Quando nada se espera
É quando as coisas normalmente acabam por acontecer
Nada planejado, pensado e esperado
No passo descompassado das horas
O tempo corrido, apressado, desperdiçado
As montoeiras das gentes
Grandes aglomerações onde ninguém sabe para onde vai
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Poesias
sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020
Poeminhas
Poemas, poemetos
Palavras, pequenos textos,
Ideias vagas, pensamentos
Impressões várias
Com as quais me entretenho
Poeminhas
Não são nada mais
Do que a mais completa expressão
Do pensar e do sentir dos viventes,
E daqueles que possuem sensibilidade
Manancial de subjetividade
Subjacente aos melhores pensamentos
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Palavras, pequenos textos,
Ideias vagas, pensamentos
Impressões várias
Com as quais me entretenho
Poeminhas
Não são nada mais
Do que a mais completa expressão
Do pensar e do sentir dos viventes,
E daqueles que possuem sensibilidade
Manancial de subjetividade
Subjacente aos melhores pensamentos
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
VALONGO - CAPÍTULO 1 - VERSÃO ALTERNATIVA
Era uma tarde bonita, onde toda a família estava reunida em volta do antigo fogão a
lenha.
As crianças corriam em volta das árvores e os adultos aproveitavam o momento para se recordarem de sua infância, de sua adolescência, e de outras histórias.
O espaço amplo, o quintal imenso, a cobertura, o amplo salão onde estava o fogão, o forno a lenha, os utensílios de cozinha, como colheres de pau, tachos de cobre, tudo o que guarnecera a antiga cozinha de Dona Carolina.
Matriarca da família e proprietária de uma imensa quantidade de terra a serem perder de vistas por estas plagas.
As plantações, a criação.
Por anos a fio vivera sozinha, em meio a companhia dos criados e as poucas visitas da família que restara.
Sem qualquer razão aparente se impusera a um exílio em terras pátrias.
A mulher que gostava de cuidar de sua cozinha, preparando belas refeições para o parceiro, agora não tinha mais para quem cozinhar.
Também não tinha disposição para tanto.
Tampouco precisava.
Nos últimos tempos, gostava de se sentar em sua cadeira de balanço, e ficar no alpendre do velho casarão, apreciando a bela paisagem a se perder de vista.
Campos verdes, plantações.
Nesta contemplação, permanecia por horas a fio.
Isolamento o qual somente sua filha, de mesmo nome, Carolina, entendia.
As duas pareciam partilhar um mistério.
Histórias as quais não dividiam com ninguém.
Nem mesmo com os entes mais chegados.
Tratavam-se de mulheres firmes, resolutas e reservadas.
Donas de histórias similares, criaram seus filhos sozinhos.
Nenhuma delas veio a se casar.
Como nenhuma das mulheres da família, desde uma ancestral comum.
Venâncio e Vandré, só conheciam parte desta história.
Com efeito, a velha senhora tivera um filho.
Deste filho, Venâncio e Vandré pouco sabem.
Apenas que a criança fora apartada da mulher, não se sabendo o seu paradeiro.
Curiosos, quando em criança, tentaram por diversas vezes saber o que teria ocorrido com este descendente da família, que tão poucos homens possuía.
Sempre que tentavam descobrir algo, eram interrompidos e informados que não deveriam fazer perguntas inconvenientes a Dona Carolina.
E assim, só sabiam deste fato, em razão de uma suposta descendência deixada por este filho.
Duas filhas, e três crianças.
As mesmas que corriam em volta do fogão a lenha e eram repreendidas com severidade pela cozinheira, Djanira, que dizia a elas que era perigoso correr em volta do fogo, pois quem brinca com ele, amanhece molhado.
As duas meninas louras, claras, de imensos e belos olhos verdes, observavam a empregada corpulenta ,e se assustavam com suas palavras.
O menino, nascido em São Paulo, também de tez clara e cabelos alourados, menor que as meninas, achava graça nas palavras da mulher e ficava a rir.
A criada fingiu ficar aborrecida com as crianças, mas ao ouvir o riso do menino, abrandou o tom e mandou as crianças brincarem longo dali.
Mencionou que havia muito espaço para que pudessem correr e brincar, sem necessidade de correr riscos.
Nisto indicou um lugar especialmente feito para elas.
Para as meninas, uma casinha de boneca, onde podiam entrar, e se sentirem donas da casa.
Para o menino, uma pequena escada levava a uma espécie de casa na árvore.
Atenta, Lara, a mãe das meninas conduziu as crianças para lá e ficou observando-as entretidas em suas brincadeiras.
Lara e Antonia, eram filhas de Tarcísio, mas pouco falavam do pai.
Talvez por recomendação do restante da família, talvez por respeito a Dona Carolina.
A verdade é que Vandré e Venâncio permaneceram sem resposta.
Sempre que faziam perguntas a este repeito a mãe, a mesma respondia que pouco sabia deste irmão.
O pouco que sabiam da história, é que este suposto filho de Dona Carolina, morrera cedo, tivera duas filhas, as quais tiveram filhos.
Aparentemente a história terminava aí.
Curioso, Vandré se prontificou a verificar nos cartórios da região, a existência de registros em nome de Tarcísio.
Acreditando que por ser um nome pouco comum, teria mais facilidade, investiu-se nessa missão.
Os preparativos para a confraternização em família ocorriam em virtude do natalício de Dona Carolina, que estava a fazer oitenta anos.
Vandré e Venâncio, ao serem intimados para o evento, questionaram o por quê de tudo aquilo.
Afinal de contas, se a velha senhora permanecera tanto tempo reclusa, qual a necessidade de reunir toda a família a esta altura?
Os dois irmãos possuíam vidas independentes.
Vandré seguia sua vida lecionando em uma universidade da capital.
Estava prestes a terminar seu doutorado.
Venâncio mais velho, tinha a idade de 35 anos.
Era um pequeno empresário.
Cada qual possuía sua residência, e se falavam muito pouco.
A mãe deles havia voltado a viver com a mãe.
Porém, às vésperas da viagem, os irmãos resolveram se ligar.
Trocaram algumas palavras.
Venâncio intrigado com o convite, perguntou ao irmão se ele tinha ideia do que se tratava.
Vandré respondeu-lhe que sabia tanto quanto ele.
Nisto comentaram sobre os mistérios que cercavam vida da avó.
Das curiosidades que tinham a respeito da família.
Ambos achavam todos e tudo muito estranho.
Sempre havia algo a ser escondido.
Não entendiam o por quê de tanto mistério.
Foi nesta oportunidade que veio a baila a possibilidade de investigar a origem de Tarcísio.
Vandré sugeriu vasculhar os cartórios da região.
Venâncio topou.
Afinal se ficariam tanto tempo em outro estado.
Por que não aproveitar para desvendar alguns mistérios?
Com isto, arrumaram as malas e seguiram viagem.
Embarcaram no mesmo voo.
Vandré estranhou a ausência de Ester, mas Venâncio explicou sua ausência.
Quando chegaram na fazenda, os rapazes foram levados a cada qual para um quarto.
Em seus quartos, os moços arrumaram suas malas.
Aproveitaram para descansar um pouco da viagem.
Dona Carolina encontrava-se acamada.
Razão pela qual não foi recebê-los.
Mais tarde, ao descerem para a sala, os moços foram recebidos pela mãe Carolina.
A mãe ao vê-los, cumprimentou-os.
Abraçou os filhos e disse-lhes que estava com muitas saudades.
Em seguida, a mulher recomendou-lhes que não fizessem muitas perguntas e que a avó não tinha conhecimento da festa que estavam organizando para ela.
Disse-lhes para que deixassem suas curiosidades para mais tarde.
Em seguida, disse que a avó estava dormindo, e que mais tarde poderiam vê-la.
Neste momento, Carolina – a filha, foi chamada por duas empregadas, para que as orientasse na cozinha.
Vandré e Venâncio decidiram então dar uma volta pela fazenda, onde tão pouco visitaram.
Cavalgaram as terras.
Venâncio mais animado, resolveu continuar a cavalgada.
Vandré depois de um longo passeio, resolveu voltar para casa.
Venâncio demonstrou interesse em visitar a vila.
O homem percorreu os caminhos.
Apreciou a vegetação natural da região.
Avistou riachos, apreciou a beleza das árvores, o ornato das flores.
Ao chegar na vila, avistou uma venda.
Aproximando-se, apeou do cavalo.
Amarrou-o a uma árvore e adentrou o estabelecimento.
Sedento, pediu uma garrafa de água.
Pagou e consumiu o produto ali mesmo.
Sentado, observava a paisagem, e os tipos humanos que circularam pelo lugar.
Viu muitos trabalhadores circulando pelo lugar.
Sapatos gastos, roupas puídas.
Dois deles adentraram o estabelecimento.
Compraram arroz, feijão, óleo, macarrão e batata.
Pagaram e saíram do estabelecimento.
Depois de algum tempo, outros entraram no estabelecimento e compraram produtos semelhantes.
Venâncio observou um calendário, e verificou que o movimento se devia provavelmente ao fato de que se tratava de dia de pagamento.
Mais tarde, o moço levantou-se e saiu da venda.
Caminhou pelos arredores.
Avistou casas simples, onde os campônios moravam.
Provavelmente, saíam de suas casas humildes para fazerem suas modestas compras na venda.
Venâncio incomodou-se com a pobreza do lugar.
Nisto pegou seu cavalo e voltou para a fazenda.
Duas moças que circularam pelo lugar, ao ver o moço, admiraram-se com sua figura.
Perguntavam-se de onde teria vindo, posto que não o conheciam.
Acaso seria filho de algum fazendeiro da região?
Venâncio voltou então para a fazenda.
Vandré ao regressar, conversou com a mãe, que confidenciou-lhe que Carolina não andava bem de saúde.
O moço compreendeu então o interesse em se comemorar o aniversário da matriarca.
Carolina ofereceu-lhe algo para comer.
Vandré aceitou.
Almoçou um prato composto de arroz, carne, legumes, e tomou um suco de laranja.
De fruta natural, colhida na propriedade, para orgulho de Carolina.
A mulher dizia que cuidava da mãe, mas que quando ela não exigia tantos cuidados, aproveitava para trabalhar no campo.
Plantava, e pessoas contratadas faziam a colheita.
Animada, dizia que já haviam sido feitas algumas melhorias na fazenda.
Mais tarde Venâncio regressou do passeio.
Carolina ao vê-lo, perguntou-lhe se gostaria de almoçar.
O moço respondeu-lhe que sim.
Dizia estar faminto.
E comeu.
Vandré caminhando pela casa, deparou-se com um cômodo afastado.
Contudo, ao tentar abrir a porta, verifico que a mesma encontrava-se trancada.
Sua mãe ao vê-lo bisbilhotando, repreendeu-o.
Disse que poderia circular à vontade pela casa, mas que não lhe fora dado o direito de ficar bisbilhotando as coisas.
Vandré desculpou-se e voltou ao quarto.
Ao mexer em sua mala, pegou um caderno e abriu.
Lá estavam anotadas todas as informações que tinha a respeito da família.
Anotado ali, estavam todos os endereços de cartórios da região.
Olhava aquelas anotações como se fossem uma bússola apontando-lhe o caminho.
Mais tarde ele e o irmão foram conversar com a avó, que já havia despertado.
Dona Carolina parecia bem.
Pediu para que os netos se aproximassem.
Conversou com eles, tocou-lhes os rostos.
Disse-lhes que eram seus herdeiros.
Carolina sua filha, disse a ela que o restante da família estaria chegando pelos próximos dias.
De fato Vandré e Venâncio foram os primeiros a chegarem a fazenda.
Emocionada, a mulher dizia que não se pareciam muito com a mãe, sendo mais assemelhados a seus pais.
Ao ouvirem isto, os dois ficaram a se olhar.
Isto porque pouco sabiam de seus pais.
Informação que a mãe sempre omitia.
Argumentava que se eles não foram homens para ficarem a seu lado e ajudá-la a criá-los, não mereciam sequer serem lembrados.
Os rapazes lembravam-se de quantas brigas e discussões para que pudessem ao menos saber os nomes de seus pais.
Mais Carolina se negava a informá-los.
Em seus registros de nascimento constava a informação de que eram filhos de pais desconhecidos.
Ah! Quantos problemas esta informação lhes custou.
Quantas dificuldades, quanto sofrimento, desdém.
Carolina acompanhou o sofrimento dos filhos, mas ainda assim, permanecia inflexível.
Ela mesma fora objeto de preconceito.
Para eles, foi este o fator preponderante que culminou com a mudança de sua mãe para São Paulo.
Isto por que na grande metrópole do sudeste, uma mãe solteira ficaria incógnita.
Foi lá que Venâncio nasceu.
E naquelas plagas conheceu o pai de Vandré, vindo o caçula a nascer na mesma cidade.
De fato, em São Paulo, a mulher encontrou trabalho, voltou a estudar, formou-se e passou a lecionar.
Trabalhou por trinta anos até se aposentar.
Foi então que optou em voltar a viver na fazenda ao lado da mãe.
Fazia dois anos que estava ao lado da mãe.
Neste ínterim Venâncio conheceu Ester e passaram a namorar.
Carolina – sua mãe, ainda não conhecia a moça.
Com efeito, assim que pode conversar melhor com o filho, perguntou da moça, sendo então informada que a mesma encontrava-se adoentada.
Carolina, que não tinha meias palavras comentou contrariada:
- Doente? De novo? Esta moça não goza de boa saúde.
Venâncio, constrangido, comentou que de fato ela não estava muito bem.
Nisto, tratou de dizer que os negócios estavam indo muito bem, e que provavelmente muito em breve iria se casar.
Carolina ao ouvir isto, perguntou-lhe se ele estava realmente seguro do que estava fazendo.
Venâncio titubeou, mas respondeu afirmativamente.
Argumentou que ele havia tomado a iniciativa de pedir a moça em casamento.
Carolina por seu turno, não estava bem convencida disto.
Mas procurando evitar discussões, desejou ao filho toda felicidade do mundo.
Chegou até a parabenizá-lo.
Nisto conforme os dias foram se seguindo, o restante da família foi chegando.
Lara e suas filhas.
Antonia e seu filho.
Também vieram agregados e amigos da velha senhora.
Vandré e Venâncio também auxiliaram nos preparativos.
Ajudaram a fincar um mastro no descampado.
Afixaram bandeirolas no local da festa.
As crianças gostaram de conhecer os primos mais velhos, e que lhes dedicavam toda a atenção.
Vandré e Venâncio brincava com as crianças, e as distraíam enquanto as mães ajudavam nos preparativos.
Carolina ao ver os filhos brincando com as crianças, dizia-lhes que estavam prontos para serem pais.
No dia seguinte, a festa começou cedo.
Logo cedo, uma bonita ceia foi preparada para os convidados, como um lauto café da manhã.
Com frutas variadas, sucos, pães, geléias, doces, sobremesas, café, leite, açúcar.
As crianças sem terem algo melhor para fazer, corriam de um lado para o outro.
