Poesias
domingo, 5 de abril de 2020
Alegoria do Caos
Trinta anos depois, "Terra em Transe" mantém todo o impacto da obra de arte
poderosa.
A avaliação feita a seco não tem o menor propósito de fugir à discussão sobre as fragilidades do filme.
Continua lá, a colcha de retalhos que se estende de Resnais a
Antonioni, passando pelo primeiro Godard e outros mais: o trêmulo existêncialista ainda mela a angústia do personagem Paulo Martins, cuja versalhada vai a reboque de rompantes líricos de qualidade do poeta Mário Faustino: a temática agrária via CPC (Centros Populares de Cultura), historicamente inovadora, soa desenxabida diante da atualidade
muito mais consistente do Movimento dos Sem Terra.
A questão, porém é que em Glauber Rocha as coisas dão a impressão de andar a contrapelo, e o resultado as vezes, costuma ser – e neste caso é mesmo – um encontro estonteante de paroxismo e senso da verdade.
Paulo Emilio, que cortava no lugar certo, afirmou que em Glauber “as evidências de insensatez acabavam testemunhando um ‘cintilante equilíbrio’”. É claro que ele se referia ao cineasta, e não ao teórico e estrategista político que acabou dizendo "bom-dia" a cavalo.
Seja como for, vale lembrar o que Gilda de Mello e Souza explicou num ensaio breve e exemplar dedicado a "Terra em Transe": "A força de Glauber não consiste em exprimir um pensamento discursivo, e sim na maestria com que usa imagens para criar um universo plástico de equivalências, um sistema de metáforas e alegorias".
Os anos sessentas foram ricos em manifestações artísticas, um exemplo disso foi: "Deus e o Diabo na Terra do Sol", em que se é retratado o sertão nordestino, a seca, a miséria, a fome, os pagadores de promessa, como no caso de um homem que caminha vários quilômetros com uma pedra na cabeça.
Esta é a simbologia do auto flagelamento.
A exploração da fé, do desespero, o pagamento das promessas.
O filme retrata essa realidade, a seca que castiga o sertão.
Segundo o beato do filme: "O sertão vai virar mar e o mar vai
virar sertão".
As personagens do filme são induzidas a carregarem a pedra na cabeça para
pagarem uma promessa, o beato lhes estimula a fazerem isso.
Este filme retrata essa realidade.
É um painel da dura realidade do Nordeste.
Muitas peças foram realizadas nesse período.
Chico Buarque compôs uma música que deu origem a uma delas, sendo esta extremamente combatida.
Muitas peças realizadas pelo país, foram rotuladas como de esquerda e os artistas que participaram destas peças, foram perseguidos pelos policiais que representavam o governo de direita.
Políticos, jornalistas, estudantes, artistas entre outros, foram presos, torturados e até mortos.
Além de filmes e peças de teatro, surgiram nessa época muitos cantores, através dos festivais.
Um desses exemplos são: "Os Mutantes" – conjunto de rock dos loucos anos 60, fazia um rock mais pesado à lá Rolling Stones, além de ser muito mais questionador do que a Jovem Guarda.
Junto com Caetano Veloso e Gilberto Gil, "Os Mutantes" criaram um movimento
musical conhecido como "Tropicália".
Além deles, outros cantores participaram deste movimento como Tom Zé por exemplo.
Esse movimento homenageou a Jovem Guarda, que nesse período já começava a perder prestígio, e a Bossa Nova.
Começando pelas guitarras, algumas colagens de músicas de Roberto Carlos e
algumas citações sociais, transformaram a "Tropicália" num movimento musical
contundente.
Na época foram rotulados de alienados, e muitas vezes foram vaiados em
público.
Na década seguinte Rita Lee, formou outro grupo de rock intitulado "Tuti-fruti". Cumpre salientar que foi, e é uma das grandes figuras do nosso rock, questionou de certa forma os padrões da sociedade vigente, sempre fez o gênero rebelde, e foi presa nos anos 70 por porte de maconha.
Nessa época, fez algumas canções que são conhecidas até hoje, como por exemplo: "Ovelha Negra", "Mamãe Natureza", "Menino bonito" entre outras.
Agora, temos que falar do "cinema novo", uma câmera na mão e uma idéia na
cabeça.
Com essa temática realizou-se o filme "Os Cafajestes", de Ruy Guerra e "Terra em Transe", de Glaúber Rocha.
Nesta época foi montada a peça "O rei da vela" que contava a história de um
industrial que fabricava velas, baseada em escritos de Oswald de Andrade. Nessa época surgiu o ‘cinema novo’, movimento que revolucionou o cinema nacional.
Rogério Sganzerla realizou vários filmes, cuja temática era a pobreza, a miséria, e a escória da sociedade.
Um exemplo disso foi o filme "O bandido da Luz Vermelha", que conta a vida do bandido João Acácio, que estuprava, matava e roubava suas vítimas.
Foi também diretor de outros filmes, mas seu estilo era mesmo underground ou udigrudi, cineasta da realidade, falava da pobreza, da chamada boca do lixo.
"Os pequenos burgueses", peça que foi montada durante o regime militar, também era politizada.
Nesse período conturbado da história política do país, os jovens liam autores
russos, sobre as teorias socialistas, sendo que o período mais intenso dessa vontade de igualdade social se deu na década de setenta com as guerrilhas urbanas.
Nesse momento, a Tropicália surgiu para revolucionar a nossa música resgatando outros estilos.
Caetano dizia:
"Só a retomada da linha evolutiva pode nos dar uma organicidade para selecionar e ter um julgamento de criação. Dizer que samba só se faz com frigideira, tamborim e um violão, sem sétimas e nonas não resolve o problema."
Alegria, Alegria com seus fragmentos da realidade, bombas, Brigitte Bardot. Um mundo de espaçonaves e guerrilhas, Coca-cola, o mundo das bancas de revista, da informação rápida, do mosaico informativo de que fala Marshall McLuhan.
Com seu inicio tocado com uma guitarra, nos remete aos primeiros acordes do rock and roll, mais precisamente a Jovem Guarda, além de algumas citações jovem-guardistas, Brigitte Bardot, e:
"O sol nas bancas de revista
Me enche de alegria e preguiça
Quem lê tanta notícia..."
Outro trecho da música:
"Eu vou,
Sem lenço sem documento.
Nada no bolso ou nas mãos.
Eu quero seguir vivendo..."
Esse trecho da música se refere a uma viagem de ácido mais conhecido como LSD ou ácido lisérgico.
Essa música também mostra um lado hippie quando fala nessa despreocupação em viver, que assim como os garotos da Jovem Guarda eles também tinham
essa tranquilidade.
Uma poética simples sem grandes preocupações com grandes idéias filosóficas. Caetano era adepto da cultura de massa.
Numa cerimônia flower power casou-se Dedé Gadelha.
Adotou na Tropicália uma mistura de estilos, Jovem Guarda com Bossa-Nova, com Beatles, com a filosofia dos hippies, transformando tudo numa geléia geral.
Criticado na época por ser alienado, recebeu os mais sinceros agradecimentos de alguns cantores da Jovem Guarda que diziam:
"A Tropicália foi uma Jovem Guarda com consistência política."
Nara Leão nessa época começara a fazer samba social, no qual falava das vantagens de se viver no morro, apesar de fazer parte da elite carioca.
Período em que abandonou a
Bossa-Nova onde era musa, para investir em outras vertentes.
Foi criticada por seus amigos bossa-novistas, de estar abandonando o movimento que lhe deu fama.
Durante a Tropicália fez parte do movimento.
Nessa época tinha também rivalidade com Elis Regina.
Mas o que interessa aqui é o seu lado musical.
Outra figura de destaque nesse panorama é Leila Diniz, atriz de novelas e filmes, além de peças de teatro.
Considerada pela esquerda de alienada, e pela direita como sendo de esquerda, não tinha posição política estabelecida, lutava por seus direitos, foi feminista
antes da palavra virar moda.
Como se pode observar, ela estava a frente do seu tempo.
Tanto é assim que a lei do divórcio levou o seu nome.
Acreditava no amor livre sem compromisso.
Foi perseguida pela censura, pelos militares.
Teve sua prisão decretada, por causa de uma entrevista na qual dizia uma série de palavrões, que foram trocados por asteriscos, e fugiu, tendo que se esconder na casa de amigos.
O filme que realmente retratou sua personalidade contundente e marcante foi: "Todas as mulheres do mundo", no qual um homem acreditava que ela era a representação de todas as mulheres do mundo.
Para ela nada era pecado, nem mesmo amar dois homens ao mesmo tempo. Assim como Nara Leão foi musa, sendo que Nara era musa da Bossa-Nova.
Rita Lee compôs uma música falando de Leila Diniz, eis aqui um trecho:
"Toda mulher quer ser amada
Toda mulher quer ser feliz
Toda mulher é meio Leila Diniz..."
"Domingo no Parque" de Gilberto Gil teve a base musical tocada por guitarra. Quem fez a parte tocada na canção, foi o conjunto "Os Mutantes". A música fala de um crime que ocorre num parque de diversões:
"O rei da brincadeira-é José.
O rei da confusão-é João.
Um trabalhava na feira-é José.
Outro na construção-é João.
Na semana passada, no fim da semana,
João resolveu não brigar.
No domingo de tarde saiu apressado.
E não foi pra ribeira jogar.
Capoeira.
Não foi pra lá, pra ribeira,
Foi namorar.
O José como sempre, no fim da semana.
Guardou a barraca e sumiu.
Foi fazer, no domingo, um passeio no parque,
Lá perto da boca do rio.
Foi no parque que ele avistou.
Juliana,
Foi que ele viu.
Juliana na roda com João.
Uma rosa e um sorvete na mão.
Juliana seu sonho, uma ilusão.
Juliana e o amigo João.
O espinho da rosa feriu Zé.
E o sorvete gelou seu coração.
O sorvete e a rosa-é José.
A rosa e o sorvete-é José.
Oi dançando no peito-é José.
Do José brincalhão-é José.
O sorvete e a rosa-é José.
A rosa e o sorvete-é José.
Oi girando na mente-é José.
Do José brincalhão-é José.
Juliana girando-oi girando.
Oi na roda-gigante-oi girando.}2vezes
O amigo João-oi João.
O sorvete é morango-é vermelho.
Oi girando e a rosa-é vermelha.
Oi girando, girando-é vermelha.
Oi girando, girando-olha a faca.
Olha o sangue na mão-é José.
Juliana no chão-é José.
Outro corpo caído-é José.
Seu amigo João -é José.
Amanhã não tem feira-é José.
Não tem mais construção-é João.
Não tem mais brincadeira-é José.
Não tem mais confusão-é João.”
(Gilberto Gil)
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Informações extraídas do livro: A Revolução Impossível, de Luis Mir, o livro Anos Rebeldes, baseado na minissérie exibida na rede Globo, e matérias publicadas no Jornal O Estado de São Paulo, ano de 1997.
Processos Históricos
Quando da proclamação da República, teve início a República da Espada, sendo que os dois primeiros presidentes eram militares.
Depois veio a República das Oligarquias, a qual se denomina "Republica do Café com Leite", política adotada pelos cafeicultores.
O Governo Provisório foi dirigido pelo Marechal Deodoro da Fonseca, que instaurou o regime republicano federalista, transformando províncias em Estados da Federação, e o país passou a se chamar Estados Unidos do Brasil. Este governo era uma composição entre militares, que ficaram com a presidência, e civis, a maioria nos Ministérios.
