Poesias

terça-feira, 18 de agosto de 2020

COISAS DO BRASIL PARTE 4 – REGIÃO SUDESTE - CAPÍTULO 22

Em Parati, os turistas se encantaram com o Centro Histórico (séculos XVII e XVIII). 
Por isso caminharam e ao se depararem com as igrejas, entraram. 
E qual não foi a surpresa dos turistas, ao constatarem que mesmo as que eram feias por fora, eram lindas por dentro? 
Isso por obra de Di Cavalcanti, Anita Malfati e Portinari, que embelezam-nas. 
Dessarte, na Catedral do Rosário, há um belíssimo lustre de cristal – nesta construção erguida pelos escravos. 
Já na Igreja de Nossa Senhora das Dores, os balcões de madeira rendilhada, são uma beleza. 
Tem ainda, o Museu de Arte Sacra de Santa Rita. 
Após, os turistas se deliciaram com cocadas, pudins, entre outras iguarias que circulam no local. 
Mais tarde, os turistas entraram nos restaurantes. 
Lá puderam se decidir entre moqueca de peixe, peixe com banana e pirão; camarão e lagosta. Sobremesa? 
A famosa banana-da-terra com açúcar e canela. 
Os viajantes, aproveitando o passeio, foram conhecer a Vila de Parati Mirim. 
Vilarejo de pescadores e praia de águas mansas. 
A seguir, ao passearem em Trindade, os turistas se encantaram com as Praias: Brava, dos Ranchos, Figueira, Caxadaço (Cachoeira), com bares e pousadas. 
No dia seguinte visitaram a Ilha do Araújo. 
Lá, foram até a Praia Salvador Moreira. 
Esta praia, pequena, deserta e com águas verdes, é um convite a diversão. 
Na Ilha Sapeca, os turistas se depararam com um lugar pequeno, cheio de caraguatás (bromélias) e prainha de areia fofa e bar. 
Nas Ilhas Ventura e dos Picos, os turistas adoraram as praias desertas. 
Já nas Ilhas Rapada, dos Meros e Catimbau, os turistas constataram que as mesmas são boas para mergulhos, pois possuem muitos peixes e corais. 
Passeando de barco, os turistas se deparam com a lua nova, com ardentias – plânctons comuns na região, que brilham como purpurina nas águas – entre outras coisas. 
Na Praia Vermelha, os turistas se encantaram com a enseada animada, águas calmas e vários barzinhos. No Saco do Mamanguá, os turistas observaram um viveiro de camarões e caranguejos. 
Ilhas e praias selvagens num canal de treze quilômetros de águas verdes transparentes, cercadas de montanhas. 
No Saco da Velha – os turistas se depararam com um Canal protegido e procurado por velejadores. 
No Bar do Vivinho, rodas de violão e peixe frito. 
Mais tarde os turistas foram assistir a Festa do Divino. 
Ladainhas na matriz, procissão com a bandeira do Divino e danças: do Marrapaiá (tipo de Congada), das fitas, dos velhos, do BoiBumbá, Dona Miota (boneco de dois metros). 
Leilão de prendas, queima de fogos. 
Um deslumbramento! 
Na Festa de São Pedro, os turistas acompanharam uma procissão à Ilha do Araújo – barcos grátis. 
Lá assistiram missa, participaram de uma gincana, observaram as barracas, o pau-de-sebo, e o coral. Nas Festas de Cirandas, os turistas observaram a festa que acontece na quadra de esportes no centro da cidade, ou na casa de alguém. 
Neste festejo, músicos e foliões cantam e dançam noite afora. 
Danças: do Caranguejo, Canaverde, da Arara. 
Mais tarde, os rapazes foram comprar artesanato, no centro. 
Dentre as aquisições estavam cerâmicas e conchas, canoas e peixes de madeira na Cor do Sol. 
Em Armação de Búzios, os turistas conheceram a Praia das Pedras. 
O animado ‘footing’ avança pela madrugada. 
Bares com mesas na calçada, creperia, carrinho de doces na rua, sorveterias, pizza no forno a lenha, sushi, ao lado de restaurantes finos, onde se come desde lagosta grelhada com purê de espinafre, a um churrasco de picanha argentina. 
Nas Praias João Fernandes e Fernandinho, os turistas constataram que o lugar é muito freqüentado pelos jovens. 
Bares com mesas ao ar livre, servem anchova grelhada, camarão, ostras frescas. 
Pesca saída de escuna. 
Nas Praias Azeda e Azedinha, os turistas se depararam com pequenas estradas e acesso a pé. 
Nas Praias do Canto e da Armação, os viajantes se encantaram com a grande concentração de barcos. Contudo, são impróprias para banho. 
Já na Praia dos Ossos, os turistas observaram um embarcadouro de veleiros e iates. 
Saída de escuna, aluguel de barco e equipamento de mergulho. 
Nos quiosques, frutos do mar, churrasco na brasa. 
Ambulantes vendem ostras frescas e siri cozido. 
Na Praia da Foca, os turistas se esbaldaram com a piscina natural recortada na pedra, banho na maré alta. 
Já Praia Brava, os turistas se depararam com uma vista abrangente do alto-mar, isolada entre costões rochosos, especial para o surfe. 
Mais tarde, os turistas foram comer os mariscos servidos no El Brava Maior Bar e no Bar da Brava. 
Na Praia Olho-de-Boi, os turistas para chegar até ela, tiveram que atravessar muitos obstáculos, a partir da Brava, ao caminharem por uma trilha entre pedras. 
É uma praia de nudismo. 
Ao passearem na Praia do Forno, na encosta do morro, uma enseada apertada forma uma pequena praia entre pedras. 
Na Praia Geribá, os turistas se deslumbraram com mansões, pousadas, restaurantes e quiosques. 
É freqüentada por celebridades. 
Depois, desejosos de fazer mais um passeio, os turistas alugaram um caiaque. 
A seguir, na Praia Ferradura, os viajantes se deslumbraram ao vê-la do alto do morro vizinho. 
Possuí enseada fechada, mar azul manso e transparente. 
Boa para crianças. 
Os quiosques, além dos petiscos e aperitivos, oferecem cadeiras na praia. 
Aluguel de barco, jet-ski, caiaque, equipamento de mergulho. 
Na Praia dos Amores, os turistas chegaram até ela entre as pedras. 
Aqui, pratica-se nudismo. 
Nas Praias Virgens, os rapazes se depararam com uma região ainda isolada, acesso pela Praia dos Amores. 
Depois, a pé, os turistas resolveram fazer caminhadas pelos morros, servidos de estrada pavimentada, de onde se vê o mar alto e as praias. 
Perto da Praia Brava há um mirante, panorama da península. 
Ao redor, casas, mansões e pousadas luxuosas. 
Há a Serra das Emerências e outras a combinar. 
Passeando de escuna, os turistas navegaram ao norte da península, ao longo das praias. 
Durante o trajeto, são feitas paradas de até quatro horas com paradas para natação, mergulho e pesca, com equipamento. 
O almoço é a bordo. 
Ao passearem de traineira, os turistas descobriram que os pescadores alugam seus barcos para pescaria ou mesmo para idas até às Ilhas Branca e Feia. 
Nado, pesca e mergulho. 
Após, foram provar o café da manhã. 
Um delicioso repasto com tortas salgadas, doces e pastéis – do Café Maré Mansa. 
A seguir foram aprender um pouco mais sobre a arte de atuar, no Teatro, em um curso de férias, no Cine Bardot. 
Em Arraial do Cabo, os turistas foram conhecer a Ilha Cabo Frio. 
Lá os turistas viram dois faróis, sendo que um deles está desativado. 
Praia muito bonita. 
A Gruta Azul tem mais de dez metros de altura e paredes azuladas. 
Os turistas, aproveitando a paisagem, entraram na gruta, ainda na maré baixa. 
Na Praia Pontal da Atalaia, os turistas observaram duas enseadas entre pedras, águas transparentes. Depois, mergulharam e pescaram. 
Na Prainha, a mais movimentada, os turistas freqüentaram um dos inúmeros bares e restaurantes que circundam o lugar. 
A seguir, os turistas foram comprar renda de bilro e esculturas de madeira, na Feira de Artesanato da Praça Daniel Barreto. 
Em Barra de São João, os viajantes foram conhecer o Beira-Rio. 
Trata-se de um casario tombado pelo Patrimônio Histórico, à beira do Rio São João, entre figueiras centenárias. 
No Museu Casimiro de Abreu, os turistas visitaram a casa de taipa onde o poeta nasceu. 
Objetos e livros dele, carruagem e peças antigas, fazem parte do acervo. 
Na Capela São João Batista, fundada em 1847, sobre uma pedra, onde o Rio São João deságua no mar. No pequeno cemitério, a sepultura de Casimiro de Abreu. 
Na Prainha, os turistas admiraram um belo pôr-do-sol sobre o rio. 
Após, os rapazes foram passear de barco pelo Rio São João, que adentra a Mata Atlântica. 
Depois, foram assistir a Festa de São de João. 
Aqui, uma procissão noturna prossegue por cima de tapetes feitos com areia, pedra e flores. 
Em Cabo Frio, os turistas foram conhecer a Igreja de Nossa Senhora da Assunção. 
A matriz, do século dezesseis, possuí em seu interior, peças barrocas e pinturas que retratam os evangelistas. 
A imagem de Nossa Senhora da Assunção, é a terceira mais antiga do Brasil. 
Ao passearem pelo Convento de Nosso Senhor dos Anjos, os turistas descobriram que a edificação foi erigida em 1696, e abriga o Museu de Arte Religiosa e Tradicional – lá estão imagens do século dezessete. 
Na Capela Nossa Senhora da Guia, os turistas conheceram a construção de 1740, no alto do Morro da Guia, o qual servia de orientação aos navegantes. 
Garante uma vista privilegiada da cidade. 
No Forte São Mateus, na Praia do Forte, é um símbolo da cidade. 
Foi construído em 1618. 
No Museu Marítimo, os turistas observaram aquários submarinos, peças e objetos recuperados de naufrágios. 
Na Casa da Roda, no centro, os turistas conheceram a instituição de caridade infantil, de 1840. 
O nome se deve a um prato giratório, onde o bebê era abandonado sem que se visse quem o deixava. Na Praia do Forte, os turistas se depararam com um lugar movimentado e cheio de agito. 
De areia muito branca, ofusca. 
A brisa marítima é forte, considerada por velejadores a raia mais rápida do mundo. 
Na Praia das Dunas, os turistas constataram que a mesma não possuí este nome à toa. 
Na Praia Brava, os turistas se encantaram com a bela paisagem, que possuí ao fundo um paredão de pedras. 
A Praia das Conchas, em forma de ferradura, possuí mar verde claro. 
Na Praia Peró, os rapazes se deslumbraram com mar aberto e ondas fortes. 
No Canal de Itajuru, os turistas se divertiram no local que liga a Lagoa de Araruama ao oceano. 
Usado para esqui, tem passeio de barco e iatismo. 
Depois os turistas foram conhecer as Salinas, na ponta do Costa, local de extração industrial de sal. Mais tarde, os viajantes foram conhecer a Festa de Corpus Christi. 
É aqui, que um quilômetro da Avenida Assunção vira um tapete de sal grosso tingido de várias cores, com motivos religiosos e profanos. 
No dia seguinte, missa campal e procissão, que passa sobre o tapete. 
Depois, show musical. 
No Festival do Camarão e Chope, os turistas aproveitaram as barracas na Praia do Forte, para comerem tudo quanto é tipo de prato servido com camarão. 
Um verdadeiro festival gastronômico! 
No dia seguinte, os turistas foram comprar roupas de praia e biquínis na Estrada da Gamboa, numa infinidade de confecções. 
Em Rio das Ostras, os viajantes foram até a Lagoa Coca-Cola. 
Esta tem esse nome em razão da cor das águas, escuras, isoladas, consideradas medicinais por alguns. Aqui se pode tomar banho de lama. 
Na Praia das Tartarugas, os turistas se encantaram com a enseada de areia branca, preservada, onde à tarde chegam tartarugas. 
Aqui, é proibido pescar. 
São as Praias do Centro, Cemitério, Costa Azul, as mais freqüentadas, de dia e à noite, na orla mais bem urbanizada da região. 
Na Praia Areias Negras, as areias monazíticas, escuras, são consideradas medicinais. 
Na Ilha dos Pombos e dos Três Reis, os turistas se depararam com praias próximas e selvagens. 
Aqui, chega-se de barco. 
Na Ilha do Costa, os rapazes se divertiram na praia virgem, de areia dourada, distante um quilômetro da orla. 
Em São Pedro da Aldeia, os turistas foram conhecer a Igreja de São Pedro, do século do dezessete, feita com pedra, cal e óleo de baleia. 
Mais tarde, foram até a Praia do Sudoeste, considerada a mais freqüentada. 
A Praia da Baleia, é boa para pesca. 
Na Praia Teresa, os turistas se divertiram em suas águas tranqüilas, boa para as crianças. 
Na Praia da Ponta da Farinha, os turistas descobriram se tratar da mais bonita. 
Após, os turistas passearam de barco pela lagoa. 
Saídas pela Praia de Iguaba. 
Depois, os viajantes foram assistir a Festa de São Pedro. 
Trata-se de uma procissão de barcos na lagoa em louvor ao padroeiro. 
Em Saquarema, os turistas foram logo conhecer as Praias de Surfe: Itaúnas – onde se realizam competições internacionais de surfe e bodyboard. 
Possuí pousadas e campings. 
Em Massambada – os rapazes observaram que a deserta e perigosa, o é em razão dos bancos de areia perto da costa. 
Ao fundo, a Lagoa Pernambuca. 
Em Seca – os viajantes descobriram que além de dunas, possuí ondas fortes e lagoas com salinas. 
Mais tarde, os viajantes foram conhecer Petrópolis. 
Ao chegarem na cidade, o primeiro passeio que fizeram foi ir até o Museu Imperial. 
Este foi o palácio de verão do Imperador Dom Pedro II e da família real, em excelente estado de conservação. 
