Flores enfeitam a vida, encantam o mundo cobrindo-o de adornos sutis.
A primavera
começa por desabrochar no jardim das minhas lembranças.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Poesias
sexta-feira, 17 de janeiro de 2020
Ano Novo – Luz que resplandece
Véspera, dia 31 de dezembro, marca-se pelo prenúncio de um grande momento,
quando um novo ano se anuncia e com ele novas esperanças surgem.
O novo ano será maravilhoso.
A festa de sua passagem, o rito, as ondas do mar onde repousa Yemanjá.
As pessoas de branco a pular sete ondas com uma rosa nas mãos.
Mãos que logo farão por se despedir, jogando a rosa que cairá no profundo mar e partirá para um profundo recanto, até voltar rasteira, ferindo os pés dos passantes.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
O novo ano será maravilhoso.
A festa de sua passagem, o rito, as ondas do mar onde repousa Yemanjá.
As pessoas de branco a pular sete ondas com uma rosa nas mãos.
Mãos que logo farão por se despedir, jogando a rosa que cairá no profundo mar e partirá para um profundo recanto, até voltar rasteira, ferindo os pés dos passantes.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Fim de Ano
Mais um ano que se passa, tantos bailes desfilaram pela memória de uma gente tão
humilde, vivendo em simples casa, voltando do trabalho de trem.
O trem das onze, que carrega mágoas, dores de saudade onde um apito de fábrica fere os ouvidos de quem lá trabalha e tortura na labuta diária.
Não se leva em consideração o seu esforço constante, e ainda tens que agüentar um patrão intolerante que vem lhe importunar.
Um natal a mais se faz presente e vem lhe ocupar ainda mais.
Uma noite de solidão.
Mais um natal em que a ceia vai esfriar e você não vai poder tocar no prato da satisfação.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
O trem das onze, que carrega mágoas, dores de saudade onde um apito de fábrica fere os ouvidos de quem lá trabalha e tortura na labuta diária.
Não se leva em consideração o seu esforço constante, e ainda tens que agüentar um patrão intolerante que vem lhe importunar.
Um natal a mais se faz presente e vem lhe ocupar ainda mais.
Uma noite de solidão.
Mais um natal em que a ceia vai esfriar e você não vai poder tocar no prato da satisfação.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Dia 5 de Maio, 2003
Vejo no jornal notícias desconcertantes sobre a violência urbana.
Prédios sendo alvejados por bombas, atentados, tiroteios, mortes violentas e gratuitas, atingindo cidadãos inocentes.
Onde isso vai parar?
Já tombaram no meio dessa violência, prefeitos, juízes, promotores, policiais, pessoas de bem. Quantos mais precisarão morrer, ou mesmo ficarem incapacitados pelo resto, muitas vezes, de suas jovens vidas?
Se as autoridades não tomarem as devidas providências, o que já é um caos em virtude da omissão das mesmas, cada dia mais se tornará um inferno na terra.
Se é que já não se tornou e eu não me dei conta.
Sempre me disseram que o bem é mais forte que o mal, será?
Vendo o que eu estou vendo, chego a ter dúvidas.
Só espero que a solução para esse gravíssimo problema social não nos chegue tarde demais.
Ou será que nós, teremos que tomar a justiça pelas nossas próprias mãos e com isso abrirmos mão do tão propalado Contrato Social, onde renunciamos uma parcela de nossas liberdades individuais em virtude de uma maior segurança na nossa vida em sociedade, para passarmos novamente a viver no Estado de Sociedade, referente a Era Pré-Contratual a que tanto se referem os Contratualistas, e com isso dizer adeus a Sociedade Civil?
Ante algumas atitudes tomadas pela população diante dessa violência execrável, jogada a todo momento na nossa cara, parece que esta é a alternativa.
Teremos que tomar em nossas mãos então a resolução dos casos de violência?
Teremos nós mesmos que bater nos bandidos e matá-los por nossas próprias mãos, para que não cometam mais crimes?
Do jeito que em está caminhando a humanidade, daqui algum tempo, esta será com certeza, a única solução possível, pois da maior parte de nossas autoridades o que mais se vê são bravatas e não discussão política séria a respeito do combate a criminalidade.
Em tão pouco tempo de vida nunca concebi, nem nos meus sonhos mais loucos e terríveis, uma realidade tão aterradora e nefanda quanto esta.
Ao que me parece, existe solução para esse grave problema social.
O que falta muitas vezes é vontade política, como já bem disseram autoridades de renome no país. Falta pulso firme e respeito por nossas instituições públicas, muitas vezes, em decorrência das próprias autoridades que lá estão, que não se fazem respeitar.
A glamourização do crime é cada vez mais mostrada na mídia, que não se furta nem nos menores detalhes em perscrutar a vida de perigosos criminosos.
Chego a sentir raiva dessa situação onde o mal é muitas vezes mais respeitado do quaisquer valores morais que sejam apresentados.
Não é mais dado valor para as coisas saudáveis, como para a beleza, para o bem estar, para o respeito mútuo, para a educação, para a cultura.
Tudo é sangue é tragédia, desgraça.
A vida se resume agora a um filme de ação americano, onde a violência é a principal atração da película, que deixa de lado até mesmo a história, que passa a ser secundária.
Não quero ser a atriz principal de um filme americano de ação, prefiro as comédias bem feitas, quero um pouco de leveza na minha vida, e acredito que este desiderato não é somente meu.
Quero um dia ligar a televisão e constatar que os índices de violência caíram, que a vida voltou ao normal.
Não quero um jardim abarrotado de rosas, mas quero ao menos sentir a vida brotando, em flores, cores, sons.
Jorrando acontecimentos benfazejos a toda nossa população carente de coisas boas e positivas em suas vidas.
Quem sabe o caminho para o combate da criminalidade não comece por aí.
Construindo-se mentes positivas.
Com educação, trabalho e perspectiva de futuro as coisas mudam.
Assim eu acredito.
Acredito que um pouco mais determinação não seria nada mal para resolver esse problema.
Uma dica. Se as autoridades querem realmente acabar com a violência, que dêem então, mais credibilidade as nossas instituições, principalmente as jurídicas, mas também ponham aqueles bandidos vagabundos para trabalhar, pois já diz a sabedoria popular, “mente vazia é a oficina do diabo”.
Ocupem as cabeças desses desocupados com trabalho e Vossas Senhorias vão ver no que vai dar.
Dêem educação e possibilidade de trabalho para todos, mas também saibam impor respeito.
Criar cidadãos é como criar filhos, é preciso impor limites e saber se fazer respeitar.
Isso por que, infelizmente, já pude me dar conta a essa altura, que não basta só dar liberdade, é preciso ensinar as pessoas o valor desta, e mostrar também que, quando se quer a tão propalada liberdade é preciso fazer por merecer para poder conquistá-la.
Não penses vós que sou incréu.
Só eu sei, por estar vivendo um momento de dificuldades, que tudo custa muito para ser alcançado.
Se querem acabar com a violência, construam presídios onde os presos possam trabalhar, pagar com o suor de seu rosto, com o seu labor diário sua mantença na prisão.
Que parte desse dinheiro sirva para manter o sistema penitenciário e outra parte sirva para indenizar as vítimas desse criminoso.
Só depois disso é que se deve pensar em benefícios previdenciários para os presos.
Isso vale também para as FEBEM’S, ponham aqueles menores para trabalhar!
É uma infâmia termos que sustentar tão ignóbeis criaturas.
Os presos e os infratores é que tem que se manterem.
Temos que fazer com que os bandidos respeitem a polícia, que esta se torne mais bem preparada, mais bem equipada e principalmente, bem paga, o que desestimularia e muito a corrupção, e com certeza pouparia a vida de milhares de cidadãos brasileiros inocentes que tem suas vidas ceifadas, tolhidas inutilmente em virtude do despreparo de nossos policiais.
Temos que fazer da Polícia, uma instituição de credibilidade e de respeito.
Enfim, este é o meu brado, quero justiça, igualdade, educação, cultura, responsabilidade e consciência social.
Quero respeito, tolerância e valorização da dignidade humana.
Não quero que Comissões de Direitos Humanos só apareçam em presídios ou FEBEM’S, quero estas atuem também na causa das vítimas, para que ajudem a apurar com seu prestígio a responsabilidade pelos fatos criminosos que atingiram essas famílias.
Quero justiça.
Quero um judiciário mais célere, mais eqüânime, onde todos tenham acesso à justiça.
QUERO PAZ!
QUERO UM BRASIL MELHOR!
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Prédios sendo alvejados por bombas, atentados, tiroteios, mortes violentas e gratuitas, atingindo cidadãos inocentes.
Onde isso vai parar?
Já tombaram no meio dessa violência, prefeitos, juízes, promotores, policiais, pessoas de bem. Quantos mais precisarão morrer, ou mesmo ficarem incapacitados pelo resto, muitas vezes, de suas jovens vidas?
Se as autoridades não tomarem as devidas providências, o que já é um caos em virtude da omissão das mesmas, cada dia mais se tornará um inferno na terra.
Se é que já não se tornou e eu não me dei conta.
Sempre me disseram que o bem é mais forte que o mal, será?
Vendo o que eu estou vendo, chego a ter dúvidas.