As crises entre os centralistas e federalistas, se expressaram dentro do próprio governo, pelo enfrentamento entre o Presidente e seu Ministério.
Autoritário e centralista, Deodoro despertou nos civis, o temor de uma ditadura militar.
Centralizar é controlar todo o país de forma central, ou seja, monopolizar o poder.
Federalizar é distribuir o poder entre os estados, descentralizando o poder.
O governo provisório terminou em 25 de fevereiro de 1891, com a promulgação de uma Constituição, sendo esta a Primeira da República.
Depois o governo passou para Floriano Peixoto, que anulou o decreto de dissolução do Congresso, assinado por Deodoro, e derrubou governos estaduais que apoiaram a tentativa do golpe.
Em razão disso, Floriano tomou decisões de forte apelo popular, para garantir sua sustentação política, ao mesmo tempo que apoiou os cafeicultores paulistas.
Enfrentou oposição no Congresso, que queria convocar novas eleições. Conseguiu terminar seu mandato, mas enfrentou motins e revoltas militares em todo o país.
Tratou seus opositores com violência, e ficou conhecido, como o Marechal de Ferro.
Quanto a Prudente de Morais, ele foi o primeiro Presidente civil, e também o primeiro eleito pelo voto direto.
Em 5 de novembro de 1897, o Presidente sofreu um atentado no cais do Porto do Rio de Janeiro.
Um soldado florianista, (opositor de seu governo, partidário do ex-presidente Floriano Peixoto), Marcelino Bispo, tentou atingi-lo, e acabou matando o ministro da Guerra, Marechal Carlos Bittencourt.
O incidente deu pretexto para o Congresso decretar Estado de Sítio.
Com poderes excepcionais, Prudente de Morais prendeu seus opositores, fechou jornais, e acabou com qualquer manifestação política.
Consolidou assim a presença de civis no poder federal.
Governo Campos Sales, representante da Oligarquia Cafeeira, governou até o fim do mandato.
Sucedeu no governo Rodrigues Alves, que derrotou Quintino Bocaíuva, nas eleições de 1902.
Depois governou o país Afonso Pena, que morreu antes de concluir o mandato.
Nilo Peçanha o Vice-Presidente assumiu o governo.
Hermes da Fonseca sucedeu Nilo Peçanha no poder.
Se afastou da "Política do Café com Leite", e deu importância a política de recuperação dos militares no poder, e apoiou intervenções militares nos governos estaduais.
Só que os militares só se aliaram ao poder local.
Foi um período marcado por revoltas, como a da Chibata, em que os marinheiros contestaram as chibatadas e os maus tratos, a que eram submetidos, e João Cândido foi o líder do movimento.
As exigências foram atendidas, só que os organizadores da Revolta da Chibata foram presos.
João Cândido só foi solto, porque acreditavam que ele estava louco.
Há alguns anos foi composto um samba em sua homenagem. Começa assim:
"Há muito tempo,
Nas águas da Guanabara
O dragão do mar reapareceu
Na figura de um bravo feiticeiro
A quem a história não esqueceu
Conhecido como navegante negro
Tinha a dignidade de um mestre-sala,
E ao acenar pelo mar
Na alegria das regatas
Foi saudado no porto
Pelas mocinhas francesas
Jovens polacas
E por batalhões de mulatas
Rubras cascatas
Jorravam das costas dos Santos
Entre cantos e chibatas,
Inundando o coração
Do pessoal do porão
Que a exemplo do feiticeiro
Gritava,então:
Glória aos piratas,ás mulatas
As sereias!
Glória á farofa,á cachaça,
Às baleias!
Glória a todas as lutas inglórias
Que através da nossa história
Não esquecemos jamais!
Salve o navegante negro
Que tem por monumento
As pedras pisadas do cais..."
(João Bosco e Aldir Blanc)
Herme da Fonseca, foi sucedido por Venceslau Brás, que governou até o fim do mandato.
Durante o seu governo, eclodiu a Primeira Guerra Mundial na Europa.
A guerra provocou quedas das exportações e o presidente mandou queimar sacas de café, para aumentar o preço deste.
O movimento operário surgiu com força, e ocorreu uma greve geral em 1917, devido a morte de um trabalhador, o que causou comoção em toda a cidade de São Paulo.
Manifestantes saquearam lojas, depredaram construções e um contingente policial foi mandado, a fim de reprimir manifestações, no enterro do operário.
Foi nessa época que surgiu o anarquismo, movimento que tinha idéias trazidas de imigrantes estrangeiros.
Foi a forma encontrada pelos trabalhadores lutarem por seus direitos.
Epitácio Pessoa assumiu o poder, enfrentou conflitos e um amplo movimento
operário.
Por conta disso, fechou o jornal operário A Plebe, e expulsou do país os redatores e os principais militantes.
Nomeou um civil para ocupar o Ministério da Guerra, o que fez os militares se rebelarem.
Depois fechou o Clube Militar do Rio de Janeiro, sob protesto dos jovens oficiais.
Após, assumiu Arthur Bernardes, que governou, sob Estado de Sítio.
Nesse período em 1924, surgiu a Coluna Prestes, movimento de andarilhos que atravessou o país.
Seu governo passou por sérios conflitos.
Governo Washington Luís. Assumiu em 1926 e foi deposto na Revolução de 1930.
Considerava manifestações trabalhistas ‘caso de polícia’.
Promoveu a Lei Celerada, que permitia a repressão a atividades políticas e sindicais.
Revolução de 1930, movimento no qual Getúlio Vargas assumiu o poder, tirando o governo de João Pessoa, sendo que este foi assassinado.
Getúlio governou durante quinze anos.
Em 1932 ocorreu a Revolução Constitucionalista, movimento que visava uma nova Constituição.
Em 1937 planejou um golpe de estado que constituiu uma ditadura.
Em 1945 foi deposto.
E de 1946 a 1950, assumiu o governo o Ministro do Exército Eurico Gaspar Dutra.
Em 1950, Getúlio, voltou ao poder pelos braços do povo.
Suicidou-se em 24 de agosto de 1954, devido à pressões militares.
Nas eleições seguintes, assume Juscelino Kubitschek, que propôs uma política desenvolvimentista, não nacionalista.
Isso tudo para dizer, que a ameaça militar sempre esteve presente.
Alguns militares sempre quiseram assumir o poder.
Sempre interferiram na política do Brasil, seja entrando no governo, ou agindo de forma indireta.
Além do que um poder centralizado é sempre uma forma de perigo, pois isso indica poderes ilimitados a quem governa, constituindo um risco de poder totalitário, com atrocidades e abusos no governo.
Como o que ocorreu na ditadura, no Nazismo e em todos os regimes totalitários.
Pois a ditadura é um regime totalitário também de certa forma.
O Imperialismo é uma forma de governo no qual quem governa tem poderes ilimitados,absolutos.
Foram colocados estes governos todos para mostrar também que os militares
mantiveram pressão sobre os governantes, pois sempre almejaram o poder.
E o perigo de ser implantada uma ditadura no país sempre esteve presente.
Outro dia, assisti um Globo Repórter, que tratava das guerrilhas urbanas e contava a história de vários participantes desse momento na história do país, e que morreram nas mãos da polícia, inclusive a história do pai de Marcelo Rubens Paiva que foi militante durante o governo militar.
Para ver seu filho, tinha que observá-lo à distância, e não podia se identificar.
Geralmente os militantes eram jovens estudantes brasileiros, sendo que muitos nem sabiam porque estavam lutando, (entraram de gaiatos no movimento).
Durante o regime militar foram instituídos vários atos institucionais, que deixaram de assegurar os direitos constitucionais.
No período militar a Assembléia Constituinte foi dissolvida.
Um dos atos institucionais o AI-1, de 9 de abril de 1964, transferiu o poder político aos militares.
Serviu como para legalizar ações políticas não previstas, e contrárias à Constituição.
Determinou-lhes a linha dura, que defendia a pureza de princípios revolucionários, e excluía qualquer vestígio do regime deposto.
Pressionaram o Congresso para aprovar medidas repressivas, como por exemplo, a emenda das inegibilidades que tornava inelegíveis, alguns candidatos que desagradam os militares.
Em 27 de outubro de 1965, Castello Branco edita o Ato Institucional nº 2 (AI-2), que: dissolveu os partidos políticos e conferiu ao Executivo, poderes para cassar mandatos, e decretar o Estado de Sítio, sem prévia autorização do Congresso.
Estabeleceu eleição indireta para a Presidência da República, transformando o Congresso, em Colégio Eleitoral.
Com o AI-3 as eleições para governador passaram a ser indiretas.
Em novembro de 1966, Castello Branco fechou o Congresso, e iniciou uma nova onda de cassações de parlamentares.
O AI-4 atribuiu poderes ao Congresso para que aprovasse o projeto constitucional, elaborado pelo Ministro da Justiça, Carlos Medeiros Silva.
O AI-5, institucionalizou a ditadura.
Incorporou as decisões contidas nos Atos Institucionais na Constituição.
Aumentou o poder do executivo, reduziu poderes e prerrogativas do Congresso.
A Nova Constituição, entrou em vigor em janeiro de 1967.
Em 1968, ocorreu uma greve dos metalúrgicos de Osasco, São Paulo,e de Contagem, Minas Gerais, ambas em 1968, sendo as últimas mobillizações operárias dos anos 60.
Durante os anos sessentas, ocorreram os Festivais da Canção na Record, e num desses festivais Beth Carvalho cantou, acompanhada do conjunto vocal Golden Boys, "Andança" que não foi a primeira colocada. Começa assim:
"Vim tanta areia andei
Da lua cheia eu sei
Uma saudade imensa
Vagando em festa andei
Meu namorado é rei
Nas lendas do caminho
Onde andei
Olha a lua mansa ao se derramar
A lua descansa
Meu caminhar
Seu olhar em festa
Me fez feliz
Lembrando a seresta
Que um dia eu fiz
Por onde for
Quero ser seu par
Já me fiz na guerra
Por não saber
Que esta terra encerra
Meu bem querer
E jamais termina o meu caminhar
Só o amor me ensina onde
Vou chegar
Por onde for
Quero ser seu par
...Vagando em verso sei
Meu namorado é rei
Nas lendas do caminho
Onde andei
Olha a lua mansa ao se derramar
A lua descansa o meu caminhar
Vim milhões de léguas
Vivendo assim
Lembrando a seresta
Que um dia eu fiz
Por onde for
Quero ser seu par..."
Os festivais dos anos sessentas e setentas foram importantes para divulgar a nossa música para todo o país. Chico Buarque foi revelado com a "Banda":
"Estava a toa na vida
O meu amor me chamou
Pra ver a banda passar..."
Nara Leão, a musa da Bossa Nova também chegou a cantar essa música.
Chico Buarque era o garoto bem comportado, o bom rapaz.
Por não fazer música política, foi criticado por setores radicais da MPB a dita "Música Popular Brasileira".
Foi rotulado de alienado, antipatizado por Gilberto Gil e Caetano Veloso.
Chico Buarque não compunha músicas ácidas, como os compositores acima falados.
Sua música "Sabiá" feita em parceria com Tom Jobim, foi vaiada no Festival da Canção.
Compôs "Carolina" em 1966.
Durante os anos setentas, um grupo da Jovem Guarda chamado Os Incríveis, foi cooptado pelo governo e fez músicas nacionalistas onde exaltaram o amor a pátria como na música "Eu te amo meu Brasil".
Uma dupla da Jovem Guarda chamada Dom e Ravel também fizeram essas músicas ufanistas.