Pintado de rosa, pois esta era a cor do império. 
Possuí paredes sólidas de pedra, madeira e argamassa. 
Aqui, aliaram-se bom gosto, refinamento e simplicidade. 
Os objetos do Império que estavam no Rio vieram para cá. 
A coroa de Dom Pedro I está sem as pedras preciosas – foram usadas na coroa do filho, Pedro II, esta sim, admirável. 
De ouro cinzentado, é ornada com seiscentos e trinta e nove brilhantes de Minas Gerais e setenta e sete pérolas: pesa um quilo e setecentos gramas. 
Também é impressionante o traje do imperador: o manto, o colete de penas amarelas de tucano e o cetro. 
Seu trono, de madeira entalhada e pintado de dourado, é magnífico. 
A mesa da família real está exposta, como se ela fosse chegar para jantar. 
Jóias, mobiliário, pinturas, objetos e documentos dão idéia do modo de vida da corte. 
Na Catedral São Pedro de Alcântara, os turistas observaram a construção em estilo gótico francês, em alvenaria de pedra aparelhada e cantaria de granito. 
Nave imensa, com oratórios e móveis de madeira de lei, pinturas e belos vitrais. 
Na Capela Imperial, lápides de Pedro II, da Imperatriz Tereza Cristina, de sua filha Princesa Isabel, e do marido dela, o Conde D’Eu, aqui sepultados. 
A Avenida Koeler, projetada por ordem de Pedro II, faz parte do plano original da cidade. 
Fica ao longo do Rio Quitandinha, ladeada por árvores e por um expressivo conjunto de palácios e luxuosas residências, do século dezenove, e início do século vinte. 
Construções que encantaram os turistas. 
No Museu Casa do Colono, os turistas observaram uma casa simples, de pau-a-pique, decorada com objetos que recriam o ambiente dos imigrantes alemães. 
No Palácio da Princesa Isabel, os turistas observaram a construção neoclássica cor-de-rosa, onde se realizaram memoráveis reuniões sociais e concertos. 
No Palácio Rio Negro, os turistas percorreram os dois pavimentos da construção em estilo neoclássico. Vidros, portas e janelas com as iniciais do Barão do Rio Negro. 
Foi residência de verão dos presidentes da República, até o General Costa e Silva. 
No Palácio Grão-Pará, de 1858, os turistas se depararam com a edificação que abrigava os fidalgos a serviço do imperador. 
Atualmente vive o príncipe Dom Pedro Gastão de Orleans e Bragança. 
No Palácio de Cristal, os turistas observaram a construção francesa pré-fabricada de estrutura metálica e vidro fumê. 
Foi palco de grandes bailes e da cerimônia de entrega de títulos de liberdade a cento e três escravos, pela Princesa Isabel, em 1º de abril de 1888. 
No Palácio Amarelo, os viajantes observaram o edifício em estilo eclético, com escadaria de mármore e entalhes de madeira. 
É a Câmara de Vereadores. 
Na Casa do Padre Correia, os turistas visitaram a sede da fazenda do Padre Correia, que hospedou o imperador Pedro I. 
Hoje é colégio de freiras vicentinas. 
O imperador adquiriu a fazenda vizinha, mas com sua abdicação e ida para Portugal, em 1831, as terras ficaram esquecidas até 1843, dando-se início à cidade. 
Na Casa do Barão de Mauá, os turistas foram visitar a sede da prefeitura. 
Ao passearem pela Casa de Rui Barbosa, os turistas observaram a construção em estilo colonial brasileiro, onde faleceu o tribuno. 
Na Casa de Santos Dumont, os turistas se depararam com um chalé alpino francês de três pavimentos, cheio de excentricidades inventadas pelo dono. 
As escadas obrigam o visitante a iniciar a subida sempre com o pé direito. 
No Palácio Quitandinha, os turistas se depararam com um impressionante palácio em estilo normando, de 1944, obra de Joaquim Rolla, que fez fortuna construindo estradas, e se tornou o ‘rei do jogo’ do país. 
Seis andares, quatrocentos e quarenta apartamentos, treze salões suntuosos, com o salão Mauá, com gigantesca abóbada sem sustentação, com trinta metros de altura e cinqüenta metros de diâmetro. 
O eco que produz repete a voz quatorze vezes. 
Foi cassino. 
Visitado por artistas famosos, com Errol Flynn, Orson Welles e Lana Turner. 
No Museu das Armas, os turistas se encantaram com uma réplica de um castelo medieval, sala de armas, passagens subterrâneas e acervos de armas. 
Em transformação para ser Museu Interativo da Idade Média. 
No dia seguinte, os turistas foram passear a pé, até a Associação de Escalada e Montanhismo. Recomenda-se caminhadas leves: do Carneiro, do Retiro, do Cobiçado, Seio de Vênus. 
Para caminhadas semipesadas: a Mãe d’Água, Pico Alcobaça, Cantagalo. 
Para caminhadas pesadas: Morro do Açu, Maria Comprida, Congonhas. 
De bicicleta, os turistas passearam por rotas variadas, em regiões da cidade e da serra. 
À cavalo, os turistas passearam entre Itaipava e Teresópolis, em nove percursos ecológicos. 
Também passearam de charrete e aproveitaram para fazer uma viagem no tempo. 
Por último, com o auxílio de guia, fizeram passeios diferentes: Imperial, Histórico, Cultural Gastronômico, Ecológico, Aventura – em Petrópolis e nas Serras da Estrela e dos Órgãos. 
Depois, visitaram o Orquidário Binot. 
Premiado no mundo todo, exporta orquídeas para os Estados Unidos, Alemanha e Japão. 
Ao passearem pela Florália, os turistas acompanharam a exposição e venda de plantas ornamentais e flores. 
Depois, foram assistir ao Coral dos Canarinhos. 
É o mais famoso coral de meninos do Brasil. 
Também tem apresentação na missa no domingo, às dez horas, na Igreja do Sagrado Coração de Jesus. Bauernfest, os turistas acompanharam a Festa do Colono Alemão. 
Na festa tem comida típica, muita cerveja e danças. 
Depois, foram comprar malhas e confecções. 
Há mil cento e dez lojas ao longo de dois quilômetros de malharias. 
Licores artesanais, balas de coco, e outros doces feitos por dona Juracema, pintura naturalistas de aves brasileiras, a guache e tinta acrílica, de aves brasileiras na Demonte e Família. 
Em Teresópolis, os turistas foram passear pelo Alto Soberbo. 
Trata-se de um mirante do qual se vê a cidade do Rio, a Baía de Guanabara e o mar, até onde se confunde no horizonte com o céu. 
Visão definitiva do Dedo de Deus e da Serra dos Órgãos. 
No Parque Nacional da Serra dos Órgãos, os turistas observaram boa parte dos onze mil hectares. Fizeram caminhadas, pequenique e camping. 
Também se esbaldaram na piscina pública. 
Se encantaram com a floresta nativa, e se divertiram com os desafios que fazem daqui a capital brasileira do montanhismo. 
Mais tarde foram conhecer a Colina do Mirante, e seu panorama de trezentos e sessenta graus. 
O Mirante do Paraíso, possuí a melhor visão da pedra do sino, A Mulher de Pedra – a qual lembra uma mulher deitada, e a Cascata do Imbuí, na qual os turistas conheceram a cachoeira no Rio Paquequer, são deslumbrantes. 
Após, passearam e conheceram a Fontes de Água Mineral. 
Por fim, foram comprar produtos de lã, algodão, couro, madeira e vime na Feira de Artesanato da Praça Higino da Silveira. 
A seguir, foram conhecer Nova Friburgo. 
A oitocentos e quarenta e seis metros de altitude, é uma cidade industrial e agrícola. 
Aqui também, a colonização suíço-alemã influenciou a arquitetura, a economia, os costumes e a cozinha. 
É reduto de alpinistas e montanhistas. 
Tem teleférico e canoas – para a prática de canoagem –, asa delta, Cachoeira Véu de Noiva (cem metros de queda). 
Após, foram conhecer Conservatória. 
Na Estação Rodoviária, os turistas foram conhecer uma antiga estação de trem, inaugurada por Dom Pedro II, em 1883. 
Na praça ao lado, um chafariz francês e a locomotiva maria-fumaça nº 206, preservada. 
No Túnel de Pedra, na entrada da vila, escavado por escravos, os turistas descobriram, que neste lugar, ao lado da Fonte da Saudade, está escrito: ‘quem bebe dessa água sempre volta’. 
Passeando, foram conhecer os Arcos. 
Com cem metros de extensão e doze metros de altura, foi feito com pedra e argamassa de óleo de baleia, nos quais passam os trilhos da estrada de ferro. 
Na Casa Museu do Seresteiro, as suas portas abertas convidavam os turistas para adentrá-la. 
E assim, começou-se a seresta, onde não se fuma nem se bebe. 
Em Valença, os turistas conheceram inúmeras fazendas históricas. 
A Fazenda Juréia, por exemplo, pertenceu ao Visconde de Tocantins, irmão do Duque de Caxias. 
Mais tem outras: São Lourenço, Santa Rosa, Vista Alegre, Veneza, São Fernando, Florença. 
Aqui ocorreu a maior concentração de escravos do estado. 
Em algumas fazendas ainda há documentos da época, com registro de venda de negros. 
Na Fazenda Santa Clara, a casa-grande de quarenta quartos e trezentas e sessenta e cinco janelas, é um assombro. 
Além disso, a fazenda possuí ainda, senzala e instrumentos de tortura. 
Em Vassouras, os viajantes se encantaram com o casario colonial dos antigos barões do café. 
No Largo da Matriz, muito bem conservado, entre as palmeiras imperiais e árvores frondosas, está o chafariz de pedra. 
Ao fundo, a Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição, harmoniosa construção de 1846, branca, e que possuí duas torres com sinos. 
Ao lado, a Casa de Cultura Tancredo Neves. 
Bem perto a Casa da Câmara e Cadeia, hoje prefeitura. 
No Museu Casa da Hera, os turistas conheceram a residência de Eufrásia Teixeira Leite, destacada mulher da sociedade imperial. 
No acervo, móveis e vestidos da antiga proprietária. 
Na Estação Ferroviária, os viajantes descobriram que este prédio de 1875, de tijolinhos vermelhos, torre e relógio, muito bem conservado, é a atual sede da Fundação Educacional. 
Em Visconde de Mauá, os turistas conheceram a Cachoeira do Escorrega. 
Numa seqüência de duzentos metros de quedas d’água no Rio Preto, que culmina num escorregador natural de cinqüenta metros, é que o rio desliza sobre uma grande pedra, e leva você junto até uma piscina natural. 
Um banho de espuma de água cristalina. 
As corredeiras também se prestam a canoagem. 
A correnteza é rápida, entre rochas. 
O trecho da competição é de quatro quilômetros e meio. 
Além disso, há uma infinidade de trilhas para se percorrer a pé ou a cavalo, que levam a lugares privilegiados: Vale do Pavão, passando pelo Poço das Antas, no Rio do Pavão; Vale do Marimbondo, com cachoeira no Rio Marimbondo; Vale do Alcantilado, lugar afastado, de grande beleza, com banho de cachoeira; Vale das Flores – com dez cachoeiras, considerado o passeio mais bonito; Cachoeiras de Santa Clara e Véu de Noiva. 
Montanhismo e caminhada no Pico das Agulhas Negras, no Parque Nacional de Itatiaia, só com guia. Isso por que, leva-se um dia para ir e outro para voltar. 
Os caminhantes assim, dormiram em uma cabana, no alto da serra. 
Entre a população local há excelentes guias. 
Em Itatiaia, os turistas empreenderam a tão famosa excursão. 
Como recompensa, se deslumbraram com imagens majestosas dos grandes penhascos e de toda a região. 
Depois, foram de carro até às cachoeiras da Maromba, Itaporani e Poranga. 
Ali são permitidos banhos. 
Na Cachoeira Véu de Noiva, os turistas se depararam com um queda d’água de quarenta metros, boa para banhos. 
Tem ainda, passeio por trilha íngreme, de trezentos e cinqüenta metros, pelas pedras e através de floresta. 
Mais tarde, os rapazes foram passear a pé por trilhas onde se avistam ipês, jacarandás, perobas, canelas, palmeiras, bromélias, orquídeas, samambaias, e aves, como a jacutinga, pássaros e pequenos animais, como sagüis e esquilos. 
É conveniente ir em grupo, como os turistas fizeram. 
Depois, os turistas foram conhecer a história de Moisés, que em 1966, numa enchente do Rio Preto que arrastou casas e pessoas, e um bebê de cinco dias foi levado pelas águas. 
Horas depois, ele foi encontrado cheio de lama, mas sem ferimento. 
Batizado, recebeu o nome de Moisés, pois, como o profeta, foi resgatado das águas. 
Hoje, com trinta e oito anos, Moisés é dono de um restaurante no Largo da Moramba. 
Em Penedo os viajantes foram conhecer a Sauna Filandesa. 
Nos diversos hotéis e pousadas, a herança da colonização local, que introduziu a sauna no país. 
No Baile Finlandês, os turistas acompanharam o baile com danças e trajes típicos, no Largo da Finlândia. 
Nas Três Cachoeiras, os turistas se divertiram na seqüência de cachoeiras, muito freqüentadas. 
Na Cachoeira do Céu, também chamada Banheira de Pedra, escondida, é preciso perguntar pelo caminho. 
No meio da mata, siga a trilha orientando-se pelo barulho da queda d’água. 
O rio corre por uma grande pedra e cai em cascata suave sobre outra pedra. 
Banho muito procurado. Mais tarde os turistas foram realizar a pesca de trutas, nos rios de montanha, na região de Serrinha. 
Por fim, os turistas foram comprar artesanato com pedra, madeira e pano, chocolate, doces, geléia, mel e conservas.

