Poesias

terça-feira, 28 de janeiro de 2020

Algumas Palavras

Palavras são como fúrias ao vento.
Dão vida ao mais singelo papel desde que devidamente empregadas.
Se mal empregadas só farão por diminuir o encanto e o deleite que repousam sobre a folha de papel.
Não temas as palavras, deixem-nas tocarem com suas liras o coração humano mais insensível. Toquem-nas com a alma, como quem toca as teclas de um piano.
Assim como a brisa dos ventos tocam nossos cabelos, deixem que o fervor das palavras tome conta de sua vida.
Deixem que as palavras se liqüefaçam nos seus interiores, assim como a água entra em ebulição e o papel se encontra em seu elemento, numa perfeita simbiose com as letras, palavras que combinadas formam um texto.
Como já dizia Caetano Veloso, “a nossa flor do Lácio”.
Flor que encanta, mas que também pode assustar...

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

DAS VOLTAS DO MUNDO - CAPÍTULO 9

De lá foi até a sala do terceiro ano e começou sua aula.
Como sempre fazia, ao entrar na classe cumprimentou os alunos, abriu sua maleta e retirou um livro.
Ao abrir na página 91, começou a dizer:
"-- A Revolução Francesa, significou o rompimento do absolutismo.
Ela eclodiu em um momento no qual a burguesia e o sistema capitalista nascidos dentro do antigo regime estavam cerceados pelo próprio sistema político.
A monarquia absolutista, que trouxera tantos benefícios para o desenvolvimento do comércio e da burguesia na França, tornou-se, no final do século XVIII, um verdadeiro obstáculo para a expansão dessa mesma burguesia.
Os Grêmios de Ofício, limitavam o desenvolvimento de processos mais rápidos de produção.
Por essas e por outras razões, havia um descontentamento geral na França.
Não era só a burguesia que reclamava.
Os camponeses, tantos servos como rendeiros e pequenos proprietários, sentiam na pele o peso dos altos impostos cobrados pela Monarquia Absolutista.
Com isso, passou a haver uma indagação no ar.
O que fazer para superar essa situação?
A Revolução Intelectual, iniciada em meados do século XVIII, parecia oferecer algumas respostas nas críticas feitas pelos Iluministas.
Para eles, a única maneira de a França se igualar à Inglaterra, era passar o poder político para as mãos da burguesia – entre eles, comerciantes, industriais, banqueiros.
Era preciso destituir a nobreza que, aliada ao rei, mantinha o poder sob rígido controle.
Pois, se a Monarquia Absolutista representava um empecilho à modernização da França, esse obstáculo precisava ser removido.
E é este o significado da Revolução Francesa.
Com isso, se pode observar, que esta revolução, significou o fim do Absolutismo na França e ascensão da burguesia ao poder político, consolidando no plano econômico, as relações de produção capitalistas.
Além disso, as conseqüências deste movimento não ficaram adstritas à França.
O exemplo espalhou-se por toda a Europa, atravessou o Atlântico e influenciou movimentos de independência da América Latina.
Enfim, a Revolução Francesa foi um episódio tão importante na história do mundo ocidental, que se convencionou estabelecer este fato, com marco inaugural da Idade Contemporânea.
Ao terminar de proferir estas palavras, Fábio aproveitou para perguntar aos alunos, se estes tinham alguma dúvida em relação ao que foi apresentado.
Como a resposta foi negativa, aproveitou para continuar a aula.
E assim, retomando as explicações, disse que, a situação econômica na França, era bastante crítica.
Quase toda a renda da nação vinha da agricultura, sua população era de 26 milhões de habitantes e dentre estes, mais de 20 milhões moravam no campo.
No entanto, uma boa parte desses camponeses estavam ainda submetidos ao regime de servidão.
Para piorar, o comércio não podia se expandir, principalmente por causa das barreiras feudais que ainda subsistiam no interior do país, obrigando os comerciantes a pagarem altos impostos para os donos das terras.
Parece que até a natureza contribuiu para piorar a situação econômica do país.
Entre os anos de 1784 à 1785, alternaram-se inundações que resultaram numa flutuação dos preços dos alimentos, que, ora subiam, impedindo que os camponeses e os pobres em geral comprassem comida, ora baixavam, levando a maioria dos pequenos proprietários à falência.
Além disso, a situação da indústria francesa não era nem um pouco melhor, pois uma parte considerável da produção se baseava no sistema rural e doméstico.
As Corporações com todas as suas regras de controle, impediam que se desenvolvessem novas técnicas, que permitissem ampliar a produção de modo a atender um mercado consumidor crescente.
A atuação do governo na área de viticultura aumentou ainda mais o descontentamento.
Isso por que, a monarquia havia assinado um tratado comercial com os ingleses, pelo qual os vinhos franceses seriam trocados por tecidos ingleses, com isenção de impostos.
Tal acordo, levou várias pequenas fábricas francesas à falência, por não suportarem a concorrência da avançada técnica inglesa no ramo dos tecidos.
Além disso, a sociedade francesa, às vésperas da revolução estava dividida em três segmentos, conhecidos como Estados:
O Primeiro Estado representado pelo clero, e dividido em alto clero, – cujos membros eram oriundos da nobreza e de famílias ricas, possuindo todos os privilégios políticos e econômicos – e em baixo clero – proveniente das camadas mais pobres.
Já no Segundo Estado, a nobreza em geral, era a detentora de grandes privilégios, entre os quais, a quase total isenção dos impostos. Esta nobreza, no entanto, não formava um grupo homogêneo, estava subdividida em nobreza cortesã, que vivia junto ao rei, e a nobreza provincial que vivia nos castelos, no campo, e explorava o trabalho dos servos.
Quanto ao Terceiro Estado, este era constituído pela maioria esmagadora da população, aquela parte do povo, que suportava economicamente toda a França.
Os camponeses, que formavam a imensa maioria, forneciam com seu trabalho, alimentos e matérias-primas para a expansão econômica da sociedade.
Além disso, a maioria dos camponeses pagava, de uma forma ou de outra, pesados impostos – alguns deles feudais – para seus senhores.
