Poesias

quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

Um Achado!

Escolheste uma flor como lembrança, num momento sublime em que a história começa.
No chão cinzento de um céu escuro, uma semente procura abrigo para germinar e espalhar beleza por entre o quintal.
Pálida rosa que desabrocha sem vida e sem cor, de ciúme da flor que se faz rival competindo com ela. Triste jardim cinzento, sem terra, abandonado.
Esquecido em sua ternura.
O chão esquecido, quase todo de concreto, deu espaço para uma singela flor.
A casa atrás, relembra antigas construções paulistas do início do século XX.
Belíssima edificação, maltratada, faixada envelhecida.
Por dentro desta, móveis antigos, sendo muitos coloniais, amadeirados nobremente com ricos detalhes barrocos.
Na sala de jantar, alguns castiçais e candelabros ricamente trabalhados enfeitavam a mesa de madeira nobre, pés em forma de curvas, cadeiras altas revestidas de tecido no assento.
Com muitos detalhes em seus espaldares, sendo o tampo da mesa de vidro.
Várias salas com muitos retratos, quadros, esculturas...
Nos quartos camas de madeiramento pesado, muitos móveis, cômodos espaçosos e grandes.
Num dos quartos, muitas recordações; um velho baú repleto de recordações.
Lembrou-me a vida de uma velha senhora que morrera a pouco.
Triste história perdida por entre os anos.
A casa envelhecida pelo tempo, não pôde resistir a sua implacabilidade, desfalecendo-se em abandono...

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

Era um garoto que como muitos outros, amava os Beatles e os Rolling Stones, entre outras coisas...

Delicada tarde que se faz presente.
Sinto os passos do passado que seguem por toda a vida.
Não tenho memória de uma época que não vivi.
Mas vou contar para você o que desejo escrever nestas linhas.
O que tem se passado é muito antigo, resvalado no primado da vida que são os sonhos que a gente tem.
Num vale em que se fez tarde há muito tempo, vivia uma família grande que morava em uma casinha simples e que da terra tirava seu sustento.
Nessa vida de cultivar a terra, muito tempo se passou e muito se mudou.
Uma semente se lançou ao vento em busca de uma melhor vida.
Viagem que quase o lança para muito mais longe do que se pode alcançar.
Conheceu numa bela cidade, uma nova vida que não se furtou de aproveitá-la.
Trabalhou, estudou, se divertiu, juntou dinheiro e ajudou a família.
Bons momentos, creio eu, foram em profusão.
Na coca-cola da vida você soube apreciar outros refrigerantes que também deram sabor às suas tardes.

“Jovens tardes de domingo
Quantas alegrias...
E o que foi felicidade
Me mata agora de saudade
Velhos tempos
Belos dias... “

