A vida é rica em seus detalhes.
E os elementos que a vida traz em seu mister
enriquece-nos de momentos felizes.
Ora, para que existe a natureza senão para contemplarmos, embevecidos, a sua
beleza?
É claro que ela também atende aos nossos propósitos nos beneficiando com suas
maravilhas.
Mas aqui, eu estou falando do propósito contemplativo da natureza, que nos evoca a
pureza do ser em seu estado mais primal.
Toda essa beleza serve somente para enriquecer
nossas recordações.
Exemplo da evocação da natureza se faz presente através da figura do
mar.
“O mar, suave lembrança da primavera distante.
Lembrei-me de seu perfume exalando por todos os seus recantos peculiares.
A areia
fina a beijar os pés de quem ousa por cima dela passar.
Caminhada.
Sinto deslizar meus pés
ao som murmurante do marulhar das águas que agitam o mar.
Ao fim do horizonte, um
morro verdejante se eleva sobre as águas.
O sol, então, repousa seu dorso triste sobre as
águas.
Vem de longe com sua luz para mergulhar voluptuosamente, em tão temperadas
águas.
Para explicar tal milagre, reza a lenda, que o sol a todo instante, trava uma luta
descomunal para vir iluminar nossa vida e se elevar sobre nós, com seus fulgurantes raios.
Combate este, onde sempre por sua força e sagacidade, se sobrepuja aos desafios do oceano
e se mostra soberano, ao vencê-lo tão habilmente.
O Sol, astro-rei, o príncipe do universo que nos volteia com sua claridade, pelos
lugares onde passamos.
Traz-nos a lembrança de um eterno reviver, a vida que recomeça a todo instante nos
turbilhonando para o intangível, o inexplorável, o inatingível.
Para o que não podemos
alcançar com as nossas próprias mãos, para o que apesar de estar tão perto, permanece tão
longe de nós.
Ó, insondável mistério.”
Mas, o que é a luz, o que é o mar senão um pedaço de vida num universo tão
grandioso, um fragmento de sua grandeza, um pedaço de seu mistério?
Tudo isso somente para lembrar que você, assim como todas as outras mães, também
fazem parte da beleza da vida, que é preciosa em seus detalhes, e que como os mesmos, nos
tira da triste chateação, da mesmice das velhas paisagens a que estamos habituados.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Poesias
terça-feira, 11 de fevereiro de 2020
segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020
DAS VOLTAS DO MUNDO - CAPÍTULO 11
No dia seguinte, como fazia sempre, levantou-se cedo e foi direto para a escola.
Lá, antes de ir para a sala do primeiro ano ministrar sua aula, foi conversar com seus colegas professores.
Na sala dos professores comentou que estava adorando lecionar na escola, onde anos antes, havia sido aluno.
Ao ouvirem isso, os professores se admiraram.
Afinal o jovem já havia freqüentado os bancos daquela escola?
Curiosos, chegaram até a perguntar se o rapaz foi aluno de algum deles.
Fábio então pensou um pouco e respondeu:
-- Olha ... que eu me lembre, não. Mas Seu Rubens, chegou a ser meu professor quando eu estudei aqui.
-- Quando foi isso? – um dos professores perguntou.
-- Eu acho que foi a uns cinco anos atrás.
Nisso um dos professores ao lembrar-se de uma conversa que tivera com Seu Rubens, perguntou:
-- É verdade que seu pai, também já foi professor nessa escola?
-- Sim. Há muito tempo atrás. – respondeu secamente o rapaz.
Isso tudo por que não gostava de tocar nesse assunto.
Por ter sentido muito a morte do pai, não gostava de falar sobre isso.
E assim, por não gostar da lembrança, se aborrecia com o assunto.
Com isso, desculpou-se com os professores, e aproveitando que tinha que dar uma aula, saiu da sala e caminhou em direção a sala do primeiro ano.
Ao entrar na classe, cumprimentou os alunos, e sem mais delongas, iniciou a aula.
Continuando a tratar da Idade Média, aproveitou a aula para sanar as dúvidas dos alunos, a respeito da matéria.
Depois, ao término da aula como já era de se esperar, foi logo abordado pelas alunas, que insistiam em se aproximar, e fazer perguntas sobre a matéria dada.
Como ainda tinha aulas para ministrar, Fábio desculpou-se com as garotas, e disse-lhes que ao final das aulas que se elas quisessem, poderiam procurá-lo na sala dos professores, pois no momento, ele tinha que ministrar aulas em outras classes.
Diante disso, saiu da sala e logo em seguida começou a ministrar sua aula, na sala ao lado.
As meninas ficaram desapontadas.
E assim transcorreu a manhã.
Conforme as horas passavam, os alunos ficavam mais alvoroçados.
Afinal, dentro de alguns instantes, finalmente estariam livres do colégio.
Mas Leonora, ao contrário de seus colegas, gostava de freqüentar as aulas e aprender coisas novas.
Contudo mesmo ela, às vezes sentia-se entediada com as aulas.
Afinal de contas, nem todos os assuntos são interessantes.
Mas paciente, mesmo ela sabia esperar tranqüilamente pelo término das aulas.
Isso por que, nas últimas semanas, a moça vinha estudando com afinco, o conteúdo das matérias que lhe foram ministradas.
Tudo isso em razão das provas que se aproximavam.
Dedicada que era, precisava estar preparada para as primeiras avaliações do ano.
E assim, quando retornava da escola, almoçava e logo em seguida, fechada em seu quarto, ficava horas estudando o conteúdo das disciplinas que seriam objeto de futura avaliação.
Com isso, enquanto estudava, e a data das provas se aproximava, o Colégio Pedro de Alcântara ficava em polvorosa.
Tudo isso, em razão do nervosismo dos alunos, que se sentiam despreparados para se submeterem às avaliações.
Mas, estando preparados ou não, não havia escapatória.
Todos tinham que realizar as provas.
E assim as provas foram realizadas.
Em meio ao nervosismo dos alunos e a redobrada atenção dos professores, o período de avaliações transcorreu até com relativa tranqüilidade.
Mas a despeito disso, Fabíola, Sabrina e Sandra, colegas de Leonora, estavam bastante apreensivas com o resultado das provas.
Isso por que, apesar de terem estudado bastante para as mesmas, não sabiam se tinham ido bem.
O completo oposto de Leonora.
Para elas, era quase certo que a colega havia ido muito bem em todas as provas, a despeito dos últimos acontecimentos.
Com isso, apesar de suas amigas insistirem para que falasse no assunto, Leonora não queria comentar sobre o estranho que a havia seguido tempos atrás.
Para ela, este era um assunto encerrado.
E assim, entre os segredos de Leonora e a preocupação em se saber o resultado das provas, as garotas ficaram um bom tempo ansiosas.
Não viam a hora de saberem os resultados, e a demora as deixava inquietas.
Por esta razão passaram a amolar a amiga com um assunto, que era: Por que alguém a estaria seguindo?
Curiosas, chegaram até a perguntar se era algum conhecido dela.
Mas Leonora se fechava sempre que a conversa com as amigas tomava esta direção.
Cansada de ser inquirida sempre pelo mesmo assunto, a garota fazia questão de mudar os rumos da conversa.
Não queria falar sobre isso.
Para ela, tudo estava resolvido.
Afinal, já fazia muito tempo que o estranho sujeito que a seguia, não a rondava mais.
Mas, por medida de segurança, seus pais insistiam para que ela não saísse mais desacompanhada.
Sim, Seu Clóvis e Dona Leonilde, ainda estavam preocupados com a história mal explicada que Rogério lhes contou.
Afinal de contas, por que alguém teria interesse em seguir sua filha?
Por mais que pensassem, não conseguiam chegar a uma conclusão.
