Poesias

sexta-feira, 25 de setembro de 2020

OS SONS QUE A GENTE OUVE – A CANÇÃO NO TEMPO ANOS OITENTAS – AVENTURAS NOS CLUBES DE ESQUINAS

Capítulo 6

Certo dia, Rafael pediu-lhe para cantar alguma coisa.
Lara titubeou um pouco, mas depois, atendendo ao pleito, começou a cantar:
“Diz pra eu ficar muda
Faz cara de mistério
Tira essa bermuda
Que eu quero você sério...

Tramas do sucesso
Mundo particular
Solos de guitarra
Não vão me conquistar...

Uh! eu quero você
Como eu quero!
Uh! eu quero você
Como eu quero!...(x2)

O que você precisa
É de um retoque total
Vou transformar o seu rascunho
Em arte final...

Agora não tem jeito
Cê tá numa cilada
Cada um por si
Você por mim e mais nada...

Uh! eu quero você
Como eu quero!
Uh! eu quero você
Como eu quero!...

Longe do meu domínio
Cê vai de mal a pior
Vem que eu te ensino
Como ser bem melhor...

Longe do meu domínio
Cê vai de mal a pior
Vem que eu te ensino
Como ser bem melhor...
(Bem melhor!)...

Uh! eu quero você
Como eu quero!
Uh! eu quero você
Como eu quero!...(2x)
Uh! eu quero você
Como eu quero!...
Como eu quero - Composição: Leoni e Paula Toller”

Rafael beijou a moça.
A seguir segurou a moça pelos braços.
Lara começou a rir.
O moço sussurrando, convidou-a a ir para seu quarto.
Quando Lara ficou noiva, Lorena e Ronaldo foram apresentados ao moço.
Lorena chegou a comentar que não precisava mais se preocupar com Lara.
Ronaldo, censurou a esposa. Dizendo que aquele não era assunto para ser tratado na frente do
noivo, comentou que era um momento de alegria.
Rafael disse que ele também estava mais tranquilo. 
Confidenciou que ao encontrar Lara, sentiu que seu futuro não seria tão incerto quanto imaginava.
Quando Lorena perguntou como o casal havia se conhecido, Lara e Rafael se entreolharam.
Depois de alguns minutos, o moço respondeu que eles se conheceram em uma boate.
Lara arregalou os olhos.
Rafael emendou dizendo que foi encontro inesquecível. Disse também que acabou perdendo o
contato com a moça, mas persistiu procurando-a por todos os lugares onde passava.
- Que romântico! – comentou Lorena, enternecida.
Clara, Clotilde, Alice e Iolanda, assim como Lucas, Inácio, Artur, Rogério e Fabrício,
acompanharam o almoço de noivado.
Rafael colocou um anel no dedo da moça.
Nisto Rafael e Lara casaram-se e foram morar juntos.
Como o moço, pouco tempo depois de casado, perdeu o emprego, Lara assumiu as despesas do
lar.
Rafael passou então, a se ocupar dos afazeres domésticos.
Passou a lavar, passar cuidar da casa.
Também continuou a procurar trabalho, mas nada de arrumar ocupação.
Este fato o deixava deveras insatisfeito.
Certo dia, percebendo uma certa tristeza no semblante do moço, Lara perguntou o que se passava.
Rafael se fechou em copas.
Ao se deparar então com jornais e ofertas de emprego circuladas, em um jornal dobrado, percebeu
por que o moço andava triste.
Nisto, dizendo-lhe palavras de consolo, argumentou que aquela situação era temporária, e que
com sua força de vontade e garra, ele acabaria encontrando trabalho em sua área.
Triste o homem começou a cantar:
“Um dia vivi a ilusão de que ser homem bastaria
Que o mundo masculino tudo me daria
Do que eu quisesse ter
Que nada, minha porção mulher que até então se resguardara
É a porção melhor que trago em mim agora
É o que me faz viver
Quem dera pudesse todo homem compreender, ó mãe, quem dera
Ser o verão no apogeu da primavera
E só por ela ser
Quem sabe, o super-homem venha nos restituir a glória
Mudando como um Deus, o curso da história
Por causa da mulher
Quem sabe o super-homem, venha nos restituir a glória
Mudando como um deus o curso da história
Por causa da mulher
Super-Homem, a Canção - Gilberto Gil”
Lara abraçou o moço. Beijou seu rosto.
Nisto, ao curso de alguns meses, o homem arrumou um trabalho.
Com a situação financeira mais estável, o casal teve um filho.
Ao segurar a criança no colo, Rafael ficou emocionado.
Chegou a cantar baixinho para ela:
“É comum a gente sonhar, eu sei, quando vem o entardecer
Pois eu também dei de sonhar um sonho lindo de morrer
Vejo um berço e nele eu me debruçar com o pranto a me correr
E assim chorando acalentar o filho que eu quero ter

Dorme, meu pequenininho, dorme que a noite já vem
Teu pai está muito sozinho de tanto amor que ele tem
De repente eu vejo se transformar num menino igual seu pai
Que vem correndo me beijar quando eu chegar lá de onde eu vim

Um menino sempre a me perguntar um porque que não tem fim
Um filho a quem só queira bem e a quem só diga que sim
Dorme menino levado, dorme que a vida já vem
Teu pai está muito cansado de tanta dor que ele tem

Quando a vida enfim me quiser levar pelo tanto que me deu
Sentir-lhe a barba me roçar no derradeiro beijo seu
E ao sentir também sua mão vedar meu olhar dos olhos seus
Ouvir-lhe a voz a me embalar num acalanto de adeus

Dorme meu pai sem cuidado, dorme que ao entardecer
Teu filho sonha acordado, com o filho que ele quer ter
O Filho Que Eu Quero Ter - Composição: Toquinho/Vinicius de Moraes”

Luciana Celestino dos Santos 
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte. 

OS SONS QUE A GENTE OUVE – A CANÇÃO NO TEMPO ANOS OITENTAS – AVENTURAS NOS CLUBES DE ESQUINAS

Capítulo 5

Nisto Rafael continuou a empreender sua busca. 
Numa noite o moço avistou Lara conversando com suas amigas.
Emocionado, mal podia acreditar no que estava vendo.
Desesperançado, um dia chegou até a procurá-la na boate em que ocorrera o encontro.
Mal podia acreditar no que via.
Lucas, ao perceber o que se passava, incentivou o amigo a ir ao encontro da moça e conversar.
Nervoso, Rafael relutou em se aproximar dela.
Lucas argumentou:
- Eu não acredito! Eu você me enlouqueceu com a história dessa moça. Encheu os meus ouvidos
por meses, para no momento em que finalmente a encontra, resolve desistir? Cadê a coragem do
conquistador! Estou decepcionado!
Nisto, ficou empurrando o amigo na direção em que a moça estava.
Constrangido, Rafael disse que não havia necessidade daquilo.
Nervoso, afastou a mão do amigo, e disse que ele iria encontrá-la por sua própria iniciativa.
E assim, tentando encontrar coragem, o moço foi ao encontro da moça.
Lucas observava o amigo à uma certa distância.
Cauteloso, Rafael não queria assustá-la.
Contudo, sentindo que precisava não se fazer notar até se aproximar da moça, foi caminhando
lentamente ao seu encontro.
Lucas ironizou dizendo que ele era tão rápido quanto uma tartaruga.
Rafael pediu para ele se calar.
Com isto, finalmente se aproximou da moça.
Lara, surpresa, o reconheceu imediatamente. 
Assustada, tentou sair do lugar.
O moço porém, agil, segurou a sua mão.
Nisto, pediu para que ela não fosse embora. 
Disse que depois de tanta procura, ela não poderia partir simplesmente.
Rafael começou a cantar:
“Eu tô perdido
Sem pai nem mãe
Bem na porta da tua casa
Eu tô pedindo
A tua mão
E um pouquinho do braço

Migalhas dormidas do teu pão
Raspas e restos me interessam
Pequenas porções de ilusão
Mentiras sinceras me interessam
Me interessam...