Em menor número, mas também com importante participação no Terceiro Estado, estavam os trabalhadores das cidades, e também os desempregados, marginais que formavam o grupo dos assim chamados sans-culottes, nome dado aos pobres urbanos.
Este Estado, estava ainda dividido em pequenos burgueses – pequenos comerciantes e artesãos –, camada média – composta de comerciantes e profissionais liberais – e a alta burguesia – grandes banqueiros e comerciantes com o exterior.
No ano de 1774, subiu ao trono Luís XVI, neto do Rei Luís XIV.
Com isso, uma grande parte dos franceses, passou depositar certas esperanças de que o novo monarca conseguiria tirar a França da situação crônica de crise.
Mas as esperanças duraram pouco, o governo francês entrou em guerra com a Inglaterra, na época da Independência dos Estados Unidos, e o déficit cresceu ainda mais, o que obrigou o monarca, a aumentar os impostos.
Como as dívidas do Estado e o déficit do aumentassem, o rei tentou inúmeras soluções.
Convidou o fisiocrata Turgot para o cargo de Controlador Geral das Finanças, equivalente ao cargo de ministro da fazenda.
Turgot tentou sanear o déficit do tesouro, mas esbarrou com um problema de difícil solução, pois todos os impostos recaíam sobre o Terceiro Estado, deixando isentos o Segundo e o Primeiro.
Ao propor igualdade de taxações, Turgot foi demitido.
Assim, um novo Controlador Geral das Finanças foi nomeado, mas ele chegou à mesma conclusão de seu antecessor e teve o mesmo destino, isto é, a demissão.
O ministro seguinte, Calonne, propôs ao rei que convocasse a Assembléia dos Notáveis (composta somente de membros da nobreza) entre os anos de 1787 e 1788.
Os nobres ouviram as explicações de Calonne e, quando este sugeriu que seria necessário estabelecer a paridade de taxações, declararam-se em rebelião contra o próprio rei.
Diante disso, como era de se esperar, Calonne foi demitido.
Com isso, o déficit da França era, naquele momento, de 126 milhões de libras (a moeda francesa da época).
Como saída para a crise, sugeriu-se a convocação para os Estados Gerais, isto é, uma assembléia que reunisse representantes do Primeiro, do Segundo e do Terceiro Estado.
Os Estados Gerais deveriam discutir abertamente uma solução para a crise financeira que assolava o país.
Mas o Terceiro Estado pretendia muito mais que isso, queria aproveitar o ensejo para fazer exigências de caráter político.
Suas principais exigências eram: Duplicação do número de representantes nos Estados Gerais, garantindo pelo menos o empate com os outros dois Estados, uma vez que cada Estado tinha direito a um voto, e o Terceiro estava sempre em condições inferiores, dado que os dois primeiros partilhavam as mesmas posições e votavam de maneira idêntica. Queriam ainda, o Voto Individual.
Como o Terceiro Estado contava com a adesão de alguns membros do Primeiro e do Segundo Estado, esta seria uma estratégia para atingir a maioria nas decisões.
Contudo, a notícia da convocação dos Estados Gerais, caiu como uma bomba sobre a França.
Da noite para o dia, todo o país estava invadido por milhares de jornais, planfletos e cartazes.
A agitação geral da sociedade assustou o rei e a nobreza.
Enquanto isso, o Terceiro Estado se organizava para obter a aprovação de suas reivindicações.
Assim, ao abrir a seção inaugural dos Estados Gerais, o rei advertiu os presentes de que a Assembléia se destinava única e exclusivamente a discutir questões relacionadas às finanças, e que com isso, não se falaria de reivindicações políticas.
Com isso, diante da atitude do rei, o Terceiro Estado agiu prontamente, exigindo que as reuniões fossem feitas conjuntamente e não separadas por Estados.
Para garantir suas reivindicações, o Terceiro Estado proclamou-se Assembléia Geral Nacional.
O rei, desesperado diante da iniciativa dos representantes do Terceiro Estado, mandou fechar a sala de reuniões.
Mas, o Terceiro Estado não se deu por vencido e seus deputados tomaram a decisão de proclamar-se Assembléia Nacional.
Dirigiram-se a um salão que a nobreza utilizava para jogos e lá juraram permanecer reunidos até que a França tivesse uma Constituição.
E aos 27 de junho, o rei ordenou aos demais representantes dos dois primeiros Estados que participassem da Assembléia.
Assim, no dia 9 de julho de 1789, reuniu-se pela primeira vez a Assembléia Nacional para redigir uma nova Constituição.
Os deputados dividiam-se em dois grandes grupos, os Jacobinos e os Girondinos, cujas posições físicas nas bancadas da Assembléia era as seguintes: Na Ala esquerda ficavam sentados os Jacobinos – mais tarde Montanheses –, liderados por Robespierre, representando a pequena burguesia, profissionais liberais e lojistas.
Próximos aos Jacobinos estavam os Cordeliers – que receberam este nome por que seus adeptos se reuniam no Convento dos Franciscanos, os Cordeliers – sob a liderança de Marat e Danton, representavam igualmente os interesses do Terceiro Estado.
Nas cadeiras do centro, estavam os Girondinos – que mais tarde receberiam o nome de Planície ou Pântano – , representavam os interesses da alta burguesia comercial e financeira e também da nobreza liberal.
Formavam o maior grupo da Assembléia.
Por fim, na extrema direita, sentavam-se os representantes da nobreza e do clero.
Constituindo-se em minoria e defendiam a monarquia.
Além disso, dois grupos começavam a se formar, de um lado liderados por Mirabeau, onde de um lado, havia aqueles que defendiam uma monarquia institucional e de outro, uma minoria liderada por Robespierre, que defendia uma democracia republicana.
Para o rei, isto significava a perda do poder absoluto.
Por isso, sua reação foi imediata.
Demitiu o ministro Necker e ordenou ao exército que se preparasse para reprimir as manifestações da burguesia.
No dia 14 de julho, a burguesia apelou para a ajuda do povo parisiense.
Mas a Bastilha, construção utilizada como prisão política, foi invadida por populares.