Na vitrola, todas “As canções que você fez pra mim”.
Nas suas belas viagens, “As curvas da estrada de Santos”.
Os bailes da vida.
Movimentos políticos, as críticas.
Mesmo vivendo numa bela cidade desenvolvida, passou dificuldades, mas soube se fazer superar.
Foi firme quando preciso e saboreou com fartos goles os melhores vinhos que a vida lhe ofereceu. Acredite, nem todos são conhecedores de vinho.
Vinho este que aparece aos poucos e em pequena quantidade, para que sua raridade o faça merecedor de tal raro prazer, que alcança tão poucos que tem a sorte de o reconhecer.
Quero que tenha ao menos tentado entender o que digo.
Não se coloque em situação de falsa modéstia.
Você soube fazer sua hora e aproveitou seu momento.
Mas, sem mais delongas, quero me ocupar do verdadeiro objetivo desta missiva em que despejo palavras sorrateiras por estas linhas.
Dizem que ter filhos é vencer a morte.
Não o creio, mas isso não vem ao caso.
O que creio eu, é verdade, que os filhos são as sementes lançadas aos ventos permanentes que os conduzem para os caminhos que a vida lhes oferece.
Filhos são a herança dos pais para a construção de um futuro.
Nunca serão cópias e é isso que se espera deles.
Os filhos são do mundo.
Filhos estes que são educados por pelo menos dois grandes professores, nossos mestres que nos aconselham os melhores caminhos, nos fazem pensar até chegarmos na luz das idéias.
O nosso iluminismo intelectual.
Sim, é verdade.
Nossos pais, nossos mestres e que a esses tudo lhes seja concedido.
Retomando a idéia original que me foi posta em relevante missiva, trouxe a idéia de um passado que ainda se faz presente em seus reflexos.
Sua cultura, suas belas músicas.
A rivalidade que havia em relação a determinado estilo musical.
Quantas injustiças não devem ter sido perpetradas em nome de uma suposta verdade que defendiam (os revolucionários da época) e que a tão fundo poço os levou.
Muitos foram consumidos por suas idéias.
Mas, vamos esquecer os problemas por que hoje tudo é festa.
Apesar das guerras, é o “Tempo do Amor”.
É melhor dançar um twist e esquecer as agruras da vida.
A “Festa de Arromba” só está começando.
Os Beatles os saúdam pela TV no programa “Ed Sullivan Show”.
Os carrões saem da garagem e salve-se quem puder na Rua Augusta.

“Entrei na Rua Augusta a cento e vinte por hora
Botei a turma toda do passeio pra fora
Fiz curva em duas rodas sem usar a buzina
Parei a quatro dedos da vitrine...”

Os brotos que abalavam, as paqueras.
O derradeiro caminhar dos bondes, resquício de antigüidade que precisava ser apagado.
Nas praças, os fotógrafos só faziam tirar retratos.
Os casais freqüentando as praças, que durante a noite ficavam iluminadas.
As feiras também eram bem cuidadas, havia muito o que se ver.
Tudo era um sonho.
Andar de braços dados na roda gigante era tudo.

“A mesma praça, o mesmo banco
As mesmas flores, o mesmo jardim
Tudo é igual mas estou triste
Por que não tenho você perto de mim...”

O que aqui se expõe é um breve relato do que havia naquele momento considerado revolucionário. Tudo se modificou muito a partir daí.

“Ao ver a roda gigante
Girando sem cessar
Recordei, momentos felizes
Que passei na roda a girar
Na roda a girar
O povo se divertia
As crianças a cantar
E a roda gigante girava
Girava sem cessar
Cem cessar...”

Concluindo tudo neste momento, devo ressaltar que muitas coisas se modificaram nesse vale perdido. As coisas mudaram.
Os filhos cresceram, viraram pais.
A continuidade da vida que se perpetua.
Muito a ti devemos.
Obrigada por tudo o que por nós foi feito.
Parabéns por seu dia!

Feliz dia dos pais 8 de Agosto de 1999.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

Deux Amie

Estou escrevendo na sua agenda
Algumas coisas que pensava em
Escrever, só que não tinha assunto
Talvez ainda não saiba
Mas ao menos vou tentar

A pouco tempo, conheci
Uma garota, tres sympathique
Numa certa escola
Num certo bairro chamado
De Paraíso, mas de onde?
De onde vem o paraíso?

Não sei ao certo
Mas gostaria de saber
Thaís é seu nome
Mora não sei onde
Mas sei quem é
Continuo o meu relato
Com coisas que já vivi
Cidades que conheci
Livros que já li

O mundo está mudando
Estando cada dia mais louco
Internet, globalização
Cada vez mais violência
Que tragédia humana
Estamos vivendo

Que falta de solidariedade
Há entre as pessoas
Lugares distantes conheci
Morei em cidades diversas
Andei pela vida dispersa

Em Araraquara a eterna
Morada do Sol “tupi-guarani”
Mas nenhum índio eu vi
Araraquara com seus
Fortes doirados, claros raios
De sol que brilha durante a manhã
Chuva de prata enluarada
Que faz sem igual
Um par de valsa com Jaci

Em Campinas
De verdes campos
Prados esverdeados
Campinas que serpenteiam
As estradas

Longas estradas noturnas
No qual se ocultam
As pradarias de uma
Bela cidade

Vim-me embora deste lugar
Triste, que não me deixou
Lembranças

São Caetano, que cidade!
Quantos amigos, que me
Divertiram a contento
Shopping, centro, bairros
Que bela cidade!

