Poesias

sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

Elocubrações

Restauração dos marmóreos templos abandonados
Cenários de tijolos à vista, estruturas expostas,
Lajes entortadas pelo peso da ação do tempo
Tanto tempo despendido
De um passado que não mais tornará a correr

Destino das melhores lembranças
As águas de uma vida, um rio,
A percorrerem distintos lugares

Hoy me voy para lejos
Refestelar-me em uma rede
A fresca sombra de uma aconchegante construção de tijolos
Apreciar linda paisagem de flores, vermelhas, laranjas, rosadas,
Folhas verdes em diferentes ornatos,
Abrigo de pássaros e borboletas coloridas

Tantas tentativas frustradas de eternizá-las em uma imóvel fotografia
Siris a correrem pelas areias da praia
E o tempo a passar,
Com a lembrar cena de um filme antigo
Com as copas dos chapéus de praia a tremular

O tempo a passar, independente do que façamos com ele
Como nos dizeres exemplares
A ensinar que o tempo não deve desperdiçado ser
Posto ser ele, a matéria prima da vida

Os tempos, a bem aproveitados serem
Do passar dos anos, a não se lamentar
Apenas entristecer-se com o pouco mérito das existências estéreis
Dos jovens que se orgulham do pouco feito
Quando há um mundo inteiro a ser desbravado

Desejo as moradas ensolaradas, repletas de luz e de vida
As mansões, casarões vazios,
Ausentes de sol e faltos de vida, repletos de vazio
Anseio por sua restauração
Construções a desmoronarem por falta de manutenção, abandono
É pena!

Conduta a exemplificar outros humanos comportamentos
Intolerância, desrespeito, violência
A vivência a mais dura, tornar-se
Ausente, silente, o respeito às coisas melhores da vida
Abaixo a covardia!

Fora bandoleiros da intolerância, da violência,
Afastem-se os reis da falta de alegria
A espalharem seu fel por entre as humanas gentes,
Sobre os mais nobres projetos
Passemos sem eles
Que encontrem seu caminho, e reaprendam a viver

Me voy a vivir mejor
Em meio a confete e serpentina
Em meio a beleza das flores
Emaranhada de sonhos e de realizações
Remanso das melhores idéias
Sempre florida e cercada de verde

E um mar imenso a nos saudar
Mostrando suas cores e nuances, em um belo pôr-de-sol
Sublime manifestação de um soberano criador
Um ordenador de todas as coisas criadas,
A causa primeira de todas as coisas, primeiro motor
Ou simplesmente, Deus!

O nome, pouco importa
O que importa é o agir, a intenção, o pensamento, a união
O restante sendo apenas, tentativa de melhor explicar,
O que quase sempre é apenas sentido por palavras
Viva a vida!

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

EFLÚVIOS

De céu, sol, sal e brisa
Nuvens sobre as águas a pairar
Digo de sombras e de nuvens
Remanso onde o sol vem descansar
Abrigo de todas as belezas
Ó mar!

Em outras cercanias
Tardes em crepúsculo
A cair em cores por sobre as cidades
As quais percorro em minhas idas e vindas diárias
Urbanidades nem sempre humanas
Metrôs a percorrerem túneis iluminados,
A passarem por outros carros,
Caminhos curvos

E tudo poder se apreciar,
Por sua pequena janela frontal
Ao destino chegar
A flor da tela refletida na vidraça
Tempos escuros ainda se fazem anunciar
Até o dia aos poucos clarear

Computadores a ocuparem nossos dias
Com suas telas de flores, canções e fotos,
A reproduzirem as mil felicidades
Máquinas que comportam em seus bytes e megabytes,
Grande volume de trabalhos e informações

Mas também em alguns momentos,
Dão alento a imaginação
E assim a trabalhar, a pensar
O tempo passa, as horas passam
Novos momentos surgem

Como passeios em terras de brancas águas
Parque de construções magníficas,
E áreas para exposições de animais
Com galinhas e galos, além de pintainhos
A andarem livres por suas ruas pavimentadas,
A lembrar um singelo bairro,
Pacata cidade do interior!