Dona Carolina sentou-se no lugar principal.
Sua cadeira tinha almofadas para que ficasse mais confortável.
Observava a todos sorridente.
Todos conversavam animadamente sobre tudo.
Falavam sobre a correria do dia a dia, de suas lembranças.
Dos momentos felizes que viveram ali.
Quase todos comentavam sobre as poucas oportunidades que tiveram para conviver com Dona Carolina.
Era uma senhora misteriosa, mas que quando se dispunha a receber a família, o fazia de maneira exemplar.
Impecável.
Dona Carolina também tinha do que se recordar.
A certa altura, a matriarca da família, começou a se recordar também, de seus tempos de mocidade, onde jovem e muito bonita, conheceu um rapaz, que mais tarde viria a ser o pai de seu filho.
Recordou-se do fato de que não chegaram a se casar, e que por razões as quais nunca contou aos familiares, foi levado para longe de si, e por esta razão, acreditou que o mesmo havia morrido. Sempre que lhe perguntavam detalhes da história, Carolina se fechava em copas.
Não queria falar nada para ninguém.
Estava muito longe das terras de sua família.
Muito embora sua história esteja entrelaçada as memórias de um Sul, que não conhecera pessoalmente.
Apenas das histórias de seus ancestrais, que pisaram naquelas terras e construíram uma família no lugar.
Mas a vida separa.
Leva as pessoas para rumos diversos.
Afasta.
E lá a velha Carolina, a se lembrar de suas antecessoras.
Nem todas com o mesmo nome, mas todas com nomes fortes, marcantes.
Sentada em sua cadeira almofadada, a mulher pediu a criada que trouxesse uma caixa grande com vários retratos da família.
Era um recipiente grande.
Com várias fotos antigas.
Fotos em preto e branco.
Fotos de seus pais, avós.
Baú com documentos, cartas.
Venâncio e Vandré, ao verem fotos suas, ainda crianças no baú, começaram a rir.
Olhavam para si e diziam o quanto haviam mudado.
Carolina então, comentou que eles eram filhos de sua filha Carolina.
A mulher disse-lhe que só estavam vivos, por que sua mãe decidiram viver longe dali.
Lugar de lembranças tristes e palco de uma maldição.
Curioso, Venâncio perguntou do que se tratava a tal maldição.
Carolina, percebendo a ironia, disse-lhe em tom sério, que não se brinca com este tipo de assunto, e que não se pode ficar jogando praga nas pessoas.
Dizia que praga pegava.
Nisto, passou a dizer que a família fora amaldiçoada por uma velha, que falava que nenhum varão nascido naquelas paragens, iria sobreviver.
Quanto as mulheres, esta seriam atingidas em sua honra, e no sentimento que lhe era mais caro.
O afeto.
E assim nenhum das mulheres da família, teriam frutos advindos do casamento.
Ou seja, seriam todas mães solteiras, e somente mães de filhas mulheres.
Venâncio e Vandré, se entreolharam.
De fato Carolina, não fora casada e nem mesmo filhos do mesmo pai, os irmãos eram.
Contudo, o fato de estarem vivos e adultos, desacreditava a história da maldição.
Carolina então comentou que eles não nasceram naquela região.
Que viveram toda a sua vida longe dali, e que poucas vezes visitaram a propriedade da avó como naquela ocasião.
Vandré comentou que não entendia, por que sempre eram dificultadas as visitas a avó.
Recordou-se de quando em criança, pedindo a mãe para que a levasse para conhecer a avó.
Contudo, ainda assim, considerava tudo aquilo crendice e bobagem.
Carolina percebendo isto, comentou que não esperava compreensão por parte deles, mas disse-lhes que gostaria de mostrar fotos da família.
A mulher então, mostrou fotos de sua juventude, do pai de Carolina, de uma festa em que ambos dançaram juntos.
Comentou que após a foto, só viu Adroaldo, duas outras vezes.
A velha senhora também mostrou fotos de seus pais, sua mãe e seu pai.
Comentou que o fato de não serem casados escandalizou a todos, mas que o modo digno de viver de Rosália a fez ser aceita por todos e a continuar a viver naquela sociedade.
Rosália ficou impedida de casar-se com o pai de sua filha, por que o homem falecera antes mesmo de tomar conhecimento de que se tornaria pai.
Foi atropelado ao atravessar a estrada.
Tal fato, deixou Rosália desesperada.
Visando protegê-la, e ajustada com um funcionário do cartório, a criança foi registrada como se fosse filha legítima.
Era década de trinta.
Tempos de carestia e de racionamento, por conta da Segunda Grande Guerra.
Mostrou ainda, fotos de Rosália ainda criança, também fruto de uma relação considerada espúria.
Nascera no começo dos anos dez.
Sua mãe também se chamava Carolina.
Nascida na última década do século dezenove.
Antes dela veio Adélia, nascida na década de setenta do século dezenove.
Sua mãe chamava-se Thereza, filha de Carolina.
A primeira, a que dera origem a todas as outras diziam a velha senhora, Dona Carolina.
De todas havia ao menos uma foto ou pintura.
Era a primeira vez que a mulher se interessava em mostrar a todos o álbum com fotos.
Também era a primeira oportunidade em que animava a contar algo mais sobre a história da família.
Vandré e Venâncio também se recordavam de sua história.
Vandré era um jovem bonito, mais novo que o irmão, e bastante apegado a família.
Sempre que podia, participava das reuniões em família.
Gostava de ouvir as histórias de seus ancestrais.
E munido de informações, anotava os relatos dos parentes.
Possuía até uma espécie de diário.
Venâncio, ao saber disso, brincava com o irmão dizendo que ele seria escritor.
Era o mais velho dos irmãos.
Estava noivo de Ester, uma moça muito bonita.
Mas a jovem, nem um pouco interessada nos assuntos da família do noivo, e assim, argumentou que não estava muito bem de saúde e que não poderia ir.
Venâncio ficou bastante desapontado, mas não insistiu.
Somente argumentou que não era a primeira vez que a moça ficava indisposta às vésperas de uma viagem para conhecer sua família.
Mas para evitar brigas, respondeu-lhe que iria sozinho e depois contaria como foi a viagem.
Conheceram-se em uma festa.
A moça muito bonita, e bem vestida, chamou a atenção de todos.
Inclusive de Venâncio, que a convidou para dançar.
Ester, receptiva, dançou com o moço.
Conversaram, e em pouco tempo, começaram a namorar.
Atencioso, o moço levava a jovem para almoçar em restaurantes sofisticados.
Levava Ester a festas badaladas e presenteava a moça com roupas de grife.
A moça, mal acostumada, levava o rapaz para passear em frente a lojas caras, joalherias.
Contudo, até o momento não havia presenteado a namorada com uma jóia.
Em que pese as sugestões da moça.
Ester estava impaciente com isto.
Venâncio por seu turno, apaixonado que estava, não conseguia enxergar isto.
Com efeito, ninguém também tinha coragem de dizer que algo estava errado.
Neste sentido, a única pessoa que o alertava com relação a moça, era sua colega de trabalho Tânia.
Tânia, era uma mulher de mais quarenta anos.
Divorciada.
Vivia aconselhando o moço.
Venâncio certa vez, ouviu insinuações de que a mulher estava interessada nele.
O rapaz porém, dizia que isto era maledicência.
Curiosamente, agora, longe dali, ao deduzir que esta era uma forma de proteção e que era intencional, lhe causava estranheza.
Pensou que embora gostasse de Ester, a ponto de marcar um almoço de noivado com a família da moça, sem ao menos, comunicar o fato à sua família, estava inseguro.
Vandré, ao tomar conhecimento do noivado às pressas, perguntou ao irmão o que teria acontecido para que tomasse esta decisão de forma tão intempestiva.
Venâncio não sabia o que dizer.
Argumentava que agira por impulso.
Dizia estar apaixonado pela moça.
Vandré então desejou-lhe felicidades.
Brincando, chegou a dizer que um dos solteirões finalmente iria se casar.
Chegaram a ir até a venda próxima dali, para comemorar o noivado.
Vandré pediu uma garrafa de cerveja.
Brincando, depois da segunda garrafa, Venâncio respondeu que precisavam maneirar, pois iriam dirigir.
Vandré argumentou que não estava dirigindo, e que iria guiá-los seriam os cavalos.
Rindo, Venâncio concordou.
Voltaram tarde.
Sua mãe Carolina, notou quando ambos chegaram, tropeçando nas escadas.
Não gostou nada do que viu.
Na festividade de aniversário da matriarca, foi preparado um novilho, a ser assado no rolete.
As crianças gostavam de ver o preparo do prato.
E nisto a cozinheira, ao ver as crianças em volta da fogueira, repetiu o fraseado de que quem brinca com fogo, acaba molhado.
Argumentou que aquilo não era brincadeira de criança, e pediu para se afastassem.
Lara chamou todas as crianças para junto de si.
Ralhando com elas, disse que não deveriam atrapalhar o trabalho das pessoas.
Com isto, chamou todas elas para um passeio pelo jardim.
Carolina nascera naquelas terras.
Filha de Rosália, a qual herdara a imensa propriedade de sua mãe, também Carolina.
Propriedade a qual estava com a família há várias gerações.
Nos últimos tempos, gostava de se lembrar da mãe, ensinando-lhe as prendas domésticas.
Dona Carolina, a matriarca, era uma doceira de mão cheia, segundo sua filha Carolina.
Algumas vezes Vandré e Venâncio puderam se deliciar com algumas iguarias preparadas pela mulher, quando em visitas raras a fazenda, ou então quando a mulher encaminhava compotas para os netos via correio.
Quando as delícias chegavam em sua casa, era sempre motivo de muita festa.
Passavam dias comendo os doces.
Voltavam da escola, trocavam o uniforme, faziam a lição de casa, brincavam na rua, e mais tarde após o banho e o jantar, comiam uma porção das sobremesas.
As delícias duravam meses.
Carolina nunca permitiu que os filhos comessem mais do que necessário para saciar a fome.
Não gostava de crianças gulosas.
Era o que costumava dizer.
Carolina, a matriarca, também gostava de deixar a casa arrumada e enfeitada.
Gostava de artesanato.
Na velha sede centenária, haviam várias colchas nos quartos, feitas de fuxico, além de almofadas feitas do mesmo material.
Algumas criadas que passaram pela propriedade, também deixaram suas prendas.
Dona Carolina gostava das criadas prendadas e prestativas.
Fora criada com todo o rigor por Rosália, a qual temia que a filha tivesse a sorte de todas as suas antecessoras.
Acreditou que pelo fato da jovem ter sido registrada como filha legítima, sua sorte seria diferente de todas as outras que a antecederam.
O tempo mostrou-lhe que estava errada.
Carolina também envolveu-se com um homem, com o qual não pode casar-se.
Como todas as outras mulheres, dona de uma história triste, a qual integra o triste quadro de desventuras da família.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
VERSÃO ALTERNATIVA
As crianças corriam em volta das árvores e os adultos aproveitavam o momento para se recordarem de sua infância, de sua adolescência, e de outras histórias.
O espaço amplo, o quintal imenso, a cobertura, o amplo salão onde estava o fogão, o forno a lenha, os utensílios de cozinha, como colheres de pau, tachos de cobre, tudo o que guarnecera a antiga cozinha de Dona Carolina.
Matriarca da família e proprietária de uma imensa quantidade de terra a serem perder de vistas por estas plagas.
As plantações, a criação.
Por anos a fio vivera sozinha, em meio a companhia dos criados e as poucas visitas da família que restara.
Sem qualquer razão aparente se impusera a um exílio em terras pátrias.
A mulher que gostava de cuidar de sua cozinha, preparando belas refeições para o parceiro, agora não tinha mais para quem cozinhar.
Também não tinha disposição para tanto.
Tampouco precisava.
Nos últimos tempos, gostava de se sentar em sua cadeira de balanço, e ficar no alpendre do velho casarão, apreciando a bela paisagem a se perder de vista.
Campos verdes, plantações.
Nesta contemplação, permanecia por horas a fio.
Isolamento o qual somente sua filha, de mesmo nome, Carolina, entendia.
As duas pareciam partilhar um mistério.
Histórias as quais não dividiam com ninguém.
Nem mesmo com os entes mais chegados.
Tratavam-se de mulheres firmes, resolutas e reservadas.
Donas de histórias similares, criaram seus filhos sozinhos.
Nenhuma delas veio a se casar.
Como nenhuma das mulheres da família, desde uma ancestral comum.
Venâncio e Vandré, só conheciam parte desta história.
Com efeito, a velha senhora tivera um filho.
Deste filho, Venâncio e Vandré pouco sabem.
Apenas que a criança fora apartada da mulher, não se sabendo o seu paradeiro.
Curiosos, quando em criança, tentaram por diversas vezes saber o que teria ocorrido com este descendente da família, que tão poucos homens possuía.
Sempre que tentavam descobrir algo, eram interrompidos e informados que não deveriam fazer perguntas inconvenientes a Dona Carolina.
E assim, só sabiam deste fato, em razão de uma suposta descendência deixada por este filho.
Duas filhas, e três crianças.
As mesmas que corriam em volta do fogão a lenha e eram repreendidas com severidade pela cozinheira, Djanira, que dizia a elas que era perigoso correr em volta do fogo, pois quem brinca com ele, amanhece molhado.
As duas meninas louras, claras, de imensos e belos olhos verdes, observavam a empregada corpulenta ,e se assustavam com suas palavras.
O menino, nascido em São Paulo, também de tez clara e cabelos alourados, menor que as meninas, achava graça nas palavras da mulher e ficava a rir.
A criada fingiu ficar aborrecida com as crianças, mas ao ouvir o riso do menino, abrandou o tom e mandou as crianças brincarem longo dali.
Mencionou que havia muito espaço para que pudessem correr e brincar, sem necessidade de correr riscos.
Nisto indicou um lugar especialmente feito para elas.
Para as meninas, uma casinha de boneca, onde podiam entrar, e se sentirem donas da casa.
Para o menino, uma pequena escada levava a uma espécie de casa na árvore.
Atenta, Lara, a mãe das meninas conduziu as crianças para lá e ficou observando-as entretidas em suas brincadeiras.
Lara e Antonia, eram filhas de Tarcísio, mas pouco falavam do pai.
Talvez por recomendação do restante da família, talvez por respeito a Dona Carolina.
A verdade é que Vandré e Venâncio permaneceram sem resposta.
Sempre que faziam perguntas a este repeito a mãe, a mesma respondia que pouco sabia deste irmão.
O pouco que sabiam da história, é que este suposto filho de Dona Carolina, morrera cedo, tivera duas filhas, as quais tiveram filhos.
Aparentemente a história terminava aí.
Curioso, Vandré se prontificou a verificar nos cartórios da região, a existência de registros em nome de Tarcísio.
Acreditando que por ser um nome pouco comum, teria mais facilidade, investiu-se nessa missão.
Os preparativos para a confraternização em família ocorriam em virtude do natalício de Dona Carolina, que estava a fazer oitenta anos.