Eu tô pedindo
A tua mão
Me leve para qualquer lado
Só um pouquinho de proteção
A um maior abandonado
Teu corpo, com amor ou não
Raspas e restos me interessam
Me ame como a um irmão

Mentiras sinceras me interessam
Me interessam...
Migalhas dormidas do teu pão
Raspas e restos me interessam
Pequenas poções de ilusão
Mentiras sinceras me interessam
Me interessam...

Eu tô pedindo
A tua mão
Me leve para qualquer lado
Só um pouquinho de proteção
A um maior abandonado
Maior Abandonado - Compositor(es): Cazuza/Frejat”

Lara resolveu então, ouvir o moço.
Rafael lhe explicou que ela o deixara muito bem impressionado, e que razão, sentiu necessidade
de vê-la novamente. Comentou que o que sentira por ela, nunca havia sentido isto, antes por outra
pessoa.
Lara ficou perplexa.
Nisto, Lucas resolveu se aproximar. 
Simpático, cumprimentou a moça, elogiando o bom gosto do amigo.
A moça sorriu agradecendo.
Nisto, Lucas despediu-se.
Aflito, Rafael perguntou-lhe então, se eles poderiam se encontrar novamente.
Lara não sabia o que responder.
O moço insistiu.
Dizendo que não poderia obrigá-la a aceitar o convite, argumentou que ela não perderia nada com
isto.
Desta forma, Lara aceitou o convite.
Nisto, ele se apresentou, e ela finalmente disse seu nome.
Ao ouvir Lara, o homem ficou encantado. Gentil, disse que aquele era um bonito nome.
Lara agradeceu a gentileza.
Mas tarde, a moça lhe contaria que sua mãe lhe dera este nome, em homenagem a personagem do
filme “Doutor Jivago”.
O primeiro encontro do casal, foi num restaurante.
Inicialmente tímidos, o casal passou mais tempo se olhando, do que propriamente conversando.
Rafael porém, a despeito disto, estava muito feliz com o encontro.
Tanto que acabou conseguindo um novo encontro com a moça.
Conforme o tempo foi passando, finalmente o casal começou a namorar.
Certo dia, o moço convidou-a para almoçar em sua casa.
Zeloso e esforçado, o homem tentou preparar arroz, batatas douradas, bisteca e salada.
Passou dias elaborando um cardápio.
Nervoso, preparou a refeição com todo o cuidado.
Lara usava um vestido bandagem, calçava um scarpin.
Nisto a moça foi até o apartamento de Rafael. Apertou a campanhia.
Ao vê-la, Rafael elogiou-a. Disse que ela estava muito bonita.
A moça agradeceu o elogio.
Nisto, o moço convidou-a para entrar. Perguntou-lhe se gostaria de bebericar algo.
Lara respondeu que não.
Nisto, Rafael pediu licença e voltou para a cozinha. Respondeu que faltava pouco para o almoço
ser servido.
Quando estava tudo pronto, o moço colocou o arroz, as batatas, a carne e a salada em bonitas
louças.
A seguir, convidou a moça para sentar-se.
Puxou a cadeira e a moça agradecida, sentou-se.
Nisto, serviu a mesa. Colocou arroz, batatas, carne e salada em seu prato.
Depois, serviu-se.
Com isto, o moço pediu a moça para experimentar a comida.
Lara se serviu de um pouco de arroz, batata e bisteca.
Porém, ao colocar a comida na boca. Sentiu um gosto estranho. 
Ansioso, Rafael perguntou o que ela tinha achado da comida.
Sem graça, Lara respondeu que a comida estava ótima.
Todavia, em que pese o elogio a comida, sua expressão dizia o contrário.
Percebendo isto, Rafael resolveu experimentar a comida.
Ao colocar a comida na boca, o moço perceber que a mesma não estava boa.
Diante disto, disse:
- Não! Não coma! Está horrível!
Chateado, recolheu a comida e jogou o almoço fora.
Em seguida, pediu desculpas.
Lara então, percebendo que ele estava se esforçando para ser gentil, respondeu que não tinha
problema.
Nisto, ao ver que o moço estava chateado, segurou o queixo do moço. 
Convidou-o para almoçar fora.
Rafael concordou. Disse porém, que pagaria a conta. Tentando se desculpar, argumentou que já
que havia estragado o almoço, precisava compensá-la de alguma forma.
E lá se foi o casal procurar um restaurante para almoçar.
Nisto, o moço resolveu levar a moça para o restaurante onde costumava ir com seus amigos.
O dono do restaurante, ao reconhecê-lo, comentou que ele estava muito bem acompanhado.
Rafael e Lara agradeceram.
Juntos, comeram uma boa pizza. Beberam vinho.
Conversaram.
Rafael contou que vivia sozinho em São Paulo. Disse que estava na cidade para estudar.
Lara por sua vez, comentou que nascera em São Paulo, que sua mãe era paulistana, que sua avó,
assim como sua bisavó também eram.
Rindo, Rafael brincou dizendo que ela advinha de uma família paulistana quatrocentona.
Lara achou graça.
Ao voltarem para o apartamento de Rafael, o casal parou em frente a uma sorveteria. Compraram
sorvetes e foram tomando a sobremesa enquanto caminhavam pelo Centro da cidade.
Rafael comentou que aquela cidade era fascinante. Sua grandeza assustava e atraía ao mesmo
tempo.
Lara parecia compreender o que ele estava querendo dizer.
Aquele foi momento em que Lara decidiu que valia a pena investir naquela relação. 

Luciana Celestino dos Santos 
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte. 