Deveras preocupados, chegaram a perguntar a filha, se ela conhecia o sujeito que a seguiu.
Mas Leonora respondeu que não conseguiu ver a fisionomia de quem a estava seguindo.
A única coisa que percebeu, era que um rapaz a seguia.
Todavia, não conseguiu enxergar seu rosto.
Por isso, com toda a cautela, retornaram a polícia e exigiram que o delegado tomasse alguma providência.
Isso por que, não era nada confortável para eles, saber que havia um estranho rondando a garota, quem sabe com que intenção.
Preocupados, não podiam deixar Leonora à mercê de um estranho.
Com isso, o delegado, ao perceber que se tratava de uma situação muito séria, se comprometeu com Dona Leonilde e Seu Clóvis, a fazer uma investigação.
Para tanto, pediu aos dois que fosse discretos sobre o assunto, e não comentassem a conversa que ali tiveram com ninguém, muito menos com Leonora.
Seu Clóvis e Dona Leonilde, ao ouvirem as recomendações no tocante a filha, se admiraram.
Afinal, nem mesmo Leonora, que era a maior interessada em que tudo se resolvesse, podia saber?
Qual a razão de tanto mistério?
Foi então que o delegado explicou.
Como a moça teria que ser seguida, seria interessante que nem mesmo ela soubesse que um policial estaria acompanhando seus passos.
Contudo, a vigilância do policial seria feita discretamente, pois a intenção não é assustar ainda mais a moça.
E assim, vigiando os passos de Leonora, acabariam por descobrir quem era o estranho que andava seguindo-a.
Ao ouvirem isso, os pais de Leonora ficaram aliviados.
Isso por que, sabiam que tudo seria feito com o maior cuidado.
E assim, finalmente poderiam descobrir quem era o estranho que estava causando tantos problemas para a filha.
No intuito de ajudar o trabalho dos policiais, Dona Leonilde disse que, em posteriores conversas com a filha, a mesma lhe respondeu que não pôde ver a fisionomia de quem a seguira.
A única coisa que percebera, foi que se tratava de um rapaz.
Ao ouvir isso, o delegado insistiu com os pais da moça, para que tentassem mais uma vez, falar com ela.
Para que com isso, tentassem descobrir mais detalhes a respeito do estranho e do incidente que ocorra tempos atrás.
Diante disso, os pais de Leonora se comprometeram a conversar com a filha.
Assim quando tivessem novidades, avisariam a ele.
Diante disso, depois de uma séria conversa com o delegado, os dois retornaram para casa.
Enfim, depois de um longo tempo envolvidos em preocupações com Leonora, Dona Leonilde e Seu Clóvis finalmente estavam se desvencilhando de um problema.
Mas para todos os efeitos, depois de tudo o que aconteceu, não deixavam a filha sair sozinha.
Independente do lugar para onde fosse, depois do ocorrido, Leonora era sempre acompanhada de alguém.
Mas mesmo assim, Leonora algumas vezes, ao chegar em algum lugar, aproveitava para ficar um pouco sozinha.
No entanto, não por muito tempo.
Certa vez ao ir a festa de aniversário de um amigo, em aproveitando para passear um pouco no jardim, enquanto as pessoas estavam reunidas dentro de uma bela casa, Leonora percebeu a presença de um vulto estranho rondando a casa.
Assustada com o que viu, tratou logo de voltar para dentro da casa.
Contudo, o estranho, ao perceber que era visto, ao invés de tentar se evadir do local, começou a se aproximar da garota.
Mas, para sua sorte, Fabíola e Rogério, que também estavam na festa, ao darem pela falta de Leonora, passaram a procurá-la por todos os lugares.
Quando a viram sozinha na sala, começaram logo a chamá-la.
Foi o bastante para fazer o estranho recuar e fugir dali.
Assim, ao perceberem um estranho correndo, Rogério saiu em desabalada carreira, tentando alcançar o sujeito.
No entanto, ao perceber que era seguido, o estranho encontrou logo um jeito de despistar o rapaz.
E mesmo o policial, que vigiava a casa a distância, não conseguiu pegar o sujeito que cercara a moça.
Foi nessa mesma festa que Sandra e Sabrina, acompanhadas de Caio e Felipe, dançaram a noite inteira.
Fabíola por sua vez, acompanhada de Rogério, não perdeu tempo e também arriscou alguns passos no salão.
Não fosse o incidente com Leonora e a festa teria sido perfeita.
Com isso o delegado, ao saber do furo do policial, passou-lhe uma severa admoestação e advertiu-o de que esse tipo de falha não poderia jamais se repetir.
Isso por que, não fossem os amigos da moça, ela poderia estar em sérios apuros agora.
Diante disso, o delegado resolveu afastar o policial da investigação.
Como substituto, chamou um outro funcionário.
E assim, o novo policial passou a vigiar os passos de Leonora à distância.
Contudo, nos dias seguintes, nada de estranho aconteceu.
Nem sombra do estranho sujeito que quase a cercara numa festa, dias atrás.
No entanto, Leonora sentindo-se novamente acuada, caiu novamente em profunda tristeza.
Mas, ao contrário do que ocorrera em outras vezes, Seu Clóvis e Dona Leonilde, ao descobrirem a falha do policial que estava tomando conta de Leonora, foram imediatamente conversar com o delegado.
Aborrecidos com o incidente desagradável, exigiram providências mais enérgicas por parte deste.
Afinal de contas, não fosse a intervenção dos amigos de Leonora, não se sabe o que poderia ter ocorrido.
Assim, diante do ocorrido, o delegado teve que ouvir tudo calado.
Isso por que, Seu Clóvis e Dona Leonilde estavam cobertos de razão.
Para tão lamentável falha, não havia desculpas.
E assim, o mesmo prometeu mais empenho nas investigações.
Mesmo assim, Leonora sentia-se desprotegida e acuada.
Por conta disso, nos dias seguintes ao incidente que ocorrera, a moça não compareceu às aulas.
Tal fato deixou Fábio, o professor de história, preocupado.
Isso por que, desde que começara a ministrar aulas no colégio, e desde que conhecera a moça, nunca a viu faltar.
Ainda mais por tantos dias seguidos.
Enfim, a moça se ausentou da escola por duas semanas.
Este fato serviu para deixar, até mesmo os outros professores, preocupados com sua ausência.
Afinal de contas, Leonora sempre fora uma aluna responsável.
Se faltou é por que algo de sério devia ter acontecido.
E assim, diante disso, Fábio finalmente tomou coragem, e resolveu perguntar as amigas de Leonora, o que teria sucedido.
Foi então que Fabíola lhe perguntou:
-- Mas então o senhor não sabe, professor?
-- Não. Mas o que é que eu não sei? – perguntou ele, apreensivo.
-- Leonora está doente. – respondeu a moça.
-- Mas não é nada sério? Não é mesmo? – perguntou ele novamente, já bastante preocupado.
-- Não professor. Logo logo ela estará de volta.
-- E a senhorita sabe o que foi?
-- Não sei ao certo. Mas acho que foi uma indisposição. A mãe dela não explicou direito, só pediu a mim e a Sandra que emprestássemos o nosso material para Leonora não perder a matéria durante o tempo em que faltou.
Todavia, mesmo diante das explicações, o rapaz continuou preocupado com a moça.
Assim, após o término da aula, resolveu ir até a casa de Leonora para saber o aconteceu.
Não sem antes ligar e conversar com Dona Leonilde.
No intervalo das aulas, foi até um orelhão que havia perto do colégio, e de lá fez a ligação.
Pelo telefone, Fábio perguntou se estava tudo bem e se estavam precisando de ajuda.
Gentilmente Dona Leonilde recusou a oferta.
Agradeceu o cuidado e a preocupação, mas ressaltou que não era necessário se preocupar com isso.