Diante disso, a violência revolucionária rapidamente espalhou-se pelo interior da França. Camponeses invadiram os castelos da nobreza feudal, executaram famílias inteiras e exigiam uma reforma fundiária.
Os temores da burguesia voltaram-se então para as ações dos camponeses, que poderiam começar a avançar também contra a propriedade burguesa.
Para garantirem-se, decidiram abolir os direitos feudais, e quase ao mesmo tempo, instituíram a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, em 26 de agosto de 1789.
Grande parte da nobreza, atemorizada, resolveu emigrar para a Holanda, Inglaterra, Áustria e demais países.
Esperavam conseguir restaurar o absolutismo, que caía em frangalhos.
Um dos atos mais importantes da Assembléia Nacional Constituinte foi o confisco dos bens do clero.
Estes bens serviram como garantia para os bônus que foram emitidos com o objetivo de arrecadar fundos e superar a crise financeira.
A Igreja Francesa reagiu e protestou, mas a Assembléia passou a prender qualquer membro desta, que se manifestasse politicamente.
Por isto, a situação política e social era bastante confusa, nos momentos iniciais da revolução.
O rei mantinha secretamente contato com os emigrados e com as monarquias absolutistas da Áustria e da Prússia, para conspirar contra o governo revolucionário e restaurar o absolutismo.
Numa tentativa desesperada, o Rei Luís XVI tentou fugir para a Prússia, mas no caminho foi reconhecido e preso por camponeses, sendo obrigado a voltar para Paris.
Os setores mais moderados da Assembléia conseguiram que fosse aprovada uma Monarquia Parlamentar na Constituição de 1791 semelhante à inglesa após a Revolução Gloriosa.
O poder do rei (executivo) ficava, portanto limitado pelo poder legislativo (parlamento).
No entanto, o poder legislativo não era escolhido pelo voto universal (de todo o povo francês) mas pelo voto censitário (onde somente os mais ricos podiam votar).
Isso equivalia dizer, que o governo da França, ficava nas mãos de uma fração minoritária da rica burguesia e aristocracia.
Por isso o povo francês, continuava afastado das decisões políticas.
Além disso, a situação da política externa era tão grave quanto a crise interna da França Revolucionária.
As monarquias absolutistas vizinhas acompanhavam os acontecimentos com grande temor.
Crescia junto aos monarcas absolutistas a idéia de que era preciso esmagar a revolução no seu nascedouro, antes mesmo que se expandisse.
Já os revolucionários franceses passaram a raciocinar de forma oposta, isto é, pretendiam expandir a revolução através de uma guerra revolucionária, pois caso contrário, a França ficaria isolada e a revolução sucumbiria."
Nesse momento, o professor, vendo que sua aula acabaria dentro de alguns minutos, resolveu parar as explicações.
Continuaria sua explanação na aula seguinte, a qual seria na semana que vem.
E assim, arrumou suas coisas e saiu da classe.
Depois, ministrou aulas para as outras turmas do terceiro ano.
Após, o termino das aulas, foi até a biblioteca da escola, procurar outros livros para realizar o trabalho da faculdade.
Lá de tão empolgado que estava com sua pesquisa, só foi se dar conta das horas que se passaram quando saiu do colégio e voltou para casa.
Estava muito tarde.
Por isso, Dona Irene, ao vê-lo passar pela sala, foi logo lhe dizendo:
-- Chegou cedo para o jantar.
Mas Fábio nem ligou para a brincadeira.
Cansado, nem quis saber do almoço, foi logo se atirando-se em sua cama e dormiu.
O rapaz dormiu por cerca de duas horas.
Dormiu e sonhou com o dia em que terminaria seu curso e então finalmente poderia lecionar como verdadeiro professor que era.
Isso por que, faltava muito pouco tempo para se formar.
Sim, em menos de um ano, já poderia se considerar professor formado.
Mas em seus sonhos, rondava também, a figura de uma jovem, que nas últimas semanas, vinha lhe ocupando muitos de seus pensamentos.
Leonora em sonhos, vinha lhe trazer o diploma, pelo qual sonhara por anos.
Então seu sonho estava se tornando realidade.
E assim, no exato momento em que a moça lhe beijaria o rosto, o rapaz foi repentinamente acordado por sua mãe.
Dona Irene estava o chamando para jantar.
Ao ouvir isso, Fábio levantou-se num sobressalto.
Preocupado com o horário, chegou a perguntar para sua mãe se ainda daria tempo para tomar um banho.
No que ela respondeu:
-- Sim, mas não demore. Afinal, daqui uns quinze minutos, o jantar já estará pronto. Está bem?
Fábio concordou.
Por isso escolheu mais que depressa uma roupa para vestir e dirigiu-se ao banheiro.
Assim, quando Dona Irene colocou as panelas com arroz, feijão, carne, o suco, e o prato com salada, Fábio já estava mais do que limpo e vestido para sair.
Estava pronto também para jantar.
Com isso após o jantar, levantou-se, escovou os dentes, e depois, indo até o quarto, tratou logo de pegar seus livros e cadernos.
Antes de sair, despediu-se de sua mãe.
Após, foi caminhando até o ponto de ônibus.
Desta vez, para sua alegria, o coletivo demorou pouco tempo para passar.
Por isso, em menos de vinte minutos, já estava entrando na faculdade.
No entanto, como era ainda muito cedo para as aulas, Fábio aproveitou o tempo livre para ir até a biblioteca e pesquisar mais um pouco sobre o assunto de seu trabalho.
Ao lá chegar, foi imediatamente saudado por seus amigos que lá estavam, fazia algum tempo.
Eles, assim como Fábio, procuravam material para a redação do trabalho.
Por isso, enquanto a aula não começava, aproveitaram para pesquisar.
Verificando os livros da biblioteca, conseguiram achar um farto material para o aludido trabalho. Realmente, a incursão pela biblioteca da faculdade foi muito proveitosa.
Além disso, com o material que Fábio já havia reunido na escola em que ministrava aulas, os colegas já estavam mais do que preparados para redigirem e apresentarem o trabalho.
Por isso, diante do bom resultado das pesquisas, os rapazes resolveram marcar uma reunião com o restante do grupo, para começarem a distribuir o material coletado, e com isso, procederem a leitura do mesmo.
Mas, conforme combinavam a reunião, o sinal, anunciando o início das aulas, começou a soar, indicando que todos deveriam entrar em suas classes.