Vandré e Venâncio, ao serem intimados para o evento, questionaram o por quê de tudo aquilo.
Afinal de contas, se a velha senhora permanecera tanto tempo reclusa, qual a necessidade de reunir toda a família a esta altura?
Os dois irmãos possuíam vidas independentes.
Vandré seguia sua vida lecionando em uma universidade da capital.
Estava prestes a terminar seu doutorado.
Venâncio mais velho, tinha a idade de 35 anos.
Era um pequeno empresário.
Cada qual possuía sua residência, e se falavam muito pouco.
A mãe deles havia voltado a viver com a mãe.
Porém, às vésperas da viagem, os irmãos resolveram se ligar.
Trocaram algumas palavras.
Venâncio intrigado com o convite, perguntou ao irmão se ele tinha ideia do que se tratava.
Vandré respondeu-lhe que sabia tanto quanto ele.
Nisto comentaram sobre os mistérios que cercavam vida da avó.
Das curiosidades que tinham a respeito da família.
Ambos achavam todos e tudo muito estranho.
Sempre havia algo a ser escondido.
Não entendiam o por quê de tanto mistério.
Foi nesta oportunidade que veio a baila a possibilidade de investigar a origem de Tarcísio.
Vandré sugeriu vasculhar os cartórios da região.
Venâncio topou.
Afinal se ficariam tanto tempo em outro estado.
Por que não aproveitar para desvendar alguns mistérios?
Com isto, arrumaram as malas e seguiram viagem.
Embarcaram no mesmo voo.
Vandré estranhou a ausência de Ester, mas Venâncio explicou sua ausência.
Quando chegaram na fazenda, os rapazes foram levados a cada qual para um quarto.
Em seus quartos, os moços arrumaram suas malas.
Aproveitaram para descansar um pouco da viagem.
Dona Carolina encontrava-se acamada.
Razão pela qual não foi recebê-los.
Mais tarde, ao descerem para a sala, os moços foram recebidos pela mãe Carolina.
A mãe ao vê-los, cumprimentou-os.
Abraçou os filhos e disse-lhes que estava com muitas saudades.
Em seguida, a mulher recomendou-lhes que não fizessem muitas perguntas e que a avó não tinha conhecimento da festa que estavam organizando para ela.
Disse-lhes para que deixassem suas curiosidades para mais tarde.
Em seguida, disse que a avó estava dormindo, e que mais tarde poderiam vê-la.
Neste momento, Carolina – a filha, foi chamada por duas empregadas, para que as orientasse na cozinha.
Vandré e Venâncio decidiram então dar uma volta pela fazenda, onde tão pouco visitaram.
Cavalgaram as terras.
Venâncio mais animado, resolveu continuar a cavalgada.
Vandré depois de um longo passeio, resolveu voltar para casa.
Venâncio demonstrou interesse em visitar a vila.
O homem percorreu os caminhos.
Apreciou a vegetação natural da região.
Avistou riachos, apreciou a beleza das árvores, o ornato das flores.
Ao chegar na vila, avistou uma venda.
Aproximando-se, apeou do cavalo.
Amarrou-o a uma árvore e adentrou o estabelecimento.
Sedento, pediu uma garrafa de água.
Pagou e consumiu o produto ali mesmo.
Sentado, observava a paisagem, e os tipos humanos que circularam pelo lugar.
Viu muitos trabalhadores circulando pelo lugar.
Sapatos gastos, roupas puídas.
Dois deles adentraram o estabelecimento.
Compraram arroz, feijão, óleo, macarrão e batata.
Pagaram e saíram do estabelecimento.
Depois de algum tempo, outros entraram no estabelecimento e compraram produtos semelhantes.
Venâncio observou um calendário, e verificou que o movimento se devia provavelmente ao fato de que se tratava de dia de pagamento.
Mais tarde, o moço levantou-se e saiu da venda.
Caminhou pelos arredores.
Avistou casas simples, onde os campônios moravam.
Provavelmente, saíam de suas casas humildes para fazerem suas modestas compras na venda.
Venâncio incomodou-se com a pobreza do lugar.
Nisto pegou seu cavalo e voltou para a fazenda.
Duas moças que circularam pelo lugar, ao ver o moço, admiraram-se com sua figura.
Perguntavam-se de onde teria vindo, posto que não o conheciam.
Acaso seria filho de algum fazendeiro da região?
Venâncio voltou então para a fazenda.
Vandré ao regressar, conversou com a mãe, que confidenciou-lhe que Carolina não andava bem de saúde.
O moço compreendeu então o interesse em se comemorar o aniversário da matriarca.
Carolina ofereceu-lhe algo para comer.
Vandré aceitou.
Almoçou um prato composto de arroz, carne, legumes, e tomou um suco de laranja.
De fruta natural, colhida na propriedade, para orgulho de Carolina.
A mulher dizia que cuidava da mãe, mas que quando ela não exigia tantos cuidados, aproveitava para trabalhar no campo.
Plantava, e pessoas contratadas faziam a colheita.
Animada, dizia que já haviam sido feitas algumas melhorias na fazenda.
Mais tarde Venâncio regressou do passeio.
Carolina ao vê-lo, perguntou-lhe se gostaria de almoçar.
O moço respondeu-lhe que sim.
Dizia estar faminto.
E comeu.
Vandré caminhando pela casa, deparou-se com um cômodo afastado.
Contudo, ao tentar abrir a porta, verifico que a mesma encontrava-se trancada.
Sua mãe ao vê-lo bisbilhotando, repreendeu-o.
Disse que poderia circular à vontade pela casa, mas que não lhe fora dado o direito de ficar bisbilhotando as coisas.
Vandré desculpou-se e voltou ao quarto.
Ao mexer em sua mala, pegou um caderno e abriu.
Lá estavam anotadas todas as informações que tinha a respeito da família.
Anotado ali, estavam todos os endereços de cartórios da região.
Olhava aquelas anotações como se fossem uma bússola apontando-lhe o caminho.
Mais tarde ele e o irmão foram conversar com a avó, que já havia despertado.
Dona Carolina parecia bem.
Pediu para que os netos se aproximassem.
Conversou com eles, tocou-lhes os rostos.
Disse-lhes que eram seus herdeiros.
Carolina sua filha, disse a ela que o restante da família estaria chegando pelos próximos dias.
De fato Vandré e Venâncio foram os primeiros a chegarem a fazenda.
Emocionada, a mulher dizia que não se pareciam muito com a mãe, sendo mais assemelhados a seus pais.
Ao ouvirem isto, os dois ficaram a se olhar.
Isto porque pouco sabiam de seus pais.
Informação que a mãe sempre omitia.
Argumentava que se eles não foram homens para ficarem a seu lado e ajudá-la a criá-los, não mereciam sequer serem lembrados.
Os rapazes lembravam-se de quantas brigas e discussões para que pudessem ao menos saber os nomes de seus pais.
Mais Carolina se negava a informá-los.
Em seus registros de nascimento constava a informação de que eram filhos de pais desconhecidos.
Ah! Quantos problemas esta informação lhes custou.
Quantas dificuldades, quanto sofrimento, desdém.
Carolina acompanhou o sofrimento dos filhos, mas ainda assim, permanecia inflexível.
Ela mesma fora objeto de preconceito.
Para eles, foi este o fator preponderante que culminou com a mudança de sua mãe para São Paulo.
Isto por que na grande metrópole do sudeste, uma mãe solteira ficaria incógnita.
Foi lá que Venâncio nasceu.
E naquelas plagas conheceu o pai de Vandré, vindo o caçula a nascer na mesma cidade.
De fato, em São Paulo, a mulher encontrou trabalho, voltou a estudar, formou-se e passou a lecionar.
Trabalhou por trinta anos até se aposentar.
Foi então que optou em voltar a viver na fazenda ao lado da mãe.
Fazia dois anos que estava ao lado da mãe.
Neste ínterim Venâncio conheceu Ester e passaram a namorar.
Carolina – sua mãe, ainda não conhecia a moça.
Com efeito, assim que pode conversar melhor com o filho, perguntou da moça, sendo então informada que a mesma encontrava-se adoentada.
Carolina, que não tinha meias palavras comentou contrariada:
- Doente? De novo? Esta moça não goza de boa saúde.
Venâncio, constrangido, comentou que de fato ela não estava muito bem.
Nisto, tratou de dizer que os negócios estavam indo muito bem, e que provavelmente muito em breve iria se casar.
Carolina ao ouvir isto, perguntou-lhe se ele estava realmente seguro do que estava fazendo.
Venâncio titubeou, mas respondeu afirmativamente.
Argumentou que ele havia tomado a iniciativa de pedir a moça em casamento.
Carolina por seu turno, não estava bem convencida disto.
Mas procurando evitar discussões, desejou ao filho toda felicidade do mundo.
Chegou até a parabenizá-lo.
Nisto conforme os dias foram se seguindo, o restante da família foi chegando.
Lara e suas filhas.
Antonia e seu filho.
Também vieram agregados e amigos da velha senhora.
Vandré e Venâncio também auxiliaram nos preparativos.
Ajudaram a fincar um mastro no descampado.
Afixaram bandeirolas no local da festa.
As crianças gostaram de conhecer os primos mais velhos, e que lhes dedicavam toda a atenção.
Vandré e Venâncio brincava com as crianças, e as distraíam enquanto as mães ajudavam nos preparativos.
Carolina ao ver os filhos brincando com as crianças, dizia-lhes que estavam prontos para serem pais.
No dia seguinte, a festa começou cedo.
Logo cedo, uma bonita ceia foi preparada para os convidados, como um lauto café da manhã.
Com frutas variadas, sucos, pães, geléias, doces, sobremesas, café, leite, açúcar.
As crianças sem terem algo melhor para fazer, corriam de um lado para o outro.
Dona Carolina sentou-se no lugar principal.
Sua cadeira tinha almofadas para que ficasse mais confortável.
Observava a todos sorridente.
Todos conversavam animadamente sobre tudo.
Falavam sobre a correria do dia a dia, de suas lembranças.
Dos momentos felizes que viveram ali.
Quase todos comentavam sobre as poucas oportunidades que tiveram para conviver com Dona Carolina.
Era uma senhora misteriosa, mas que quando se dispunha a receber a família, o fazia de maneira exemplar.
Impecável.
Dona Carolina também tinha do que se recordar.
A certa altura, a matriarca da família, começou a se recordar também, de seus tempos de mocidade, onde jovem e muito bonita, conheceu um rapaz, que mais tarde viria a ser o pai de seu filho.
Recordou-se do fato de que não chegaram a se casar, e que por razões as quais nunca contou aos familiares, foi levado para longe de si, e por esta razão, acreditou que o mesmo havia morrido. Sempre que lhe perguntavam detalhes da história, Carolina se fechava em copas.
Não queria falar nada para ninguém.
Estava muito longe das terras de sua família.
Muito embora sua história esteja entrelaçada as memórias de um Sul, que não conhecera pessoalmente.
Apenas das histórias de seus ancestrais, que pisaram naquelas terras e construíram uma família no lugar.
Mas a vida separa.
Leva as pessoas para rumos diversos.
Afasta.
E lá a velha Carolina, a se lembrar de suas antecessoras.
Nem todas com o mesmo nome, mas todas com nomes fortes, marcantes.
Sentada em sua cadeira almofadada, a mulher pediu a criada que trouxesse uma caixa grande com vários retratos da família.
Era um recipiente grande.
Com várias fotos antigas.
Fotos em preto e branco.
Fotos de seus pais, avós.
Baú com documentos, cartas.
Venâncio e Vandré, ao verem fotos suas, ainda crianças no baú, começaram a rir.
Olhavam para si e diziam o quanto haviam mudado.
Carolina então, comentou que eles eram filhos de sua filha Carolina.
A mulher disse-lhe que só estavam vivos, por que sua mãe decidiram viver longe dali.
Lugar de lembranças tristes e palco de uma maldição.
Curioso, Venâncio perguntou do que se tratava a tal maldição.
Carolina, percebendo a ironia, disse-lhe em tom sério, que não se brinca com este tipo de assunto, e que não se pode ficar jogando praga nas pessoas.
Dizia que praga pegava.
Nisto, passou a dizer que a família fora amaldiçoada por uma velha, que falava que nenhum varão nascido naquelas paragens, iria sobreviver.
Quanto as mulheres, esta seriam atingidas em sua honra, e no sentimento que lhe era mais caro.
O afeto.
E assim nenhum das mulheres da família, teriam frutos advindos do casamento.
Ou seja, seriam todas mães solteiras, e somente mães de filhas mulheres.
Venâncio e Vandré, se entreolharam.
De fato Carolina, não fora casada e nem mesmo filhos do mesmo pai, os irmãos eram.
Contudo, o fato de estarem vivos e adultos, desacreditava a história da maldição.
Carolina então comentou que eles não nasceram naquela região.
Que viveram toda a sua vida longe dali, e que poucas vezes visitaram a propriedade da avó como naquela ocasião.
Vandré comentou que não entendia, por que sempre eram dificultadas as visitas a avó.
Recordou-se de quando em criança, pedindo a mãe para que a levasse para conhecer a avó.
Contudo, ainda assim, considerava tudo aquilo crendice e bobagem.
Carolina percebendo isto, comentou que não esperava compreensão por parte deles, mas disse-lhes que gostaria de mostrar fotos da família.
A mulher então, mostrou fotos de sua juventude, do pai de Carolina, de uma festa em que ambos dançaram juntos.
Comentou que após a foto, só viu Adroaldo, duas outras vezes.
A velha senhora também mostrou fotos de seus pais, sua mãe e seu pai.
Comentou que o fato de não serem casados escandalizou a todos, mas que o modo digno de viver de Rosália a fez ser aceita por todos e a continuar a viver naquela sociedade.
Rosália ficou impedida de casar-se com o pai de sua filha, por que o homem falecera antes mesmo de tomar conhecimento de que se tornaria pai.
Foi atropelado ao atravessar a estrada.
Tal fato, deixou Rosália desesperada.
Visando protegê-la, e ajustada com um funcionário do cartório, a criança foi registrada como se fosse filha legítima.
Era década de trinta.
Tempos de carestia e de racionamento, por conta da Segunda Grande Guerra.
Mostrou ainda, fotos de Rosália ainda criança, também fruto de uma relação considerada espúria.
Nascera no começo dos anos dez.
Sua mãe também se chamava Carolina.
Nascida na última década do século dezenove.
Antes dela veio Adélia, nascida na década de setenta do século dezenove.
Sua mãe chamava-se Thereza, filha de Carolina.
A primeira, a que dera origem a todas as outras diziam a velha senhora, Dona Carolina.
De todas havia ao menos uma foto ou pintura.
Era a primeira vez que a mulher se interessava em mostrar a todos o álbum com fotos.
Também era a primeira oportunidade em que animava a contar algo mais sobre a história da família.
Vandré e Venâncio também se recordavam de sua história.
Vandré era um jovem bonito, mais novo que o irmão, e bastante apegado a família.
