, e quando eram visados pela polícia, tinham que se refugiar na casa de amigos.
Não tinham aparelho seguro para se esconderem.
Em certa ocasião, mais de vinte pessoas ficaram na mesma casa, e não podiam
conversar, para não chamarem a atenção, dos que moravam próximos a casa onde estavam.
Durante o golpe de 64, o líder do movimento dos agricultores fugiu do país, só que antes disse ao Governador Brizola, que poderia contar com ele numa reação contra o regime militar.
Todavia, além de Brizola não poder contar com o apoio de que o líder tanto falava, descobriu o quanto este era covarde.
Durante o mesmo período de resistência, Carlos Lacerda, Luís Carlos Prestes e
Juscelino Kubstchek, criaram a Frente Ampla depois da dissidência do Partido Comunista Brasileiro (PCB), que mais tarde virou Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR).
Juscelino que fora cassado por um dos Atos Institucionais, teve que abdicar de seu sonho de ser novamente Presidente da República, pois perdeu seus direitos políticos.
Carlos Lacerda retirou sua candidatura à Presidência.
Prestes e Lacerda, velhos inimigos políticos, agora se unindo em torno de um objetivo comum.
Mas, Lacerda também ajudou os militares a realizarem o golpe, a denominada
Revolução de 64.
Outra dissidência foi o MR-8 (Movimento Revolucionário).
Na Nigéria, continente Africano, remessas de dinheiro para a Revolução foram embolsados por políticos brasileiros, e o dinheiro nunca serviu para o seu verdadeiro fim.
O Brasil também manteve relações com Cuba, com seu modelo revolucionário. Além de outros países, como no caso países da América Latina.
Além desses, tiveram contato com militantes italianos e franceses, e chegaram a fazer um série de alianças entre esses países.
As torturas foram denunciadas por este órgão no exterior.
Che Guevara chegou a lutar no continente Africano, pela causa Nigeriana.
Cuba também chegou a manter relações diplomáticas com a Nigéria.
Tentaram ensinar o que sabiam sobre a revolução para outros povos, inclusive o Brasil.
Por várias vezes fracassaram no seu intento.
As estratégias revolucionárias, os atos de terrorismo que foram realizados, contando inclusive com atentados a bomba em oficinas de jornais, atentados dirigidos aos próprios militares, execuções, não ofereciam nenhum tipo de ameaça para o setor militar.
Por falar nisso, entre os próprios militares, havia aqueles que eram militantes da esquerda.
Muitos militares influentes, se posicionaram contra certas medidas ditatoriais e
foram exonerados do cargo.
Carlos Lamarca, que era militar, se posicionou frente as guerrilhas urbanas. Tudo estava indo bem até que um dos membros da ALN (trocadilho da
Aliança Nacional Libertadora) fora preso e delatara o esquema das guerrilhas. Lamarca encurralado se refugiou na casa de um amigo, e depois fugiu num carro, e não despertou a atenção dos policiais.
Os militantes, conseguiram realizar algumas ações no campo, sendo que o preparo das bombas era artesanal.
Cuba dispendeu remessas de dinheiro para a causa, contingentes guerrilheiros foram treinar lá.
Muitos desses guerrilheiros não foram aproveitados nas guerrilhas, ficando
presos em Cuba.
As táticas de guerilha com focos, inspirada no modelo cubano, não deram
certo no Brasil, país de grandes extenções territoriais.
Diante disso, tentaram copiar o modelo de Lampião, subdividindo grupos. Também pegaram idéias, como o exemplo da resistência de Canudos, em que só foram destroçados na quarta batalha com o exército.
Só que Marighella não pensou no seguinte ponto, ali estava um grande contingente populacional, mesmo estando armados só de paus e pedras.
Outro problema ainda durante a gestão do Partido Comunista criado em 1922, era Prestes.
Isso porque o líder do partido anotava nome de membros e minúcias em suas
cadernetas, durante o golpe militar.
Quando Prestes fugiu do país, escondeu precariamente as cadernetas.
Quando a polícia invadiu sua casa, estas estavam escondidas em latas de
feijão.
A polícia apreendeu todo o material, e chegou a todos os integrantes do partido, sendo por causa disto, que muitos adeptos do partido foram presos.
Com isso Prestes cometeu o mesmo erro da Intentona Comunista, deixando ao
alcance dos militares, os nomes de membros do movimento.
Por isso foi, atacado por seus inimigos por este erro primário.
Quando a ALN foi desmantelada pelos órgãos repressores, todos os pontos de
contato foram interceptados pela polícia, escutas grampeadas, códigos de contatos foram delatados por membros do partido, e Marighella logo foi localizado e juntamente com a ajuda de três religiosos, encaminhado para uma armadilha, onde foi covardemente fuzilado.
Amigos e militantes execraram os religiosos.
A policia invadiu o convento em busca de algo que denunciasse Marighella.
O convento foi utilizado para guardar dinheiro de ações terroristas, armas entre outras coisas.
Os estabelecimentos comerciais assaltados eram indenizados, e para lucrarem com isso hiperinflacionavam os produtos dos assaltos.
Por isso mesmo, depois de um certo tempo, os bancos passaram a utilizar forte esquema de segurança.
Daí os assaltos passaram a ser realizados, em outras fontes de comércio.