Esse foi o tempo do lema "Brasil ame-o ou deixe-o", período de exageros nacionalistas.
Tempo de manifestações sindicais, que ajudaram a trazer alguns benefícios para o trabalhador.
Alguns deles foram despedidos mas ainda assim, essas greves trouxeram benefícios.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Informações extraídas do livro: A Revolução Impossível, de Luis Mir, o livro Anos Rebeldes, baseado na minissérie exibida na rede Globo, e matérias publicadas no Jornal O Estado de São Paulo, ano de 1997.
Algumas Considerações
Uma característica do regime militar, é o fato de que cessam os direitos do cidadão, como o que ocorreu durante o regime militar pelo qual passamos recentemente, e durante o golpe de 1937 intitulado Estado Novo, (período de 1937 a 1945), onde foi decretado Estado de Sítio.
Em conseqüência disso, os sindicatos perderam sua autonomia e suas principais lideranças.
Foi em 1935, que tentaram realizar uma manifestação conhecida como Intentona Comunista que fracassou, e os principais líderes foram presos, e só foram libertados com o fim do Estado Novo, que também foi o ano em Getúlio foi deposto, e que ocorreu a manifestação chamada como Queremismo (queremos Getúlio Vargas de volta).
Sendo que isso não ajudou a superar seu desprestígio, e ele teve que sair do governo.
No período do Estado Novo, nem manifestações trabalhistas podiam acontecer. Realmente, na ditadura não se pode exercer a cidadania.
No início dos anos 60, o governo de Jânio Quadros já era fortemente influenciado pelos militares, que faziam pressão sobre os governantes antes mesmo da ditadura.
A ditadura propriamente dita só foi instalada em 1964, mas só a partir de 68 é que começaram a ocorrer as manifestações estudantis.
O governo tentou reprimir as manifestações, só que estas, de certa forma contavam com o apoio da população.
Nos anos 70 ocorreram as chamadas guerrilhas urbanas, movimento armado, com tendências de esquerda, que tinha carecterísticas do socialismo, (os chamados guerrilheiros urbanos).
Muitos foram torturados, mortos e enterrados clandestinamente.
Hoje os familiares dos mortos nas guerrilhas, estão recebendo
indenizações do governo.
Já faz algum tempo, num jornal foi mostrada a ossada de um
guerrilheiro urbano.
Pelo crânio, notava-se um afundamento da parte da frente do rosto, em
consequência do tiro que este levou.
Agora estão localizando os corpos dos guerrilheiros e, as famílias estão sendo
indenizadas.
Os corpos localizados são mandados para os seus familiares, que os enterram.
Para eles, é como se seus familiar tivessem morrido agora.
Muitos dos mortos do regime militar não foram descobertos, muitos corpos foram ocultados, e muitas pessoas desapareceram.
De certa forma, estão mortas, pois não foram localizadas até hoje.
Muitas atrocidades foram cometidas durante esse período, até mesmo pelos
manifestantes de esquerda.
Houve, durante um confronto com os estudantes de direita, a
morte de um estudante, sem contar outras formas incorretas de manifestar repúdio ao governo militar, com, inclusive outras mortes.
Estes, agrediram policiais em certas manifestações.
Alguns estudantes foram mortos enquanto almoçavam no Calabouço,
restaurante onde os estudantes de esquerda se reuniam.
Esse restaurante foi fechado depois do incidente.
Durante esse período, as manifestações de arte que ameaçassem os interesses
do governo, eram censuradas.
Nos anos 70 o cantor e compositor Taiguara, teve mais de quarenta músicas censuradas.
O período realmente foi de chumbo com muitas mortes, tiroteios, violência, não só em manifestações na cidade, como no campo também.
Em ambos os ambientes, foram cometidas muitas atrocidades.
O momento era cinzento, negro.
Foi um período difícil, de insegurança, instabilidade.
Período de grandes torturas, para quem caísse nas mãos da polícia.
Até panfletagem era proibido.
Quem fosse pego fazendo isso, era preso e torturado.
Esse é um momento que não deveria se repetir nunca mais.
Depois de um certo período, houve a chamada abertura política, mas só muitos anos depois deste regime ter feito tantas misérias.
Mas mesmo essa medida não trouxe de volta os mortos que se foram, nem apagaram as injustiças que foram cometidas.
Contudo a população passou ter uma certa tranquilidade.
Relativa é claro, tornando-se um pouco mais leve a ditadura.
Mas a ditadura de fato só acabou no final dos anos 80, depois de um longo
período de dominação.
Isso se equipara ao período do Nazismo na Europa, no qual as artes, manifestações artísticas promovidas e realizadas pelos judeus, foram destruídas e ocultadas.
Até grandes clássicos da música erudita foram destruídos, e muitas obras jamais serão recuperadas.
No regime militar, muitas músicas foram censuradas, peças de teatro também, inclusive novelas como a 1o versão de "Roque Santeiro" que se originou da peça "O Berço do Herói".
José Celso Martinez Correia organizou em 1967, uma peça teatral anarquista. No fim dos anos sessentas, foi instituído o palavrão no teatro.
Foi em 1968 que Chico Buarque criou a canção "Roda-viva", e montou uma peça teatral com o mesmo nome.
A polícia invadiu o teatro e espancou os artistas.
Em muitas dessas torturas, estudantes, artistas e intelectuais, eram
expostos as mais diversas humilhações.
Os policiais obrigavam o estudante a enterrar a cara na grama, e a ficar de quatro.
A população ficou chocada com essa violência toda.
Uma atriz de teatro foi obrigada a repetir a cena de sexo da peça com seu parceiro na frente dos torturadores.
Marília Pera teve que tirar a roupa, ser ofendida e ainda ser espancada por
policiais juntamente, com outras atrizes da peça, em participava.
E a violência não para por aí.
Não estamos querendo dizer com isso, que só na ditadura e em regimes autoritários acontecem atrocidades.
Mesmo em governos livres, a violência não se encerra em si mesma,
as agressões continuam, só que aí não vem só do governo, mas também da população.
A ditadura ocorreu em muitos países da América Latina, ocorreu na Espanha, enfim, não foi um fato exclusivamente brasileiro, e em nenhum dos países do qual ela fez parte, funcionou, e só foi usada como forma de manipulação. Ainda bem!
Deve se acrescentar que durante o golpe de 1964, as manifestações estudantis foram proibidas, colocadas na ilegalidade.
Afinal de contas a democracia relativa em que vivemos, foi a melhor forma de governo encontrada para se administrar um país.
Pode não ser uma democracia verdadeira, mas ainda assim nós temos liberdade de expressão.
Podemos criticar o presidente e não sermos punidos por isso.
Temos agora liberdade de expressão.
Ou seja, melhoraram um pouco as coisas no país.
A respeito da juventude politizada das décadas anteriores, e a nossa atual juventude que não liga para política, realmente o interesse por política diminuiu, não só entre os jovens.
As pessoas mais velhas também perderam seu interesse.
Naquela época muitas informações foram omitidas da população, hoje ainda não temos acesso a todas as informações, notícias são manipuladas ou omitidas pelos meios de comunicação.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Informações extraídas do livro: A Revolução Impossível, de Luis Mir, o livro Anos Rebeldes, baseado na minissérie exibida na rede Globo, e matérias publicadas no Jornal O Estado de São Paulo, ano de 1997.
As Greves, e a Democracia
Ademais, houve greves operárias, no final dos anos 70 no Grande ABC paulista. As manifestações, vultuosas requeriam aumento de salário.
Com isso, o movimento se alastrou por São Paulo, Osasco e Campinas, só terminando em 27 de julho; até essa data, registraram-se muitos acordos entre empresas e sindicatos, beneficiando inúmeros trabalhadores.
Desta forma, tornaram conhecido em todo o país, o Presidente do Sindicato dos Metalúgicos de São Bernardo e Diadema, Luís Ignácio Lula da Silva, o Lula.
Depois dessa manifestação, o Presidente Geisel assinou um decreto, proibindo manifestações grevistas.
O Brasil retomou relações diplomáticas com a China.
Em 1981, os militares linha dura tentaram barrar a distensão política.
Figuras ligadas à Igreja Católica, foram seqüestradas, e cartas-bombas estouraram, na sede de instituições democráticas.
Houve também, um atentado a bomba no Riocentro.
Episódio gravíssimo, conhecido como Atentado Terrorista do Rio Centro.
Em abril deste ano, duas bombas explodiram no Centro de Convenções do Riocentro, no show comemorativo do dia 1o de maio.
Milhares de jovens, assistiam a um festival de música.
Uma das bombas preparadas para o local, explodiu no interior de um carro Puma, e feriu gravemente o Capitão do Exército Wilson Machado, e matou o Sargento Guilherme do Rosário, ambos ocupantes do carro; a segunda explodiu dentro da casa de força do prédio, sem causar danos.
Foi instaurado inquérito para apurar responsabilidades, concluindo que o Capitão e o Sargento, teriam sido vítimas de uma bomba colocada entre a porta e o assento do passageiro, por grupos interessados em comprometer, agentes ou órgãos militares de segurança.
Após vários julgamentos, o caso foi arquivado em 1º de março de 1988.
Outra manifestação grevista ocorreu em 1979.
No dia seguinte ocorreu o assassinato de um operário, num confronto entre a polícia em um piquete, em frente a fábrica Sylvania, em Santo Amaro.
Metalúrgicos do ABC, região da Grande São Paulo, e de outras cidades do interior paulista, entraram em greve por aumento salarial, em 1º de abril de 1980.
O Ministro do Trabalho, Murilo Macedo, determinou a intervenção nos sindicatos de São Bernardo do Campo e Santo André; líderes sindicais foram presos, entre eles Luís Ignácio da Silva.
A greve terminou depois de um acordo com o Presidente Figueiredo.
Após vários julgamentos, os processos contra sindicalistas prescreveram.
Nesse ano, foi criada a CUT (Central Única dos Trabalhadores), instituída durante congresso sindical em São Bernardo do Campo, SP.
Ademais, cortadores de cana, entraram em greve por melhores salários, invadindo as cidades de Guariba e Bebedouro, no interior de São Paulo, promovendo tumultos e depredações, e incendiando um canavial.
O movimento foi reprimido por 300 soldados e, em consequência, uma pessoa morreu, e quarenta ficaram feridas.
Durante as eleições de 1982, ocorre as campanhas sobre as "Diretas Já".
A primeira manifestação ocorreu em São Paulo reunindo 10 mil pessoas.
Depois desta, surgiram outras manifestações em todo o país.
Em 1983, a primeira manifestação de uma frente suprapartidária, a favor das eleições diretas para a Presidência da República, aconteceu em São Paulo. Participaram o PT, o PMDB, o PDT e as Centrais Sindicais CUT, e o Conclat.
No ano de 1984, o movimento pelas eleições diretas para a Presidência da República cresceu, e grandes comícios se realizaram nas principais cidades do país.
Foi a partir daí que se adotou o slogan “Diretas Já”.
As Diretas Já, foram um movimento onde os jovens da década de 80 fizeram manifestações por todo o país.
Estes fizeram manifestações nas ruas, exigindo eleições diretas, só que estas só ocorreram no final dos anos 80.
Como fato marcante, houve um comício televisionado na Praça da Sé, em São Paulo.
No entanto, a Emenda Constitucional permitindo as eleições diretas, apresentada pelo Deputado Federal Dante de Oliveira, do PMDB de Mato Grosso, foi rejeitada na Câmara dos Deputados.