OS SONS QUE A GENTE OUVE – A CANÇÃO NO TEMPO ANOS OITENTAS – AVENTURAS NOS CLUBES DE ESQUINAS

Capítulo 4

Triste Rafael começou a se desinteressar de seus afazeres.
Amuado, não queria mais saber de sair com seus amigos.
Lucas, preocupado com a apatia do amigo, comentou que no dia 11 de agosto seria comemorado
o Dia do Advogado, em homenagem a implantação dos cursos jurídicos no Brasil.
Ao ouvir isto, Rafael retrucou dizendo que não era advogado, e tampouco estudante de direito
para participar de tal evento.
Lucas retrucou então, que ninguém precisava saber disto.
Ao notar que o amigo precisava de uma injeção de ânimo, comentou que eles iriam participar do
“pindura”.
Curioso, Rafael perguntou do que se tratava.
No que Lucas respondeu:
- É um ritual no qual os estudantes de direito, tomam uma refeição em um restaurante, mas na
hora de efetuar o pagamento da conta, comunicam o fato de serem estudantes de direito. Realizam
um discurso e o valor que seria cobrado pela refeição não o é.
Rafael perguntou se este procedimento não causava problema.
Lucas comentou então, que geralmente os donos de restaurante aceitavam a tradição.
Com isto, Lucas arrastou o amigo, mesmo a contra-gosto para o evento. 
Antes, Lucas, Inácio, Artur, Rogério e Fabrício, participaram da “peruada”.
Dias antes, Lucas explicou que a “peruada” tinha origem ainda no Brasil Império, quando alunos
roubaram perus de um professor da Faculdade de Direito do Largo São Francisco. 
Atrevidos convidaram o professor que fora furtado, para comer os perus. 
Daí para virar uma festa de repleta de música e de pessoas fantasiadas da mais variadas formas, foi um pulo.
Rafael ouvia estas palavras e achava graça.
E assim, lá se foram os amigos participarem da afamada “peruada”.
Fabrício, Rogério, Artur, Inácio e Lucas, passaram em meio a carros, cantaram, dançaram,
gritaram.
Só não beberam muito por que estavam se preparando para o “pindura”.
Mais tarde, os cinco rapazes se dirigiram até o apartamento de Rafael, que ficava no Centro de
São Paulo.
Arrastaram o homem relutante para a noite.
Chegaram em uma cantina e trataram logo de pedir um vinho.
Animados, comentaram sobre as estrepolias feitas durante o dia na “peruada”. Riram dos amigos
bêbados. Dos rapazes correndo feito malucos entre os carros.
Fizeram um brinde atrás do outro.
Celebravam:
- Viva o Dia do Advogado!
- Viva!
- Viva a “peruada”!
- Viva!
- Viva São Paulo!
- Viva!
Brindavam e bebiam.
Rafael achava graça de tudo.
A certa altura, os cinco rapazes começaram a cantar:
“São, São Paulo meu amor
São, São Paulo quanta dor
São oito milhões de habitantes
De todo canto em ação
Que se agridem cortesmente
Morrendo a todo vapor
E amando com todo ódio
Se odeiam com todo amor

São oito milhões de habitantes
Aglomerada solidão
Por mil chaminés e carros
Caseados à prestação

Porém com todo defeito
Te carrego no meu peito
São, São Paulo
Meu amor
São, São Paulo
Quanta dor

Salvai-nos por caridade
Pecadoras invadiram
Todo centro da cidade
Armadas de rouge e batom
Dando vivas ao bom humor
Num atentado contra o pudor

A família protegida
Um palavrão reprimido
Um pregador que condena
Uma bomba por quinzena

Porém com todo defeito
Te carrego no meu peito
São, São Paulo
Meu amor
São, São Paulo
Quanta dor

Santo Antonio foi demitido
Dos Ministros de cupido
Armados da eletrônica
Casam pela TV
Crescem flores de concreto
Céu aberto ninguém vê
Em Brasília é veraneio
No Rio é banho de mar
O país todo de férias
E aqui é só trabalhar

Porém com todo defeito
Te carrego no meu peito
São, São Paulo
Meu amor
São, São Paulo
São, São Paulo - Tom Zé”

Nisto, os ocupantes das outras mesas aplaudiram a apresentação.
Inácio, Artur, Rogério, Fabrício e Lucas agradeceram os aplausos.
Rafael sugeriu então que eles pedissem logo a comida.
Fabrício concordou. Disse que estava morrendo de fome.
O grupo pediu pizza, macarrão e ravioli.
Comeram bastante.
Depois, pediram um cafezinho.
Fabrício, Rogério, Artur, Inácio e Lucas já estavam um pouco altos.
Nisto, Fabricio e Lucas, começaram a dizer:
- Viemos aqui hoje para celebrar uma importante data.
- Viva! – interromperam Artur, Rogério e Inácio.
A dupla continuou:
- Data de inauguração dos cursos jurídicos no Brasil. Tradição criada pelos estudantes da
Faculdade de Direito do Largo São Francisco.
- Bravo! Bravo! – aplaudiram Rogério, Inácio e Artur.
Fabrício e Lucas disseram:
- Viemos aqui hoje para cumprir a tradição do “pindura”. “Pindura” de pendurar a conta e brindar
a vida dos homens com poesia. Afinal, justiça tardia é antes de tudo injustiça flagrante e manifesta,
nos dizeres do poeta.
- Será que fora Rui Barbosa que dissera aquelas palavras? – perguntou-se Fabrício.
- Não importa quem disse. O que importa é que o direito é a ciência da justiça, do conhecimento
e da verdade. Afinal de contas, somos guiados o tempo inteiro pelo direito, pela lei. – emendou
Lucas.
- Viva o direito! – brindaram Artur e Inácio.
Rafael não parava de rir.
Rogério estava segurando uma garrafa de vinho já pela metade.
O dono do restaurante, ao saber do fato, disse aos rapazes que eles não precisavam pagar a
refeição.
Ofereceu-lhes outra garrrafa de vinho.
Nisto, os cinco rapazes continuaram bebendo.
Mais tarde, os rapazes resolveram brindar os fregueses do restaurante com outra canção:
“Só quem não te conhece,
Bem no fundo não pode entender,
Teus arranha-céus,
Neste escuro véu,
Sem o lume das estrelas.

Só quem não te conhece,
Ó cidade, não pode entender,
Teu postal sem cor,
O real valor,
Que se oculta em tuas sombras.
Universo de luzes e promessas,
Vitrine de ilusões,
Teus metais brilham mais,
No olhar dos inocentes.

Dia a dia o sol,
Abre seu farol sobre pedras,
Ilhas de ancorar corações solitários,
Nas multidões.

Teus caminhos cruzados,
Viajantes de toda direção,
Teus mortais,
Sonham mais,
Com ares do sertão,
Passageiros da paisagem,
Estações que vão no vento,
Em teu coração São Paulo…
São Paulo - (Thomas Roth/Luiz Guedes)”

Novos aplausos.
Nisto o grupo se despediu, agradeceu a gentileza do dono do restaurante, e partiu.
Lucas, Inácio, Artur, Rogério, Fabrício e Rafael caminharam pelo Centro da cidade. Já era quase
meia-noite.
Passaram pelo Vale do Anhangabaú, Viaduto do Chá, Rua Quinze de Novembro, prédios antigos,
Viaduto Santa Ifigênia, Mosteiro São Bento, Rua Boa Vista, Páteo do Colégio, Teatro Municipal,
Praça da Sé, Marco Zero, Catedral da Sé.
Enquanto admiravam a calma daquelas horas tardias, o grupo começou a cantar:
“É sempre lindo andar na cidade de São Paulo
O clima engana, a vida é grana em São Paulo
A japonesa loura, a nordestina moura de São Paulo
Gatinhas punks, um jeito yankee de São Paulo
Na grande cidade me realizar
Morando num BNH.

Na periferia a fábrica escurece o dia.
Não vá se incomodar com a fauna urbana de São Paulo
Pardais, baratas, ratos na Rota de São Paulo
E pra você criança muita diversão e pauluição
Tomar um banho no Tietê ou ver TV.