No mais, convidou o rapaz para visitar a moça e ver ele próprio que Leonora estava bem.
Com isso, o rapaz desculpou-se por incomodar a família e falou que ao final da tarde passaria lá para visitá-la em nome de todos os professores da escola.
Com isso, logo que chegou em casa almoçou, e comentou que com Dona Irene, que ao término da tarde visitaria uma de suas alunas.
Ao ouvir isso, Dona Irene, perguntou espantada:
-- Qual a razão de tanto desvelo?
No que o rapaz respondeu, desconcertado:
-- Bem ... é, por que ... de uns tempos para cá, ela vem faltando muito. Todos os professores estão preocupados. Seus colegas também. Afinal de contas, Leonora sempre foi um modelo de aluna. Então, se vem faltando, é por que algo muito sério aconteceu.
Dona Irene, então percebendo o constrangimento do filho, disse:
-- Quer dizer então que o senhor vai então visitar um das queridinhas dos professores do colégio?
-- Não é bem isso. Os mestres gostam dela sim. Mas não dessa forma pejorativa que a senhora está falando. Ela é uma das melhores alunas do colégio, sabia?
-- Não, não sabia. Mas deve ser alguém muito importante, para ter deixado você assim tão preocupado, a ponto de dar por sua falta. Deve ser realmente alguém muito especial.
Ouvir isso, só serviu para deixar o rapaz ainda mais desconcertado do que já estava.
Por isso, percebendo que fora extremamente indiscreta, tentou consertar a situação dizendo que:
-- Enfim. O que eu quis dizer, é que ela é importante para todos vocês, professores e alunos.
-- Está bem, mãe. Eu já entendi.
Com isso, o rapaz tratou de terminar o almoço.
Em seguida foi em direção ao seu quarto e lá aproveitou para estudar um pouco, já que teria que apresentar em pouco tempo, o famigerado trabalho, ao qual estava se dedicando já há bastante tempo.
Não podia descuidar.
A apresentação tinha que se impecável.
Até por que, dado o fato de ser professor, deveria ter muita desenvoltura para desenvolver sua explanação.
Enfim, seria cobrado por isso.
E assim, passou boa parte da tarde estudando.
Por fim, quando olhou para o relógio e viu que eram quatro horas, resolveu se preparar para sair.
Muito embora já estivesse adequadamente vestido, resolveu tomar um banho e trocar de roupa.
Dona Irene ao perceber que o filho se arrumava para sair, comentou com ele:
-- Mas ora vejam. Não é que meu filho está caprichando? Por que será que está tendo tanto cuidado em se arrumar? Será vai ver alguém especial?
Mas ele, de tão preocupado com o que ía vestir, nem prestou atenção no que sua mãe falava.
Procurando no armário uma camisa que combinasse com a calça que resolveu usar, só então percebeu que sua mãe estava por perto.
Por isso, ao vê-la perguntou:
-- Onde está aquela minha camisa azul, mãe?
Dona Irene, então respondeu que estava no mesmo lugar de sempre.
Mas como Fábio estava totalmente perdido em meio à camisas e calças, mesmo revirando o armário, não conseguia encontrar a camisa que estava procurando.
Assim, ao ver a situação de Fábio, Dona Irene então pediu licença e no meio de todas aquelas calças e camisas, encontrou a camisa azul que ele tanto procurava.
Fábio, ao ver que sua mãe encontrou com relativa facilidade a camisa que ele tanto procurava, perguntou:
-- Como foi que a senhora conseguiu achar?
-- Anos e anos cuidando de um filho afobado, nos ensinam a ser observadora. – respondeu placidamente e retirou-se.
Com isso, Fábio então terminou de se arrumar.
Ao sair, foi caminhando em meio a casas, alguns prédios e uma praça.
Quando chegou na casa de Leonora, bateu palmas.
Logo em seguida, foi recebido por Dona Leonilde, a mãe da moça.
Ao adentrar a casa, Dona Leonilde convidou-o para se sentar e perguntou-lhe se queria tomar um café ou um suco.
Fábio então respondeu que ela não precisava se incomodar.
Mas Dona Leonilde insistiu.
Com isso, Fábio pediu então, um cafezinho.
Enquanto isso, Dona Leonilde aproveitaria para chamar Leonora para conversar com ele.
Leonora, então, ao ouvir o chamado da mãe, tratou logo de sair de seu quarto e ir até a sala, onde o professor estava, para conversar com ele.
Ao vê-la descendo os degraus da escada que a levava até a sala, Fábio levantou-se e aproximando-se, perguntou se ela estava bem.
-- Estou sim. – respondeu, já terminando de descer os degraus da escada.
Depois, sentou-se e perguntou, meio sem graça, se ele já havia passado muita matéria.
-- Um pouco respondeu ele.
-- Perdi muita matéria. Não é?
-- Que isso. Nada que você não possa recuperar.
E assim, ficaram conversando sobre a matéria objeto das aulas.
Fábio, ao perceber a preocupação de Leonora com as faltas, comentou que se o motivo era doença, era só apresentar um atestado médico, e tudo estaria resolvido.
As faltas seriam então, abonadas.
Mas o que mais preocupava Leonora, era a quantidade de matéria que havia perdido.
Muito embora, Fabíola e Sandra estivessem lhe emprestando os cadernos com as anotações de classe, Leonora sabia que isso não era o suficiente.
Precisava voltar para a escola.
No entanto, Dona Leonilde, que a esta hora já estava com os cafés prontos, comentou que a filha ainda não estava totalmente bem para retornar ao colégio.
Diante disso, teria que ficar alguns dias mais, em casa.
Ao notar que Leonora ficou ligeiramente desapontada com a notícia, Dona Leonilde convidou o rapaz, para fazer novamente uma visita para sua filha.
Assim, o rapaz então comentou com a mãe de Leonora:
-- Quer dizer então, que está tudo bem?
-- Sim. Leonora poderá voltar a escola na semana que vem. – respondeu a mãe. Graças a Deus, não foi nada sério. Só um susto. – emendou.
-- Que bom. Menos mal. – respondeu o rapaz.
Foi então que ele tomou o café.
Nisso, aproveitou e conversou mais um pouquinho com a moça.
Dona Leonilde então, percebendo que eles iam conversar sobre as aulas, aproveitou para cuidar de suas roupas.
Assim, enquanto os dois conversavam, pediu licença para cuidar da casa e saiu da sala.
E Leonora e Fábio ficaram conversando sobre a matéria.
Fábio falou sobre as aulas, passou algumas explicações para a moça e comprometeu-se a lhe explicar a matéria para ela, caso tivesse alguma dúvida.
Depois de dizer isso, temendo ter sido inconveniente, sugeriu a moça, que se mais alguma das amigas dela quisesse aproveitar para sanar dúvidas também, não haveria problema.
No que ela respondeu, que se uma de suas amigas tivesse interesse, ela iria avisá-las para que pudessem também, estudar.
E assim, percebendo que já havia tomado tempo demais da moça, despediu-se dela e de Dona Leonilde.
E apesar da última ter insistido para que ele ficasse mais um pouco, Fábio achou por bem se despedir, já que não queria incomodar e também tinha que ir para a faculdade mais tarde.
Gentilmente, a própria Leonora levou-o até o portão e lá mesmo agradeceu por tê-la visitado.
Meio sem jeito, o rapaz disse que não foi nada de mais, e novamente se despediu.
Ao passar pelo portão da casa, caminhou até a esquina e depois sumiu de vista.
Nesse momento então, Leonora, entrou novamente em casa e fechou a porta.
Ao passar pela sala, sua mãe comentou:
-- Simpático o rapaz.
Ele é seu professor?
-- Sim. – respondeu a moça.
-- Nossa! Tão jovem. Parece mais um colega de classe. – comentou.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Lá, antes de ir para a sala do primeiro ano ministrar sua aula, foi conversar com seus colegas professores.
