Poesias

terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

Fragmentos


Férias I

Neste instante recordo me de antigas férias que tivemos.
Sempre conhecendo ou revisitando as praias.
Conhecemos Ilha Bela, no litoral de São Paulo, quando então fizemos vários passeios de balsa pela região.
Infelizmente, não tivemos a fortuna de conhecermos as várias cachoeiras que fazem parte de sua natureza, e que segundo fontes, são mais de trezentas.
Também dizem que existem propriedades rurais na ilha, além de pousadas, belas praias em seu lado mais escondido, além de casas para alugar na época de temporada.
Do lado mais visitado da ilha, as praias não são tão vistosas.
A maioria está repleta de algas marinhas, em conseqüência do grande número de iates e veleiros que resolvem ficar neste lugar.
Mas independente disto é um belo lugar, onde existem ótimas construções, tanto para serem alugadas para os veranistas, quanto para morada dos ilhéus.
Alguns provavelmente, só vão para lá em época de temporada.
Mas também deve haver moradores fixos nessas paragens...


Férias II

Prosseguindo-se o passeio, paramos então em outra ilha, pagamos um ingresso e juntamo-nos a um guia de turismo e passamos a conhecer com detalhes a história do lugar.
Aquela ilha fora um forte.
Em tempo de guerra, canhões protegiam a ilha.
O guia ironizou dizendo que os canhões não protegiam a ilha.
Dado o alcance dos tiros, não havia como atingirem embarcações a grande distância.
Ademais, o guia disse que existia um árvore para o enforcamento, entre outras coisas curiosas.
Nessa ilha haviam várias construções, uma delas era o Forte, outra era a prisão.
Além de haver uma escadaria que levava até essas construções, havia ainda um túnel, que o guia afirmava que quem o atravessava mudava de sexo...


Tu Te Tornas Eternamente Responsável Por Aquilo Que Cativas

Dizem que muitas coisas pelas quais passamos durante a vida nos servem de ensinamento ou de preparação para as dificuldades futuras.
A todo momento na vida fazemos escolhas.
Muitas coisas na vida acontecem sem que possamos compreender o significado.
Mas como dizem, tudo na vida passa, e que na vida as agruras e os sofrimentos são inevitáveis.
Não é possível viver sem que haja algum obstáculo a ser transposto, alguma dificuldade a ser superada.
Muitas vezes as dificuldades são inevitáveis, embora o viver seja belo...


Festa da Ressurreição

• Consoante o que está exposto nas Escrituras Sagradas, a Paixão e Morte de Cristo coincidiu com a festa em que os judeus comemoravam a libertação do cativeiro egípcio, e com isso, vários costumes e símbolos daquela festa passaram a fazer parte dessa festa cristã.
A origem do nome Páscoa, vem do equivalente hebreu Pesah.
Entre os saxões, o nome indica uma associação com o Eostur-monath, mês de abril, data em que se comemorava a morte do inverno e a recuperação da vida, portanto culto intimamente ligado a Ressurreição.
Páscoa, tradição que deriva de várias tradições, sendo a cristã, celebrando a ressurreição de Cristo, a mais conhecida.
Na Páscoa, os cristãos celebram a ressurreição de Jesus, o Cristo, ocorrida três dias após a sua crucificação.

• Com relação a alguns rituais, os teutônicos são provavelmente responsáveis por certos costumes populares encontrando fortes raízes nos festivais que os antigos povos germânicos e do Norte da Europa faziam para celebrar a chegada da Primavera.
Ostara ou Eostre, é a deusa teutónica da Primavera, geralmente representada envolta em flores e acompanhada de coelhos e ovos.
Deusa da renovação, da alegria e do regresso da fertilidade à natureza, é marcada por este equinócio.
As  línguas germânicas e de outras raízes, evidenciam a ligação da celebração à deusa Ostara: em inglês, Páscoa diz-se “Easter”, em alemão “Ostern”.
A própria palavra Ostara significa algo como “luz crescente” ou “luz que se eleva”, sendo por isso conhecida como “deusa do amanhecer” e “deusa da Aurora”.

• Com isto, oferecem-se ovos de galinha pintados de diversas cores a familiares e amigos, para lhes desejar bênçãos e prosperidade na nova estação.
Ás vezes, também se enterraram ovos nas terras de cultivo, para boas colheitas.
Com efeito, o costume de oferecer ovos pintados é antigo, ocorrendo em diferentes datas, acreditando que o costume advenha da Grécia, e do Egito.
Ovos, símbolo da Ressurreição, e que após foram substituídos por ovos de chocolate.
E os coelhos representando a fertilidade, a prosperidade...

Feliz Páscoa.


Lumen Iures

Para começar, ontem quando eu estava relendo algumas matérias de uma revista antiga, que possuía guardada entre meus pertences, ocorreu-me a idéia de possuir um diário.
No entanto, nunca tive disciplina para manter um “recuerdo”, tão precioso quanto este.
Sempre fui muito indisciplinada.
Tudo começava com um grande entusiasmo e depois se esmorecia como se fora brisa.
Mas agora, quero novamente tentar.
Prometo que me dedicarei mais aos meus escritos, há muito abandonados.
Yo creo que seras bueno para mi.
Ademais, mal não me fará.
Sempre quis ter um diário e sempre admirei quem tinha disciplina para fazê-lo.
Mas eu mesma nunca consegui realizá-lo...