Depois da morte do líder Marighella, o órgão que ele fundou se fragmentou, e a partir daí, as conhecidas guerrilhas foram se enfraquecendo por falta de grandes líderes, sendo Carlos Lamarca, o último deles.
Quando o PCB quando ainda existia como força política e Luís Carlos Prestes era o líder, ocorreu um fato estranho.
Marighella estando em viagem a Cuba comunista, acabou sendo tirado do PCB, por seu líder.
Isso por que, Marighella almejava tirar Prestes do partido, que no final das contas acabou tendo que formar a ALN.
O PCB também foi desarticulado e seus líderes organizaram órgãos contra o regime militar.
Essa subdivisão do forte Partido Comunista, que possuía membros consideráveis, foi um golpe fatal para a Revolução Comunista que pretendiam realizar.
Antes da morte do líder que substituíu Marighella, tentaram realizar a semana do terror, que acabou não se concretizando.
O seqüestro do Embaixador americano contrariou Marighella e foi uma aliança
entre a ALN e o MR-8.
Conseguiram o que queriam mas pagaram um preço por isso.
Em Itapecerica da Serra, tentaram organizar um Congresso.
Por lá, roubaram um caminhão e o pintaram de verde-oliva, as cores do exército.
Depois, esconderam o caminhão sob uma lona, mas acabaram por serem descobertos, devido principalmente o tamanho reduzido da cidade, na qual todos se conheciam.
Ocorreu um tiroteio nas ruas de São Paulo e alguns dos militantes conseguiram fugir.
Um deles entrou num carro e fez uma mulher de refém.
Por isso ele combinou uma história que ela contaria a polícia e no jornal do dia seguinte, e ela confirmou a combinação.
Para concluir esse painel que aqui se traçou, para encerrar, o ideal da revolução não foi alcançado, os líderes se perderam no caminho a trilhar, percorreram vertentes erradas, ocorreram mortes desnecessárias, justiçamentos onde já havia tão poucos militantes.
O contingente que fora treinado em Cuba e não fora aproveitado aqui no Brasil
gerou descontentamentos entre os militantes exilados que queriam lutar pelo movimento revolucionário, e não chegaram a sair de Cuba.
Os presos políticos libertados em questão do seqüestro do Embaixador foram
banidos e levados para Cuba.
Duas pessoas se ofereceram para mandar mensagens para o
Brasil.
E muitos mandaram mensagens.
As mais importantes e comprometedoras foram escondidas dentro de um absorvente.
Ao passarem pela alfandega as mulheres que levavam as mensagens foram detidas, e levadas ao banheiro, os militares ao revistá-las, foram direto
na calcinha de uma delas.
Claramente, elas foram delatadas por um agente infiltrado entre
eles.
O fracasso da revolução idealizada se deveu a uma série de fatores.
Ainda assim valeu por um sonho.
Só que a luta não valeu a pena.
Nada valeu.
Não valeu a pena nada.
A luta já era perdida antes de começar.
Como já foi dito antes, o sonho acabou.
O sonho dourado dos anos de ouro, de luta, de loucas e tresloucadas transformações, acabou.
Entramos na realidade já partir dos duros anos setentas.
Os grandes líderes como Câmara Ferreira, Carlos Lamarca, Marighella, foram
todos mortos no inicio dos anos setenta.
As guerrilhas foram se enfraquecendo, muitos militantes foram fuzilados por resistirem a prisão, ou então de tanto sofrerem torturas, acabaram morrendo em consequência destas.
As guerrilhas foram se enfraquecendo, muitos militantes foram fuzilados por resistirem a prisão, ou então de tanto sofrerem torturas, acabaram morrendo em consequência destas.
Ou mesmo fizeram como aquele que se atirou contra a parede, deixando-a toda ensanguentada.
Tudo para não sofrer as torturas.
Muitos corpos foram lançados ao mar, e muitos outros desapareceram e não mais serão encontrados, mesmo depois de quase trinta anos.
Os muitos participantes dessa lutam ainda são militantes de partidos políticos, outros desistiram da vida política.
Nos anos 60, quando Geraldo Vandré compôs a música que o consagrou ”Pra não dizer que não falei das flores”, teve sua prisão decretada e foi realmente preso.
Quanto a isso devo acrescentar que foi ele também que compôs Disparada, entoada por Jair Rodrigues:
“Prepare o seu coração
Pras coisas que eu vou contar
Eu venho lá do sertão
Eu venho lá do sertão
E posso não lhe agradar
Aprendi a dizer não
Ver a morte sem chorar
E a morte, o destino tudo
A morte, o destino tudo
Estava fora de lugar
Eu vivo pra consertar
Na boiada já fui boi
Boiadeiro já fui rei...”
Este belo clássico da MPB agraciado num Festival da Canção, é como nós
pretendemos encerrar este trabalho, um toque de saudade e nostalgia, para rememorar os anos 60, daqueles que viveram esse momento em suas vidas.
Até um dia.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Informações extraídas do livro: A Revolução Impossível, de Luis Mir, o livro Anos Rebeldes, baseado na minissérie exibida na rede Globo, e matérias publicadas no Jornal O Estado de São Paulo, ano de 1997.
Bat-poética
Caetano Veloso desafiava o Brasil com "Alegria, Alegria" e defendia que o mundo era de Batman.
Bat-poética
Reportagem de Marcos Augusto Gonçalves
Era um rapaz muito diferente.