Só espero que a solução para esse gravíssimo problema social não nos chegue tarde demais.
Ou será que nós, teremos que tomar a justiça pelas nossas próprias mãos e com isso abrirmos mão do tão propalado Contrato Social, onde renunciamos uma parcela de nossas liberdades individuais em virtude de uma maior segurança na nossa vida em sociedade, para passarmos novamente a viver no Estado de Sociedade, referente a Era Pré-Contratual a que tanto se referem os Contratualistas, e com isso dizer adeus a Sociedade Civil?
Ante algumas atitudes tomadas pela população diante dessa violência execrável, jogada a todo momento na nossa cara, parece que esta é a alternativa.
Teremos que tomar em nossas mãos então a resolução dos casos de violência?
Teremos nós mesmos que bater nos bandidos e matá-los por nossas próprias mãos, para que não cometam mais crimes?
Do jeito que em está caminhando a humanidade, daqui algum tempo, esta será com certeza, a única solução possível, pois da maior parte de nossas autoridades o que mais se vê são bravatas e não discussão política séria a respeito do combate a criminalidade.
Em tão pouco tempo de vida nunca concebi, nem nos meus sonhos mais loucos e terríveis, uma realidade tão aterradora e nefanda quanto esta.
Ao que me parece, existe solução para esse grave problema social.
O que falta muitas vezes é vontade política, como já bem disseram autoridades de renome no país. Falta pulso firme e respeito por nossas instituições públicas, muitas vezes, em decorrência das próprias autoridades que lá estão, que não se fazem respeitar.
A glamourização do crime é cada vez mais mostrada na mídia, que não se furta nem nos menores detalhes em perscrutar a vida de perigosos criminosos.
Chego a sentir raiva dessa situação onde o mal é muitas vezes mais respeitado do quaisquer valores morais que sejam apresentados.
Não é mais dado valor para as coisas saudáveis, como para a beleza, para o bem estar, para o respeito mútuo, para a educação, para a cultura.
Tudo é sangue é tragédia, desgraça.
A vida se resume agora a um filme de ação americano, onde a violência é a principal atração da película, que deixa de lado até mesmo a história, que passa a ser secundária.
Não quero ser a atriz principal de um filme americano de ação, prefiro as comédias bem feitas, quero um pouco de leveza na minha vida, e acredito que este desiderato não é somente meu.
Quero um dia ligar a televisão e constatar que os índices de violência caíram, que a vida voltou ao normal.
Não quero um jardim abarrotado de rosas, mas quero ao menos sentir a vida brotando, em flores, cores, sons.
Jorrando acontecimentos benfazejos a toda nossa população carente de coisas boas e positivas em suas vidas.
Quem sabe o caminho para o combate da criminalidade não comece por aí.
Construindo-se mentes positivas.
Com educação, trabalho e perspectiva de futuro as coisas mudam.
Assim eu acredito.
Acredito que um pouco mais determinação não seria nada mal para resolver esse problema.
Uma dica. Se as autoridades querem realmente acabar com a violência, que dêem então, mais credibilidade as nossas instituições, principalmente as jurídicas, mas também ponham aqueles bandidos vagabundos para trabalhar, pois já diz a sabedoria popular, “mente vazia é a oficina do diabo”.
Ocupem as cabeças desses desocupados com trabalho e Vossas Senhorias vão ver no que vai dar.
Dêem educação e possibilidade de trabalho para todos, mas também saibam impor respeito.
Criar cidadãos é como criar filhos, é preciso impor limites e saber se fazer respeitar.
Isso por que, infelizmente, já pude me dar conta a essa altura, que não basta só dar liberdade, é preciso ensinar as pessoas o valor desta, e mostrar também que, quando se quer a tão propalada liberdade é preciso fazer por merecer para poder conquistá-la.
Não penses vós que sou incréu.
Só eu sei, por estar vivendo um momento de dificuldades, que tudo custa muito para ser alcançado.
Se querem acabar com a violência, construam presídios onde os presos possam trabalhar, pagar com o suor de seu rosto, com o seu labor diário sua mantença na prisão.
Que parte desse dinheiro sirva para manter o sistema penitenciário e outra parte sirva para indenizar as vítimas desse criminoso.
Só depois disso é que se deve pensar em benefícios previdenciários para os presos.
Isso vale também para as FEBEM’S, ponham aqueles menores para trabalhar!
É uma infâmia termos que sustentar tão ignóbeis criaturas.
Os presos e os infratores é que tem que se manterem.
Temos que fazer com que os bandidos respeitem a polícia, que esta se torne mais bem preparada, mais bem equipada e principalmente, bem paga, o que desestimularia e muito a corrupção, e com certeza pouparia a vida de milhares de cidadãos brasileiros inocentes que tem suas vidas ceifadas, tolhidas inutilmente em virtude do despreparo de nossos policiais.
Temos que fazer da Polícia, uma instituição de credibilidade e de respeito.
Enfim, este é o meu brado, quero justiça, igualdade, educação, cultura, responsabilidade e consciência social.
Quero respeito, tolerância e valorização da dignidade humana.
Não quero que Comissões de Direitos Humanos só apareçam em presídios ou FEBEM’S, quero estas atuem também na causa das vítimas, para que ajudem a apurar com seu prestígio a responsabilidade pelos fatos criminosos que atingiram essas famílias.
Quero justiça.
Quero um judiciário mais célere, mais eqüânime, onde todos tenham acesso à justiça.
QUERO PAZ!
QUERO UM BRASIL MELHOR!
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Folia de Reis
Trata-se da chegança dos reis magos a humilde gruta onde nascera Jesus.
É um cerimonial comemorado de diversas formas, em muitos recantos do país.
Para sua comemoração se visita a casa de amigos na véspera do dia dos reis, que se dá no dia 6 de janeiro.
Se constituí em alguns lugares, de um conjunto de rapazes e moças que, trazendo nomes de flores, astros, pássaros, e carregando ricas e ornadas alegorias, celebram a jornada dos três reis magos.
Ademais, alguns grupos que celebram esta tradição folclórica, possuem uma Porta Estandarte, protegida por uma Guarda de Honra feminina, que é também acompanhada por um Mestre-Sala, que a abana com um leque, e ao seu redor, desenvolve os passos mais extraordinários possíveis.
Essa comemoração também é denominada de Terno ou Rancho de Reis, onde todos se apresentam, com suas Pastoras e Ciganas que dançam e cantam sob a luz vacilante de lanternas chinesas que pendem de grandes candelabros.
Em alguns lugarejos, é reproduzida a Viagem dos Reis Magos, para finalmente, conhecerem o menino Jesus.
Nas regiões interioranas, os Foliões saem no Natal e cumprem uma peregrinação durante 12 noites, palmilhando incansavelmente as estradas, visitando fazendas e casas de amigos, conhecidos e devotos.
Comem e dormem onde podem.
Em outras paragens, a companhia só saí em dias de folga, domingos e feriados.
Alguns, penitentes, cumprem a ritualística como uma paga por favores celestiais recebidos, e fazem a jornada pelo período de 7 anos.
Em algumas cidades se formam um grupo com no mínimo 12 homens, sob o comando do Mestre e entoam cânticos de inspiração bíblica, as profecias, por eles compostos, de acordo com suas leituras do Novo Testamento.
Em marcha, rodeiam ou acompanham a Bandeira, o Estandarte da Folia, um quadrado de madeira com a Adoração dos Magos, toda ornada de flores e espelhos, carregado pelo Alferes.
São todos músicos e cantores, violeiros, sanfoneiros, tocadores de triângulo, de caixa, de bumbo.
Ladeando os Foliões, que se movimentam em marcha descansada, saracoteiam dois ou três Palhaços, com a cara encoberta por máscaras de peles de animais, e o corpo em camisolas ou Lagartixas de cores vistosas, os pés nus e um porrete nas mãos.
Acrobatas e Declamadores representam os soldados de Herodes, perseguidores do menino Jesus.
Com isso, toda a companhia interpreta, no interior e nas calçadas urbanas, o Evangelho de São Mateus.
O Reisado, tradição antiqüíssima, tem um Rei e um Secretário-de-Sala, que se batem a espada com altivos Embaixadores de um Governante que se nomeia, e movimenta figuras reais e fantásticas, como o Urso, o Jaraguá, o Capitão-de-Campo, os Escravos homiziados, o Lobisomem, o Diabo, o Arcanjo Gabriel.
Todos disputam a posse de uma alma Recém Desencarnada.
O Guerreiro, versão modernizada do Reisado, acrescenta novas cenas e personagens à ação, inspirados em outras manifestações folclóricas, como o Índio Peri, cercado e aprisionado após violento e obstinado combate de espada, e a Lira, assassinada, e depois ressuscitada.
Assim se comemoram a chegada dos Reis Magos a gruta onde nascera o Cristo.
Com essa mesma alegria e desprendimento, deveríamos todos comemorar as datas felizes do ano e as datas não comemorativas também.
A todos um Feliz Natal, um Próspero Ano Novo – 2003 –, e que este ano vindouro seja um ano de grandes conquistas.
Feliz 2003, a todos nós!
Luciana Celestino dos Santos
È permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
É um cerimonial comemorado de diversas formas, em muitos recantos do país.
Para sua comemoração se visita a casa de amigos na véspera do dia dos reis, que se dá no dia 6 de janeiro.