Ali está o aquário, com suas carpas, piranhas, piavas
Entre vários tipos de bagres com seus bigodes
Sapos a habitarem um tanque
E outros peixes mais
Extensa pista redonda,
Com uma imponente construção ao fundo
Provavelmente utilizada para corridas,
E apresentações de animais

Amplo espaço circular, rodeado de cercas
Perto dali, um coreto, com banda de músicos a tocar
Construções, inúmeras construções circundadas de árvores
Em outro estremo, um mirante circular
Em um dos recantos do parque,
Um espaço estiloso e exclusivo para leituras
Com pequenos quiosques envidraçados,
E enfeitados de dizeres

Em outro,
Pergolados extensos, com tetos e abóbadas circulares
E as plantas a circundarem o local
De longe, um trenzinho colorido a circular,
Para alegria das crianças
Que passeiam pelo lugar
Museu de Mineralogia, e suas gemas, geodos,
Metais e pedras semipreciosas
Crânio, ossadas e fósseis de animais pré-históricos
A recordar-me de semelhante visita,
Ao Museu de Mineralogia de Congonhas do Campo
Na terra das minas gerais

Feira de produtos orgânicos na hora da xepa
Verduras e legumes, além de produtos naturais
Construções em tom amarelo, várias
Normandas
Ao lado do prédio onde fora realizada a feira,
Mesinhas e cadeiras, ao lado de barraca de madeira
Pessoas sentadas a conversar

A certa altura do parque, uma casinha de barro,
Com forno de barro
Tendo bancos do lado de fora,
E um violeiro a tocar,
Canções sertanejas
Pitoresca paisagem,
Inesquecível visão!

Praças passeios, com bancos em madeiras
Parques com brinquedos para as crianças brincarem
Barracas com seus vendedores e quitutes
Exposição de pinturas sobre o parque
Muitos prédios fechados
Antigo restaurante demolido
Tanques de água ao ar livre, com suas lindas carpas

Praça com bancos de madeira rústica, aparente,
Para os idosos sentarem
Também tem salão, para bailes da terceira idade
Sentar-se para comer e oferecer migalhas as galinhas
Farelos de pão
Aves, que avançam avidamente para o alimento
Estão em bando e uma delas, bica meu sapato
Ao término da refeição,
Fim do esperado passeio,
Hora de voltar para casa

Despedida desta que é a
Terra de encantos mil,
Próxima as terras de trabalho
Lindas aves, com suas caudas reluzentes
A rebrilharem em tons a lembrar o verde
Boas e gostosas impressões do lugar
Em que pesem alguns abandonos
Ainda assim, a tratar-se de aprazível lugar
Fico a pensar em como deve ser morar por lá

Atmosfera boa,
Repleta de sensações e impressões felizes
Emanações de satisfação
De desejo satisfeito, atendido

Espírito livre a contemplar,
A simplicidade das coisas singelas
Emanações de paz e contentamento
Eflúvios

Em todos os lugares para onde se olhar
Encantamento possível há
Basta apenas contemplar,
A beleza que reside da simplicidade

E nem sempre se importar,
Com a rudeza que nos cerca
E tampouco por ela, se deixar contaminar
Emanações só o bom e para o belo
Admirar e contemplar a beleza
Feliz ser!

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

DIVAGAÇÕES

Hoje de manhã a madrugar
Na caminhada contemplar
Uma noite escura a tudo envolver
A lua envolta na copa das árvores,
A se esconder em meio a folhagem

Para depois, se revelar por inteiro
Em meio ao negro firmamento
Plena em sua exuberância
Que outrora branca,
Agora amarela se faz

O ouro de um progresso,
Que se amontoa na atmosfera
Traduzindo-se na transformação,
Das mais naturais manifestações
A natureza que a tudo conforta,
E a tudo encanta,
Afasta a tristeza,
Da noite, que vem aos poucos chegando

Trânsito, congestionamento,
Uma imensidão de carros,
A varar ruas e avenidas com seus faróis,
Suas buzinas
O espaço invadido,
A demorar em se chegar,
Ao rumo desejado,
Ao destino esperado
Paciência, remédio para muitos em falta

E a música acompanhando o trajeto,
Ajuda a compor o cenário
Trabalho em meio a música,
Ocupando-me, as canções a ouvir
A música faz parte de minha vida
Outrora foste incompreendida,
Hoje aproveita os ensinos,
Para sua realidade modificar
Para frente caminhando,
Não se importando com o que os demais,
Tem a falar, comentar

Tristeza e lamento dos que o tempo perdem,
Com a vida dos outros a se ocupar
E a conjecturar sobre coisas,
As quais não conhecem
E a sempre fazer julgamentos equivocados!