* Anos depois, eu consegui redigir alguns diários, mas também após alguns anos, a prática foi novamente interrompida.

Luciana Celestino do Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

Quando o Ano Novo vier

Cantarolando a sublime canção
Por onde andará o espírito da paz?
Sorrateiro, dedilha em verso e prosa
As alegrias de todos os tempos, todas as datas

Remontando a antigos templos
Tão longínquos e afastados no tempo
Que de eqüidistantes formam o círculo da vida
Nos trazendo a lembrança
Dos festejos e comemorações

A tudo fora dado começo
No momento em que
Se sobrepondo a certas comemorações pagãs
Ocorrera o nascimento do filho muito amado
O Filho de Deus
Que queria modificar o mundo

Assim...
Os outrora tão férteis festejos pagãos
Foram se despedindo de nossos calendários

As Saturnálias, em honra ao deus Saturno
Personificando a divindade, o tempo
Medida incomensurável da eternidade
As festas datadas do Antigo Império
Por certo tempo o deleite dos cidadãos de Roma
Grande Império formado
Tudo por conta da sanha conquistadora dos latinos

Despedida das honrarias do deus Sol
Festa mitraica, oriunda da religião persa
Em comemoração ao “Natalis Invict Solis”
O nascimento do vitorioso Sol
Festividade decorrente do solstício do inverno

Época em que o sol
Em virtude de se afastar de sua direção
Passa por uma maior declinação austral
Onde tudo cessa de se distanciar
Aproximando do Equador

As crendices dos celtas e outros povos bárbaros
Os cultos solares dos celtas e dos germanos
Que ofereceram em sacrifício
Suas pagãs comemorações

Por isso...
Por virtude do inverno do hemisfério norte
Em decorrência das noites longas e frias
Onde outrora eram ofertados os sacrifícios propriciatórios
Clamando o retorno da luz que os abandonara

Em resposta a tal temor
Que sempre pairou sobre os homens
É que se fora dado ensejo a celebrações pagãs
E, após, tudo foi afastado
Em virtude do surgimento do Cristianismo
Onde se pregava o nascimento de um messias

Quando o tão anunciado salvador nasceu
E sacrificou-se por nós
Fora criada uma data para celebrar seu nascimento

Em honra a tal fato
O Natal é comemorado em dezembro
Representando o nascimento de Jesus
A verdadeira Luz do mundo
Natal...

Frente a isso foram criadas alegorias
Como a árvore de Natal
De origem germânica,
Criada no tempo de São Bonifácio
Adotada para substituir os sacrifícios
Ao carvalho sagrado de Odin
Adotando-se uma árvore
Em honra ao Deus – menino

O presépio criado no século XIII por São Francisco de Assis
Representa a trajetória da família sagrada
Quando ao nascer do menino Jesus
Que tão pobre veio para ser a riqueza do mundo
Mas o ponto alto das festas natalinas
É a missa do galo, celebrada a meia-noite
Onde se comemora o nascimento de Cristo

O costume de se celebrar o Natal
Está enraizado em nossa cultura
Só que nem todos os povos o cultuam
No mais...

Agora é só esperar o brilho das árvores natalinas
O piscar de luzes coloridas enfeitando
Iluminando a cidade
Trazendo-nos o doce clima da felicidade
Pairando sobre as cidades
Nesses dias de luzes e cores piscantes
Coroando o Natal até chegar o Ano Novo
Que virá dando início a uma Nova Era
Ultimando...

Por fim a brisa
Que suave toca o Monte das Oliveiras
Onde Cristo fizera seu último sermão
Sendo depois imolado em sacrifício a nós
Vindo a morrer pregado na cruz

Esta mesma brisa que suave beija as frontes
Ela mesma que passa por nós
E nos traz a graça de vivermos um mundo melhor
Aqui se despede o espírito da paz
Que sorrateiro brincava conosco
Que trazendo-nos o tempo em suas idas e vindas
Nos fez coroados com sua lembrança

Assim, nada mais tenho a dizer
A não ser somente
Dar os meus votos de felicitações
A todos um Feliz Natal e um próspero Ano Novo!

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

Natalício

• Felicitas.
Comemorações de uma data.
Neste dia de Natal, momento em que um ser divinal, tornou-se em forma humana, uma pessoa simples, tendo por berço uma simples manjedoura, num frio estábulo, no meio de outros animais.
Guiados pela estrela de Davi, os três reis magos seguiram os rastros de seu facho de luz, que lhes indicava o caminho.
Desses homens Jesus recebeu presentes: ouro, incenso e mirra.
Mas nada disso se precisava, somente a alegria de se saber no meio de nós deveria bastar.
• Momento de espera em que os hebreus, nas galés do desprezo e da servidão, clamavam por um salvador que lhes tirassem deste desterro e os libertassem.
Moisés, guiou-lhes por longos desertos, a Terra Prometida, mas havia ainda outros esperavam por um salvador.
• Um longo momento se fez esperar.
Mas um dia.
Um dia.
Ele veio até nós.
Nasceu em meio a pobreza e veio espalhar riqueza, bela lição de amor veio nos ensinar.
Agora, aproveito o ensejo de sua lição de amor e lhe desejo um feliz e pródigo Natal, completo e cheio de belas recordações.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

Máscara Negra

“Confete, pedacinho colorido de saudade, ahh...
Confete, confesso, confesso que chorei...”