Se constituí em alguns lugares, de um conjunto de rapazes e moças que, trazendo nomes de flores, astros, pássaros, e carregando ricas e ornadas alegorias, celebram a jornada dos três reis magos.
Ademais, alguns grupos que celebram esta tradição folclórica, possuem uma Porta Estandarte, protegida por uma Guarda de Honra feminina, que é também acompanhada por um Mestre-Sala, que a abana com um leque, e ao seu redor, desenvolve os passos mais extraordinários possíveis.
Essa comemoração também é denominada de Terno ou Rancho de Reis, onde todos se apresentam, com suas Pastoras e Ciganas que dançam e cantam sob a luz vacilante de lanternas chinesas que pendem de grandes candelabros.
Em alguns lugarejos, é reproduzida a Viagem dos Reis Magos, para finalmente, conhecerem o menino Jesus.
Nas regiões interioranas, os Foliões saem no Natal e cumprem uma peregrinação durante 12 noites, palmilhando incansavelmente as estradas, visitando fazendas e casas de amigos, conhecidos e devotos.
Comem e dormem onde podem.
Em outras paragens, a companhia só saí em dias de folga, domingos e feriados.
Alguns, penitentes, cumprem a ritualística como uma paga por favores celestiais recebidos, e fazem a jornada pelo período de 7 anos.
Em algumas cidades se formam um grupo com no mínimo 12 homens, sob o comando do Mestre e entoam cânticos de inspiração bíblica, as profecias, por eles compostos, de acordo com suas leituras do Novo Testamento.
Em marcha, rodeiam ou acompanham a Bandeira, o Estandarte da Folia, um quadrado de madeira com a Adoração dos Magos, toda ornada de flores e espelhos, carregado pelo Alferes.
São todos músicos e cantores, violeiros, sanfoneiros, tocadores de triângulo, de caixa, de bumbo.
Ladeando os Foliões, que se movimentam em marcha descansada, saracoteiam dois ou três Palhaços, com a cara encoberta por máscaras de peles de animais, e o corpo em camisolas ou Lagartixas de cores vistosas, os pés nus e um porrete nas mãos.
Acrobatas e Declamadores representam os soldados de Herodes, perseguidores do menino Jesus.
Com isso, toda a companhia interpreta, no interior e nas calçadas urbanas, o Evangelho de São Mateus.
O Reisado, tradição antiqüíssima, tem um Rei e um Secretário-de-Sala, que se batem a espada com altivos Embaixadores de um Governante que se nomeia, e movimenta figuras reais e fantásticas, como o Urso, o Jaraguá, o Capitão-de-Campo, os Escravos homiziados, o Lobisomem, o Diabo, o Arcanjo Gabriel.
Todos disputam a posse de uma alma Recém Desencarnada.
O Guerreiro, versão modernizada do Reisado, acrescenta novas cenas e personagens à ação, inspirados em outras manifestações folclóricas, como o Índio Peri, cercado e aprisionado após violento e obstinado combate de espada, e a Lira, assassinada, e depois ressuscitada.
Assim se comemoram a chegada dos Reis Magos a gruta onde nascera o Cristo.
Com essa mesma alegria e desprendimento, deveríamos todos comemorar as datas felizes do ano e as datas não comemorativas também.
A todos um Feliz Natal, um Próspero Ano Novo – 2003 –, e que este ano vindouro seja um ano de grandes conquistas.
Feliz 2003, a todos nós!
Luciana Celestino dos Santos
È permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Arvoredos
Quando criança, lembro-me que brincava por entre as duas árvores do quintal de
minha casa.
Árvores frondosas, de espessas copas.
Lembro de um cipreste, que hoje pobrezinho, está até abandonado.
E das lindas roseiras que enfeitavam o lugar.
A casa, simples, abrigava os cômodos necessários para o nosso conforto e moradia.
O quintal, era grande, amplo e arejado.
Nunca mais morei numa casa tão espaçosa.
Lembro que tinha um cachorro, Snoopy, que nos foi tirado quando da mudança para outra cidade.
O outro, o primeiro, mordeu o elástico que o prendia e partiu rumo à liberdade.
Os balanços, eram os brinquedos.
Como gostava de me balançar e ficar a sonhar com mundos distantes.
Quimeras, fantasias.
Em nosso antigo lar, havia dois lugares em que eu podia fugir para outras realidades: o quintal dos fundos, numa parte em que havia sido planejada uma construção; e no meu saudoso balanço.
Querido balanço, baú de tão lindas recordações.
Hoje nem existe mais.
Às vezes, lá ía a noite meu irmão a balançar e a admirar as árvores distantes, que as vezes pareciam monstros assustadores.
Recordações de medos infantis.
Lembro-me do delicioso aroma de uma misteriosa dama-da-noite, que sempre me fez sonhar com este adorado lar.
Adorava ir à sorveteria, passear pelo lugar, conhecer novos caminhos com meu pai.
Sair à noite com minha mãe e meu irmão para nos deliciarmos com suculentos hambúrgueres.
Por quê quando se é criança, precisa-se de tão pouco para ser feliz, e quando crescemos, ficamos tão insatisfeitos com à vida, nada mais nos alegra tanto quanto antes, por quê?
Quem souber a resposta, por favor me responda.
Em outras paragens, também morei, mas em nenhum outro lugar fui tão feliz quanto nesta linda e outrora encantadora cidade, Araraquara.
Araraquara, terra de sol e calor.
Morada do Sol, como diziam os índios que por lá passaram.
Araraquara de cores raras, terra encantada dos meus sonhos de infância.
Terra onde:
"Nossa alegria é de amar você....”
Comemorações outras, também se faziam presentes, como a Semana da Pátria, onde era hasteada a Bandeira do Brasil e cantado o Hino Nacional.
Também me lembro vagamente, que todas as sextas-feiras, ou quase todas, antes de voltarmos para casa, cantavamos o Hino Nacional.
Lindos tempos, tão lindos tempos.
Tempos de dificuldades também, e de tristezas.
Dificuldades na escola.
De brigas com os coleguinhas.
Hoje até os problemas e as incompreensões, me parecem doces.
Época de se cantar hinos, de se comemorar o Dia das Crianças, as nossas pequenas grandes formaturas.
Tempos das tias, professoras de quem até hoje eu me lembro.
Tempo de se brincar nas quadras de esporte do SESI, de exaltar a instituição mantida pela indústria.
De nadar. Me lembro que isso ocorreu pouquíssimas vezes, na piscina da escola.
Recordo-me que, quando voltava da escola, adora fantasiar-me, fazer de conta que era outra pessoa.
Ou então, brincar numa piscina de plástico que nós tinhamos.
Aquilo para mim era um sonho.
E que sonho!
Araraquara, que nos tempos da lembrança mais triste e doce, quando conheci os primeiras versos dos grandes poetas, eu comparara a “Passargada”, do maravilhoso Manuel Bandeira.
Durante muitos anos, mesmo inconscientemente, esta cidade interiorana fora uma imagem onírica para mim.
Palco de lembranças muito felizes.
Mas deveras, não posso ser injusta com as outras cidades que me acolheram, de todas também guardo momentos felizes.
Só que a primeira, a primeira cidade da minha lembrança, é a mais marcante, e também, a mais especial.
De Campinas, a cidade de lindos e verdejantes campos verdes, me ocorre mencionar o Parque Taquaral, belíssimo parque onde havia uma réplica de uma das caravelas de Pedro Álvares Cabral, o descobridor destas paragens.
Íamos com certa freqüência a alguns restaurantes e pizzarias.
Portanto, em relação a passeios, Campinas fora uma cidade realmente pródiga para mim.
Outras cidades conheci, em outras paragens morei.
De todas tenho lindas recordações encartadas no coração de minhas memórias.
Mas realmente a mais marcante, fora Araraquara.
O porquê?
Não sei explicar, só vivendo o que eu vivi para entender.
Até porque, nos dizeres do filosofo, as águas de um rio não passam duas vezes no mesmo lugar.
Um abraço
Até breve
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Árvores frondosas, de espessas copas.
Lembro de um cipreste, que hoje pobrezinho, está até abandonado.
E das lindas roseiras que enfeitavam o lugar.
A casa, simples, abrigava os cômodos necessários para o nosso conforto e moradia.
O quintal, era grande, amplo e arejado.
Nunca mais morei numa casa tão espaçosa.
Lembro que tinha um cachorro, Snoopy, que nos foi tirado quando da mudança para outra cidade.
O outro, o primeiro, mordeu o elástico que o prendia e partiu rumo à liberdade.
Os balanços, eram os brinquedos.
Como gostava de me balançar e ficar a sonhar com mundos distantes.
Quimeras, fantasias.
Em nosso antigo lar, havia dois lugares em que eu podia fugir para outras realidades: o quintal dos fundos, numa parte em que havia sido planejada uma construção; e no meu saudoso balanço.
Querido balanço, baú de tão lindas recordações.
Hoje nem existe mais.
Às vezes, lá ía a noite meu irmão a balançar e a admirar as árvores distantes, que as vezes pareciam monstros assustadores.
Recordações de medos infantis.
Lembro-me do delicioso aroma de uma misteriosa dama-da-noite, que sempre me fez sonhar com este adorado lar.
