Poesias

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

É Natal

Período de comemorações, grande cerimônia com comes e bebes, vestidos longos talhando e definindo o corpo das mulheres.
A ceia enfeitando a mesa decorada, toalha de renda, velas, carnes fartas, ao fundo o som de música natalina, cantigas de natal.
Só que para este momento acontecer em grande estilo, é necessário sonhar com ele por muito tempo e preparar-se para a vivência deste grande momento.
Nas casas a decoração prenuncia que o bom tempo virá, com luzes e lâmpadas que acendem e apagam, enfeites de porta e toda a cidade iluminada com a luz do natal.
Quando utilizava o ônibus para voltar da escola, sempre que voltava a noite, ficava apreciando as luzes da cidade que aquela hora já se recolhia.
As luzes deixavam parcialmente visíveis as construções, praticamente apagadas, mas ainda assim era um espetáculo bonito de se ver.
Me sentia uma criatura noturna avistando este espetáculo.
Quando estudava em São Caetano voltando para Santo André, avistava a Prefeitura, o Teatro Municipal – em estilo arquitetônico moderno – , o centro todo iluminado da cidade, o antigo Mappin e a Avenida Pereira Barreto.
Enfim, uma grande quantidade de paisagens.
Quando voltava a pé da escola, no tempo do natal – já estudando em Santo André – , podia apreciar deslumbrada, a beleza da decoração natalina das casas e das ruas.
Um esplendor!
É nessa época que as luzes se fazem mais presentes.
Mas agora que estou estudando a noite na Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo e posso novamente apreciar tal espetáculo, só que visto de outro ângulo.
Posso ver o Paço Municipal, e suas janelas acesas e o canhão de luz ao lado, a bela praça com chafariz que enfeita a prefeitura, uma opulenta igreja que fica bem próxima, e logo adiante um belo shopping com um enorme relógio na fachada nova da construção.
Pequenos trechos de uma vida, a minha vida que não pára e está sempre mudando.
O tempo transcorre e não é sempre o mesmo, as águas nunca param no mesmo lugar, elas correm e mudam seu percurso.
O natal mostra a passagem do tempo e portanto este nunca será o mesmo.
Utilizam-se das sementes de romã, das uvas ou de qualquer fruta com ritual, mas o natal nunca será o mesmo por que nós vamos estar diferentes.
Fique bem no ano que vem!

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

Mãe

Por um dia feliz, que só acontece uma vez por ano, parabenizo-te por esta presente data que não é comum como as outras.
Um dia que é especial exatamente por sua grandeza.
“Primavera aconteceu nesta vida, fazendo desabrochar flores e pássaros que cantam e encantam pela vida.
Esses pássaros que fazem seus ninhos no alto das árvores com gravetos e folhagens verdes, entrelaçando-se, formam um quente e aconchegante ninho onde envolvem e protegem seus filhotes do frio, das tempestades e intempéries.
Nesse ninho com amor e carinho que se enche de calor da ave mãe que dá de comer aos seus filhotes.
Voa longe enfrentando perigos para trazer-lhes alimento vivo com o qual brincam antes de comer.
Mais tarde aprendem a voar no rastro de sua mãe que lhes ensina os mistérios da arte.
Voar é vida em movimento que se desdobra em outras vidas repletas de movimento, buscando novas formas.
Isso também é conhecer um admirável mundo novo que se descortina em vales e cascatas diante dos nossos olhos.
Uma paisagem magnífica.
Depois vem a friagem do outono que se despede em flor, desaquecendo o calor da vida, entristecendo o dia que se azula em tons de degradê.”
A você, minha mãe te ofereço este poema.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