Ela recebeu 298 votos e era necessário 320 votos para sua aprovação, o equivalente a dois terços dos deputados.
A eleição do Presidente da República permaneceu então, nas mãos do Colégio Eleitoral.
O Candidato do PDS foi o Deputado Federal Paulo Maluf, que ganhou a indicação, disputando com o Ministro do Interior, Mário Andreazza, político mais ligado ao governo federal.
A Aliança Democrática, formada pela Frente Liberal, dissidência do PDS, e pelo PMDB, apoiou o nome de Tancredo Neves, numa chapa que tinha como Vice o Deputado José Sarney, até recentemente político importante do PDS.
Em 1985, Tancredo Neves foi eleito para Presidente da República pelo Colégio
Eleitoral.
Ele recebeu 480 votos, contra 180 de Paulo Maluf.
A eleição apesar de indireta, foi recebida com entusiasmo pela maioria da
população, que acreditava num novo tempo.
Mas, na véspera da posse, Tancredo foi internado às pressas com graves problemas intestinais.
Seu Vice, José Sarney, assumiu o cargo, a princípio interinamente e, após sua morte, em 21 de abril, de forma definitiva.
Os dissidentes do PDS criaram o Partido da Frente Liberal (PFL).
O governo Sarney começou a modificar a legislação autoritária herdada dos
governos militares.
Foi restabelecida a eleição direta para a Presidência da República, concedido o direito de voto aos analfabetos e foram legalizados todos os partidos políticos, incluindo o PCB e o PC do B.
O Partido Socialista Brasileiro (PSB) foi recriado.
No final do ano, aconteceram eleições gerais para Prefeito.
No ano de 1986 foi lançado o Plano Cruzado para combater a inflação.
O cruzeiro foi substituído pelo Cruzado, os preços foram congelados, e os salários reajustados pela média dos últimos seis meses.
Até o final do mandato, o governo Sarney lançou mais três planos de estabilização, que não atingiram o resultado esperado.
Nas eleições de novembro, o PMDB ganhou todos os governos estaduais, exceto o de Sergipe, e a maioria das cadeiras da Câmara dos Deputados e do Senado.
Na década de 80, uma fantasma começou a assombrar os brasileiros: o crescimento da inflação.
Os mais velhos, com certeza se lembram da Alemanha no final da II Guerra Mundial, onde o dinheiro pra uma pequena compra, enchia uma sacola.
Em 1985, a inflação brasileira, atingiu 233,65%.
O ano de 1986 mostrou a mesma tendência.
Em janeiro, a inflação atingiu 16,23%.
Os trabalhadores tinham seus salários constantemente corroídos, apesar da prática de antecipações salariais e dos reajustes trimestrais.
Nessa situação, o Plano Cruzado, apareceu como uma esperança para a população.
No primeiro mês após o plano, a indústria e o comércio praticamente pararam suas atividades para efetuar reajustes.
Logo a seguir, ocorreu uma explosão de consumo, motivado pela estabilização dos preços, e do fim da correção monetária nas aplicações financeiras.
Esse aumento de consumo, no entanto, gerou ágio elevado em setores como o de automóveis, e desabastecimento de produtos como carne e leite.
Mas ainda não foi desta vez que a inflação foi domada.
Alguns planos depois, em junho de 1994, no mês anterior ao Plano Real, ela ultrapassou os 5000% acumulados em 12 meses.
Entre os anos de 1987 a 1988, os Deputados Federais e Senadores começaram a se reunir como Assembléia Nacional Constituinte, em fevereiro de 1987, e os trabalhos foram até 5 de Outubro de 1988, quando foi promulgada a Nova Constituição.
Entre as conquistas da Nova Carta estão a ampliação dos direitos individuais, e o fortalecimento das liberdades públicas, áreas que haviam sofrido grandes restrições na época do Regime Militar.
Neste mesmo ano, durante a elaboração da Constituição, uma dissidência do PMDB formou o PSDB (Partido da Social-Democracia Brasileira), com programa de perfil reformista.
Em 1989, acontecem as primeiras eleições diretas para a Presidência da República desde 1960.
O vencedor foi Fernando Collor de Mello, ex-Governandor de Alagoas, que derrotou no segundo turno das eleições Luís Inácio Lula da Silva, um dos fundadores do PT.
Entre as promessas de campanha de Collor estavam o fim da inflação, a moralização da política e a modernização econômica do país com a diminuição do papel do Estado.
Com relação a José Sarney, este assumiu em virtude do falecimento do então
Presidente Tancredo Neves.
Nesse governo foi criado o Plano Cruzado, que acabou não funcionando como o previsto, pois a inflação não se estabilizou.
Seu governo durou um ano a mais do que o previsto.
Nesse período também ocorreram greves como a da Companhia Siderúrgica Nacional e da Fábrica de Estruturas Metálicas de Volta Redonda (RJ), sempre por melhores salários e melhoria das condições de trabalho.
Tropas do Exército, e um batalhão da Policia Militar, ocuparam a Refinaria, e entraram em choque com os grevistas.
Morreram três trabalhadores.
Todas as categorias do serviço público federal interromperam o trabalho,
reivindicando reajuste salarial.
Sarney mandou cortar o ponto dos servidores, e no dia 29, duzentos funcionários, acamparam nos corredores do Ministério do Trabalho.
A greve só terminou quando o governo propôs um ajuste do salário.
Trabalhadores entraram em greve geral em todo o país, o que as Centrais Sindicais não aprovaram (CUT e a CGT), (Central Única dos Trabalhadores e o Comando Geral dos Trabalhadores).
A adesão não foi total.
Trabalhadores de Itaipu pararam de trabalhar, e vários acabaram feridos em choque, com as tropas do Exército que ocuparam a hidrelétrica; após um acordo salarial se encerrou o movimento.
Depois de encerrada a gestão do então presidente José Sarney, assumiu Fernando Collor de Mello, primeiro presidente eleito por voto direto, depois de quase trinta anos.
Teria governado por cinco anos se não tivesse sido deposto por corrupção, (que aliás quase todos praticam, infelizmente!).
Houve uma manifestação dos conhecidos "caras pintadas" que acreditam tê-lo tirado do poder.
No ano de 1990, a primeira medida do governo de Fernando Collor, foi o lançamento do programa de estabilização da economia, que ficou conhecido como Plano Collor.
A inflação continuava crescendo: em fevereiro ultrapassou 70% e, nos quinze dias de março, atingira mais de 80%.
Entre as medidas estavam o confisco monetário, inclusive de contas correntes e poupanças, e o congelamento de preços e salários.
O plano não conseguiu acabar com a inflação, mas abriu caminho para uma recessão.
Em 1992, em abril, Pedro Collor, irmão do presidente Fernando Collor, denunciou o esquema PC, em entrevista à revista Veja.
Segundo ele, o amigo e tesoureiro da campanha eleitoral de Collor, Paulo César Farias, seria responsável por tráfico de influência e irregularidades, com o conhecimento do Presidente.
Isso levou à abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar o escândalo.
Em seguida a revista "Istoé" publicou entrevista em que Eriberto França, motorista de Ana Acioli, secretária de Fernando Collor, confirmou a existência de depósitos feitos por empresas de PC Farias, em contas fantasmas movimentadas pela secretária.
As acusações, implicaram ainda mais o Presidente da República no escândalo, e, em outubro, após a Câmara dos Deputados ter aprovado a abertura do processo de Impeachment, Fernando Collor foi afastado da Presidência.
O Vice-Presidente, Itamar Franco, assumiu interinamente.
Em dezembro, Fernando Collor renunciou ao cargo, momentos antes de o Senado destituí-lo de suas funções, e suspender seus direitos políticos por oito anos.
Itamar Franco então, tomou posse definitivamente da Presidência.
No ano de 1993, como estava previsto na Constituição, foi realizado um plebiscito, para a escolha da forma e do sistema de governo no Brasil.
O resultado manteve o Regime Republicano e Presidencialista.
Em 1994, o Plano Real, novo plano de estabilização da economia, foi lançado em julho por Fernando Henrique Cardoso, Ministro da Fazenda do governo Itamar Franco.
A moeda mudou de Cruzeiro Real, para Real e não houve congelamento de preços e salários.
Houve medidas para conter os gastos públicos, acelerar o processo de privatização das estatais, controlar a demanda por meio da elevação dos juros, e pressionar os preços, pela facilitação das importações.
No mesmo ano, Fernando Henrique Cardoso foi eleito para a Presidência da
República.
Um dos pontos fortes de sua campanha foi: ser apresentado com o idealizador do Plano Real.
Eleito no primeiro turno, Fernando Henrique foi apoiado pelo seu partido, o PSDB, e pelo PFL.
Em segundo lugar ficou novamente Luís Inácio Lula da Silva, um dos principais líderes do PT.
Entre os anos de 1995 a 1997, as principais medidas do governo Fernando Henrique Cardoso, estiveram ligadas à estabilidade econômica e às reformas constitucionais necessárias para atrair investimentos estrangeiros para o país.
Foi derrubado o monopólio em setores como petróleo, telecomunicações, gás canalizado e navegação de cabotagem.
Grandes empresas estatais, como a Companhia Vale do Rio Doce, foram privatizadas.
Em 1997, o governo concentrou grande parte de seus esforços, na aprovação da emenda que permitiu a reeleição dos ocupantes de cargos executivos.
Em 1998, nas eleições gerais, o Presidente Fernando Henrique foi reeleito para mais um mandato de quatro anos.
Um terço do Senado foi renovado, e foram eleitos também governadores, Deputados Estaduais e Deputados Federais.
Na área econômica, o governo encaminhou a Reforma da Previdência, privatizou as companhias telefônicas, e tomou duras medidas para enfrentar a crise, que se aprofundou no final do ano.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Informações extraídas do livro: A Revolução Impossível, de Luis Mir, o livro Anos Rebeldes, baseado na minissérie exibida na rede Globo, e matérias publicadas no Jornal O Estado de São Paulo, ano de 1997.
1969/ 1984
Antes de Médici assumir o poder em 1969, o país foi governado por uma junta militar, composta por vários ministros militares.
Nessa época, o Embaixador dos EUA no Brasil, foi seqüestrado por um grupo terrorista, que exigiu a libertação de presos políticos.
O governo aceitou as exigências e baniu os presos do país.
Sobre os jovens estudantes que participaram de manifestações no governo militar, muitos acreditavam que eles foram as vítimas do processo da ditadura.
Sim, realmente o foram, mas também fizeram coisas graves, como o assassinato de um estudante, na manifestação entre estudantes de esquerda e de direita, e a morte da esposa de um militante num acampamento (até os mesmos não sabem onde seu corpo está enterrado – isso por que, covardemente, depois do disparo acidental, com medo da reação da sociedade, resolveram esconder o corpo, enterrando-o em qualquer lugar).
Também mataram outras pessoas, e espancaram policiais.
Alguns militares foram mortos, por militantes de esquerda.
Ou seja, esses jovens também cometeram seus crimes.
No governo Médici foi adotado o slogan “Brasil,ame-o ou deixe-o”.
Foi nesse período que foi construída a Transamazônica, projeto que foi abandonado.
Nesse período que se teve o que se convencionou chamar de Milagre Econômico.
Período de abertura para multinacionais, que a partir daí, obtiveram condições favoráveis para a implantação de suas indústrias no país, devido principalmente, a limitação do ganho real do salário.
Com isso houve desequilíbrio na distribuição de renda, mas ainda assim houve um crescimento do “produto interno bruto” (PIB) que caracterizaram o Milagre Econômico.