Quando subiu ao palco do 3º Festival de MPB, de cabelos encaracolados e gola rolê, trazendo à retarguarda as guitarras elétricas de um grupo pop argentino, chamado Beat Boys, alguma coisa começou a acontecer nos corações futuristas do nosso querido Brasil.
Aos primeiros acordes, surpresa.
O que seria aquilo? Música brasileira de verdade?
Música brasileira americanizada? Seria iê-iê-iê ou puro deboche?
Ao fim, uma sinfonia de certezas e incertezas: sem dúvida tratava-se de uma marcha, mas usava roupa dos Beatles e da Jovem Guarda; os acordes e a harmonia eram simples, mas pareciam muito complexos; a letra era pop, mas de uma ousadia poética inusual.
E o rapaz? O rapaz que resolveu, ao fim da apresentação, atirar-se ao chão, numa atitude cênica incomum naquela época, em que o padrão era a sobriedade do banquinho e do violão – quem era, afinal, esse rapaz?
--"Eu sou o 'Rei da Vela', de Oswald de Andrade, montado pelo grupo oficina. Sou brasileiro, sou casado e sou solteiro, sou baiano e sou estrangeiro. Adoro meu pai, minha mãe e meus irmãos, mas não tenho família. Eu sou Caetano Veloso. Meu coração é do tamanho de um trem."-- respondeu, depois do Festival.
Caetano não era exatamente um desconhecido antes de "Alegria, Alegria".
Seu talento já havia sido notado em canções como "De manhã" ou "Boa Palavra", e sua participação no debate sobre a "crise da MPB" já revelava uma consciência rara no meio musical.
Em 66, na "Revista de Civilização Brasileira", ele anunciava claramente o que
deveria ser – e foi – feito nos anos seguintes: "Só a retomada da linha evolutiva pode nos dar uma organicidade para selecionar e ter um julgamento de criação. Dizer que samba só se faz com frigideira, tamborim e um violão sem sétimas e nonas não resolve o problema".
No mesmo depoimento, apontava João Gilberto como a ponta do novelo da modernidade a ser retomada: "João Gilberto para mim é exatamente o momento em que isto aconteceu: a informação da modernidade musical utilizada na recriação, na renovação, no dar–um–passo–á–frente da música popular brasileira".
Mas o Caetano de "Alegria, Alegria", mesmo para aqueles que defendiam a bossa nova dos ataques nacionalistóides, parecia um tanto extravagante. Demasiadamente próximo da cultura pop e do palco da Jovem Guarda-contra
os quais movia-se uma "guerra santa".
O que aconteceu com Caetano Veloso?, perguntava Carlos Acuio, na introdução de uma entrevista, em dezembro de 67.
Caetano respondia: "Nego-me a folclorizar meu subdesenvolvimento para compensar dificuldades técnicas. Ora, sou baiano, mas a Bahia não é só folclore. E Salvador é uma cidade grande. Lá não tem apenas acarajé, mas também lanchonetes e hot dogs".
"Venho–me interessando mais pela poesia iê-iê-iê, pela vitalidade natural da música vulgar e comercial, do que pelo intelectualismo em que haviam caído todos os que se acreditavam continuadores de Caymmi, Noel e outros."
"Estou-me esforçando para respeitar meu público, que é jovem como eu, e está também interessado em que sejamos gente do mundo de agora."
"Ser gente do mundo de agora, ser um país do mundo de agora, uma cultura do mundo de agora. E de quem era o mundo de agora? "O mundo é realmente de Batman", provocava Caetano, causando urticárias na esquerda nacionalista, nos arautos das "raízes", nos violeiros do protesto antimperialista." "Alegria,Alegria", ao lado da primorosa "Domingo no Parque", de Gilberto Gil, foi um marco da canção moderna brasileira.
Um exercício antropofágico que cumpre o dever de casa da lição Pau– Brasil: "Contra a argúcia naturalista: a síntese.
Contra a cópia: a invenção e a surpresa".
Sem perder o fio da tradição, Caetano constrói sua estranha marcha, usando
elementos "mundo de agora".
Absorve os ecos de Liverpool, introduz instrumentos da área pop e atitudes e conteúdos que se aproximavam da contestação hippie.
Não por acaso, muitos viram nas iniciais de: "sem lenço e sem documento" uma menção cifrada ao LSD.
E logo depois do festival, o rapaz, que "nunca mais foi á escola", seguiu para a Bahia, onde casou-se Dedé Gadelha numa cerimônia "flower power".
"Alegria, Alegria" é também, uma injeção de criatividade na poética da palavra cantada brasileira.
Num momento em que a bossa nova aguava-se no sorriso e na flor e que a MPB de raízes enveredava pela "protest song", Caetano surge com uma letra "nouvelle vague", feita de estilhaços de imagens, adotando procedimentos da poesia e do cinema de vanguarda para falar de um Brasil fragmentado, moderno e mais jovem.
Sem esquecer a visão crítica da própria música popular, no conhecido verso "uma canção me consola".
Um mundo de espaçonaves e guerrilhas, Coca-Cola e Brigitte Bardot. Augusto de Campos, em 67, resumia, a quente:
"Furando a maré redundante de violas e marias, a letra de 'Alegria, Alegria' traz o imprevisto da realidade urbana, múltipla e fragmentária, captada isomorficamente através de uma linguagem nova, também fragmentária, onde predominam substantivos-estilhaços da 'implosão informativa' moderna (...) É o mundo das 'bancas de revista', o mundo da comunicação rápida, do 'mosaico informativo' de que fala Marshall McLuhan".