Texto retirado de artigos da internet sobre o folclore brasileiro, e de guias de viagens sobre o Brasil.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

COISAS DO BRASIL PARTE 4 – REGIÃO SUDESTE - CAPÍTULO 21

Finalmente, depois de terminar de escrever sobre as lendas da região sudestes, Felipe, passou a se lembrar a da viagem que fizeram com seus amigos pelos arredores. 
Durante a viagem que empreenderam, os rapazes conheceram todo o país, mas o que prendia a atenção de Felipe, eram as recordações de passeios que fizera pelo Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo. 
Então, passemos a eles.
Foi assim. 
Felipe ao escrever sobre as lendas do sudeste, se lembrou do passeio que eles e seus amigos fizeram pelo Centro do Rio de Janeiro. 
Ao chegarem lá, os rapazes se depararam com as imagens de um Rio de Janeiro antigo, do tempo do Brasil Império – de Portugal e Algarves –, e dos primeiros tempos da República. 
É uma verdadeira viagem ao passado. 
Por esta razão, conheceram a Catedral Metropolitana. 
Edifício recente, dos anos sessentas, possuí a forma de um cone, e a base tem diâmetro de cento e seis metros. 
Possuí capacidade para vinte mil pessoas. 
As cores dos vitrais mudam conforme a luz. 
Admirados com a construção, a seguir, foram conhecer a Igreja e Mosteiro de São Bento. 
Trata-se de um conjunto arquitetônico do século XVI, um dos maiores patrimônios da arte colonial barroca brasileira. 
Aqui trabalhavam os melhores arquitetos, escultores e pintores da época. 
A capela do Santíssimo é exemplo de fino rococó. 
Aproveitando o ensejo, os turistas assistiram a missa das dez horas, celebrada aos domingos, com canto gregoriano. 
Na Igreja da Candelária, os turistas descobriram que esta, é a primeira construção religiosa do século XVII. 
Ampliada, foi reinaugurada em 1890. 
Luxuosa e ampla, sua cúpula neoclássica é composta por mil e quatrocentas pedras e pesa cerca de seiscentas toneladas. 
Além disso, possuí portas de bronze e altar-mor de mármore Carrara. 
Os púlpitos são de art noveau. 
Na Igreja de São José, os turistas foram conhecer uma das mais antigas da cidade. 
Datada do século dezesseis, com imagens do século dezenove – inclusive a do venerado São José Doente. 
O carrilhão toca hinos e músicas populares. 
Já na Igreja da Ordem Terceira do Carmo, inaugurada em 1770, os turistas se depararam com uma edificação em estilo barroco, imensas portas de madeira e boa parte da cantaria veio de Portugal.
Altares e altares do noviciado, em estilo rococó. 
Depois, os turistas foram conhecer o Museu Nacional de Belas Artes. 
Lá, vinte mil peças de arte decorativa e popular, pinturas, esculturas e gravuras, fazem parte do ambiente. 
Na Galeria Estrangeira, gravuras de Picasso e o segundo maior acervo do pintor Eugène Boudin. 
Na Galeria do Século XX, trabalhos de Portinari, Lasar Segall, Di Cavalcanti e Tarsila do Amaral. 
No Museu de Arte Moderna, os turistas foram visitar o prédio que é considerado revelação da arte brasileira. 
Tem mil e oitocentas obras – pinturas, esculturas, gravuras –, biblioteca especializada em artes e cinemateca. 
Mais tarde, os turistas foram conhecer o Museu Histórico Nacional. 
Construído no século dezessete como Forte Santiago, para a defesa da Baía de Guanabara. 
Composto por três prédios históricos – a Casa do Trem, o Arsenal Real e o Anexo –, tem biblioteca e arquivo histórico. 
Na Biblioteca do Arquivo Nacional, os turistas se depararam com trinta quilômetros de prateleiras de documentos da administração desde o Brasil Colônia. 
Felipe, Fábio, Lúcio, Flávio e Agemiro, visitaram ainda, a Biblioteca Nacional. 
Com oito milhões de obras, é a maior biblioteca da América Latina. 
No segundo andar, divisão de Manuscritos e Obras Raras. 
Os dois exemplares da Bíblia de 1492 só podem ser vistos em microfilmes. 
No Centro Cultural Banco do Brasil, os turistas se depararam com o mais completo da cidade. 
Tem dois teatros, quatro salas de exposição, uma biblioteca de cem mil volumes – com catálogo informatizado. 
E ainda, conta com a exposição História do Brasil através da Moeda. 
Ao passarem pelo Teatro Municipal, os turistas descobriram se tratar de um dos mais luxuosos do mundo, por seu requinte na construção e no acabamento, rico em obras de arte. 
É baseado no Teatro da Ópera Charles Garnier, de Paris. 
Pinturas e afrescos de D’Angelo Visconti. 
Apresentaram-se aqui Sarah Bernhardt, Maria Callas, Nijinsky, Stravinsky e Leonard Bernstein. 
No subsolo, Salão Assírio – réplica do Palácio de Susa, em Persépolis. 
No Paço Imperial, os turistas ficaram impressionados com a arquitetura notável, de 1743. 
Foi Armazém do Rei, Casa da Moeda e residência do governador da capitania. 
No Império, servia à festas. 
A Princesa Isabel assinou aqui a Lei Áurea, abolindo a escravidão. 
Hoje é um centro cultural, palco de exposições, concertos e peças teatrais. 
A seguir, os turistas foram visitar o Palácio Tiradentes. 
Construído no local antes ocupado pela cadeia em que Tiradentes ficou preso, à espera da forca. 
Abriga biblioteca com doze mil volumes. 
Aqui se realizou a Assembléia de 1823, dissolvida no mesmo ano pelo Imperador Pedro I. 
Ao lado, a Estátua de Tiradentes. 
No Museu da República, os turistas se deslumbraram com o suntuoso Palácio do Catete, onde o Presidente Getúlio Vargas se matou, num quarto do terceiro andar, que guarda móveis da época. 
Duas vezes por mês, tem Clássicos no Museu, concertos musicais no Salão Nobre. 
Passeando, os turistas acabaram vendo o Arco do Teles. 
Viela estreita, rua típica do século dezoito. 
Suas construções tem janelas, sacadas, portas de madeira de quatro metros de altura. 
Lembra o Pelourinho, só que infelizmente, está mal-conservado. 
No dia seguinte, os viajantes foram conhecer a Igreja da Penha. 
Principal monumento da zona norte. 
Erguida no alto do morro, é visível a longa distância, da terra e do mar. 
A primeira capela é de 1632. 
Muito reverenciada e conhecida pela escadaria de trezentos e sessenta e cinco degraus, onde os fiéis pagam promessas. 
Na Igreja Nossa Senhora da Glória do Outeiro, os turistas observaram sua arquitetura do barroco luso-brasileiro, um dos cartões postais da cidade. 
Fica num outeiro, de frente para o mar. 
Na Igreja de São Sebastião, os turistas admiraram os mosaicos do pintor Gastão Formenti, na nave da construção. 
Depois, foram ver a lápide do fundador da cidade, Estácio de Sá, imagem de São Sebastião de 1567, e o marco da fundação do Rio. 
No Museu Nacional, os turistas descobriram que o mesmo, criado por Dom João VI, em 1818, está instalado no palácio onde viveu a família imperial. 
São dez mil peças de zoologia, arqueologia, etnografia, antigüidade clássica, geologia e palenteologia. No Museu Primeiro Reinado, os turistas descobriram se tratar do Solar da Marquesa de Santos. 
Aqui ela morava e recebia de braços abertos as visitas do Imperador Pedro I. 
É dividido por salões: o mais procurado é o salão da alcova. 
A seguir, ao visitarem o Museu Casa de Rui Barbosa, os turistas conheceram a morada do ilustre jurista. 
Abriga setenta e sete mil volumes e três mil e quinhentos títulos de periódicos. 
Mostra a trajetória do escritor e, além da coleção de direito do jurista, possuí as primeiras edições dos livros de Machado de Assis e José de Alencar, manuscritos de escritores famosos, como Graciliano Ramos, e uma raríssima edição da ‘Divina Comédia’, de Dante. 
Depois, foram conhecer o Corcovado. 
Do alto de uma imensa pedra, a setecentos e quatro metros de altitude, vê-se por que esta é a Cidade Maravilhosa. 
Num relance de olhos, o magnífico cenário: a Baía de Guanabara, o Porto, o Centro, a Zona Norte (do Maracanã à Ilha do Governador), Flamengo, Botafogo, o Pão de Açúcar, Copacabana, Ipanema, Leblon, a Pedra da Gávea. 
Não há quem resista a tirar foto ao lado do Cristo Redentor, privilegiado gigante de trinta e oito metros de altura e vinte e nove de envergadura, que abençoa a cidade desde de 1931 – projeto do arquiteto Silva Costa e do escultor Paul Landowiski. 
A seguir, foram conhecer o Pão de Açúcar. 
Na agenda de qualquer turista do mundo, é o campeão de passeios. 
A rápida viagem feita no bondinho, feita em duas etapas – primeiro até o Morro da Urca, depois até o Pão de Açúcar –, é inesquecível. 
Boa organização e pontualidade no serviço. 
No verão, com os dias mais longos, grande atração é ir ao entardecer, para ver o pôr-do-sol, o cair da noite, com as luzes da cidade se acendendo. 
No Maracanã, os turistas finalmente conheceram o maior estádio de futebol do mundo, com capacidade para cento e setenta mil pessoas. 
Une o prazer do jogo de futebol à beleza arquitetônica, e à festa de cores e sons das torcidas. 
No Barrashopping, os turistas se depararam com uma construção mordeníssima, que simboliza o novo Rio. 
Faraônico, é um dos maiores shoppings da América Latina – tem quinhentas e quarenta e uma lojas em setenta e seis mil metros quadrados de área. 
Roupas de última moda, produtos eletrônicos, nove salas de cinema, setenta e oito lojas de alimentação; completo parque de jogos e brinquedos: boliche com vinte pistas; centro médico com trinta clínicas, hospital com quinze leitos; oito mil e duzentas vagas para carros. 