Durante esse período a repressão foi feita de forma a desarticular as manifestações contra o governo.
A censura foi uma das formas de coerção, sem falar na repressão policial.
Sindicatos perderam sua autonomia e foram constantemente punidos por órgãos da repressão.
Os manifestantes passaram a agir na clandestinidade através da revolta armada
inspirada nas guerrilhas rurais e urbanas.
Foi daí que surgiram os chamados guerrilheiros urbanos.
Foi também nesse período que a repressão policial ganhou mais força, com o apoio, inclusive das Forças Armadas.
Com isso conseguiram desbaratar vários grupos guerrilheiros, onde muitos foram mortos, ou então mandados para o exílio.
Um desses grupos guerrilheiros era o de Carlos Lamarca, que foi um líder guerrilheiro, cassado e morto durante o regime militar.
Toda essa repressão portanto, era desproporcional e desnecessária, pois o
contingente reduzido de militantes, diminuía a cada nova leva de prisioneiros políticos, sendo que os militantes de esquerda nunca chegaram a ameaçar de fato a ditadura.
Se conseguissem levar a cabo o intento de fazer uma revolução na América Latina, não conseguiriam representantes suficientes para colocar em cargos políticos em todas as cidades do país.
No ano de 1974, Ernesto Geisel assumiu a Presidência.
Também General e gaúcho, ele foi o primeiro Presidente escolhido pelo Colégio Eleitoral, composto por membros do Congresso e delegados das Assembléias Legislativas estaduais.
Seu governo enfrentou dificuldades que indicavam o fim do milagre econômico: dívida externa alta, inflação e crise internacional do petróleo.
Isso ameaçou a estabilidade do Regime Militar.
O presidente iniciou então “lenta, gradual e segura” abertura política.
Travou nos bastidores, acirrada luta contra os militares de linha-dura, encastelados nos órgãos de repressão, e nos comandos militares.
Nas eleições de novembro, o MDB conquistou 59% dos votos para o Senado, 48% para a Câmara e ganhou em 79 das 90 cidades com mais de 100 mil habitantes.
Com isso, depois de Médici, veio o General Ernesto Geisel, que propôs abertura
política durante o fim do Milagre Econômico.
Ainda cometeu arbitrariedades, efetuando cassações, e impedindo o debate político, censurando os meios de comunicação.
Também tentou uma redemocratização, através da abertura política com reabertura do Congresso; revogação do AI-5; anistia aos exilados políticos; bem como a exoneração do Ministro do Exército – General Sylvio Frota militar da linha-dura que se opunha a abertura política, e fazia articulações para ser o sucessor de Geisel, na Presidência.
No ano de 1975, a linha-dura resistia à liberalização, e desencadeou uma onda
repressiva contra militantes e simpatizantes do clandestino Partido Comunista Brasileiro (PCB).
Em outubro, o jornalista Vladimir Herzog foi assassinado numa cela do DOI-Codi do 2º Exército, comandado por Ednardo D’Ávila Melo.
Sua morte foi grosseiramente apresentada como suicídio.
O fato provocou grande indignação em São Paulo, principalmente no meio da classe média profissional e da Igreja.
O Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns celebrou ato ecumênico na Praça da Sé, na capital paulista, assistido por dois rabinos e por um pastor protestante.
Milhares de pessoas comparecem, apesar das tentativas de bloqueio ao acesso.
Em 1976, o Presidente Geisel promulga a Lei Falcão, que impedia o debate político nos meios de comunicação.
A medida era reflexo do expressivo crescimento da oposição nas eleições parlamentares de 1974.
O MDB venceu novamente.
Em circunstâncias semelhantes às de Vladimir Herzog, foi morto o operário Manuel Fiel Filho.
Mais uma vez, a versão oficial foi de suicídio por enforcamento.
O Presidente, descontente, resolveu reagir e substituiu o Comandante do 2º Exército, por um General de sua inteira confiança, Dilermando Gomes Monteiro, que estabeleceu pontes de contato com a sociedade.
Cessou a tortura nas dependências do DOI-Codi, embora a violência da linha-dura não tivesse terminado.
No ano de 1977, intensificou-se o movimento da sociedade civil pela recuperação dos direitos democráticos.
Em abril, o governo colocou o Congresso em recesso por duas semanas e baixou o Pacote de Abril, que alterou as regras eleitorais para garantir a maioria do partido governista, a Arena.
Manteve as eleições indiretas para governador, criou a figura do Senador ‘biônico’, eleito indiretamente pelas Assembléias Legislativas estaduais, e aumentou o mandato do Presidente de cinco para seis anos.
O General linha-dura Sylvio Frota foi exonerado do Ministério do Exército, por suas manobras contra a transição democrática.
Em setembro, a Polícia Militar, liderada pelo Coronel Erasmo Dias, invadiu violentamente a Pontifícia Universidade Católica (PUC), de São Paulo, onde milhares de estudantes se reuniram para tratar da reorganização da União Nacional dos Estudantes (UNE), na ilegalidade.
Em 1978, garantida a maioria parlamentar da Arena, o Presidente Geisel enviou ao Congresso a Emenda Constitucional, que acabou com o AI-5 e restaurou o habeas-corpus.
O Executivo já não podia mais colocar o Congresso de recesso, cassar mandatos, demitir ou aposentar funcionários segundo seus critérios, e privar os cidadãos de seus direitos políticos.
Abriu-se o caminho da esperada normalização do país.
O MDB voltou a ganhar as eleições.
No campo econômico, o governo amargou os efeitos da crise do petróleo, da recessão internacional e do aumento das taxas de juros, que colocaram a dívida externa brasileira em patamar crítico.
Foram proibidas as greves em setores considerados estratégicos para a segurança nacional, como energia.
E acabou a censura prévia a publicações e espetáculos.
No mesmo ano, os sindicatos, começaram a se reorganizar, e Luís Inácio Lula da Silva, liderou, como Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema, a primeira greve do ABC paulista desde de 1964.
Em 1979, o General carioca João Baptista de Oliveira Figueiredo assumiu a
Presidência.
O crescimento da oposição nas eleições, acelerou a abertura política iniciada no governo de seu antecessor.
Neste mesmo ano, sancionou a lei, que concedeu anistia aos acusados ou condenados por crimes políticos, e centenas de exilados começaram a retornar ao país.
Em dezembro de 1979, o governo modificou a legislação eleitoral e restabeleceu o pluripartidarismo.
Em 1982, foi aprovada a emenda que garantiu eleições diretas.
A Arena transformou-se no PDS (Partido Democrático Social) e o MDB acrescentou a palavra partido a sua sigla, transformando-se em PDMB.
Foram criadas outras agremiações, como o PT (Partido dos Trabalhadores), que surgiu de movimentos populares, com apoio de parte do movimento sindical paulista, o PDT (Partido Democrático Trabalhista), liderado por Leonel Brizola, e o PTB (Partido Trabalhista Brasileiro).
A crise econômica agravou-se, e multiplicaram-se as greves, e os movimentos de protesto.
No campo, ocorreram as primeiras ocupações de terra para pressionar o governo a fazer a Reforma Agrária, num processo que levaria a criação do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra).
Os Sem-Terra, eram, e são os trabalhadores rurais sem-terra, que começaram a se organizar no sul do país, no final dos anos 70.
Essa época foi marcada por um grande êxodo rural, em conseqüência da modernização da agricultura.
As grandes fazendas produzindo cada vez mais soja, cultura que permite a mecanização, e deixou um grande número de bóias-frias, sem trabalho.
Não bastasse isso, a pequena propriedade rural, encontrava cada vez mais dificuldade para produzir.
Surgiram acampamentos de trabalhadores sem-terra, como a da Encruzilhada em Natalino (RS), onde dezenas ou centenas de famílias reivindicavam a Reforma Agrária e uma política agrícola voltada para o pequeno produtor.
No Paraná, na mesma época, nascia o Movimento dos Agricultores Sem-Terra do Oeste do Paraná.
Em 1984, surgiu uma nova organização nacional: o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST).
Além da luta política pela reforma agrária e pelo fim do latifúndio, centrada nas invasões de terra, o MST passou também a organizar as famílias que recebiam terra, em cooperativas de produção.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Informações extraídas do livro: A Revolução Impossível, de Luis Mir, o livro Anos Rebeldes, baseado na minissérie exibida na rede Globo, e matérias publicadas no Jornal O Estado de São Paulo, ano de 1997.
O Calabouço, as Manifestações Estudantis e os Governos Militares
No ano de 1968, o estudante secundarista Edson Luís foi morto pela Polícia Militar, durante protesto no Rio de Janeiro contra a qualidade da alimentação fornecida, no restaurante estudantil Calabouço.
Essa e outras violências mobilizaram estudantes, setores da Igreja Católica e da classe média, que organizaram a Passeata dos Cem Mil, no Rio.
Ao mesmo tempo ocorreram greves operárias agressivas, em Contagem (Minas Gerais) e Osasco (São Paulo).
Grupos assaltaram bancos, buscando fundos para a guerrilha urbana.
O governo foi pressionado pelos militares linha dura, que defendiam o recrudescimento das ações repressivas.
Em abril, 68 municípios, incluindo todas as capitais, foram transformadas em zonas de segurança nacional, com prefeitos nomeados pelo próprio presidente.
A situação política se agravou ainda mais, quando o governo não conseguiu licença do Congresso para processar o deputado Márcio Moreira Alves, por ter feito um discurso, considerado ofensivo às Forças Armadas.
Aos 13 de dezembro, o Presidente fechou o Congresso e decretou o Ato Institucional no 5 (AI-5), que lhe conferiu poderes para fechar o Parlamento, cassar mandatos, acabar com a garantia do habeas-corpus e institucionalizar a repressão.
Em razão de sua existência, podia-se cometer quaisquer arbitrariedades.
Cessaram os direitos políticos.
Qualquer um poderia ser preso, torturado e nem ao menos tinha o direito, de poder se defender.
Costa e Silva o então presidente militar, foi quem elaborou o decreto, mas ainda
assim, não queria que ele entrasse em vigor, e acreditava que duraria menos do que o seu governo.
Todavia acabou durando mais de 10 anos, e só teve fim com a concessão da anistia dada pelo governo aos exilados políticos, (artistas e cantores que foram considerados comunistas, de esquerda), Geraldo Vandré, entre outros.
Com sua música "Pra não dizer que não falei das flores", Geraldo Vandré criou uma espécie de hino da Revolução que os jovens de 68 queriam realizar.
Os jovens em seu ímpeto por justiça, aproveitaram o ano de 68, para se manifestarem politicamente, e tentarem se redimir da omissão em relação o Golpe de 64, ao qual não reagiram.
Talvez isso fosse reflexo do fim do direito de se manifestar.
Mas agora não, agora precisavam se manifestar, expor suas reivindicações,
organizar greves.
Mas estas manifestações não aconteceram só no país, abalaram o mundo todo.
Essas manifestações, aconteceram em todo o mundo.
Em Paris por exemplo.
Esses jovens e seus representantes estudantis organizavam passeatas.
No Brasil, os representantes da UNE (União Nacional dos Estudantes), chegaram até a falar com o Presidente.
Mas devido a imprudência no trato com o mesmo, puseram tudo a perder.
Mas como já foi dito antes, os jovens organizaram passeatas e manifestações
estudantis, e nas ruas e obtiveram o apoio da população.
Em uma dessas passeatas, o contingente de manifestantes era tão grande, que a massa policial destinada a reprimir o movimento foi agredida, e espancada pelos estudantes.