Na sala dos professores comentou que estava adorando lecionar na escola, onde anos antes, havia sido aluno.
Ao ouvirem isso, os professores se admiraram.
Afinal o jovem já havia freqüentado os bancos daquela escola?
Curiosos, chegaram até a perguntar se o rapaz foi aluno de algum deles.
Fábio então pensou um pouco e respondeu:
-- Olha ... que eu me lembre, não. Mas Seu Rubens, chegou a ser meu professor quando eu estudei aqui.
-- Quando foi isso? – um dos professores perguntou.
-- Eu acho que foi a uns cinco anos atrás.
Nisso um dos professores ao lembrar-se de uma conversa que tivera com Seu Rubens, perguntou:
-- É verdade que seu pai, também já foi professor nessa escola?
-- Sim. Há muito tempo atrás. – respondeu secamente o rapaz.
Isso tudo por que não gostava de tocar nesse assunto.
Por ter sentido muito a morte do pai, não gostava de falar sobre isso.
E assim, por não gostar da lembrança, se aborrecia com o assunto.
Com isso, desculpou-se com os professores, e aproveitando que tinha que dar uma aula, saiu da sala e caminhou em direção a sala do primeiro ano.
Ao entrar na classe, cumprimentou os alunos, e sem mais delongas, iniciou a aula.
Continuando a tratar da Idade Média, aproveitou a aula para sanar as dúvidas dos alunos, a respeito da matéria.
Depois, ao término da aula como já era de se esperar, foi logo abordado pelas alunas, que insistiam em se aproximar, e fazer perguntas sobre a matéria dada.
Como ainda tinha aulas para ministrar, Fábio desculpou-se com as garotas, e disse-lhes que ao final das aulas que se elas quisessem, poderiam procurá-lo na sala dos professores, pois no momento, ele tinha que ministrar aulas em outras classes.
Diante disso, saiu da sala e logo em seguida começou a ministrar sua aula, na sala ao lado.
As meninas ficaram desapontadas.
E assim transcorreu a manhã.
Conforme as horas passavam, os alunos ficavam mais alvoroçados.
Afinal, dentro de alguns instantes, finalmente estariam livres do colégio.
Mas Leonora, ao contrário de seus colegas, gostava de freqüentar as aulas e aprender coisas novas.
Contudo mesmo ela, às vezes sentia-se entediada com as aulas.
Afinal de contas, nem todos os assuntos são interessantes.
Mas paciente, mesmo ela sabia esperar tranqüilamente pelo término das aulas.
Isso por que, nas últimas semanas, a moça vinha estudando com afinco, o conteúdo das matérias que lhe foram ministradas.
Tudo isso em razão das provas que se aproximavam.
Dedicada que era, precisava estar preparada para as primeiras avaliações do ano.
E assim, quando retornava da escola, almoçava e logo em seguida, fechada em seu quarto, ficava horas estudando o conteúdo das disciplinas que seriam objeto de futura avaliação.
Com isso, enquanto estudava, e a data das provas se aproximava, o Colégio Pedro de Alcântara ficava em polvorosa.
Tudo isso, em razão do nervosismo dos alunos, que se sentiam despreparados para se submeterem às avaliações.
Mas, estando preparados ou não, não havia escapatória.
Todos tinham que realizar as provas.
E assim as provas foram realizadas.
Em meio ao nervosismo dos alunos e a redobrada atenção dos professores, o período de avaliações transcorreu até com relativa tranqüilidade.
Mas a despeito disso, Fabíola, Sabrina e Sandra, colegas de Leonora, estavam bastante apreensivas com o resultado das provas.
Isso por que, apesar de terem estudado bastante para as mesmas, não sabiam se tinham ido bem.
O completo oposto de Leonora.
Para elas, era quase certo que a colega havia ido muito bem em todas as provas, a despeito dos últimos acontecimentos.
Com isso, apesar de suas amigas insistirem para que falasse no assunto, Leonora não queria comentar sobre o estranho que a havia seguido tempos atrás.
Para ela, este era um assunto encerrado.
E assim, entre os segredos de Leonora e a preocupação em se saber o resultado das provas, as garotas ficaram um bom tempo ansiosas.
Não viam a hora de saberem os resultados, e a demora as deixava inquietas.
Por esta razão passaram a amolar a amiga com um assunto, que era: Por que alguém a estaria seguindo?
Curiosas, chegaram até a perguntar se era algum conhecido dela.
Mas Leonora se fechava sempre que a conversa com as amigas tomava esta direção.
Cansada de ser inquirida sempre pelo mesmo assunto, a garota fazia questão de mudar os rumos da conversa.
Não queria falar sobre isso.
Para ela, tudo estava resolvido.
Afinal, já fazia muito tempo que o estranho sujeito que a seguia, não a rondava mais.
Mas, por medida de segurança, seus pais insistiam para que ela não saísse mais desacompanhada.
Sim, Seu Clóvis e Dona Leonilde, ainda estavam preocupados com a história mal explicada que Rogério lhes contou.
Afinal de contas, por que alguém teria interesse em seguir sua filha?
Por mais que pensassem, não conseguiam chegar a uma conclusão.
Deveras preocupados, chegaram a perguntar a filha, se ela conhecia o sujeito que a seguiu.
Mas Leonora respondeu que não conseguiu ver a fisionomia de quem a estava seguindo.
A única coisa que percebeu, era que um rapaz a seguia.
Todavia, não conseguiu enxergar seu rosto.
Por isso, com toda a cautela, retornaram a polícia e exigiram que o delegado tomasse alguma providência.
Isso por que, não era nada confortável para eles, saber que havia um estranho rondando a garota, quem sabe com que intenção.
Preocupados, não podiam deixar Leonora à mercê de um estranho.
Com isso, o delegado, ao perceber que se tratava de uma situação muito séria, se comprometeu com Dona Leonilde e Seu Clóvis, a fazer uma investigação.
Para tanto, pediu aos dois que fosse discretos sobre o assunto, e não comentassem a conversa que ali tiveram com ninguém, muito menos com Leonora.
Seu Clóvis e Dona Leonilde, ao ouvirem as recomendações no tocante a filha, se admiraram.
Afinal, nem mesmo Leonora, que era a maior interessada em que tudo se resolvesse, podia saber?
Qual a razão de tanto mistério?
Foi então que o delegado explicou.
Como a moça teria que ser seguida, seria interessante que nem mesmo ela soubesse que um policial estaria acompanhando seus passos.
Contudo, a vigilância do policial seria feita discretamente, pois a intenção não é assustar ainda mais a moça.
E assim, vigiando os passos de Leonora, acabariam por descobrir quem era o estranho que andava seguindo-a.
Ao ouvirem isso, os pais de Leonora ficaram aliviados.
Isso por que, sabiam que tudo seria feito com o maior cuidado.
E assim, finalmente poderiam descobrir quem era o estranho que estava causando tantos problemas para a filha.
No intuito de ajudar o trabalho dos policiais, Dona Leonilde disse que, em posteriores conversas com a filha, a mesma lhe respondeu que não pôde ver a fisionomia de quem a seguira.
A única coisa que percebera, foi que se tratava de um rapaz.
Ao ouvir isso, o delegado insistiu com os pais da moça, para que tentassem mais uma vez, falar com ela.
Para que com isso, tentassem descobrir mais detalhes a respeito do estranho e do incidente que ocorra tempos atrás.
Diante disso, os pais de Leonora se comprometeram a conversar com a filha.
Assim quando tivessem novidades, avisariam a ele.
Diante disso, depois de uma séria conversa com o delegado, os dois retornaram para casa.
Enfim, depois de um longo tempo envolvidos em preocupações com Leonora, Dona Leonilde e Seu Clóvis finalmente estavam se desvencilhando de um problema.