Linha regular de helicóptero – dos aeroportos – para executivos e turistas. 
Atende cem mil visitantes por dia. 
Visitando os Arcos da Lapa, os turistas se depararam com uma belíssima construção de 1750, que serviria de aqueduto. 
Contudo sua função principal foi ser leito do bondinho que leva a Santa Teresa. 
Mais tarde os rapazes foram conhecer a Lagoa Rodrigo de Freitas. 
Na base do Morro do Cantagalo, é um dos tradicionais passeios dos cariocas. 
Tem pista de nove quilômetros e meio para caminhadas, e ciclismo entre árvores e gramados. 
Depois, uma paradinha para água de coco na Curva do Colombo. 
No Jardim Botânico, os turistas se deslumbraram com uma das maiores coleções de árvores e plantas do mundo, todas com placas de identificação. 
Esquilos vêm comer frutas no chão. 
Mais tarde no Jardim Zoológico, os viajantes, observaram dois mil e quinhentos animais expostos em áreas bem-cuidadas. 
Como atrações: tem a Casa Noturna, com corujas e morcegos, a Ala dos Felinos, e a Minifazenda. Destaque deve ser dado para o Macaco Tião (aniversaria em 16 de janeiro), sempre comemorado com bolo e festa. 
No Forte do Copacabana, os turistas se encantaram com uma imponente construção sobre a rocha, na Praia de Copacabana. 
Foi a principal praça de guerra da América do Sul. 
Equipado com canhões alemães da Krupp. 
Foi palco de acontecimentos históricos como o dos Dezoito do Forte. 
Abriga o Museu Histórico do Exército, com documentos e armas. 
Na Ilha de Paquetá, os turistas puderam apreciar uma exuberante paisagem. 
Lá, a tranqüilidade e a beleza atraem famílias para um pequenique. 
Nas ruas sossegadas só rodam charretes e bicicletas, alugadas na ilha. 
Chega-se até lá de barco. 
Trajeto de uma hora, com nove viagens por dia. 
De aerobarco, chega-se em vinte minutos. 
No dia seguinte, os turistas foram conhecer Niterói. 
Passeando de barco, foram conhecer as praias oceânicas, de águas claras e limpas, fora da baía: Piratininga, do Sossego, Camboinhas, Itaipu, Itacoatiara. 
Depois, os rapazes foram conhecer a Fortaleza de Santa Cruz, na entrada da Baía de Guanabara. Improvisada pelo francês Villegaignon em 1555, tombada pelo português Mem de Sá em 1557, faz parte dos momentos agudos de nossa história. 
Com poder de fogo ampliado, impediu invasões francesas e holandesas. 
Como presos ilustres, recebeu José Bonifácio, Bento Gonçalves e Euclides da Cunha. 
Após, os turistas resolveram passear a pé pela pista Cláudio Coutinho, entre as árvores da encosta do Morro da Urca, junto à Praia Vermelha. 
Paisagem deslumbrante. 
Segurança garantida pelo exército. 
A seguir, os rapazes foram passear de bicicleta, pela mais tradicional ciclovia da cidade, que fica ao redor da Lagoa Rodrigo de Freitas. 
Toda Terça-feira, às nove horas da noite, tem o RioBikers, passeio que reúne milhares de ciclistas, da Praia do Leblon ao Museu de Arte Moderna, no aterro do Flamengo. 
No dia seguinte, foram passear de bonde. 
Passeando pelos Arcos da Lapa, os turistas foram até o Bairro de Santa Teresa – lá, se depararam com casas do fim do século passado, ruas de pedra. 
Um verdadeiro mergulho no Rio de anteontem. 
De helicóptero, tiveram uma visão panorâmica da cidade. 
A seguir, os turistas se aventuraram num passeio de asa-delta. 
Mais tarde, foram conhecer a Praia do Arpoardor, porém, não se aventuraram a entrar nas águas repletas de surfistas. 
Mais tarde, foram assistir ao Carnaval. 
O maior Espetáculo da Terra, é também, um dos mais famosos, se não o mais famoso, Espetáculo do Brasil. 
São inúmeras Escolas de Samba, que enchem a Marquês de Sapucaí, de cores, sons, alegria, e de encanto ao encher os olhos do público com o deslumbre de suas fantasias, coreografias e alegorias. 
É uma festa que dura alguns dias, mas já faz parte do imaginário e dos sonhos do povo brasileiro. 
Dias depois, os turistas foram conhecer o GP Brasil. 
Tradicional para turfe, possuí cavalos estrangeiros. 
Mais tarde, foram conhecer a Festa da Penha. 
Trata-se de uma das maiores e mais tradicionais, festas religiosas da cidade. 
Tem bandas, barraquinhas, leilões e animação no Largo da Penha. 
Muito embora fosse ainda muito cedo para o Reveillon, os turistas ficaram a imaginar, quando mergulharam nas águas da Praia de Copacabana, a quantidade de pessoas que vão até lá para realizar os rituais de fim-de-ano, e apreciar a famosa queima de fogos. 
Após, os turistas foram conhecer Angra dos Reis. 
Primeiramente, apreciaram a magnífica orla da cidade. depois, foram visitar a Igreja e Convento Nossa Senhora do Carmo. 
A igreja de 1593, foi reformada por ocasião da construção do convento em 1652. 
De arquitetura simples, em estilo colonial, possuí azulejos portugueses. 
A seguir, foram conhecer a Igreja da Lapa e da Boa Morte. 
Esta construção, data de meados do século dezoito. 
A pintura do retábulo do altar-mor é original e as imagens de madeira vieram de Portugal e da Espanha. As de terracota são daqui mesmo. 
No Convento de São Bernardino de Sena, os turistas, se depararam, no Alto do Morro de Santo Antônio com as ruínas do conjunto religioso erguido em 1653. 
Apenas a Capela dos Irmãos Terceiros e o pequeno Claustro estão preservados. 
Na Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição, os turistas se encantaram com a construção de 1749. Muito embora a planta seja de 1625, foi somente depois de mais de um século que esta foi construída. Tanto a construção como algumas imagens que a decoram são barrocas. 
No Casario Histórico, os sobrados da Praça General Osório constituem um conjunto arquitetônico do século dezoito. 
As casas assobradadas da Rua do Comércio, com beirais de louça azuis e brancos, são exemplos de construções típicas do século dezenove. 
As quais, encantaram sobremaneira os turistas. 
No Chafariz da Chácara da Carioca, os turistas se depararam com uma construção de 1842. 
É o único da cidade que continua esguichando água desde o século passado. 
Na Usina Nuclear, os turistas foram no local. 
Dispõe de um centro de informações onde os turistas, através de recursos audiovisuais, podem conhecer com funciona uma central nuclear. 
Mais tarde os viajantes foram conhecer as Praias. 
Entre elas, Monsuaba – com capela, Cachoeira de Cantagalo; Paraíso; da Fazenda – perto do morro, entre pedras arredondadas; da Espia – que tem mirante com vista da Baía. 
Na Estrada do Contorno, no Bairro de Batista Neves, pequenas belas praias ao longo de enseadas: Gordas, Bonfim, Grande, Vila Velha, da Figueira, da Bica, da Gruta, Tanguá, da Ribeira, do Retiro, da Ponta do Sapé, da Enseada e da Aroeira. 
Em várias delas há bares. 
Após, os turistas foram conhecer a Vila de Mambucaba. 
Ex-mercado de escravos, exportação de café e produção de aguardente. 
Fica à beira-mar, com praia de encher os olhos. 
Lá está a Igreja do Rosário de frente para o mar, casarões, uma bica para banhos, bares, e outras praias: Brava, Piraquara, do Frade, Bracuhy. 
No mar de Angra, as ilhas vão aparecendo aos borbotões. 
Algumas são particulares. 
A da Gipóia, com doze praias, barco-bar, é boa de mergulho. 
As Botinas, gêmeas, uma de frente para a outra, são o mais novo cartão postal de Angra. 
Cataguases, Paquetá, Flechas, Piedade, Comprida, Francisca, do Ouriço, e do Arpoardor são muito procuradas. 
Para alcançá-la, existem opções como as traineiras, no Cais de Santa Luzia; os saveiros, no Big Tour, no Mar de Angra e no Gênesis; e as lanchas, na Norway, Captains Yacht e Dock Line. 
Depois, os turistas foram passear pela Trilha Mambucaba – Parque Nacional da Serra da Bocaina. 
O caminho, de cinqüenta quilômetros, era usado para levar escravos ao Vale do Paraíba. 
Os trechos calçados são herança dessa época. 
A trilha de Bracuí, de trinta quilômetros, acompanha o Rio Bracuí, utilizado para canoagem. 
No dia seguinte, passearam de trem pela Mata Atlântica, numa viagem de quarenta quilômetros, de Angra até Lídice, subindo quinhentos e oitenta metros pela Serra do Mar. 
O trem atravessa a floresta, passa por cachoeiras e quinze túneis. 
A seguir, os rapazes foram passear de submarino. 
Durante o verão, o submarino Argos mergulha até vinte metros de profundidade, em frente a Ilha Grande. 
Por quarenta e cinco minutos, a fauna e a flora marinhas são apreciadas através de oito vigias de acrílico, as janelinhas da embarcação. 
Na Procissão Marítima de Ano Novo, os viajantes se encantaram com o grande passeio de barcos de todos os tipos, com Carnaval a bordo. 
Tem início na Praia das Flechas e termina na Praia do Anil, centro, com prêmios e o grito de Carnaval. No Aniversário de Angra, três dias de festa e Folia de Reis: grupos percorrem as ruas cantando e dançando, representando o bumba-meu-boi. 
Durante o Carnaval, os turistas se esbaldaram com a tradicional e animada festa de rua, com bailes populares e desfiles de escolas de samba locais. 
No Festival do Mar, os turistas assistiram eventos desportivos nas praias e um salão náutico que reuniu dezenas de veleiros e iates, um mais luxuoso que o outro. 
Na Festa da Padroeira, os turistas se encantaram com os festejos em homenagem a Nossa Senhora da Conceição, cuja imagem chegou a Angra em 1632. 