Essas agressões foram apoiadas pela população.
Diante disso o contingente policial que entrou em ação para reprimir a passeata, já entrou ressabiado no meio da manifestação, com medo de ser agredido pelos estudantes.
Uma dessas manifestações foi por causa do assassinato de um jovem, Edson Luís, que gerou uma revolta na população.
Por conta dela, se organizaram várias missas para o jovem.
Da igreja saíria uma marcha para protestar contra a morte deste.
Essa revolta ganhou o apoio da população, e foi reprimida por um grande contingente policial que foi até a igreja armado e à cavalo, para impedir os manifestantes de entrar ou sair da igreja.
No final das contas, o padre que celebrou a missa teve que acalmar os ânimos. Mesmo assim a população, acuada pelos policiais, tentou fugir por meio das frestas que lhes era permitido passar, e que estavam sendo ocupadas pela policia.
Na tentativa de fugirem, muitos foram mortos, ou agredidos pelos policiais.
Um senhor tentou discutir, e acabou sendo empurrado para dentro de um carro, e lá foi espancado pelos policiais.
Essa era uma época onde se tinha uma posição definida.
Ou se era de esquerda ou se era de direita, e não se podia ficar em cima do muro.
Todos tinham que ter uma posição.
Os que eram considerados de direita eram rotulados de alienados, como por exemplo os cantores da Jovem Guarda, que não cantavam músicas onde se colocava problemas políticos.
Por conta disso foram muito criticados por setores radicais da MPB, aqui entendida como música de protesto.
Geraldo Vandré era um dos que não simpatizavam com a rotulada "música jovem" feita pela turma do iê-iê-iê.
Os próprios Caetano e Gilberto Gil, foram criticados ao criarem ao ver de alguns algo tão alienado como a Tropicália, com referências tão Jovem-Guardistas.
Quando Caetano cantou "É proibido proibir" foi vaiado pelo público.
Por isto, revoltado exclamou:
"É essa a juventude que quer tomar o poder?"
Num Festival da Canção enquanto cantava "Alegria, Alegria" foi também vaiado, e vendo que a canção de Gilberto Gil foi desclassificada do festival, resolveu protestar publicamente contra a desclassificação de "Domingo no Parque".
Resultado, acabou sendo igualmente desclassificado.
Depois entrando no páreo novamente.
Estes cantores, foram também acusados de destruírem ideologicamente a Bossa Nova, de acabarem de enterrar o que ela tinha feito de bom ao inovar a música brasileira.
Mas nem tudo foram espinhos nesse movimento musical, pois renderam a devida homenagem a Jovem Guarda mostrando que ela também teve seus momentos de intelectualidade e criticou a nossa realidade à sua maneira, como quando homenageou Caetano Veloso com a música "Debaixo dos Caracóis", cantada e composta por Roberto Carlos considerado o Rei da Juventude. Aqui vai um trecho da música:
"Um dia a areia branca
Seus pés irão tocar
E irá molhar seus cabelos
Na água azul do mar
Janelas e portas vão se abrir
Pra ver você chegar
E a se sentir em casa
Sorrindo vai chorar
Debaixo dos caracóis dos seus cabelos
Uma história pra contar
De um mundo tão distante..."
A Jovem Guarda pegou o yeh-yeh-yeh dos Beatles e transformou em nossa música jovem, com direito as mais belas versões de músicas estrangeiras de todos os países.
Onde quer que fosse, lá estavam os nossos primeiros passos no rock brasileiro. Foi aí que foi dada a largada pro nosso rock.
Em razão disso, houve uma marcha de protesto contra o imperialismo yanke no
Brasil, mas nada abalou os alicerces da nossa música.
Nada poderia atingir a Jovem Guarda, porque ela não fazia música estrangeira e sim brasileira.
Além do que, havia muito mais com que se preocupar, do que ficar fazendo passeata de protesto contra um determinado tipo de música.
A Jovem Guarda incorporou o estilo dos Beatles, mas abrasileirou o estilo, colocando o nosso tempero.
Por falar em música, vamos voltar ao Festival da Canção de 68, onde teve a
apresentação da música de Geraldo Vandré "Pra não dizer que não falei das flores".
Essa música que virou o hino dos terroristas dos anos setentas, e dos jovens do final dos anos 60, foi considerada a nossa marselhesa, o nosso verdadeiro hino nacional.
A música que retratava e ainda infelizmente, retrata a nossa realidade.
Aqui vai o trecho da música que foi acusada de fazer uma injustiça com o exército brasileiro:
"Há soldados armados
Amados ou não
Quase todos perdidos
De armas na mão
Nos quartéis lhes ensinam
Uma antiga lição
De morrer pela pátria
E viver sem razão
Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer..."
Essa música representou uma época.
Uma geração que passou e não volta mais.
Realmente esta é uma bela música que trata da pobreza do nosso país, que fala de um Brasil pobre e mulato.
De suas mazelas e de como um território tão rico e vasto como o nosso, pode ser tão pobre. Como no verso em que diz:
"Pelos campos a fome em grandes plantações
Pelas ruas marchando indecisos cordões
Ainda fazem das flores seu mais forte refrão
E acreditam nas flores vencendo o canhão..."
O trecho que menciona a fome em grandes plantações, e nos coloca a triste realidade da desigualdade social.
Este período foi marcado por vários decretos ou Atos Institucionais que foram no total de 16 durante todo o regime militar.
Esses Atos Institucionais eram usados como medida de repressão, ou seja, como forma de abuso de poder.
Esse sistema arbitrário foi instituído pelos militares.
O primeiro Presidente depois do golpe militar foi o Marechal Humberto Castelo Branco.
Tomou posse no dia 15 de abril de 1964 e seu mandato foi prorrogado até 67.
Foi o período em que foi constituído o milagre econômico quando os índices inflacionários se estabilizaram mas acarretaram um alto custo social para os trabalhadores, ou seja, o chamado milagre econômico não ajudou a massa trabalhadora.
Esse período foi chamado de Anos de Chumbo.
Tudo nesse período era controlado pelos organismos de repressão, músicas eram censuradas.
Até a Jovem Guarda teve uma de suas músicas censuradas.
Era "Rua Augusta", de Ronnie Cord, que teve um de seus trechos censurados:
"Entrei na rua Augusta a 120 por hora
Botei a turma toda do passeio pra fora
Fiz curvas em duas rodas sem usar a buzina
Parei a quatro dedos da vitrine
Legal
Hi,Hi,Johnny,Hi,Hi,Alfredo
Quem é da nossa gang não tem medo..."
Até aqui nada de mais, mas aguardem o que seguirá:
"Comigo não tem mais esse negócio de farda
Não paro o meu carro nem se for na esquina
Tirei a 130 o maior fino do guarda
Tirei o maior grosso da menina"
As artes eram também muito censuradas.
Com isso os jornais também tinham que arrumar meios de passar suas informações, sem fazer o órgão e a censura perceberem.
Para isso, usavam metáforas e outras figuras de linguagem para se comunicarem com os leitores.
Assim as músicas também tinham que utilizar o mesmo mecanismo, criticar a realidade sem fazer os militares perceberem.
"London, London", é uma música toda cantada em inglês.
Tudo para os militares não perceberem.
Também se utilizavam do recurso das figuras e dos desenhos, para informarem a população.
Depois de decretado o draconiano AI-5, num dos jornais censurados, surgiu a mensagem de tempos nebulosos de nuvens negras, enquanto na rua brilhava um forte sol.
É claro que esta foi uma alusão metafórica a ditadura.
Um dos primeiros Atos Institucionais foi decretado em 1964.
Esse ato suspendeu as garantias constitucionais, direitos políticos, cassou mandatos legislativos e instaurou inquéritos policial-militares para descobrir atividades subversivas e de corrupção no governo deposto.
Com isso cassaram o mandato de Senadores, Deputados, Vereadores, e suspenderam os direitos políticos de dezenas de cidadãos, dentre os quais os ex-Presidentes Jânio Quadros e João Goulart, Governadores como Luís Carlos Prestes entre outros.
Além disso oficiais foram transferidos para a reserva ou excluídos das forças armadas.
Foi aí que se estabeleceu a repressão policial em todo país, registrando-se prisões de políticos, militares, jornalistas, intelectuais, líderes estudantis e sindicais.
Após, foram editados dois Atos Instituicionais que vigoraram durante o regime
militar e que foram adotados pelos militares.
Estes eram arbitrariedades cometidas contra a Constituição.
Ademais, cabe ressaltar que o primeiro Presidente militar foi Castelo Branco. Usou os Atos Institucionais como forma de punição, interveio em sindicatos, cassou mandatos de políticos, inclusive do ex-Presidente Kubitschek e criou o SNI (Serviço Nacional de Informação).
Foram baixados os atos institucionais 3 e 4, os AI-3 e AI-4.
Uma nova Constituição foi promulgada e substituiu a de 1946.
Ocorreram manifestações de violência política como o atentado a bomba nas oficinas do jornal O Estado de São Paulo.
Este atentado foi realizado pelos militantes de esquerda como forma de vingança, pelo fato deste jornal ter se colocado a favor do regime militar.
Os militantes de esquerda tentam criar um grupo de guerrilhas, mas não chegou a durar.
Alguns militantes chegaram até a receber treinamento no exterior para saberem agir, em caso de necessidade.
Em razão disso, passaram por dificuldades extremas.
Contudo esse contingente preparado para as guerrilhas, não era suficiente para estabelecer um movimento armado no Brasil.
Outro atentado terrorista, foi cometido onde pousaria o avião em que viajaria a
comitiva do General Arthur da Costa e Silva, matando o jornalista Edson Régis e o Almirante Nélson Dias Fernandes e ferindo quatorze pessoas.
Depois veio o governo de Costa e Silva.
Durante o seu governo, morreu o ex-Presidente Castelo Branco em um desastre aéreo.
Seu avião se chocou com um jato, que também ocupava os ares.
Durante seu governo teve um Congresso em Ibiúna que não deu não deu certo devido a maneira como foi organizado.
Lá, havia um acampamento com centenas de pessoas, que numa cidade pequena, passaram a chamar a atenção da população, pois houve também uma maior movimentação do seu comércio.
Por esta razão, foram todos denunciados e presos.
Na prisão, passaram por uma série de torturas.
Houve também uma revolta entre os estudantes de esquerda e de direita que acabou com a morte de um estudante.
Vários professores foram feitos de refém, para as negociações dos estudantes.
Estes prometeram (os professores), que eles (os estudantes) não seriam agredidos se saíssem sem reagir.
Contudo, foram enganados, pois todos foram presos.
Sendo que até os professores foram enganados pelas autoridades.
O líder guerrilheiro Carlos Lamarca foi capturado, mas só na década seguinte, ele foi assassinado.
Já em 1969, o General Costa e Silva, paralisado por um derrame, deixou a
Presidência, em agosto.
Com isso, uma junta militar formada pelos Ministros Aurélio de Lyra Tavares (Exército), Augusto Rademaker (Marinha) e Márcio de Souza e Melo (Aeronáutica) substituíram temporariamente o Presidente, e impediram a posse do Vice, o civil Pedro Aleixo.
A Aliança Libertadora Nacional (ALN), organizada pelo veterano comunista Carlos Marighella, e o Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8) seqüestraram no Rio o Embaixador norte-americano Charles Elbrick.
Ele foi trocado por 15 presos políticos, mandados para o México.
Os militares então criaram a figura do banimento do território nacional e a pena de morte, nos casos de “guerra psicológica adversa ou revolucionária ou subversiva”.