Noite

A noite escurecida de um longo carnaval, confetes se espalham pelo ambiente ao sabor do vento que sussurra noites mil, marchinhas inesquecíveis.
A lua risonha, murmura baixinho, não fazendo barulho para o astro rei não acordar de seu sonho profundo, zangado por causa da folia que por cá ocorre todos os anos numa repetição sem fim.
Ah! Carnavais Antigos, os velhos te saúdam com saudade dos tempos idos do carnaval de rua, tempos de melindrosas e pierrôs, colombinas, as fantasias tradicionais, detalhes delicados, lindos babados, o confete e a serpentina que se espalham pelo salão ao sabor do vento, derramando-se pelas ruas.
As mocinhas ricamente fantasiadas, das mais variadas formas, o rosto carregado de maquiagem, o olhar lânguido, envolvente...
Depois, ao terminar a passagem dos carros pela rua, o desfile de cortejos e também o espaço aberto, o banho noturno no mar, as fantasias de crepom que se desfazem na água.
O entrudo, a guerra de água e farinha.
Dizem os mais velhos, carnaval assim não mais existe.
Agora a realidade.
A apoteose de um longo passear, desfile de cores, penas e plumas, grandes adornos, figuras mitológicas, representações do enredo, shows de fumaça e fogo.
Tudo agora é right-tech, altos recursos para agradar a platéia agora delirante diante do desfile de imagens, mulheres semi-nuas, muitas sem corpo para fazerem isso, pura exibição de um momento efêmero que se extinguirá com a mesma rapidez com que as horas velozes do tempo passam, levando até mesmo a beleza de um momento tão mágico e fantástico.
O Carnaval, O Maior Espetáculo da Terra.
Encerro aqui o meu relato deste artefato.
O Carnaval.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

Brisa do mar

A brisa do mar soprando ao longe, o mar escorrendo entre a areia e a espuma, que se esparrama pela praia.
Um coqueiro maltratado balança ao sabor do vento.
As ondas enfurecidas elevam as águas verdes deste mar bravio.
Flores adormecidas no fundo deste mar bravio.
As mais belas cores, formas, as anêmonas que presas à rochas imersas não afloram sua beleza a superfície.
Peixes também variados competem em cor e beleza com as flores exóticas.
Ondas agitam o mar, transformando-o em ira e espuma.
Atrasa-se perante os caprichos de Iara, a nossa mãe d’água, que adormece nas profundezas do oceano.
Iara cultivou essas lindas flores para que elas crescessem no reino de Netuno.
O rei dos mares ordenou que se espalhassem as flores vivas.
Por sua vontade, muitas começaram a fazer cambalhotas e a se locomoverem andando em várias direções, outras continuaram presas às rochas.
Águas-vivas e caravelas que, com sua beleza encantam e ferem, vieram na direção do Oceano Atlântico.
Observaram as flores e mostraram também sua beleza ameaçadora, enquanto a vida marítima continuava em seu curso natural.
Aqui, na areia do mar... o mar se entrega ao domínio da lua, que com seus movimentos influencia o mar.
Mar que apaixonado nunca pensou em se libertar do encanto.
A lua em companhia das estrelas, derrama luz por sobre a escuridão do mar.
Um lindo clarão onde se pode avistar os rochedos ao longe, ilhas além mar que enfeitam o mesmo de mistério e sonho.
Quem terá sido o criador de toda essa maravilha?
Ninguém saberá responder tal pergunta, sem antes desvendar os mistérios do mar.
Uma aparição, uma figura humana surge das águas envoltas em sombras... seria a Iara, a mãe d’água?
Talvez, pois suas formas lembravam a de uma mulher, de cintura muito fina e delicada, longos cabelos negros balançando ao vento.
A forma humana se aproximava lentamente, de maneira que quem a visse poderia admirar os seus suaves contornos.
A certa hora a figura ganhou formas nítidas, ganhou luminosidade.
Uma forma de mulher que impressionou a todos os pescadores que a observavam.
Depois de um certo tempo, a mulher foi se afastando até sumir na profundeza das águas, num silêncio perturbador...

*Iara como deusa dos mares. Trata-se de uma licença poética, já que ela está vinculada aos rios e não aos mares. 