Na grande cidade me realizar
Morando num BNH
Na periferia a fábrica escurece o dia.
Chora Menino, Freguesia do Ó, Carandiru, Mandaqui, ali
Vila Sônia, Vila Ema, Vila Alpina, Vila Carrão, Morumbi, 
Pari,
Butantã, Utinga, Embu e Imirim, Brás, Brás, Belém
Bom Retiro, Barra Funda, Ermelino Matarazzo
Mooca, Penha, Lapa, Sé, 
Jabaquara, Pirituba, Tucuruvi, Tatuapé

Pra quebrar a rotina num fim de semana em São Paulo
Lavar um carro, comendo um churro é bom pra burro
Um ponto de partida pra subir na vida em São Paulo
Terraço Itália, Jaraguá, Viaduto do Chá.

Na grande cidade me realizar morando num BNH
Na periferia a fábrica escurece o dia
Na periferia a fábrica escurece o dia
São Paulo, São Paulo - (Oswaldo, Biafra, Claus, Marcelo e Wandy)”

Lucas e Rogério se abraçaram num poste.
O grupo dançou na rua.
Mais tarde, cada um seguiu a pé para sua casa.
Ao chegar em casa, Rafael, abriu a porta do apartamento, trancou-a, entrou em seu quarto e jogou-se na cama.
Dias depois ao se encontrarem, Lucas, Fabrício, Inácio, Artur, Rogério e Rafael, comentaram
animados sobre o “pindura”.
Literalmente penduraram a conta. Para não pagá-la.
Dias depois, o grupo voltou a frequentar o restaurante.
O dono do estabelecimento ao vê-los, perguntou se eles iriam pendurar a conta novamente.
Fabrício respondeu que não. 
Disse que infelizmente, aquele não era dia do advogado, em que pese
não achar nada mal a idéia de que todos os dias fossem dia do advogado.
O dono do restaurante riu.
Lucas e Rogério repreenderam Fabrício.
Comentaram:
- Dizendo isto, o que ele irá pensar dos advogados?
Rafael achava graça.
Distraído, ficava a pensar na moça, na estranha com quem se envolvera por uma noite.
Pensando se questionava, por se ocupar pensando nela. Por que não conseguia esquecê-la.
Ao notar que o amigo estava distraído, Lucas tratou de chamar o amigo a realidade.
Rafael, comentou que estava preocupado com seu trabalho.
Lucas fingiu acreditar. 

Luciana Celestino dos Santos 
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte. 


OS SONS QUE A GENTE OUVE – A CANÇÃO NO TEMPO ANOS OITENTAS – AVENTURAS NOS CLUBES DE ESQUINAS

Capítulo 3

Lara por sua vez, continuava a sair com as amigas.
Saiam juntas, bebiam, conversavam.
Rafael e Lucas por sua vez, continuavam a procurar a moça misteriosa com que o primeiro havia
saído.
A certa altura, Lucas começou a se cansar de tantas buscas.
Rafael por sua vez, insistia. Dizia que eles a encontrariam quando menos esperassem.
Dito e feito.
Certo dia, caminhando no Centro de São Paulo, Rafael avistou uma moça muito parecida com sua
amada misteriosa.
Aflito, o homem tentou segui-la em meio a multidão.
A confusão porém, era tanta que ele acabou perdendo o paradeiro da moça.
Rafael ficou inconsolável.
Lucas mais uma vez, consolou o amigo. Tentou convencer o amigo a esquecer a história.
Rafael porém, comentou que não poderia desistir logo agora que estava tão próximo da moça.
Lembrando-se da possibilidade do encontro, Rafael sonhou que estava com a moça. Caminhavam
juntos, se beijavam.
Ao fundo, ouviu uma canção:
“Quando o céu incendeia e acende uma estrela no coração
Quando a lua passeia e a vida acontece numa canção
É lá

Que imagino te ver, que eu começo a sonhar
Que eu me lembro demais
Que eu me vejo beijando você

Mesmo de brincadeira eu sigo o que fala o coração
Faço à minha maneira da vida nascer uma canção
É lá

Que vontade de te ver de querer te abraçar
De correr pela areia, eu preciso te achar
Que vontade de te ver de querer te abraçar
De correr pela areia
Que vontade de amar você
Mesmo de Brincadeira - Composição: Mariozinho Rocha/Vermelho/Cláudio Venturini”

Rafael foi encontrar-se com o amigo Lucas, estava feliz.
Contente, começou a fazer planos, traçar estratégias para encontrar a moça.
Lucas ouvia a tudo atentamente. Concordava com tudo o que o amigo falava.
Lara prosseguiu com sua vidinha.
Lorena, preocupada com seus modos, questionou o fato dela sair quase todas as semanas com
suas colegas, para beber.
Lara respondeu que estava tentando aproveitar melhor sua vida. Dizendo que a vida não era só
trabalho, argumentou que também precisava de um pouco de felicidade.
Ao ouvir isto, Lorena argumentou que sair para beber não era sinônimo de felicidade.
Lara retrucou dizendo que usufruir da companhia de suas amigas era.
Nisto, despediu-se da mãe.
Apressada, deu um beijo no rosto do pai, que lhe desejou um bom divertimento.
Lorena criticou o comportamento de Ronaldo. Dizia que ele a estava desautorizando.
Nisto Lorena foi encontrar com suas amigas.
Conversaram sobre o trabalho, dizendo que o chefe estava cada vez mais exigente.
Clara, Clotilde, Alice, Iolanda e Lara diziam que trabalhavam muito e ganhavam pouco. 
Todas
confessaram estar insatisfeitas com suas funções. Achavam que poderiam estar fazendo algo
melhor.
Animadas, falaram sobre suas vidas. 
Alice e Iolanda estavam noivas. Contudo, em que pese este fato, viviam reclamando dos candidatos a marido.
Clara e Clotilde possuíam namorados firmes.
Foi então que as quatro mulheres começaram a perguntar sobre a vida sentimental de Lara.
A moça constrangida, disse que estava de olho em alguém, mas que para investir na relação,
precisava ter certeza de que era correspondida.
Nisto as mulheres começaram a falar de filmes “Dirty Dancing – Ritmo Quente”, “LadyHawe –
O Feitiço de Áquila”, “Curtindo a Vida Adoidado”, “Back To The Future - De Volta Para o
Futuro”, “Loucademia de Polícia”, “O Cadillac Azul”.
A certa altura, as moças começaram a ouvir uma música:
“Clarear!
Baby, clarear!
Pelo menos um pouco de sol
Eu só quero clarear
Quando não houver
Mais o amor
Nem mais nada a fazer
Nunca é tarde
Prá lembrar
Que o sol está solto
Em você...

Um pouco de luz nessa vida
Um pouco de luz em você
Um pouco de luz nessa vida
Um pouco de luz nessa vida
Um pouco de luz em você
Um pouco de luz nessa vida...

Clarear!
Baby, clarear!
Eu quero clarear de vez
Tudo aquilo que encontrar
Quando o pouco de bom
Rarear
E a vida for escura e ruim
Nunca é tarde
Pra lembrar
Que o sol está dentro de mim...

Um pouco de luz nessa vida
Um pouco de luz em você
Um pouco de luz nessa vida
Um pouco de luz nessa vida
Um pouco de luz em você
Um pouco de luz nessa vida...

Quando não houver
Mais o amor
Nem mais nada a fazer
Nunca é tarde
Prá lembrar
Que o sol está sobre você.....