Com um desprezo
Sendo saudada por bons/maus amigos
Quando saí, nem me despedi
Nada senti, e é por isso
Que estou aqui

Voltei a outra cidade antiga
Conhecida de velha data
A cidade que estou
Me é cidade natalícia
Santo André, que há dias
Fez cumpleaños

Aprendi, cresci, explorando
A realidade e conhecendo
O mundo, pois:
The Wonderfull word!
Unforgatable
Hasta la vista, mon amie
Merci beaucoup,
Adios D’accord?
Oui, merci, muchas gracias
Far well

PS: Um longo carnaval
Que de tão longo
Lembranças traz...

Num grande salão Pierrôs e colombinas
Dançam brincando ao som
De valsas, brincando

Os cavaleiros, princesas
Ciganas que enfeitam
O salão, cheio de confete
E serpentina
Logo depois, a tela azulada
Nos mostra um sonho
Doirado, repleto de purpurina
Penas de pavão, fantasias
O prateado do luxo
O luxo que o lixo
Nem sonha conceber

Que bela magia
És o major espetáculo da terra!

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

La Parfum de Moi

Peguei um tróleibus e fui até onde queria ir.
Acordei, e pela manhã fui até aquele shopping, passeei por algumas lojas, e revi a decoração natalina. Estava realmente belíssima.
Anjos iluminados, árvores de natal, muito brilho e muita luz.
Fui ao Mappin procurar o que estava querendo ganhar de presente, olhei e lá não tinha nada do que queria encontrar.
Lá fora, uma garoa fina e chata obscurecia o dia, que não estava dos melhores.
O tempo estava levemente frio e por isso me agasalhei como devia para tal temperatura.
Entrei no shopping e fiquei observando as lojas, perfumarias, procurando um perfume para mim. Quando entrei naquela loja de perfume, deparei com muitas essências, fragrâncias, misturas de vários perfumes que deixaram o ambiente carregado.
Prestativa, a balconista me atendeu de imediato, passou as fragrâncias em uns pedaços de papel, espreando o perfume nos papelotes.
Senti o cheiro delicado de cada perfume.
Alguns achei tremendamente azedos, mas um deles adorei especialmente e foi este que foi comprado para mim.
Tudo foi guardado numa delicada caixinha que carreguei comigo.
A chuva continuava lá fora, caindo fininha e incômoda.
Depois de passar por algumas lojas, mais tarde fui embora, voltando para casa.
Na noite de Natal, passei o perfume que comprei.
Com a temperatura fria, coloquei meu vestido longo preto e um casaco preto por cima do vestido.
Até que ficou uma bela colocação!
Tomei um belo banho, me maquiei, coloquei uma sandália e fui aproveitar a data.
A lua estava convidativa, mas os fogos permaneciam tímidos.
No tocante a isso, o ano novo foi espetacular nesse ponto, pois uma verdadeira saraivada de fogos iluminavam o céu, espalhados em todas as cores e formas que se poderia avistar.
Tomamos champagne e comemos uma bela carninha.
Primeiramente, coloquei um vestido que não estava muito bem em mim e por isso tive que trocá-lo. Por isso coloquei um vestido marrom que ficou ótimo.
Me produzi toda para este momento.
O ano novo está pronto e espero que seja um dos melhores de minha vida!
Por isso vou lhes contar esta pequena história.
“Brindemos a bela que ilumina a lua que esconde os mistérios da noite.
O champagne aquece as almas dos convivas.
La Boeme, o grande e luxuoso transatlântico singra os grandes mares.
Na proa os viajantes bebiam grandes goles de um bom vinho, enquanto observavam o vai e vem das ondas, o caminho das estrelas que guia o barco.
Na popa do navio (parte traseira do navio), o trabalho dedicado da tripulação que cuidavam da grande embarcação.
Outros passageiros continuavam no interior do navio conversando e dizendo frivolidades.
Bebiam bebidas caras, e se vestiam sobriamente.
Em algum lugar se ouviam vozes estrondosas, gargalhadas, gritos, pessoas corriam para todas as direções.
Curiosos, muitos correram na direção dos gritos.
Ao se depararem com o ocorrido se entreolharam e perguntaram espantados entre si: -- Mas o que é isso? O que está acontecendo? E nada de resposta.
Em vez disso um murmúrio de uma pessoa que parecia tremendamente assustada.
Procuraram saber quem era a tal mulher desesperada e foram na direção da voz.
Caminharam e nada encontraram.
Somente um vulto no final do corredor das cabines, que logo depois desapareceu.
Ninguém entendeu o que acontecia, e tal incidente logo foi esquecido.
Porém, logo em seguida se ouviram novos rumores do outro lado do navio.
Lá estava a explicação da confusão.
Tamanho desespero era por que o navio estava afundando...”