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

‘Ano Novo Vida Nova’

No ano que se passou, quantas loucuras vieram, que nem de todas me recordo.
Céu de anil, todo azul, tão perto está de um passado.
Livros, livros e mais livros, tantas coisas para aprender.
Li tudo com muito interesse, até o que não interessava.
Assuntos interessantes descobri, coisas que nem sequer imaginava.
Meu horizonte, que imaginava tão amplo, se alargou ainda mais, abrangendo aspectos da vida que eu não conhecia.
Muitas coisas que planejei não se acertaram, mas tudo bem, neste ano posso fazer melhor.
Descobri a beleza das superstições para enfeitiçar mais ainda esta data cheia de magia que é o período de transposição entre o novo e o velho, o reveillon.
Período de preparação para a entrada em um novo ano, época de procura por frutas que dêem sorte para o ano que começa, por exemplo.
Romãs que adoçam o ano novo que começa.
Sua semente guardada, serve como garantia de que o novo ano será esplendoroso, com a mais completa realização dos mínimos desejos.
Nove uvas são degustadas e suas sementes cuidadosamente guardadas para sorte do ano que será bom.
Ou melhor ainda, segundo alguns, o número de uvas a ser saboreado deve ser doze, por que estará representando os doze meses do ano.
Comer lentilhas, dando três colheradas generosas para que o ano seja mágico, acreditando na cabala do número mágico.
Nesta época surgem receitas de fartura, correntes para começar bem o ano.
Receitas de boa sorte aparecem aos borbotões, como jogar alfazema no mar (arbusto aromático), com doce e suave cheiro que perfumam os caminhos.
Rosas brancas para a paz, vermelhas para o amor, amarelas para a sabedoria.
As roupas, conforme as lendas, também dizem muito sobre o futuro, pois a cor indica como será o novo ano.
Preto, segundo especialistas, jamais, fecha os caminhos da prosperidade.
Já o branco, que é a junção de todas as cores e portanto é o mais usado durante o ano novo, pois traz todos os desejos intrínsecos a cor.
O ano novo é o reinício de um novo ciclo, tudo novo.
Daí a esperança de um ano melhor.
Projetos que começam numa folha de papel, a ceia numa mesa ricamente arrumada, o arranjo de flores ao centro da mesa, pratos, copos, taças e talheres, juntos com a ceia generosa enfeitando a mesa.
Histórias de vida que começam no ano que se inicia.
Uma (história) que me faz pensar é aquela em que a pessoa diz que irá realizar o mesmo sonho todos os anos e não realiza, sempre deixando para depois.
Isto serve de exemplo para nós.
Não devemos fazer promessas que não podemos cumprir, devemos ser sinceros com nós mesmos.
Devemos ser persistentes com nossos sonhos e pensar grande, mas pensar o que está ao alcance, nem que se tenha que alcançar com luta.
Enfim, sonhar com o que é possível.
Sonho com uma praia com ondas espumantes invadindo a areia, um sol quente beijando delicadamente a água esverdeada do mar coberta de algas e de impurezas.
Barcos rasgando a praia de alto a baixo, escunas – barcos de passeio que navegam por entre ilhas, chegando até a desembarcar em algumas delas.
Alguns chapéus-de-praia balançando de acordo com o vai e vem dos ventos que sopram, (as vezes violentamente) murmúrios entre as folhas das árvores.
A brisa marítima que canta seus segredos e encanta a todos que permanecem na orla da praia durante a noite, bebericando um chopinho, ou então, reunidos, conversando animadamente, tomando um sorvete ou ainda bebendo uma batidinha de qualquer sabor que possa aparecer por lá.
Sei que estou com delongas, mas deveras, tenho muito o que contar e muitas vezes não sei como começar.
Um dia aprendo como tirar proveito de tamanha indecisão.
Agora só me resta ter saudade da praia, provavelmente não poderei freqüentá-la este ano, mas posso aproveitar e dar um passeio pela cidade.
Por acaso moro em Santo André, e por aqui tem muitas belezas.
Temos um museu de música que ainda não conheço, uma bela construção toda pintada de amarelo, o colégio Américo Brasiliense, em estilo neoclássico que está sendo restaurado, o centro da cidade, os shoppings que estão espalhados por todo o Grande ABC, sebos (lugares onde se vende livros e revistas antigos, sendo que alguns deles vendem até discos).
Posso ir até São Bernardo e até São Paulo, revisitar seu centro abandonado, mas ainda assim maravilhoso, com prédios antigos e o Vale do Anhangabaú.
Já conheci a Avenida Paulista, pedaço Nova Iorquino da cidade.
Nos jornais aparecem projetos que visam a recuperação do centro desta cidade que já foi conhecida como ‘a terra da garoa’.
Portanto pretendo aproveitar muito bem minhas férias conseguidas a duras penas, e que ainda não acabaram.