Claro que "Alegria, Alegria" não foi–muito menos naquele ano tão fértil–um fato
isolado.
Nem mesmo na área da música popular, em que se erigiu como marco, ao lado de "Domingo no Parque" e, logo a seguir, "Tropicália".
Mas, sem ela, a tradução e o "aggiornamento" de um momento cultural muito importante da história brasileira não seriam tão completos.
A canção, ao lado de "O Rei da Vela", de Zé Celso,"Terra em Transe", de Glauber Rocha, e o ambiente "Tropicália", de Hélio Oiticica, formou o abre– alas do tropicalismo, que se consolidaria, em 68, como o último grande movimento cultural do país.
E viva Chico Science!
"Passeatas, reclamações, discussões sem resultado–tudo na parte da frente da
cabeça, onde se estão juntando os ossos do mundo."
Aníbal Machado,Cadernos de João Machado.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Informações extraídas do livro: A Revolução Impossível, de Luis Mir, o livro Anos Rebeldes, baseado na minissérie exibida na rede Globo, e matérias publicadas no Jornal O Estado de São Paulo, ano de 1997.
Bat-poética
Reportagem de Marcos Augusto Gonçalves
Era um rapaz muito diferente.
Quando subiu ao palco do 3º Festival de MPB, de cabelos encaracolados e gola rolê, trazendo à retarguarda as guitarras elétricas de um grupo pop argentino, chamado Beat Boys, alguma coisa começou a acontecer nos corações futuristas do nosso querido Brasil.
Aos primeiros acordes, surpresa.
O que seria aquilo? Música brasileira de verdade?
Música brasileira americanizada? Seria iê-iê-iê ou puro deboche?
Ao fim, uma sinfonia de certezas e incertezas: sem dúvida tratava-se de uma marcha, mas usava roupa dos Beatles e da Jovem Guarda; os acordes e a harmonia eram simples, mas pareciam muito complexos; a letra era pop, mas de uma ousadia poética inusual.
E o rapaz? O rapaz que resolveu, ao fim da apresentação, atirar-se ao chão, numa atitude cênica incomum naquela época, em que o padrão era a sobriedade do banquinho e do violão – quem era, afinal, esse rapaz?
--"Eu sou o 'Rei da Vela', de Oswald de Andrade, montado pelo grupo oficina. Sou brasileiro, sou casado e sou solteiro, sou baiano e sou estrangeiro. Adoro meu pai, minha mãe e meus irmãos, mas não tenho família. Eu sou Caetano Veloso. Meu coração é do tamanho de um trem."-- respondeu, depois do Festival.
Caetano não era exatamente um desconhecido antes de "Alegria, Alegria".
Seu talento já havia sido notado em canções como "De manhã" ou "Boa Palavra", e sua participação no debate sobre a "crise da MPB" já revelava uma consciência rara no meio musical.
Em 66, na "Revista de Civilização Brasileira", ele anunciava claramente o que
deveria ser – e foi – feito nos anos seguintes: "Só a retomada da linha evolutiva pode nos dar uma organicidade para selecionar e ter um julgamento de criação. Dizer que samba só se faz com frigideira, tamborim e um violão sem sétimas e nonas não resolve o problema".
No mesmo depoimento, apontava João Gilberto como a ponta do novelo da modernidade a ser retomada: "João Gilberto para mim é exatamente o momento em que isto aconteceu: a informação da modernidade musical utilizada na recriação, na renovação, no dar–um–passo–á–frente da música popular brasileira".
Mas o Caetano de "Alegria, Alegria", mesmo para aqueles que defendiam a bossa nova dos ataques nacionalistóides, parecia um tanto extravagante. Demasiadamente próximo da cultura pop e do palco da Jovem Guarda-contra
os quais movia-se uma "guerra santa".
O que aconteceu com Caetano Veloso?, perguntava Carlos Acuio, na introdução de uma entrevista, em dezembro de 67.
Caetano respondia: "Nego-me a folclorizar meu subdesenvolvimento para compensar dificuldades técnicas. Ora, sou baiano, mas a Bahia não é só folclore. E Salvador é uma cidade grande. Lá não tem apenas acarajé, mas também lanchonetes e hot dogs".
"Venho–me interessando mais pela poesia iê-iê-iê, pela vitalidade natural da música vulgar e comercial, do que pelo intelectualismo em que haviam caído todos os que se acreditavam continuadores de Caymmi, Noel e outros."
"Estou-me esforçando para respeitar meu público, que é jovem como eu, e está também interessado em que sejamos gente do mundo de agora."
"Ser gente do mundo de agora, ser um país do mundo de agora, uma cultura do mundo de agora. E de quem era o mundo de agora? "O mundo é realmente de Batman", provocava Caetano, causando urticárias na esquerda nacionalista, nos arautos das "raízes", nos violeiros do protesto antimperialista." "Alegria,Alegria", ao lado da primorosa "Domingo no Parque", de Gilberto Gil, foi um marco da canção moderna brasileira.
Um exercício antropofágico que cumpre o dever de casa da lição Pau– Brasil: "Contra a argúcia naturalista: a síntese.
Contra a cópia: a invenção e a surpresa".