Sempre que podia, participava das reuniões em família.
Gostava de ouvir as histórias de seus ancestrais.
E munido de informações, anotava os relatos dos parentes.
Possuía até uma espécie de diário.
Venâncio, ao saber disso, brincava com o irmão dizendo que ele seria escritor.
Era o mais velho dos irmãos.
Estava noivo de Ester, uma moça muito bonita.
Mas a jovem, nem um pouco interessada nos assuntos da família do noivo, e assim, argumentou que não estava muito bem de saúde e que não poderia ir.
Venâncio ficou bastante desapontado, mas não insistiu.
Somente argumentou que não era a primeira vez que a moça ficava indisposta às vésperas de uma viagem para conhecer sua família.
Mas para evitar brigas, respondeu-lhe que iria sozinho e depois contaria como foi a viagem.
Conheceram-se em uma festa.
A moça muito bonita, e bem vestida, chamou a atenção de todos.
Inclusive de Venâncio, que a convidou para dançar.
Ester, receptiva, dançou com o moço.
Conversaram, e em pouco tempo, começaram a namorar.
Atencioso, o moço levava a jovem para almoçar em restaurantes sofisticados.
Levava Ester a festas badaladas e presenteava a moça com roupas de grife.
A moça, mal acostumada, levava o rapaz para passear em frente a lojas caras, joalherias.
Contudo, até o momento não havia presenteado a namorada com uma jóia.
Em que pese as sugestões da moça.
Ester estava impaciente com isto.
Venâncio por seu turno, apaixonado que estava, não conseguia enxergar isto.
Com efeito, ninguém também tinha coragem de dizer que algo estava errado.
Neste sentido, a única pessoa que o alertava com relação a moça, era sua colega de trabalho Tânia.
Tânia, era uma mulher de mais quarenta anos.
Divorciada.
Vivia aconselhando o moço.
Venâncio certa vez, ouviu insinuações de que a mulher estava interessada nele.
O rapaz porém, dizia que isto era maledicência.
Curiosamente, agora, longe dali, ao deduzir que esta era uma forma de proteção e que era intencional, lhe causava estranheza.
Pensou que embora gostasse de Ester, a ponto de marcar um almoço de noivado com a família da moça, sem ao menos, comunicar o fato à sua família, estava inseguro.
Vandré, ao tomar conhecimento do noivado às pressas, perguntou ao irmão o que teria acontecido para que tomasse esta decisão de forma tão intempestiva.
Venâncio não sabia o que dizer.
Argumentava que agira por impulso.
Dizia estar apaixonado pela moça.
Vandré então desejou-lhe felicidades.
Brincando, chegou a dizer que um dos solteirões finalmente iria se casar.
Chegaram a ir até a venda próxima dali, para comemorar o noivado.
Vandré pediu uma garrafa de cerveja.
Brincando, depois da segunda garrafa, Venâncio respondeu que precisavam maneirar, pois iriam dirigir.
Vandré argumentou que não estava dirigindo, e que iria guiá-los seriam os cavalos.
Rindo, Venâncio concordou.
Voltaram tarde.
Sua mãe Carolina, notou quando ambos chegaram, tropeçando nas escadas.
Não gostou nada do que viu.
Na festividade de aniversário da matriarca, foi preparado um novilho, a ser assado no rolete.
As crianças gostavam de ver o preparo do prato.
E nisto a cozinheira, ao ver as crianças em volta da fogueira, repetiu o fraseado de que quem brinca com fogo, acaba molhado.
Argumentou que aquilo não era brincadeira de criança, e pediu para se afastassem.
Lara chamou todas as crianças para junto de si.
Ralhando com elas, disse que não deveriam atrapalhar o trabalho das pessoas.
Com isto, chamou todas elas para um passeio pelo jardim.
Carolina nascera naquelas terras.
Filha de Rosália, a qual herdara a imensa propriedade de sua mãe, também Carolina.
Propriedade a qual estava com a família há várias gerações.
Nos últimos tempos, gostava de se lembrar da mãe, ensinando-lhe as prendas domésticas.
Dona Carolina, a matriarca, era uma doceira de mão cheia, segundo sua filha Carolina.
Algumas vezes Vandré e Venâncio puderam se deliciar com algumas iguarias preparadas pela mulher, quando em visitas raras a fazenda, ou então quando a mulher encaminhava compotas para os netos via correio.
Quando as delícias chegavam em sua casa, era sempre motivo de muita festa.
Passavam dias comendo os doces.
Voltavam da escola, trocavam o uniforme, faziam a lição de casa, brincavam na rua, e mais tarde após o banho e o jantar, comiam uma porção das sobremesas.
As delícias duravam meses.
Carolina nunca permitiu que os filhos comessem mais do que necessário para saciar a fome.
Não gostava de crianças gulosas.
Era o que costumava dizer.
Carolina, a matriarca, também gostava de deixar a casa arrumada e enfeitada.
Gostava de artesanato.
Na velha sede centenária, haviam várias colchas nos quartos, feitas de fuxico, além de almofadas feitas do mesmo material.
Algumas criadas que passaram pela propriedade, também deixaram suas prendas.
Dona Carolina gostava das criadas prendadas e prestativas.
Fora criada com todo o rigor por Rosália, a qual temia que a filha tivesse a sorte de todas as suas antecessoras.
Acreditou que pelo fato da jovem ter sido registrada como filha legítima, sua sorte seria diferente de todas as outras que a antecederam.
O tempo mostrou-lhe que estava errada.
Carolina também envolveu-se com um homem, com o qual não pode casar-se.
Como todas as outras mulheres, dona de uma história triste, a qual integra o triste quadro de desventuras da família.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
VERSÃO ALTERNATIVA
DAS VOLTAS DO MUNDO - CAPÍTULO 14
Isso por que, conforme foram se passando os dias, o rapaz, percebendo que o fim de ano se aproximava, enchendo-se de coragem, resolveu se declarar a moça.
Contudo, não seria nada fácil convencê-la, de que eles deveriam ficar juntos.
Isso por que, em razão do fato dela ser sua aluna, as coisas ficavam ainda mais complicadas.
Mas o rapaz, investido de coragem, resolveu finalmente revelar a moça tudo o que se passava com ele.
Assim, por se tratar de um encontro muito importante, Fábio escolheu sua melhor roupa.
Quando entrou no quarto, Dona Irene, viu seu filho escolhendo o que vestir, e ficou desconfiada.
Perguntando onde ele iria todo arrumado daquele jeito, o rapaz respondeu que iria dar uma volta por aí.
Irene então, percebendo do que se tratava, não fez mais perguntas.
Fábio ao decidir sobre o que iria vestir, foi até o banheiro.
Quando voltou estava todo arrumado. Até perfume havia colocado.
Irene, percebendo a expressão apreensiva do filho, não fez nenhum comentário.
Mas, acreditando que ele iria se declarar a Leonora, desejou-lhe boa sorte.
Depois de ouvir as palavras da mãe, foi se encontrar com a moça.
Caminhando foi até sua casa.
Ao chegar lá foi avisado por Dona Leonilde que sua filha se encontrava na praça, conversando com suas amigas.
Fábio, agradeceu a mulher, e dizendo que tinha algo de muito importante para conversar com Leonora, respondeu que não podia entrar.
A seguir, o rapaz caminhou até a praça.
Lá encontrou Leonora conversando com Sabrina, Sandra e Fabíola.
Sandra e Sabrina, que estavam a algum tempo namorando Caio e Felipe, já não falavam tanto do professor.
Muito embora o considerassem bonito, encantadas que estavam com seus respectivos namorados, tinham mais a contar sobre eles, do que qualquer outra coisa.
Fabíola por sua vez, paquerando Rogério, já não implicava tanto com as amigas.
Mas as três, curiosas, sempre que se encontravam com Leonora, perguntavam-lhe como estava indo sua relação com o professor.
Leonora porém, incomodada com as perguntas, sempre respondia que os dois eram apenas amigos e que quanto a isso não havia nada demais.
Contudo, a despeito do que a moça dizia, nenhuma das três estava convencida de que tudo aquilo era apenas amizade.
As demais garotas do colégio, ao saber que os dois estavam assim tão próximos, não paravam de fazer comentários, e invejosas, diziam que aquele grude não iria demorar muito.
Leonora no entanto, não estavam nem um pouco preocupada com o que os outros pensavam de sua amizade com Fábio.
Porém, o fato de só falarem nisso, a incomodava profundamente.
Por isso mesmo, dizendo que gostaria de ficar um pouco sozinha, distanciou-se das amigas e caminhando pela praça, finalmente encontrou Fábio que há bastante tempo, a observava.
A moça, quando viu o rapaz a observando, levou um susto.
Fábio, ao perceber que a havia assustado, pediu desculpas.
A seguir, ansioso, comentou com ela que tinha algo muito sério a lhe falar.
Leonora ficou tensa.
O rapaz então, constatando que não tinha mais como voltar atrás, comentou que há muito tempo nutria um sentimento de admiração por ela.
Seu afinco aos estudos, sua dedicação, sua presença de espírito, eram dados de sua personalidade muito marcantes segundo ele.
Além disso, extremamente simpática, tratava a todos com igual cordialidade.
Leonora, ao ouvir as palavras elogiosas, agradeceu.
Fábio prosseguiu.
Muito embora aquelas não fosse suas únicas qualidades, eram com certeza as mais marcantes.
Dizendo porém, que apesar disso ainda tinha muito o que saber a seu respeito, comentou que adoraria conhecê-la melhor.
Leonora ao ouvir isso, corou de vergonha.
Fábio percebendo isso, segurou suas mãos, e dizendo que ela não devia ficar envergonhada, comentou que não estava dizendo nada daquilo para encabulá-la.
Pelo contrário.
O que ele estava tentando dizer, era que há muito tempo há admirava.
Admirava e lhe tinha carinho.
Muito embora fosse um sentimento terno, era muito mais do que amizade.
A moça, percebendo então a intenção do rapaz, tentou sair dali, mas Fábio, segurando-a pelas mãos, pediu para que ela ao menos terminasse de ouvi-lo.
Se depois, ela nunca mais o quisesse ver, ele entenderia.
Leonora então, desconcertada, prometeu que ouviria tudo o que tinha a dizer.
Fábio continuou a falar.
Dizendo que estava apaixonado por ela, comentou que tudo o que ela fazia era especial para ele.
Encantado com seu jeito delicado de ser, Fábio comentou que tudo o que ela fazia era encantador, desde o modo de andar, de falar, e até de se vestir.
Leonora sem jeito, só fazia ouvir o que o rapaz falava.
Fábio enchendo-se de coragem, ao perceber que deixara a moça perplexa, perguntou a ela se depois que o ano terminasse e que o fato dele ser professor e ela aluna, deixasse de interferir na relação, se ela aceitaria namorá-lo.
Leonora, atônita com o pedido, pediu ao rapaz, um tempo para pensar.
Fábio, percebendo que deixara a moça desconcertada, aceitou conceder algum tempo para que ela refletisse sobre o assunto.
Enquanto isso, as aulas no colégio, prosseguiram.
Tanto na escola quanto na faculdade, faltavam poucas semanas para o término do ano letivo.
Com as provas se aproximando, todos só queriam saber de estudar.
E assim foi.
Leonora, Sandra, Fabíola, Rogério, Caio, Felipe e Sabrina, montaram um grupo de estudos e se debruçaram sobre os livros.
O resultado não podia ser melhor.
Em razão da dedicação aos estudos, todos foram aprovados.
Fábio em seu curso superior, também logrou êxito.
Seus colegas de curso, também.
Quando Dona Irene soube da aprovação do filho, foi logo cumprimentá-lo pelo feito.
Muito embora soubesse da dedicação do filho aos estudos, sabia também que não era nada fácil manter as boas notas.
Como esposa e mãe de professores, sabia que o mistério do saber reside no simples fato de que não se pode ensinar as pessoas a como aprender.
Assim, aprender não é fácil, e é algo que exige dedicação.
Esta é a única coisa que pode ser ensinada a quem quer aprender.
Os outros segredos só quem se dedica irá descobrir.
Assim, sabendo disso, tratou de elogiar o filho.
Fábio agradeceu.
Irene então, retomando o assunto da formatura, sem discutir ou se indispor com o filho, comentou que gostaria de celebrar este grande momento.
Fábio constatando isso, tratou de satisfazer o gosto da mãe, e aos poucos, sem que ela percebesse, pagou pela festa.
Dona Irene, quando tomou conhecimento do fato, ficou muito feliz.
Contudo, faltava o mais importante.
Quem seria sua companhia no baile?
Fábio não havia ainda obtido a resposta de Leonora.
Desanimado, já nem acreditava mais que iria obter uma resposta.
Nisso, depois de algum tempo, eis que surge Leonora, que depois de conversar com os pais, revelou que Fábio a pediu em namoro.
Dona Leonilde ficou surpresa com a novidade, mas Seu Clóvis, não ficou nem um pouco satisfeito com isso.
Alegando que ele era mais velho e seu professor, perguntou diversas vezes a filha se ele a tinha obrigado a tomar esta atitude.
Leonora pacientemente respondeu que não.
Sua mãe então, tentando se recompor, ao perceber que ela estava decidida, resolveu aceitar o namoro.
Devidamente convencida por sua filha, Dona Leonora acabou concordando.
Muito embora não fosse exatamente o que queria para a filha, comentou que quem iria namorá-lo era ela, uma moça, e não uma senhora experiente.
Além disso, Leonora era ainda muito jovem para se envolver seriamente com alguém.
Com isso, acreditando que aquele namoro não iria durar muito, resolveu não se opor.
Já Clóvis, demorou um pouco mais para se convencer.
Desapontado com a escolha da filha, comentou que ela era ainda muito nova para arrumar namorados, ainda mais um professor mais velho.
Leonora então, tentando explicar, utilizou todos os argumentos que estavam a seu alcance usar.
Porém, muito embora tenha se empenhado em convencê-lo, não fosse a intervenção de Leonilde, Leonora não conseguiria resolver a situação.
Mas sua mãe, usando de paciência e persistência, acabou vencendo-o pelo cansaço.
Argumentando que o namoro poderia não durar, já que a moça era ainda muito jovem, Leonilde então, convenceu-o a deixar Leonora a namorar Fábio.
E assim, depois de algum tempo, finalmente Leonora foi se encontrar com Fábio e dizendo que já tinha a resposta, encheu-se de coragem para dizê-la.
Nisso Fábio, que estava bastante ansioso, pediu para que ela respondesse logo.
Leonora então, respondeu:
-- Sim, eu aceito. Aceito namorar você.
Fábio ao ouvir a resposta, ficou bastante satisfeito.
Tão satisfeito que a carregou no colo e feliz, não parou de comemorar.
Com isso, a polícia, que já estava há bastante tempo no encalço do estranho que vivia cercando Leonora, descobriu que o mesmo não passava de engraçadinho que, querendo assustar a moça, ficava a seguindo.