Um pouco de luz nessa vida
Um pouco de luz em você
Um pouco de luz nessa vida
Um pouco de luz nessa vida
Um pouco de luz em você
Um pouco de luz nessa vida...(2x)
Clarear - Composição: Octavio Burnier - Mariozinho Rocha”

Animadas as amigas começaram a cantar juntas, a música. 

Luciana Celestino dos Santos 
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte. 

OS SONS QUE A GENTE OUVE – A CANÇÃO NO TEMPO ANOS OITENTAS – AVENTURAS NOS CLUBES DE ESQUINAS

Capítulo 2

Lara estava assaz insatisfeita.
Achava sua vida desinteressante e monótona.
Nos últimos tempos não conseguia encontrar sentido em tantos sacrifícios e tão poucas
compensações.
Até a convivência com sua mãe, estava ruim.
Pensando nisto, começou a achar, que precisava experimentar coisas novas.
Estava ávida por descobrir novos mundos.
Um dia, conversando com sua amigas Clara, Clotilde, Alice e Iolanda, comentou:
- Estou cansada desta mesmice. Todo os dias sempre a mesma coisa. Às mulheres é sempre
imposta uma conduta incompatível com a liberdade já conquistada.
Clotilde comentou que não estava entendendo onde Lara estava querendo chegar.
Lara comentou que a mulher era escrava de um padrão de comportamento muito rígido, que não
lhe permitia fazer o que queria. Comentou que as mulheres haviam sido criadas para agradar os
homens, para fazerem tudo o que eles quisessem.
Clotilde e Iolanda, responderam que não concordavam com aquilo. Argumentaram que havia
mulheres que não aceitavam agir daquela forma. Disseram que elas ditavam as regras de suas
vidas.
Lara comentou:
- Eu não duvido. Mas nem todas as mulheres tem esta percepção e autonomia. As mulheres em
grande parte, estão procurando se adequar a um padrão estabelecido pelos homens.
Nisto, Alice respondeu:
- É só ver uma propaganda de cigarro ou de bebida alcoolica. Estão repletos de imagens de
mulheres bonitas, cheias de vitalidade, e longe do padrão de beleza da maioria das mulheres que
conhecemos. E todas, ou quase todas se espelham nestas mulheres, para tentar alcançar um padrão
de beleza inatingível.
Nisto Lara emendou:
- Pois então! O engraçado é que ninguém se lembra que as mulheres também bebem cerveja. Só
fazem comerciais para os homens. Seria interessante ver propagandas do mesmo nível, dirigidas
às mulheres. Será que os homens irião gostar de se verem na posição de objetos?
Clara, Clotilde, Alice e Iolanda bradaram em uníssono:
- Abaixo a tirania! Viva as mulheres!
Nisto, percebendo que as pessoas que passavam ficavam olhando o quinteto, Lara recomendou
que elas diminuíssem o tom de voz.
Todas riram.
Lara começou a cantar:
“Eu já estou com o pé nessa estrada
Qualquer dia a gente se vê
Sei que nada será como antes, amanhã
Que notícias me dão dos amigos?
Que notícias me dão de você?

Alvoroço em meu coração
Amanhã ou depois de amanhã
Resistindo na boca da noite um gosto de sol

Num domingo qualquer, qualquer hora
Ventania em qualquer direção
Sei que nada será como antes amanhã

Que notícias me dão dos amigos?
Que notícias me dão de você?
Sei que nada será como está
Amanhã ou depois de amanhã
Resistindo na boca da noite um gosto de sol
Nada Será Como Antes - Composição: Milton Nascimento/Ronaldo Bastos”

Mais tarde, as amigas combinaram de irem juntas a uma boate.
Nisto, as amigas beberam, conversaram. Dançaram.
Lá, Lara conheceu Rafael.
Em dado momento, Lara despediu-se das amigas. Dizendo que estava com dor de cabeça,
comentou que elas não precisavam se incomodar, voltaria de táxi para casa.
Nisto, Lara aguardou o moço do lado de fora da boate.
Mas tarde o moço também saiu.
Passaram a noite juntos.
Empolgado, Rafael, começou a cantar no ouvido da moça:
“Vem amor que a hora é essa
Vê se entende a minha pressa
Não me diz que eu tô errado
Eu tô seco, eu tô molhado

Deixa as contas
Que no fim das contas
O que interessa pra nós
É fazer amor de madrugada
Amor com jeito de virada

Larga logo desse espelho
Não reparou que eu tô até vermelho

Tá ficando tarde no meu edredon
Logo o sono bate

Deixa as contas
Que no fim das contas

O que interessa pra nós

Amor com jeito de virada
É fazer amor de madrugada
Pintura Íntima - Composição: Leoni/Paula Toller”

A moça ficou abraçada ao moço.
Lara e Rafael, passaram a noite juntos.

Beijaram-se, abraçaram-se e cairam juntos na cama.
Dormiram juntos.
A certa altura a moça acordou.
Vestiu-se apressadamente, calçou seus sapatos, e saiu sorrateiramente do quarto.
Antes de sair, observou o rapaz rapidamente.
Rafael dormia profundamente.
Quando despertou procurou a moça, tateando a cama. Surpreeendeu-se ao perceber que não ela
não estava mais no quarto.
Perplexo, o moço contou a história para seu amigo Lucas.
Irônico, o amigo comentou:
- Quem te viu quem te vê! O conquistador da Terra da Garoa caindo de amores por uma estranha?
Quem diria!
Nervoso Rafael pediu para ele não fazer troça de seu sofrimento. Dizendo que não sabia nem o
nome dela, comentou que seria praticamente impossível encontrá-la na imensidão que era São
Paulo.
Lucas ficou surpreso.
- Então você tem realmente intenção de procurá-la?
Aflito, Rafael pediu ajuda do amigo.
Ansioso, o moço não parava de falar da moça que o havia levado ao paraíso, elevando a sétima
esfera.
Lucas achou graça nas palavras do moço.
Rafael por sua vez dizia:
- Não brinque! Você não entende por que nunca amou ninguém de verdade!
- E você? Já amou? – retrucou Lucas.
Rafael desconversou.
Estava acabrunhado.
Lucas percebendo o desânimo do rapaz, começou a cantar:
“Seu coração tem algo que nunca muda
Mais que também não envelhece nunca
Seu coração
Vá e entre por aquela porta ali
Não tem caminho fácil não
É só dar um tempo que amor vem pra cada um

Fique feliz na boa e tudo vem
Mas nunca chove sem molhar
É só dar um tempo que amor chega até você

Seu coração tem algo que nunca muda
Mais que também não envelhece nunca
Seu coração

Sério eu vejo tudo melhorar
Lá é só bater na porta e abrir
Bem que eu disse pra você
Que o amor vem pra cada um

Fique feliz na boa e tudo vem
Mas nunca chove sem molhar
É só dar um tempo que amor chega até você

Seu coração tem algo que nunca muda
Mais que também não envelhece nunca
Seu coração

Sério eu vejo tudo melhorar
Lá é só bater na porta e abrir
Bem que eu disse pra você
Que o amor vem pra cada um
... o amor chega até você ...
... o amor vem pra cada um ...
O Amor Vem Pra Cada Um - Zizi Possi”

Rafael sorriu.
Lucas disse que ele tinha tanta vontade de reencontrar a moça, que acabaria encontrando-a.
E assim, o rapaz auxiliou o amigo.
Juntos passaram a frequentar a noite paulistana, com o intuito de encontrar a moça.
Por várias vezes, o moço avistou uma moça parecida, mas ao se aproximar, Rafael percebia
desolado, que não era ela.
Lucas, sempre que via o amigo desanimado, dizia-lhe palavras de incentivo.
Sozinho em seu quarto, Rafael contemplava as luzes da cidade, refletidas na janela de seu
apartamento no Centro da cidade.
Ao chegar em casa, o moço sentou-se na sala. Ligou a televisão. Ficou cerca de meia-hora
procurando algum programa bom na tevê.
À toa.
Desanimado, o moço desligou a televisão.
Foi para seu quarto, sentou-se em cama.
Começou a cantar:
“Eu fico quieto, no canto
Penso, medito e me espanto
A vida dá voltas, mistérios
O que é que eu vou fazer?