Mas para todos os efeitos, depois de tudo o que aconteceu, não deixavam a filha sair sozinha.
Independente do lugar para onde fosse, depois do ocorrido, Leonora era sempre acompanhada de alguém.
Mas mesmo assim, Leonora algumas vezes, ao chegar em algum lugar, aproveitava para ficar um pouco sozinha.
No entanto, não por muito tempo.
Certa vez ao ir a festa de aniversário de um amigo, em aproveitando para passear um pouco no jardim, enquanto as pessoas estavam reunidas dentro de uma bela casa, Leonora percebeu a presença de um vulto estranho rondando a casa.
Assustada com o que viu, tratou logo de voltar para dentro da casa.
Contudo, o estranho, ao perceber que era visto, ao invés de tentar se evadir do local, começou a se aproximar da garota.
Mas, para sua sorte, Fabíola e Rogério, que também estavam na festa, ao darem pela falta de Leonora, passaram a procurá-la por todos os lugares.
Quando a viram sozinha na sala, começaram logo a chamá-la.
Foi o bastante para fazer o estranho recuar e fugir dali.
Assim, ao perceberem um estranho correndo, Rogério saiu em desabalada carreira, tentando alcançar o sujeito.
No entanto, ao perceber que era seguido, o estranho encontrou logo um jeito de despistar o rapaz.
E mesmo o policial, que vigiava a casa a distância, não conseguiu pegar o sujeito que cercara a moça.
Foi nessa mesma festa que Sandra e Sabrina, acompanhadas de Caio e Felipe, dançaram a noite inteira.
Fabíola por sua vez, acompanhada de Rogério, não perdeu tempo e também arriscou alguns passos no salão.
Não fosse o incidente com Leonora e a festa teria sido perfeita.
Com isso o delegado, ao saber do furo do policial, passou-lhe uma severa admoestação e advertiu-o de que esse tipo de falha não poderia jamais se repetir.
Isso por que, não fossem os amigos da moça, ela poderia estar em sérios apuros agora.
Diante disso, o delegado resolveu afastar o policial da investigação.
Como substituto, chamou um outro funcionário.
E assim, o novo policial passou a vigiar os passos de Leonora à distância.
Contudo, nos dias seguintes, nada de estranho aconteceu.
Nem sombra do estranho sujeito que quase a cercara numa festa, dias atrás.
No entanto, Leonora sentindo-se novamente acuada, caiu novamente em profunda tristeza.
Mas, ao contrário do que ocorrera em outras vezes, Seu Clóvis e Dona Leonilde, ao descobrirem a falha do policial que estava tomando conta de Leonora, foram imediatamente conversar com o delegado.
Aborrecidos com o incidente desagradável, exigiram providências mais enérgicas por parte deste.
Afinal de contas, não fosse a intervenção dos amigos de Leonora, não se sabe o que poderia ter ocorrido.
Assim, diante do ocorrido, o delegado teve que ouvir tudo calado.
Isso por que, Seu Clóvis e Dona Leonilde estavam cobertos de razão.
Para tão lamentável falha, não havia desculpas.
E assim, o mesmo prometeu mais empenho nas investigações.
Mesmo assim, Leonora sentia-se desprotegida e acuada.
Por conta disso, nos dias seguintes ao incidente que ocorrera, a moça não compareceu às aulas.
Tal fato deixou Fábio, o professor de história, preocupado.
Isso por que, desde que começara a ministrar aulas no colégio, e desde que conhecera a moça, nunca a viu faltar.
Ainda mais por tantos dias seguidos.
Enfim, a moça se ausentou da escola por duas semanas.
Este fato serviu para deixar, até mesmo os outros professores, preocupados com sua ausência.
Afinal de contas, Leonora sempre fora uma aluna responsável.
Se faltou é por que algo de sério devia ter acontecido.
E assim, diante disso, Fábio finalmente tomou coragem, e resolveu perguntar as amigas de Leonora, o que teria sucedido.
Foi então que Fabíola lhe perguntou:
-- Mas então o senhor não sabe, professor?
-- Não. Mas o que é que eu não sei? – perguntou ele, apreensivo.
-- Leonora está doente. – respondeu a moça.
-- Mas não é nada sério? Não é mesmo? – perguntou ele novamente, já bastante preocupado.
-- Não professor. Logo logo ela estará de volta.
-- E a senhorita sabe o que foi?
-- Não sei ao certo. Mas acho que foi uma indisposição. A mãe dela não explicou direito, só pediu a mim e a Sandra que emprestássemos o nosso material para Leonora não perder a matéria durante o tempo em que faltou.
Todavia, mesmo diante das explicações, o rapaz continuou preocupado com a moça.
Assim, após o término da aula, resolveu ir até a casa de Leonora para saber o aconteceu.
Não sem antes ligar e conversar com Dona Leonilde.
No intervalo das aulas, foi até um orelhão que havia perto do colégio, e de lá fez a ligação.
Pelo telefone, Fábio perguntou se estava tudo bem e se estavam precisando de ajuda.
Gentilmente Dona Leonilde recusou a oferta.
Agradeceu o cuidado e a preocupação, mas ressaltou que não era necessário se preocupar com isso.
No mais, convidou o rapaz para visitar a moça e ver ele próprio que Leonora estava bem.
Com isso, o rapaz desculpou-se por incomodar a família e falou que ao final da tarde passaria lá para visitá-la em nome de todos os professores da escola.
Com isso, logo que chegou em casa almoçou, e comentou que com Dona Irene, que ao término da tarde visitaria uma de suas alunas.
Ao ouvir isso, Dona Irene, perguntou espantada:
-- Qual a razão de tanto desvelo?
No que o rapaz respondeu, desconcertado:
-- Bem ... é, por que ... de uns tempos para cá, ela vem faltando muito. Todos os professores estão preocupados. Seus colegas também. Afinal de contas, Leonora sempre foi um modelo de aluna. Então, se vem faltando, é por que algo muito sério aconteceu.
Dona Irene, então percebendo o constrangimento do filho, disse:
-- Quer dizer então que o senhor vai então visitar um das queridinhas dos professores do colégio?
-- Não é bem isso. Os mestres gostam dela sim. Mas não dessa forma pejorativa que a senhora está falando. Ela é uma das melhores alunas do colégio, sabia?
-- Não, não sabia. Mas deve ser alguém muito importante, para ter deixado você assim tão preocupado, a ponto de dar por sua falta. Deve ser realmente alguém muito especial.
Ouvir isso, só serviu para deixar o rapaz ainda mais desconcertado do que já estava.
Por isso, percebendo que fora extremamente indiscreta, tentou consertar a situação dizendo que:
-- Enfim. O que eu quis dizer, é que ela é importante para todos vocês, professores e alunos.
-- Está bem, mãe. Eu já entendi.
Com isso, o rapaz tratou de terminar o almoço.
Em seguida foi em direção ao seu quarto e lá aproveitou para estudar um pouco, já que teria que apresentar em pouco tempo, o famigerado trabalho, ao qual estava se dedicando já há bastante tempo.
Não podia descuidar.
A apresentação tinha que se impecável.
Até por que, dado o fato de ser professor, deveria ter muita desenvoltura para desenvolver sua explanação.
Enfim, seria cobrado por isso.
E assim, passou boa parte da tarde estudando.
Por fim, quando olhou para o relógio e viu que eram quatro horas, resolveu se preparar para sair.
Muito embora já estivesse adequadamente vestido, resolveu tomar um banho e trocar de roupa.
Dona Irene ao perceber que o filho se arrumava para sair, comentou com ele:
-- Mas ora vejam. Não é que meu filho está caprichando? Por que será que está tendo tanto cuidado em se arrumar? Será vai ver alguém especial?