Sem perder o fio da tradição, Caetano constrói sua estranha marcha, usando
elementos "mundo de agora".
Absorve os ecos de Liverpool, introduz instrumentos da área pop e atitudes e conteúdos que se aproximavam da contestação hippie.
Não por acaso, muitos viram nas iniciais de: "sem lenço e sem documento" uma menção cifrada ao LSD.
E logo depois do festival, o rapaz, que "nunca mais foi á escola", seguiu para a Bahia, onde casou-se Dedé Gadelha numa cerimônia "flower power".
"Alegria, Alegria" é também, uma injeção de criatividade na poética da palavra cantada brasileira.
Num momento em que a bossa nova aguava-se no sorriso e na flor e que a MPB de raízes enveredava pela "protest song", Caetano surge com uma letra "nouvelle vague", feita de estilhaços de imagens, adotando procedimentos da poesia e do cinema de vanguarda para falar de um Brasil fragmentado, moderno e mais jovem.
Sem esquecer a visão crítica da própria música popular, no conhecido verso "uma canção me consola".
Um mundo de espaçonaves e guerrilhas, Coca-Cola e Brigitte Bardot. Augusto de Campos, em 67, resumia, a quente:
"Furando a maré redundante de violas e marias, a letra de 'Alegria, Alegria' traz o imprevisto da realidade urbana, múltipla e fragmentária, captada isomorficamente através de uma linguagem nova, também fragmentária, onde predominam substantivos-estilhaços da 'implosão informativa' moderna (...) É o mundo das 'bancas de revista', o mundo da comunicação rápida, do 'mosaico informativo' de que fala Marshall McLuhan".
Claro que "Alegria, Alegria" não foi–muito menos naquele ano tão fértil–um fato
isolado.
Nem mesmo na área da música popular, em que se erigiu como marco, ao lado de "Domingo no Parque" e, logo a seguir, "Tropicália".
Mas, sem ela, a tradução e o "aggiornamento" de um momento cultural muito importante da história brasileira não seriam tão completos.
A canção, ao lado de "O Rei da Vela", de Zé Celso,"Terra em Transe", de Glauber Rocha, e o ambiente "Tropicália", de Hélio Oiticica, formou o abre– alas do tropicalismo, que se consolidaria, em 68, como o último grande movimento cultural do país.
E viva Chico Science!
"Passeatas, reclamações, discussões sem resultado–tudo na parte da frente da
cabeça, onde se estão juntando os ossos do mundo."
Aníbal Machado,Cadernos de João Machado.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Informações extraídas do livro: A Revolução Impossível, de Luis Mir, o livro Anos Rebeldes, baseado na minissérie exibida na rede Globo, e matérias publicadas no Jornal O Estado de São Paulo, ano de 1997.
Cronologia 1967:
24 de janeiro – promulgada pelo Congresso, a nova constituição brasileira, que
substituiu a anterior de 1946. Foi elaborada pelo então Ministro da Justiça, Carlos Medeiros Silva, durante o governo do Marechal Castelo Branco.
9 de fevereiro – sancionada a nova Lei de Imprensa pelo presidente Castelo Branco.
O presidente vetou dois artigos, o primeiro porque admitia como verdadeira uma alegação, e o segundo concedia privilégio a jornalistas.
26 de fevereiro – mais de 25 mil homens participaram da maior ofensiva norte–
americana na Guerra do Vietnã.
O objetivo principal era localizar e destruir o quartel-general do Comando Central Vietcongue no Vietnã do Sul.
15 de março – Tomou posse na Presidência do Brasil o Marechal Arthur da Costa e Silva.
Eleito por voto indireto, Costa e Silva foi Ministro da Guerra de seu antecessor, Castelo Branco, que não o apoiava.
5 de maio – lançamento de "Terra em Transe", com direção de Glauber Rocha. Com Jardel Filho, Paulo Autran e José Lewgoy no elenco, o filme recebeu dois prêmios no Festival de Cannes, o da Crítica Internacional e o Buñuel.
30 de maio – O governador militar do leste da Nigéria, Odumegwu Ojukwu,
proclamou a independência desta parte do país, e criou a República da Biafra.
A Nigéria impôs um bloqueio à Nova República.
A fome e a miséria tomaram conta do país.
1º de junho – Os Beatles lançaram o LP"Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band", considerada a melhor e mais ousada obra da banda.
Os críticos a consideram, ainda hoje, uma revolução no mundo do rock.
5 de junho – Começou a Guerra dos Seis Dias.
O exército de Israel destruiu a Força Aérea do Egito, tomou Jerusalém, a Faixa de Gaza, a Península do Sinai e as Colinas de Golã.
A ONU mediou um cessar-fogo em 11 de junho.
18 de julho – Morreu, em um acidente aéreo no Ceará, o ex-Presidente e Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco.
O avião em que viajava (pertencente ao governo do Estado do Ceará) se chocou em pleno vôo com um jato da FAB.
24 de agosto – O então Presidente do Egito, Gamal Abdel Nasser, expulsou das
Forças Armadas, mais de mil oficiais.
O motivo foi a derrota militar, frente a Israel na Guerra dos Seis Dias.
19 de setembro – A peça "O Rei da Vela" de Oswald de Andrade, escrita em 1933, foi encenada pelo Grupo Oficina.
Dirigida Por José Celso Martinez Corrêa, o texto era ainda inédito no teatro.