Adorava ir à sorveteria, passear pelo lugar, conhecer novos caminhos com meu pai.
Sair à noite com minha mãe e meu irmão para nos deliciarmos com suculentos hambúrgueres.
Por quê quando se é criança, precisa-se de tão pouco para ser feliz, e quando crescemos, ficamos tão insatisfeitos com à vida, nada mais nos alegra tanto quanto antes, por quê?
Quem souber a resposta, por favor me responda.
Em outras paragens, também morei, mas em nenhum outro lugar fui tão feliz quanto nesta linda e outrora encantadora cidade, Araraquara.
Araraquara, terra de sol e calor.
Morada do Sol, como diziam os índios que por lá passaram.
Araraquara de cores raras, terra encantada dos meus sonhos de infância.
Terra onde:
"Nossa alegria é de amar você....”
Comemorações outras, também se faziam presentes, como a Semana da Pátria, onde era hasteada a Bandeira do Brasil e cantado o Hino Nacional.
Também me lembro vagamente, que todas as sextas-feiras, ou quase todas, antes de voltarmos para casa, cantavamos o Hino Nacional.
Lindos tempos, tão lindos tempos.
Tempos de dificuldades também, e de tristezas.
Dificuldades na escola.
De brigas com os coleguinhas.
Hoje até os problemas e as incompreensões, me parecem doces.
Época de se cantar hinos, de se comemorar o Dia das Crianças, as nossas pequenas grandes formaturas.
Tempos das tias, professoras de quem até hoje eu me lembro.
Tempo de se brincar nas quadras de esporte do SESI, de exaltar a instituição mantida pela indústria.
De nadar. Me lembro que isso ocorreu pouquíssimas vezes, na piscina da escola.
Recordo-me que, quando voltava da escola, adora fantasiar-me, fazer de conta que era outra pessoa.
Ou então, brincar numa piscina de plástico que nós tinhamos.
Aquilo para mim era um sonho.
E que sonho!
Araraquara, que nos tempos da lembrança mais triste e doce, quando conheci os primeiras versos dos grandes poetas, eu comparara a “Passargada”, do maravilhoso Manuel Bandeira.
Durante muitos anos, mesmo inconscientemente, esta cidade interiorana fora uma imagem onírica para mim.
Palco de lembranças muito felizes.
Mas deveras, não posso ser injusta com as outras cidades que me acolheram, de todas também guardo momentos felizes.
Só que a primeira, a primeira cidade da minha lembrança, é a mais marcante, e também, a mais especial.
De Campinas, a cidade de lindos e verdejantes campos verdes, me ocorre mencionar o Parque Taquaral, belíssimo parque onde havia uma réplica de uma das caravelas de Pedro Álvares Cabral, o descobridor destas paragens.
Íamos com certa freqüência a alguns restaurantes e pizzarias.
Portanto, em relação a passeios, Campinas fora uma cidade realmente pródiga para mim.
Outras cidades conheci, em outras paragens morei.
De todas tenho lindas recordações encartadas no coração de minhas memórias.
Mas realmente a mais marcante, fora Araraquara.
O porquê?
Não sei explicar, só vivendo o que eu vivi para entender.
Até porque, nos dizeres do filosofo, as águas de um rio não passam duas vezes no mesmo lugar.
Um abraço
Até breve
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
sábado, 11 de janeiro de 2020
DAS VOLTAS DO MUNDO - CAPÍTULO 6
Contudo, essas digressões, acabaram por lhe render um sério problema com o diretor
do colégio, Seu Rubens.
Isso por que, seus comentários em sala de aula, sobre a ideologia dos povos antigos, e sua crítica pessoal a respeito disso, era extremamente perigosa, naqueles tempos.
Por isso, preocupado, Seu Rubens, ao ouvir os alunos comentando em grupo sobre o ocorrido, teve logo o cuidado de lhe chamar em sua sala, para adverti-lo de que tal conduta era inadequada.
Fábio, por sua vez, ao perceber seu modo temerário de agir, desculpou com o diretor, mas comentou: "-- Concordo com o senhor, que o regime em que estamos vivendo, não nos permite sermos muito reflexivos. Mas eu também não posso me omitir e me furtar de comentar mesmo que furtivamente, tal assunto. Afinal de contas, eu sou um educador ou não?"
Seu Rubens, sabendo que toda a atividade intelectual do país sofria censura, e que os colégios, eram alvo de vigilância, ao ouvir o comentário do rapaz, concordou com ele, mas disse, que ele estava proibido de falar sobre isso nas suas próximas aulas.
Tudo isso, sob pena de ser afastado do colégio, para sua própria segurança.
Afirmou com pesar, Seu Rubens, que via no rapaz, um amigo.
Um amigo de distinta consideração, mas alguém também, pelo qual também devia zelar e repreender, se necessário fosse.
Tal incidente, só serviu para desestabilizá-lo.
De tão chateado, chegou até a comentar com sua mãe, o ocorrido.
Para piorar, além do incidente com os comentários proferidos em classe, ainda tinha que enfrentar a hostilidade ostensiva dos alunos em relação a sua pessoa.
Fábio já estava perdendo a paciência com seus alunos.
Mas Dona Irene, calma como sempre, aconselhou o filho, a não perder a tranqüilidade.
Este então retrucou dizendo que estava sendo difícil aturar tantas provocações.
No que Dona Irene insistiu com o filho:
"-- Mesmo assim, você não deve perder a calma. Afinal de contas, é isso que eles querem. Se for o caso, leve o assunto a direção. Mas nunca aceite provocações. Está bem, Fábio?"
O rapaz então, mais calmo, acabou concordando com a mãe.
Sim, Dona Irene estava certa.
Com relação a este assunto, não havia muito o que fazer.
A única coisa que devia continuar fazendo era ministrar suas aulas e se impor perante os alunos.
Caso isso não desse certo, aí sim, seria o caso de se tomar medidas drásticas.
Mas por enquanto, ainda não.
No entanto, apesar dos dias que se seguiram, a animosidade em relação a ele, continuava.
Mas, a despeito disso, precisava continuar a ministrar suas aulas.
Assim, de posse do livro de história, recomendou aos alunos que o abrissem na página 20.
E ao perceber que todos os alunos tinham aberto o livro, na página indicada, começou sua aula. Primeiramente foi dizendo:
"-- Foi devido ao poder econômico de seu império, que a Pérsia conseguiu dominar todo o Oriente Próximo.
No entanto, vencidos na guerra contra os Gregos, os Persas perderam o predomínio sobre outros Estados da Antigüidade.
Dessa forma, a hegemonia econômica se deslocou das civilizações do Oriente Próximo para a civilização grega.
Veremos, a seguir, como a civilização grega se formou, conquistou o poderio econômico sobre todo o mundo antigo e acabou perdendo-o para o Império Romano.
Mas primeiro, é preciso dizer que, existem muitas maneiras de se dividir a história grega.
Contudo, o critério que considero melhor, é o que inicia-se, pelo Período Pré-Homérico – que data de 2500 a 1100 antes de Cristo –, este período antecedeu a formação do povo Grego.
O segundo período é o Período Homérico – datado entre os anos de 1100 a 800 antes de Cristo –, esta fase foi retratada pelos poemas de Homero, quais sejam, a Ilíada e a Odisséia.
Em terceiro lugar vem o Período Arcaico – entre os anos de 800 a 500 antes de Cristo –, esta foi a fase da formação dos grandes Estados.
O Período Clássico – entre os idos de 500 à 400 antes de Cristo –, esta fase envolve o apogeu da civilização Grega.
E por fim, temos o Período Helenístico – 336 à 146 antes de Cristo –, período correspondente ao declínio da Grécia.
Este país, está localizado a leste do Mar Mediterrâneo, na Península Balcânica, apresentando relevo acidentado e um litoral recortado por golfos e baías, banhado pelo Mar Egeu e pelo Mar Jônico.
Seu território é recortado ao meio pelo Golfo de Corinto.
Ao norte deste golfo localiza-se a Grécia continental.
Ao sul, a Grécia peninsular.
Vistos do Mar Mediterrâneo, esses dois territórios têm a forma de uma mão aberta.
Existe ainda uma terceira parte, a Grécia insular, formada por um conjunto de numerosas ilhas espalhadas pelo Mar Egeu.
A Grécia continental apresenta grandes relevos, intercalados com planícies férteis, isoladas entre si. A Grécia peninsular, localizada mais ao sul, é recortada por golfos e baías com uma orla marítima extremamente favorável à expansão para seu interior.
Com isso, devido ao relevo marcadamente montanhoso, a prática da agricultura revelava-se difícil na Grécia, restringindo-se a um quinto das terras.
Diante disso, o comércio tornou-se a atividade econômica básica.
Desta forma, o período anterior a formação do povo grego é denominado Pré-Homérico, ou da Grécia Primitiva.
Na região, ocupada pela população Autóctone, originada dali mesmo, desenvolveu-se a civilização Creto-Miscênica, cujos principais centros eram a cidade de Micenas e a Ilha de Creta.
Os cretenses foram fundadores do primeiro império marítimo de que se tem notícia.
Provavelmente eram de raça ariana, chegando a Ilha de Creta procedentes da Ásia Menor através das diversas ilhas que percorrem o Mar Egeu.