Nos salões de outrora, salões onde as festas de carnaval aconteciam muito animadas e alegres...
Nesse ambiente se encontraram pela primeira vez, um pierrot e uma colombina.
Colombina esta, que de tão airosa, parecia iluminar o ambiente com sua leveza, com seus passos delicados, seus gestos contidos.
Tudo faria com que ela passasse discretamente pelo salão, mas não foi assim que o destino quis para ela.
Quis o destino malvado que o pierrot se encontrasse com a delicada colombina, e ao se deparar com aquelas formas delicadas escondidas dentro da fantasia dela, se aproximar da pequena e travar um pequeno colóquio.
Como se vê, estão sendo utilizadas, velhas expressões da época.
Mas voltemos ao principal.
O pierrot logo se encantou com a timidez da moça, que, ao perceber a aproximação, logo quis fugir, e se corou ao ouvir galanteios do jovem pierrot apaixonado.
Apaixonado sim, pois logo que vira a moça se enamorou dela.
Quem ousa não acreditar?
Dançaram longa e fartamente, apesar da resistência da moça em dançar com um desconhecido, longe dos olhos da família, que por certo estaria por aí.
A moça em suas formas finas, parecia um bibelô delicado perto da opulência do rapaz, que parecia meio desajeitado com sua roupa de arlequim toda espalhafatosa e larga.
Sentiu-se até meio constrangido de apresentar sua triste figura com uma lágrima maquiada no canto do rosto para a moça, que agora parecia menos constrangida com os galanteios do rapaz, chegando até a rir de suas piadas.
E o sorriso da moça era lindo.
O pierrot, digo, o jovem rapaz, seria capaz de se perder no meio daquele sorriso.
A festa correu toda a madrugada, mas a moça teve de voltar logo depois da meia noite para casa.
E o rapaz ficou só, no meio da multidão.
Na confusão em que se encontravam, esqueceram-se na incontida alegria das danças, e acabaram não se apresentando.
Na hora de se despedirem, o pai abruptamente puxou a moça pelo braço e a levou para fora do salão.
O rapaz se perdeu da moça.
Procurou a pequena por todo o salão mas não a encontrou mais.
Voltou muito tarde para a casa, visivelmente desolado.
Que decepção!
A festa daquele carnaval fora especial para ele, que nunca mais se esquecera do rosto suave da colombina.
Durante longo tempo procurou pela moça, magoado que estava, para lhe pedir explicações pelo seu sumiço.
Seus amigos pediram para que tirasse essa idéia obsessiva da cabeça.
Nunca mais iria vê-la, diziam.
Conjecturava, pensava.
Por que ela sumiu?
Por que a pequena desapareceu de forma tão peremptória do salão?
Será que ela não quis saber de mim?
Procurou-a, procurou-a e nunca mais a encontrou...
Até que, novamente o carnaval chegou.
Que tristes lembranças para um pobre pierrot levar junto consigo, para qualquer festa que for.
O rosto da colombina estava para sempre guardado em suas lembranças.
Saiu para festejar o carnaval.
Qual o quê?
Estava triste demais para comemorar o que quer que fosse.
É verdade, estava o nosso jovem pierrot na maior fossa.
Mas mesmo a contragosto se dirigiu ao salão de suas lembranças tristes de carnaval.
No fundo de seu coração, acreditava que iria encontrá-la no mesmo salão, embora não tivesse tantas esperanças de que tal milagre acontecesse.
Entregou-se a solidão e pôs-se a chorar, bem no meio da multidão.
Queria se entregar a tristeza e conseguiu.
Embebedou-se fartamente.
Mas qual não foi sua surpresa ao se deparar novamente com os desígnios do destino malvado, novamente a brincar com ele.
A moça que tanto procurou, estava no meio da multidão, alegremente brincando com um dos rapazes fantasiados de palhaço.
Mas ela não o vira.
Logo que avistou a moça, novamente vestida de colombina correu para abraçá-la e lhe envolver num afago.
Pediu quase chorando que ela o abraçasse, no que ela recuou.
O pierrot novamente se aproximou e disse que iria beijá-la mesmo que ela não quisesse, e até pediu desculpas por sua ousadia.
Mas sem medo, assim o fez...