Sozinho num quarto fechado
Eu vejo a cidade ao longe
Procuro alguém que se esconde
Por onde começar?

Noite, há horas te espero
E você não chega, ai meu coração
Fogo aceso, corpo paixão
Sou todo explosão

Noite, há horas te espero
E você não chega, ai meu coração

Fogo aceso, corpo paixão
Sou todo explosão.
Noite - Compositor: Nico Resende – Jorge Salomão”

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

OS SONS QUE A GENTE OUVE – A CANÇÃO NO TEMPO ANOS OITENTAS – AVENTURAS NOS CLUBES DE ESQUINAS

Capítulo 1

Lara, filha de Lorena, estava em seu quarto arrumando seus pertences.
A tempos ela via que o cômodo precisava de uma bela faxina.
Assim, ligou o rádio, E sintonizou na emissora de sua preferência.
E enquanto ouvia música, passava um pano nos móveis, tirava a poeira dos objetos que enfeitavam
o ambiente, e os colocava de volta no lugar.
Ocupar-se de uma tarefa tão cansativa, lhe fazia bem.
Parava de pensar em sua insatisfação com a vida, de suas constantes brigas com sua mãe, Lorena.
Em seu entender, a mulher fazia questão de hostilizá-la.
E assim, tudo era motivo para desentendimentos.
Lara estava insatisfeita com sua vida.
No rádio tocava:
“Não adianta me ver, sorrir
Espelho meu
Meu riso é seu
Eu estou ilhada

Hoje não ligo a TV
Nem mesmo pra ver o Jô
Não vou sair
Se ligarem não estou

À manhã que vem
Nem bom-dia eu vou dar
Se chegar alguém
A me pedir um favor
Eu não sei

Tá difícil ser eu
Sem reclamar de tudo
Passa nuvem negra
Larga o dia
E vê se leva o mal
Que me arrasou
Pra que não faça sofrer mais ninguém

Esse amor que é raro
E é preciso
Pra nos levantar
Me derrubou
Não sabe parar de crescer
E doer
Nuvem Negra - Djavan“

E nisto, enquanto trabalhava, a moça pensava em sua vida. Pensava com mais clareza.
Sentia que o trabalho a deixava mais centrada.
Lara deixou o quarto arrumado e perfumado.
Quando Lorena passou pelo lugar, elogiou o capricho da filha.
No dia seguinte a moça pulou da cama. Estava atrasada para enfrentar mais um dia de trabalho.
Levantou-se correndo, tomou um banho rápido, vestiu-se, tomou um café em menos de um
minuto, pegou sua bolsa, e lá se foi.
Foi enfrentar o mundo.
A caminho do trabalho, passou pela Estação da Luz, Praça da Sé – o Marco Zero da Cidade,
Catedral da Sé, Vale do Anhangabaú, Viaduto do Chá, por prédios históricos do Centro de São
Paulo, Rua Líbero Badaró.
Andando pelo metrô, deparou-se com um mar de gente. Pessoas se desviando uma das outras.
Pressa, correria.
Não gostava deste frêmito.
No compasso de seus passos, chegava a ouvir a canção “Sinfonia Paulistana”:
“Fazendo som com as estrelas, ligado no sideral
Por Maria, fez poemas, nas praias do litoral
As ondas contaram ao mar, por isso é que os oceanos
No mundo inteiro cantados, cantarão mais cem mil anos

E o homem entre mar e céu, tem canções por todo lado
Louvado seja Anchieta, pra sempre seja louvado
Navegante tem cantiga, que aprendeu no mar um dia
Qualquer rota que ele siga, se não canta, ele assobia
Cabelos cor da noite, pele de alvorada
Cacique entregou ao branco, a filha amada

Raízes de Brasil, chegaram até aqui
Abençoado o colo dessa mãe antiga
Por 400 anos feitos de cantiga, naquele doce embalo
Da canção Tupi

Na tez de uma paulista em cheiro de floresta
A cor de jambo é a índia, que ninguém contesta
De uma altivez que o Império nunca vira
É a tradição, é a raça, é a nossa origem
As coisas da história de São Paulo exigem
A honra que se faça ao nome de Bartira, Bartira

Era tudo, era o nada rio acima
Que o paulista no peito ia vencer
Pra fazer mais Brasil do que existia
Já um tempo era pouco pra perder

Reunindo oração e despedida na partida da horda triunfal
Caçador da esmeralda perseguida
Foi fazendo a unidade nacional
Bandeiras, monções
Já se dava por glória ao que se ia
Porque mal se sabia se voltava
E a benção levada já servia
De unção para quem por lá ficava

Nas monções quem seguia, na verdade
Já partia cheirando à santidade
Quem não via esmeralda ou não morria
Povoava cidade mais cidade
Bandeiras, monções, São Paulo
Que amanheceu trabalhando

São Paulo, que não sabe adormece
Porque durante a noite, paulista vai pensando
Nas coisas que de dia vai fazer
São Paulo, todo frio quando amanhece
Correndo no seu tanto o que fazer
Na reza do paulista, trabalho é Padre-Nosso
É a prece de quem luta e quer vencer

Bastante italiano, sírio e japonês
Além do africano, índio e português
Tudo isso ao alho e óleo, temperando a raça
Na capital do tempo, tempo é ouro e hora
Quem vive de espera, é juros de mora
Não tem mais-mais nem menos, ou é sim ou não
No máximo se espera pela condução

Nas retas da Rio-São Paulo, chegando, chegando eu vim
Paulista é quem vem e fica plantando, família e chão
Fazendo a terra mais rica, dinheiro e calo na mão
Dinheiro, mola do mundo, que põe a gente na tona
Leva a gente ao fundo
Sim, senhor, sim, senhor, sim, senhor

Faz a paz e a guerra, traz a Lua pra Terra
No mais aumenta a barriga do comendador
Dinheiro, juras e juros, erguendo todos os muros
Pra ele próprio depois, derrubar, derrubar
É a voz que fala mais forte, razão de vida e de morte
Também só compra o que pode comprar

São Paulo, que amanhece trabalhando
Casais entram no elevador
O fino pra curtir um som: ran ran, ren ren, ron ron
A noite é sempre uma criança, é só não deixar crescer
Assim existe esperança, no amanhecer
São coisas da noite, anúncios conhecidos
Que enfeitam a cidade, em movimentos coloridos

