Poesias

sábado, 23 de maio de 2020

COISAS DO BRASIL - PARTE 1 – A REGIÃO NORDESTE CAPÍTULO 17

CAPÍTULO 17

Quanto ao Mingusoto, no folclore da Paraíba trata-se de um fantasma aterrador, habitando a capital do Estado.
Mingusoto é informe e aterrador.
É uma espécie crescida do alma-de-gato, que amedronta as crianças.
Mingusoto, infixo, desmarcado em sua influência, é infinito nas manifestações que o pavor multiplica.
Dizem-no senhor dos elementos, águas vivas dos rios, águas mortas das lagoas e barreiros.
Fantasma poderoso, que domina os lençóis subterrâneos, gemendo no silêncio das noites, dá-se ao sestro de abrir as igrejas, organizando mudas, enormes e lentas procissões noturnas, que se desenrolam com o cerimonial terrível das aparições coletivas, populares na Idade Média.
Essas procissões, que surgem e desaparecem, com suas bandeiras, pálios, irmandades coguladas, fiéis, confundindo-se na treva.9
O Mingusoto, além desses hábitos de assombração cristã e litúrgica, materializa-se no leão de bronze ou no galo de ferro, que coroam as torres de São Bento e de São Francisco em João Pessoa, igrejas apontadas como residenciais.
Também o descrevem vivendo nas praias da Camboinha ou de Tambau.
Curiosamente, o abantesma ainda não escolheu corpo definitivo para visitas sistemáticas. “Interessante que não se conhece a sua forma exata de gente.
Nem mesmo se desconfia dela.
Pelo nome é que se conclui parecer mais de homem que de mulher.
Domina as matas, o mar e os rios.
“É dono dos elementos”.10
Mas não há registro de atividade característica do Mingusoto.
“Nada exige, mas amedronta.”
É um medo, com as prerrogativas clássicas da indecisão antropomórfica, com vasto prestígio indeterminado.”11

9 Vêm da Europa, e não há figura legendária que não as tenha visto Sevilha, Roma ou Heidelnerg. O doutor Fausto, Dom Juan e o violinista Paganini deram depoimentos.
10 Informa Ademar Vidal.
11 (Geografia dos Mitos Brasileiros, 442-443). Em Portugal, o medo ou miedo, aparece como um “home alto, bestido de branco,” como Leite de Vasconcelos registrou em Miranda.

DICIONÁRIO:
infixo - adjetivo - que não é fixo, inseguro, instável.
co·gu·lar - (cogulo + -ar) - verbo transitivo - 1. Encher a medida com quanto cabe acima das suas bordas. 2. Carregar excessivamente. "cogular", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2020, https://dicionario.priberam.org/cogular [consultado em 23-05-2020].
pálio - substantivo masculino - 1. ANTIGO manto amplo, capa. 2. ornamento litúrgico que consiste numa faixa de lã branca adornada com cruzes negras, us. em torno do pescoço pelos arcebispos, em cerimônias pontificais.
abantesma - substantivo de dois gêneros - 1. alma do outro mundo, fantasma, espectro; aparição terrificante. 2. FIGURADO (SENTIDO)•FIGURADAMENTE - indivíduo ou coisa que causa susto ou que, por seu aspecto, é desagradável ou mesmo repugnante.

Texto retirado de artigos da internet sobre o folclore brasileiro, e de guias de viagens sobre o Brasil. 

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte. 

COISAS DO BRASIL - PARTE 1 – A REGIÃO NORDESTE CAPÍTULO 16

CAPÍTULO 16 

Ao falar sobre o Lago Encantado de Grongonzo, começou dizendo que, o Morro do Grongonzo fica no município de São Bento, Pernambuco, a sudoeste da sede municipal.
É um morro arredondado.
A lenda diz ali encontrar-se, às vezes, um grande lago, que desaparecia depois, sem deixar vestígios. Quem o viu, não verá duas vezes.
Não é possível a mesma pessoa vê-lo duas vezes na vida.
Isso por que, há no lago encantado de Grongonzo, grandes riquezas escondidas, tesouros ocultos, cabedais fabulosos.

Significado de Cabedal - substantivo masculino Acumulação de coisas de valor; capital; bens, riqueza, dinheiro. [Figurado] Bens intelectuais e morais que se adquire pela prática ou pelo conhecimento; saber, talento, competência.

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Luciana Celestino dos Santos 
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COISAS DO BRASIL - PARTE 1 – A REGIÃO NORDESTE CAPÍTULO 15

CAPÍTULO 15

 Após, passou a contar a história de João Galafuz.
Nome com que a superstição popular, designava uma espécie de duende, que diz aparecer em certas noites, emergindo das ondas ou surgindo dos cabeços de pedras submersas, como um facho luminoso e multicor, prenúncio de tempestade e naufrágios.
Essa crença, dominante entre os pescadores e homens do mar do norte do Estado de Pernambuco, e principalmente de Itamaracá, dizia-se duende marinho e que era a alma penada de um caboclo, que morreu pagão, acaso conhecido por João Galafuz.
A superstição tem curso também em outros Estados, nomeadamente em Sergipe, com o nome de Jean de la Foice.

Texto retirado de artigos da internet sobre o folclore brasileiro, e de guias de viagens sobre o Brasil. 

