Poesias

terça-feira, 23 de junho de 2020

COISAS DO BRASIL PARTE 2 – REGIÕES NORTE E CENTRO OESTE - CAPÍTULO 49

CAPÍTULO 49

Animados, passaram a falar, de Boiúna, ou Cobra Grande.
Para os pescadores, Boiúna é uma cobra gigantesca que vive no fundo dos rios, lagos e igarapés.
Segundo eles, possuí um corpo tão brilhante que é até capaz de refletir o luar.
Fato este deveras encantador.
Afinal de contas, uma criatura, capaz de reproduzir em suas formas, o esplendor do luar, é realmente,  um ser encantado.
Contudo, voltemos a lenda.
Seus olhos irradiam uma poderosa luz, que atraí os pescadores, que encantados, se aproximam pensando se tratar de um imenso barco.
No entanto, ao se aproximarem, percebem que se trata de uma armadilha, mas aí é tarde para retornarem, e acabam por virar alimento da Boiúna.
Para outros todavia, Boiúna, é uma descomunal serpente que habita lugares aquáticos, num ambiente denominado ‘Boiaçuquara’ ou ‘Morada da Cobra Grande’.
Mas, independente da visão que tenham sobre esta estranha criatura, todos dizem que, quando esta cobra grande fica velha, ela vem para a terra.
Porém, como é muito grande e desajeitada, necessita da ajuda de intermediários, para conseguir alimento fora d’água.
E neste caso, uma centopéia gigante, a auxilia em sua busca por alimentos.
Segundo os moradores do lugar, quando esta centopéia caminha, produz um som que mais parece o barulho, o tamborilar da chuva caindo.
Dizem ainda, que esta centopéia, mede mais de cinco metros.
Por isso, cautelosos, procuram não se aproximar, quando vêem algo suspeito.
Temerosos de que seja um artifício da Boiúna para os ludibriar, mais do que depressa, mudam seu caminho.
Nunca passam perto de algo suspeito.
E assim, entre histórias folclóricas e casos pitorescos, transcorreu a animada noite com os moradores da região.
Entusiasmados que estavam com a possibilidade de contar suas histórias para os turistas, passaram horas contando-lhes a crendices do lugar.

Texto retirado de artigos da internet sobre o folclore brasileiro, e de guias de viagens sobre o Brasil.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

COISAS DO BRASIL PARTE 2 – REGIÕES NORTE E CENTRO OESTE - CAPÍTULO 48

CAPÍTULO 48

Agora no barco de Seu Nô apreciando as belas paisagens dos lugares próximo a vila de pescadores onde estavam hospedados, os turistas tinham que aproveitar todos os espetáculos que estavam sendo exibidos diante de seus olhos, e filmá-los e fotografá-los com o todo o cuidado para que ficassem para sempre registrados.
Como algumas várzeas estavam inundadas, os turistas puderam avistar algumas palafitas quase que pairando sobre as águas, lado a lado com o barco onde estavam.
Era uma imagem impressionante.
Com isso, algumas embarcações, como a montaria, apareceram no meio do percurso.
Rudimentares, traziam três pescadores dentro.
Também passearam por alguns iguarapés – pequenos braços do rio, entremeados por vegetação.
Como forma de celebrar a vida, alguns cetáceos, como o famoso boto cor-de-rosa, e alguns golfinhos, apareceram na região para se apresentar aos turistas.
E durante cerca de quinze minutos, fizeram uma exibição magnífica, para todos os que passavam de barco.
Extasiados com tanta beleza, os cinco turistas mal podiam acreditar que havia ainda algo a ser conhecido por eles.
Nisso, inesperadamente, surgiu, a uma certa distância, uma inacreditável figura de mulher, que entoava uma linda canção.
Curiosamente, a moça, parecia ter nascido nas águas, tamanha a destreza com que mergulhou, depois de algum tempo.
Horrorizado, Seu Nô, pescador de profissão, e morador da Vila de Itamaracá, assim que viu a misteriosa aparição, tratou de imediatamente, mudar a rota do barco.
Os turistas, ao perceberem que o pescador fugia da estranha mulher, foram logo o interrogando.
Afinal de contas, do que se tratava a estranha figura?
E assim, desnorteado, sem saber o que responder, acabou dizendo:
-- Eu não sei ... acho que era a Iara.
Ao ouvirem isso, ficaram todos estupefatos.
Afinal de contas, diante de tudo o que puderam ver, não poderiam mais dizer que não acreditavam de todo nessas crendices.
Até porque, poderia não ser a Iara de que tanto falavam, mas, o que justificaria a presença de uma bela mulher nadando naquela profundidade e ... sozinha?
Realmente, só poderia ser uma figura mítica.
Nenhum ser humano seria capaz de nadar naquela profundidade com tanta destreza e segurança, mesmo em meio a uma fraca correnteza, como todos viram.
Tal proeza, não era um ato humano.
Diante disso, não restou outra alternativa aos cinco turistas, senão acreditarem que se tratava da Iara, uma figura lendária que habitava as águas da região do amazonas.
E assim, voltaram para o povoado e comentaram admirados, que tiveram a impressão de terem visto algo parecido com a Iara, Mãe d’água.
Impressionados, os habitantes do vilarejo então lhes disseram:
-- Então agora vocês acreditam, que tudo o que nós contamos, não são somente lendas. São acontecimentos verdadeiros.
-- Sim, acreditamos. Talvez não seja de todo equivocada, a idéia que vocês fazem sobre certas tradições. – comentou Fábio, um dos turistas. -
- Vocês estavam certos. Realmente algo muito estranho aconteceu em nossa travessia de barco pelos rios da região. E o que aconteceu, não era humano. – emendo Felipe, impressionado.
-- Desculpem-nos. Não tínhamos o direito de fazer troça com suas crenças. – continuou Agemiro. Com isso, diante dos formais pedidos de desculpas, os moradores da Vila de Itamaracá, mais que depressa concordaram com estas, e passaram a contar outros ‘causos’, para os visitantes.

