Poesias

sexta-feira, 19 de junho de 2020

COISAS DO BRASIL PARTE 2 – REGIÕES NORTE E CENTRO OESTE - CAPÍTULO 21

CAPÍTULO 21 

Quanto a Mãe-do-Mato:
“Notei que, nos acampamentos feitos dentro das matas, os trabalhadores, ao se encaminharem para o serviço, desatam as redes ou desarmam as camas, com medo de que a velha Mãe-do-Mato, protetora dos animais fabulosos, venha colocar em cada leito, algum graveto de madeira, como sinal que possa fazer o efeito da morfina, prostando em sono profundo o incauto que ali se deitar, predispondo-o a ser devorado por esses animais”.21 

21 (Ignácio Baptista de Moura, De Belém a São João do Araguaya, Rio de Janeiro, 1910). A viagem é de 1896.

Texto retirado de artigos da internet sobre o folclore brasileiro, e de guias de viagens sobre o Brasil.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.


COISAS DO BRASIL PARTE 2 – REGIÕES NORTE E CENTRO OESTE - CAPÍTULO 20

CAPÍTULO 20 

Depois, o pajé passou a comentar sobre a Mãe-do-Fogo:
É o próprio fogo ou a substância imponderável que o sustenta e dirige, origem do elemento, a mãe, a ci.
Nesta acepção, diz-se no idioma tuoi Tatá-manha, mãe do fogo, ou Sacu-manha, mãe do quente.
É, na população mestiça, sinônimo do Batatá, Batatão, ou Fogo-Fátuo.20

20 (Peregrino Júnior, Histórias da Amazônia, 54, Rio de Janeiro, 1936, que a escreve “Mãe-do-Fogo”). Superstição do Pará.

Texto retirado de artigos da internet sobre o folclore brasileiro, e de guias de viagens sobre o Brasil.

Luciana Celestino dos Santos
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COISAS DO BRASIL PARTE 2 – REGIÕES NORTE E CENTRO OESTE - CAPÍTULO 19

CAPÍTULO 19

Sobre a Mãe-da-Seringueira, o pajé contou:
Fantasma amazônico, protetor da seringa, seringueira (Hevea brasilienses, Muell).
Espécie de caapora:19

“Dizem que o Amazonas
É um lugar arriscado,
Além das feras que tem
É muito mal-assombrado

Tem a mãe-da-seringueira,
Uma visão feiticeira
Que faz o homem azalado.

Quando se vai tirar o leite
Augura o aviso mau
Sai na frente o freguês
A cortar também o pau

Todo leite que tirar
Não dá para um mingau!”

19 (Luís da Câmara Cascudo, Geografia dos Mitos Brasileiros, 433).

Texto retirado de artigos da internet sobre o folclore brasileiro, e de guias de viagens sobre o Brasil.

Luciana Celestino dos Santos
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COISAS DO BRASIL PARTE 2 – REGIÕES NORTE E CENTRO OESTE - CAPÍTULO 18

CAPÍTULO 18 

A seguir, o pajé começou a conta a ‘Lenda da Mãe-da-Peste’:
Para os indígenas todas as coisas, entidades e forças têm origem feminina, uma mãe, a Ci e é natural que as calamidades não escapem à lógica folclórica.
Há indicação da Mãe-da-Peste, em Belém, quando uma epidemia de febre amarela invadira a região.17
“Algumas pessoas contaram que durante várias tardes sucessivas, antes de irromper a febre, a atmosfera era densa, e que um escuro nevoeiro, acompanhado de forte bodum (mau cheiro), que ia de rua em rua.
Este vapor inútil, procura dissuadi-los da convicção de que ele fosse precursor da pestilência”.18

17 Henry Walter Bates ainda encontrou, na cidade de Belém, em 1851, referências a esta entidade.
18 O Naturalista no Rio Amazonas, 1.º, 371, S. Paulo, 1944.

Texto retirado de artigos da internet sobre o folclore brasileiro, e de guias de viagens sobre o Brasil.

Luciana Celestino dos Santos
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COISAS DO BRASIL PARTE 2 – REGIÕES NORTE E CENTRO OESTE - CAPÍTULO 17

CAPÍTULO 17 

Após esta breve narrativa, o pajé passou a contar sobre a Mãe Lua.
Mãe-da-Lua/ Urutau/ Jurutau (Caprimulgidae), é uma ave noturna.
Seu canto melancólico e estranho, lembrando uma gargalhada de dor, cercou-a de misterioso prestígio assombrador.
Está rodeada de lendas superstições, espavorindo a gente do campo, personalizando fantasmas e visagens pavorosas.
Só quem haja ouvido o grito da mãe-da-lua, pode medir a impressão sinistra e desesperada, que ele provoca durante a noite.
A jurutauí, um pouco menor, mas também chamada mãe-da-lua (Nyctibius jamaicensis), tem aplicação curiosa contra a sedução sexual.
“A pele da ave noctívaga jurutauí preserva as donzelas das seduções e faltas desonestas.
Conta-se que antigamente matavam para isso uma destas aves e tiravam a pele que, seca ao sol, servia para nela assentarem as filhas, justamente nos três primeiros dias do início da puberdade.
Parece que esta posição era guardada por três dias, durante os quais as matronas da família vinham saudar a moça, aconselhando-a a ser honesta.
No fim desses dias, a donzela saía curada, isto é, invulnerável à tentação das paixões desonestas, a que seu temperamento, destarte modificado pudesse atrair.16
A guarani Nheambiú transformou-se em urutau por ter morrido seu amado Quimbae.
Noutra lenda (do Rio Araguaia, entre os carajás) Imaeró se mudou nessa ave, porque Taina-Can (estrela-d’alva) preferiu sua irmã Denaquê para esposa.