*Revendo este antigo texto, me pego a pensar que consegui realizar alguns pequenos desejos contidos ali. Que coisa boa.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a autoria.

terça-feira, 28 de janeiro de 2020

Algumas Palavras

Palavras são como fúrias ao vento.
Dão vida ao mais singelo papel desde que devidamente empregadas.
Se mal empregadas só farão por diminuir o encanto e o deleite que repousam sobre a folha de papel.
Não temas as palavras, deixem-nas tocarem com suas liras o coração humano mais insensível. Toquem-nas com a alma, como quem toca as teclas de um piano.
Assim como a brisa dos ventos tocam nossos cabelos, deixem que o fervor das palavras tome conta de sua vida.
Deixem que as palavras se liqüefaçam nos seus interiores, assim como a água entra em ebulição e o papel se encontra em seu elemento, numa perfeita simbiose com as letras, palavras que combinadas formam um texto.
Como já dizia Caetano Veloso, “a nossa flor do Lácio”.
Flor que encanta, mas que também pode assustar...

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

DAS VOLTAS DO MUNDO - CAPÍTULO 9

De lá foi até a sala do terceiro ano e começou sua aula.
Como sempre fazia, ao entrar na classe cumprimentou os alunos, abriu sua maleta e retirou um livro.
Ao abrir na página 91, começou a dizer:
"-- A Revolução Francesa, significou o rompimento do absolutismo.
Ela eclodiu em um momento no qual a burguesia e o sistema capitalista nascidos dentro do antigo regime estavam cerceados pelo próprio sistema político.
A monarquia absolutista, que trouxera tantos benefícios para o desenvolvimento do comércio e da burguesia na França, tornou-se, no final do século XVIII, um verdadeiro obstáculo para a expansão dessa mesma burguesia.
Os Grêmios de Ofício, limitavam o desenvolvimento de processos mais rápidos de produção.
Por essas e por outras razões, havia um descontentamento geral na França.
Não era só a burguesia que reclamava.
Os camponeses, tantos servos como rendeiros e pequenos proprietários, sentiam na pele o peso dos altos impostos cobrados pela Monarquia Absolutista.
Com isso, passou a haver uma indagação no ar.
O que fazer para superar essa situação?
A Revolução Intelectual, iniciada em meados do século XVIII, parecia oferecer algumas respostas nas críticas feitas pelos Iluministas.
Para eles, a única maneira de a França se igualar à Inglaterra, era passar o poder político para as mãos da burguesia – entre eles, comerciantes, industriais, banqueiros.
Era preciso destituir a nobreza que, aliada ao rei, mantinha o poder sob rígido controle.
Pois, se a Monarquia Absolutista representava um empecilho à modernização da França, esse obstáculo precisava ser removido.
E é este o significado da Revolução Francesa.
Com isso, se pode observar, que esta revolução, significou o fim do Absolutismo na França e ascensão da burguesia ao poder político, consolidando no plano econômico, as relações de produção capitalistas.
Além disso, as conseqüências deste movimento não ficaram adstritas à França.
O exemplo espalhou-se por toda a Europa, atravessou o Atlântico e influenciou movimentos de independência da América Latina.
Enfim, a Revolução Francesa foi um episódio tão importante na história do mundo ocidental, que se convencionou estabelecer este fato, com marco inaugural da Idade Contemporânea.
Ao terminar de proferir estas palavras, Fábio aproveitou para perguntar aos alunos, se estes tinham alguma dúvida em relação ao que foi apresentado.
Como a resposta foi negativa, aproveitou para continuar a aula.
E assim, retomando as explicações, disse que, a situação econômica na França, era bastante crítica.