8 de outubro – O líder revolucionário latino-americano Ernesto "Che" Guevara, foi assassinado.
O governo da Bolívia confirmou que Guevara foi morto pelo Exército, junto com um grupo de guerrilheiros
14 de outubro – Explodiu o tropicalismo no Brasil.
Gilberto Gil, com a canção "Domingo no Parque", e Caetano Veloso, com "Alegria, Alegria", se apresentam nos festivais da Record.
19 de novembro – Morreu vítima de um infarto, o escritor João Guimarães Rosa, de 59 anos.
Autor de "Sagarana" e "Grande Sertão: Veredas", morreu três dias depois de assumir uma cadeira na Academia Brasileira de Letras.
3 de dezembro – Foi realizado o primeiro transplante de coração no mundo, na
Cidade do Cabo (África do Sul).
O cirurgião Christiaan Barnard transplantou o coração de uma jovem de 25 anos, para um homem de 55 anos.
Continuando a comentar sobre a década de 60, "Os Mutantes" compuseram uma música chamada"Panizes Circenses":
"Eu vim cantar
Minha canção iluminada de sol...
Mandei fazer de puro aço
Luminoso punhal
Para matar o meu amor e matei
As cinco horas na Avenida Central
Mas as pessoas da sala de jantar
São ocupadas em nascer e morrer..."
Aqui neste trecho da música, eles falaram do comodismo da sociedade que preferia o conforto da sala de jantar, a lutarem por seus direitos.
Enquanto pessoas morriam nas ruas, as pessoas em sua maioria, não se preocupavam com a realidade do país.
Isso dizia respeito a elite brasileira, que não queria que as coisas mudassem. Mais para a frente, durante os anos oitentas um grupo da MPB chamado 14-Bis fez uma música chamada "Planeta Sonho", que contava uma aventura ecológica, falava da natureza.
Foram muito criticados por fazerem uma música segundo a esquerda brasileira, tão pouco politizada.
Enquanto pessoas desapareciam nos porões da ditadura, lá estavam eles falando de um planeta de sonho.
Mas foram eles os precursores da onda ecológica, que hoje virou moda.
Nesse período de repressão militar, os jovens acreditavam que tomariam o poder, somente com idéias.
Não foi o que realmente aconteceu.
Ninguém pode tomar o poder sem armas.
Carlos Lamarca, ex-capitão do exército que se tornou partidário, e um dos principais líderes da guerrilha urbana, foi morto no início da década de setenta, sendo ele o último líder de destaque no panorama nacional.
Em 1969, houve o seqüestro do embaixador americano no Brasil, pelos estudantes, que exigiam a soltura de todos os presos políticos que estavam listados.
Durante o final da década de sessenta, o presidente Costa e Silva adoeceu
gravemente, sendo substituído por uma junta militar que não queria que o Vice-Presidente Pedro Aleixo, um civil, assumisse o governo.
Depois veio Emilio Garrastazu Médici.
Durante o período mais intenso da ditadura, ocorreu o que chamamos de linha-dura, que foram os militares conservadores que se posicionaram contra a chamada abertura política.
Geisel mostrou-se interessado em uma distensão, mas de certa forma, foi o Presidente mais autoritário do regime militar.
Deu certas concessões aos militares linha-dura, mas isso não os satisfizeram.
Nessa época surgiu a Lei Falcão, que proibia a liberdade de imprensa.
Depois de série de abusos, destituiu o General Ednardo.
Com o AI-3, determinou-se o fim do pluripartidarismo sendo criado dois partidos: o ARENA (Aliança Renovadora Nacional) e MDB (Movimento Democrático Brasileiro).
Os estudantes dos anos sessentas, também executaram políticos, fazendo justiça com as próprias mãos, cometendo crimes, sendo assim, não foram tão vítimas como parecem.
Durante a época do milagre econômico, os militares queriam o desenvolvimento
econômico a qualquer custo.
Por isso, facilitaram a vinda de empresas estrangeiras, permitindo a remessa de lucros para o exterior.
Isso trouxe um certo desenvolvimento ao país, que se tornou muito industrializado, só que grande parcela da população vivia na mais absoluta pobreza.
O padrão de vida, o custo desta aumentou, e o milagre econômico, só trouxe benefícios para a elite.
Este foi o momento de grandes manifestações artísticas, um grande exemplo disso é o filme "O pagador de promessas", único filme brasileiro a receber a palma de Cannes e o título em francês de "La parole donne", retrata a religiosidade, a exploração religiosa, um homem comum mitificado, sendo que este só estava procurando pagar uma promessa.
Devido a intransigência de um padre, não conseguiu pagar a mesma, só a realizando depois de morto, quando alguns homens o colocam numa cruz e invadiram a igreja.
A história consistia na peregrinação de Zé do Burro que necessitava pagar uma promessa, pois seu burro foi atingido por um raio.
Desesperado apela para rezas, terreiro de candomblé, lá fazendo uma promessa para Iansã, sendo equivalente á Santa Bárbara no catolicismo.
Vendo o burro curado, prometeu levar uma cruz de madeira tão pesada como a de Cristo, para a igreja no dia de Santa Bárbara, além de repartir sua terra com os lavradores mais pobres.
Devido sua persistência e a intransigência do padre, Zé do Burro se tornou aos olhos das autoridades, um agitador social.