Mas ele, de tão preocupado com o que ía vestir, nem prestou atenção no que sua mãe falava.
Procurando no armário uma camisa que combinasse com a calça que resolveu usar, só então percebeu que sua mãe estava por perto.
Por isso, ao vê-la perguntou:
-- Onde está aquela minha camisa azul, mãe?
Dona Irene, então respondeu que estava no mesmo lugar de sempre.
Mas como Fábio estava totalmente perdido em meio à camisas e calças, mesmo revirando o armário, não conseguia encontrar a camisa que estava procurando.
Assim, ao ver a situação de Fábio, Dona Irene então pediu licença e no meio de todas aquelas calças e camisas, encontrou a camisa azul que ele tanto procurava.
Fábio, ao ver que sua mãe encontrou com relativa facilidade a camisa que ele tanto procurava, perguntou:
-- Como foi que a senhora conseguiu achar?
-- Anos e anos cuidando de um filho afobado, nos ensinam a ser observadora. – respondeu placidamente e retirou-se.
Com isso, Fábio então terminou de se arrumar.
Ao sair, foi caminhando em meio a casas, alguns prédios e uma praça.
Quando chegou na casa de Leonora, bateu palmas.
Logo em seguida, foi recebido por Dona Leonilde, a mãe da moça.
Ao adentrar a casa, Dona Leonilde convidou-o para se sentar e perguntou-lhe se queria tomar um café ou um suco.
Fábio então respondeu que ela não precisava se incomodar.
Mas Dona Leonilde insistiu.
Com isso, Fábio pediu então, um cafezinho.
Enquanto isso, Dona Leonilde aproveitaria para chamar Leonora para conversar com ele.
Leonora, então, ao ouvir o chamado da mãe, tratou logo de sair de seu quarto e ir até a sala, onde o professor estava, para conversar com ele.
Ao vê-la descendo os degraus da escada que a levava até a sala, Fábio levantou-se e aproximando-se, perguntou se ela estava bem.
-- Estou sim. – respondeu, já terminando de descer os degraus da escada.
Depois, sentou-se e perguntou, meio sem graça, se ele já havia passado muita matéria.
-- Um pouco respondeu ele.
-- Perdi muita matéria. Não é?
-- Que isso. Nada que você não possa recuperar.
E assim, ficaram conversando sobre a matéria objeto das aulas.
Fábio, ao perceber a preocupação de Leonora com as faltas, comentou que se o motivo era doença, era só apresentar um atestado médico, e tudo estaria resolvido.
As faltas seriam então, abonadas.
Mas o que mais preocupava Leonora, era a quantidade de matéria que havia perdido.
Muito embora, Fabíola e Sandra estivessem lhe emprestando os cadernos com as anotações de classe, Leonora sabia que isso não era o suficiente.
Precisava voltar para a escola.
No entanto, Dona Leonilde, que a esta hora já estava com os cafés prontos, comentou que a filha ainda não estava totalmente bem para retornar ao colégio.
Diante disso, teria que ficar alguns dias mais, em casa.
Ao notar que Leonora ficou ligeiramente desapontada com a notícia, Dona Leonilde convidou o rapaz, para fazer novamente uma visita para sua filha.
Assim, o rapaz então comentou com a mãe de Leonora:
-- Quer dizer então, que está tudo bem?
-- Sim. Leonora poderá voltar a escola na semana que vem. – respondeu a mãe. Graças a Deus, não foi nada sério. Só um susto. – emendou.
-- Que bom. Menos mal. – respondeu o rapaz.
Foi então que ele tomou o café.
Nisso, aproveitou e conversou mais um pouquinho com a moça.
Dona Leonilde então, percebendo que eles iam conversar sobre as aulas, aproveitou para cuidar de suas roupas.
Assim, enquanto os dois conversavam, pediu licença para cuidar da casa e saiu da sala.
E Leonora e Fábio ficaram conversando sobre a matéria.
Fábio falou sobre as aulas, passou algumas explicações para a moça e comprometeu-se a lhe explicar a matéria para ela, caso tivesse alguma dúvida.
Depois de dizer isso, temendo ter sido inconveniente, sugeriu a moça, que se mais alguma das amigas dela quisesse aproveitar para sanar dúvidas também, não haveria problema.
No que ela respondeu, que se uma de suas amigas tivesse interesse, ela iria avisá-las para que pudessem também, estudar.
E assim, percebendo que já havia tomado tempo demais da moça, despediu-se dela e de Dona Leonilde.
E apesar da última ter insistido para que ele ficasse mais um pouco, Fábio achou por bem se despedir, já que não queria incomodar e também tinha que ir para a faculdade mais tarde.
Gentilmente, a própria Leonora levou-o até o portão e lá mesmo agradeceu por tê-la visitado.
Meio sem jeito, o rapaz disse que não foi nada de mais, e novamente se despediu.
Ao passar pelo portão da casa, caminhou até a esquina e depois sumiu de vista.
Nesse momento então, Leonora, entrou novamente em casa e fechou a porta.
Ao passar pela sala, sua mãe comentou:
-- Simpático o rapaz.
Ele é seu professor?
-- Sim. – respondeu a moça.
-- Nossa! Tão jovem. Parece mais um colega de classe. – comentou.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Luminosa Tarde
Tarde que cai, manhã que se afasta se displicente.
Horas velozes, tempo que se distancia, ouço a memória do tempo.
Antiquário, móveis antigos, castiçais, candelabros, objetos ricamente adornados, trabalhados.
Uma moça passa vestida numa longa saia rodada, uma blusa discreta e uma bolsa pequena em uma das mãos.
Ao fundo um jardim, campo verde e florido, bancos de praça.
Ela passa ao lado de tantas belezas e não percebe.
Que pena!
Um dia tão lindo, e sozinha e nem se dá conta.
Antes passara por algumas pessoas que estavam de mudança, colocando pertences em um caminhão, velhos conhecidos, sendo alguns jovens de sua idade.
Enquanto atravessa o jardim, se mira na vitrine do antiquário e entra.
Ao adentrar o estabelecimento se depara com uma escada e resolve ir até o andar superior.
Caminha devagar, degrau por degrau, tomando o cuidado necessário para que não ouçam seus passos.
Quando chega ao topo da escada, entra no corredor e anda até chegar a um quarto que está com a porta entreaberta e, ao entrar no dormitório tem ela uma grande surpresa.
Um quarto todo arrumado, ricamente ornamentado, de cores suaves.
Na cama várias almofadas e ao lado um criado-mudo, um de cada lado.
Mais além, um toucador, sofás, mezinha, flores espalhadas por todo o quarto, armários, estante e muitos outros móveis.
A moça ficou encantada.
Reparou no ambiente e viu que não havia fotos e nada de pessoal no quarto.
Por isso achou que talvez não dormisse ninguém ali há muito tempo.
O que não esperava, era ser surpreendida por alguém.
Mas foi o que aconteceu.
No caso, um senhor de uns trinta e cinco anos entrou discretamente no ambiente e a moça não percebeu.
Assustada pediu para retirar-se, mas o homem a reteve segurando-a pelo braço.
Insistente, pediu para que ela não fosse embora.
-- Por favor. Me deixe ir. – respondeu.
A partir desse momento ele começou a conversar com ela dizendo que a conhecia e que não se surpreendeu com a invasão.
Disse ainda, que a mãe e a irmã moravam com ele naquele lugar.
E mais, disse para ela que voltasse quando quisesse.
Ele não se importava com as visitas da moça e gostou de sua presença.
Chegou a segurar em suas mãos.
Pediu para que ela ficasse, que não precisava fugir dele.
Ela então prometeu que voltava e ele a deixou sair.
Somente neste momento ele soltou suas mãos.
E a moça de prontidão atravessou correndo o corredor até chegar nas escadas.