Neste mesmo ano, a Constituição foi reformada pela Emenda Constitucional nº 2, outorgada pela junta que incorporou em suas Disposições Transitórias os dipositivos do Ato Institucional no 5.
O presidente podia então fechar o Congresso, cassar mandatos e suspender direitos políticos, o que dava aos governos militares completa liberdade de legislar em matéria política eleitoral, econômica e tributária.
Na prática, o Executivo substituiu o Legislativo e o Judiciário.
Entre os anos de de 1969 a 1974, a alta oficialidade das três Armas escolheu com Presidente Emílio Garrastazu Medici.
Ele comandou o período mais brutal da ditadura militar, batizado de Anos Negros ou Anos de Chumbo.
Censurou a imprensa, e promoveu duro combate aos movimentos estudantis, sindicais e de esquerda.
A luta armada se intensificou ao mesmo tempo em se espalharam pelo país os centros de tortura do regime, geralmente ligados ao Destacamento de Operações e Informações e Defesa Interna (DOI-Codi).
O endurecimento político foi respaldado pela milagre econômico e pela intensa propaganda.
O PIB anual não passava de 18%.
O Estado arrecadava mais, e lançava projetos faraônicos, como a Rodovia Transamazônica, atacada por críticas à devastação do ambiente, e à invasão de terras indígenas.
Nesse período foi inaugurada em Paulínia (SP) a maior refinaria de petróleo do país.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Informações extraídas do livro: A Revolução Impossível, de Luis Mir, o livro Anos Rebeldes, baseado na minissérie exibida na rede Globo, e matérias publicadas no Jornal O Estado de São Paulo, ano de 1997.
Essa e outras violências mobilizaram estudantes, setores da Igreja Católica e da classe média, que organizaram a Passeata dos Cem Mil, no Rio.
Ao mesmo tempo ocorreram greves operárias agressivas, em Contagem (Minas Gerais) e Osasco (São Paulo).
Grupos assaltaram bancos, buscando fundos para a guerrilha urbana.
O governo foi pressionado pelos militares linha dura, que defendiam o recrudescimento das ações repressivas.
Em abril, 68 municípios, incluindo todas as capitais, foram transformadas em zonas de segurança nacional, com prefeitos nomeados pelo próprio presidente.
A situação política se agravou ainda mais, quando o governo não conseguiu licença do Congresso para processar o deputado Márcio Moreira Alves, por ter feito um discurso, considerado ofensivo às Forças Armadas.
Aos 13 de dezembro, o Presidente fechou o Congresso e decretou o Ato Institucional no 5 (AI-5), que lhe conferiu poderes para fechar o Parlamento, cassar mandatos, acabar com a garantia do habeas-corpus e institucionalizar a repressão.
Em razão de sua existência, podia-se cometer quaisquer arbitrariedades.
Cessaram os direitos políticos.
Qualquer um poderia ser preso, torturado e nem ao menos tinha o direito, de poder se defender.
Costa e Silva o então presidente militar, foi quem elaborou o decreto, mas ainda
assim, não queria que ele entrasse em vigor, e acreditava que duraria menos do que o seu governo.
Todavia acabou durando mais de 10 anos, e só teve fim com a concessão da anistia dada pelo governo aos exilados políticos, (artistas e cantores que foram considerados comunistas, de esquerda), Geraldo Vandré, entre outros.
Com sua música "Pra não dizer que não falei das flores", Geraldo Vandré criou uma espécie de hino da Revolução que os jovens de 68 queriam realizar.
Os jovens em seu ímpeto por justiça, aproveitaram o ano de 68, para se manifestarem politicamente, e tentarem se redimir da omissão em relação o Golpe de 64, ao qual não reagiram.
Talvez isso fosse reflexo do fim do direito de se manifestar.
Mas agora não, agora precisavam se manifestar, expor suas reivindicações,
organizar greves.
Mas estas manifestações não aconteceram só no país, abalaram o mundo todo.
Essas manifestações, aconteceram em todo o mundo.
Em Paris por exemplo.
Esses jovens e seus representantes estudantis organizavam passeatas.
No Brasil, os representantes da UNE (União Nacional dos Estudantes), chegaram até a falar com o Presidente.
Mas devido a imprudência no trato com o mesmo, puseram tudo a perder.
Mas como já foi dito antes, os jovens organizaram passeatas e manifestações
estudantis, e nas ruas e obtiveram o apoio da população.
Em uma dessas passeatas, o contingente de manifestantes era tão grande, que a massa policial destinada a reprimir o movimento foi agredida, e espancada pelos estudantes.
Essas agressões foram apoiadas pela população.
Diante disso o contingente policial que entrou em ação para reprimir a passeata, já entrou ressabiado no meio da manifestação, com medo de ser agredido pelos estudantes.
Uma dessas manifestações foi por causa do assassinato de um jovem, Edson Luís, que gerou uma revolta na população.
Por conta dela, se organizaram várias missas para o jovem.
Da igreja saíria uma marcha para protestar contra a morte deste.
Essa revolta ganhou o apoio da população, e foi reprimida por um grande contingente policial que foi até a igreja armado e à cavalo, para impedir os manifestantes de entrar ou sair da igreja.
No final das contas, o padre que celebrou a missa teve que acalmar os ânimos. Mesmo assim a população, acuada pelos policiais, tentou fugir por meio das frestas que lhes era permitido passar, e que estavam sendo ocupadas pela policia.
Na tentativa de fugirem, muitos foram mortos, ou agredidos pelos policiais.
Um senhor tentou discutir, e acabou sendo empurrado para dentro de um carro, e lá foi espancado pelos policiais.
Essa era uma época onde se tinha uma posição definida.
Ou se era de esquerda ou se era de direita, e não se podia ficar em cima do muro.
Todos tinham que ter uma posição.
Os que eram considerados de direita eram rotulados de alienados, como por exemplo os cantores da Jovem Guarda, que não cantavam músicas onde se colocava problemas políticos.
Por conta disso foram muito criticados por setores radicais da MPB, aqui entendida como música de protesto.
Geraldo Vandré era um dos que não simpatizavam com a rotulada "música jovem" feita pela turma do iê-iê-iê.
Os próprios Caetano e Gilberto Gil, foram criticados ao criarem ao ver de alguns algo tão alienado como a Tropicália, com referências tão Jovem-Guardistas.
Quando Caetano cantou "É proibido proibir" foi vaiado pelo público.
Por isto, revoltado exclamou:
"É essa a juventude que quer tomar o poder?"
Num Festival da Canção enquanto cantava "Alegria, Alegria" foi também vaiado, e vendo que a canção de Gilberto Gil foi desclassificada do festival, resolveu protestar publicamente contra a desclassificação de "Domingo no Parque".
Resultado, acabou sendo igualmente desclassificado.
Depois entrando no páreo novamente.
Estes cantores, foram também acusados de destruírem ideologicamente a Bossa Nova, de acabarem de enterrar o que ela tinha feito de bom ao inovar a música brasileira.
Mas nem tudo foram espinhos nesse movimento musical, pois renderam a devida homenagem a Jovem Guarda mostrando que ela também teve seus momentos de intelectualidade e criticou a nossa realidade à sua maneira, como quando homenageou Caetano Veloso com a música "Debaixo dos Caracóis", cantada e composta por Roberto Carlos considerado o Rei da Juventude. Aqui vai um trecho da música:
"Um dia a areia branca
Seus pés irão tocar
E irá molhar seus cabelos
Na água azul do mar
Janelas e portas vão se abrir
Pra ver você chegar
E a se sentir em casa
Sorrindo vai chorar
Debaixo dos caracóis dos seus cabelos
Uma história pra contar
De um mundo tão distante..."
A Jovem Guarda pegou o yeh-yeh-yeh dos Beatles e transformou em nossa música jovem, com direito as mais belas versões de músicas estrangeiras de todos os países.
Onde quer que fosse, lá estavam os nossos primeiros passos no rock brasileiro. Foi aí que foi dada a largada pro nosso rock.
Em razão disso, houve uma marcha de protesto contra o imperialismo yanke no
Brasil, mas nada abalou os alicerces da nossa música.
Nada poderia atingir a Jovem Guarda, porque ela não fazia música estrangeira e sim brasileira.
Além do que, havia muito mais com que se preocupar, do que ficar fazendo passeata de protesto contra um determinado tipo de música.
A Jovem Guarda incorporou o estilo dos Beatles, mas abrasileirou o estilo, colocando o nosso tempero.
Por falar em música, vamos voltar ao Festival da Canção de 68, onde teve a
apresentação da música de Geraldo Vandré "Pra não dizer que não falei das flores".
Essa música que virou o hino dos terroristas dos anos setentas, e dos jovens do final dos anos 60, foi considerada a nossa marselhesa, o nosso verdadeiro hino nacional.
A música que retratava e ainda infelizmente, retrata a nossa realidade.
Aqui vai o trecho da música que foi acusada de fazer uma injustiça com o exército brasileiro:
"Há soldados armados
Amados ou não
Quase todos perdidos
De armas na mão
Nos quartéis lhes ensinam
Uma antiga lição
De morrer pela pátria
E viver sem razão
Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer..."
Essa música representou uma época.
Uma geração que passou e não volta mais.
Realmente esta é uma bela música que trata da pobreza do nosso país, que fala de um Brasil pobre e mulato.
De suas mazelas e de como um território tão rico e vasto como o nosso, pode ser tão pobre. Como no verso em que diz:
"Pelos campos a fome em grandes plantações
Pelas ruas marchando indecisos cordões
Ainda fazem das flores seu mais forte refrão
E acreditam nas flores vencendo o canhão..."
O trecho que menciona a fome em grandes plantações, e nos coloca a triste realidade da desigualdade social.
Este período foi marcado por vários decretos ou Atos Institucionais que foram no total de 16 durante todo o regime militar.
Esses Atos Institucionais eram usados como medida de repressão, ou seja, como forma de abuso de poder.
Esse sistema arbitrário foi instituído pelos militares.
O primeiro Presidente depois do golpe militar foi o Marechal Humberto Castelo Branco.
Tomou posse no dia 15 de abril de 1964 e seu mandato foi prorrogado até 67.
Foi o período em que foi constituído o milagre econômico quando os índices inflacionários se estabilizaram mas acarretaram um alto custo social para os trabalhadores, ou seja, o chamado milagre econômico não ajudou a massa trabalhadora.
Esse período foi chamado de Anos de Chumbo.
Tudo nesse período era controlado pelos organismos de repressão, músicas eram censuradas.
Até a Jovem Guarda teve uma de suas músicas censuradas.
Era "Rua Augusta", de Ronnie Cord, que teve um de seus trechos censurados:
"Entrei na rua Augusta a 120 por hora
Botei a turma toda do passeio pra fora
Fiz curvas em duas rodas sem usar a buzina
Parei a quatro dedos da vitrine
Legal
Hi,Hi,Johnny,Hi,Hi,Alfredo
Quem é da nossa gang não tem medo..."
Até aqui nada de mais, mas aguardem o que seguirá:
"Comigo não tem mais esse negócio de farda
Não paro o meu carro nem se for na esquina
Tirei a 130 o maior fino do guarda
Tirei o maior grosso da menina"
As artes eram também muito censuradas.
Com isso os jornais também tinham que arrumar meios de passar suas informações, sem fazer o órgão e a censura perceberem.
Para isso, usavam metáforas e outras figuras de linguagem para se comunicarem com os leitores.
Assim as músicas também tinham que utilizar o mesmo mecanismo, criticar a realidade sem fazer os militares perceberem.