Luciana Celestino dos Santos
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segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

Pérolas de Sabedoria

Desde as priscas eras o ser humano tentava explicar de alguma forma, o fenômenos e os elementos que circundavam sua vida.
Assim a chuva pode ser a ira de alguma divindade que, descontente, lançava raios furiosos para amedrontar os homens, e assim por diante.
Para explicarem o surgimento de algo tão maravilho como a pérola foi preciso mais.
Foi preciso se criar um mito para que fosse apreciada sua adoração.
Dizem que as pérolas são as lágrimas de uma deusa em tributo à eterna infelicidade, pois, despojada de seu maior desejo, perdeu o significado da vida ...
Muitos povos acreditaram durante muito tempo, que por toda a eternidade essa deidade ficara a lacrimar ...
Outras lendas existem ainda para tentar explicar a magnitude de tão maravilhosa criação, mas nenhuma capaz de suplantar com seu esplendor a beleza da mais bela criação divina definida como um glóbulo, duro, brilhante e nacarado, que se forma nas conchas dos moluscos bivalves.
A pérola.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte. 

Infância

Templo do amor-perfeito, onde tudo e todos tem um quê de onírico.
As recordações que tenho da minha infância são silentes, mas de certa forma também são eloqüentes, posto que remetem a um tempo de magia e de muitas brincadeiras.
Tudo é motivo para encantamento, deslumbramento.
Os canudos multi-coloridos usados para tomar refrigerante, se tornavam uma festa sem igual nas mãos de uma criança imaginativa.
Buliçosa que de traquina aprontava mil aventuras em sua fértil imaginação.
Os bonequinhos do bolo se transformam em mil e uma brincadeiras, cada qual, uma forma de contar variadas histórias.
Os amigos, a praça defronte a casa, as noites enluaradas em meio a brincadeiras e balanços, alegrias, choradeiras, confusões...

Luciana Celestino dos Santos
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*Buliçosa é o feminino de buliçoso. O mesmo que: esperta, inquieta, arruaceira, contrariada, movimentada.

Sortilégios

Suave pendão auriverde de minha terra.
Longínquas fragatas lançadas ao sabor das borrascas e dos ventos alísios.
Tempestade, calma, serenidade.
O langor do corpo lasso que intrépido outrora, neste instante se queda inerte.
Passos largos se aproximam como num lento suspirar.
A combinar com o sabor dos ventos, um odor almiscarado.
Ao fundo, um jardim, repleto de madressilvas que rivalizando com as maravilhas da lua, eram todas elas de uma beleza sem igual, edulcoradas que eram pela natureza agreste do lugar.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

*alísio
adjetivo substantivo masculino
METEOROLOGIA
diz-se de ou vento que sopra durante todo o ano sobre extensas regiões do globo, das altas pressões subtropicais em direção às baixas pressões equatoriais; alisado, alíseo, aliseu [O alísio do hemisfério sul sopra de sudeste para noroeste e o do hemisfério norte de nordeste para sudoeste.].