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

Manha

A vida é rica em seus detalhes.
E os elementos que a vida traz em seu mister enriquece-nos de momentos felizes.
Ora, para que existe a natureza senão para contemplarmos, embevecidos, a sua beleza?
É claro que ela também atende aos nossos propósitos nos beneficiando com suas maravilhas.
Mas aqui, eu estou falando do propósito contemplativo da natureza, que nos evoca a pureza do ser em seu estado mais primal.
Toda essa beleza serve somente para enriquecer nossas recordações.
Exemplo da evocação da natureza se faz presente através da figura do mar.
“O mar, suave lembrança da primavera distante.
Lembrei-me de seu perfume exalando por todos os seus recantos peculiares.
A areia fina a beijar os pés de quem ousa por cima dela passar.
Caminhada.
Sinto deslizar meus pés ao som murmurante do marulhar das águas que agitam o mar.
Ao fim do horizonte, um morro verdejante se eleva sobre as águas.
O sol, então, repousa seu dorso triste sobre as águas.
Vem de longe com sua luz para mergulhar voluptuosamente, em tão temperadas águas.
Para explicar tal milagre, reza a lenda, que o sol a todo instante, trava uma luta descomunal para vir iluminar nossa vida e se elevar sobre nós, com seus fulgurantes raios.
Combate este, onde sempre por sua força e sagacidade, se sobrepuja aos desafios do oceano e se mostra soberano, ao vencê-lo tão habilmente.
O Sol, astro-rei, o príncipe do universo que nos volteia com sua claridade, pelos lugares onde passamos.
Traz-nos a lembrança de um eterno reviver, a vida que recomeça a todo instante nos turbilhonando para o intangível, o inexplorável, o inatingível.
Para o que não podemos alcançar com as nossas próprias mãos, para o que apesar de estar tão perto, permanece tão longe de nós.
Ó, insondável mistério.”
Mas, o que é a luz, o que é o mar senão um pedaço de vida num universo tão grandioso, um fragmento de sua grandeza, um pedaço de seu mistério?
Tudo isso somente para lembrar que você, assim como todas as outras mães, também fazem parte da beleza da vida, que é preciosa em seus detalhes, e que como os mesmos, nos tira da triste chateação, da mesmice das velhas paisagens a que estamos habituados.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