Pessoas em si, não más,
Mas equivocadas em sua forma de pensar!
Acaso, se temos nós, a nossa individualidade
Por que não respeitarmos,
Quem diferente pensa de nós?

Afinal, nem todos querem viver a mesma vida,
E tampouco todos possuem os mesmos sonhos
A beleza da vida,
A residir fica,
Na sua individualidade,
Todos usufruindo-a,
Conforme melhor lhe aprouver,
Sem prejudicar os demais

Viver a vida, é o mundo conhecer
Mas nem todos descobrem o mundo da mesma forma
Isto posto, diferentes formas,
Há de se viver,
E de se entreter com as passagens da vida
Gosto da vida,
Descobrir novos ares,
Novas culturas conhecer,
Longos passeios fazer

Sinto que não tenho grandes débitos com a vida,
Em que pesem contrários pensamentos
A vida me segue leve,
Sempre na medida em que isto,
É possível!

Tardes quentes, álacres, festivas,
Noites alegres
Passeios, aconchego do lar,
Não tenho que prantear,
O objeto ainda não alcançado
Trata-se apenas questão de tempo,
E tudo sairá a contento

E neste ponto, a vida das gentes,
Pouco se difere
Semelhanças e diferenças se entrechocam
Neste eterno viver e reviver histórias
A vida de nós todos é assim
Um ir e vir, chorar e rir, Sem fim!

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte. 

quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

Distâncias

Lembrando distâncias
Gaivotas pairando no ar
Siris caminhando por entre as areias do tempo
Caranguejo perdido a imensidades pretas
Camuflado entre pedaços de madeira enegrecidos

Queima de fogos no fim do ano
O pulo de sete ondas no mar
Esperança de melhores tempos
E mais tolerâncias

Viagem por uma Minas encantadora e repleta de sonhos
Pavões elegantes a exibir seu mistério
Fontes de água a contar histórias de um tempo passado

Linda mesa enfeitada para receber ceias
Tantas festas, tantos tempos felizes
Que muitas vezes se propagarão

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

DIA-A-DIA

Ao despertar, deparei-me com inesquecível visão
A lua, branca lua
A surgir em toda sua magnitude
E a desaparecer em meio a nuvens
Na escuridade da noite

E o negrume do luar
A impedir a visão do entorno
Não divisar detalhes, lugares
Somente as luzes da cidade ao longe

A estrada de ferro
Com suas fábricas e galpões abandonados
A tristeza de um cenário vazio
A eterna pressa em se chegar não se sabe onde
A deixar de contemplar as estrelas apagadas

O pôres do sol, alaranjados e violáceos
A surgirem de quando em vez

Por alguns corredores vejo manacás, ipês e azaléias
A rivalizarem com a dureza do concreto

Com a falta de poesia das grandes cidades
Em alguns poucos lugares,
Um pouco de verde a contrastar com a aridez plúmbea
Ás vezes um céu azul, com nuvens,
Um lusco-fusco vespertino com luzes amareladas,
Fazem-se sentir na pressa cotidiana
Correria citadina

Pressa, muita pressa
Na cidade imensa
Cidade país
Pressa de não se saber onde chegar
Onde termina?
Com seus templos, monumentos esquecidos
Um passado apagado da memória
Ó sorte inglória
De um povo que não sabe cultivar a sua história

Por que o passado só se torna passado
Quando deixa de ser vivido
Experienciado
Estudado, apreciado e respeitado

Cenáculo de minhas vivências
Passeios pela região metropolitana
Em Paranapiacaba
A contemplar as brumas
O nevoeiro
Construções em pinho de riga,
Pintadas de vermelho
Pequenas casinhas, ladeadas
Algumas imponentes construções

De quando em vez, passeios de trem
Visita aos Museus locais
Como o Castelinho, conhecido e segundo dizem:
Mal assombrado
Mas altaneiro e imponente;
O Museu Funicular
Com maquinários, roupas e objetos utilizados,
Pelos obreiros da velha estrada de ferro
Funicular, por se tratar de um sistema de cordas com tração
Substituído após, por cremalheiras