Texto retirado de artigos da internet sobre o folclore brasileiro, e de guias de viagens sobre o Brasil.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

COISAS DO BRASIL PARTE 4 – REGIÃO SUDESTE - CAPÍTULO 20

Por fim, Felipe escreveu a respeito da ‘Lenda do Boi de Concha’: 
Filho do Boi Marujo com a Vaca Sereia; nascera no dia 29 de junho, dia de São Pedro Pescador. 
Ao ver Cipriano, o bichinho deu um mugido parecendo som de ratambufe. 
-- Ratambufe*! 
-- Isso mesmo, você vai se chamar Ratambufe! 
Esse mugido tá parecendo o ratambufe do Domingos Anagro, batendo em dia de carnaval. 
Você é forte, bonito e tem jeito de ser um bom carreador! 
Você nasceu no dia de São Pedro Pescador, não é? 
Vou leva-lo para conhecer o mar! 
Você vai ver que beleza que é o mar! 
Está ouvindo Ratambufe? 
O recém nascido bezerro, parecendo que entendia, fitava a promessa do velho Cipriano. 
Ratambufe era um boizinho quase que inteiramente branco, apenas o rabo era preto, e destacava-se uma mancha preta na testa com formato de concha.
Cipriano era um tropeiro do Bairro Alto de São Luiz do Paraitinga que comercializava em Ubatuba. Descia e subia a serra semanalmente, trazendo produtos como: queijo, farinha de milho, carne seca, carne de porco e também comercializava animais como cavalo, boi, galinha, pato, cabrito e porco. 
Dos produtos que levava, era a farinha de mandioca, banana e principalmente o peixe seco. 
Ratambufe foi crescendo e ouvindo as promessas de seu dono que iria lhe mostrar o mar. 
O que seria o mar? 
O que seria as gaivotas, as conchas, os peixes, os guaroçás,... que Cipriano sempre falava? 
Ratambufe cresceu ouvindo falar do mar e das coisas do mar... 
Para Ratambufe o mar seria o céu, o paraíso. 
Dois anos se passaram e era o mais lindo animal de Cipriano. 
Era um boi forte, robusto, inteligente e o que mais importava era seu peso. 
Cipriano, como bom comerciante que era, tinha na verdade outras intenções; desceria a serra com o boi, indo diretamente para o matadouro, venderia sua carne e ganharia um bom dinheiro. 
O matadouro ficava no final da Rua Coronel Ernesto de Oliveira e final também da Rua Alfredo de Araújo; e no mais tardar o boi chegaria às nove horas da manhã. 
-- É amanhã, Ratambufe! Amanhã você vai conhecer o mar! 
Assim aconteceu. 
No mirante da serra, no descanso do Tuniquinho, pela primeira vez Ratambufe viu o mar. 
Lá de cima da serra avistou aquela imensidão de águas azuis. 
-- Tá vendo Ratambufe? Lá é o mar, lá estão os peixes, as conchas e as sereias, é lá que mora São Pedro pescador! – falava Cipriano ao seu animal. 
Ratambufe parecia entender, e completamente hipnotizado não tirava os olhos daquela imensidão de águas azuis, que brilhava com os raios do sol. 
-- Caaaalma Ratambufe, você vai ver o mar de perto! Caaaalma! – fez, Cipriano, mais essa promessa a seu boi. 
A descida da serra foi tranqüila, por entre grotas e cachoeiras, sob as sombras de manacás e brecuíbas, ao som de arapongas e tangarás... 
Coisas que Ratambufe, em seus dois anos de vida, nunca tinha apreciado. 
O animal parecia ansioso e fazia a tropa acelerar os passos. 
-- Caaaalma Ratambufe, está chegando, o Mar não vai fugir! – alertava Cipriano. 
Cipriano se arrependeu, e se arrependeu muito... 
-- Olha, Malvina! Eu vi, eu juro que vi! 

-- Você está ficando doido, Lindolfo! Você bebeu? Onde já se viu um boi sair de dentro do mar! 
-- Você sabe que eu não bebo, Malvina! Eu vi! Vi com esses olhos que a terra há de comer! Eu estava tocando minha viola em baixo da amendoeira do cruzeiro, quando apareceu aquele vulto branco vindo lá da prainha do Matarazzo. Eu pensava que era um barco, mas não era. O bicho veio ao som da minha viola, veio vindo, veio vindo e ficou diante de meus olhos, no lagamá. Eu vi! O bicho era todinho branco, todinho coberto com conchas, tinha uma mancha preta na testa e o rabo preto. Brilhava com a ardentia, parecia um ser encantado; vinha acompanhado por tudo que era peixe do mar, botos e cavalos marinhos! Foi a coisa mais bonita que eu já vi em toda minha vida, Malvina! 
-- Olha Lindolfo, você bebeu, ou a pimenta daquele pirão que você comeu de noite não lhe fez bem! Onde já se viu uma história dessas, homem?! Você esta ficando louco! 
Não tinha como fazer com que Vovó Malvina acreditasse naquela historia... 
E vovô continuava. 
– Olha Malvina! Coisa de um mês atrás, o compadre Zé Capão me veio com essa mesma história, de que viu sair do mar um boizinho coberto com conchas; não teve como eu acreditar, e ainda falei para o compadre que ele estava bêbado!!! Pois é Malvina, agora o bicho me apareceu! Acredite se você quiser! 
-- Não dá para acreditar, Lindolfo! Não dá!!! 
-- Puxe um pouco pela memória, Malvina! Você lembra daquele caso que aconteceu com o Cipriano? Você lembra daquele boi branco que ele trouxe do Bairro Alto, para matar no matadouro? Você lembra o que aconteceu com o boi? 
-- Ouvi dizer que o boi tomou a dianteira e foi para a praia, entrou no mar e morreu afogado! 
-- Foi justamente isso Malvina; ao chegar perto do mar o boi travou as pernas e ficou olhando para o horizonte do mar, de vez em quando balançava a cabeça, parecia que estava ouvindo um som, algum canto diferente, de repente, o boi caminhou e entrou no mar, e o que se sabe é que o bicho nunca mais apareceu. 
Não se sabe se morreu ou se viveu, pois nunca acharam uma parte sequer do bicho: nem couro, nem pêlo, nem chifre! 
Dizia o Cipriano que ele vivia falando para o boi da beleza que era o mar e de tudo que tinha no mar... Essa história de mar era papo de Cipriano... 
O boi sabia disso! 
Quando o bicho viu o mar e sentiu a maresia, ficou alucinado, deu uma loucura que o bicho desapareceu mar adentro; nunca mais apareceu. 
Pescadores do local falaram que foi um chamado de São Pedro, outros diziam que era o canto das Sereias. 
Foi São Pedro Pescador! 
Foi o canto das Sereias! 
Malvina agora mostrava interesse pelo fato e já fazia ligação das histórias. 
-- Será Lindolfo, que o boi que você viu aparecer, é o boi do Cipriano que sumiu no mar? 
-- Olha Malvina! Não só eu, mas também o compadre Zé Capão está achando! -
- É Lindolfo! Veio-me agora uma lembrança. Eu lembro-me muito bem que, quando você, juntamente com seu irmão e demais amigos, se reuniam na campina para fazerem suas serestas, nas noites de luar ou de garoa fina, os animais dos tropeiros (cavalos, bois, cabritos) que pastavam ao redor, vinham se aconchegar junto à cerca para ouvir as musicas tocadas pelos seresteiros, dando-lhes descanso e conforto. 
-- É Malvina, isso é fato comprovado!!!19 ...

19 Júlio César Mendes Julinho Mendes - 06/12/2001 – A Lenda do “Boi de Conchas” O BOI DE CONCHAS, foi uma aparição aos olhos de Zé Capão e de vovô Lindolfo. Para Zé Capão o boi aparecia em suas pescarias de robalos, na boca da barra do rio Grande, e, para vovô Lindolfo, o boi aparecia toda vez que ele dedilhava sua viola aos pés da amendoeira da praia do Cruzeiro. Fica aí registrado, a LENDA DO BOI DE CONCHAS, que vovô contava quando eu era criança; uma lenda que eu agora levo a público, e que fique fazendo parte das demais lendas da cultura da cidade de Ubatuba, que já não são levadas às crianças, e muito menos ensinados nas escolas. 

Texto retirado de artigos da internet sobre o folclore brasileiro, e de guias de viagens sobre o Brasil.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