DAS VOLTAS DO MUNDO - CAPÍTULO 11

No dia seguinte, como fazia sempre, levantou-se cedo e foi direto para a escola.
Lá, antes de ir para a sala do primeiro ano ministrar sua aula, foi conversar com seus colegas professores.
Na sala dos professores comentou que estava adorando lecionar na escola, onde anos antes, havia sido aluno.
Ao ouvirem isso, os professores se admiraram.
Afinal o jovem já havia freqüentado os bancos daquela escola?
Curiosos, chegaram até a perguntar se o rapaz foi aluno de algum deles.
Fábio então pensou um pouco e respondeu:
-- Olha ... que eu me lembre, não. Mas Seu Rubens, chegou a ser meu professor quando eu estudei aqui.
-- Quando foi isso? – um dos professores perguntou.
-- Eu acho que foi a uns cinco anos atrás.
Nisso um dos professores ao lembrar-se de uma conversa que tivera com Seu Rubens, perguntou:
-- É verdade que seu pai, também já foi professor nessa escola?
-- Sim. Há muito tempo atrás. – respondeu secamente o rapaz.
Isso tudo por que não gostava de tocar nesse assunto.
Por ter sentido muito a morte do pai, não gostava de falar sobre isso.
E assim, por não gostar da lembrança, se aborrecia com o assunto.
Com isso, desculpou-se com os professores, e aproveitando que tinha que dar uma aula, saiu da sala e caminhou em direção a sala do primeiro ano.
Ao entrar na classe, cumprimentou os alunos, e sem mais delongas, iniciou a aula.
Continuando a tratar da Idade Média, aproveitou a aula para sanar as dúvidas dos alunos, a respeito da matéria.
Depois, ao término da aula como já era de se esperar, foi logo abordado pelas alunas, que insistiam em se aproximar, e fazer perguntas sobre a matéria dada.
Como ainda tinha aulas para ministrar, Fábio desculpou-se com as garotas, e disse-lhes que ao final das aulas que se elas quisessem, poderiam procurá-lo na sala dos professores, pois no momento, ele tinha que ministrar aulas em outras classes.
Diante disso, saiu da sala e logo em seguida começou a ministrar sua aula, na sala ao lado.
As meninas ficaram desapontadas.
E assim transcorreu a manhã.
Conforme as horas passavam, os alunos ficavam mais alvoroçados.
Afinal, dentro de alguns instantes, finalmente estariam livres do colégio.
Mas Leonora, ao contrário de seus colegas, gostava de freqüentar as aulas e aprender coisas novas.
Contudo mesmo ela, às vezes sentia-se entediada com as aulas.
Afinal de contas, nem todos os assuntos são interessantes.
Mas paciente, mesmo ela sabia esperar tranqüilamente pelo término das aulas.
Isso por que, nas últimas semanas, a moça vinha estudando com afinco, o conteúdo das matérias que lhe foram ministradas.
Tudo isso em razão das provas que se aproximavam.
Dedicada que era, precisava estar preparada para as primeiras avaliações do ano.
E assim, quando retornava da escola, almoçava e logo em seguida, fechada em seu quarto, ficava horas estudando o conteúdo das disciplinas que seriam objeto de futura avaliação.
Com isso, enquanto estudava, e a data das provas se aproximava, o Colégio Pedro de Alcântara ficava em polvorosa.
Tudo isso, em razão do nervosismo dos alunos, que se sentiam despreparados para se submeterem às avaliações.
Mas, estando preparados ou não, não havia escapatória.
Todos tinham que realizar as provas.
E assim as provas foram realizadas.
Em meio ao nervosismo dos alunos e a redobrada atenção dos professores, o período de avaliações transcorreu até com relativa tranqüilidade.
Mas a despeito disso, Fabíola, Sabrina e Sandra, colegas de Leonora, estavam bastante apreensivas com o resultado das provas.
Isso por que, apesar de terem estudado bastante para as mesmas, não sabiam se tinham ido bem.
O completo oposto de Leonora.
Para elas, era quase certo que a colega havia ido muito bem em todas as provas, a despeito dos últimos acontecimentos.
Com isso, apesar de suas amigas insistirem para que falasse no assunto, Leonora não queria comentar sobre o estranho que a havia seguido tempos atrás.
Para ela, este era um assunto encerrado.
E assim, entre os segredos de Leonora e a preocupação em se saber o resultado das provas, as garotas ficaram um bom tempo ansiosas.
Não viam a hora de saberem os resultados, e a demora as deixava inquietas.
Por esta razão passaram a amolar a amiga com um assunto, que era: Por que alguém a estaria seguindo?
Curiosas, chegaram até a perguntar se era algum conhecido dela.
Mas Leonora se fechava sempre que a conversa com as amigas tomava esta direção.
Cansada de ser inquirida sempre pelo mesmo assunto, a garota fazia questão de mudar os rumos da conversa.
Não queria falar sobre isso.
Para ela, tudo estava resolvido.
Afinal, já fazia muito tempo que o estranho sujeito que a seguia, não a rondava mais.
Mas, por medida de segurança, seus pais insistiam para que ela não saísse mais desacompanhada.
Sim, Seu Clóvis e Dona Leonilde, ainda estavam preocupados com a história mal explicada que Rogério lhes contou.
Afinal de contas, por que alguém teria interesse em seguir sua filha?
Por mais que pensassem, não conseguiam chegar a uma conclusão.
Deveras preocupados, chegaram a perguntar a filha, se ela conhecia o sujeito que a seguiu.
Mas Leonora respondeu que não conseguiu ver a fisionomia de quem a estava seguindo.
A única coisa que percebeu, era que um rapaz a seguia.
Todavia, não conseguiu enxergar seu rosto.
Por isso, com toda a cautela, retornaram a polícia e exigiram que o delegado tomasse alguma providência.
Isso por que, não era nada confortável para eles, saber que havia um estranho rondando a garota, quem sabe com que intenção.
Preocupados, não podiam deixar Leonora à mercê de um estranho.
Com isso, o delegado, ao perceber que se tratava de uma situação muito séria, se comprometeu com Dona Leonilde e Seu Clóvis, a fazer uma investigação.
Para tanto, pediu aos dois que fosse discretos sobre o assunto, e não comentassem a conversa que ali tiveram com ninguém, muito menos com Leonora.
Seu Clóvis e Dona Leonilde, ao ouvirem as recomendações no tocante a filha, se admiraram.
Afinal, nem mesmo Leonora, que era a maior interessada em que tudo se resolvesse, podia saber?
Qual a razão de tanto mistério?
Foi então que o delegado explicou.
Como a moça teria que ser seguida, seria interessante que nem mesmo ela soubesse que um policial estaria acompanhando seus passos.
Contudo, a vigilância do policial seria feita discretamente, pois a intenção não é assustar ainda mais a moça.
E assim, vigiando os passos de Leonora, acabariam por descobrir quem era o estranho que andava seguindo-a.