Verde, muito verde
Escalando-se a serra
Pode-se, segundo dizem:
Avistar o mar
Significando a origem e o nome da vila
Vila esta construída por ingleses
Pedaço de Santo André

Em Embu das Artes,
Antigas construções em taipa de pilão
Museu Jesuítico, e Igreja
Na praça central, um coreto e muitas barracas
Artesanato em profusão
Pedras, bijuterias, roupas, quadros, correntes
Tudo o que se possa imaginar
Muitos restaurantes

Em Pirapora do Bom Jesus
Diminuta cidade, belos tapetes de serragem
Em crístico feriado
Lindas homenagens a religiosidade
Trabalhos efêmeros
A retratar momentos da liturgia católica
Pessoas a trabalhar nos tapetes
Assim como em Santana do Parnaíba
Com seu histórico casario
A exporem lindos tapetes de serragem no feriado
Jóias escondidas da região metropolitana

Tantas outras existem a ser descobertas
Na imensidade de cidades
A circundarem São Paulo

Mas buscando a lua
Ela continua a se esconder entre as nuvens
A cintilar sua luz
Mesmo obscura
Por quantas vezes a apresentar o mesmo espetáculo!

Por vezes cheia, por outras crescente, ora minguante
Sinto saudades das estrelas que podia avistar em minha infância
Poluição a nos apartar
Desolação!

Ás vezes, na madrugada de meus dias
Contemplo amanheceres
As luzes do sol começando a se impor,
Para um novo dia que começa
Bonito espetáculo!

Luzes alaranjadas, amarelas
Até se chegar o dia claro
O sol a aquecer as paragens
O frio a nos torturar

As brumas da manhã
A tornar as madrugadas ainda mais gélidas
Roupas em profusão, a cobrir o corpo
A reter o calor ainda existente
Chuvas finas
A eterna Terra da Garoa
A justificar seu nome

Outras vezes, tempestade
Gotas de gelo a despencar dos céus
Transtornos, caos, trânsito, enchentes
Na cidade onde a chuva faz tudo mudar

Vento cortante a ferir nossos ouvidos
A tormenta aos poucos a se dissipar
Chuva a amainar

Frio a nos acompanhar por muito tempo
É chegado o tempo do inverno
Mais frio a nos alcançar
Sinto que a primavera esteja distante
Todavia, o tempo ruim irá passar
Como tudo na vida passa
Só nos resta esperar
Até uma nova estação!
Que esta chegue logo!

Para podermos novamente apreciar a beleza das flores
Dos mil sóis a aquecer nossos corações
E apreciar a lua e seus mistérios
A divisá-la no firmamento!

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

COTIDIANO

 Saudades das tardes praieiras
Dos coqueirais,
Alguns, de diminuto tamanho,
Outros, imponentes

Ao sabor do vento a tremular,
Balança suas palhas
Oferece seu verde coco,
Ao desfrute de sua água
Saborosa iguaria

As tardes de verão
As manhãs quentes e convidativas
O mar a resplender
Durante o anoitecer

A criança a brincar no quintal
Jogando bola,
A imaginar dribles e conquistas,
A rememorar suas tardes na praia
Sua diversão e deleite

Sempre a perguntar,
Quando retornaria, ao lugar
Encontro de muitas alegrias

Ó por que as férias,
Sempre tardam a chegar?

A correr pelo quintal,
O menino jogava a bola no varal,
E sua mãe ao ver a façanha,
Advertiu-o dizendo:
Caso alguma das roupas venha a sujar,
Terá de novamente as lavar!

E o menino ressabiado,
Recolheu a bola
Reclamava de não espaço para brincar,
Dizia que nada ter para fazer,
E amuado, em um canto ficava

Seu pai, ocupado em lavar a louça,
Ao ver o menino emburrado,
Sugeriu que o auxiliasse na tarefa,
Tendo louça para enxugar,
E os utensílios para guardar

O menino, ao se ver diante da tarefa,
Prontamente protestou,
Dizendo que esta, tarefa de homem, não é!