*Que o ano tenha um melhor desfecho! Amém!
Que o novo ano que se inicia não seja trágico como o afundamento deste navio da história. kkk (risos)
Tempos de início de prosas e poesias, que pretendo colocar aqui no blog.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde citada a fonte.

Um Momento Maravilhoso

Um momento maravilhoso.
Uma grande cortina rendada, cheia de ricos detalhes, se abre num imenso salão de veludo onde um longo tapete se desenrola à sua passagem.
No lugar, mesas decoradas com toalhas brancas de renda, com ricos ornatos, completam a visão do ambiente.
Para iluminar a festa, lustres barrocos, riquezas de detalhes.
Nas mesas cadeiras de espaldar alto, delicadas.
Tudo isso se transforma num grande salão de danças onde ao fundo uma banda toca, uma linda valsa de Strauss.
O mais rico criador de valsas, que junto ao seu filho, deixaram o mundo repleto de musicalidade.
As moças de longo, altos saltos, rostos maquiados.
Os rapazes de smoking, elegantemente trajados.
A dança começa, os pares se unem no imenso salão.
Algumas pessoas sentadas na mesa conversam, trocam idéias, se cumprimentam, pois ao que se nota, são velhos conhecidos.
As flores enfeitam o salão, e as pessoas são recepcionadas por garçons trajados de acordo com a ocasião.
Logo depois da valsa, uma dança qualquer que esteja na moda no momento.
A festa aqui mais serve para se mostrar vestimentas do que uma verdadeira confraternização.
Todos querem dançar bem, mostrar seus passos ensaiados, nem sempre tão bem dançados.
A banda toca músicas para se dançar.
Tudo é regado a muito barulho e diversão.
Ao fundo do salão um imenso jardim.
Neste se nota uma moça trajada de forma incomum.
Um longo vestido preto com bordados dourados ricos, feitos no corselete, corpete justo, sendo a saia constituída por dois rachos, estando os cabelos presos por um coque, o rosto bem maquiado, e os pés calçados numa sandália plataforma.
Nesse jogo de mostra e esconde, as pernas estão em evidência, pois com os delicados passos dados pela moça, estas mostram-se em toda sua sutileza e depois novamente são cobertas pela roupa.
A moça caminha solitária pelo jardim, em que, apesar de sua amplidão, estão apenas duas pessoas. Ah! O jardim, com lindas esculturas renascentistas me lembra um jardim italiano repleto de estátuas, uma beleza de arte greco-romana.
As folhagens verdes, as plantas, quase não se ouvem as músicas, as valsas, o barulho que emana do salão.
A moça anda tranqüila pelas folhagens, mergulhada em si mesma, em sua essência, sua juventude primaveril, mas, ainda assim tão completa.
Olhando detalhes do jardim, absorta em pensamentos, eis que surge alguém que a convida para dançar no salão...
Fim

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte. 

