Poesias

quarta-feira, 20 de maio de 2020

COISAS DO BRASIL PARTE 1 – A REGIÃO NORDESTE CAPÍTULO 10

CAPÍTULO 10 

Depois, passou a narrar a lenda da Flor-do-Mato.
Segundo ele, este é um dos nomes do Caipora-fêmea no folclore da Paraíba.
Tem os mesmos atributos de guiar a caça e gostar de fumo.
Só favorece ao pobre caçador, quando por sua vez se vê beneficiada em alguma coisa.
Não o sendo, fica irada, e se vinga escondendo a caça, afugentando-a para longe, gostando de brincar, debicando ou fazendo com que o homem se canse e nada consiga.
Depois assobia, vaiando.
Chega até a dar boas e gostosas gargalhadas de deboche...
Para fazê-la mansa, para fazer flor (boa e ajudando gente), é necessário levar no bornal uma lembrança, que se bota num pé de pau e ela vai buscar.
E como se sabe que Flor-do-Mato gosta muito de fumo mapinguinho, o fumo é sempre o que se leva.
Esse mito da mata se apresenta como se fora uma menina de doze anos, toda simpatia, com os cabelos louros e estirados, aparecendo mais comumente nos tabuleiros, quando sai dos seus domínios à procura de mangabas e ameixas adstringentes.
É sempre vista pelos caçadores.
Em geral estes votam-lhe grande admiração e respeito.
As exceções constituem aqueles que se utilizam de pimenta.
É coisa que aborrece Flor-do-Mato.
Mas ela sabe vingar-se.

Texto retirado de artigos da internet sobre o folclore brasileiro, e de guias de viagens sobre o Brasil. 

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

COISAS DO BRASIL PARTE 1 – A REGIÃO NORDESTE CAPÍTULO 9

CAPÍTULO 9

Diante disso, o pescador então contou a lenda da Cotaluna.
Inicialmente, passou a explicar que este, era o fantasma do rio Gramame, em João Pessoa, Paraíba. Pelo inverno era uma sereia, meio mulher, meio peixe, sem cantar, mas arrebatando os descuidados banhistas e mutilando-os, como o velho Ipupiara do séc. XVI.
“Há quem fale até na sua antropofagia”5 , reveladora desse peixe tropical.
Seu aparecimento: mulher branca, cabelos negros, olhos sedutores, pintam a sereia, a ondina, a Mãe-d’Água, emigrada de terras distantes e aqui amalgamada com o bruto Ipupiara, devorador de afogados.
Mulher bonita, com a extremidade ictiforme, diz evidentemente a origem velha do nascimento.
A fórmula de seduzir não está claramente fixada.
Cantando? Falando? Agarrando?
Certo é que não há o elemento sexual, porque a Cotaluna invernal espalha indizível terror.
Durante os meses de estio Cotaluna é uma ondina: mulher inteira, atraente, empolgadora, sensual, com aparições raras no dorso da água clara e fina do Gramame.
Não promete riquezas, nem possui palácios fluviais.
Seu encanto é imediato, físico, como o da Alamoa da ilha de Fernando de Noronha.
Embriaga os sentidos e o desejo da posse, explica a loucura com que fere seus namorados. Interessantemente, há quem volte dos braços frios dessa Morgana paraibana.
Há quem tenha vivido amorosamente com a Cotaluna e depois voltado.
Volta sem memória e sem vontade.
Deixou a própria alma nos lábios da nixe nordestina.
A Cotaluna do verão, mito sexual, guarda muitos dos vestígios africanos, mas tamanha é a influência da sereia mediterrânea, que a pele branca e as feições permanecem da raça colonizadora.
Também outrora, na Alemanha, quem ouvira a Iara, ficara desnorteado até lançar-se ao rio para segui-la.
A Cotaluna cede.
Mas seu preço é a inteira vida mental do namorado.
Relatou o astuto pescador.

5 Escreveu Ademar Vidal.

DICIONÁRIO:
ICTIFORME, adj. — Icti + forme. Em forma de peixe.

Ondina - MITOLOGIA - Nas mitologias germânica e escandinava, gênio ou ninfa do amor, que vive nas águas.