O pai, paciente,
Ao se ver diante da negativa,
Argumentou que não mais existem,
Tarefas a se diferenciar,
E por esta razão;
Um homem não o deixará de ser,
Por com as tarefas domésticas se entreter

Resignado dizia:
As mulheres hoje trabalham,
Razão pela qual as rotineiras tarefas dividem,
Ou então, conta não davam,
De todos os trabalhos, necessários a se executar

Completando, mencionou,
Que agora entendia,
Por que o trabalho nunca termina
E a profissão do lar,
Não é nem um pouco reconhecida!

Nisto o pai, ficou ao filho dizer:
Muita tarefa doméstica, terás que fazer,
Caso queira viver uma vida harmoniosa,
Com a esposa que um dia irá ter

E assim, o homem dizia,
Que as mulheres não tinham,
Que tudo sozinhas suportar,
Podendo com os homens dividir as tarefas

O menino, ao ouvir as palavras do pai
Bem que tentou argumentar,
Dizendo que tudo era muito chato

E o pai retrucou:
Chato de fato é!
Mas o resultado, muito compensador também o é,
Afinal, quem não quer ter uma casa limpa,
Cheirosa e bem arrumada?
Rindo, emendou:
Para tanto, trabalhar devemos,
Posto que ainda não inventaram,
A morada que se limpa automaticamente!

O menino, rápido, respondeu:
Pois eu inventarei, uma casa auto limpante!

Seu pai então, percebendo a artimanha,
Comentou que enquanto o invento não era criado,
Ele poderia começar a enxugar a louça,
Pois em assim fazendo,
Rapidamente aprenderia,
O seria necessário para tal invenção!

E o menino aborrecido, respondeu:
Tá bom! Tá bom! Tá bom!
E de pronto, pegou um pano de prato,
E a enxugar a louça começou
Pratos, copos, talheres,
Panelas, tampas, tábuas
Por fim, guardou a louça,
Nos lugares pelo pai indicados

Ao término do trabalho,
O menino perguntou:
E o que faremos agora então?

O pai respondeu por sua vez,
Que a cozinha precisava varrer
E o menino teve que resignado esperar

Por fim, o homem levou o menino,
Para uma volta pelo bairro realizar

Pela região, poucas árvores,
Algumas plantas, flores,
As casas possuíam quintais razoáveis,
E as crianças brincavam na rua,
Azafama das brincadeiras diárias

Meninos jogando bola,
As meninas andando de patins,
De um lado para outro
Barulhentos, ruidosos,
Alguns riam, outros conversavam,
Poucos choravam

A certa altura, o menino do pai se afastou
Pediu para com as crianças brincar
E o pai assentiu com a cabeça,
Concordando
Dizia o pai:
Vai e peça para participar das brincadeiras!

E o menino então se apresentou
Os garotos no início estranharam,
Mas depois se recordando,
De que se tratava de um novo vizinho,
Deixaram-no brincar

E animados, começaram a jogar bola,
Corriam de um lado para outro da rua
Por vezes paravam, pois alguns carros,
Por vezes por lá passavam
Animados, os meninos corriam de um lado para outro
E em bando, gritavam

O pai ao ouvir a algazarra,
Sinalizou para que o filho,
Para que mais baixo falasse

Mais tarde, recomendando ao filho
Que de todos se despedissem,
Com ele conversou

Dias depois, com os pais dos garotos conversando,
Percebendo que as crianças no meio da rua brincavam
Sugeriu a eles, que um espaço arrumassem,
Para jogarem suas partidas

Isto por que, a cada gol realizado,
Um portão ficava a tremer,
E os pais dos garotos ficavam a dizer,
Que os vizinhos não ficavam contentes,
Por isto acontecer

Felipe, o menino, comentou ao pai,
Que a praça ficava distante,
E que lá não poderia jogar bola

Nisto, o pai a lembrar-se do parque,
A pensar ficou
Argumentou que ali áreas verdes havia,
E espaço de sobra, para de bola se brincar
Diante da sugestão, todos concordaram,
E um pequenique planejaram

E assim, dias mais tarde,
As crianças todas foram ao parque brincar
Depois de amizade formar,
O pai de Felipe a todos levou para brincar

E algumas crianças,
De seus pais acompanhados estavam,
Outros não

Os adultos, um pequenique fizeram
Enquanto os pequenos brincavam

E os meninos se esbaldaram
Jogaram bola,
Brincaram com suas bolinhas de gude,
Pipas empinaram,
Em árvores, alguns subiram,
Nos campos, correram
E nos brinquedos que lá havia, brincaram