Texto retirado de artigos da internet sobre o folclore brasileiro, e de guias de viagens sobre o Brasil.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

COISAS DO BRASIL PARTE 2 – REGIÕES NORTE E CENTRO OESTE - CAPÍTULO 47

CAPÍTULO 47

Em contraste com a bela visão da cidade de Manaus, as palafitas davam a exata dimensão da diversidade do Brasil.
Sim por que em passeio pela cidade, visitaram belas construções, entre elas o Teatro Amazonas, construída com materiais europeus – entre eles marfim e jacarandá –, cartão de visitas do lugar.
Avistá-lo defronte ao imponente chafariz, feito com grandiosas esculturas, o famoso teatro, era a síntese do ciclo da borracha no início do século XX.
Além disso, a famosa cidade, é internacionalmente conhecida como um entreposto comercial, sobretudo em virtude da criação da Zona Franca de Manaus, onde muitos equipamentos eletrônicos são produzidos.
A cidade também conta ainda, com outras belíssimas edificações, como a Matriz de São Sebastião – uma belíssima igreja – e o Monumento à Abertura dos Portos ao Comércio Mundial, defronte a construção.
Envolto em escadas, o monumento embeleza ainda mais a igreja, que rústica, contrasta com a imponência do mesmo.
Ao longe, avistaram a Refinaria de Petróleo da Amazônia, um importante posto de trabalho na região.
Já no setor comercial da cidade, conheceram também, a Catedral de Nossa Senhora da Conceição, uma igualmente bela construção da cidade.
Visitaram também o Mercado Municipal, o Museu Indígena Salesiano, entre outros pontos turísticos para depois se aventurarem em outras regiões deste magnífico estado.
No tocante a isso, cumpre salientar, que antes de aportarem por cá, os cincos turistas haviam passado antes pelo Porto Fluvial de Manaus e embarcado num dos famosos barcos – as Gaiolas –, da região, repletos de rede e turistas, tudo para poderem chegar naquela pequena vila.
Encantados com o magnetismo do lugar, ficaram admirados com o festival de cores que as redes promoviam para seus olhos, bem como a criatividade dos manauaras para se acomodarem em pequenos espaços.
Era realmente incrível.
No entanto, a viagem ainda não havia acabado.