COISAS DO BRASIL PARTE 4 – REGIÃO SUDESTE - CAPÍTULO 19

Animado com as lendas da região, Felipe continuou a escrever. 
Só que desta vez a respeito da ‘Lenda da Sununga’: 
Graciosa jovem de tez suavemente morena, olhos cinza esverdeados, farta cabeleira negra e ondulada, porte esbelto e curvas caprichosamente delineadas, Marcelina, até então alegre, forte e viva, de repente pareceu aniquilar-se, alimentando-se mal, perdendo as cores, visivelmente tímida, quase sem ânimo para as tarefas costumeiras e, de modo sumamente estranho, muitas vezes permanecia acomodada até alto dia, necessitando que alguém fosse alertá-la para que deixasse o leito. 
Remédios já os havia tomado em grande quantidade, desde "vinho-composto" a chás de várias ervas, e até banhos de cozimento de folhas e flores já lhe haviam sido ministrados, mas nada resolvia. 
Sinhá Anália confidenciava seus temores às amigas mais íntimas, e estas procuravam afastar-lhe as preocupações: 
-- Ah, não é nada... é da idade... quantos anos ela tem? Quinze? Então tá aí, é da idade! 
Mas isso não tranqüilizava a apreensiva mãe que, interpelando a filha, revelando seus temores e fazendo indagações, recebia sempre respostas como esta: 
-- Que é isso, mãe? Estou boa, não sinto nada. A senhora está com medo só porque eu estou levantando um pouco mais tarde? Só porque ando com pouca fome? – e fingindo um sorriso. – Se eu comesse muito aí a senhora ia achar ruim, é ou não é? 
Dias se passaram, tristes e apreensivos, até que certa madrugada, ao raiar do dia, 
Sinhá Anália, que passava noites inteiras quase em vigília, ouvindo soluços provindos do quarto da filha para lá se dirigiu, encontrando-a abraçada ao travesseiro, abafando o pranto e murmurando palavras desconexas que pareciam ser: 
-- Não! Não vá... não quero... espere... 
A desolada mãe, atordoada com aquelas palavras sem sentido algum, não alertou a filha. 
Ao contrário, acomodou-se aos pés da cama e se pôs a rezar, pedindo a Deus que lhe desvendasse o mistério que aniquilava a filha. 
De repente Marcelina começou a mover-se. 
Mui lentamente levou as mãos aos olhos como que procurando dissipar uma lágrima e depois, vendo a mãe ali postada, com voz entrecortada começou a falar: 
-- Que é isso, mãe? A senhora está ai? Está chorando? Ah, me perdoe... Eu sei... Eu estou fazendo a senhora sofrer... Mas... Não chore... Não se desespere... Eu sei que a senhora quer saber tudo, não é? Então escute... Eu vou contar o que tá se passando comigo! 
A senhora sabe a estória daquele bicho, daquele dragão que mora na Toca da Sununga, não é? 
Sabe, sim, porque todo mundo sabe. 
Por que é que toda gente deixou de passar por lá? 
Porque basta alguém chegar lá perto para o mar ficar bravo, chegando a jogar as ondas até na boca da toca, arrastando tudo, seja lá o que for que estiver por perto! 
Pescador, esse então nem se fala, esse navega lá de longe, pra mais de duzentas braças da praia e ai dele se chegar mais pra perto! 
Somem ele, a canoa, os apetrechos, some tudo, como já tem acontecido, é ou não é? 
Todo mundo sabe disso, todo mundo fala, mas até hoje ninguém disse que viu o tal dragão. 
Isto é, ninguém disse, não, porque o ‘Seu’ Antero viu, viu e me contou. 
Ele me disse que numa noite tava chegando de viagem, e como era muito tarde pra chegar na casa dele, na Praia das Sete Fontes, resolveu cortar caminho. 
Então foi andando por cima do morro, por trás daquela bruta pedra da toca. 
Mas aí, quando foi chegando perto, ouviu um rugido tão grande que se arrepiou todo! 
Quis correr mas não pôde. 
Parecia que estava grudado no chão! 
Aí foi que ele viu o bicho que estava saindo da toca e andando pro lado dele! 
Era um bicho horroroso! 
De meio corpo pra cima era que nem aquele dragão que a gente vê nos quadros de São Jorge, onde o santo está fisgando ele com uma lança! 
O resto do corpo era que nem cobra, roliço, sem pernas, se arrastando no chão! 
Aí, a lua que tava clara, limpa, iluminando tudo, se escondeu por trás de uma nuvem deixando tudo escuro que nem breu! 
"Pronto, vou morrer!" – pensou ele. 
Fez o sinal da cruz, ajoelhou-se e começou a rezar o ‘Crendos Padre’. 
O bicho parou e foi se encolhendo devagarinho, devagarinho, que nem cobra quando vai dar o bote, mas não fez isso, não. 
Ao contrário, fez a volta e foi sumindo no meio das árvores, pros lados da toca. 
Aí ‘Seu’ Antero me disse que pôde se desgarrar do chão e deu pra correr até chegar em casa, mais morto do que vivo! 
Lembra-se, mãe, daquele dia que o ‘Seu’ Antero me levou até a Maranduba pra assistir o casamento da Justina? 
Pois foi naquele dia, no caminho – conversa vai, conversa vem –, que ele me contou essa estória do dragão da Sununga. 
Mas não sei, mãe, não sei porque aquele homem me contou isso. 
Não sei... 
Desde aquele dia nunca mais me esqueci do tal dragão, me parecendo estar vendo ele em toda parte, grande, gosmento, se arrastando no chão... 
Pra mim me parecia que ele tava na bica onde a gente lava roupa... no caminho que vai pra venda do ‘Seu’ Gardino... no acero da roça... até no rancho de guardar as canoas, me parecia que ele tava lá! 
Mas não tava, não!
Era bobagem, mãe... 
Mas sabe que eu não tinha medo? 
Sabe que eu até tinha vontade de ver o tal dragão? 
Tinha mesmo... 
Juro que tinha... 
Pois uma noite - não foi sonho - eu tava acordada, tava acordada e vi quando ele veio sem fazer barulho, sem abrir a porta, e entrou devagarinho aqui no meu quarto. 
Era o dragão, igualzinho, do mesmo jeito como o ‘Seu’ Antero me contou. 
Ai eu quis gritar pra senhora me acudir, mas quem diz que eu podia falar? 
Quem diz que eu podia me mexer?
Aí o bicho foi chegando, chegando e ficando pequeno, tão pequeno que coube ali naquele canto perto da janela. 
Não demorou ele foi se enrolando, foi ficando do jeito de um tipiti bem grande, e daí a pouco, mãe, aquilo foi virando gente e ficou do jeito de um moço, mas um moço bonito que Deus me perdoe – perdi o medo. 
O moço ficou bastante tempo ali, de pé, me olhando com uns olhos azuis da cor do céu! 
E se riu pra mim... 
Aí eu me ri pra ele e ele veio vindo, veio vindo, chegou perto de mim, passou a mão nos meus cabelos... 
Depois sentou-se aqui na cama... 
Depois... 
Depois ficou comigo! 
Oi, mãe, ele foi embora só de manhãzinha, depois que o galo cantou três vezes...
E eu fiquei com tanta pena... 
Tive até vontade de chorar... 
E chorei, não tenho vergonha de contar, chorei mesmo! 
Agora, mãe, não tenho vontade de trabalhar, nem de comer, nem de conversar, nem de nada. 
Minha vontade é de ficar aqui no quarto, de porta fechada esperando que a noite chegue e que o bicho venha e se vire no moço bonito, pra ficar comigo até de manhãzinha. 
Ainda há pouco, mãe, eu tava chorando. 
Tava chorando porque ele tava indo embora sem querer me ouvir. 
Eu tava pedindo pra ele ficar, mas ele nem ligou... 
Toda vez que vem aqui, vai embora antes do dia clarear. 
Não adianta pedir, não adianta chorar, ele não liga e vai embora. 
Então, é como já disse, eu fico aqui sozinha, pensando nele, até que volte outra vez pra ficar comigo... 
* * * Esta revelação Sinhá Anália ouviu-a no auge do desespero, quase arrastada às raias da loucura.
 Mas, que fazer? 
A quem apelar? 
Nada mais lhe restava senão rezar e pedir a parentes e amigos que fizessem o mesmo, a fim de que um milagre a livrasse de tão iníqüa provação. 
* * * Passava o tempo, quando certo dia bateu-lhe à porta um trôpego velhinho - talvez um monge,  envolvido num manto andrajoso - que, com voz sumida e rouca pediu-lhe alguma coisa para comer.
 Bastava um pedaço de pão com que pudesse mitigar a fome que lhe corroía as entranhas. 
Sinhá Anália, amargurada mãe que sofria tanto, ainda encontrou fibras sensíveis em seu coração para se compadecer do mísero viandante, faminto, maltrapilho e exausto. 
Fazendo-o entrar, agasalhou-o, deu-lhe de comer e depois de reanimá-lo, atendendo às suas indagações, relatou-lhe todo o infortúnio, toda a razão da tristeza que consternava aquela casa. 
O velhinho ouviu-a, imoto, impassível, como em prece, como que absorto em pensamentos distantes. Finda a narrativa, fez Sinhá Anália sentar-se junto dele e revelou-lhe que, de há muito, bem longe dali, em sua peregrinação, já ouvira falar do monstro satânico que atormentava a população daquele bairro.  Justamente por isso é que estava ali. 
Viera, por inspiração divina, a fim de libertá-la da opressão que lhe infringia o Espírito do Mal. 
Essa revelação correu célere pela redondeza, reunindo considerável multidão que, certo dia, sem temor, acompanhou o venerável ancião na caminhada que fez em direção a toca que abrigava o dragão da Sununga. 
Caminhavam todos trôpegos, arfando, escalando a encosta pedregosa até atingir o cimo do íngreme penedo que recobre a desmedida gruta. 
Ali chegando, o monge ergueu os braços num largo e lento gesto do sinal da cruz, e ao murmúrio de piedosa prece, espargiu por sobre a pedra a água que levara num pequenino púcaro. 
Naquele instante um trovão violento fez estremecer a terra, atordoando a multidão em prece! 
O mar, rugindo em doidas convulsões, projetou-se violento contra a impassibilidade das rochas, para retroceder, abrindo-se ao meio, bem em frente à toca, dando passagem ao monstro apocalítico que por ali avançou rugindo, sumindo ao longe, na profundeza das águas! 
* * * Nunca mais se teve notícia do dragão da Sununga. 
De Marcelina, sabemos que embora arredia, taciturna, ainda viveu por longo tempo, conservando traços da rapariga que fora "de tez suavemente morena e olhos cinza esverdeados, farta cabeleira negra e ondulada", e mantendo o "porte esbelto e curvas caprichosamente delineadas"! 
Hoje, quem se postar no interior da lendária gruta, perceberá cair lá de cima, das ranhuras da pedra, uma seqüência de pequeninas gotas que se infiltram na areia branca e fina que alcatifa o chão. 
Dizem, alguns, que são remanescentes gotas da água benta espargida pelo monge, que ainda caem, a fim de que o dragão jamais possa voltar. 
Outros, porém, afirmam que são lágrimas de Marcelina, que lá voltou muitas vezes, na esperança de que o dragão, feito moço bonito, ainda voltasse, para ficar com ela a noite inteira, até os primeiros albores da manhã!18

18 Extraído do livro "Ubatuba - Lendas & Outras Estórias" de Washington de Oliveira ("seo" Filhinho), conforme autorização do autor. 

SIGNIFICADO: 
tipiti - substantivo masculino
1. BRASILEIRISMO•BRASIL
cesto cilíndrico de palha em que se põe a massa de mandioca para ser espremida; tapiti.
2. FIGURADO (SENTIDO)•FIGURADAMENTE
S. situação difícil, da qual não se pode sair com vantagem; aperto, apuro, entalação.

púcaro - substantivo masculino 
1. pequeno recipiente, com asa, us. para retirar líquido de recipientes maiores; púcara, búcaro.
2. POR EXTENSÃO - caneco de lata.

alcatifa - substantivo feminino
1. m.q. ALFOMBRA ('tapete espesso').
2. POR EXTENSÃO
tapete grande, ger. com desenhos e cores variadas, us. para cobrir pavimentos ou ser colocado nas janelas em dias festivos.

Texto retirado de artigos da internet sobre o folclore brasileiro, e de guias de viagens sobre o Brasil.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