*almiscarado
adjetivo
1. perfumado com almíscar.
2. que tem o odor do almíscar ou semelhante a essa substância.

*madressilva
substantivo femininoANGIOSPERMAS
1. arbusto volúvel ( Lonicera caprifolium ) da fam. das caprifoliáceas, nativo da Europa e da Ásia, de folhas coriáceas, flores aromáticas amareladas e bagas ovoides vermelhas, muito cultivado como ornamental; chupa-mel, madre-caprina, madressilva-dos-jardins.
2. design. comum a diversas plantas do gên. Alstroemeria, da fam. das alstroemeriáceas, cultivadas como ornamentais e por suas flores.

*Edulcorado é o particípio passado do verbo edulcorar. Segundo o Dicionário Eletrônico Houaiss, edulcorar significa «tornar doce ao paladar». ... Também o Dicionário da Porto Editora nos dá «adoçar» como significado de edulcorar, enquanto, em sentido figurado, este verbo é o mesmo que «suavizar, amenizar».

O > Espetáculo da Terra

Gostaria de começar, escrevendo sobre uma linda história, mas como estou há muito tempo sem escrever.
Parece que eu perdi o jeito de lidar com as palavras
Princesas tão ariscas
Tão ariscas que parecem escapar por entre meus dedos, lisas como corredeiras de rios imensos e caudalosos
Procuro inspiração
Onde estás?
Respondas!

Tentei escrever sobre as grandes batalhas da terra Brasil
Fracasso
Não consegui desenvolver nada muito original
Muito embora a história deste país seja tão rica...
Escrevi sobre a origem do mundo e a beleza da criação divina

Nesta empreitada consegui ser um pouco mais feliz
Ao que me parece, perdi um pouco o jeito, fogem-me as idéias
Hoje, tenho que me esforçar um pouco mais para ter idéias criativas...