Alguém vem do trabalho, do baralho ou do que for
Do La Licorne ao Ceasa, de alguma coisa do amor
Tem sempre mais um, que vem pela calçada
Na bruma que esconde quem sobrou na madrugada
Dei tempo ao tempo, o tempo é que não dá
Tenho que estar pelas sete, no Viaduto do Chá

Olha o Sol, olha o Sol, cadê o Sol? Onde o Sol?
Sumiu, sumiu, sumiu
Quando amanhece, o Sol comparece por obrigação
Nublado, cansado, um Sol de rotina
Se bem ilumina, nem dão atenção
É que o bandeirante não perde o seu tempo
Olhando pro alto, o Sol verdadeiro está no asfalto

Na terra, no homem e na produção
A cor diferente do céu de São Paulo não é da garoa
É véu de fumaça, que passa, que voa
Na guerra paulista das mil chaminés
São Paulo, que amanhece trabalhando

Começou um novo dia, já volta
Quem ia, o tempo é de chegar
Do metrô chego primeiro, se tempo é dinheiro
Melhor, vou faturar
Sempre ligeiro na rua, como quem sabe o que quer
Vai o paulista na sua, para o que der e vier

A cidade não desperta, apenas acerta a sua posição
Porque tudo se repete, são sete
E as sete explode em multidão:
Portas de aço levantam, todos parecem correr
Não correm de, correm para
Para São Paulo crescer

Vão bora, vão bora, olha a hora
Vão bora, vão bora, vão bora, vão borá
Olha a hora, vão bora, vão bora, vão bora

Que o tempo não espera, a vida é derradeira
Quem é vai ser, já era de qualquer maneira
O mundo é do "eu quero"
Quem me der é triste, tristeza basta a guerra
E o adeus no amor
Você onde é que estava quando o tempo andou?

Na terra que não pára, só você parou
Vão bora, vão bora, olha a hora
Vão bora, vão bora, vão bora, vão bora
Olha a hora, vão bora, vão bora, vão bora
O que vale é a versão, pouco interessa o fato
Porque a sensação maior é a do boato

Em coisa de um segundo, noite é madrugada
Notícia ganha o mundo, e a gente não é nada
Você onde é que estava quando o tempo andou?
São Paulo nunca pára, mas você, parou
Vão bora, vão bora, olha a hora
Vão bora, vão bora, vão bora, vão bora
Olha a hora, vão bora, vão bora, vão bora

São Paulo que amanhece trabalhando
Na Praça do Patriarca,
Rua Direita, São Bento
Na Líbero Badaró, no Viaduto do Chá
Lá está aquele moço, que não dá ponto sem nó
Na conversa bem jogada, vai vendendo geladeira
Pra esquimó curtir verão

Papo firme é isso aí, desse dono da calçada
Rei da comunicação
Olhe aqui, dona Teresa, o produto de beleza
Que chegou da Argentina, examina, examina
De brinde pra seu marido
Nova pomada pra calo que resolve a dor de ouvido

Tem Parker 73, compre uma e ganhe três
Nem paga o justo valor, mais outra ali pro doutor
Leve a Lei do Inquilinato, mesmo não sendo inquilino
Morar na lei é um barato, e ele prova à sua maneira
Que um ataque de besteira, faz de um doutor um otário

Cursando numa avenida o vestibular da vida
Para ser bom empresário
Ser do São Paulo, do Corinthians e Palmeiras
É ter o fino em futebol durante o ano
Em tênis, remo, natação, nas domingueiras
Bom é Pinheiros, Tietê ou Paulistano
Com Ademir, com Rivelino no gramado
Com rei Pelé e suas jogadas de veludo

Não pé de graça que São Paulo é chamado
Melhor da América Latina em quase tudo
Pró-esporte, pró-esporte é a solução
Pró-esporte, pró-esporte contra a poluição

Lá por setembro o estudante nos ensina
Aquele esporte pelo esporte que não cede
E o meu Mackenzie, dá um show com a medicina
Na grande guerra que se chama MacMed

No corre-corre mundial estamos nessa
Os Fittipaldi estão aí para dizer
Só em São Paulo que é a terra do depressa
A São Silvestre poderia acontecer
Pró-esporte, pró-esporte é a solução
Pró-esporte, pró-esporte contra a poluição

São Paulo jovem, dos que promovem velocidade
Nos seus cavalos, de roda e ferro, na sua forma de liberdade
O peito agarra, a costa de aço
Que deu garupa na Yamaha, no upa-upa
Feito de abraço e muito amor

São Paulo jovem, na mesma cela
Vão ele e ela, por onde seja
Deus os proteja, pelos caminhos da vida em flor
Tem coisas da Ipiranga, da Itapetininga, até da São João

Às vezes também dá
Puxar o show, o chope, o uísque, boa pinga
E o molho das mulheres que transam por lá
Tem loja, tem butique, tem pizzaria
Boate, restaurante, até casa lotérica

É rua que de nada mais precisaria
Com todo aquele charme do Jardim América
América, Rua Augusta
E agora, já é hora
E ninguém vai embora, embora de lá

Rua Augusta, e agora, já é hora
E ninguém vai embora, embora de lá
Bartira e João Ramalho nunca imaginaram
Que a tanga e a miçanga vinham outra vez

Agora nos diriam vendo que acertaram:
Valeu o nosso amor, pelo amor de vocês
E a moça vai passando, e ninguém vê mais nada
Quando ela vai na dela, é pra machucar
É a paulistana boa, despreocupada
De short ou minissaia, pondo pra quebrar, pra quebrar

Rua Augusta, e agora, já é hora
E ninguém vai embora, embora de lá
Na sinfonia, que é de todos os barulhos

De Santo Amaro, ao Brás, ao Centro, ao ABC
Por Santo André, Vila Maria até Guarulhos
Grande São Paulo, como eu gosto de você

São Paulo, que amanhece trabalhando
São Paulo que não pode amanhecer
Porque durante a noite, paulista vai pensando
Nas coisas que de dia vai fazer.
Sinfonia paulistana - (Billy Blanco)"

Ao ouvir a música, Lara ficava imaginando as pessoas cantando e dançando em todos os cantos
da cidade.
Do Memorial da América Latina, ao Elevado Costa e Silva, ao MASP, Parque Trianon,
Avenida Paulista, Ipiranga, Museu Paulista, Praça do Monumento, Museu de Zoologia, Parque
da Água Branca, Centro Histórico de São Paulo, Morumbi, Cidade Universitária, Avenida Faria
Lima.
Em seus devaneios, a cidade era mais humana, as pessoas mais gentis e solidárias.
Seres humanos menos alienados, readquiriam sua dignidade, dançavam em meio a multidão.
Contudo, era tudo um sonho.
Lara enfim, despertou para sua realidade.
Finalmente chegou na rua onde ficava a empresa onde trabalhava.
Mais tarde, a moça voltou para casa, jantou apressadamente, e dirigiu-se a faculdade.
Depois das aulas, a moça fechou-se em seu quarto.
Colocou sua camisola. Tentou dormir. Em vão.
De madrugada, resolveu ficar na sala. Sentou-se no sofá, e ficou pensando em sua vida.
Recordou-se de uma música que gostava muito. Tanto que começou a cantá-la:
“Dizem que sou louca por pensar assim
Se eu sou muito louca por eu ser feliz
Mas louco é quem me diz
E não é feliz, não é feliz