Vivendo nas planícies mais férteis da ilha, os Cretenses cultivavam vinhas, cereais e oliveiras que utilizavam para seu próprio consumo ou para exportar para outras regiões.
Ensinados por outros povos do Oriente, tornaram-se hábeis artesãos, trabalhando principalmente com metais e cerâmica.
Utilizando as madeiras da ilha, construíam navios de até vinte metros de comprimento.
Além disso, são famosos seus prédios públicos, embora não tenham ficado vestígios dessas construções.
Cnossos, a Capital de Creta, era uma cidade de grandes palácios, onde viviam reis (chamados Minos) cercados de uma poderosa nobreza, o que refletia sua pujança econômica.
A civilização cretense possuía uma organização política semelhante à egípcia no Antigo Império. Além do mais, a história de Creta e de seu povo, foi considerada lendária até o século XIX.
Sua existência só foi confirmada pelo trabalho de arqueólogos, como Arthur Evans, que tornou possível reconstituir a história de seus palácios e documentos e estudar de forma científica seu passado.
A partir do século XX antes de Cristo, sucessivas invasões de tribos nômades, de origem indo-européia, abalaram o vigor cultural Creto-Micênico.
Aqueus, Jônios, Eólios e Dórios saquearam e destruíram a 22ª região e assimilaram parte dos costumes e das instituições, formando pela mistura racial e cultural, o povo Grego.
Assim, o primeiro grupo indo-europeu a chegar à Grécia foram os Aqueus.
Originários da Ásia, vieram com seus rebanhos em busca de melhores pastagens.
Ocuparam as melhores porções do território, localizadas na Grécia Central.
Com o tempo, tornaram-se um povo sedentário, vivendo da agricultura e do pastoreio.
Formaram pequenos núcleos urbanos, cujo centro mais importante foi Micenas.
O contato de Micenas com os Cretenses fez nascer a civilização Creto-Miscênica, resultante da integração das duas culturas.
Mas, os Cretenses tinham muito o que ensinar aos Aqueus.
Como por exemplo, técnicas agrícolas, construção naval e cultura religiosa.
Os Aqueus foram alunos tão aplicados que por volta de 1400 antes de Cristo, acabaram destruindo a civilização cretense e tomando Cnossos, sua principal cidade."
Com isso, após esta longa explanação, Fábio aproveitou então, para fazer uma breve pausa para esclarecer às dúvidas dos alunos.
Mas, estes, ao invés de fazerem perguntas sobre a matéria que o professor estava explicando, começaram a conversar entre si, e a fazerem gracinhas.
Fábio, ao perceber isso, resolveu continuar a aula.
E assim prosseguiu.
Ao falar sobre a Grécia nos tempos de Homero, o professor contou que, por volta de 1200 antes de Cristo, a Civilização Micênica atingiu seu apogeu e expandiu-se em direção à Ásia.
Nesse ínterim, chegaram os Dórios, último povo indo-europeu a penetrar na Grécia.
Aguerridos, ainda nômades, sabendo utilizar armas de ferro, os Dórios massacraram as cidades gregas.
Destruíram Micenas e fizeram com que a vida urbana praticamente desaparecesse.
Com isso, a população retornou para um tipo de vida mais primitivo, voltando a se organizar em pequenas comunidades, cuja célula básica era a grande família ou Gens.
A história da Grécia entra, então, em um novo período.
A civilização que começa a se formar tem como base econômica a produção agrária doméstica.
O centro da vida econômica e social é o Oikos, unidade familiar de produção.
A grande família, ou Clã, trabalhava numa vasta extensão de terra e produzia o necessário para seus habitantes.
Os membros deste Clã moravam juntos em grandes casas e obedeciam a um chefe, denominado Páter. Vários Clãs, ou Gens, formavam uma Fratria, e várias Fratrias uma tribo.
O chefe da tribo era o Basileu.
A princípio, vivia-se num regime de comunidade primitiva.
Não havia propriedade privada e todos os membros tinham direitos iguais.
Quem não desejasse trabalhar, era imediatamente expulso.
A posição social dependia do grau de parentesco com o Páter-família.
Contudo, esse sistema se deteriorou, devido principalmente a duas causas: o crescimento da população, que não foi acompanhado pelo crescimento da produção, pois as técnicas de cultivo, eram muito rudimentares; e a tendência dos Gens a se dividirem em pequenas famílias, o que causou o afrouxamento dos laços familiares.
Além disso, a repartição dos bens comuns era realizada pelo chefe da comunidade, que beneficiava seus filhos mais próximos, em prejuízo dos parentes mais afastados.
Com isso, mais tarde, repartiu-se a própria terra.
Assim, a posse da terra, de coletiva, passou a ser privada.
Formou-se então, uma classe de grandes proprietários (a Aristocracia).
As conseqüências da desintegração dos sistema Gentílico foram inúmeras.
No plano social, ocorreu um aumento das diferenças sociais.
Havia grandes proprietários de terras férteis, pequenos proprietários de terras pouco férteis e muitos que perderam tudo.
Para estes, só havia um caminho, procurar novas atividades.
Tornaram-se por isso, artesãos ou então, passaram a se aventurarem em busca de outras terras além-mar.
No plano político, essa desintegração provocou a passagem do poder do Páter-família para os parentes mais próximos, os Eupátridas (filhos do pai).
Estes passaram a controlar os equipamentos de guerra, a justiça e a religião. Os Eupátridas deram origem à aristocracia grega, cujo poder resultou da posse da terra.
Os aristocratas, não possuíam a força coletiva dos Gens.
Para se defenderem, apoiaram-se nas Fratrias e nas tribos, e finalmente, formaram as Cidades Estados.
Os costumes e a própria história dessa época foram narrados de forma lendária por Homero, autor da Ilíada e da Odisséia, os dois grandes poemas épicos da mitologia grega.
Na Grécia de Homero, além dos Aristocratas, a sociedade era composta por homens livres, sem posses, os Tetas, e por artesãos, os Demiurgos.
Além disso, existia também um pequeno número de escravos, utilizados em trabalhos domésticos.
E nisso, enquanto mostrava aos alunos um painel da cultura grega, os rapazes, começaram a rir e a conversar entre si.
Fábio, ao perceber a conversa paralela em sua aula, advertiu os alunos, de que a matéria que estava explicando, seria objeto de avaliação e que seria importante que todos prestassem atenção nas aulas. Isso por que, além de ser um período importante da história, era também necessário que eles conhecessem a matéria, insistiu o professor, para logo em seguida, dar prosseguimento à sua aula. Com isso, por algum tempo, houve uma calmaria na classe.
E assim, o professor continuou falando.
Retomando de onde havia parado, comentou que:
"O crescimento da desigualdade social através da consolidação de uma sociedade de classes resultou na desintegração dos Oikos e dos Gens e na formação das Cidades-Estados gregas.
E ainda, para terem segurança da dominação social e se defenderem das constantes invasões, os parentes do Páter, os Aristocratas, passaram a residir em refúgios fortificados, chamados Acrópoles. Em volta da Acrópole, os Demiurgos faziam artesanato e praticavam o comércio, surgindo daí uma concentração popular que originou a Pólis (a cidade).
No início, essas Cidades-Estados eram essencialmente núcleos de proprietários de latifúndios (Aristocratas) e lavradores.
Viviam dentro de muralhas e saíam todos os dia para trabalhar no campo, regressando à noite.
O território de uma cidade grega incluía um perímetro agrário, com toda a população ali existente. Em algumas Cidades, o crescimento do comércio e do artesanato, com uma divisão social de trabalho mais intensas, fortaleceu uma camada média de Demiurgos.
As Cidades Gregas apresentavam características muito especiais.
Havia a Acrópole, templo construído numa elevação.
A Ágora, praça central onde se reuniam os habitantes.
O Asty, mercado onde se realizavam as trocas comerciais.
No momento em que esse tipo de cidade se firmou, a economia passou do sistema Gentílico para o Urbano, embora prevalecessem ainda alguns elementos da economia familiar.
Entretanto, a organização social ainda refletia o passado tribal do Período Homérico.
Os habitantes das cidades permaneciam divididos em Clãs e Fratrias, sendo os primeiros, de composição especialmente aristocrática.
Assim, formaram-se aproximadamente duas centenas de cidades, com um desenvolvimento histórico diferente.
Mas as duas principais cidades foram Atenas e Esparta.
E apesar de contarem com poucas terras férteis, Atenas, Corino e outras cidades gregas, estabeleceram governos onde o poder era exclusividade de quem possuía grandes extensões de terras (latifúndios).
O aumento da população e a concentração da riqueza provocaram conflitos sociais, nos quais as camadas médias se chocavam com a Aristocracia, pois a classe de comerciantes e artesãos tornava-se rica e forte.
O pequeno proprietário rural levava uma existência precária.
A pequena propriedade era engolida pela grande e a subdivisão das pequenas propriedades entre os herdeiros tornava impossível uma agricultura eficaz.
A solução para todos esses problemas foi a colonização."
E assim, Fábio prosseguiu sua aula, falando sobre a colonização grega.
Para ele, os mesmos fenômenos sociais que provocaram a desintegração dos Gens a partir do século VIII antes de Cristo, passaram a agir com intensidade nos séculos seguintes.