Espere, parece que me ocorreu uma idéia
Vou escrever sobre o carnaval, que é a maior festa popular do mundo
O ano de 2003 começou como qualquer outro ano ...
As comemorações de fim de ano...
No nosso caso, um churrasco para coroar a passagem do ano com flores – no caso de pano, mas ainda assim flores - música, boa música, a intragável posse do novo salvador da pátria do momento, e a expectativa de alguma novidade neste ano que surge.
Vesti uma saia longa preta juntamente com uma blusa cinza, estilo tomara que caia, maquiagem, pulseiras e o colar que ganhei de minha tia no meio do ano, como presente de aniversário, e os cabelos bem cuidados e soltos como sempre.
Na noite da passagem do ano, o Reveillon propriamente dito, estava usando meu vestido longo marrom que eu adoro, com uma tira num dos ombros, simulando um tomara que caia.
Estava igualmente maquiada e arrumada para tão especial ocasião como sempre me arrumo há muito tempo.
Para ser exata, há sete ou oito anos, desde São Caetano, é uma comemoração memorável no apartamento em frente a escola onde já estudei.
Naquela época, nossa árvore de natal de dois metros e quarenta, estava sendo comprada, e nós estavamos preparando a sala para o Natal.
Neste Natal, usei um vestido vermelho curto, com um scarpin vermelho que eu comprei para combinar com o vestido, maquiagem, cabelos presos, champagne e uma bela ceia.
Ouvimos música, inclusive os Beatles.
Tomei muito champagne e assistimos um pouco de televisão, depois ceamos.
Se não me falha a memória, usei no Reveillon, meu vestido branco com corselet, maquiagem, sapatos brancos, e como sempre a ceia que encerra toda passagem de ano.
Em Santo André usei um vestido preto longo que comprei quando já morava lá, e também um outro vestido de formatura branco que eu fiz.
Mas voltando ao churrasco de fim de ano e ao dia Primeiro de Janeiro de 2003...
No já tão propalado dia mundial da paz, embora por muitos esquecido.
Foi um belo churrasco, e o início de um ano que com certeza será venturoso e profícuo de mudanças.
Ainda no Natal de 2002, vesti o já conhecido vestido branco com corselet, e no dia seguinte, uma saia longa vermelha com uma blusa igualmente vermelha com uma alça em V.
Como sapato, usava uma sandália plataforma preta, maquiagem, meus brincos de argola, meu relógio dourado, e perfume.
Ademais, como já dito, sobreveio o ano de 2003, a minha formatura, no Anfiteatro da Faculdade de Direito...
Sucederam-se os dias, que na maior parte das vezes foram de estudo, muito estudo, dedicação, e também porque não, assistindo novelas, e a maravilhosa minissérie A Casa das Sete Mulheres, que conta a história da Revolução Farroupilha, também conhecida como Guerra dos Farrapos, e seus heróis e vilões, todos devidamente romantizados.
Chegou finalmente o final do mês de fevereiro, e com isso o Carnaval de São Paulo, muito organizado e bonito, e apesar das tragédias que aconteceram próximas a data, nada empanou o brilho da comemoração.
Não vou recordar exatamente, a ordem dos desfiles na Passarela Adoniram Barbosa, saudoso sambista que compôs e cantou as belezas e mazelas da cidade de São Paulo, mas vou fazer um gostoso esforço para me lembrar um pouco de cada um dos desfiles.
A começar pela Escola de Samba Barroca Zona Sul, que inclusive retornou para o grupo de acesso depois do desfile.
Na minha opinião, foi desfile fraco, com fantasias feias, apesar da carnavalesca Rosa Magalhães.
Já a Gaviões da Fiel, ganhadora do carnaval, falou do Brasil, através de suas cinco regiões.
Possuía lindas e ricas fantasias, fez um belo desfile, mas não considero como um desfile vencedor.
A Escola Águia de Ouro fez um desfile muito mais bonito ao falar da China.
Tanto que senti até vontade de conhecê-la; e a Rosas de Ouro, ao falar das frutas, tendo no Carro Abre-Alas uma rosa símbolo da Escola, bem como frutas tema do enredo.
E que também fez um belo desfile, adorei.
A Acadêmicos do Peruche, ao falar de Ziraldo, também fez um bonito desfile apesar dos problemas pelos quais passou, chegando até a perder alguns carros alegóricos em um incêndio, e nem assim foi poupada de ser rebaixada.
Achei isso, injusto e cruel.
Mas apesar disso, tal infelicidade mostrou o lado da solidariedade humana, ao vermos que as outras escolas, rivais, a ajudaram da forma que puderam.
A Vila Maria falou da Dutra, e da região limítrofe a rodovia, falou de Aparecida e de outras cidades do Vale do Paraíba.
Apesar de estar chegando no Grupo Especial, fez um senhor desfile.
A Nenê de Vila Matilde, infelizmente não me lembro de ter acompanhado seu desfile.
Temos a Leandro de Itaquera e a Acadêmicos do Tucuruvi, que falaram da imprensa e do jornalista Tim Lopes que foi assassinado em meados do ano passado, e que, na minha opinião, não fizeram um desfile bom, as fantasias estavam feias, e o enredo não foi bem apresentado e explorado.
Temos ainda a X-9 Paulistana, entre outras.
Subiram para o grupo especial a Escola de Samba Acadêmicos do Tatuapé, e outra que agora, não me recordo o nome.
Mas independente dos problemas com uma ou outra escola, o desfile de São Paulo é lindo, com certeza, e vale a pena ser prestigiado, independente da escola a desfilar.
No Rio de Janeiro temos a Grande Rio, Caprichosos de Pilares, Portela, Mocidade Independente de Padre Miguel, Imperatriz Leopoldinense, Mangueira, Beija-Flor – campeã do carnaval carioca ao falar da fome, Salgueiro – que falou da sua história, e convidou componentes da Mangueira para o desfile, posto que a Escola mencionada é sua madrinha –, Porto da Pedra, entre outras.
Adorei o desfile no qual o enredo foi não só a história do teatro, já abordado no mesmo carnaval por outra escola carioca, mas também a história de Bibi Ferreira.
Tão linda quanto a história estava a Comissão de Frente com uma bailarina de quatorze anos fazendo a Bibi Ferreira jovem.
Também adorei a Comissão de Frente da Mangueira ao mostrar Moisés levitando em plena Sapucaí, a passarela do samba.
A Passarela Professor Darci Ribeiro, conhecido educador, assim como Paulo Freire e outros que se não o são, deveriam serem conhecidos.
O Brasil, terra abençoada, apesar de seus inúmeros problemas, é uma terra fértil em grandes nomes em grandes campos do conhecimento.
Ainda bem.
Por fim, é uma pena não poder falar mais do carnaval, de suas marchinhas, de seus blocos que até hoje persistem e resistem.
Isso porque, muita coisa eu não conheço, e se falasse cometeria um grande erro, posto que pessoas muito mais abalizadas que eu é que podem falar sobre isso.
Mas tudo bem, agradeço aos que lerem essas baboseiras que eu acabei de escrever, e peço passagem para continuar escrevendo.
Obrigada.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