Paraíso na Terra

Um velho navio, casco de madeira nobre, de grandes velas brancas.
No alto de um dos mastros, um marujo verifica que a terra se aproxima.
O sol, quando aparece é sempre festejado pela tripulação.
Mas, ultimamente a vida desta tripulação tem sido dura.
Este bravo navio tem enfrentado muitas intempéries.
Correntes frias, geladas, que mudam o clima de uma hora para outra e transformam o mar sereno em espuma agonizante, onde ondas tremendas ameaçam destroçar o navio.
Navio este que corta os mares deixando para trás as tormentas, que se desloca ao sabor das marés e dos ventos, e que apesar de grande e imponente, não é nada no meio do mar.
É apenas um leve pedaço de madeira abandonada, mal talhada e colocada por cima das águas que se movimentam sempre vivas, muito limpas e transparentes.
No seu interior uma bela riqueza de mundo que ainda não foi descoberto.
Tudo parece tenebroso, mas nada os fazem desistir desta jornada a que se lançam tão aventureiros. Querem conhecer mundos que suas vistas não podem alcançar, e que seus olhos trêmulos nunca puderam vislumbrar.
Partindo nesta jornada, com tudo preparado, sentiram as dores de um desafio tão sacrificante quanto perigoso.
Lutaram e demoraram, mas pensaram haver chegado onde seus olhos queriam descansar. Desembarcaram e deixaram sua tripulação seguir terra adentro consigo.
Na terra, índios de várias tribos embelezados com seus variados cocares e demais adereços, observaram pasmados aqueles brancos portugueses que por ali passavam.
Pasmavam em ver uma cultura tão bravia.
Índios quase totalmente desnudos com o dorso a se mostrar.
Os portugueses ofereceram-lhes presentes, produtos manufatureiros, coisas que vendiam aos montes em seu longínquo país.
Travada uma pequena conversa no qual nenhuma das partes se entendia, pois cada qual defendia sua língua, os aventureiros trataram de conhecer as belezas da terra na qual estavam.
Qual não foi o espanto ao ver a exuberância do lugar.
Passaram tanto tempo entre o céu e o mar que pareciam não conhecer mais o firmamento.
As doenças que os assolavam e que se alastravam como pragas.
As inúmeras mortes totalizadas, as tormentas.
Tudo isso havia sido deixado para trás.
A terra era realmente bela.
Uma exuberância de flora, a natureza que desabrocha na beleza de suas flores típicas, os belos coqueiros, as praias com suas areias quase brancas, o mar verde esmeralda que por tanto tempo se cansaram de olhar.
A natureza se mostrava realmente pródiga.
Várias espécies de árvores, de matéria prima nobre, que eram exploradas e comercializadas pelos portugueses.
Árvores frondosas de copas exuberantes, que ornamentam a floresta com seu verde sempre vivo.
A exaltação das flores que por aqui desabrocham constantemente.
A brisa do mar que exala um suave aroma salobro.
A fauna que se mostra por ora, de forma discreta.
A beleza das índias que receberam esse nome devido o destino dos portugueses.
Os portugueses conheceram as aldeias, belo conjunto de ocas construídas com folhas de coqueiros e outros materiais retirados da natureza.
Lá, vivem os sílvicolas, na selva como era de se esperar, trabalhando, caçando, pescando e passando suas tradições para os curumins, indiozinhos que começavam a aprender os segredos da aldeia. Depois de um certo tempo vivendo com os índios, os portugueses logo acharam que os índios deviam ser educados e adaptados ao modo de vida europeu.
Foi aí que muitas coisas ruins passaram a acontecer.
A escravidão dos índios, a destruição de sua cultura, as doenças paras as quais não tinham anticorpos para se defenderem, etc.
Mas não falemos mais de coisas tristes.
Tudo isso não passa de um breve relato que venho a discorrer.
Lembrei-me de uma caravela que ornamentava uma lagoa abandonada e poluída, pertencente a um parque que procurava homenagear os lusitanos.
Quanto tempo.
Tudo agora parece estar tão longe, mas ainda faz parte de um quadro de belas lembranças.
Por que parece que certos momentos são eternos!
Tal ode escrevi para que se lembres sempre que tudo o que construímos deve ser lembrado e se possível comemorado também.
Acredito que o paraíso na terra seja o lugar onde moramos bem.
Portanto meu lugar continua sendo onde moro.
Onde tenho boas histórias para contar.
Lembranças.
Afinal para que servem senão para lembrar momentos felizes?
Aniversários, por exemplo, e é por isso que te escrevo.
Parabéns, felicidades e muitos anos de vida.
Que essa data seja sempre presente em todos os meses do ano.
Assim você poderá comemorar também o seu desaniversário, como acontece hoje e sempre no país das maravilhas, o nosso paraíso na terra.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