Morgana é um nome feminino que tem origem no galês antigo, ou no celta, Morcant, que era inicialmente um nome masculino. Esse nome une as palavras mor, que quer dizer "mar" e a palavra cant, que significa "círculo". O nome Morgana está também associado à feitiçaria.


Nixe (alemão) = sereia 

Texto retirado de artigos da internet sobre o folclore brasileiro, e de guias de viagens sobre o Brasil. 

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

COISAS DO BRASIL PARTE 1 – A REGIÃO NORDESTE CAPÍTULO 8

CAPÍTULO 8 

Nisso, o pescador passou a contar a lenda do Carneiro Encantado. 
Primeiramente, começou contando que, no lugar Passagem de S. Antônio, no Maranhão, fronteira com o Piauí, às margens do rio Parnaíba, os viajantes vêem um carneiro gigantesco, com uma estrela resplandecente na testa. 
Às vezes o brilho parece extinguir-se e bruscamente se aviva, com uma luminosidade deslumbrante. 
Dizem que, há muito tempo, os ladrões assassinaram nesse lugar, um monge missionário que voltava trazendo esmolas para o convento. 
Mataram e roubaram o frade. 
Terminado o crime, foram tocados pelo remorso e, cheios de arrependimento, sepultaram o cadáver, enterrando as esmolas, inclusive o ouro, perto do corpo. 
Vez por outra o monge aparecia, durante a noite, transformado no grande carneiro branco e tendo na testa, a estrela radiante que é o símbolo da riqueza enterrada. 
Desta forma terminou seu relato. 
Foi então que lembrando-se da lenda, o pescador revelou que também no Piauí, há um mito idêntico com o nome de Carneiro de Ouro: 
-- Conta-se que se dá em Campo Maior, na serra de S. Antônio, a aparição de um enorme carneiro de ouro, que se tem apresentado a algumas pessoas de dia, e a outras que o vêem à noite, de longe, da vila, todo vestido de luz. Dizem que ele berra junto a uma enorme corrente de ferro, como que indicando que naquele lugar existem grandes riquezas e grandes encantos. Mas, como uma só pessoa ou mesmo duas e três não possam levar para sua casa aquele enorme achado precioso, volvem à vila e reúnem povo para o buscar o velocino. Em chegando, porém, ao lugar, desaparecem o carneiro e a corrente.4

4 “Isto ouvi contar, em 1884, por uma velha de mais de 80 anos, antiga moradora em Campo Maior e que afirma ter visto de longe o carneiro de ouro com sua estrela de brilhantes na testa.” Leônidas Sá, Folclore Piauiense, “Litericultura,” IV, 126, Teresina, 1913.

Texto retirado de artigos da internet sobre o folclore brasileiro, e de guias de viagens sobre o Brasil. 

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

COISAS DO BRASIL PARTE 1 – A REGIÃO NORDESTE CAPÍTULO 7

CAPÍTULO 7 

Quando contou a história do Capelobo/Cupelobo, tratou de dizer as crianças, que se tratava de um animal fantástico, de corpo humano e focinho de anta ou de tamanduá, que saía à noite para rondar os acampamentos e barracões no interior do Maranhão e Pará, matando cães e gatos recém nascidos para devorar.
Encontrando bicho de porte ou caçador, rasgava-lhe a carótida e bebia o sangue.
Só podia ser morto com um tiro na região umbilical.
-- É o lobisomem dos índios, dizem. Denuncia-se pelos gritos e tem o pé em forma de garrafa. – comentou ele.
Nisso as crianças riram.
O pescador então, percebendo que podia prosseguir em seu relato, continuou relatando, que no Rio Xingu, certos indígenas podiam se tornar capelobos, embora ignora-se como se processava a transformação.2
Ao dizer isso, emendou:
-- “Acreditam que nas matas do Maranhão, principalmente nas do Pindará, existe um bicho feroz chamado cupelobo...
Um índio timbira, andando nas matas do Pindará chegara a ver um desses animais, que dão gritos medonhos, e deixam um rastro redondo, como fundo de garrafa.
O misterioso animal tem corpo de homem coberto de longos pêlos; a cabeça é igual à do tamanduá bandeira e o casco com fundo de garrafa.
Quando encontra um ser humano, abraça-o, trepana o crânio na região mais alta, introduz a ponta do focinho no orifício e sorve toda a massa cefálica:
“Supa o miolo”, disse o índio.”3

As crianças, ao ouvirem o relato do pescador, ficaram impressionadas.