As meninas por sua vez,
Suas bonecas levaram,
De casinha brincaram
Brincadeiras de roda fizeram
Também divertiram-se nas gangorras,
Nos balanços

Com os meninos também brincaram,
Em que pesem os protestos,
E os meninos a dizer,
Que as garotas não sabiam brincar
A certa altura, uma das meninas,
A desafiar ficou,
Instigando os garotos, a numa árvore subirem

Nesta tarde, ocorreram tombos,
Pernas e braços foram ralados,
Crianças choraram
Mas a despeito disto,
Todos se divertiram

Também no pequenique, as crianças se infiltraram
E os pais, bola também jogaram
E os filhos a rirem dizendo,
Os pernas de pau que eles eram
Algumas mães, com os homens conversavam,
E para eles torciam

Por fim, Felipe e seu pai,
Pelo parque caminharam
Não sem antes, despedir-se,
Dos novos amigos conquistados
E todos em retribuição,
Para eles acenaram

Feliz, o menino comentou,
Que a tarde fora bela,
E muito havia se divertido

Animado, perguntou se aquele evento,
Não poderia ser repetido
E o pai a segurar o filho pelo ombro, dizia:
Em te jogando na parede,
Você ficaria grudado nela!
O menino riu

O pai então, comentou que mais tarde,
No assunto, com carinho pensaria
Com isto, encaminharam-se para a casa

Felipe tinha muitas coisas,
Para contar a sua mãe
Animado, ficava a pensar,
Em quantas brincadeiras ainda teria a realizar,,
Jogos, partidas, disputas,
Com seus novos amigos,
Muito mais motivo teria para brincar!

E o seu pai com tudo concordando,
Dizia que para casa deveriam voltar

Um vento calmo, envolvia
A suave tarde,
Que pela noite,
Começava a ser envolvida

E o menino a se recordar ficou,
Do passeio de pedalinho,
Com o pai realizado
Usando coletes salva vidas,
O homem o barco conduziu pelo lago
Do evento, até foto tinham,
Armazenada no computador ficava

E o menino a contemplar agora estava,
Vendo os pedalinhos sendo recolhidos
Animado, apontava os barquinhos para o pai,
Dizendo que estavam sendo levados
E o pai a dizer que no dia seguinte,
Eles novamente seriam ali colocados

Segurando o menino pelo braço,
O homem dizia que para a casa precisavam voltar,
Pois muito tarde estava ficando
E Felipe a concordar,
Meneou a cabeça

Nisto, a dupla seguiu a caminhar,
E o menino a cantar ficou:
“Como pode o peixe vivo,
Viver fora d’água fria...”
Seu pai, sorriu,
Dizia que certas coisas nunca mudam

Ah, sim!
Cantiga das velhas lembranças
Quem dera fosse assim,
O passado de muitas infâncias!   

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte. 

Tédio

Tediosas manhãs a se locupletarem de lentas tardes
Horas que não passam
Tempos que não andam
Procuro me ocupar
Lamento das horas desperdiçadas!

Trem da minhas horas
Este é o trem de minhas horas,
De minhas esperas
Sento-me em um banco na cobertura
Tendo a lua minguante, em sua clareza curva e branca,
Diante de mim
Atenta, contemplo o espetáculo da natureza

Ônibus
Da janela do coletivo,
Ao se contemplar a cidade ainda não desperta
Em meio ao breu da madrugada
É possível contemplar uma lua em seu contorno,
A enfeitar o céu

Trólebus
Estando à espera de condução
Para ao lar regressar
Contemplo em fila extensa
Uma lua cheia,
A contrastar com a seriedade do lugar
Lindo e belo luar

I
Quando finalmente o trólebus vem
Sento-me em um dos bancos
Para os meus pés finalmente descansarem

Longa viagem fizeste
Em direção a importante cidade
Para agora ansiosamente,
Regressar ao lar

Trem
A espera na plataforma
A chegada tardia do trem
Carros cheios
Procuro um lugar para ficar
Movimentos contrários das gentes
E sempre a buscar um abrigo
Dura luta dos dias

Luciana Celestino dos Santos 
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.