Ao ouvirem isso, os pais de Leonora ficaram aliviados.
Isso por que, sabiam que tudo seria feito com o maior cuidado.
E assim, finalmente poderiam descobrir quem era o estranho que estava causando tantos problemas para a filha.
No intuito de ajudar o trabalho dos policiais, Dona Leonilde disse que, em posteriores conversas com a filha, a mesma lhe respondeu que não pôde ver a fisionomia de quem a seguira.
A única coisa que percebera, foi que se tratava de um rapaz.
Ao ouvir isso, o delegado insistiu com os pais da moça, para que tentassem mais uma vez, falar com ela.
Para que com isso, tentassem descobrir mais detalhes a respeito do estranho e do incidente que ocorra tempos atrás.
Diante disso, os pais de Leonora se comprometeram a conversar com a filha.
Assim quando tivessem novidades, avisariam a ele.
Diante disso, depois de uma séria conversa com o delegado, os dois retornaram para casa.
Enfim, depois de um longo tempo envolvidos em preocupações com Leonora, Dona Leonilde e Seu Clóvis finalmente estavam se desvencilhando de um problema.
Mas para todos os efeitos, depois de tudo o que aconteceu, não deixavam a filha sair sozinha.
Independente do lugar para onde fosse, depois do ocorrido, Leonora era sempre acompanhada de alguém.
Mas mesmo assim, Leonora algumas vezes, ao chegar em algum lugar, aproveitava para ficar um pouco sozinha.
No entanto, não por muito tempo.
Certa vez ao ir a festa de aniversário de um amigo, em aproveitando para passear um pouco no jardim, enquanto as pessoas estavam reunidas dentro de uma bela casa, Leonora percebeu a presença de um vulto estranho rondando a casa.
Assustada com o que viu, tratou logo de voltar para dentro da casa.
Contudo, o estranho, ao perceber que era visto, ao invés de tentar se evadir do local, começou a se aproximar da garota.
Mas, para sua sorte, Fabíola e Rogério, que também estavam na festa, ao darem pela falta de Leonora, passaram a procurá-la por todos os lugares.
Quando a viram sozinha na sala, começaram logo a chamá-la.
Foi o bastante para fazer o estranho recuar e fugir dali.
Assim, ao perceberem um estranho correndo, Rogério saiu em desabalada carreira, tentando alcançar o sujeito.
No entanto, ao perceber que era seguido, o estranho encontrou logo um jeito de despistar o rapaz.
E mesmo o policial, que vigiava a casa a distância, não conseguiu pegar o sujeito que cercara a moça.
Foi nessa mesma festa que Sandra e Sabrina, acompanhadas de Caio e Felipe, dançaram a noite inteira.
Fabíola por sua vez, acompanhada de Rogério, não perdeu tempo e também arriscou alguns passos no salão.
Não fosse o incidente com Leonora e a festa teria sido perfeita.
Com isso o delegado, ao saber do furo do policial, passou-lhe uma severa admoestação e advertiu-o de que esse tipo de falha não poderia jamais se repetir.
Isso por que, não fossem os amigos da moça, ela poderia estar em sérios apuros agora.
Diante disso, o delegado resolveu afastar o policial da investigação.
Como substituto, chamou um outro funcionário.
E assim, o novo policial passou a vigiar os passos de Leonora à distância.
Contudo, nos dias seguintes, nada de estranho aconteceu.
Nem sombra do estranho sujeito que quase a cercara numa festa, dias atrás.
No entanto, Leonora sentindo-se novamente acuada, caiu novamente em profunda tristeza.
Mas, ao contrário do que ocorrera em outras vezes, Seu Clóvis e Dona Leonilde, ao descobrirem a falha do policial que estava tomando conta de Leonora, foram imediatamente conversar com o delegado.
Aborrecidos com o incidente desagradável, exigiram providências mais enérgicas por parte deste.
Afinal de contas, não fosse a intervenção dos amigos de Leonora, não se sabe o que poderia ter ocorrido.
Assim, diante do ocorrido, o delegado teve que ouvir tudo calado.
Isso por que, Seu Clóvis e Dona Leonilde estavam cobertos de razão.
Para tão lamentável falha, não havia desculpas.
E assim, o mesmo prometeu mais empenho nas investigações.
Mesmo assim, Leonora sentia-se desprotegida e acuada.
Por conta disso, nos dias seguintes ao incidente que ocorrera, a moça não compareceu às aulas.
Tal fato deixou Fábio, o professor de história, preocupado.
Isso por que, desde que começara a ministrar aulas no colégio, e desde que conhecera a moça, nunca a viu faltar.
Ainda mais por tantos dias seguidos.
Enfim, a moça se ausentou da escola por duas semanas.
Este fato serviu para deixar, até mesmo os outros professores, preocupados com sua ausência.
Afinal de contas, Leonora sempre fora uma aluna responsável.
Se faltou é por que algo de sério devia ter acontecido.
E assim, diante disso, Fábio finalmente tomou coragem, e resolveu perguntar as amigas de Leonora, o que teria sucedido.
Foi então que Fabíola lhe perguntou:
-- Mas então o senhor não sabe, professor?
 -- Não. Mas o que é que eu não sei? – perguntou ele, apreensivo.
-- Leonora está doente. – respondeu a moça.
-- Mas não é nada sério? Não é mesmo? – perguntou ele novamente, já bastante preocupado.
-- Não professor. Logo logo ela estará de volta.
-- E a senhorita sabe o que foi?
-- Não sei ao certo. Mas acho que foi uma indisposição. A mãe dela não explicou direito, só pediu a mim e a Sandra que emprestássemos o nosso material para Leonora não perder a matéria durante o tempo em que faltou.
Todavia, mesmo diante das explicações, o rapaz continuou preocupado com a moça.
Assim, após o término da aula, resolveu ir até a casa de Leonora para saber o aconteceu.
Não sem antes ligar e conversar com Dona Leonilde.
No intervalo das aulas, foi até um orelhão que havia perto do colégio, e de lá fez a ligação.
Pelo telefone, Fábio perguntou se estava tudo bem e se estavam precisando de ajuda.
Gentilmente Dona Leonilde recusou a oferta.
Agradeceu o cuidado e a preocupação, mas ressaltou que não era necessário se preocupar com isso.
No mais, convidou o rapaz para visitar a moça e ver ele próprio que Leonora estava bem.
Com isso, o rapaz desculpou-se por incomodar a família e falou que ao final da tarde passaria lá para visitá-la em nome de todos os professores da escola.
Com isso, logo que chegou em casa almoçou, e comentou que com Dona Irene, que ao término da tarde visitaria uma de suas alunas.
Ao ouvir isso, Dona Irene, perguntou espantada:
-- Qual a razão de tanto desvelo?
No que o rapaz respondeu, desconcertado:
-- Bem ... é, por que ... de uns tempos para cá, ela vem faltando muito. Todos os professores estão preocupados. Seus colegas também. Afinal de contas, Leonora sempre foi um modelo de aluna. Então, se vem faltando, é por que algo muito sério aconteceu.