Quase toda a renda da nação vinha da agricultura, sua população era de 26 milhões de habitantes e dentre estes, mais de 20 milhões moravam no campo.
No entanto, uma boa parte desses camponeses estavam ainda submetidos ao regime de servidão.
Para piorar, o comércio não podia se expandir, principalmente por causa das barreiras feudais que ainda subsistiam no interior do país, obrigando os comerciantes a pagarem altos impostos para os donos das terras.
Parece que até a natureza contribuiu para piorar a situação econômica do país.
Entre os anos de 1784 à 1785, alternaram-se inundações que resultaram numa flutuação dos preços dos alimentos, que, ora subiam, impedindo que os camponeses e os pobres em geral comprassem comida, ora baixavam, levando a maioria dos pequenos proprietários à falência.
Além disso, a situação da indústria francesa não era nem um pouco melhor, pois uma parte considerável da produção se baseava no sistema rural e doméstico.
As Corporações com todas as suas regras de controle, impediam que se desenvolvessem novas técnicas, que permitissem ampliar a produção de modo a atender um mercado consumidor crescente.
A atuação do governo na área de viticultura aumentou ainda mais o descontentamento.
Isso por que, a monarquia havia assinado um tratado comercial com os ingleses, pelo qual os vinhos franceses seriam trocados por tecidos ingleses, com isenção de impostos.
Tal acordo, levou várias pequenas fábricas francesas à falência, por não suportarem a concorrência da avançada técnica inglesa no ramo dos tecidos.
Além disso, a sociedade francesa, às vésperas da revolução estava dividida em três segmentos, conhecidos como Estados:
O Primeiro Estado representado pelo clero, e dividido em alto clero, – cujos membros eram oriundos da nobreza e de famílias ricas, possuindo todos os privilégios políticos e econômicos – e em baixo clero – proveniente das camadas mais pobres.
Já no Segundo Estado, a nobreza em geral, era a detentora de grandes privilégios, entre os quais, a quase total isenção dos impostos. Esta nobreza, no entanto, não formava um grupo homogêneo, estava subdividida em nobreza cortesã, que vivia junto ao rei, e a nobreza provincial que vivia nos castelos, no campo, e explorava o trabalho dos servos.
Quanto ao Terceiro Estado, este era constituído pela maioria esmagadora da população, aquela parte do povo, que suportava economicamente toda a França.
Os camponeses, que formavam a imensa maioria, forneciam com seu trabalho, alimentos e matérias-primas para a expansão econômica da sociedade.
Além disso, a maioria dos camponeses pagava, de uma forma ou de outra, pesados impostos – alguns deles feudais – para seus senhores.
Em menor número, mas também com importante participação no Terceiro Estado, estavam os trabalhadores das cidades, e também os desempregados, marginais que formavam o grupo dos assim chamados sans-culottes, nome dado aos pobres urbanos.
Este Estado, estava ainda dividido em pequenos burgueses – pequenos comerciantes e artesãos –, camada média – composta de comerciantes e profissionais liberais – e a alta burguesia – grandes banqueiros e comerciantes com o exterior.
No ano de 1774, subiu ao trono Luís XVI, neto do Rei Luís XIV.
Com isso, uma grande parte dos franceses, passou depositar certas esperanças de que o novo monarca conseguiria tirar a França da situação crônica de crise.
Mas as esperanças duraram pouco, o governo francês entrou em guerra com a Inglaterra, na época da Independência dos Estados Unidos, e o déficit cresceu ainda mais, o que obrigou o monarca, a aumentar os impostos.
Como as dívidas do Estado e o déficit do aumentassem, o rei tentou inúmeras soluções.
Convidou o fisiocrata Turgot para o cargo de Controlador Geral das Finanças, equivalente ao cargo de ministro da fazenda.