Texto retirado de artigos da internet sobre o folclore brasileiro, e de guias de viagens sobre o Brasil.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

COISAS DO BRASIL PARTE 2 – REGIÕES NORTE E CENTRO OESTE - CAPÍTULO 46

CAPÍTULO 46 

No entanto, muitos turistas que passavam pela região, ao ouvirem tão incrível história, incrédulos que eram, fizeram troça da conversa dos humildes habitantes do lugar.
Com isso, ao perceberem, os moradores do vilarejo, que eram alvo de gozação por parte dos turistas que visitavam o lugar, foram logo os advertindo:
-- Cuidado senhores, muito cuidado. Por que hoje, vocês riem de tudo isso. Amanhã, vocês podem estar sendo alvo dos encantos de Iara.
Mas os turistas continuaram a rir da história.
Um deles, interessado em saber o final da história, perguntou a Túlio, um dos moradores do lugar, como tudo terminou.
No que Túlio respondeu:
-- Morreu conforme já foi dito. Como a cada dia que passava ficava mais e mais encantado com Iara, chegou um momento em que tentou se aproximar mais da Mãe d’água. Neste instante, quando tentou tocá-la, caiu do barco, vindo mergulhar nas águas do rio. Quem estava perto, disse que o viu que se afastar cada vez mais da superfície e ir afundando lentamente. Desesperados, os pescadores, entre eles Seu Theodoro, tentaram tirá-lo das águas, mas não conseguiram. Já era muito tarde. O moço já estava enfeitiçado. 
Ao ouvir isso, o turista então perguntou:
-- E os senhores realmente, acreditam em tudo isso. Não é mesmo?
No que ouviu uma resposta afirmativa.
Ao perceber que os moradores do vilarejo acreditavam em tudo isso, mais do que depressa, perguntou por Seu Theodoro, e decepcionado, descobriu que ele não morava mais lá há muito tempo.
Desiludido com tudo que acontecera, acabou por sair de lá.
Prestativos, alguns moradores disseram a Felipe – que estava interessado nas histórias – que Theodoro havia sido visto há muitos anos atrás, em uma vila de pescadores, lá pelo Nordeste.
Curioso, o turista disse então a Túlio, um dos mais antigos moradores da Vila de Itamaracá, que havia estado no Nordeste, cerca de dois anos atrás, e havia conversado com alguns pescadores da região, sobre as lendas do lugar.
Interessado, Seu Túlio então lhe perguntou, quais eram as descrições físicas dos pescadores, e se entre eles havia algum ou alguns com mais de sessenta anos de idade.
Foi então que Felipe, o turista curioso, lhe contou que vários pescadores com quem conversou, pareciam ter essa idade, por isso, ficaria difícil descrevê-los todos.
Mas, conforme a conversa ía se estendendo, chegou a falar que entre eles, havia um grande respeito pelo o mar, e que também temiam uma entidade fantástica, só que lá, diferente do que ocorria por cá, eles temiam as sereias.
Ao ouvir isso, Seu Túlio quis logo saber o que eram sereias, e assim Felipe lhes descreveu, as incríveis criaturas.
Depois disso, despediu-se de Seu Túlio, e foi para a casa de um dos tapuios se recolher, pois lá estavam seus companheiros de viagem.
Ao lá chegar, comentou com os colegas sobre a conversa que tivera com Seu Túlio.
Intrigado, comentou ainda com os outros colegas, turistas que também o acompanhavam, que talvez tivesse se encontrado com o Seu Teodoro das narrativas de Túlio, e dos demais moradores do vilarejo.
Mas seus colegas, ao contrário dele, não se interessaram pela história.
Todos eles achavam que tudo aquilo não passava de invenção dos moradores do lugar.
Alegavam eles, que pelo que contavam, há muitos anos, aquele lugar não conhecia nada de novo.
Eram sempre as mesmas pessoas, os mesmos lugares para ir.
Não havia novidades.
Assim, para passarem o tempo, precisavam inventar histórias para se distraírem.
E assim, deixaram de lado a questão.
Como estavam ali a passeio, só queriam saber de aproveitar, a beleza selvagem da região.
Diante disso, os turistas resolveram aproveitar a bela manhã de sol que se anunciava para o dia seguinte, e combinados com um dos moradores da vila, iriam fazer um passeio pelos lagos e rios, e conhecer a natureza do lugar.
Daí, necessitavam dormir cedo.
Para terem disposição durante o dia, e poderem observar atentos, toda a beleza do lugar.
E assim aconteceu, todos eles madrugaram e se preparam para permanecer algumas horas em um barco.
Educados, ofereceram ajuda ao pescador que iria acompanhá-los, para que ajeitasse o barco para a travessia, mas ele gentilmente recusou a ajuda.
Acostumado que estava, preferia arrumar tudo sozinho, e assim o fez.
Depois, com tudo pronto, os cinco turistas entraram no barco, com câmeras fotográficas, de vídeo, e muita vontade de conhecer os detalhes do lugar.
Durante o passeio viram muita água, como era de se esperar, mas também observaram, filmaram e fotografaram vários pássaros com belas cores e tons, assim como as mais variadas formas de vôo.
Viram flamingos, araras, e diversos tipos de aves que não conheciam.
Por isso, constantemente perguntavam a Seu Nô, o condutor do barco, os nomes das espécies.
E assim, conforme o barco ía deslizando nas águas, passaram a perceber que haviam algumas árvores cobertas pelas águas.
Ao longe também podiam ver animais correndo em amplos campos verdejantes.
A visão era um deleite.
Maravilhados, passaram a entender por que os pescadores acreditavam tanto nas crenças que contavam.
Realmente, algo de mítico devia existir naquele lugar maravilhoso e tão cheio de natureza, de verde e de cores.
Deus realmente devia existir, pensavam eles, para ter criado algo tão maravilhoso quanto aquele lugar.
Avistaram palafitas – construções primitivas feitas em grandes alturas, para que as casas não fossem tragadas pelas águas na época das cheias –, típicas da região Norte.