Dona Irene, então percebendo o constrangimento do filho, disse:
-- Quer dizer então que o senhor vai então visitar um das queridinhas dos professores do colégio?
-- Não é bem isso. Os mestres gostam dela sim. Mas não dessa forma pejorativa que a senhora está falando. Ela é uma das melhores alunas do colégio, sabia?
-- Não, não sabia. Mas deve ser alguém muito importante, para ter deixado você assim tão preocupado, a ponto de dar por sua falta. Deve ser realmente alguém muito especial.
Ouvir isso, só serviu para deixar o rapaz ainda mais desconcertado do que já estava.
Por isso, percebendo que fora extremamente indiscreta, tentou consertar a situação dizendo que:
-- Enfim. O que eu quis dizer, é que ela é importante para todos vocês, professores e alunos.
-- Está bem, mãe. Eu já entendi.
Com isso, o rapaz tratou de terminar o almoço.
Em seguida foi em direção ao seu quarto e lá aproveitou para estudar um pouco, já que teria que apresentar em pouco tempo, o famigerado trabalho, ao qual estava se dedicando já há bastante tempo.
Não podia descuidar.
A apresentação tinha que se impecável.
Até por que, dado o fato de ser professor, deveria ter muita desenvoltura para desenvolver sua explanação.
Enfim, seria cobrado por isso.
E assim, passou boa parte da tarde estudando.
Por fim, quando olhou para o relógio e viu que eram quatro horas, resolveu se preparar para sair.
Muito embora já estivesse adequadamente vestido, resolveu tomar um banho e trocar de roupa.
Dona Irene ao perceber que o filho se arrumava para sair, comentou com ele:
-- Mas ora vejam. Não é que meu filho está caprichando? Por que será que está tendo tanto cuidado em se arrumar? Será vai ver alguém especial?
Mas ele, de tão preocupado com o que ía vestir, nem prestou atenção no que sua mãe falava.
Procurando no armário uma camisa que combinasse com a calça que resolveu usar, só então percebeu que sua mãe estava por perto.
Por isso, ao vê-la perguntou:
-- Onde está aquela minha camisa azul, mãe?
Dona Irene, então respondeu que estava no mesmo lugar de sempre.
Mas como Fábio estava totalmente perdido em meio à camisas e calças, mesmo revirando o armário, não conseguia encontrar a camisa que estava procurando.
Assim, ao ver a situação de Fábio, Dona Irene então pediu licença e no meio de todas aquelas calças e camisas, encontrou a camisa azul que ele tanto procurava.
Fábio, ao ver que sua mãe encontrou com relativa facilidade a camisa que ele tanto procurava, perguntou:
-- Como foi que a senhora conseguiu achar?
-- Anos e anos cuidando de um filho afobado, nos ensinam a ser observadora. – respondeu placidamente e retirou-se.
Com isso, Fábio então terminou de se arrumar.
Ao sair, foi caminhando em meio a casas, alguns prédios e uma praça.
Quando chegou na casa de Leonora, bateu palmas.
Logo em seguida, foi recebido por Dona Leonilde, a mãe da moça.
Ao adentrar a casa, Dona Leonilde convidou-o para se sentar e perguntou-lhe se queria tomar um café ou um suco.
Fábio então respondeu que ela não precisava se incomodar.
Mas Dona Leonilde insistiu.
Com isso, Fábio pediu então, um cafezinho.
Enquanto isso, Dona Leonilde aproveitaria para chamar Leonora para conversar com ele.
Leonora, então, ao ouvir o chamado da mãe, tratou logo de sair de seu quarto e ir até a sala, onde o professor estava, para conversar com ele.
Ao vê-la descendo os degraus da escada que a levava até a sala, Fábio levantou-se e aproximando-se, perguntou se ela estava bem.
-- Estou sim. – respondeu, já terminando de descer os degraus da escada.
Depois, sentou-se e perguntou, meio sem graça, se ele já havia passado muita matéria.
-- Um pouco respondeu ele.
-- Perdi muita matéria. Não é?
-- Que isso. Nada que você não possa recuperar.
E assim, ficaram conversando sobre a matéria objeto das aulas.
Fábio, ao perceber a preocupação de Leonora com as faltas, comentou que se o motivo era doença, era só apresentar um atestado médico, e tudo estaria resolvido.
As faltas seriam então, abonadas.
Mas o que mais preocupava Leonora, era a quantidade de matéria que havia perdido.
Muito embora, Fabíola e Sandra estivessem lhe emprestando os cadernos com as anotações de classe, Leonora sabia que isso não era o suficiente.
Precisava voltar para a escola.
No entanto, Dona Leonilde, que a esta hora já estava com os cafés prontos, comentou que a filha ainda não estava totalmente bem para retornar ao colégio.
Diante disso, teria que ficar alguns dias mais, em casa.
Ao notar que Leonora ficou ligeiramente desapontada com a notícia, Dona Leonilde convidou o rapaz, para fazer novamente uma visita para sua filha.
Assim, o rapaz então comentou com a mãe de Leonora:
-- Quer dizer então, que está tudo bem?
 -- Sim. Leonora poderá voltar a escola na semana que vem. – respondeu a mãe. Graças a Deus, não foi nada sério. Só um susto. – emendou.
-- Que bom. Menos mal. – respondeu o rapaz.
Foi então que ele tomou o café.
Nisso, aproveitou e conversou mais um pouquinho com a moça.
Dona Leonilde então, percebendo que eles iam conversar sobre as aulas, aproveitou para cuidar de suas roupas.
Assim, enquanto os dois conversavam, pediu licença para cuidar da casa e saiu da sala.
E Leonora e Fábio ficaram conversando sobre a matéria.
Fábio falou sobre as aulas, passou algumas explicações para a moça e comprometeu-se a lhe explicar a matéria para ela, caso tivesse alguma dúvida.
Depois de dizer isso, temendo ter sido inconveniente, sugeriu a moça, que se mais alguma das amigas dela quisesse aproveitar para sanar dúvidas também, não haveria problema.
No que ela respondeu, que se uma de suas amigas tivesse interesse, ela iria avisá-las para que pudessem também, estudar.
E assim, percebendo que já havia tomado tempo demais da moça, despediu-se dela e de Dona Leonilde.
E apesar da última ter insistido para que ele ficasse mais um pouco, Fábio achou por bem se despedir, já que não queria incomodar e também tinha que ir para a faculdade mais tarde.
Gentilmente, a própria Leonora levou-o até o portão e lá mesmo agradeceu por tê-la visitado.
Meio sem jeito, o rapaz disse que não foi nada de mais, e novamente se despediu.
Ao passar pelo portão da casa, caminhou até a esquina e depois sumiu de vista.
Nesse momento então, Leonora, entrou novamente em casa e fechou a porta.
Ao passar pela sala, sua mãe comentou:
-- Simpático o rapaz.
Ele é seu professor?
-- Sim. – respondeu a moça.
-- Nossa! Tão jovem. Parece mais um colega de classe. – comentou.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