Luciana Celestino dos Santos
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COISAS DO BRASIL - PARTE 1 – A REGIÃO NORDESTE CAPÍTULO 14

CAPÍTULO 14 

Na lenda do Porco Preto, o pescador fez questão de dizer que era uma superstição do Paraná, Campo Largo.
Lá há aparição, extremamente temida - o porco preto.
Ninguém sai de casa em noite escura, que não o encontre na estrada.
Enorme, ataca as pessoas e os animais.
Nem pau, nem pedra, nem bala o atingem.
Corre atrás das pessoas, e só desaparece quando entra na vila.7

7 (Marisa Lira, Migalhas Folclóricas, 84, ed. Laemmert, Rio de Janeiro, 1951). Comum na França, Provença, em Portugal. Dicionário do Folclore Brasileiro - Câmara Cascudo, Rio de Janeiro: Ediouro Publicações S.A. sem data.

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Luciana Celestino dos Santos
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COISAS DO BRASIL - PARTE 1 – A REGIÃO NORDESTE CAPÍTULO 13

CAPÍTULO 13 

Quando o pescador então, contou sobre o mito da Mãe-do-Ouro, e tratou de salientar que era uma narrativa, inicialmente meteorológica, ligada aos protomitos ígneos, posteriormente ao ciclo do ouro.
-- “Mulher sem cabeça, que habita debaixo da serra do Itupava, entre Morretes e Antonina, província do Paraná.
Tem a seu cargo guardar as minas de ouro.
Onde ela está, é prova evidente de que há ouro, e por isso tomou o nome.
Porém, há poucas pessoas da localidade que afirmam tê-la visto.”6
Na região do São Francisco é a zelação, estrela cadente, serpente-mãe-do-ouro, encantada.
Em São Paulo não há forma, mora nas grotas, persegue homens, e estes preferidos deixam a família, seduzidos como por uma sereia; citam-na como uma bola de fogo de ouro.
No Rio Grande do Sul é informe, agindo com trovões, fogo, vento, dando o rumo da mudança.
Noutra versão, a mãe-do-ouro passeia luminosa, pelos ares, mas vive debaixo d’água, num palácio.
Todas essas variações, e o conhecimento do pescador acerca dessas aparições, se deve ao fato de o mesmo, antes de ter aportado naquelas terras, conhecer muitos lugares distantes.
Além disso, como bom prosador, sabia como poucos, conduzir uma narrativa.
Por essas e por outras razões, as crianças ficavam por horas, ouvindo suas histórias.
Ouvi-lo era como se também tivessem vivido todas aquelas aventuras.
Era como se também conhecessem um pouco do Brasil.
E assim, o pescador, percebendo o fascínio crescente das crianças por suas histórias, continuou a contar mais e mais lendas.

6 Os registros subseqüentes indicam sua transformação. Vale Cabral.

Texto retirado de artigos da internet sobre o folclore brasileiro, e de guias de viagens sobre o Brasil. 

Luciana Celestino dos Santos
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COISAS DO BRASIL - PARTE 1 – A REGIÃO NORDESTE CAPÍTULO 12

CAPÍTULO 12 

Nisso, o pescador, ao contar sobre a lenda do Guajara, falou que se tratava de um duende de Almofala, município de Acaraú, Ceará.
Manifesta-se nas noites de inverno, raras vezes nos dias de verão, imitando vozes de animais, ruídos de caçador, pescador, colhedor de mel de abelhas, fingindo cortar árvores, assombrando os viajantes que passam perto do seu mangue e mesmo surgindo, como um pato, nas residências próximas, perturbando a tranqüilidade normal.
A tradição comum fá-lo invisível, determinando o pavor pela diversidade da simulação.
Açoita os cães, que podem sucumbir depois do suplício.
Grita, acompanha o viandante.
Chamam-no também Guari e Pajé do Rio.

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Luciana Celestino dos Santos
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quarta-feira, 20 de maio de 2020

COISAS DO BRASIL PARTE 1 – A REGIÃO NORDESTE CAPÍTULO 11

CAPÍTULO 11

 E assim, o articulado pescador, ao terminar de contar a lenda da Flor do Mato, passou a contar a lenda do Gritador.
Duende do vale de São Francisco, “O Gritador” era também conhecido como “Zé Capiongo”, e vivia gritando dentro da noite.
Conta-se que ele é a alma de um vaqueiro que, desrespeitando a Sexta-Feira da Paixão, saiu a campear e nunca mais voltou.
Sumiu misteriosamente com o cavalo, o cachorro e a rês que campeava.
Virou assombração.
Hoje vive gritando no mato, aboiando uma boiada invisível como ele.
É o Gritador.
Embora os seus gritos sejam mais ouvidos durante a noite, o Gritador não tem hora para gritar.
Dizem que até ao meio-dia ele clama no meio do mato, assombrando os vivos, assustando os bichos.
Nas noites de sexta-feira, além do seu aboio triste, são ouvidos o rumor dos cascos do seu cavalo e o ladrar do seu cachorro.
As crianças ficaram espantadas.

DICIONÁRIO: aboio - canto dolente e monótono, ger. sem palavras, com que os vaqueiros guiam as boiadas ou chamam as reses; aboiado.

Texto retirado de artigos da internet sobre o folclore brasileiro, e de guias de viagens sobre o Brasil. 

Luciana Celestino dos Santos
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