Texto retirado de artigos da internet sobre o folclore brasileiro, e de guias de viagens sobre o Brasil.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

COISAS DO BRASIL PARTE 2 – REGIÕES NORTE E CENTRO OESTE - CAPÍTULO 45

CAPÍTULO 45

 Ainda quando vivia por aquelas paragens, dizem que acabou se encontrando com Iara, a Mãe d’água.
Assim, muito embora muitos não acreditem em sua existência, os moradores do vilarejo, afirmavam insistentemente que Seu Teodoro, teve um encontro com Iara.
Como já era de se imaginar, a estranha figura mítica, banhava-se nos igarapés da região, enquanto entoava lindas canções.
Insinuante, fez de tudo para conquistar o sério homem.
Contudo não logrou êxito.
Ressabiado com a história que sucedera a sua filha, não se arriscou a ter um envolvimento com a rainha das águas.
Simplesmente tapou os ouvidos e fechou seus olhos.
Mas Iara, enraivecida com o desprezo, resolveu se vingar.
E assim, como sempre acontece nessas histórias fantásticas, jogou todo os seus encantos em cima de jovem que ultimamente o acompanhava em pescarias pelos rios.
Era um jovem alto, robusto e esperto.
Entretanto, não esperto o bastante, para não se envolver com Iara, que aliás, era irresistível.
Com isso, o jovem não teve como fugir.
Conforme se passavam os dias, mais e mais encantado ficava com Iara.
Iara, era realmente bela, mas também era cruel.
De acordo com a lenda contada no local, Iara, encantava os homens com sua voz e sua beleza, para depois levá-los, para o fundo dos rios.
Por isso, todo cuidado é pouco, até porque, os alvos prediletos de Iara eram os moços, os jovens, que na flor da idade, eram arrastados até o fundo dos lagos, e por isso, nunca mais eram vistos.
Diante disso, todos os homens do lugar, temiam um encontro com a terrível Mãe d’água.
Sabiam que se encontrassem com ela, não teriam como escapar de seus encantamentos, e fatalmente seriam aprisionados no fundo das águas.

Texto retirado de artigos da internet sobre o folclore brasileiro, e de guias de viagens sobre o Brasil.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