Para outros, a ameaça de um falso ídolo, além disso a imprensa deturpou a história, prometendo lançá-lo como Deputado.
Todos então de uma forma ou de outra, resolveram se aproveitar da história, lucrar com ela.
Em razão disso o pobre homem, foi morto numa cilada armada por um gigolô, conhecido como Bonitão, que levou até ele uma autoridade policial.
Ele, devido sua revolta pessoal e sua ingenuidade, chegou a dizer que tinha vontade de jogar uma bomba na igreja.
Revoltado, tentou arrombar a porta da igreja, sendo que isso tudo complicou muito, a sua situação.
Sob ameaça de ser detido, esboçou reação e para se defender, se armou de uma faca.
De repente, armou-se uma confusão, e Zé do Burro apareceu morto.
Daí até a realização póstuma de sua promessa, termina-se a narrativa.
Outro aspecto importante a ser mostrado dos anos sessentas, é aspecto musical do fim da década, que retratou os problemas sociais, como no caso desta música de Tom Zé chamada "Parque Industrial":
"Retocai o céu de anil
Bandeirolas no cordão
Grande festa em toda nação.
Despertai com orações,
O avanço industrial
Vem trazer nossa redenção..."
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Informações extraídas do livro: A Revolução Impossível, de Luis Mir, o livro Anos Rebeldes, baseado na minissérie exibida na rede Globo, e matérias publicadas no Jornal O Estado de São Paulo, ano de 1997.
substituiu a anterior de 1946. Foi elaborada pelo então Ministro da Justiça, Carlos Medeiros Silva, durante o governo do Marechal Castelo Branco.
9 de fevereiro – sancionada a nova Lei de Imprensa pelo presidente Castelo Branco.
O presidente vetou dois artigos, o primeiro porque admitia como verdadeira uma alegação, e o segundo concedia privilégio a jornalistas.
26 de fevereiro – mais de 25 mil homens participaram da maior ofensiva norte–
americana na Guerra do Vietnã.
O objetivo principal era localizar e destruir o quartel-general do Comando Central Vietcongue no Vietnã do Sul.
15 de março – Tomou posse na Presidência do Brasil o Marechal Arthur da Costa e Silva.
Eleito por voto indireto, Costa e Silva foi Ministro da Guerra de seu antecessor, Castelo Branco, que não o apoiava.
5 de maio – lançamento de "Terra em Transe", com direção de Glauber Rocha. Com Jardel Filho, Paulo Autran e José Lewgoy no elenco, o filme recebeu dois prêmios no Festival de Cannes, o da Crítica Internacional e o Buñuel.
30 de maio – O governador militar do leste da Nigéria, Odumegwu Ojukwu,
proclamou a independência desta parte do país, e criou a República da Biafra.
A Nigéria impôs um bloqueio à Nova República.
A fome e a miséria tomaram conta do país.
1º de junho – Os Beatles lançaram o LP"Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band", considerada a melhor e mais ousada obra da banda.
Os críticos a consideram, ainda hoje, uma revolução no mundo do rock.
5 de junho – Começou a Guerra dos Seis Dias.
O exército de Israel destruiu a Força Aérea do Egito, tomou Jerusalém, a Faixa de Gaza, a Península do Sinai e as Colinas de Golã.
A ONU mediou um cessar-fogo em 11 de junho.
18 de julho – Morreu, em um acidente aéreo no Ceará, o ex-Presidente e Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco.
O avião em que viajava (pertencente ao governo do Estado do Ceará) se chocou em pleno vôo com um jato da FAB.
24 de agosto – O então Presidente do Egito, Gamal Abdel Nasser, expulsou das
Forças Armadas, mais de mil oficiais.
O motivo foi a derrota militar, frente a Israel na Guerra dos Seis Dias.
19 de setembro – A peça "O Rei da Vela" de Oswald de Andrade, escrita em 1933, foi encenada pelo Grupo Oficina.
Dirigida Por José Celso Martinez Corrêa, o texto era ainda inédito no teatro.
8 de outubro – O líder revolucionário latino-americano Ernesto "Che" Guevara, foi assassinado.
O governo da Bolívia confirmou que Guevara foi morto pelo Exército, junto com um grupo de guerrilheiros
14 de outubro – Explodiu o tropicalismo no Brasil.
Gilberto Gil, com a canção "Domingo no Parque", e Caetano Veloso, com "Alegria, Alegria", se apresentam nos festivais da Record.
19 de novembro – Morreu vítima de um infarto, o escritor João Guimarães Rosa, de 59 anos.
Autor de "Sagarana" e "Grande Sertão: Veredas", morreu três dias depois de assumir uma cadeira na Academia Brasileira de Letras.
3 de dezembro – Foi realizado o primeiro transplante de coração no mundo, na
Cidade do Cabo (África do Sul).
O cirurgião Christiaan Barnard transplantou o coração de uma jovem de 25 anos, para um homem de 55 anos.
Continuando a comentar sobre a década de 60, "Os Mutantes" compuseram uma música chamada"Panizes Circenses":
"Eu vim cantar
Minha canção iluminada de sol...
Mandei fazer de puro aço
Luminoso punhal
Para matar o meu amor e matei
As cinco horas na Avenida Central
Mas as pessoas da sala de jantar
São ocupadas em nascer e morrer..."
Aqui neste trecho da música, eles falaram do comodismo da sociedade que preferia o conforto da sala de jantar, a lutarem por seus direitos.