"London, London", é uma música toda cantada em inglês.
Tudo para os militares não perceberem.
Também se utilizavam do recurso das figuras e dos desenhos, para informarem a população.
Depois de decretado o draconiano AI-5, num dos jornais censurados, surgiu a mensagem de tempos nebulosos de nuvens negras, enquanto na rua brilhava um forte sol.
É claro que esta foi uma alusão metafórica a ditadura.
Um dos primeiros Atos Institucionais foi decretado em 1964.
Esse ato suspendeu as garantias constitucionais, direitos políticos, cassou mandatos legislativos e instaurou inquéritos policial-militares para descobrir atividades subversivas e de corrupção no governo deposto.
Com isso cassaram o mandato de Senadores, Deputados, Vereadores, e suspenderam os direitos políticos de dezenas de cidadãos, dentre os quais os ex-Presidentes Jânio Quadros e João Goulart, Governadores como Luís Carlos Prestes entre outros.
Além disso oficiais foram transferidos para a reserva ou excluídos das forças armadas.
Foi aí que se estabeleceu a repressão policial em todo país, registrando-se prisões de políticos, militares, jornalistas, intelectuais, líderes estudantis e sindicais.
Após, foram editados dois Atos Instituicionais que vigoraram durante o regime
militar e que foram adotados pelos militares.
Estes eram arbitrariedades cometidas contra a Constituição.
Ademais, cabe ressaltar que o primeiro Presidente militar foi Castelo Branco. Usou os Atos Institucionais como forma de punição, interveio em sindicatos, cassou mandatos de políticos, inclusive do ex-Presidente Kubitschek e criou o SNI (Serviço Nacional de Informação).
Foram baixados os atos institucionais 3 e 4, os AI-3 e AI-4.
Uma nova Constituição foi promulgada e substituiu a de 1946.
Ocorreram manifestações de violência política como o atentado a bomba nas oficinas do jornal O Estado de São Paulo.
Este atentado foi realizado pelos militantes de esquerda como forma de vingança, pelo fato deste jornal ter se colocado a favor do regime militar.
Os militantes de esquerda tentam criar um grupo de guerrilhas, mas não chegou a durar.
Alguns militantes chegaram até a receber treinamento no exterior para saberem agir, em caso de necessidade.
Em razão disso, passaram por dificuldades extremas.
Contudo esse contingente preparado para as guerrilhas, não era suficiente para estabelecer um movimento armado no Brasil.
Outro atentado terrorista, foi cometido onde pousaria o avião em que viajaria a
comitiva do General Arthur da Costa e Silva, matando o jornalista Edson Régis e o Almirante Nélson Dias Fernandes e ferindo quatorze pessoas.
Depois veio o governo de Costa e Silva.
Durante o seu governo, morreu o ex-Presidente Castelo Branco em um desastre aéreo.
Seu avião se chocou com um jato, que também ocupava os ares.
Durante seu governo teve um Congresso em Ibiúna que não deu não deu certo devido a maneira como foi organizado.
Lá, havia um acampamento com centenas de pessoas, que numa cidade pequena, passaram a chamar a atenção da população, pois houve também uma maior movimentação do seu comércio.
Por esta razão, foram todos denunciados e presos.
Na prisão, passaram por uma série de torturas.
Houve também uma revolta entre os estudantes de esquerda e de direita que acabou com a morte de um estudante.
Vários professores foram feitos de refém, para as negociações dos estudantes.
Estes prometeram (os professores), que eles (os estudantes) não seriam agredidos se saíssem sem reagir.
Contudo, foram enganados, pois todos foram presos.
Sendo que até os professores foram enganados pelas autoridades.
O líder guerrilheiro Carlos Lamarca foi capturado, mas só na década seguinte, ele foi assassinado.
Já em 1969, o General Costa e Silva, paralisado por um derrame, deixou a
Presidência, em agosto.
Com isso, uma junta militar formada pelos Ministros Aurélio de Lyra Tavares (Exército), Augusto Rademaker (Marinha) e Márcio de Souza e Melo (Aeronáutica) substituíram temporariamente o Presidente, e impediram a posse do Vice, o civil Pedro Aleixo.
A Aliança Libertadora Nacional (ALN), organizada pelo veterano comunista Carlos Marighella, e o Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8) seqüestraram no Rio o Embaixador norte-americano Charles Elbrick.
Ele foi trocado por 15 presos políticos, mandados para o México.
Os militares então criaram a figura do banimento do território nacional e a pena de morte, nos casos de “guerra psicológica adversa ou revolucionária ou subversiva”.
Neste mesmo ano, a Constituição foi reformada pela Emenda Constitucional nº 2, outorgada pela junta que incorporou em suas Disposições Transitórias os dipositivos do Ato Institucional no 5.
O presidente podia então fechar o Congresso, cassar mandatos e suspender direitos políticos, o que dava aos governos militares completa liberdade de legislar em matéria política eleitoral, econômica e tributária.
Na prática, o Executivo substituiu o Legislativo e o Judiciário.
Entre os anos de de 1969 a 1974, a alta oficialidade das três Armas escolheu com Presidente Emílio Garrastazu Medici.
Ele comandou o período mais brutal da ditadura militar, batizado de Anos Negros ou Anos de Chumbo.
Censurou a imprensa, e promoveu duro combate aos movimentos estudantis, sindicais e de esquerda.
A luta armada se intensificou ao mesmo tempo em se espalharam pelo país os centros de tortura do regime, geralmente ligados ao Destacamento de Operações e Informações e Defesa Interna (DOI-Codi).
O endurecimento político foi respaldado pela milagre econômico e pela intensa propaganda.
O PIB anual não passava de 18%.
O Estado arrecadava mais, e lançava projetos faraônicos, como a Rodovia Transamazônica, atacada por críticas à devastação do ambiente, e à invasão de terras indígenas.
Nesse período foi inaugurada em Paulínia (SP) a maior refinaria de petróleo do país.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Informações extraídas do livro: A Revolução Impossível, de Luis Mir, o livro Anos Rebeldes, baseado na minissérie exibida na rede Globo, e matérias publicadas no Jornal O Estado de São Paulo, ano de 1997.
A Revolução de 1964.
Ditadura. Anos de Chumbo.
Muitos chamam esse golpe de Revolução, pois mudou as estruturas políticas do país.
Foi o fim da democracia.
Mas para haver uma revolução haveria necessidade de apoio popular, ou seja, um grande contingente de pessoas.
Ademais esse período foi marcado por um forte autoritarismo, supressão dos direitos constitucionais, perseguição policial e militar, pressão e tortura dos opositores, e censura prévia aos meios de comunicação.
Assim, a medida principal do Ato Institucional no 2 foi a extinção dos partidos
Outra medida do AI-2, foi a eleição para Presidente e Vice-Presidente da República pela maioria absoluta do Congresso Nacional, em sessão pública e votação nominal.
Em 1966, em fevereiro, o Ato Institucional no 3 (AI-3), estabeleceu eleição indireta para Governadores dos estados pelas respectivas Assembléias Estaduais.
No ano de 1967, o Ministro do Exército de Castello Branco, o General gaúcho Artur da Costa e Silva, assumiu a Presidência, eleito indiretamente pelo Congresso.
Muitos chamam esse golpe de Revolução, pois mudou as estruturas políticas do país.
Foi o fim da democracia.
Mas para haver uma revolução haveria necessidade de apoio popular, ou seja, um grande contingente de pessoas.
Ademais esse período foi marcado por um forte autoritarismo, supressão dos direitos constitucionais, perseguição policial e militar, pressão e tortura dos opositores, e censura prévia aos meios de comunicação.
No dia 1o de abril de 1964, o Congresso Nacional declarou vaga a Presidência da República, e autoridades militares assumiram o poder.
No dia 9 do mesmo ano, foi decretado o Ato Institucional no I (AI-1), que cassou mandatos,suspendeu a imunidade parlamentar e os direitos políticos.
Também acabou com as garantias de vitaliciedade dos magistrados, e com a estabilidade dos funcionários públicos.
Nesse mesmo ano, o General cearense Humberto de Alencar Castelo Branco, foi eleito para Presidente pelo Congresso Nacional em 20 de abril.
Este, declarou-se comprometido com a democracia, mas logo adotou posição autoritária.
Cassou mandatos e direitos políticos, inclusive do ex-Presidente Juscelino Kubitschek, suspendeu as garantias constitucionais e instituiu o Bipartidarismo, acabou com as eleições diretas para os cargos executivos, interveio em quase 70% dos sindicatos e federações de trabalhadores, fechou associações civis, proibiu greves, e criou o Serviço Nacional de Informações (SNI),
idealizado pelo General Colberi do Couto e Silva com o objetivo oficial de coletar e analisar informações pertinentes a questões de subversão interna.Assim, a medida principal do Ato Institucional no 2 foi a extinção dos partidos
políticos existentes e a instituição do Bipartidarismo em 1965.
Os políticos reagruparam-se então na Aliança Renovadora Nacional (Arena), do governo, e no Movimento Democrático Brasileiro (MDB), de oposição.
A maior parte dos que se filiaram à Arena eram da União Democrática Nacional (UDN) e do Partido Social Democrático (PSD).
O MDB atraiu ex-integrantes do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), majoritariamente, e também do PSD.
Em 1979, Arena e MDB foram extintos pelo governo, que restabeleceu o Pluripartidarismo.
A cassação de vários Deputados Federais provocou reação do Congresso, que, por causa disso, foi fechado por um mês, em outubro.
Em seguida foi reconvocado pelo AI-4 para se reunir extraordinariamente, e pressionado para aprovar a Sexta Constituição, o que aconteceu em janeiro de 1967.
Esta nova Constituição, institucionalizou o Regime Militar, incorporando algumas das determinações dos Atos Institucionais.
Ficaram de fora as que permitiam a cassação de mandatos e direitos políticos.
Os poderes do Executivo foram ampliados, especialmente para
questões de segurança nacional.
Entre as principais medidas desta Carta, estavam a manutenção do Bipartidarismo e o estabelecimento de eleições indiretas para a Presidência
da República, com mandato de quatro anos.
O General-Presidente extinguiu a Frente Ampla, movimento de oposição criado pelos ex-Presidentes João Goulart e Juscelino Kubitschek e por Carlos Lacerda.
A política econômica 34implementada incluiu medidas como o combate à inflação, a revisão da política salarial e a expansão do comércio exterior.
Teve início então, uma reforma administrativa e o incremento das comunicações e transportes.
Com isso, a determinação dos governos militares de tornar o Brasil uma Potência Emergente e a disponibilidade externa de capital aceleraram e diversificaram o crescimento do país entre 1968 e 1974, a chamada Época do Milagre Econômico.
Num tempo de taxas relativamente baixas de inflação foram feitos pesados investimentos em infra-estrutura (rodovias, ferrovias, telecomunicações, portos, usinas hidrelétricas e nucleares), de base (mineração e siderurgia), de transformação (papel, cimento, alumínio, produtos químicos, fertilizantes), equipamentos (geradores, sistemas de telefonia, máquinas, motores, turbinas),
bens duráveis (veículos e eletrodomésticos) e na agroindústria de alimentos (grãos, carnes, laticínios).
Havia também uma expansão significativa do comércio exterior.
Contudo, a crise mundial do petróleo – provocado pelo embargo do fornecimento dos EUA e às potências européias pela Opep, de maioria árabe – e a alta internacional dos juros desaceleraram essa expansão industrial em meados da década de 70.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
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