COISAS DO BRASIL PARTE 2 – REGIÕES NORTE E CENTRO OESTE - CAPÍTULO 44

CAPÍTULO 44

Com isso, em outras paragens, os moradores de um antigo e pequeno vilarejo, vivem uma vida simples e pacata.
Vivendo também da pesca e do artesanato, conseguem o necessário para o sustento.
Vivem frugalmente.
Não tem luxos, mas tem suas festas e suas lendas para celebrarem.
Entre as ricas lendas do lugarejo, estava uma que ecoava por entre as construções coloridas do modesto lugar.
A lenda era essa.
Há muito tempo atrás, viveu por estas paragens, uma linda moça amazonense que chamava a atenção de todos os homens do lugar.
Encantadora, não havia homem no lugar que não se admirasse com sua beleza.
Nenhum deles era indiferente a tanta maravilha.
Nem mesmo um misterioso homem que aportou no lugar.
Homem elegante, de maneiras refinadas, logo que viu a moça andando pelas ruas do vilarejo, se encantou por sua beleza.
Seus longos cabelos negros e lisos, bem como sua beleza nativa, o fascinaram.
Não poderia ir embora, sem antes conhecer a moça.
E assim, permaneceu por semanas na pequena vila.
Queria conhecer a moça, se aproximar dela e quem sabe, conseguir convencê-la a dançar consigo numa festa que seria realizada, dali a poucos dias.
Dito e feito.
De tanto cercar a jovem, e convencê-la com mimos e amavios, acabou por conseguir seu intento.
No dia da festa, a moça dançaria com ele.
E assim se deu.
No dia da festa, a vila que amanheceu toda enfeitada com bandeirinhas e cores, acompanhou uma história trágica.
A linda jovem que se comprometeu com o misterioso homem, dançou com ele.
Seu pai porém, furioso ao vê-la junto a um estranho, mais que depressa, puxou-a para si e mandou que não saísse de perto dele.
Mas, o misterioso homem, que há dias tentava uma aproximação, insistiu com o pai da moça, para que não ralhasse com ela, afinal ele fora o culpado por tal confusão.
E assim, fez de tudo para ganhar a confiança do pai da moça.
No entanto, não logrou êxito.
Não conseguiu convencer o pai da moça.
Em razão disso, num momento de distração, puxou a jovem pelo braço, e, encantando-a com sua dança, levou-a até um igarapé.
Em chegando lá, levou as últimas conseqüências, seus estratagemas de sedução.
Ali, em meio as águas, conseguiu realizar seu desejo de ter a jovem consigo.
No entanto, o pai da moça, ao dar-se conta de sua ausência, partiu em seu encalço.
Ao dar-se conta de que fora desafiado, passou a dizer terríveis imprecações.
Tamanha era a sua raiva que chegou até, a ameaçar a filha de morte.
Rigoroso que era, jamais poderia admitir esta mácula.
Jamais aceitaria que conspurcassem o nome de sua família.
Enfurecido, Theodoro, não aceitaria tamanha afronta.
E assim, saiu da festa, atravessou a vila, e foi atrás do homem.
Nessa perseguição, atravessou matas, até chegar em um igarapé onde percebeu, ainda à distância, que havia um casal deitado próximo a suas águas.
Foi então, que sua raiva só fez aumentar.
A cada passo que dava, sentia-se mais e mais ultrajado.
Como pode?
Como sua filha pôde fazer isso com ele?
Ciente da beleza da filha, sabia que precisava casá-la, ou algo terrível poderia acontecer.
Diversas vezes, fora alertado sobre isso.
Cecília, bonita como era, freqüentemente ouvia galanteios e gracejos.
Certa vez, um homem até ofereceu dinheiro a Theodoro para levá-la consigo.
Mas o homem, não vendeu a filha.
Aborrecido colocou o homem para correr.
E assim, muito embora fosse severo, adorava a filha, e apesar da dura vida que tinham, jamais pensara em se livrar dela.
Até porque Cecília, era a única coisa que tinha.
Sua esposa já havia deixado-os há muito tempo.
Portanto, Cecília, era sua única família.
E agora, desgraçadamente, estava perdendo-a para um aventureiro.
Um homem que, aproveitando-se da situação, arruinaria sua vida.
Com isso, cada vez mais próximo, verificava com mais clareza, o casal adormecido, próximo as águas.
Quando finalmente se aproximou, ao vê-los nus e adormecidos, não pode se conter.
Começou a gritar desesperadamente.
Queria que acordassem.
Afinal, precisava acertar as contas com os dois.
E assim o fez.
Os dois, ao despertarem atônitos, surpreenderam-se com a presença do homem naquele lugar.
Surpresos, não contavam com isso.
Ao verem-se ao lado de Teodoro, não puderam esboçar qualquer reação.
Com isso, ao perceberem que estavam nus, trataram de compor-se.
Decepcionado, Seu Teodoro, só os observava.
Ao perceber que os dois estavam compostos, aproximou-se de Cecília e começou a puxá-la pelos cabelos.
Enfurecido, começou a dizer-lhe uma série de imprecações.
Disse-lhe que não era mais digna de ser chamada de filha, e que estava morta para ele.
Por conta do que havia feito, não deveria voltar nunca mais para a vila.
No que Cecília, ao ouvir estas duras palavras, ficou desesperada.
Abalada que estava, não podia acreditar que seu pai a estava expulsando de casa.
Arrependida, começou a chorar e a pedir que a desculpasse.
Prometeu nunca mais iria enfrentá-lo daquela maneira.
Como forma de se desculpar, alegou que não sabia o que estava fazendo.
Mas, duro que era, seu pai não aceitou as desculpas.
Mandou-a, aos berros, sair dali.
E decidido, desferiu dois tiros em direção ao homem com quem sua filha, momentos antes, havia dormido.
No entanto, ao contrário do que se esperava, o misterioso homem, mais do que depressa, retirou novamente suas roupas e atirou-se nas águas.
Depois de alguns minutos, desapareceu.
Estranhamente, veio a tona um Boto, muito afável e brincalhão, que começou a emitir sons.
Isto deixou Teodoro, deveras desconcertado.
Afinal, do que se tratava o estranho homem?
Afinal era o Boto?
Curioso que ficara, ao olhar para trás, nem sinal da filha.
Cecília havia sumido como que por encanto.
Contudo, o Boto permanecia no igarapé.
Parecia que queria ser visto.
No entanto, depois de algumas brincadeiras, finalmente desapareceu nas águas.
Depois disso, nunca mais se viu um boto na região.50
E Seu Teodoro, passou então a viver triste, por ter perdido o pouco que restara de sua família.
Ademais, sem alternativas, pouco tempo depois, sumiu do vilarejo, vindo a morar em outros lugares.
Muito embora sempre fosse sozinho, algumas pessoas afirmam que este fora alvo de outras criaturas misteriosas.