Turgot tentou sanear o déficit do tesouro, mas esbarrou com um problema de difícil solução, pois todos os impostos recaíam sobre o Terceiro Estado, deixando isentos o Segundo e o Primeiro.
Ao propor igualdade de taxações, Turgot foi demitido.
Assim, um novo Controlador Geral das Finanças foi nomeado, mas ele chegou à mesma conclusão de seu antecessor e teve o mesmo destino, isto é, a demissão.
O ministro seguinte, Calonne, propôs ao rei que convocasse a Assembléia dos Notáveis (composta somente de membros da nobreza) entre os anos de 1787 e 1788.
Os nobres ouviram as explicações de Calonne e, quando este sugeriu que seria necessário estabelecer a paridade de taxações, declararam-se em rebelião contra o próprio rei.
Diante disso, como era de se esperar, Calonne foi demitido.
Com isso, o déficit da França era, naquele momento, de 126 milhões de libras (a moeda francesa da época).
Como saída para a crise, sugeriu-se a convocação para os Estados Gerais, isto é, uma assembléia que reunisse representantes do Primeiro, do Segundo e do Terceiro Estado.
Os Estados Gerais deveriam discutir abertamente uma solução para a crise financeira que assolava o país.
Mas o Terceiro Estado pretendia muito mais que isso, queria aproveitar o ensejo para fazer exigências de caráter político.
Suas principais exigências eram: Duplicação do número de representantes nos Estados Gerais, garantindo pelo menos o empate com os outros dois Estados, uma vez que cada Estado tinha direito a um voto, e o Terceiro estava sempre em condições inferiores, dado que os dois primeiros partilhavam as mesmas posições e votavam de maneira idêntica. Queriam ainda, o Voto Individual.
Como o Terceiro Estado contava com a adesão de alguns membros do Primeiro e do Segundo Estado, esta seria uma estratégia para atingir a maioria nas decisões.
Contudo, a notícia da convocação dos Estados Gerais, caiu como uma bomba sobre a França.
Da noite para o dia, todo o país estava invadido por milhares de jornais, planfletos e cartazes.
A agitação geral da sociedade assustou o rei e a nobreza.
Enquanto isso, o Terceiro Estado se organizava para obter a aprovação de suas reivindicações.
Assim, ao abrir a seção inaugural dos Estados Gerais, o rei advertiu os presentes de que a Assembléia se destinava única e exclusivamente a discutir questões relacionadas às finanças, e que com isso, não se falaria de reivindicações políticas.
Com isso, diante da atitude do rei, o Terceiro Estado agiu prontamente, exigindo que as reuniões fossem feitas conjuntamente e não separadas por Estados.
Para garantir suas reivindicações, o Terceiro Estado proclamou-se Assembléia Geral Nacional.
O rei, desesperado diante da iniciativa dos representantes do Terceiro Estado, mandou fechar a sala de reuniões.
Mas, o Terceiro Estado não se deu por vencido e seus deputados tomaram a decisão de proclamar-se Assembléia Nacional.
Dirigiram-se a um salão que a nobreza utilizava para jogos e lá juraram permanecer reunidos até que a França tivesse uma Constituição.
E aos 27 de junho, o rei ordenou aos demais representantes dos dois primeiros Estados que participassem da Assembléia.
Assim, no dia 9 de julho de 1789, reuniu-se pela primeira vez a Assembléia Nacional para redigir uma nova Constituição.
Os deputados dividiam-se em dois grandes grupos, os Jacobinos e os Girondinos, cujas posições físicas nas bancadas da Assembléia era as seguintes: Na Ala esquerda ficavam sentados os Jacobinos – mais tarde Montanheses –, liderados por Robespierre, representando a pequena burguesia, profissionais liberais e lojistas.