16 José Veríssimo registrou: Cenas da Vida Amazônica, 62, Lisboa, 1886. Veríssimo adianta que esse cerimonial fora abolido e que se limitada a varrer as penas de urutauí ou jurutauí.

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Luciana Celestino dos Santos
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COISAS DO BRASIL PARTE 2 – REGIÕES NORTE E CENTRO OESTE - CAPÍTULO 16

CAPÍTULO 16

 Porém, no dia seguinte, como já era de se esperar, na hora combinada, lá estava o pajé, aguardando a aproximação dos índios, para que então, finalmente, pudesse começar a contar suas novas histórias.
Dessa forma, quando todos os índios da tribo se aproximaram, ele começou a dizer:
-- Aproveitando então, que todos estão reunidos, vou começar contando a ‘Lenda do Macunaima’:
O Macunaima e não Macunaíma, é uma entidade divina para os macuxis, acavais, arecunas, taulipangues, indígenas caraíbas.
Além disso, a tradução da Bíblia para o idioma caraíba divulgou Macunaima como sinônimo de Deus.13
Criador dos animais, vegetais e humanos, Macunaima é gêmeo de Pia, vingadores de sua mãe, morta pelos tigres, filhos de Konaboáru, a Rã da Chuva, e que mora nas Plêiades.14
Com o passar dos tempos e convergências de tradições orais entre as tribos, interdependência cultural decorrentes de guerras, viagens, permutas de produtos, Macunaima foise tornando herói, centro de um ciclo etiológico, zoológico.
Personagem essencial de aventuras e episódios reveladores do seu espírito inventivo, inesgotável de recursos mágicos, criando os homens de cera e depois de barro, esculpindo animais, transformando os inimigos em pedras, que ainda guardam a forma primitiva.
Tornou-se um misto de astúcia, maldade instintiva e natural, de alegria zombeteira e feliz.
É o herói das histórias populares contadas nos acampamentos e aldeados indígenas, fazendo rir e pensar, um pouco despido dos atributos de deus olímpico, poderoso e sisudo.15

13 A oeste do “plateau” da serra Roraima e Alto Rio Branco, na Guiana Brasileira. Makonàima Yakwarri otoupu tona poropohru; o espírito de Deus pairava sobre as águas (Gênese, 1, 2).
14 (Gilberto Antolínez, Hacia el Índio y su Mundo, 170, Caracas, 1946).
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pl%C3%AAiades Plêiades.
15 Theodor Koch-Grunberg, 1872-1924, reuniu a melhor e maior coleção de aventuras de Macunaima nessa fase popularesca, no Vom Roroima Zum Orinoco (Ergebnisse Einer Rise in Nordbrasilien und Venezuela in den Jahren, 1911-1913), n.º II, Berlin, 1917. Algumas dessas estórias foram traduzidas pelo Dr. Clemente Brandenburger e publicadas na Revista de Arte e Ciência, n.º 9, março de 1925, Rio de Janeiro (“Lendas Índias da Guiana Brasileira”). Denominou um romance de Mário de Andrade de Macunaíma. O herói sem nenhum caráter. Rapsódia, São Paulo, 1928.

Texto retirado de artigos da internet sobre o folclore brasileiro, e de guias de viagens sobre o Brasil.

Luciana Celestino dos Santos
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COISAS DO BRASIL PARTE 2 – REGIÕES NORTE E CENTRO OESTE - CAPÍTULO 15

CAPÍTULO 15 

Ao ouvirem isso, os curumins ficaram desapontados.
Isso por que, apesar do adiantado das horas, as crianças ficaram tão fascinadas com as lendas e histórias contadas pelo pajé, que não faziam questão nenhuma de irem dormir.
Aliás, foi por conta da curiosidade e extremo interesse das crianças em conhecer as lendas e costumes indígenas, que o pajé se estendeu, contando suas histórias.
Os curumins, sequiosos por conhecerem as lendas e mistérios dos índios, insistentemente pediam-lhe para contar mais e mais histórias, e ele, enlevado pelo interesse das crianças, acabou se estendendo.
Porém, já era tarde e todos tinham que dormir.
Diante, disso, argumento nenhum, convenceria o pajé a mudar de idéia.
Afinal, já era muito tarde.

Texto retirado de artigos da internet sobre o folclore brasileiro, e de guias de viagens sobre o Brasil.

Luciana Celestino dos Santos
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