CAPÍTULO 16
Porém, no dia seguinte, como já era de se esperar, na hora combinada, lá estava o pajé,
aguardando a aproximação dos índios, para que então, finalmente, pudesse começar a contar suas
novas histórias.
Dessa forma, quando todos os índios da tribo se aproximaram, ele começou a dizer:
-- Aproveitando então, que todos estão reunidos, vou começar contando a ‘Lenda do
Macunaima’:
O Macunaima e não Macunaíma, é uma entidade divina para os macuxis, acavais, arecunas,
taulipangues, indígenas caraíbas.
Além disso, a tradução da Bíblia para o idioma caraíba divulgou Macunaima como
sinônimo de Deus.13
Criador dos animais, vegetais e humanos, Macunaima é gêmeo de Pia, vingadores de sua
mãe, morta pelos tigres, filhos de Konaboáru, a Rã da Chuva, e que mora nas Plêiades.14
Com o passar dos tempos e convergências de tradições orais entre as tribos,
interdependência cultural decorrentes de guerras, viagens, permutas de produtos, Macunaima foise tornando herói, centro de um ciclo etiológico, zoológico.
Personagem essencial de aventuras e episódios reveladores do seu espírito inventivo,
inesgotável de recursos mágicos, criando os homens de cera e depois de barro, esculpindo animais,
transformando os inimigos em pedras, que ainda guardam a forma primitiva.
Tornou-se um misto de astúcia, maldade instintiva e natural, de alegria zombeteira e feliz.
É o herói das histórias populares contadas nos acampamentos e aldeados indígenas,
fazendo rir e pensar, um pouco despido dos atributos de deus olímpico, poderoso e sisudo.15
13 A oeste do “plateau” da serra Roraima e Alto Rio Branco, na Guiana Brasileira. Makonàima Yakwarri otoupu tona
poropohru; o espírito de Deus pairava sobre as águas (Gênese, 1, 2).
14 (Gilberto Antolínez, Hacia el Índio y su Mundo, 170, Caracas, 1946).
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pl%C3%AAiades Plêiades.
15 Theodor Koch-Grunberg, 1872-1924, reuniu a melhor e maior coleção de aventuras de Macunaima nessa fase
popularesca, no Vom Roroima Zum Orinoco (Ergebnisse Einer Rise in Nordbrasilien und Venezuela in den Jahren,
1911-1913), n.º II, Berlin, 1917. Algumas dessas estórias foram traduzidas pelo Dr. Clemente Brandenburger e
publicadas na Revista de Arte e Ciência, n.º 9, março de 1925, Rio de Janeiro (“Lendas Índias da Guiana Brasileira”).
Denominou um romance de Mário de Andrade de Macunaíma. O herói sem nenhum caráter. Rapsódia, São Paulo,
1928.
Texto retirado de artigos da internet sobre o folclore brasileiro, e de guias de viagens sobre o Brasil.
Luciana Celestino dos Santos
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