Próximos aos Jacobinos estavam os Cordeliers – que receberam este nome por que seus adeptos se reuniam no Convento dos Franciscanos, os Cordeliers – sob a liderança de Marat e Danton, representavam igualmente os interesses do Terceiro Estado.
Nas cadeiras do centro, estavam os Girondinos – que mais tarde receberiam o nome de Planície ou Pântano – , representavam os interesses da alta burguesia comercial e financeira e também da nobreza liberal.
Formavam o maior grupo da Assembléia.
Por fim, na extrema direita, sentavam-se os representantes da nobreza e do clero.
Constituindo-se em minoria e defendiam a monarquia.
Além disso, dois grupos começavam a se formar, de um lado liderados por Mirabeau, onde de um lado, havia aqueles que defendiam uma monarquia institucional e de outro, uma minoria liderada por Robespierre, que defendia uma democracia republicana.
Para o rei, isto significava a perda do poder absoluto.
Por isso, sua reação foi imediata.
Demitiu o ministro Necker e ordenou ao exército que se preparasse para reprimir as manifestações da burguesia.
No dia 14 de julho, a burguesia apelou para a ajuda do povo parisiense.
Mas a Bastilha, construção utilizada como prisão política, foi invadida por populares.
Diante disso, a violência revolucionária rapidamente espalhou-se pelo interior da França. Camponeses invadiram os castelos da nobreza feudal, executaram famílias inteiras e exigiam uma reforma fundiária.
Os temores da burguesia voltaram-se então para as ações dos camponeses, que poderiam começar a avançar também contra a propriedade burguesa.
Para garantirem-se, decidiram abolir os direitos feudais, e quase ao mesmo tempo, instituíram a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, em 26 de agosto de 1789.
Grande parte da nobreza, atemorizada, resolveu emigrar para a Holanda, Inglaterra, Áustria e demais países.
Esperavam conseguir restaurar o absolutismo, que caía em frangalhos.
Um dos atos mais importantes da Assembléia Nacional Constituinte foi o confisco dos bens do clero.
Estes bens serviram como garantia para os bônus que foram emitidos com o objetivo de arrecadar fundos e superar a crise financeira.
A Igreja Francesa reagiu e protestou, mas a Assembléia passou a prender qualquer membro desta, que se manifestasse politicamente.
Por isto, a situação política e social era bastante confusa, nos momentos iniciais da revolução.
O rei mantinha secretamente contato com os emigrados e com as monarquias absolutistas da Áustria e da Prússia, para conspirar contra o governo revolucionário e restaurar o absolutismo.
Numa tentativa desesperada, o Rei Luís XVI tentou fugir para a Prússia, mas no caminho foi reconhecido e preso por camponeses, sendo obrigado a voltar para Paris.
Os setores mais moderados da Assembléia conseguiram que fosse aprovada uma Monarquia Parlamentar na Constituição de 1791 semelhante à inglesa após a Revolução Gloriosa.
O poder do rei (executivo) ficava, portanto limitado pelo poder legislativo (parlamento).
No entanto, o poder legislativo não era escolhido pelo voto universal (de todo o povo francês) mas pelo voto censitário (onde somente os mais ricos podiam votar).
Isso equivalia dizer, que o governo da França, ficava nas mãos de uma fração minoritária da rica burguesia e aristocracia.
Por isso o povo francês, continuava afastado das decisões políticas.
Além disso, a situação da política externa era tão grave quanto a crise interna da França Revolucionária.
As monarquias absolutistas vizinhas acompanhavam os acontecimentos com grande temor.
Crescia junto aos monarcas absolutistas a idéia de que era preciso esmagar a revolução no seu nascedouro, antes mesmo que se expandisse.