50 Variação, criada pela autora, sobre a lenda do boto, na Amazônia.

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Luciana Celestino dos Santos
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COISAS DO BRASIL PARTE 2 – REGIÕES NORTE E CENTRO OESTE - CAPÍTULO 43


CAPÍTULO 43

Por fim, o pajé mencionou a Porca dos Sete Leitões.
É uma superstição do Brasil meridional e central, de origem portuguesa.
“A Porca dos Sete Leitões.
Essa gosta mais de vivê rondando igreja na vila e as cruis da estrada, c’oa leitoada chorando atrais. -- É má? - Cumo quê... - Inté que não... interrompeu a Cristina.
Essa sombração é muito boa; só pressegue os home casado que vem fora de hora pra casa...”46 Precisa-se a cidade de Itú como zona de conforto para a visagem:
“Contava-se naquela época a aparição de uma porca com sete leitões”47
“Aparição noturna, semelhante às mulas-sem-cabeça, e que se observa em ruas solitárias, é a porca com leitões.
Trata-se, então, sempre da alma duma mulher que pecou contra o filho nascituro.
Quantos forem os abortos, tantos serão os leitões”48
“Às trindades, que é a hora aberta, é quase de fé que nas encruzilhadas se vê coisa ruim, na forma de uma porca com bácoros”, “O diabo aparece pelos corgos (ribeiros), em figura de uma porca com sete leitões (Mondim da Feira).”49
Em Resende dizia-se que no sítio do Boqueirão do Paço aparecia uma porca ruça com uma manada de sete leitões ruços, e que esta porca era o diabo.
A porca, símbolo clássico dos baixos apetites carnais, sexualidade, gula, imundice, surge inopinadamente diante dos freqüentadores dos bailes noturnos e lugares de prazer.

46 Cornélio Pires. Conversas ao Pé do Fogo, 156, São Paulo, 1927.
47 O Saci Pererê, “Resultado de um Inquérito”, 88, São Paulo, 1917.
48 Karl von den Steinen encontrou-a em Cuiabá (Antologia do Folclore Brasileiro, 111-112).
49 J. Leite de Vasconcelos registrou no Tradições Populares de Portugal, Porto, 1822: (pág. 298) nota das Superstições Populares do Minho, de Dona Maria Peregrina da Silva, (idem, 313-314). Dicionário do Folclore Brasileiro - Câmara Cascudo, Rio de Janeiro: Ediouro Publicações S.A. sem data.

Texto retirado de artigos da internet sobre o folclore brasileiro, e de guias de viagens sobre o Brasil.

Luciana Celestino dos Santos
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