COISAS DO BRASIL PARTE 4 – REGIÃO SUDESTE - CAPÍTULO 18

Com relação a ‘Lenda dos Marinhos’, Felipe passou a escrever o seguinte: 
Barbaridade! 
Há mais de três meses não chovia, numa estiada jamais verificada nestas redondezas. 
Aqui a chuva é uma constante no decorrer do ano e assim, uma seca como aquela exasperava, a população, mormente a gente dos bairros que, se dependia da pesca, muito mais dependia da lavoura para garantir a própria sobrevivência. 
De chuva, nem sinal! 
O céu mantinha uma limpidez imaculada, um azul puríssimo, sem um mínimo resquício de nuvem que pudesse dar a esperança de um próximo aguaceiro! 
O ar, parado! 
Nem uma brisa, nem uma aragem para refrescar um pouco, fazendo balançar a ressequida galharia das árvores desnudas, murchas, desfolhadas... 
Toda a região sofria por igual os efeitos daninhos da seca, mas os moradores da Praia das Toninhas, inconformados, afirmavam que lá era pior, que lá a areia da praia era mais quente que a das outras, chegando a tostar-lhes as plantas dos pés se não a evitassem, precisando caminhar por cima, por sobre o emaranhado dos ‘jundus’. 
Lá, diziam, dava pena olhar as roças, onde a plantação amarelecia esturricada sob a ação escaldante dos raios solares! 
Até a cachoeirinha que, sempre farta descia murmurante a encosta pedregosa, estava agora reduzida a um minguado filete de água, torturando o mulherio que amanhecia aglomerado ao pé da bica, na angustiante espera de encher o vasilhame! 
Seca tirana aquela! 
E a pesca? 
Também falhara. 
Se todo santo dia, logo cedo, os pescadores saiam mar afora em busca do básico alimento para o seu sustento, retomavam alto dia, desanimados, com rebotalhos, trazendo aquilo que até há pouco desprezavam na praia, à acirrada disputa dos famintos urubus. 
-- "É – dizia Tonico Honorato, patriarca da Toninhas, por isso mesmo acatado e respeitado. – Isso aí é castigo, e pelos pecadores pagam os inocentes... Já não há mais respeito, não há mais recato! Ninguém mais tem palavra! As igrejas vazias... Pra essa gente parece que Deus já não existe e seus mandamentos não valem mais nada. .. Isso é castigo!" 
Na Toninhas o que Tonico Honorato dizia era sagrado. 
Se ele disse que aquela provação era castigo, outra coisa não cabia senão rezar. 
Assim, enquanto os crédulos rezavam, aguardando o milagre da chuva redentora, Júlio e Camilo, dois inseparáveis rapazes do bairro, passaram a observar o procedimento estranho de Marino, também amigo e companheiro, mas agora arredio, evitando-os com desculpas descabidas e alegações inconcebíveis.
A princípio não deram importância, mas num dado momento, como que acordando, ficaram intrigados com tal procedimento. 
Ainda mais porque, se a pesca fracassava para todos, por que para Marino era diferente? 
Ele não saía com os outros pela madrugada, mar afora, singrando as ondas. 
Ficava em casa entretendo-se em pequenos afazeres, ou indo á roça em desnecessária vistoria às ressequidas plantas que teimavam vegetar nos aceiros. 
A tarde, porém, viam-no caminhar pela costeira com petrechos de pesca, saltando de pedra em pedra, indo ponta afora, para o costão do Itapecericuçu, onde se demorava até o fim do dia, quando regressava com o balaio transbordando de peixes, bastante para o consumo da família e com sobras até para mimosear generosamente a vizinhança carente. 
Para Júlio e Camilo – pensaram – desvendava-se o mistério: o bom pesqueiro estava para o lado do Itapecericuçu, portanto, bastaria ir lá. 
Mas, não querendo melindrar o arredio amigo, para lá se dirigiram várias vezes, cautelosos, a fim de não serem percebidos: umas, pela manhã, bem cedo, outras, alta noite, bem tarde. 
Interessante, se lá permaneciam horas inteiras, o resultado era sempre o mesmo: apenas dois ou três peixinhos de pouco mais de um palmo, daqueles sem condições de serem postejados... 
-- Por quê? – indagavam-se 
– Por que eles também bons pescadores, pescando no mesmo ponto, não conseguiam resultado igual ao de seu esquivo amigo? 
Convencidos de que um segredo maior havia e que era preciso desvendar, certa noite foram mais cedo e ocultaram-se entre moitas de samambaias, aguardando a chegada de Marino. 
Após longa espera, viram-no chegar e encaminhar-se ao declive de extensa laje, quase plana, que descia em rampa suave aprofundando-se no mar. 
Viram-no, depois de acomodar seus petrechos de pesca, descer vagarosamente o declive e parar, absorto, olhando o mar, cujas ondas subiam mansamente, uma a uma, beijando-lhe os pés, para voltarem depois, borbulhantes e alvacentas, rendilhadas de espumas. 
Num dado momento um farfalhar mais forte agitou as águas próximas e dali emergiu uma encantadora mulher, inteiramente nua, que, com desembaraço galgou a penedia, mal disfarçando a total nudez com basta cabeleira entremeada de algas e de espumas! 
Surpresos, viram Marino correr ao seu encontro, enlaçando-a nos braços, e ali permanecerem em doce e prolongado idílio! 
Que mulher era aquela, – indagavam-se – jovem, encantadoramente bela, que emergia das águas, gesticulando como se fosse muda, e vinha entregar-se em arroubos de amor a uma criatura humana? Não era por certo uma sereia, misto de peixe e de mulher que, com o enlevo de seus cânticos, em noites enluaradas atraía traiçoeiramente incautos navegantes a pélagos profundos, para a satisfação de voluptuosos desígnios de amor! 
Não! 
Aquela era mulher perfeita, de corpo escultural e beleza fascinante que ali permaneceu por longo, tempo em arroubos de amor até que, vencendo a relutância de Marino, que tentava retê-la junto a ele, desgarrou-se dele e, rápida, solerte, atirou-se ao mar, desaparecendo no verde esmeraldino das águas. Marino, então, pôs-se a pescar e em poucos momentos, como fazia todos os dias, regressou com farta provisão de peixes de grande porte - garoupas, sargos e badejos. 
Júlio e Camilo, atônitos com o que viram, voltaram outras vezes naquele pesqueiro, na esperança de desvendar o mistério de que eram testemunhas. 
Um dia a enamorada tardou a aparecer. 
O crepúsculo já se aproximava quando, emergindo airosa e bela, subiu apressadamente a inclinação da laje, para entregar-se aos braços de Marino. 
Entretanto, ao contrário das outras vezes, demonstrava ansiedade em voltar ao mar e fazendo entender o seu intento, encontrava oposição de seu amante, que a prendia nos braços sem querer desgarrar-se dela. 
Parecia resolvido a mantê-la para sempre junto dele. 
Compreendendo a situação em que se achava, a jovem passou a debater-se desesperadamente, querendo gritar, mas sem conseguir desprender a voz, nem emitir um gemido sequer! 
Na luta que se desenvolvia, Marino percebeu-lhe, na boca exageradamente aberta, a garganta obstruída por enorme guelra vermelha, que nos peixes funciona como órgão respiratório. 
Instintivamente, sem vacilar um instante, introduziu-lhe dois dedos na boca e num gesto rápido, volteando-os, estirpou, esponjosa e sanguinolenta, a guelra que a impedia de falar, mas que lhe dava condições de viver mergulhada nas águas do oceano. 
Foi então que de seu esconderijo os dois rapazes ouviram a jovem falar e perceberam que, trocando juras de amor, perfeito entendimento se estabeleceu entre eles: ela seria Ondina, filha das ondas e, casada com Marino, formariam, os dois, o venturoso lar dos Marinhos. 
Logo mais, protegidos pela sombra da noite que descia alcoviteiramente, o jovem par encaminhou-se à Toninhas, à casinha nova coberta de sapé com beirais rendilhados de róseas trepadeiras - que Marino havia construído há pouco - e lá, como em todas as histórias, a família Marinho cresceu, multiplicou-se e viveu muitos e muitos anos, alegre e feliz. 
Não posso afirmar, mas dizem que ainda há muito Marinho por aí...17

17 Extraído do livro "Ubatuba - Lendas & Outras Estórias" de Washington de Oliveira ("seo" Filhinho).
 
Texto retirado de artigos da internet sobre o folclore brasileiro, e de guias de viagens sobre o Brasil.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

COISAS DO BRASIL PARTE 4 – REGIÃO SUDESTE - CAPÍTULO 17

Quanto a ‘Lenda da Cruz de Ferro’, Felipe a descreveu da seguinte maneira: 

Cesídio Ambrogi 

No mais alto da serra, junto à estrada, 
No ermo sertão, na paz silenciosa, 
Por crentes mãos, um dia ali plantada, 
A Cruz de Ferro se ergue majestosa. 

E cansado de longa caminhada, 
Ante a cruz solitária e misteriosa, 
O viandante, ao passar, susta a jornada, 
Orando aos céus, em prece fervorosa. 

E a grande Cruz de Ferro, 
Negra e muda, insensível aos tempos, 
A ação ruda, serena, 
Sempre a mesma olhando o mar... 

E - milagre! - em abril, contam viajores, 
Se lhe enroscam nos braços rubras flores, 
Como se fossem rosas a sangrar... * * 

Vai todo o soneto de Cesídio Ambrogi como título de nossa história. 
Apossamo-nos dele para um prefácio luminoso, que nunca nos seria dado produzir. 
Foi em Cunha. 
Pouco distante daquela cidade, para os lados de Campos Novos, morava o Juca Mineiro, com sua adorável companheira, preocupado unicamente com o desenvolvimento do sítio. 
Enquanto isso, murmurava-se algo pelos arredores, sobre a graça e a beleza de Mariazinha que, alheia a tudo o que ocorria, avivava cada vez mais aquela paixão cabocla no íntimo do moço que a foi buscar na casa de sua madrinha nos arredores de Alfenas, numa noite de luar. 
Mariazinha foi a primeira que notou a freqüente passagem de Basílio de Campos pelo sítio: ora, para ver o cafezal; ora para pedir uma caneca de água; e muitas - quantas! - sem um pretexto plausível, razoável. 
Notou, logo depois, o modo penetrante e interessado como era encarada pelo forasteiro, e pensamentos atordoantes passaram a povoar-lhe o cérebro até então casto e indiferente. 
A má fama de Basílio era comentada, não só em Cunha como em toda a região do Vale do Paraíba, onde assinalava com proezas várias a sua passagem. 
Isso veio oprimir ainda mais o coração da caboclinha amante e fiel ao companheiro. 
Por vezes abraçou Gregório, ou melhor, Gorinho.
Beijava-lhe as faces acetinadas, vendo naquela criança o fruto de sua paixão pelo Juca. 
E quantas vezes este não a surpreendeu naquelas carícias, notando-lhe a mágoa que a pungia e o embaraço com que respondia às suas perguntas. 
Um dia o mineiro voltou do campo e procurou Mariazinha por toda a casa. 
Entrou em indagações e espalhou emissários. 
Nada! 
Dias depois, um tropeiro vindo de Guaratinguetá informou ao inconsolável Juca que a vira cavalgando na garupa de tordilho de Basílio. 
Pobre Juca! 
Daqueles tempos ditosos em que sua alma selvagem extasiava-se ante as carícias ingênuas da morena ingrata, nada mais lhe restava senão Gorinho, a lembrança querida a amargurar-lhe o coração ferido. Com o filho nos braços chorou, e depois procurou disfarçar sua dor, voltando-se atento e carinhoso à criança querida e ignorante. 
Sim, ignorante. 
Juca fez tudo para que Gorinho nunca viesse a saber quem fora sua mãe, e como esta procedera. 
De fato, aos doze anos, de sua mãe, Gorinho sabia apenas que "tinha morrido", sem saber como e quando. 
Não a tinha conhecido, portanto não sentia sua falta, mas à sua morte atribuía a profunda tristeza que dominava seu pai. 
Este, numa romaria à Basílica da Aparecida, deparou com a execrável presença de Basílio, que nele veio esbarrar, em nítida atitude de provocação. 
Levou a mão à cintura procurando a lâmina afiada que ali trazia, mas tremeu. 
A seu lado estava o filho querido. 
Se desferisse o golpe, daí em diante Gorinho seria apontado ao mesmo tempo, como filho de uma adúltera e de um assassino. 
Não! 
Gorinho havia de ignorar tudo! 
Resolveu mudar-se para Ubatuba. 
Veio aqui, adquiriu um sítio. 
Voltou a Cunha, vendeu o de lá, e partiu em companhia do filho. 
À beira-mar – pensou – viveria mais despreocupado, sem temer encontrar-se com Basílio, ou com algum indiscreto, que revelasse a Gorinho o que este devia ignorar por toda a vida. 
Por isso, ao chegar ao alto da serra, falou: 
-- Gorinho, vês aquele verde azulado lá em baixo? 
É o mar. 
Lá, às margens do oceano é que vamos morar. 
Lança um último olhar para estas regiões de Serra-acima e jura a teu pai que nunca mais passarás por este caminho. 
Juras? 
-- Mas, por que, meu pai? 
-- Não indagues, filho. Prometes que não mais transporás esta serra? 
-- Prometo, pai. 
Foi então que Juca Mineiro deu rédeas ao animal e começaram a descer silenciosamente. 
Em dado momento, cortando as conjeturas de Gorinho, surgiu por entre densas ramagens, numa curva do caminho, a figura de um homem irado, que bradou fortemente: 
-- Juca, você precisa morrer, desgraçado... 
E, sem mais demora, desfechou-lhe a pequena distância um tiro de garrucha. 
Um grito doloroso e agudo partiu do coração de Gorinho, enquanto o miserável desaparecia no matagal da serra. 
Juca, ferido de morte, levou a mão crispada ao peito ensangüentado, tombando pesadamente do animal que cavalgava. 
Gorinho, lívido, alucinado, correu para o pai, não compreendendo o que se passava. 
-- Meu filho. – falou o moribundo – Vais perder teu pai... não chores... antes, porém, vou contar-te... a minha... a nossa história... 
E com a voz entrecortada narrou toda a infelicidade que pairou sobre ele com ingratidão de Mariazinha. E terminou: 
-- Meu filho... um dia... vingarás teu pai... Deus te abençoe... E expirou. 
Gorinho plantou ali uma cruz tosca que depois foi substituída pela ‘grande Cruz de Ferro, negra e muda’. 
E assinalou assim o lugar onde um dia viria trazer o testemunho de sua vindita. 
Onze anos são passados. Gorinho é um belo rapaz de vinte e três anos, delicadamente moreno, cabelos pretos e ondulados, forte, alto, mas sempre cingido por uma nuvem de tristeza. 
A todo instante seu comportamento denuncia profundíssimo pesar. 
Certo dia, numa fresca manhã de abril, deparando a figura odiada de Basílio num dos armazéns comerciais da Prainha, a idéia da vingança prometida ferveu-lhe no peito. 
Célere, partiu pela estrada do Mato Dentro, levando nos lábios um sorriso contrafeito. 
Iá vingar o pai! 
Vingar! 
Pouco antes da Cachoeira Grande, no pé da serra, sentou-se numa pedra para descansar um pouco. Basílio, no armazém, pedira pressa, para viajar ainda naquele dia, portanto não deveria demorar-se. Gorinho, a qualquer rumor, escondia-se no denso matagal que beirava a estrada, espreitando, até que, na curva do caminho, surgiram algumas bestas trotando em direção a Serra acima. 
Logo atrás vinha Basílio montado num cavalo baio, fumando despreocupadamente, esquecido talvez do hediondo crime que praticara, onze anos antes, um pouco mais adiante. 
Gorinho estremeceu. 
Sacou de um punhal, saltou na estrada e gritou: 
-- Pára, miserável! Salta do cavalo! 
-- Que queres? Eu não trago dinheiro. Levo apenas minhas bestas. – respondeu Basílio, deixando com moleza a sela, não reconhecendo no "ladrão", o filho de suas vítimas. 
-- Lembras-te de minha mãe? 
-- Tua mãe? Não sei não. Quem era a tua mãe? 
-- Tens razão, eu nunca tive mãe... Lembras-te da desgraçada que roubaste de meu pai? 
-- Ah! És tu, Gorinho? Mariazinha... 
– Basílio ainda quis falar mas uma lâmina fria varou-lhe o coração. 
Gorinho, imperturbável, olhou o céu numa atitude de súplica e, lançando-se sobre o cadáver, com violência, arrancou farrapos da camisa ensangüentada, montou no cavalo da própria vítima e partiu em disparada para a serra. 
Ao transpor a Volta Grande avistou a ‘cruz solitária e misteriosa’. 
De um salto deixou a alimária e, correndo em sua direção, com os olhos rasos de lágrimas, falou baixinho: 
-- Pai! Estás vingado! Eis aqui ainda quente o sangue de quem te fez desgraçado... 
E, como no cumprimento de um dever, depôs nos braços da Cruz de Ferro, os farrapos ensangüentados. Osculou-a e ia retirar-se, quando observou viandantes que desciam, vencendo a longa caminhada, parecendo extasiados, na contemplação do maravilhoso cenário que dali se descortinava. 
O rapaz tremeu. 
Estavam já a poucos passos. 
Rápido, volveu os olhos para a cruz onde pusera os farrapos ensangüentados. 
Milagre! 
Viam-se agora nos braços corroídos, o enroscado caprichoso de uma planta silvestre e balouçando à fresca aragem da tarde, rubras corolas de flores perfumadas! 