2 Luís da Câmara Cascudo, Geografia dos Mitos Brasileiros, “Ciclo dos Monstros”.
3 S. Fróis Abreu (Na Terra das Palmeiras, 188-189, Rio de Janeiro, 1931).

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Luciana Celestino dos Santos
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COISAS DO BRASIL PARTE 1 – A REGIÃO NORDESTE CAPÍTULO 6

CAPÍTULO 6

 Com isso o pescador percebendo o interesse de todos, passou a narrar a lenda da Cabra Cabriola, terrível papão criado para meter medo nos meninos, e contê-los nas suas travessuras.
Segundo os nossos contos populares, a Cabra-Cabriola é um horrível monstro, de enormes faces e dentes agudíssimos, a deitar fogo pelos olhos, pelas narinas e pela boca, e que nas suas excursões noturnas, para dar pasto à sua voracidade, astuciosamente, penetra nas habitações e devora quantos meninos encontra.
Em um desses contos o monstro fala assim:
“Eu sou a Cabra-Cabriola,
Que come meninos aos pares,
Também comerei a vós,
Uns carochinhos de nada.”

As crianças ao ouvirem a história da Cabra-Cabriola, ficaram deveras assustadas.
O pescador percebendo que causara temor nelas, desculpou-se e dizendo que tudo não passava de crendice, passou a contar outra lenda.

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Luciana Celestino dos Santos
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COISAS DO BRASIL PARTE 1 – A REGIÃO NORDESTE CAPÍTULO 5

CAPÍTULO 5

Depois, ao ver que era crescente o interesse por suas histórias, o pescador passou a falar sobre a lenda das Cabeças Vermelhas.
No Piauí (Oeiras) crê-se que o cadáver de um maçom fora arrebatado pelos cabeças vermelhas, que são entes demoníacos.
Por isso mesmo, o corpo do maçom, durante o velório, foi visitado por quatro homens vestidos de azul com gorros vermelhos.
Pela manhã, o cadáver havia desaparecido.
Um famoso tocador de viola, que fizera pauta com o Cão, ia sendo levado para o cemitério por doze carregadores, quando “dois sujeitinhos de carapuça vermelha” surgiram e “lutaram terrivelmente com os carregadores, em número de doze.
E isto deu-se, não obstante vir o corpo coberto de santos.”

Texto retirado de artigos da internet sobre o folclore brasileiro, e de guias de viagens sobre o Brasil. 

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

COISAS DO BRASIL PARTE 1 – A REGIÃO NORDESTE CAPÍTULO 4

CAPÍTULO 4

Assim, passou a contar sobre a lenda do Axuí.
Segundo ele, era uma cidade de ouro, no interior do Maranhão.
Ruas, palácios, igrejas, imagens, tudo era de ouro puro.
Na última década do século XVIII, um escravo de nome Nicolau, confessou ao Governador do Maranhão, General Antônio Fernando de Noronha, a existência da Axuí fabulosa.
Nisso, toda a população da cidade acreditou na lenda, e duzentos soldados foram enviados para a conquista da cidade do ouro, pelos campos de Lagarteira e matas do Munim.
Foi então que Nicolau desapareceu e a expedição regressou, trazendo cansaço e decepção.
Tudo não havia passado de uma quimera.
As crianças então, ficaram intrigadas.
O pescador então, percebendo que as crianças não haviam entendido o significado daquela palavra, resolveu lhes explicar, que se tratava de uma simples fantasia.
Tudo fora apenas uma ilusão.
E mais uma vez, as crianças ficaram fascinadas.

Texto retirado de artigos da internet sobre o folclore brasileiro, e de guias de viagens sobre o Brasil.

Luciana Celestino dos Santos
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