Longo corredor, só agora se dera conta.
Desceu devagar os degraus e foi embora tranqüilamente.
Só voltou para aquele lugar depois de alguns dias.
Sentiu saudade e resolveu voltar.
Um dia voltou.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Horas velozes, tempo que se distancia, ouço a memória do tempo.
Antiquário, móveis antigos, castiçais, candelabros, objetos ricamente adornados, trabalhados.
Uma moça passa vestida numa longa saia rodada, uma blusa discreta e uma bolsa pequena em uma das mãos.
Ao fundo um jardim, campo verde e florido, bancos de praça.
Ela passa ao lado de tantas belezas e não percebe.
Que pena!
Um dia tão lindo, e sozinha e nem se dá conta.
Antes passara por algumas pessoas que estavam de mudança, colocando pertences em um caminhão, velhos conhecidos, sendo alguns jovens de sua idade.
Enquanto atravessa o jardim, se mira na vitrine do antiquário e entra.
Ao adentrar o estabelecimento se depara com uma escada e resolve ir até o andar superior.
Caminha devagar, degrau por degrau, tomando o cuidado necessário para que não ouçam seus passos.
Quando chega ao topo da escada, entra no corredor e anda até chegar a um quarto que está com a porta entreaberta e, ao entrar no dormitório tem ela uma grande surpresa.
Um quarto todo arrumado, ricamente ornamentado, de cores suaves.
Na cama várias almofadas e ao lado um criado-mudo, um de cada lado.
Mais além, um toucador, sofás, mezinha, flores espalhadas por todo o quarto, armários, estante e muitos outros móveis.
A moça ficou encantada.
Reparou no ambiente e viu que não havia fotos e nada de pessoal no quarto.
Por isso achou que talvez não dormisse ninguém ali há muito tempo.
O que não esperava, era ser surpreendida por alguém.
Mas foi o que aconteceu.
No caso, um senhor de uns trinta e cinco anos entrou discretamente no ambiente e a moça não percebeu.
Assustada pediu para retirar-se, mas o homem a reteve segurando-a pelo braço.
Insistente, pediu para que ela não fosse embora.
-- Por favor. Me deixe ir. – respondeu.
A partir desse momento ele começou a conversar com ela dizendo que a conhecia e que não se surpreendeu com a invasão.
Disse ainda, que a mãe e a irmã moravam com ele naquele lugar.
E mais, disse para ela que voltasse quando quisesse.
Ele não se importava com as visitas da moça e gostou de sua presença.
Chegou a segurar em suas mãos.
Pediu para que ela ficasse, que não precisava fugir dele.
Ela então prometeu que voltava e ele a deixou sair.
Somente neste momento ele soltou suas mãos.
E a moça de prontidão atravessou correndo o corredor até chegar nas escadas.
Longo corredor, só agora se dera conta.
Desceu devagar os degraus e foi embora tranqüilamente.
Só voltou para aquele lugar depois de alguns dias.
Sentiu saudade e resolveu voltar.
Um dia voltou.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
"E A Chuva Que Cai..." - Capítulo 1
*Trecho do livro ‘E a chuva que cai...’.
A chuva na janela prenuncia que o mal tempo vai continuar, estando todos presos em casa olhando o mundo pela janela.
O mundo que parecia cada vez maior, visto pela vidraça.
Pelos olhos corriam as paisagens verdejantes do lugar, vista tão longa e tão ampla.
O céu azul que escurecido pela chuva não se podia ver claro.
Nos campos plantações verdejantes.
A colheita ao fundo da paisagem, agradece ao suave presente do céu.
As gotas, caindo suaves molhando os grotões e a terra, bem como gotejando sobre as folhas.
Os pássaros procurando se abrigar em seus ninhos no alto das árvores, para escapar da chuva.
E o céu, o céu que permanecia escuro e sombrio, entristecia a tarde.
A tarde caía lá fora e o tempo ficava cada vez mais triste, enquanto a temperatura diminuía e a chuva virava pesadas pedras de gelo.
O tempo transcorria cada vez mais lento, e as crianças ao olharem para a janela se admiraram com o que viam.
Nunca viram chover pedra antes.
Tudo neste mundo infantil quando visto pela primeira vez é lindo e mágico.
As pedras caíam pesadas sobre o chão de terra, já molhado.
Machucavam as plantas que, passivas, nada mais podiam esperar.
E a chuva que cai... A chuva que continua caindo... e o tempo passa cada vez mais lento.
Nada para se fazer, talvez toda a esperança de trabalho perdida.
Talvez a plantação se perdesse em meio a fome arrasadora da chuva de pedras.
-- Chuva de granizo. – corrigiu Augusto, o filho mais velho e mais sabido de uma grande família. – É a chuva em seu estado natural, condensada. – continuou.
Quando Augusto falava ninguém se atrevia a questioná-lo, pois todos o consideravam a pessoa mais inteligente da casa.
Muitas dúvidas que seus outros irmãos tinham, eram logo resolvidas por ele.
Poucos questionamentos escapavam de seu crivo meticuloso.
-- Pudera, também ele é o filho mais velho. – comenta Otávio o filho do meio desta família. – Não poderia ser diferente. – continuou.
-- Mas ele teve as mesmas chances que nós. – disse Carlota, a filha mais velha.
E o tempo passa.
Em meio a conversação dos irmãos, a chuva continuava cada vez mais forte.
A tempestade avançava, o tempo escurecia, nuvens carregadas riscavam os céus.
Brumas, neblinas.
Parecia que a chuva não ía parar tão cedo e nesse período, nada para se ver além da imensidão do campo verde que se tinha em vista.
Além do verde se podia ver macieiras ao redor do alpendre.
A casa protegida do mal tempo, pequenina ao longe na colina, parecia tranqüila, mas o vento murmurava sons nítidos e atormentadores.
As figueiras ao longe balançavam ao sabor dos ventos.
As folhagens das árvores dançavam ao sabor do vento.
E a chuva... a chuva cairá... sobre este mundo que parecia tão pequeno e que de perto parecia estar tão longe de tão extenso que era.
Templo perdido na distância do tempo que passa e devora tudo, consome a vida e os sonhos.
A desilusão de quem vive.
Somente se lembrará do que passou.
Afinal, não pode reter o tempo.
Mas para alguns nostálgicos: -- Ah, que bom se eu pudesse!
Portanto, essa é a história de um passado nem tão recente nem tão distante.
Uma família que vendeu tudo o que tinha em um rincão brasileiro para se aventurar em um nova terra, muito longe daquele lugar de origem.
Propriedades de médio porte foram vendidas, e esta família tratou de juntar o que sobrara desta feita.
Juntaram o dinheiro, pegaram suas malas e partiram.
Vieram no primeiro trem que apareceu naquela estação.
Uma linda estação recém construída no início do século, época em que começa esta história.
História que retrata a vida de um homem que veio com sua família ainda criança, para o interior do estado de São Paulo no Vale do Paraíba, no período do ciclo do café.
Se fixaram numa cidade próspera do lugar e começaram logo a procurar uma propriedade pequena em tal paragem.
Como era de se esperar plantaram o café, mas também outros produtos para garantir a subsistência da família.
Um casal e seus oito filhos, que também ajudavam no trabalho na lavoura.
Trabalho pesado, duro.
Levantavam ainda quando o sol estava por nascer e preparavam a comida que era feita pela mãe que também ajudava no trabalho, ficando na roça o dia inteiro, até o sol estar por se pôr.
Que lindo momento que era o cair da tarde.
O crepúsculo, num momento em que ainda se dava para ver os raios dourados do astro-rei.
As cores do sol que faziam uma bela composição com o céu azulado que se mostrava cada vez mais insinuante.
Esta era a hora de voltar para casa.