Os filhos mais novos ou os deserdados da fortuna começaram a abandonar a Grécia, indo em busca de novos lugares, com o objetivo de ter uma vida mais lucrativa e agradável.
A nobreza de nascimento, mas sem bens, assim como o pequeno proprietário empobrecido tinham na colonização uma saída para seu crônico problema social.
Logo essa dispersão provocou a formação de novas cidades, entre as quais Marselha, no Mar Mediterrâneo, e Bizâncio, onde hoje se localiza Istambul.
Ademais, o desenvolvimento do comércio e do artesanato exigia novos mercados consumidores para ânforas, azeites e outros produtos.
Precisava-se também, de fornecedores de alimentos, pois o árido solo grego não conseguia alimentar toda a população.
Além disso, a fundação de colônias, com saques das tribos nativas, era um importante recurso de aquisição de escravos.
E assim, o escravismo crescia, junto com o comércio e o artesanato.
Desse modo, além das condições sociais, a busca de novas terras e a necessidade de alimento foram dois importantes fatores da expansão dos domínios da Grécia.
As colônias gregas possuíam governo próprio, mas mantinham com a Cidade-Mãe, a metrópole, laços culturais e econômicos.
Com isso, a ampliação do comércio entre a metrópole e a colônia resultou no desenvolvimento, na metrópole, do artesanato e do comércio.
Algumas cidades gregas, como Atenas e Corinto, transformaram-se em cidades rodeadas de bairros de comerciantes e artesãos.
Assim, com a separação entre o artesanato e a agricultura, o trabalho escravo cresceu largamente, sobretudo por que a escravidão não se devia apenas ao endividamento do pequeno proprietário, mas também ao comércio, saque e importação de escravos estrangeiros.
Dessarte, o crescimento do comércio e do artesanato, assim como o desenvolvimento das forças produtivas, consolidou na Grécia uma sociedade de classes, com predomínio do trabalho escravo.
A ampliação das camadas médias (Demiurgos) e do escravismo, bem como a expansão do colonialismo, provocou a contestação do poder da Aristocracia, originando conflitos sociais e políticos que caracterizam a passagem do Período Arcaico para o Período Clássico.
Além disso, Reformas como a de Sólon, em Atenas, e a Tirania, como a de Pisístrato, também em Atenas, foram reflexos políticos das mudanças sociais e econômicas resultantes da colonização Grega.
Assim, o desenvolvimento da propriedade privada no século VIII antes de Cristo – quando a economia era ainda essencialmente rural, baseada na exploração agrícola – favoreceu o poder da Aristocracia.
Em toda a Grécia continental, ocorreram violentos conflitos sociais motivados pelo incremento das relações mercantis, que privilegiam comerciantes e artesãos, e por uma inadequada distribuição da propriedade fundiária.
Diante disso, a crise política tornou-se mais grave quando os Aristocratas perderam definitivamente o poder militar.
Com a introdução de armas baratas – lanças e escudos de madeira –, os pobres puderam ter a chance de defender-se mais ativamente.
Desse modo, os Aristocratas viram-se atacados por dois inimigos: comerciantes e artesãos enriquecidos que queriam participar do governo e defender seus interesses; e pobres marginalizados que, na ânsia de melhorarem sua condição econômica, reivindicavam o fim da escravidão por dívidas e uma repartição mais justa da propriedade.
Embora nas cidades mercantis, como resultado das lutas sociais, o peso dos estratos urbanos tenha permitido a transição das Aristocracias tradicionais para as Democracias do período clássico (cujo melhor exemplo é Atenas), os escravos pouco ganharam com esses movimentos.
Com isso, os escravos continuaram a ser o principal sustentáculo da economia grega, já que tanto proprietários rurais como comerciantes e artesãos necessitavam de seu serviço para expandir os negócios.
Na verdade, o trabalho escravo existia na Grécia desde o Período Homérico, quando a forma mais comum de escravidão era a doméstica.
Inicialmente, predominou a escravidão por dívida, isto é, o devedor passava a ser propriedade do credor, ou os pais vendiam os filhos ou filhas considerados rebeldes, ato comum em sociedades Patriarcais.
Com a colonização e o desenvolvimento do escravismo, no final do Período Arcaico, houve uma diversificação das tarefas atribuídas aos escravos.
A economia das cidades gregas passou a depender cada vez mais da mão de obra escrava para desenvolver suas atividades produtivas.
Os escravos desempenhavam desde as funções de um trabalhador braçal até atividades administrativas, recolhendo impostos para o Estado.
Juridicamente, eles simplesmente não existiam, dessa forma, não possuíam nenhum direito e o proprietário (ou Estado) podia fazer deles o que bem entendesse.
As mulheres escravas eram utilizadas como objeto sexual, sendo submetidas a uma operação que as impedia de gerar filhos.
Os alunos ao ouvirem isso, voltaram a fazer troça das explicações do professor.
Do fundo da classe, se ouviam comentários do tipo:
"-- E ai professor! Isso é uma aula de história ou de pornografia?"
Ao ouvir isso, Fábio se enervou.
Rispidamente disse que ali era um lugar onde as pessoas iam para aprender coisas novas e não para comentarem piadinhas.
Alertou-os ainda, de que se tal situação se repetisse consideraria a matéria como aula dada e não retomaria mais o assunto.
Diante disso, os alunos resolveram parar um pouco com as piadinhas em sala de aula.
E assim, o professor pôde novamente dar seguimento à sua aula.
Como isso, foi logo dizendo:
"-- Continuando.
O valor de um escravo variava conforme suas habilidades.
No Período Helenístico, esse tipo de mão de obra alcançou um preço maior, devido ao afluxo de ouro e prata.
As guerras do Período Clássico também resultaram no aumento do escravismo, a partir do jugo imposto aos povos vencidos.
Nesse período, entre 70% a 80% da população era constituída de escravos.
O Cidadão era aquele que não era escravo ou estrangeiro.
Como praticamente não trabalhava, podia dedicar-se ao exercício da Cidadania, participando da política e interessando-se pelo desenvolvimento da ciência e da filosofia.
Assim se observa que o auge da cultura grega, coincide com a existência de uma massa escrava explorada.
Diante disso, quando o escravismo entrou em crise, o brilho cultural da civilização grega entrou em decadência."
Com isso, encerrou-se a aula.
Contudo, antes de se retirar da classe, o professor avisou os alunos de que retomaria o assunto, na aula seguinte.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Isso por que, seus comentários em sala de aula, sobre a ideologia dos povos antigos, e sua crítica pessoal a respeito disso, era extremamente perigosa, naqueles tempos.
Por isso, preocupado, Seu Rubens, ao ouvir os alunos comentando em grupo sobre o ocorrido, teve logo o cuidado de lhe chamar em sua sala, para adverti-lo de que tal conduta era inadequada.
Fábio, por sua vez, ao perceber seu modo temerário de agir, desculpou com o diretor, mas comentou: "-- Concordo com o senhor, que o regime em que estamos vivendo, não nos permite sermos muito reflexivos. Mas eu também não posso me omitir e me furtar de comentar mesmo que furtivamente, tal assunto. Afinal de contas, eu sou um educador ou não?"
Seu Rubens, sabendo que toda a atividade intelectual do país sofria censura, e que os colégios, eram alvo de vigilância, ao ouvir o comentário do rapaz, concordou com ele, mas disse, que ele estava proibido de falar sobre isso nas suas próximas aulas.
Tudo isso, sob pena de ser afastado do colégio, para sua própria segurança.
Afirmou com pesar, Seu Rubens, que via no rapaz, um amigo.
Um amigo de distinta consideração, mas alguém também, pelo qual também devia zelar e repreender, se necessário fosse.
Tal incidente, só serviu para desestabilizá-lo.
De tão chateado, chegou até a comentar com sua mãe, o ocorrido.
Para piorar, além do incidente com os comentários proferidos em classe, ainda tinha que enfrentar a hostilidade ostensiva dos alunos em relação a sua pessoa.
Fábio já estava perdendo a paciência com seus alunos.
Mas Dona Irene, calma como sempre, aconselhou o filho, a não perder a tranqüilidade.
Este então retrucou dizendo que estava sendo difícil aturar tantas provocações.
No que Dona Irene insistiu com o filho:
"-- Mesmo assim, você não deve perder a calma. Afinal de contas, é isso que eles querem. Se for o caso, leve o assunto a direção. Mas nunca aceite provocações. Está bem, Fábio?"
O rapaz então, mais calmo, acabou concordando com a mãe.
Sim, Dona Irene estava certa.
Com relação a este assunto, não havia muito o que fazer.
A única coisa que devia continuar fazendo era ministrar suas aulas e se impor perante os alunos.
Caso isso não desse certo, aí sim, seria o caso de se tomar medidas drásticas.
Mas por enquanto, ainda não.
No entanto, apesar dos dias que se seguiram, a animosidade em relação a ele, continuava.
Mas, a despeito disso, precisava continuar a ministrar suas aulas.
Assim, de posse do livro de história, recomendou aos alunos que o abrissem na página 20.
E ao perceber que todos os alunos tinham aberto o livro, na página indicada, começou sua aula. Primeiramente foi dizendo:
"-- Foi devido ao poder econômico de seu império, que a Pérsia conseguiu dominar todo o Oriente Próximo.