Enquanto pessoas morriam nas ruas, as pessoas em sua maioria, não se preocupavam com a realidade do país.
Isso dizia respeito a elite brasileira, que não queria que as coisas mudassem. Mais para a frente, durante os anos oitentas um grupo da MPB chamado 14-Bis fez uma música chamada "Planeta Sonho", que contava uma aventura ecológica, falava da natureza.
Foram muito criticados por fazerem uma música segundo a esquerda brasileira, tão pouco politizada.
Enquanto pessoas desapareciam nos porões da ditadura, lá estavam eles falando de um planeta de sonho.
Mas foram eles os precursores da onda ecológica, que hoje virou moda.
Nesse período de repressão militar, os jovens acreditavam que tomariam o poder, somente com idéias.
Não foi o que realmente aconteceu.
Ninguém pode tomar o poder sem armas.
Carlos Lamarca, ex-capitão do exército que se tornou partidário, e um dos principais líderes da guerrilha urbana, foi morto no início da década de setenta, sendo ele o último líder de destaque no panorama nacional.
Em 1969, houve o seqüestro do embaixador americano no Brasil, pelos estudantes, que exigiam a soltura de todos os presos políticos que estavam listados.
Durante o final da década de sessenta, o presidente Costa e Silva adoeceu
gravemente, sendo substituído por uma junta militar que não queria que o Vice-Presidente Pedro Aleixo, um civil, assumisse o governo.
Depois veio Emilio Garrastazu Médici.
Durante o período mais intenso da ditadura, ocorreu o que chamamos de linha-dura, que foram os militares conservadores que se posicionaram contra a chamada abertura política.
Geisel mostrou-se interessado em uma distensão, mas de certa forma, foi o Presidente mais autoritário do regime militar.
Deu certas concessões aos militares linha-dura, mas isso não os satisfizeram.
Nessa época surgiu a Lei Falcão, que proibia a liberdade de imprensa.
Depois de série de abusos, destituiu o General Ednardo.
Com o AI-3, determinou-se o fim do pluripartidarismo sendo criado dois partidos: o ARENA (Aliança Renovadora Nacional) e MDB (Movimento Democrático Brasileiro).
Os estudantes dos anos sessentas, também executaram políticos, fazendo justiça com as próprias mãos, cometendo crimes, sendo assim, não foram tão vítimas como parecem.
Durante a época do milagre econômico, os militares queriam o desenvolvimento
econômico a qualquer custo.
Por isso, facilitaram a vinda de empresas estrangeiras, permitindo a remessa de lucros para o exterior.
Isso trouxe um certo desenvolvimento ao país, que se tornou muito industrializado, só que grande parcela da população vivia na mais absoluta pobreza.
O padrão de vida, o custo desta aumentou, e o milagre econômico, só trouxe benefícios para a elite.
Este foi o momento de grandes manifestações artísticas, um grande exemplo disso é o filme "O pagador de promessas", único filme brasileiro a receber a palma de Cannes e o título em francês de "La parole donne", retrata a religiosidade, a exploração religiosa, um homem comum mitificado, sendo que este só estava procurando pagar uma promessa.
Devido a intransigência de um padre, não conseguiu pagar a mesma, só a realizando depois de morto, quando alguns homens o colocam numa cruz e invadiram a igreja.
A história consistia na peregrinação de Zé do Burro que necessitava pagar uma promessa, pois seu burro foi atingido por um raio.
Desesperado apela para rezas, terreiro de candomblé, lá fazendo uma promessa para Iansã, sendo equivalente á Santa Bárbara no catolicismo.
Vendo o burro curado, prometeu levar uma cruz de madeira tão pesada como a de Cristo, para a igreja no dia de Santa Bárbara, além de repartir sua terra com os lavradores mais pobres.
Devido sua persistência e a intransigência do padre, Zé do Burro se tornou aos olhos das autoridades, um agitador social.
Para outros, a ameaça de um falso ídolo, além disso a imprensa deturpou a história, prometendo lançá-lo como Deputado.
Todos então de uma forma ou de outra, resolveram se aproveitar da história, lucrar com ela.
Em razão disso o pobre homem, foi morto numa cilada armada por um gigolô, conhecido como Bonitão, que levou até ele uma autoridade policial.
Ele, devido sua revolta pessoal e sua ingenuidade, chegou a dizer que tinha vontade de jogar uma bomba na igreja.
Revoltado, tentou arrombar a porta da igreja, sendo que isso tudo complicou muito, a sua situação.
Sob ameaça de ser detido, esboçou reação e para se defender, se armou de uma faca.
De repente, armou-se uma confusão, e Zé do Burro apareceu morto.
Daí até a realização póstuma de sua promessa, termina-se a narrativa.
Outro aspecto importante a ser mostrado dos anos sessentas, é aspecto musical do fim da década, que retratou os problemas sociais, como no caso desta música de Tom Zé chamada "Parque Industrial":
"Retocai o céu de anil
Bandeirolas no cordão
Grande festa em toda nação.
Despertai com orações,
O avanço industrial
Vem trazer nossa redenção..."
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Informações extraídas do livro: A Revolução Impossível, de Luis Mir, o livro Anos Rebeldes, baseado na minissérie exibida na rede Globo, e matérias publicadas no Jornal O Estado de São Paulo, ano de 1997.
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