Se eles são bonitos, sou Alain Delon
Se eles são famosos, sou Napoleão
Mas louco é quem me diz
E não é feliz, não é feliz

Eu juro que é melhor
Não ser o normal
Se eu posso pensar que Deus sou eu

Se eles têm três carros, eu posso voar
Se eles rezam muito, eu já estou no céu
Mas louco é quem me diz
E não é feliz, não é feliz

Eu juro que é melhor
Não ser o normal
Se eu posso pensar que Deus sou eu

Sim sou muito louca, não vou me curar
Já não sou o única que encontrou a paz
Mas louco é quem me diz
E não é feliz, eu sou feliz
Balada Do Louco – Os Mutantes – Composição: Arnaldo Baptista/Rita Lee”

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

quinta-feira, 24 de setembro de 2020

OS SONS QUE A GENTE OUVE – A CANÇÃO NO TEMPO ANOS SESSENTAS – NOS EMBALOS DA GUARDA GUARDA

Capítulo 7

Glória e Sandro, por sua vez, estavam cada vez mais próximos.
Em um de seus primeiros encontros, a moça, querendo impressionar o rapaz, usou um vestido
azul.
Tímida, foi até a praça onde eles iriam se encontrar.
Sandro, já aguardava ansioso a sua presença.
Ao vê-la tão bem vestida, comentou:
- Como está linda!
- Gostou? – perguntou ela mostrando o bonito vestido.
- Muito! – respondeu o rapaz, embevecido.
Nisto, Glória começou a se exibir. Começou a cantar:
“Estava na tristeza que dava dó
Vivia vagamente e andava só
Mas eis que de repente
Me apareceu um brotinho lindo
Que me convenceu...

Dizendo que eu devia
Vestir azul
Que azul é cor do céu
E seu olhar também

Então o seu pedido
Me incentivou...
Vesti Azul!
Minha sorte então mudou
Vesti Azul!
Minha sorte então mudou...

Passei a ser olhada com atenção
E fui agradecer pela opinião
Então senti que o broto
Estava todo mudado
Parecia até
Que estava apaixonado

Então eu fiz charminho
E acrescentei
Só vim aqui saber
Como eu fiquei

E aquele olhar do broto
Me confirmou
Vesti Azul!
Minha sorte então mudou
Vesti Azul!
Minha sorte então mudou...(2x)
Vesti Azul!
Minha sorte então mudou
Vesti Azul!
Minha sorte então mudou...(2x)
Vesti Azul - Composição: Nonato Buzar"

Sandro disse então:
- Lindo vestido!
Glória segurou as mãos do moço.
O casal saiu caminhado pelos arredores.
Avistaram uma casa ampla, com um grande quintal e muitas árvores.
Da rua puderam ver um pé de limão.
Sandro comentou que aquela paisagem lhe fazia lembrar sua infância. Das tardes em que brincava
ao redor das árvores, escala os pés de fruta, e comia frutas embaixo de sua sombra.
Lembrou que em sua casa havia pés de laranja, de limão, e de outras frutas.
Saudoso, o moço cantou:
“Meu limão, meu limoeiro
Meu pé, meu pé de jacarandá
Uma vez eskindolêlê iê iê
Outra vez eskindolálá

Meu limão, meu limoeiro
Meu pé, meu pé de jacarandá
Uma vez eskindolêlê iê iê
Outra vez eskindolálá
La la la la la la la
La la la la la la la la...
Meu Limão, Meu Limoeiro - Wilson Simonal - Composição: folclore”

Glória abraçou o rapaz.
O casal prosseguiu na caminhada.
Mais tarde o moço deixou-a em casa.
Glória estava nas nuvens.
Sandro também parecia contente.
Saiu até assobiando.
Ana por sua vez, quase terminou o namoro com Marcos.
Todavia, em que pese o fato do rapaz haver beijado sua amiga, acreditou que poderia fazê-lo se
apaixonar por ela, e assim, continuou a insistir no erro.
Até que um dia, conforme já mencionado, ela se cansou.
Para a reconciliação de Lorena e Ronaldo, Glória precisou pressionar Marcos.
Auxiliada por Sandro, descobriram que Marcos é quem roubara o beijo.
Ronaldo por sua vez, só se convenceu disto, quando o próprio Marcos confessou-lhe o fato.
Nisto, o moço arrependido, foi ao encontro de Lorena.
Dizendo que havia descoberto a verdade, pediu desculpas a moça.
Lorena perguntou então, como ele havia descoberto a verdade. Afinal de contas, ele não havia
deixado ela explicar-se.
Sem jeito, o moço repetiu a história de Marcos.
A garota percebeu então, que o próprio Marcos havia lhe contado tudo.
Lorena comentou que estava chateada, que esperava mais confiança da parte dele.
Ronaldo insistiu no pedido de desculpas.
Lorena parecia impassível.
O moço foi ficando nervoso.
A moça por fim, depois de um certo suspense, respondeu que sim, que o desculpava.
Nisto, o casal se reconciliou-se.
Mais tarde, o casal resolveu noivar.
Natália e Francisco ficaram muito felizes.
Durante a festa de noivado, o moço cantou para Lorena:
“O meu primeiro amor
Encontrei o meu primeiro amor
O meu primeiro amor
Encontrei o meu primeiro amor

Demorei mas encontrei o meu primeiro amor
Encontrei o meu primeiro amor
Para mim tudo na vida agora tem valor
Tudo na vida agora tem valor
O meu primeiro amor
Encontrei o meu primeiro amor
Que eu tanto quis, enfim
Chegou pra mim, chegou pra mim

Como é bom a gente ter, na vida alguém pra amar
A gente ter na vida alguém pra amar
Tudo agora é tão lindo eu vivo a cantar
É tão lindo eu vivo a cantar

Foi só no primeiro olhar
E eu senti então, senti então
Bateu forte como nunca o meu coração
Encontrei o meu primeiro amor
Encontrei o meu primeiro amor
Meu Primeiro Amor – Renato e Seus Blue Caps”

Lorena ficou encantada com a demonstração de afeto.
Mais tarde, o moço teria uma nova oportunidade de demonstrar sua afeição.
Quando o pai de Lorena faleceu, Ronaldo ficou o tempo todo do lado de Lorena e sua família.
O homem morrera dormindo, enquanto a moça estava no colégio, estudando.
Quando foi informada, ainda na escola, que seu pai falecera, a moça entrou em desespero.
Somente Ronaldo conseguiu consolá-la.
O enterro foi realizado com toda as solenidades decorrentes de sua patente de Capitão de Corveta.
Amigos de Francisco, cantaram “A Valsa da Despedida”:
“Adeus, amor, eu vou partir
Ouço ao longe um clarim
Mas, onde eu for, irei sentir
Os teus passos junto a mim

Estando em luta, estando a sós
Ouvirei a tua voz
A luz que brilha em teu olhar
A certeza me deu
De que ninguém pode afastar
O meu coração do teu

No céu, na terra, aonde for
Viverá o nosso amor
Valsa da Despedida - Compositor: Robert Burns
Versão: Alberto Ribeiro e Braguinha (João de Barro)”

Natália e Lorena choraram copiosamente.
Nara, Laura, Andréa e Francisco – o filho – também sentiram a morte do militar.
Ronaldo cumprimentou Natália, acariciou os cabelos das crianças e abraçou Lorena.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.