* * * É por isso que tão bem disse Cesídio Ambrogi: 
É milagre! - em abril, contam viajores, 
Se lhe enroscam nos braços rubras flores, 
Como se fossem rosas a sangrar...16

16 Extraído do livro "Ubatuba - Lendas & Outras Estórias" de Washington de Oliveira ("seo" Filhinho).
Texto retirado de artigos da internet sobre o folclore brasileiro, e de guias de viagens sobre o Brasil.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

COISAS DO BRASIL PARTE 4 – REGIÃO SUDESTE - CAPÍTULO 16

 Sobre a ‘Lenda: 
O Corpo Seco’, conta-se o seguinte: 
-- Truco!- Toma seis, que trêis é poco. 
-- Ganhe, mardito! 
Esse jogo, cada vez mais animado, era cena comum todas as noites no botequim do Moreno, na esquina do Largo da Campina, naquele tempo bastante diferente da topografia de hoje, Praça 13 de Maio. Bernardino de Campos - Dinico, como todos o conheciam - era infalível. 
Podemos dizer até que as ‘sessões’ eram abertas por ele, e por ele encerradas. 
Rapaz de costumes e vícios abomináveis, causava ao mesmo tempo compaixão e repulsa. 
-- É sorte. – diziam alguns, vendo o belo rapaz, nos seus vinte anos primaveris, caminhar sinuosamente sob efeitos do álcool, pelas ruas da cidade. 
-- Miserável! – bradavam outros, quando suas nefandas aventuras eram propaladas, deixando com os interlocutores a nauseante repugnância que tais fatos lhes causavam. Conselhos, mesmo os lacrimosos de seus velhos pais, não o demoviam do seu propósito, e se a polícia o conduzia, assegurando a tranqüilidade pública, o cínico rapaz repetia aos conhecidos que ia encontrando na rua: 
-- Tão vendo? Prá hoje arranjei cama e comida! A cadeia não foi feita prá cachorro... 
Seus pais viviam na mais profunda miséria, numa casinha em ruínas, lá para os lados da Jundiaquara, não se conhecendo ao certo o lugar preciso dessa habitação. 
José, o filho mais velho, empregando-se em Santos, era o protetor daquele lar infeliz.
Emília, a menina que tanta cobiça despertara aos rapazes daquele tempo, casou- se com o Neguinho Alves, e foi morar no sertão do Perequê-açu. 
Dinico era o último filho. 
Ficou para martirizar impiedosamente aquele casal de velhinhos. 
O velho Crispim piorava dia a dia. 
A velhice, as necessidades, as agruras provindas do procedimento do filho, arrastavam-no a largos passos para a sepultura. 
Ao anoitecer de um sábado, Maria Rosa, percebendo o estado agonizante de seu companheiro, chamou carinhosamente o filho: 
-- Dinico, teu pai vai morrer! Leva estas últimas moedas, procura um remédio que o conforte no seu último momento, e traze uma vela para, depois, acendê-la junto ao seu cadáver. Vai, meu filho... É para teu pai! 
E a pobre velhinha afogou-se num turbilhão de lágrimas. 
Dinico arrebatou as moedas, e saiu com um sorriso sarcástico nos lábios. 
Quem sabia os pensamentos que lhe assaltavam o cérebro? 
Adivinham-se logo. 
Ao entrar na cidade encontrou-se com o Chico Bento e o Manduquinha, que o convidaram para uma "trucada". 
--Vamos. Eu sempre sô companheiro. – respondeu. 
Lançou para longe a lembrança da enfermidade do pai, com a mesma naturalidade com que atirou a um, lado a ponta de cigarro que trazia presa aos lábios, e caminhou para o antro do Moreno, a fim de jogar as moedas recebidas de sua mãe. 
Alta noite, alguém ali chegando, não pôde conter a exclamação: 
-- Dinico! Teu pai morreu... -- Meu pai? Ora... Truco! Morreu? Morrê por morrê, morra ele que é mais velho... 
Estas palavras, embora proferidas num antro de degenerados, causaram sensível constrangimento, e profundo silêncio pairou sobre o ambiente. 
Dinico espantou-se, e rompeu o silêncio: 
-- Não qué? Truco outra veis! 
Pareceu, então, que a irreverência do desalmado agiu como surdo furacão dissipando a nuvem tétrica, pesada, que havia pairado no ambiente envolvido pelo fantasma da morte. 
O barulho recomeçou. 
Mais álcool, mais miséria... 
No dia seguinte, quando voltava para casa, vociferando, cambaleando, encontrou a rede que transportava os despojos do autor de seus dias. 
E chegando à casa, não encontrando com que saciar a fome corrosiva que trazia no estômago, espancou a velha mãe em inominável atitude de violência e crueldade. 
Mas é forçoso relatar que assim procedia, sempre que a velha Maria Rosa recebia dinheiro do bom filho José e negava-se a entregá-lo ao miserável, com os olhos fitos na sua regeneração. 
Aí, o braço forte do filho algoz caía, impiedoso, sobre a mártir e indefesa mãe. 
Esta não demorou em tombar no mesmo leito em que expirara o velho Crispim. 
Ali gemendo abandonada, paralítica, recebendo apenas o espaçado conforto de um ou outro vizinho compassivo, porque Dinico continuava na mesma vida desregrada. 
Quadro horrível! 
Uma noite entrou inopinadamente pelo casebre, a figura horripilante do ébrio inveterado. 
Maria Rosa, coitada, quase em agonia, implorou: 
-- Filho das minhas entranhas... Eu morro... Mas, antes, quero ver-te no bom caminho... Eu morro, filho! Tenho sede! Dá-me um pouco de água ... 
-- Tens sede? Por que não morres? Toma, mata tua sede. 
E assim dizendo passou rapidamente o pé, no braseiro que crepitava a um canto, lançando brasas sobre a velha moribunda.  
Depois, caminhou apressadamente para a porta, mas uma força estranha tolheu-lhe os passos. 
Parece que para fazê-lo ouvir sua mãe dizer: 
-- Miserável! Vai! A minha maldição te perseguirá sempre! Não terás sossego em tua vida, nem paz depois de morto! Bandido! A própria terra te rejeitará... Vai! 
Dinico espumou numa risada de ódio e de sarcasmo. 
Como um touro bravio, abandonou aquela casa onde nunca mais voltou. 
Morrendo-lhe a mãe, a maldição desta não se fez esperar. 
O rapaz viu-se na miséria, abandonado, sem amigos, sem uma palavra de consolação. 
Tudo o rejeitava. 
Dizem que as árvores negavam-lhe sombra, deixando atravessar entre as ramagens os raios escaldantes do sol. 
As fontes ferviam se o desgraçado ia beber. 
Suicidou-se. 
Encontraram-no enforcado no ramo de uma árvore, pendente sobre o Rio Lagoa, conhecido por Barra da Lagoa. 
Tratou-se do seu enterro, entre os diversos comentários da população, mas o fato começou a ser mal encarado, quando, no dia seguinte ao do sepultamento, o coveiro deparou com o cadáver de Dinico sobre a sepultura. 
Assombrado com esse fato inédito, tratou de enterrá-lo novamente, mas de novo o cadáver emergiu à flor da terra. 
Alguns parentes do morto, alta noite, transportaram aquele corpo mumificado para a costeira do Caruçumirim (Prainha), lá para os "lados de fora", mas, desde então começou o tormento dos pescadores. 
Nas horas caladas, gritos medonhos partiam da costeira. 
O praguejado rogava a sua mudança daquele sítio, pedia que o levassem para a Barra da Lagoa, talvez porque tivesse morrido lá. ontavam, depois, que certa noite, espectros macabros foram vistos transportando dali um vulto qualquer, mal divisado à luz funérea de ossadas fosforescentes. 
O fato é que na costeira da Prainha, não mais se ouviram os lancinantes gritos do fantasma. 
Véspera de Natal. 
Dezenas de presépios estavam sendo armados por toda a vila. 
Um vaivém de pessoas preocupadas nesse mister via-se nos arredores da vila, colhendo líquens e parasitas para o adorno natural da cena de Belém. 
Chiquinha Bastos e Clarita Pinto, duas moças peritas no assunto, foram explorar as margens do Rio Lagoa. 
Juntavam-se aqui, distanciavam-se ali, quando Chiquinha encontrou um cepo disforme, coberto de belíssimas parasitas. 
Sofregamente pôs-se a catar aquelas preciosidades, para apresentar melhor colheita que a amiga. Depois de limpá-lo todo, passou-lhe um olhar de observação e, maquinalmente, a meia voz, falou: 
-- Pronto, acabou... 
Já se retirava, quando ouviu uma voz dizer: 
-- Moça, aqui tem mais. 
Voltou-se. 
Soltou um grito agudo e caiu sem sentidos. 
O cepo que há pouco lhe fornecera delicadas plantas, mudava de posição, deixando transparecer perfeitamente as formas de um corpo humano, ressequido e corroído pela ação do tempo. 
Dizem que até hoje ali está o corpo do degenerado que a terra não quis receber, atendendo aos rogos da velha Maria Rosa.15

15 Extraído do livro "Ubatuba - Lendas & Outras Estórias" de Washington de Oliveira ("seo" Filhinho).

Texto retirado de artigos da internet sobre o folclore brasileiro, e de guias de viagens sobre o Brasil.
Luciana Celestino dos Santos
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