No entanto, vencidos na guerra contra os Gregos, os Persas perderam o predomínio sobre outros Estados da Antigüidade.
Dessa forma, a hegemonia econômica se deslocou das civilizações do Oriente Próximo para a civilização grega.
Veremos, a seguir, como a civilização grega se formou, conquistou o poderio econômico sobre todo o mundo antigo e acabou perdendo-o para o Império Romano.
Mas primeiro, é preciso dizer que, existem muitas maneiras de se dividir a história grega.
Contudo, o critério que considero melhor, é o que inicia-se, pelo Período Pré-Homérico – que data de 2500 a 1100 antes de Cristo –, este período antecedeu a formação do povo Grego.
O segundo período é o Período Homérico – datado entre os anos de 1100 a 800 antes de Cristo –, esta fase foi retratada pelos poemas de Homero, quais sejam, a Ilíada e a Odisséia.
Em terceiro lugar vem o Período Arcaico – entre os anos de 800 a 500 antes de Cristo –, esta foi a fase da formação dos grandes Estados.
O Período Clássico – entre os idos de 500 à 400 antes de Cristo –, esta fase envolve o apogeu da civilização Grega.
E por fim, temos o Período Helenístico – 336 à 146 antes de Cristo –, período correspondente ao declínio da Grécia.
Este país, está localizado a leste do Mar Mediterrâneo, na Península Balcânica, apresentando relevo acidentado e um litoral recortado por golfos e baías, banhado pelo Mar Egeu e pelo Mar Jônico.
Seu território é recortado ao meio pelo Golfo de Corinto.
Ao norte deste golfo localiza-se a Grécia continental.
Ao sul, a Grécia peninsular.
Vistos do Mar Mediterrâneo, esses dois territórios têm a forma de uma mão aberta.
Existe ainda uma terceira parte, a Grécia insular, formada por um conjunto de numerosas ilhas espalhadas pelo Mar Egeu.
A Grécia continental apresenta grandes relevos, intercalados com planícies férteis, isoladas entre si. A Grécia peninsular, localizada mais ao sul, é recortada por golfos e baías com uma orla marítima extremamente favorável à expansão para seu interior.
Com isso, devido ao relevo marcadamente montanhoso, a prática da agricultura revelava-se difícil na Grécia, restringindo-se a um quinto das terras.
Diante disso, o comércio tornou-se a atividade econômica básica.
Desta forma, o período anterior a formação do povo grego é denominado Pré-Homérico, ou da Grécia Primitiva.
Na região, ocupada pela população Autóctone, originada dali mesmo, desenvolveu-se a civilização Creto-Miscênica, cujos principais centros eram a cidade de Micenas e a Ilha de Creta.
Os cretenses foram fundadores do primeiro império marítimo de que se tem notícia.
Provavelmente eram de raça ariana, chegando a Ilha de Creta procedentes da Ásia Menor através das diversas ilhas que percorrem o Mar Egeu.
Vivendo nas planícies mais férteis da ilha, os Cretenses cultivavam vinhas, cereais e oliveiras que utilizavam para seu próprio consumo ou para exportar para outras regiões.
Ensinados por outros povos do Oriente, tornaram-se hábeis artesãos, trabalhando principalmente com metais e cerâmica.
Utilizando as madeiras da ilha, construíam navios de até vinte metros de comprimento.
Além disso, são famosos seus prédios públicos, embora não tenham ficado vestígios dessas construções.
Cnossos, a Capital de Creta, era uma cidade de grandes palácios, onde viviam reis (chamados Minos) cercados de uma poderosa nobreza, o que refletia sua pujança econômica.
A civilização cretense possuía uma organização política semelhante à egípcia no Antigo Império. Além do mais, a história de Creta e de seu povo, foi considerada lendária até o século XIX.
Sua existência só foi confirmada pelo trabalho de arqueólogos, como Arthur Evans, que tornou possível reconstituir a história de seus palácios e documentos e estudar de forma científica seu passado.
A partir do século XX antes de Cristo, sucessivas invasões de tribos nômades, de origem indo-européia, abalaram o vigor cultural Creto-Micênico.
Aqueus, Jônios, Eólios e Dórios saquearam e destruíram a 22ª região e assimilaram parte dos costumes e das instituições, formando pela mistura racial e cultural, o povo Grego.
Assim, o primeiro grupo indo-europeu a chegar à Grécia foram os Aqueus.
Originários da Ásia, vieram com seus rebanhos em busca de melhores pastagens.
Ocuparam as melhores porções do território, localizadas na Grécia Central.
Com o tempo, tornaram-se um povo sedentário, vivendo da agricultura e do pastoreio.
Formaram pequenos núcleos urbanos, cujo centro mais importante foi Micenas.
O contato de Micenas com os Cretenses fez nascer a civilização Creto-Miscênica, resultante da integração das duas culturas.
Mas, os Cretenses tinham muito o que ensinar aos Aqueus.
Como por exemplo, técnicas agrícolas, construção naval e cultura religiosa.
Os Aqueus foram alunos tão aplicados que por volta de 1400 antes de Cristo, acabaram destruindo a civilização cretense e tomando Cnossos, sua principal cidade."
Com isso, após esta longa explanação, Fábio aproveitou então, para fazer uma breve pausa para esclarecer às dúvidas dos alunos.
Mas, estes, ao invés de fazerem perguntas sobre a matéria que o professor estava explicando, começaram a conversar entre si, e a fazerem gracinhas.
Fábio, ao perceber isso, resolveu continuar a aula.
E assim prosseguiu.
Ao falar sobre a Grécia nos tempos de Homero, o professor contou que, por volta de 1200 antes de Cristo, a Civilização Micênica atingiu seu apogeu e expandiu-se em direção à Ásia.
Nesse ínterim, chegaram os Dórios, último povo indo-europeu a penetrar na Grécia.
Aguerridos, ainda nômades, sabendo utilizar armas de ferro, os Dórios massacraram as cidades gregas.
Destruíram Micenas e fizeram com que a vida urbana praticamente desaparecesse.
Com isso, a população retornou para um tipo de vida mais primitivo, voltando a se organizar em pequenas comunidades, cuja célula básica era a grande família ou Gens.
A história da Grécia entra, então, em um novo período.
A civilização que começa a se formar tem como base econômica a produção agrária doméstica.
O centro da vida econômica e social é o Oikos, unidade familiar de produção.
A grande família, ou Clã, trabalhava numa vasta extensão de terra e produzia o necessário para seus habitantes.
Os membros deste Clã moravam juntos em grandes casas e obedeciam a um chefe, denominado Páter. Vários Clãs, ou Gens, formavam uma Fratria, e várias Fratrias uma tribo.
O chefe da tribo era o Basileu.
A princípio, vivia-se num regime de comunidade primitiva.
Não havia propriedade privada e todos os membros tinham direitos iguais.
Quem não desejasse trabalhar, era imediatamente expulso.
A posição social dependia do grau de parentesco com o Páter-família.
Contudo, esse sistema se deteriorou, devido principalmente a duas causas: o crescimento da população, que não foi acompanhado pelo crescimento da produção, pois as técnicas de cultivo, eram muito rudimentares; e a tendência dos Gens a se dividirem em pequenas famílias, o que causou o afrouxamento dos laços familiares.
Além disso, a repartição dos bens comuns era realizada pelo chefe da comunidade, que beneficiava seus filhos mais próximos, em prejuízo dos parentes mais afastados.
Com isso, mais tarde, repartiu-se a própria terra.
Assim, a posse da terra, de coletiva, passou a ser privada.
Formou-se então, uma classe de grandes proprietários (a Aristocracia).
As conseqüências da desintegração dos sistema Gentílico foram inúmeras.
No plano social, ocorreu um aumento das diferenças sociais.
Havia grandes proprietários de terras férteis, pequenos proprietários de terras pouco férteis e muitos que perderam tudo.
Para estes, só havia um caminho, procurar novas atividades.
Tornaram-se por isso, artesãos ou então, passaram a se aventurarem em busca de outras terras além-mar.
No plano político, essa desintegração provocou a passagem do poder do Páter-família para os parentes mais próximos, os Eupátridas (filhos do pai).
Estes passaram a controlar os equipamentos de guerra, a justiça e a religião. Os Eupátridas deram origem à aristocracia grega, cujo poder resultou da posse da terra.
Os aristocratas, não possuíam a força coletiva dos Gens.
Para se defenderem, apoiaram-se nas Fratrias e nas tribos, e finalmente, formaram as Cidades Estados.
Os costumes e a própria história dessa época foram narrados de forma lendária por Homero, autor da Ilíada e da Odisséia, os dois grandes poemas épicos da mitologia grega.
Na Grécia de Homero, além dos Aristocratas, a sociedade era composta por homens livres, sem posses, os Tetas, e por artesãos, os Demiurgos.
Além disso, existia também um pequeno número de escravos, utilizados em trabalhos domésticos.
E nisso, enquanto mostrava aos alunos um painel da cultura grega, os rapazes, começaram a rir e a conversar entre si.
Fábio, ao perceber a conversa paralela em sua aula, advertiu os alunos, de que a matéria que estava explicando, seria objeto de avaliação e que seria importante que todos prestassem atenção nas aulas. Isso por que, além de ser um período importante da história, era também necessário que eles conhecessem a matéria, insistiu o professor, para logo em seguida, dar prosseguimento à sua aula. Com isso, por algum tempo, houve uma calmaria na classe.