Quando finalmente apresentaram o rapaz, seus pais, Dona Leonilde e Seu Clóvis, – que fizeram questão de conhecer o sujeito – tiveram uma grande surpresa.
Isso por que ao saberem de quem se tratava, Seu Clóvis, estupefato, descobriu que de um conhecido seu.
Dona Leonilde, que também conhecia o sujeito, resolveu contar então a história.
O delegado atento, ouviu tudo.
O sujeito anos atrás, fora subordinado de Clóvis, na empresa em que este trabalhava.
Um dia, resolveu sair do emprego acreditando que estaria melhor se tivesse seu próprio negócio.
Com isso arriscou-se, e empregando todas as suas economias em um comércio, perdeu, depois de quase três anos de atividade, tudo o que investiu.
Não bastasse isso, fez inúmeras dívidas e ameaçados pelos credores, foi até o setor onde Clóvis trabalhava e ameaçando-o, jurou que iria se vingar dele.
Alegando que fora Clóvis que o incentivara a sair de seu emprego, jurou que não deixaria por menos.
Segundo Leonilde, o marido ficou assustado, mas depois de algum tempo, acabou se esquecendo da história.
Tanto que mesmo sabendo que filha tinha sido seguida por um estranho, por diversas vezes, nem por um momento atinaram que ele poderia ser o autor disso.
O delegado então, conversando com o sujeito, acabou descobrindo que ele tencionava raptar a moça, e visando vingar-se do ex-patrão, matá-la.
Ercílio, argumentando que o patrão o insuflara a se demitir, insistiu em dizer, que depois que faliu e ficou endividado, nunca mais conseguiu emprego.
Assim, ele tinha que tomar uma atitude com relação a Clóvis.
Clóvis então, contou a filha, que o estranho que a importunara era um antigo subordinado seu. Leonora, ao ouvir a história, ficou chocada.
Consoante o relato de seu pai, não havia motivo nenhum para ele querer se vingar de sua família.
Contudo, como se tratava de uma mente doentia, para ele, a razão de todo o seu infortúnio partira de Clóvis.
A moça, percebendo que seu pai, se sentia culpado por tudo que havia acontecido a ela, tentando deixá-lo aliviado, comentou que ele não tinha como prever uma atitude dessas.
Mesmo assim, isso não o deixou mais calmo.
Seu Clóvis só se aquietou quando soube que o sujeito, em razão de graves perturbações mentais, foi internado em uma clínica psiquiátrica.
Enquanto isso, Leonora, convidada para ser madrinha de Fábio, acompanhou-o até seu baile de formatura.
Dona Irene, orgulhosa do filho, apreciou a festa.
Durante a cerimônia de entrega dos diplomas, Fábio, nomeado orador do grupo, agradeceu a mãe pela conclusão do curso.
Dizendo que sem ela não teria terminado os estudos, comentou que era um exemplo de mulher guerreira e batalhadora.
Depois no baile, abandonando a beca tradicional, o rapaz aproveitou para dançar com Leonora.
E dançou.
Bailando ao som das músicas, dançaram e sonharam a noite inteira.
“Das voltas que eu dei no mundo
Nas voltas que o mundo deu
Passaram tantas coisas
Só quem sobrou fui eu...”
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Contudo, não seria nada fácil convencê-la, de que eles deveriam ficar juntos.
Isso por que, em razão do fato dela ser sua aluna, as coisas ficavam ainda mais complicadas.
Mas o rapaz, investido de coragem, resolveu finalmente revelar a moça tudo o que se passava com ele.
Assim, por se tratar de um encontro muito importante, Fábio escolheu sua melhor roupa.
Quando entrou no quarto, Dona Irene, viu seu filho escolhendo o que vestir, e ficou desconfiada.
Perguntando onde ele iria todo arrumado daquele jeito, o rapaz respondeu que iria dar uma volta por aí.
Irene então, percebendo do que se tratava, não fez mais perguntas.
Fábio ao decidir sobre o que iria vestir, foi até o banheiro.
Quando voltou estava todo arrumado. Até perfume havia colocado.
Irene, percebendo a expressão apreensiva do filho, não fez nenhum comentário.
Mas, acreditando que ele iria se declarar a Leonora, desejou-lhe boa sorte.
Depois de ouvir as palavras da mãe, foi se encontrar com a moça.
Caminhando foi até sua casa.
Ao chegar lá foi avisado por Dona Leonilde que sua filha se encontrava na praça, conversando com suas amigas.
Fábio, agradeceu a mulher, e dizendo que tinha algo de muito importante para conversar com Leonora, respondeu que não podia entrar.
A seguir, o rapaz caminhou até a praça.
Lá encontrou Leonora conversando com Sabrina, Sandra e Fabíola.
Sandra e Sabrina, que estavam a algum tempo namorando Caio e Felipe, já não falavam tanto do professor.
Muito embora o considerassem bonito, encantadas que estavam com seus respectivos namorados, tinham mais a contar sobre eles, do que qualquer outra coisa.
Fabíola por sua vez, paquerando Rogério, já não implicava tanto com as amigas.
Mas as três, curiosas, sempre que se encontravam com Leonora, perguntavam-lhe como estava indo sua relação com o professor.
Leonora porém, incomodada com as perguntas, sempre respondia que os dois eram apenas amigos e que quanto a isso não havia nada demais.
Contudo, a despeito do que a moça dizia, nenhuma das três estava convencida de que tudo aquilo era apenas amizade.
As demais garotas do colégio, ao saber que os dois estavam assim tão próximos, não paravam de fazer comentários, e invejosas, diziam que aquele grude não iria demorar muito.
Leonora no entanto, não estavam nem um pouco preocupada com o que os outros pensavam de sua amizade com Fábio.
Porém, o fato de só falarem nisso, a incomodava profundamente.
Por isso mesmo, dizendo que gostaria de ficar um pouco sozinha, distanciou-se das amigas e caminhando pela praça, finalmente encontrou Fábio que há bastante tempo, a observava.
A moça, quando viu o rapaz a observando, levou um susto.
Fábio, ao perceber que a havia assustado, pediu desculpas.
A seguir, ansioso, comentou com ela que tinha algo muito sério a lhe falar.
Leonora ficou tensa.
O rapaz então, constatando que não tinha mais como voltar atrás, comentou que há muito tempo nutria um sentimento de admiração por ela.
Seu afinco aos estudos, sua dedicação, sua presença de espírito, eram dados de sua personalidade muito marcantes segundo ele.
Além disso, extremamente simpática, tratava a todos com igual cordialidade.
Leonora, ao ouvir as palavras elogiosas, agradeceu.
Fábio prosseguiu.
Muito embora aquelas não fosse suas únicas qualidades, eram com certeza as mais marcantes.
Dizendo porém, que apesar disso ainda tinha muito o que saber a seu respeito, comentou que adoraria conhecê-la melhor.
Leonora ao ouvir isso, corou de vergonha.
Fábio percebendo isso, segurou suas mãos, e dizendo que ela não devia ficar envergonhada, comentou que não estava dizendo nada daquilo para encabulá-la.
Pelo contrário.
O que ele estava tentando dizer, era que há muito tempo há admirava.
Admirava e lhe tinha carinho.
Muito embora fosse um sentimento terno, era muito mais do que amizade.
A moça, percebendo então a intenção do rapaz, tentou sair dali, mas Fábio, segurando-a pelas mãos, pediu para que ela ao menos terminasse de ouvi-lo.
Se depois, ela nunca mais o quisesse ver, ele entenderia.
Leonora então, desconcertada, prometeu que ouviria tudo o que tinha a dizer.
Fábio continuou a falar.
Dizendo que estava apaixonado por ela, comentou que tudo o que ela fazia era especial para ele.
Encantado com seu jeito delicado de ser, Fábio comentou que tudo o que ela fazia era encantador, desde o modo de andar, de falar, e até de se vestir.
Leonora sem jeito, só fazia ouvir o que o rapaz falava.
Fábio enchendo-se de coragem, ao perceber que deixara a moça perplexa, perguntou a ela se depois que o ano terminasse e que o fato dele ser professor e ela aluna, deixasse de interferir na relação, se ela aceitaria namorá-lo.
Leonora, atônita com o pedido, pediu ao rapaz, um tempo para pensar.
Fábio, percebendo que deixara a moça desconcertada, aceitou conceder algum tempo para que ela refletisse sobre o assunto.
Enquanto isso, as aulas no colégio, prosseguiram.
Tanto na escola quanto na faculdade, faltavam poucas semanas para o término do ano letivo.
Com as provas se aproximando, todos só queriam saber de estudar.
E assim foi.
Leonora, Sandra, Fabíola, Rogério, Caio, Felipe e Sabrina, montaram um grupo de estudos e se debruçaram sobre os livros.
O resultado não podia ser melhor.
Em razão da dedicação aos estudos, todos foram aprovados.
Fábio em seu curso superior, também logrou êxito.
Seus colegas de curso, também.
Quando Dona Irene soube da aprovação do filho, foi logo cumprimentá-lo pelo feito.
Muito embora soubesse da dedicação do filho aos estudos, sabia também que não era nada fácil manter as boas notas.
Como esposa e mãe de professores, sabia que o mistério do saber reside no simples fato de que não se pode ensinar as pessoas a como aprender.
Assim, aprender não é fácil, e é algo que exige dedicação.
Esta é a única coisa que pode ser ensinada a quem quer aprender.
Os outros segredos só quem se dedica irá descobrir.
Assim, sabendo disso, tratou de elogiar o filho.
Fábio agradeceu.
Irene então, retomando o assunto da formatura, sem discutir ou se indispor com o filho, comentou que gostaria de celebrar este grande momento.
Fábio constatando isso, tratou de satisfazer o gosto da mãe, e aos poucos, sem que ela percebesse, pagou pela festa.
Dona Irene, quando tomou conhecimento do fato, ficou muito feliz.
Contudo, faltava o mais importante.
Quem seria sua companhia no baile?
Fábio não havia ainda obtido a resposta de Leonora.
Desanimado, já nem acreditava mais que iria obter uma resposta.
Nisso, depois de algum tempo, eis que surge Leonora, que depois de conversar com os pais, revelou que Fábio a pediu em namoro.
Dona Leonilde ficou surpresa com a novidade, mas Seu Clóvis, não ficou nem um pouco satisfeito com isso.
Alegando que ele era mais velho e seu professor, perguntou diversas vezes a filha se ele a tinha obrigado a tomar esta atitude.
Leonora pacientemente respondeu que não.
Sua mãe então, tentando se recompor, ao perceber que ela estava decidida, resolveu aceitar o namoro.
Devidamente convencida por sua filha, Dona Leonora acabou concordando.
Muito embora não fosse exatamente o que queria para a filha, comentou que quem iria namorá-lo era ela, uma moça, e não uma senhora experiente.
Além disso, Leonora era ainda muito jovem para se envolver seriamente com alguém.
Com isso, acreditando que aquele namoro não iria durar muito, resolveu não se opor.
Já Clóvis, demorou um pouco mais para se convencer.
Desapontado com a escolha da filha, comentou que ela era ainda muito nova para arrumar namorados, ainda mais um professor mais velho.
Leonora então, tentando explicar, utilizou todos os argumentos que estavam a seu alcance usar.
Porém, muito embora tenha se empenhado em convencê-lo, não fosse a intervenção de Leonilde, Leonora não conseguiria resolver a situação.
Mas sua mãe, usando de paciência e persistência, acabou vencendo-o pelo cansaço.
Argumentando que o namoro poderia não durar, já que a moça era ainda muito jovem, Leonilde então, convenceu-o a deixar Leonora a namorar Fábio.
E assim, depois de algum tempo, finalmente Leonora foi se encontrar com Fábio e dizendo que já tinha a resposta, encheu-se de coragem para dizê-la.
Nisso Fábio, que estava bastante ansioso, pediu para que ela respondesse logo.
Leonora então, respondeu:
-- Sim, eu aceito. Aceito namorar você.
Fábio ao ouvir a resposta, ficou bastante satisfeito.
Tão satisfeito que a carregou no colo e feliz, não parou de comemorar.
Com isso, a polícia, que já estava há bastante tempo no encalço do estranho que vivia cercando Leonora, descobriu que o mesmo não passava de engraçadinho que, querendo assustar a moça, ficava a seguindo.
Quando finalmente apresentaram o rapaz, seus pais, Dona Leonilde e Seu Clóvis, – que fizeram questão de conhecer o sujeito – tiveram uma grande surpresa.
Isso por que ao saberem de quem se tratava, Seu Clóvis, estupefato, descobriu que de um conhecido seu.
Dona Leonilde, que também conhecia o sujeito, resolveu contar então a história.
O delegado atento, ouviu tudo.
O sujeito anos atrás, fora subordinado de Clóvis, na empresa em que este trabalhava.
Um dia, resolveu sair do emprego acreditando que estaria melhor se tivesse seu próprio negócio.
Com isso arriscou-se, e empregando todas as suas economias em um comércio, perdeu, depois de quase três anos de atividade, tudo o que investiu.
Não bastasse isso, fez inúmeras dívidas e ameaçados pelos credores, foi até o setor onde Clóvis trabalhava e ameaçando-o, jurou que iria se vingar dele.
Alegando que fora Clóvis que o incentivara a sair de seu emprego, jurou que não deixaria por menos.
Segundo Leonilde, o marido ficou assustado, mas depois de algum tempo, acabou se esquecendo da história.
Tanto que mesmo sabendo que filha tinha sido seguida por um estranho, por diversas vezes, nem por um momento atinaram que ele poderia ser o autor disso.
O delegado então, conversando com o sujeito, acabou descobrindo que ele tencionava raptar a moça, e visando vingar-se do ex-patrão, matá-la.
Ercílio, argumentando que o patrão o insuflara a se demitir, insistiu em dizer, que depois que faliu e ficou endividado, nunca mais conseguiu emprego.
Assim, ele tinha que tomar uma atitude com relação a Clóvis.
Clóvis então, contou a filha, que o estranho que a importunara era um antigo subordinado seu. Leonora, ao ouvir a história, ficou chocada.
Consoante o relato de seu pai, não havia motivo nenhum para ele querer se vingar de sua família.
Contudo, como se tratava de uma mente doentia, para ele, a razão de todo o seu infortúnio partira de Clóvis.
A moça, percebendo que seu pai, se sentia culpado por tudo que havia acontecido a ela, tentando deixá-lo aliviado, comentou que ele não tinha como prever uma atitude dessas.
Mesmo assim, isso não o deixou mais calmo.
Seu Clóvis só se aquietou quando soube que o sujeito, em razão de graves perturbações mentais, foi internado em uma clínica psiquiátrica.
Enquanto isso, Leonora, convidada para ser madrinha de Fábio, acompanhou-o até seu baile de formatura.
Dona Irene, orgulhosa do filho, apreciou a festa.
Durante a cerimônia de entrega dos diplomas, Fábio, nomeado orador do grupo, agradeceu a mãe pela conclusão do curso.