terça-feira, 21 de janeiro de 2020

Sonhos

Recordo-me do sonho de ontem.
Foi um sonho que eu tive e que por sinal foi bem interessante.
Era assim.
Uma bela e imensa construção, que aos que de fora olhavam, a imaginavam média.
Somente ao entrar nela se podia dar conta de sua grandiosidade.
Por fora da casa, toda pintada de amarelo claro, se tinha a impressão de ser uma casa de tamanho razoável.
Realmente, não era pequena.
Só que ao fundo da construção, se esta pudesse ser visível por quem de fora olhasse, poderia se perceber a magnificência da vasta construção.
A casa fora estrategicamente construída para que ninguém pudesse perceber quais eram suas reais dimensões.
Nem mesmo quem lá trabalhava, sabia exatamente o seu tamanho.
Os únicos que conheciam detalhes da casa, eram os donos da casa.
Nem mesmo a mocinha que habitava a casa, nem ela conhecia todos os segredos desta.
Em seu interior, a casa era bem maior do que parecia.
Tão grande, que mais parecia um labirinto cheio de secretas passagens e muito suntuoso.
Cheio de móveis antigos, esculturas que remontam do período grego, grandes pinturas nas paredes, flores, abajures caríssimos.
A cozinha por exemplo, abrigava um exército de trabalhadores que preparavam durante todo o dia o ambiente para as refeições da família, suas festas, e seu dia-a-dia.
Neste ambiente, cujo piso era de mármore, havia vários fornos, fogões, armários para guardar os  utensílios domésticos, e até uma mesa de mármore para preparar as refeições dos patrões.
Parecia uma cozinha industrial, tamanha a quantidade de equipamentos que lá havia.
Em outro cômodo da casa, próximo da cozinha, mais armários guardavam as louças e as pratarias da dona do imóvel.
A despensa era imensa, possuía todas as espécies de alimentos que se podia imaginar.
Cumpre salientar que esta dependência da cozinha, era de uso exclusivo dos donos da casa.
Atrás da cozinha estava a lavanderia, com vários cômodos.
Num deles, inúmeros tanques de lavar roupa.
No outro ficava o depósito com o armário para guardar os produtos de limpeza, ferros de passar, as tábuas que ficavam escamoteadas no armário, sabões, etc..
Ali também havia um outro espaço para se guardar as roupas passadas e tudo o que fosse necessário, e por último, uma grande área reservada só para os varais, ainda dentro da casa.
Com efeito, resta falar de um depósito de quinquilharias que existia ao fundo da casa, onde estavam guardadas as tralhas imprestáveis da família.
Num imenso corredor que saía da cozinha, se avistavam ainda, os quartos dos empregados.
Eram cerca de uns trinta e cinco quartos.
Tais quartos consistiam em: uma entrada e uma sala com sofás de madeira com tecido salmão, com mesa de centro e uma pequena estante com rádio e outros produtos de consumo da época.
Lá também havia uma mesa com quatro lugares, para realizar as refeições do fim do dia, bem com em alguns quartos, havia uma pequena cozinha e área de serviço, com espaço para um varal.
No mesmo ambiente, estava ainda o quarto dos filhos, geralmente com duas camas e três aparadores (geralmente), amplos armários, escrivaninha, banheiro com chuveiro, pia e sanitário, além de uma pequena sala repleta de brinquedos.
No quarto propriamente, um ambiente com cama de casal e dois aparadores de cada lado da cama, um sofá de tecido salmão aos pés da cama, penteadeira com cadeira revestida também de veludo salmão, ao fundo um pequeno closet, e um banheiro com chuveiro, uma pequena banheira, pia com um grande espelho e sanitário.
Esta é basicamente a composição dos quartos dos empregados, com poucas diferenças.
Geralmente quem trabalhava na casa levava sua família junto.
Agora, com relação o local das refeições dos empregados, o piso deste era de um mármore singelo, possuía cerca de umas quarenta mesas de vidro com pés de mármore e quatro cadeiras cada, todas de espaldar alto.
Tal cômodo ficava em outro setor da casa, onde ficava também a cozinha onde preparavam a comida que os outros criados da casa iriam comer.
Havia também uma imensa despensa para esta cozinha.
Para os serviçais, havia também uma lavanderia, quase do mesmo tamanho da dos patrões, para que pudessem cuidar de suas roupas.
Na área da casa onde ficava a cozinha havia um enorme local para refeições, onde havia fornos especiais para se prepararem pizzas, entre outras delícias, e era onde a família e os amigos eventualmente se reuniam, geralmente em finais de semana.
Enfim, a casa era um verdadeiro palácio.
Magnifico.
A seguir pode-se ver outros ambientes na casa: a entrada, suntuosa com grandes esculturas de pedra, colunas de mármore, e piso igualmente de mármore; após, a sala, com sofás de madeira trabalhada e recoberto por fino tecido, além de mesinhas e aparadores cheios de fotos, abajures e algumas esculturas.
Havia uma mesa de centro também em madeira, onde repousava um imenso vaso com flores e onde se tinha uma vista deslumbrante de um jardim de inverno que ficava dentro da casa.
Ao fundo havia ainda outras salas, uma com lareira, esta adornada com ricas esculturas de gesso como também com móveis de madeira e sofás recobertos de veludo verde e mesinhas e aparadores, como na outra sala.
Ao lado desta a sala de descanso, com inúmeros pufes para amparar as pernas cansadas dos moradores do majestoso lar.
Quanto a decoração, nada de sofás de madeira recobertos de tecido, e sim sofás estofados e de tecido, ricamente revestidos de veludo salmão.
Ao centro do cômodo um sofá redondo, no mesmo estilo.
E ao fundo uma pequena estante com divisórias para as correspondências dos moradores, bem um como um bar com sete lugares, igualmente feito em madeira, e repleto de bebidas, e atrás dele, uma adegada climatizada.
Na casa havia também uma sala de som, um estúdio para as músicas, um cômodo para guardar filmes, e uma sala íntima, com muitos sofás e de onde se podia avistar um dos inúmeros jardins internos da casa.