Para Minha Mãe

Um dia, estando só, Maria recebeu a mensagem de um anjo.
Um anjo que lhe trouxe inesperada notícia.
Um filho dela estaria por vir, filho este que mudaria a trajetória dos fatos.
Diante de tal fato Maria anuiu para que este evento grandioso acontecesse.
Afinal, nada tinha para oferecer a não ser seu amor, que aceitou até a perda tão dura do filho querido. Amor integral, incondicional, que aceitou tudo por amor ao filho.
Mãe, que cuida do filho e o acompanha até que cresça para vida.
Que gera o filho em seu ventre e carrega-o por longo tempo, como que esperando que o fruto amadureça e se desenvolva por estar mergulhado em rico nutriente da vida, a água.
Água.
A origem da vida, origem de tudo, desde o mais simples ser até o mais complexo.
Na barriga da mãe cresce a criança que um dia poderá conhecer, que a acompanhará por muito tempo numa perfeita simbiose.
Unidos parecem um só ser.
A natureza foi sábia, os seres todos possuem mães.
Desde o passarinho que sozinho em seu ninho espera pelo alimento trazido pela mãe sempre providente, até os esquilos que vivem na mata.
O feroz leopardo que ataca sua presa sem piedade, também tem sua mãe.
Mãe esta que cuida muito bem de seus filhotes, protege-os contra o frio abrigando-os em seus ninhos e os ensina tudo o que sabe.
Observa-se com isso que mãe é a nossa primeira professora.
Prepara o filho para que tudo lhe seja mais fácil.
Ser mãe é como a flor, que delicada oferece abrigo às abelhas para que estas levem consigo seu pólen precioso para que produzam mel.
Apis mellifera, gentil abelha que retira da fina flor ingredientes para produzir o alimento tão necessário.
Graciosa flor, como coração de mãe onde sempre cabe mais um.
Flor que não se dobra, não se quebra, nem sob a força de um gigantesco tornado que tudo arrasta, tudo destrói.
Seu fino e flexível cabo pode se envergar, mas dificilmente se quebrará, a menos que haja violenta ruptura.
Rosa que se defende com os seus espinhos e que não é perene, mas a lembrança de sua beleza fica eternamente gravada na memória.
As flores mais formosas não são as de plástico, que não transmitem perfume.
As flores mais lindas são as flores que um dia murcham, secam e morrem.
Só que as flores de plástico não morrem.
E as mães não são como as flores de plástico.
As mães um dia partirão.
Mães, são como as flores de um jardim que pode ser florido ou não.
Depende somente de nós.
De sua filha, Luciana.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.