Dizendo que sem ela não teria terminado os estudos, comentou que era um exemplo de mulher guerreira e batalhadora.
Depois no baile, abandonando a beca tradicional, o rapaz aproveitou para dançar com Leonora.
E dançou.
Bailando ao som das músicas, dançaram e sonharam a noite inteira.
“Das voltas que eu dei no mundo
Nas voltas que o mundo deu
Passaram tantas coisas
Só quem sobrou fui eu...”
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
DAS VOLTAS DO MUNDO - CAPÍTULO 13
Irene no entanto, mesmo diante da irritação do filho, sabia perfeitamente que a relação
dos dois, levaria a algo mais do que uma simples amizade.
Sim, por que, sendo os dois tão próximos, era evidente que um gostava muito do outro.
Não bastassem as evidências, foi só Leonora aparecer para visitar o rapaz, para que Fábio melhorasse a olhos vistos.
Até Dona Irene, uma experiente dona de casa, ficou surpresa com o restabelecimento tão rápido do filho.
Com isso, no dia seguinte, o rapaz estava pronto para trabalhar.
Irene, ao vê-lo de pé, pronto para ir trabalhar, quis logo lhe passar uma admoestação.
Fábio então, explicando a mãe que não estava mais com febre, insistiu em trabalhar.
Dona Irene cautelosa, ao ouvir a afirmação do filho, foi logo pondo a mão em sua têmpora.
Ao perceber que Fábio não estava com febre, Irene concordou em que o filho.
Sim, se ele não tinha febre, não havia problema nenhum.
Assim, lá foi ele até a escola, ministrar aulas.
As moças, ao perceberem que o professor havia voltado, ficaram exultantes.
Quem não ficou muito feliz com a novidade, foram os meninos.
Para eles, a volta do professor não era nenhuma novidade.
Assim, lá se foi mais um dia de aulas.
A noite, como era de costume, Fábio foi até a faculdade.
Seus colegas, ao verem-no, foram logo perguntando por que ele havia faltado no outro dia.
Fábio respondeu que por conta do temporal de dias atrás, acabou pegando um resfriando.
Ao tomarem conhecimento do ocorrido, os colegas comentaram que mesmo com sua ausência, continuaram organizando o trabalho.
Fábio ao ouvir isso, comentou que não havia problema, já que o dia da apresentação estava próximo. Foi então, que retomando de onde haviam parado, o grupo continuou organizando o trabalho.
Combinando entre si, como seria a apresentação, deixaram até, de assistir as primeiras aulas.
Com o final do ano, contudo, precisavam tomar cuidado.
Isso por que, era agora que tudo ficaria mais complicado.
Desta forma, Fábio precisava evitar ao máximo, perder aulas.
Atento, depois disso, não faltou mais.
Cuidadoso como sempre, assim que voltou para casa, preparou para separar mais alguns livros para ler.
Nos dias seguintes, não parou de estudar um só minuto.
Isso por que, sequioso de fazer um ótima apresentação, não queira deixar nem um detalhe sequer de lado.
E assim, preparou-se cuidadosamente para a apresentação.
Leonora, nessa época, pronta para auxiliá-lo, sempre que encontrava algo referente ao assunto do trabalho, entregava ao rapaz, para que o lesse.
Fábio, agradecido pelo empenho da moça, aceitava sua ajuda.
Com isso, ao fim de algum tempo, finalmente o rapaz estava preparado para a apresentação.
No aludido dia, o rapaz, assim como seus colegas de grupo, aproveitaram para chegar um pouco antes a faculdade.
Preparando a sala para a apresentação, Fábio e o grupo, começaram a arrumar as cadeiras para que todos pudessem ficar sentados.
Quando a turma entrou na classe e o professor Marcílio fechou a porta, se deu início a apresentação do trabalho.
Fábio então, tomando fôlego, começou a falar de Napoleão Bonaparte.
Cuidadoso, começou falando primeiro do Golpe do Dezoito Brumário.
Inicialmente Fábio comentou que no Egito, a campanha de Napoleão, não alcançou o êxito esperado.
Foi exatamente nesse momento que Bonaparte, recebeu notícias sobre a formação de uma segunda Coligação de Nações contra a França e sobre as sucessivas derrotas infligidas pelos países absolutistas e pela Inglaterra ao exército francês.
E também foi informado acerca da fragilidade do governo do Diretório que, não conseguindo controlar a inflação, dava lugar a agitações.
Reinava então na França, um clima de descontentamento e a cada dia a situação interna se agravava.
Um anúncio publicado nessa oportunidade em um jornal parisiense expressava o desejo de um grande número de Franceses:
‘A França deseja qualquer coisa de grande e durável. (...) Não quer a realeza que está proscrita, mas quer a unidade. (...) Deseja que seus representantes sejam conservadores pacíficos e não inovadores turbulentos’.
Bonaparte compreende então, ter chegado a hora e a vez de desempenhar na França o papel com que tanto sonhara.
Conseguindo burlar a vigilância dos navios ingleses ancorados na costa do Egito, ele desembarca na França.
Destarte, comentando que a situação era extremamente grave na França, Fábio, ressaltou que a burguesia, com o passar do tempo, foi se esquecendo de suas idéias de liberdade.
Com isso, passou a clamar por um governo forte para restaurar a lei e a ordem.
Para piorar, as condições sociais se agravavam com as derrotas do exército francês frente aos ingleses e austríacos que haviam lutado contra a França.
Napoleão Bonaparte encontrava-se no Egito, mas havia deixado seus agentes para que criassem condições políticas, propicias a um golpe de Estado.
Para a grande maioria dos Franceses, somente um governo forte salvaria o país da situação de crise e de derrota que se encontrava.
E foi assim, que ele desembarcou na França, acompanhado de alguns homens.
A caminho de Paris, por onde passava, recebia ovações que o reconheciam como a solução mais adequada para a França naquele momento.
Esse reconhecimento no entanto, ele não recebeu dos deputados que, reunidos na Assembléia dos Quinhentos, procurava uma saída para as crises.
Protestos como Fora-da-lei, foram os votos de ‘boas vindas’, que Napoleão ouviu da Assembléia e que o obrigou a dela se retirar.
Diante disso, no dia 10 de novembro de 1799 (O 18 Brumário no novo calendário), Napoleão voltou do Egito, e em acordo com dois membros do Diretório, dissolveu o órgão do governo e instituiu o Consulado.
No lugar do Diretório, criou-se então o governo do qual participavam, além de Napoleão, Roger Ducos e o Abade de Sieyès.
A constituição do Diretório foi substituída por um novo documento constitucional no qual desaparecia a Declaração dos Direitos.
O governo de Napoleão, estabelecido com o Golpe do 18 Brumário, acabou com os projetos políticos-liberais e de descentralização.
Foi desta forma que se deu início ao período Napoleônico da famosa Revolução Francesa, que consolidou o poder da burguesia. A qual ansiava por um lugar de destaque na sociedade.
Lugar que antes era ocupado pelos nobres.
Ao começar a Revolução, Napoleão – nascido em Ajaccio, na Ilha da Córsega, de uma família de pequena nobreza arruinada – a ela aderiu prontamente, influenciado por escritores Iluministas.
Tendo se iniciado nas artes de militares de artilharia, ele dá continuidade a sua carreira em meio esse clima de conflito.
Muito embora tenha inicialmente posicionado-se contrariamente aos Jacobinos, mais tarde os apóia.
E é nessa oportunidade, coincidentemente que ele ascende aos altos postos do exército Francês.
Em agosto de 1793, o Porto de Toulon, ao sul da França, se encontrava nas mãos dos ingleses, que lideravam uma coligação de nações contra o país.
Era a imprescindível para a sobrevivência da Revolução, a retomada desse porto.
O Comitê de Salvação Pública do governo jacobino nomeou o General Dugomier – que tinha como assistente o Capitão Napoleão Bonaparte – para executar essa tarefa.
Napoleão propõe ao seu superior um plano, que é aceito, para libertar a cidade portuária: os canhões, dispostos estrategicamente, abrem um impiedoso fogo de artilharia em direção ao inimigo que, não suportando, parte em retirada com seus navios.
Esta importante vitória concede ao jovem militar – com apenas vinte e quatro anos – o posto de General-de-Brigada.
É justamente nessa oportunidade que Napoleão declara sua irrestrita solidariedade aos Jacobinos.
O Golpe de 9 Termidor, em 1794, derruba os Jacobinos.
Pego de surpresa, Napoleão é detido como simpatizante das tendências mais radicais, permanecendo por algum tempo afastado do cenário político-militar.
Até que uma rebelião realista, com a intenção de restaurar a monarquia, eclode, e o Governo Termidoriano designa Napoleão para sufocá-la.
Pelo êxito alcançado, a República é salva do perigo e Napoleão, aclamado herói, é nomeado General-de-Divisão e Chefe dos Exércitos do Interior.
Contava então com apenas vinte e seis anos de idade.
Apesar de salva do perigo monarquista, a República continuava sentindo-se ameaçada, desta vez por aqueles que comungam dos ideais Jacobinos: os grupos de esquerda que ainda pretendiam estabelecer um governo popular.
Barras, um dos dirigentes do Diretório, solicita a Bonaparte que feche o Panteon, Clube dos Revolucionários, no que é prontamente atendido.
Assim, com a mesma frieza com que esmagou a revolta de direita dos realistas, Napoleão inviabiliza a articulação de grupos de esquerda.
Sua ambição pelo poder sempre falou mais alto e o levou a abrir mão de qualquer compromisso ideológico.
E até em sua vida particular se encontra vestígios desse seu oportunismo: casou-se com Josefina, cuja relação íntima com Barras alcançou notoriedade.
Novamente a República se vê ameaçada por uma coligação de nações, incluindo-se entre elas sua tradicional inimiga, a Inglaterra, e alguns estados italianos como Piemonte e Sardenha.
A Áustria lidera a ofensiva, iniciando operações no norte da Itália com o objetivo de alcançar o sul da França.
Acreditando que o êxito se repetiria, Napoleão é nomeado comandante dos exércitos na Itália.
Ocorre no entanto, que as melhores tropas francesas estão lutando a leste, no Reno, e a Napoleão cabe comandar tropas totalmente desorganizadas pela indisciplina de seus soldados.
Mas o grande militar sabia tirar proveito até de situações aparentemente desfavoráveis como esta.
Antes de iniciar sua campanha, Napoleão conclama seus aliados:
‘Soldados, estais nus, mal nutridos. Vou conduzir-vos às mais férteis planícies do mundo. Ricas províncias, grandes cidades vos esperam; ali encontrareis honra, glória e riqueza’.
Lançando mão de seu prestígio pessoal e do vertiginoso sucesso de sua carreira militar, ele persuade seus subordinados a obter, através de batalhas militares, vantagens pessoais.
Dessa forma, inicia-se com Napoleão um novo conceito de guerra.
Já não se trava uma luta em nome da pátria ameaçada, mas pela conquista de bens, de riquezas, através de pilhagens.
Já não se lutava por ideal, mas em nome de um superior, que oferecia recompensas.
Irrompendo impetuosamente pela Itália, as tropas de Bonaparte impuseram sucessivas derrotas aos Austríacos e Italianos.
A partir do sul da Itália, ele alcança Roma e, finalmente, em 18 de outubro e 1797, obriga a Áustria a assinar o Tratado de Campo Fórmio, através do qual ela cede a Bélgica, a Lombardia e parte do território da margem esquerda do Rio Reno, à França.
Após esse episódio a popularidade de Napoleão, cresce vertiginosamente e, quando volta a Paris, é recebido com intenso entusiasmo.
Mas o inquebrantável inimigo – a Inglaterra – ainda não havia sido derrotado.
Animado pelos sucessos anteriores, Bonaparte queria ser o autor de mais essa grande façanha.
E, percebendo ser impossível invadir a Inglaterra enquanto a marinha francesa não fosse suficientemente forte para sobrepujar a armada britânica, apresentou um plano para atacá-la na origem de seu poder, no local de onde provinha toda a sua riqueza.
Ou seja, no Oriente, no Egito e, depois, nas Índias.
Impressionado com a proposta, o Diretório concedeu, imediatamente, seu beneplácito.
Do Consulado ao Império.
Nesse período, a primeira tarefa do governo foi resolver as pendências externas, o que fez celebrando tratados e acordos de paz em separado com cada uma das nações que se compunham a coligação, com exceção da Rússia que, em 1799, já havia se afastado da guerra.
Em conseqüência da derrota dos Austríacos pelos exércitos franceses, na Batalha de Marengo, ao norte da Itália, Viena assina com este país, o Tratado de Paz de Luneville, em 1801, através do qual é reconhecida a soberania francesa.
Com Inglaterra em 1802, é celebrado o Tratado de Paz de Amiens, marco de grande êxito na política napoleônica, na medida em que nesse acordo a Inglaterra renuncia a algumas de suas conquistas coloniais.
Alcançada uma relativa tranqüilidade na frente externa, tratava-se, então, de se buscar uma solução para os conflitos internos.
Sua primeira tentativa é obter legitimidade para o novo governo.
Nesse sentido, fez aprovar o plebiscito para a constituição que institucionalizava o Consulado como Poder Executivo e criava um Tribunal, um Conselho de Estado, um Legislativo e um Senado.
Mas, sem dúvida, alguma, o poder era efetivamente exercido pelo Consulado, especialmente pelo próprio Napoleão que se fez nomear primeiro Cônsul.
Com o objetivo de regulamentar as relações sociais e controlar a vida política, moral e ideológica da nação, é elaborado o Código de Napoleônico, uma verdadeira bíblia que pretendia dar conta de todas as instâncias da sociedade.
Este instrumento jurídico, se por um lado reforçava o direito à propriedade privada, por outro dispensava pouca atenção às questões de trabalho, chegando a proibir as greves.
O tratamento que conferia às mulheres era de total subordinação aos homens.
O novo governo tentou também estabilizar a situação financeira do país: criou o Banco da França, uma nova moeda – que se tornaria a mais forte de toda a Europa Continental –, e organizou um novo e melhor sistema de impostos.
Preocupou-se igualmente com a educação, criando novas escolas, principalmente escolas normais, que deviam se reportar ao Estado.
Em 1804, exercendo um completo controle da vida política, Napoleão, testaria sua popularidade.
Compreendendo a enorme importância da propaganda e da comunicação – motivo pelo qual exercia violenta censura aos jornais que se opunham a ele.
Nesse período também se utilizou de recursos para promover outro plebiscito, cujos resultados lhe são bastante favoráveis.
Assim, legitimado, fez-se coroar imperador dos franceses.
Com isso, após um breve período de trégua, a Inglaterra reiniciou as hostilidades.
A justificativa para o reinicio da guerra foi o fato de a França ter adotado uma política protecionista, prejudicando assim os interesses do comércio britânico.
Pela terceira vez, lidera uma coligação da qual participam também a Rússia, a Áustria e a Suécia.
Para enfrentá-la a França se une à Espanha, cujos exércitos são derrotados pela esquadra inglesa em Trafalgar, em 1805.