Luminosa Tarde

Tarde que cai, manhã que se afasta se displicente.
Horas velozes, tempo que se distancia, ouço a memória do tempo.
Antiquário, móveis antigos, castiçais, candelabros, objetos ricamente adornados, trabalhados.
Uma moça passa vestida numa longa saia rodada, uma blusa discreta e uma bolsa pequena em uma das mãos.
Ao fundo um jardim, campo verde e florido, bancos de praça.
Ela passa ao lado de tantas belezas e não percebe.
Que pena!
Um dia tão lindo, e sozinha e nem se dá conta.
Antes passara por algumas pessoas que estavam de mudança, colocando pertences em um caminhão, velhos conhecidos, sendo alguns jovens de sua idade.
Enquanto atravessa o jardim, se mira na vitrine do antiquário e entra.
Ao adentrar o estabelecimento se depara com uma escada e resolve ir até o andar superior.
Caminha devagar, degrau por degrau, tomando o cuidado necessário para que não ouçam seus passos.
Quando chega ao topo da escada, entra no corredor e anda até chegar a um quarto que está com a porta entreaberta e, ao entrar no dormitório tem ela uma grande surpresa.
Um quarto todo arrumado, ricamente ornamentado, de cores suaves.
Na cama várias almofadas e ao lado um criado-mudo, um de cada lado.
Mais além, um toucador, sofás, mezinha, flores espalhadas por todo o quarto, armários, estante e muitos outros móveis.
A moça ficou encantada.
Reparou no ambiente e viu que não havia fotos e nada de pessoal no quarto.
Por isso achou que talvez não dormisse ninguém ali há muito tempo.
O que não esperava, era ser surpreendida por alguém.
Mas foi o que aconteceu.
No caso, um senhor de uns trinta e cinco anos entrou discretamente no ambiente e a moça não percebeu.
Assustada pediu para retirar-se, mas o homem a reteve segurando-a pelo braço.
Insistente, pediu para que ela não fosse embora.
-- Por favor. Me deixe ir. – respondeu.
A partir desse momento ele começou a conversar com ela dizendo que a conhecia e que não se surpreendeu com a invasão.
Disse ainda, que a mãe e a irmã moravam com ele naquele lugar.
E mais, disse para ela que voltasse quando quisesse.
Ele não se importava com as visitas da moça e gostou de sua presença.
Chegou a segurar em suas mãos.
Pediu para que ela ficasse, que não precisava fugir dele.
Ela então prometeu que voltava e ele a deixou sair.
Somente neste momento ele soltou suas mãos.
E a moça de prontidão atravessou correndo o corredor até chegar nas escadas.
Longo corredor, só agora se dera conta.
Desceu devagar os degraus e foi embora tranqüilamente.
Só voltou para aquele lugar depois de alguns dias.
Sentiu saudade e resolveu voltar.
Um dia voltou.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.