Já os revolucionários franceses passaram a raciocinar de forma oposta, isto é, pretendiam expandir a revolução através de uma guerra revolucionária, pois caso contrário, a França ficaria isolada e a revolução sucumbiria."
Nesse momento, o professor, vendo que sua aula acabaria dentro de alguns minutos, resolveu parar as explicações.
Continuaria sua explanação na aula seguinte, a qual seria na semana que vem.
E assim, arrumou suas coisas e saiu da classe.
Depois, ministrou aulas para as outras turmas do terceiro ano.
Após, o termino das aulas, foi até a biblioteca da escola, procurar outros livros para realizar o trabalho da faculdade.
Lá de tão empolgado que estava com sua pesquisa, só foi se dar conta das horas que se passaram quando saiu do colégio e voltou para casa.
Estava muito tarde.
Por isso, Dona Irene, ao vê-lo passar pela sala, foi logo lhe dizendo:
-- Chegou cedo para o jantar.
Mas Fábio nem ligou para a brincadeira.
Cansado, nem quis saber do almoço, foi logo se atirando-se em sua cama e dormiu.
O rapaz dormiu por cerca de duas horas.
Dormiu e sonhou com o dia em que terminaria seu curso e então finalmente poderia lecionar como verdadeiro professor que era.
Isso por que, faltava muito pouco tempo para se formar.
Sim, em menos de um ano, já poderia se considerar professor formado.
Mas em seus sonhos, rondava também, a figura de uma jovem, que nas últimas semanas, vinha lhe ocupando muitos de seus pensamentos.
Leonora em sonhos, vinha lhe trazer o diploma, pelo qual sonhara por anos.
Então seu sonho estava se tornando realidade.
E assim, no exato momento em que a moça lhe beijaria o rosto, o rapaz foi repentinamente acordado por sua mãe.
Dona Irene estava o chamando para jantar.
Ao ouvir isso, Fábio levantou-se num sobressalto.
Preocupado com o horário, chegou a perguntar para sua mãe se ainda daria tempo para tomar um banho.
No que ela respondeu:
-- Sim, mas não demore. Afinal, daqui uns quinze minutos, o jantar já estará pronto. Está bem?
Fábio concordou.
Por isso escolheu mais que depressa uma roupa para vestir e dirigiu-se ao banheiro.
Assim, quando Dona Irene colocou as panelas com arroz, feijão, carne, o suco, e o prato com salada, Fábio já estava mais do que limpo e vestido para sair.
Estava pronto também para jantar.
Com isso após o jantar, levantou-se, escovou os dentes, e depois, indo até o quarto, tratou logo de pegar seus livros e cadernos.
Antes de sair, despediu-se de sua mãe.
Após, foi caminhando até o ponto de ônibus.
Desta vez, para sua alegria, o coletivo demorou pouco tempo para passar.
Por isso, em menos de vinte minutos, já estava entrando na faculdade.
No entanto, como era ainda muito cedo para as aulas, Fábio aproveitou o tempo livre para ir até a biblioteca e pesquisar mais um pouco sobre o assunto de seu trabalho.
Ao lá chegar, foi imediatamente saudado por seus amigos que lá estavam, fazia algum tempo.
Eles, assim como Fábio, procuravam material para a redação do trabalho.
Por isso, enquanto a aula não começava, aproveitaram para pesquisar.
Verificando os livros da biblioteca, conseguiram achar um farto material para o aludido trabalho. Realmente, a incursão pela biblioteca da faculdade foi muito proveitosa.
Além disso, com o material que Fábio já havia reunido na escola em que ministrava aulas, os colegas já estavam mais do que preparados para redigirem e apresentarem o trabalho.
Por isso, diante do bom resultado das pesquisas, os rapazes resolveram marcar uma reunião com o restante do grupo, para começarem a distribuir o material coletado, e com isso, procederem a leitura do mesmo.
Mas, conforme combinavam a reunião, o sinal, anunciando o início das aulas, começou a soar, indicando que todos deveriam entrar em suas classes.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.