Em compensação, os exércitos franceses, em terra, derrotam espetacularmente os Austríacos na Batalha de Austerlitz, em dezembro desse mesmo ano.
Em decorrência disso, a Áustria se retira da coligação.
Forma-se, a seguir, a Confederação do Reno, como resultado da União de vários pequenos estados Alemães: é um dos sinais de que a Alemanha dava os primeiros passos no sentido da sua unificação e modernização.
Desaparecia, assim, o Sacro Império Romano-Germânico.
Em 1806 a Prússia se levantou contra Napoleão e, para combatê-lo, se aliou à Rússia, cujo exército é derrotado pelos franceses.
Napoleão parecia invencível.
Contudo, existia ainda um poderoso inimigo a ser vencido: a Inglaterra.
Consciente da supremacia militar deste país, Bonaparte deslocaria a guerra para o campo econômico: organizou o Bloqueio Continental, de 1806.
Com esta medida, Napoleão pensava atingir a nação inimiga em um ponto crucial para o seu desenvolvimento, ou seja, impedindo o livre acesso deste país com as outras nações.
Com o intuito de que a Rússia assumisse a mesma postura frente à Inglaterra, Bonaparte obriga este país, que acabava de derrotar, a assinar o Tratado de Paz de Tilsit.
É necessário destacar o habilidoso papel que o ministro das relações exteriores, Talleyrand, desempenhou nesse período.
São importantes as conseqüências que o Bloqueio Continental acarretou não só para a Europa – que se encontrava toda ela sob o domínio de Napoleão (embora houvesse movimentos de resistência: caso da Espanha, por exemplo, que organizou guerrilhas para expulsar o invasor) –, como também para a América Latina, onde as colônias, cujas metrópoles se encontravam enfraquecidas pela luta contra as fortes pressões exercidas pelos franceses, iniciaram seu processo de independência.
Inicialmente as medidas adotadas por Napoleão para enfraquecer a Inglaterra economicamente surtiram o efeito desejado.
Mas, com o decorrer do tempo, tornavam-se inofensivas.
Organizando um eficiente sistema de contrabando, os ingleses burlavam o bloqueio e conseguiam vender suas mercadorias.
Um outro fator contribuiu para o enfraquecimento dessa ofensiva: o fato de a indústria francesa não ser capaz de cobrir a demanda do continente.
Pouco a pouco, as atividades dos portos começaram a diminuir, chegando a ponto de não suprir, sequer, a necessidade de matérias-primas.
Dessa forma, os países Europeus conquistados por Napoleão utilizaram-se dos ensinamentos sobre modernização e liberdade veiculados pelos exércitos franceses e deles se aproveitaram para expulsar o invasor.
O ano de 1812 marca o início do declínio do Império Napoleônico, que até então reinava absoluto por quase toda a Europa.
Foi nesse ano que a Rússia rompeu o Pacto do Bloqueio e, em represália, Napoleão invadiu este país.
E aquilo que, de início, parecia ser mais uma das invencíveis campanhas, logo depois se apresentava como uma grande catástrofe.
Inicialmente o povo Russo não ofereceu resistência, mas, quando começou a combater tenazmente o invasor, durante o rigoroso inverno, os Franceses partiram em retirada.
Em dezembro de 1812, dos seiscentos mil soldados que haviam invadido este país restaram apenas trinta mil.
Animados com a vitória russa, os outros países começam a se mobilizar.
Em setembro de 1813, os exércitos franceses são derrotados pelos Russos, Austríacos e Prussianos na Batalha de Leipzig.
Com o intuito de se recompor, Napoleão vai até o Reno, mas as dificuldades econômicas o impedem de prosseguir.
Em 1814, o grande exército formado pela Inglaterra, Rússia, Áustria e Prússia invade a França e impõe uma derrota definitiva ao exército do invencível general.
Liderado por Talleyar, um governo provisório é criado e Napoleão é deposto e desterrado para a Ilha de Elba.
A monarquia é restaurada e Luís XVIII, irmão do rei guilhotinado no auge da Revolução Francesa, sobe ao trono.
Napoleão tenta mais uma vez, desesperadamente, retomar o poder: foge de Elba e chega à França, onde é recebido com ovações.
O período de sua permanência ficou conhecido como os Cem Dias.
Nessa oportunidade ele tenta reorganizar os exércitos, mas é definitivamente derrotado na Batalha de Waterloo pelos Ingleses e Prussianos, em 17 de junho de 1815.
Napoleão novamente é desterrado e Luís XVIII, que havia fugido, volta ao trono.
Nisso, Fábio, comentou que para se pensar no papel histórico de Napoleão, era importante compreender as necessidades da nova classe que surgia, a burguesia, cuja consolidação ocorreu durante o processo revolucionário.
Amedrontada com os rumos desse processo, e temendo que o poder escapasse de suas mãos, ela sentiu necessidade de que alguém desse sustentação às suas conquistas.
Alguém que assegurasse o direito à propriedade, que consolidasse a liberdade de comércio.
Napoleão correspondeu aos anseios dessa nova classe.
Mas essa necessidade era momentânea.
Derrubados os últimos vestígios do Feudalismo, no novo cenário já não havia lugar para o personagem Napoleão.
Com isso, Fábio, ao terminar a explanação recebeu aplausos de toda a sala.
O professor Marcílio, encantado com a apresentação, decidiu dar a nota máxima ao trabalho do grupo.
O rapaz feliz, assim que pôde, foi contar a novidade a mãe.
Dona Irene, orgulhosa do filho, comentou que para ela, não era nenhuma surpresa tal fato, dada a dedicação que o mesmo tinha aos estudos.
Quanto então Leonora tomou conhecimento do fato, empolgada, deu um longo abraço no amigo.
Fábio aproveitou ao máximo o gesto de carinho da moça.
Porém, quando ela percebeu que o havia feito, tratou de pedir desculpas.
Tentando se explicar, não sabia o que dizer.
Fábio, alegando que não havia problema nenhum, comentou que adorou o abraço.
Feliz, chegou até a retribuir o gesto.
Foi assim que as coisas começaram a fluir entre eles.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Sim, por que, sendo os dois tão próximos, era evidente que um gostava muito do outro.
Não bastassem as evidências, foi só Leonora aparecer para visitar o rapaz, para que Fábio melhorasse a olhos vistos.
Até Dona Irene, uma experiente dona de casa, ficou surpresa com o restabelecimento tão rápido do filho.
Com isso, no dia seguinte, o rapaz estava pronto para trabalhar.
Irene, ao vê-lo de pé, pronto para ir trabalhar, quis logo lhe passar uma admoestação.
Fábio então, explicando a mãe que não estava mais com febre, insistiu em trabalhar.
Dona Irene cautelosa, ao ouvir a afirmação do filho, foi logo pondo a mão em sua têmpora.
Ao perceber que Fábio não estava com febre, Irene concordou em que o filho.
Sim, se ele não tinha febre, não havia problema nenhum.
Assim, lá foi ele até a escola, ministrar aulas.
As moças, ao perceberem que o professor havia voltado, ficaram exultantes.
Quem não ficou muito feliz com a novidade, foram os meninos.
Para eles, a volta do professor não era nenhuma novidade.
Assim, lá se foi mais um dia de aulas.
A noite, como era de costume, Fábio foi até a faculdade.
Seus colegas, ao verem-no, foram logo perguntando por que ele havia faltado no outro dia.
Fábio respondeu que por conta do temporal de dias atrás, acabou pegando um resfriando.
Ao tomarem conhecimento do ocorrido, os colegas comentaram que mesmo com sua ausência, continuaram organizando o trabalho.
Fábio ao ouvir isso, comentou que não havia problema, já que o dia da apresentação estava próximo. Foi então, que retomando de onde haviam parado, o grupo continuou organizando o trabalho.
Combinando entre si, como seria a apresentação, deixaram até, de assistir as primeiras aulas.
Com o final do ano, contudo, precisavam tomar cuidado.
Isso por que, era agora que tudo ficaria mais complicado.
Desta forma, Fábio precisava evitar ao máximo, perder aulas.
Atento, depois disso, não faltou mais.
Cuidadoso como sempre, assim que voltou para casa, preparou para separar mais alguns livros para ler.
Nos dias seguintes, não parou de estudar um só minuto.
Isso por que, sequioso de fazer um ótima apresentação, não queira deixar nem um detalhe sequer de lado.
E assim, preparou-se cuidadosamente para a apresentação.
Leonora, nessa época, pronta para auxiliá-lo, sempre que encontrava algo referente ao assunto do trabalho, entregava ao rapaz, para que o lesse.
Fábio, agradecido pelo empenho da moça, aceitava sua ajuda.
Com isso, ao fim de algum tempo, finalmente o rapaz estava preparado para a apresentação.
No aludido dia, o rapaz, assim como seus colegas de grupo, aproveitaram para chegar um pouco antes a faculdade.
Preparando a sala para a apresentação, Fábio e o grupo, começaram a arrumar as cadeiras para que todos pudessem ficar sentados.
Quando a turma entrou na classe e o professor Marcílio fechou a porta, se deu início a apresentação do trabalho.
Fábio então, tomando fôlego, começou a falar de Napoleão Bonaparte.
Cuidadoso, começou falando primeiro do Golpe do Dezoito Brumário.
Inicialmente Fábio comentou que no Egito, a campanha de Napoleão, não alcançou o êxito esperado.
Foi exatamente nesse momento que Bonaparte, recebeu notícias sobre a formação de uma segunda Coligação de Nações contra a França e sobre as sucessivas derrotas infligidas pelos países absolutistas e pela Inglaterra ao exército francês.
E também foi informado acerca da fragilidade do governo do Diretório que, não conseguindo controlar a inflação, dava lugar a agitações.
Reinava então na França, um clima de descontentamento e a cada dia a situação interna se agravava.
Um anúncio publicado nessa oportunidade em um jornal parisiense expressava o desejo de um grande número de Franceses:
‘A França deseja qualquer coisa de grande e durável. (...) Não quer a realeza que está proscrita, mas quer a unidade. (...) Deseja que seus representantes sejam conservadores pacíficos e não inovadores turbulentos’.
Bonaparte compreende então, ter chegado a hora e a vez de desempenhar na França o papel com que tanto sonhara.
Conseguindo burlar a vigilância dos navios ingleses ancorados na costa do Egito, ele desembarca na França.
Destarte, comentando que a situação era extremamente grave na França, Fábio, ressaltou que a burguesia, com o passar do tempo, foi se esquecendo de suas idéias de liberdade.
Com isso, passou a clamar por um governo forte para restaurar a lei e a ordem.
Para piorar, as condições sociais se agravavam com as derrotas do exército francês frente aos ingleses e austríacos que haviam lutado contra a França.
Napoleão Bonaparte encontrava-se no Egito, mas havia deixado seus agentes para que criassem condições políticas, propicias a um golpe de Estado.
Para a grande maioria dos Franceses, somente um governo forte salvaria o país da situação de crise e de derrota que se encontrava.
E foi assim, que ele desembarcou na França, acompanhado de alguns homens.
A caminho de Paris, por onde passava, recebia ovações que o reconheciam como a solução mais adequada para a França naquele momento.
Esse reconhecimento no entanto, ele não recebeu dos deputados que, reunidos na Assembléia dos Quinhentos, procurava uma saída para as crises.
Protestos como Fora-da-lei, foram os votos de ‘boas vindas’, que Napoleão ouviu da Assembléia e que o obrigou a dela se retirar.
Diante disso, no dia 10 de novembro de 1799 (O 18 Brumário no novo calendário), Napoleão voltou do Egito, e em acordo com dois membros do Diretório, dissolveu o órgão do governo e instituiu o Consulado.
No lugar do Diretório, criou-se então o governo do qual participavam, além de Napoleão, Roger Ducos e o Abade de Sieyès.
A constituição do Diretório foi substituída por um novo documento constitucional no qual desaparecia a Declaração dos Direitos.
O governo de Napoleão, estabelecido com o Golpe do 18 Brumário, acabou com os projetos políticos-liberais e de descentralização.
Foi desta forma que se deu início ao período Napoleônico da famosa Revolução Francesa, que consolidou o poder da burguesia. A qual ansiava por um lugar de destaque na sociedade.
Lugar que antes era ocupado pelos nobres.
Ao começar a Revolução, Napoleão – nascido em Ajaccio, na Ilha da Córsega, de uma família de pequena nobreza arruinada – a ela aderiu prontamente, influenciado por escritores Iluministas.
Tendo se iniciado nas artes de militares de artilharia, ele dá continuidade a sua carreira em meio esse clima de conflito.
Muito embora tenha inicialmente posicionado-se contrariamente aos Jacobinos, mais tarde os apóia.
E é nessa oportunidade, coincidentemente que ele ascende aos altos postos do exército Francês.
Em agosto de 1793, o Porto de Toulon, ao sul da França, se encontrava nas mãos dos ingleses, que lideravam uma coligação de nações contra o país.
Era a imprescindível para a sobrevivência da Revolução, a retomada desse porto.
O Comitê de Salvação Pública do governo jacobino nomeou o General Dugomier – que tinha como assistente o Capitão Napoleão Bonaparte – para executar essa tarefa.
Napoleão propõe ao seu superior um plano, que é aceito, para libertar a cidade portuária: os canhões, dispostos estrategicamente, abrem um impiedoso fogo de artilharia em direção ao inimigo que, não suportando, parte em retirada com seus navios.
Esta importante vitória concede ao jovem militar – com apenas vinte e quatro anos – o posto de General-de-Brigada.
É justamente nessa oportunidade que Napoleão declara sua irrestrita solidariedade aos Jacobinos.
O Golpe de 9 Termidor, em 1794, derruba os Jacobinos.
Pego de surpresa, Napoleão é detido como simpatizante das tendências mais radicais, permanecendo por algum tempo afastado do cenário político-militar.
Até que uma rebelião realista, com a intenção de restaurar a monarquia, eclode, e o Governo Termidoriano designa Napoleão para sufocá-la.
Pelo êxito alcançado, a República é salva do perigo e Napoleão, aclamado herói, é nomeado General-de-Divisão e Chefe dos Exércitos do Interior.
Contava então com apenas vinte e seis anos de idade.
Apesar de salva do perigo monarquista, a República continuava sentindo-se ameaçada, desta vez por aqueles que comungam dos ideais Jacobinos: os grupos de esquerda que ainda pretendiam estabelecer um governo popular.
Barras, um dos dirigentes do Diretório, solicita a Bonaparte que feche o Panteon, Clube dos Revolucionários, no que é prontamente atendido.
Assim, com a mesma frieza com que esmagou a revolta de direita dos realistas, Napoleão inviabiliza a articulação de grupos de esquerda.
Sua ambição pelo poder sempre falou mais alto e o levou a abrir mão de qualquer compromisso ideológico.
E até em sua vida particular se encontra vestígios desse seu oportunismo: casou-se com Josefina, cuja relação íntima com Barras alcançou notoriedade.