Num desses jardins existia um pergolado, e várias espécimes de flores, bem uma praça com esculturas e fonte de onde jorrava água.
Na outra sala estava um piano de calda, e também estava adornada à semelhança das salas anteriores.
Entre as inúmeras salas pude ver uma colossal escada, e ao se aproximar dela, pode se constatar a presença ainda, de uma sala de jantar com umas trinta ou até mais, cadeiras e uma mesa de vidro com pés de mármore, bem como de alguns móveis ao redor, assim como imensos arranjos de flores e algumas pequenas esculturas clássicas.
Ao lado, uma sala de almoço, com uma mesa redonda, umas quinze cadeiras, e uma ornamentação um pouco mais simples.
No escritório havia toilet, uma biblioteca de livros técnicos – imensa, dividida em vários setores, com espaço para revistas e jornais, além é claro de romances e clássicos da literatura, bem como enciclopédias –, uma sala de espera e uma pequena copa, tudo para que o senhorio pudesse trabalhar em casa.
Duas secretárias organizavam sua agenda, em uma sala só para elas, e lá mesmo ele atendia seus clientes.
Pode-se ver ainda outras duas salas, uma de estudos, com várias carteiras de madeira de lei, uma imensa biblioteca dividida em várias seções e que pelo tamanho devia ter uns trezentos ou quatrocentos metros quadrados.
Também pode-se ver uma farta sala de brinquedos, com tantas bonecas e brinquedos, que mais parecia uma loja.
Tudo isso me parecia imenso.
Se fosse calcular a dimensão destes cômodos, acredita-se, daria cada um uns cem metros quadrados ou mais.
Pode se avistar ainda uma enorme piscina olímpica, assim como os salões de jogos, com área para jogar pingue-pongue e cartas, além de sinuca e outros jogos, uma quadra poliesportiva, além de uma piscina coberta.
Havia também um magnífico salão de festas, com pista de dança, e que possuía serviço de cozinha próprio, toilet’s separados e tudo mais o que fosse necessário.
Até um barzinho com cinco lugares cada e com sua própria adega.
Havia ainda salas de ginástica, com vários ambientes, vestiários, e saunas.
No ambiente externo havia vestiários para a piscina, churrasqueira, barzinhos, ao todo três, com oito lugares, várias varandas e alpendres.
A casa possuía ainda uma capela com cem lugares, para os empregados rezarem, assim como os moradores da casa.
A capela era tão imponente que possuía inúmeros vitrais, confessionário, e um grande altar com inúmeras imagens de santos.
E uma sala de costuras, com três ambientes para que a mãe pudesse se distrair durante o dia.
E ainda, uma garagem para uns cinqüenta carros.
Ademais, não se pode deixar de esquecer de fazer menção de quem, em todos os ambientes da casa existem toilet’s ou lavabos sem exceção.
Na casa haviam também uma enorme sala de TV que mais parecia um cinema.
Suntuosa, era muito bem decorada.
Ademais ainda tinha um teatro, com palco, camarins, banheiros e auditório com cem cadeiras, entre os ambientes da imponente residência.
No jardim, imenso, havia uma grande variedade de plantas, flores e árvores, bem como um zoológico e um cemitério, distantes de olhares curiosos.
Por fim, adentrando a casa novamente, surgiu o corredor que dava acesso aos quartos, no andar superior da casa, e neste pode se ver o magnifico quarto onde uma jovem repousava, com móveis antigos, trabalhados em madeira.
Nesse quarto, uma imensa janela dava acesso a uma bela vista do lugar (este só visível para quem lá morava), e que poderia ficar escondida pela rica cortina azul que ficava sobre a janela.
Ainda neste ambiente havia uma penteadeira, com objetos de uso pessoal e uma cadeira com estofamento em veludo azul, um sofá comum também revestido de veludo na mesma cor, e ao redor da cama de casal, cortinas azuis.
Próximo a janela ficava a escrivaninha, acompanhada de uma cadeira de espaldar alto e revestida de azul, e uma estante, com livros e os objetos e estudo.
Ao lado da cama, um pequeno móvel de madeira de cada lado com abajures trabalhados datando da belle époque.
Na saleta que fazia parte do quarto, estavam os sofás de madeira revestidos do mesmo tecido, uma mesa de centro de madeira de lei, com flores, dois pequenos móveis de madeira atrás dos sofás, uma mesa com dois lugares e ao fundo se podia ver a porta do toilet e antes um imenso closet onde havia uma passagem.
Os demais quartos em muito se assemelhavam com esse, e por isso seria desnecessário descrevê-los, só atentando para o fato de que era uns trinta quartos ao longo de um imenso corredor, sendo quase todos avarandados e com algumas passagens secretas.
No último andar ficava um sótão também mobiliado e com alguns ambientes ricamente decorados e aparentemente abandonados, os quais nem a filha dos donos tinha acesso.
Pois bem, nesta casa morava uma jovem moça.
E neste sonho, a jovem moça estava procurando algo que ninguém saberia explicar.
Procurou, procurou, chegou a sair de sua casa escondida para que pudesse encontrar o que almejava.
Não conseguiu.
Por essa razão, em boa parte do sonho, ela estava fora da casa.
Somente no final do sonho retornou ao lar.
Ao entrar foi logo recebida por uma empregada que cuidou para não a vissem.
Nervosa, a empregada cobriu-a e a levou para o quarto.
A moça, devia viver como uma verdadeira lady neste monumento da arquitetura.
E tudo seguiria calmamente, não fosse o fato de a moça ter um amigo muito impertinente e atrevido.
Amigo este que conseguiu adentrar o palácio e se esconder nos aposentos da jovem mulher.
Viveu um bom período escondido a lhe fazer companhia, e quase foi descoberto, não fosse sua vivacidade e esperteza ao se esconder numa das passagens escondidas da casa, a tempo. E com isto, acabaria a combinação entre eles.
Isso porque uns dos empregados de seu pai adentrou seu quarto inesperadamente.

Luciana Celestino dos Santos
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