E assim, o professor continuou falando.
Retomando de onde havia parado, comentou que:
"O crescimento da desigualdade social através da consolidação de uma sociedade de classes resultou na desintegração dos Oikos e dos Gens e na formação das Cidades-Estados gregas.
E ainda, para terem segurança da dominação social e se defenderem das constantes invasões, os parentes do Páter, os Aristocratas, passaram a residir em refúgios fortificados, chamados Acrópoles. Em volta da Acrópole, os Demiurgos faziam artesanato e praticavam o comércio, surgindo daí uma concentração popular que originou a Pólis (a cidade).
No início, essas Cidades-Estados eram essencialmente núcleos de proprietários de latifúndios (Aristocratas) e lavradores.
Viviam dentro de muralhas e saíam todos os dia para trabalhar no campo, regressando à noite.
O território de uma cidade grega incluía um perímetro agrário, com toda a população ali existente. Em algumas Cidades, o crescimento do comércio e do artesanato, com uma divisão social de trabalho mais intensas, fortaleceu uma camada média de Demiurgos.
As Cidades Gregas apresentavam características muito especiais.
Havia a Acrópole, templo construído numa elevação.
A Ágora, praça central onde se reuniam os habitantes.
O Asty, mercado onde se realizavam as trocas comerciais.
No momento em que esse tipo de cidade se firmou, a economia passou do sistema Gentílico para o Urbano, embora prevalecessem ainda alguns elementos da economia familiar.
Entretanto, a organização social ainda refletia o passado tribal do Período Homérico.
Os habitantes das cidades permaneciam divididos em Clãs e Fratrias, sendo os primeiros, de composição especialmente aristocrática.
Assim, formaram-se aproximadamente duas centenas de cidades, com um desenvolvimento histórico diferente.
Mas as duas principais cidades foram Atenas e Esparta.
E apesar de contarem com poucas terras férteis, Atenas, Corino e outras cidades gregas, estabeleceram governos onde o poder era exclusividade de quem possuía grandes extensões de terras (latifúndios).
O aumento da população e a concentração da riqueza provocaram conflitos sociais, nos quais as camadas médias se chocavam com a Aristocracia, pois a classe de comerciantes e artesãos tornava-se rica e forte.
O pequeno proprietário rural levava uma existência precária.
A pequena propriedade era engolida pela grande e a subdivisão das pequenas propriedades entre os herdeiros tornava impossível uma agricultura eficaz.
A solução para todos esses problemas foi a colonização."
E assim, Fábio prosseguiu sua aula, falando sobre a colonização grega.
Para ele, os mesmos fenômenos sociais que provocaram a desintegração dos Gens a partir do século VIII antes de Cristo, passaram a agir com intensidade nos séculos seguintes.
Os filhos mais novos ou os deserdados da fortuna começaram a abandonar a Grécia, indo em busca de novos lugares, com o objetivo de ter uma vida mais lucrativa e agradável.
A nobreza de nascimento, mas sem bens, assim como o pequeno proprietário empobrecido tinham na colonização uma saída para seu crônico problema social.
Logo essa dispersão provocou a formação de novas cidades, entre as quais Marselha, no Mar Mediterrâneo, e Bizâncio, onde hoje se localiza Istambul.
Ademais, o desenvolvimento do comércio e do artesanato exigia novos mercados consumidores para ânforas, azeites e outros produtos.
Precisava-se também, de fornecedores de alimentos, pois o árido solo grego não conseguia alimentar toda a população.
Além disso, a fundação de colônias, com saques das tribos nativas, era um importante recurso de aquisição de escravos.
E assim, o escravismo crescia, junto com o comércio e o artesanato.
Desse modo, além das condições sociais, a busca de novas terras e a necessidade de alimento foram dois importantes fatores da expansão dos domínios da Grécia.
As colônias gregas possuíam governo próprio, mas mantinham com a Cidade-Mãe, a metrópole, laços culturais e econômicos.
Com isso, a ampliação do comércio entre a metrópole e a colônia resultou no desenvolvimento, na metrópole, do artesanato e do comércio.
Algumas cidades gregas, como Atenas e Corinto, transformaram-se em cidades rodeadas de bairros de comerciantes e artesãos.
Assim, com a separação entre o artesanato e a agricultura, o trabalho escravo cresceu largamente, sobretudo por que a escravidão não se devia apenas ao endividamento do pequeno proprietário, mas também ao comércio, saque e importação de escravos estrangeiros.
Dessarte, o crescimento do comércio e do artesanato, assim como o desenvolvimento das forças produtivas, consolidou na Grécia uma sociedade de classes, com predomínio do trabalho escravo.
A ampliação das camadas médias (Demiurgos) e do escravismo, bem como a expansão do colonialismo, provocou a contestação do poder da Aristocracia, originando conflitos sociais e políticos que caracterizam a passagem do Período Arcaico para o Período Clássico.
Além disso, Reformas como a de Sólon, em Atenas, e a Tirania, como a de Pisístrato, também em Atenas, foram reflexos políticos das mudanças sociais e econômicas resultantes da colonização Grega.
Assim, o desenvolvimento da propriedade privada no século VIII antes de Cristo – quando a economia era ainda essencialmente rural, baseada na exploração agrícola – favoreceu o poder da Aristocracia.
Em toda a Grécia continental, ocorreram violentos conflitos sociais motivados pelo incremento das relações mercantis, que privilegiam comerciantes e artesãos, e por uma inadequada distribuição da propriedade fundiária.
Diante disso, a crise política tornou-se mais grave quando os Aristocratas perderam definitivamente o poder militar.
Com a introdução de armas baratas – lanças e escudos de madeira –, os pobres puderam ter a chance de defender-se mais ativamente.
Desse modo, os Aristocratas viram-se atacados por dois inimigos: comerciantes e artesãos enriquecidos que queriam participar do governo e defender seus interesses; e pobres marginalizados que, na ânsia de melhorarem sua condição econômica, reivindicavam o fim da escravidão por dívidas e uma repartição mais justa da propriedade.
Embora nas cidades mercantis, como resultado das lutas sociais, o peso dos estratos urbanos tenha permitido a transição das Aristocracias tradicionais para as Democracias do período clássico (cujo melhor exemplo é Atenas), os escravos pouco ganharam com esses movimentos.
Com isso, os escravos continuaram a ser o principal sustentáculo da economia grega, já que tanto proprietários rurais como comerciantes e artesãos necessitavam de seu serviço para expandir os negócios.
Na verdade, o trabalho escravo existia na Grécia desde o Período Homérico, quando a forma mais comum de escravidão era a doméstica.
Inicialmente, predominou a escravidão por dívida, isto é, o devedor passava a ser propriedade do credor, ou os pais vendiam os filhos ou filhas considerados rebeldes, ato comum em sociedades Patriarcais.
Com a colonização e o desenvolvimento do escravismo, no final do Período Arcaico, houve uma diversificação das tarefas atribuídas aos escravos.
A economia das cidades gregas passou a depender cada vez mais da mão de obra escrava para desenvolver suas atividades produtivas.
Os escravos desempenhavam desde as funções de um trabalhador braçal até atividades administrativas, recolhendo impostos para o Estado.
Juridicamente, eles simplesmente não existiam, dessa forma, não possuíam nenhum direito e o proprietário (ou Estado) podia fazer deles o que bem entendesse.
As mulheres escravas eram utilizadas como objeto sexual, sendo submetidas a uma operação que as impedia de gerar filhos.
Os alunos ao ouvirem isso, voltaram a fazer troça das explicações do professor.
Do fundo da classe, se ouviam comentários do tipo:
"-- E ai professor! Isso é uma aula de história ou de pornografia?"
Ao ouvir isso, Fábio se enervou.
Rispidamente disse que ali era um lugar onde as pessoas iam para aprender coisas novas e não para comentarem piadinhas.
Alertou-os ainda, de que se tal situação se repetisse consideraria a matéria como aula dada e não retomaria mais o assunto.
Diante disso, os alunos resolveram parar um pouco com as piadinhas em sala de aula.
E assim, o professor pôde novamente dar seguimento à sua aula.
Como isso, foi logo dizendo:
"-- Continuando.
O valor de um escravo variava conforme suas habilidades.
No Período Helenístico, esse tipo de mão de obra alcançou um preço maior, devido ao afluxo de ouro e prata.
As guerras do Período Clássico também resultaram no aumento do escravismo, a partir do jugo imposto aos povos vencidos.
Nesse período, entre 70% a 80% da população era constituída de escravos.
O Cidadão era aquele que não era escravo ou estrangeiro.
Como praticamente não trabalhava, podia dedicar-se ao exercício da Cidadania, participando da política e interessando-se pelo desenvolvimento da ciência e da filosofia.
Assim se observa que o auge da cultura grega, coincide com a existência de uma massa escrava explorada.
Diante disso, quando o escravismo entrou em crise, o brilho cultural da civilização grega entrou em decadência."
Com isso, encerrou-se a aula.
Contudo, antes de se retirar da classe, o professor avisou os alunos de que retomaria o assunto, na aula seguinte.
Luciana Celestino dos Santos
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