Novamente a República se vê ameaçada por uma coligação de nações, incluindo-se entre elas sua tradicional inimiga, a Inglaterra, e alguns estados italianos como Piemonte e Sardenha.
A Áustria lidera a ofensiva, iniciando operações no norte da Itália com o objetivo de alcançar o sul da França.
Acreditando que o êxito se repetiria, Napoleão é nomeado comandante dos exércitos na Itália.
Ocorre no entanto, que as melhores tropas francesas estão lutando a leste, no Reno, e a Napoleão cabe comandar tropas totalmente desorganizadas pela indisciplina de seus soldados.
Mas o grande militar sabia tirar proveito até de situações aparentemente desfavoráveis como esta.
Antes de iniciar sua campanha, Napoleão conclama seus aliados:
‘Soldados, estais nus, mal nutridos. Vou conduzir-vos às mais férteis planícies do mundo. Ricas províncias, grandes cidades vos esperam; ali encontrareis honra, glória e riqueza’.
Lançando mão de seu prestígio pessoal e do vertiginoso sucesso de sua carreira militar, ele persuade seus subordinados a obter, através de batalhas militares, vantagens pessoais.
Dessa forma, inicia-se com Napoleão um novo conceito de guerra.
Já não se trava uma luta em nome da pátria ameaçada, mas pela conquista de bens, de riquezas, através de pilhagens.
Já não se lutava por ideal, mas em nome de um superior, que oferecia recompensas.
Irrompendo impetuosamente pela Itália, as tropas de Bonaparte impuseram sucessivas derrotas aos Austríacos e Italianos.
A partir do sul da Itália, ele alcança Roma e, finalmente, em 18 de outubro e 1797, obriga a Áustria a assinar o Tratado de Campo Fórmio, através do qual ela cede a Bélgica, a Lombardia e parte do território da margem esquerda do Rio Reno, à França.
Após esse episódio a popularidade de Napoleão, cresce vertiginosamente e, quando volta a Paris, é recebido com intenso entusiasmo.
Mas o inquebrantável inimigo – a Inglaterra – ainda não havia sido derrotado.
Animado pelos sucessos anteriores, Bonaparte queria ser o autor de mais essa grande façanha.
E, percebendo ser impossível invadir a Inglaterra enquanto a marinha francesa não fosse suficientemente forte para sobrepujar a armada britânica, apresentou um plano para atacá-la na origem de seu poder, no local de onde provinha toda a sua riqueza.
Ou seja, no Oriente, no Egito e, depois, nas Índias.
Impressionado com a proposta, o Diretório concedeu, imediatamente, seu beneplácito.
Do Consulado ao Império.
Nesse período, a primeira tarefa do governo foi resolver as pendências externas, o que fez celebrando tratados e acordos de paz em separado com cada uma das nações que se compunham a coligação, com exceção da Rússia que, em 1799, já havia se afastado da guerra.
Em conseqüência da derrota dos Austríacos pelos exércitos franceses, na Batalha de Marengo, ao norte da Itália, Viena assina com este país, o Tratado de Paz de Luneville, em 1801, através do qual é reconhecida a soberania francesa.
Com Inglaterra em 1802, é celebrado o Tratado de Paz de Amiens, marco de grande êxito na política napoleônica, na medida em que nesse acordo a Inglaterra renuncia a algumas de suas conquistas coloniais.
Alcançada uma relativa tranqüilidade na frente externa, tratava-se, então, de se buscar uma solução para os conflitos internos.
Sua primeira tentativa é obter legitimidade para o novo governo.
Nesse sentido, fez aprovar o plebiscito para a constituição que institucionalizava o Consulado como Poder Executivo e criava um Tribunal, um Conselho de Estado, um Legislativo e um Senado.
Mas, sem dúvida, alguma, o poder era efetivamente exercido pelo Consulado, especialmente pelo próprio Napoleão que se fez nomear primeiro Cônsul.
Com o objetivo de regulamentar as relações sociais e controlar a vida política, moral e ideológica da nação, é elaborado o Código de Napoleônico, uma verdadeira bíblia que pretendia dar conta de todas as instâncias da sociedade.
Este instrumento jurídico, se por um lado reforçava o direito à propriedade privada, por outro dispensava pouca atenção às questões de trabalho, chegando a proibir as greves.
O tratamento que conferia às mulheres era de total subordinação aos homens.
O novo governo tentou também estabilizar a situação financeira do país: criou o Banco da França, uma nova moeda – que se tornaria a mais forte de toda a Europa Continental –, e organizou um novo e melhor sistema de impostos.
Preocupou-se igualmente com a educação, criando novas escolas, principalmente escolas normais, que deviam se reportar ao Estado.
Em 1804, exercendo um completo controle da vida política, Napoleão, testaria sua popularidade.
Compreendendo a enorme importância da propaganda e da comunicação – motivo pelo qual exercia violenta censura aos jornais que se opunham a ele.
Nesse período também se utilizou de recursos para promover outro plebiscito, cujos resultados lhe são bastante favoráveis.
Assim, legitimado, fez-se coroar imperador dos franceses.
Com isso, após um breve período de trégua, a Inglaterra reiniciou as hostilidades.
A justificativa para o reinicio da guerra foi o fato de a França ter adotado uma política protecionista, prejudicando assim os interesses do comércio britânico.
Pela terceira vez, lidera uma coligação da qual participam também a Rússia, a Áustria e a Suécia.
Para enfrentá-la a França se une à Espanha, cujos exércitos são derrotados pela esquadra inglesa em Trafalgar, em 1805.
Em compensação, os exércitos franceses, em terra, derrotam espetacularmente os Austríacos na Batalha de Austerlitz, em dezembro desse mesmo ano.
Em decorrência disso, a Áustria se retira da coligação.
Forma-se, a seguir, a Confederação do Reno, como resultado da União de vários pequenos estados Alemães: é um dos sinais de que a Alemanha dava os primeiros passos no sentido da sua unificação e modernização.
Desaparecia, assim, o Sacro Império Romano-Germânico.
Em 1806 a Prússia se levantou contra Napoleão e, para combatê-lo, se aliou à Rússia, cujo exército é derrotado pelos franceses.
Napoleão parecia invencível.
Contudo, existia ainda um poderoso inimigo a ser vencido: a Inglaterra.
Consciente da supremacia militar deste país, Bonaparte deslocaria a guerra para o campo econômico: organizou o Bloqueio Continental, de 1806.
Com esta medida, Napoleão pensava atingir a nação inimiga em um ponto crucial para o seu desenvolvimento, ou seja, impedindo o livre acesso deste país com as outras nações.
Com o intuito de que a Rússia assumisse a mesma postura frente à Inglaterra, Bonaparte obriga este país, que acabava de derrotar, a assinar o Tratado de Paz de Tilsit.
É necessário destacar o habilidoso papel que o ministro das relações exteriores, Talleyrand, desempenhou nesse período.
São importantes as conseqüências que o Bloqueio Continental acarretou não só para a Europa – que se encontrava toda ela sob o domínio de Napoleão (embora houvesse movimentos de resistência: caso da Espanha, por exemplo, que organizou guerrilhas para expulsar o invasor) –, como também para a América Latina, onde as colônias, cujas metrópoles se encontravam enfraquecidas pela luta contra as fortes pressões exercidas pelos franceses, iniciaram seu processo de independência.
Inicialmente as medidas adotadas por Napoleão para enfraquecer a Inglaterra economicamente surtiram o efeito desejado.
Mas, com o decorrer do tempo, tornavam-se inofensivas.
Organizando um eficiente sistema de contrabando, os ingleses burlavam o bloqueio e conseguiam vender suas mercadorias.
Um outro fator contribuiu para o enfraquecimento dessa ofensiva: o fato de a indústria francesa não ser capaz de cobrir a demanda do continente.
Pouco a pouco, as atividades dos portos começaram a diminuir, chegando a ponto de não suprir, sequer, a necessidade de matérias-primas.
Dessa forma, os países Europeus conquistados por Napoleão utilizaram-se dos ensinamentos sobre modernização e liberdade veiculados pelos exércitos franceses e deles se aproveitaram para expulsar o invasor.
O ano de 1812 marca o início do declínio do Império Napoleônico, que até então reinava absoluto por quase toda a Europa.
Foi nesse ano que a Rússia rompeu o Pacto do Bloqueio e, em represália, Napoleão invadiu este país.
E aquilo que, de início, parecia ser mais uma das invencíveis campanhas, logo depois se apresentava como uma grande catástrofe.
Inicialmente o povo Russo não ofereceu resistência, mas, quando começou a combater tenazmente o invasor, durante o rigoroso inverno, os Franceses partiram em retirada.
Em dezembro de 1812, dos seiscentos mil soldados que haviam invadido este país restaram apenas trinta mil.
Animados com a vitória russa, os outros países começam a se mobilizar.
Em setembro de 1813, os exércitos franceses são derrotados pelos Russos, Austríacos e Prussianos na Batalha de Leipzig.
Com o intuito de se recompor, Napoleão vai até o Reno, mas as dificuldades econômicas o impedem de prosseguir.
Em 1814, o grande exército formado pela Inglaterra, Rússia, Áustria e Prússia invade a França e impõe uma derrota definitiva ao exército do invencível general.
Liderado por Talleyar, um governo provisório é criado e Napoleão é deposto e desterrado para a Ilha de Elba.
A monarquia é restaurada e Luís XVIII, irmão do rei guilhotinado no auge da Revolução Francesa, sobe ao trono.
Napoleão tenta mais uma vez, desesperadamente, retomar o poder: foge de Elba e chega à França, onde é recebido com ovações.
O período de sua permanência ficou conhecido como os Cem Dias.
Nessa oportunidade ele tenta reorganizar os exércitos, mas é definitivamente derrotado na Batalha de Waterloo pelos Ingleses e Prussianos, em 17 de junho de 1815.
Napoleão novamente é desterrado e Luís XVIII, que havia fugido, volta ao trono.
Nisso, Fábio, comentou que para se pensar no papel histórico de Napoleão, era importante compreender as necessidades da nova classe que surgia, a burguesia, cuja consolidação ocorreu durante o processo revolucionário.
Amedrontada com os rumos desse processo, e temendo que o poder escapasse de suas mãos, ela sentiu necessidade de que alguém desse sustentação às suas conquistas.
Alguém que assegurasse o direito à propriedade, que consolidasse a liberdade de comércio.
Napoleão correspondeu aos anseios dessa nova classe.
Mas essa necessidade era momentânea.
Derrubados os últimos vestígios do Feudalismo, no novo cenário já não havia lugar para o personagem Napoleão.
Com isso, Fábio, ao terminar a explanação recebeu aplausos de toda a sala.
O professor Marcílio, encantado com a apresentação, decidiu dar a nota máxima ao trabalho do grupo.
O rapaz feliz, assim que pôde, foi contar a novidade a mãe.
Dona Irene, orgulhosa do filho, comentou que para ela, não era nenhuma surpresa tal fato, dada a dedicação que o mesmo tinha aos estudos.
Quanto então Leonora tomou conhecimento do fato, empolgada, deu um longo abraço no amigo.
Fábio aproveitou ao máximo o gesto de carinho da moça.
Porém, quando ela percebeu que o havia feito, tratou de pedir desculpas.
Tentando se explicar, não sabia o que dizer.
Fábio, alegando que não havia problema nenhum, comentou que adorou o abraço.
Feliz, chegou até a retribuir o gesto.
Foi assim que as coisas começaram a fluir entre eles.
Luciana Celestino dos Santos
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Fim da União Ibérica
Entre os anos de 1640 a 1648, o Duque de Bragança foi aclamado Rei de Portugal
como Dom João IV.
Todavia, os espanhóis não aceitaram o fim da União Ibérica e a restauração do trono português, sob a dinastia dos Bragança, e, no ano seguinte, Portugal e Espanha, entraram em guerra.
O Rei Dom João IV pediu então, ajuda à Inglaterra e à Holanda – que ocupava terras no Brasil –, um armistício válido por dez anos.
No tocante a isso, o apoio da Inglaterra na guerra contra a Espanha, foi decisivo para que Portugal conquistasse definitivamente sua independência em 1648.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Todavia, os espanhóis não aceitaram o fim da União Ibérica e a restauração do trono português, sob a dinastia dos Bragança, e, no ano seguinte, Portugal e Espanha, entraram em guerra.
O Rei Dom João IV pediu então, ajuda à Inglaterra e à Holanda – que ocupava terras no Brasil –, um armistício válido por dez anos.
No tocante a isso, o apoio da Inglaterra na guerra contra a Espanha, foi decisivo para que Portugal conquistasse definitivamente sua independência em 1648.
Luciana Celestino dos Santos
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Invasões em Pernambuco
Em 1630, teve início a mais duradoura invasão holandesa em Pernambuco.
Uma esquadra de 56 navios chegou ao litoral da região, e Olinda e Recife, foram ocupadas.
A resistência da população, organizada pelo governador da Capitania, Matias de Albuquerque, em torno do Arraial do Bom Jesus de Porto Calvo (Alagoas), dificultou a consolidação do regime holandês.
A partir de 1632, com a ajuda do pernambucano Domingos Fernandes Calabar, os estrangeiros avançaram contra as fortalezas do litoral e os redutos de resistência do interior.
Matias de Albuquerque retirou-se para a Bahia em 1635.
No ano de 1637, para administrar o domínio holandês no Brasil, chegou a pernambuco João Maurício de Nassau.
Tolerante nos campos político e religioso, Nassau estimulou os engenhos e as plantações.
Urbanizou o Recife e assegurou liberdade de culto.
Foi o responsável pela vinda de cientistas e artistas, como os pintores Frans Post e Albert Eckhout, que retrataram o cotidiano brasileiro.
Em sua administração, o domínio holandês se estendeu sobre toda a região entre o Ceará e o Rio São Francisco.
Nassau voltou para a Europa em 1644.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Uma esquadra de 56 navios chegou ao litoral da região, e Olinda e Recife, foram ocupadas.
A resistência da população, organizada pelo governador da Capitania, Matias de Albuquerque, em torno do Arraial do Bom Jesus de Porto Calvo (Alagoas), dificultou a consolidação do regime holandês.
A partir de 1632, com a ajuda do pernambucano Domingos Fernandes Calabar, os estrangeiros avançaram contra as fortalezas do litoral e os redutos de resistência do interior.
Matias de Albuquerque retirou-se para a Bahia em 1635.
No ano de 1637, para administrar o domínio holandês no Brasil, chegou a pernambuco João Maurício de Nassau.
Tolerante nos campos político e religioso, Nassau estimulou os engenhos e as plantações.
Urbanizou o Recife e assegurou liberdade de culto.
Foi o responsável pela vinda de cientistas e artistas, como os pintores Frans Post e Albert Eckhout, que retrataram o cotidiano brasileiro.
Em sua administração, o domínio holandês se estendeu sobre toda a região entre o Ceará e o Rio São Francisco.
Nassau voltou para a Europa em 1644.
Luciana Celestino dos Santos
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