Tomar um banho de bacia, jantar e em seguida dormir.
Dormir cedo, por que no mais, nada se tinha para fazer.
Luz elétrica não havia.
Somente um lampião que mal iluminava a sala.
A luz clara que cintilava no lampião a gás era somente para que todos pudessem achar suas camas e se recolher.
Se recostarem na cama e finalmente dormir.
Logo o dia estaria novamente a raiar.
No dia seguinte, mais um longo dia de trabalho onde tudo se repetiria.
Novamente o céu estrelado por companhia durante a caminhada até a plantação.
Nesse tempo algumas crianças iam para a escola.
Oh! Infeliz força do dinheiro que faz com que poucos tenham chances na vida.
Onde as coisas só valem para quem nasceu bem!
E o tempo foi passando, passando, passando, até chegar um dia...
Em que crescidas, estas que não são mais crianças, tiveram filhos e esses filhos estudaram até onde foi possível.
-- Estudem se querem virar alguma coisa na vida. – foi o que sempre ouviram.
Portanto, mais tarde as crianças passaram a ir para a escola e lá aprenderam um pouco sobre a ciência da vida.
Caminhavam longas léguas até chegar ao grupo escolar, onde estudavam juntas, crianças de várias séries.
Ao voltarem para a casa tinham por companhia as molecagens da infância e mais tarde o sonho dos livros, com histórias de piratas, vilões e mocinhos, grandes textos literários e outros contos infantis de autores contemporâneos.
Neste mundo de fantasia, tudo era lindo e fantástico.
Afinal, tem que haver tempo para sonhar, e mais do que isso, alguém com quem possam dividir os sonhos.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
A chuva na janela prenuncia que o mal tempo vai continuar, estando todos presos em casa olhando o mundo pela janela.
O mundo que parecia cada vez maior, visto pela vidraça.
Pelos olhos corriam as paisagens verdejantes do lugar, vista tão longa e tão ampla.
O céu azul que escurecido pela chuva não se podia ver claro.
Nos campos plantações verdejantes.
A colheita ao fundo da paisagem, agradece ao suave presente do céu.
As gotas, caindo suaves molhando os grotões e a terra, bem como gotejando sobre as folhas.
Os pássaros procurando se abrigar em seus ninhos no alto das árvores, para escapar da chuva.
E o céu, o céu que permanecia escuro e sombrio, entristecia a tarde.
A tarde caía lá fora e o tempo ficava cada vez mais triste, enquanto a temperatura diminuía e a chuva virava pesadas pedras de gelo.
O tempo transcorria cada vez mais lento, e as crianças ao olharem para a janela se admiraram com o que viam.
Nunca viram chover pedra antes.
Tudo neste mundo infantil quando visto pela primeira vez é lindo e mágico.
As pedras caíam pesadas sobre o chão de terra, já molhado.
Machucavam as plantas que, passivas, nada mais podiam esperar.
E a chuva que cai... A chuva que continua caindo... e o tempo passa cada vez mais lento.
Nada para se fazer, talvez toda a esperança de trabalho perdida.
Talvez a plantação se perdesse em meio a fome arrasadora da chuva de pedras.
-- Chuva de granizo. – corrigiu Augusto, o filho mais velho e mais sabido de uma grande família. – É a chuva em seu estado natural, condensada. – continuou.
Quando Augusto falava ninguém se atrevia a questioná-lo, pois todos o consideravam a pessoa mais inteligente da casa.
Muitas dúvidas que seus outros irmãos tinham, eram logo resolvidas por ele.
Poucos questionamentos escapavam de seu crivo meticuloso.
-- Pudera, também ele é o filho mais velho. – comenta Otávio o filho do meio desta família. – Não poderia ser diferente. – continuou.
-- Mas ele teve as mesmas chances que nós. – disse Carlota, a filha mais velha.
E o tempo passa.
Em meio a conversação dos irmãos, a chuva continuava cada vez mais forte.
A tempestade avançava, o tempo escurecia, nuvens carregadas riscavam os céus.
Brumas, neblinas.
Parecia que a chuva não ía parar tão cedo e nesse período, nada para se ver além da imensidão do campo verde que se tinha em vista.
Além do verde se podia ver macieiras ao redor do alpendre.
A casa protegida do mal tempo, pequenina ao longe na colina, parecia tranqüila, mas o vento murmurava sons nítidos e atormentadores.
As figueiras ao longe balançavam ao sabor dos ventos.
As folhagens das árvores dançavam ao sabor do vento.
E a chuva... a chuva cairá... sobre este mundo que parecia tão pequeno e que de perto parecia estar tão longe de tão extenso que era.
Templo perdido na distância do tempo que passa e devora tudo, consome a vida e os sonhos.
A desilusão de quem vive.
Somente se lembrará do que passou.
Afinal, não pode reter o tempo.
Mas para alguns nostálgicos: -- Ah, que bom se eu pudesse!
Portanto, essa é a história de um passado nem tão recente nem tão distante.
Uma família que vendeu tudo o que tinha em um rincão brasileiro para se aventurar em um nova terra, muito longe daquele lugar de origem.
Propriedades de médio porte foram vendidas, e esta família tratou de juntar o que sobrara desta feita.
Juntaram o dinheiro, pegaram suas malas e partiram.
Vieram no primeiro trem que apareceu naquela estação.
Uma linda estação recém construída no início do século, época em que começa esta história.
História que retrata a vida de um homem que veio com sua família ainda criança, para o interior do estado de São Paulo no Vale do Paraíba, no período do ciclo do café.
Se fixaram numa cidade próspera do lugar e começaram logo a procurar uma propriedade pequena em tal paragem.
Como era de se esperar plantaram o café, mas também outros produtos para garantir a subsistência da família.
Um casal e seus oito filhos, que também ajudavam no trabalho na lavoura.
Trabalho pesado, duro.
Levantavam ainda quando o sol estava por nascer e preparavam a comida que era feita pela mãe que também ajudava no trabalho, ficando na roça o dia inteiro, até o sol estar por se pôr.
Que lindo momento que era o cair da tarde.
O crepúsculo, num momento em que ainda se dava para ver os raios dourados do astro-rei.
As cores do sol que faziam uma bela composição com o céu azulado que se mostrava cada vez mais insinuante.
Esta era a hora de voltar para casa.
Tomar um banho de bacia, jantar e em seguida dormir.
Dormir cedo, por que no mais, nada se tinha para fazer.
Luz elétrica não havia.
Somente um lampião que mal iluminava a sala.
A luz clara que cintilava no lampião a gás era somente para que todos pudessem achar suas camas e se recolher.
Se recostarem na cama e finalmente dormir.
Logo o dia estaria novamente a raiar.
No dia seguinte, mais um longo dia de trabalho onde tudo se repetiria.
Novamente o céu estrelado por companhia durante a caminhada até a plantação.
Nesse tempo algumas crianças iam para a escola.
Oh! Infeliz força do dinheiro que faz com que poucos tenham chances na vida.
Onde as coisas só valem para quem nasceu bem!
E o tempo foi passando, passando, passando, até chegar um dia...
Em que crescidas, estas que não são mais crianças, tiveram filhos e esses filhos estudaram até onde foi possível.
-- Estudem se querem virar alguma coisa na vida. – foi o que sempre ouviram.
Portanto, mais tarde as crianças passaram a ir para a escola e lá aprenderam um pouco sobre a ciência da vida.
Caminhavam longas léguas até chegar ao grupo escolar, onde estudavam juntas, crianças de várias séries.
Ao voltarem para a casa tinham por companhia as molecagens da infância e mais tarde o sonho dos livros, com histórias de piratas, vilões e mocinhos, grandes textos literários e outros contos infantis de autores contemporâneos.
Neste mundo de fantasia, tudo era lindo e fantástico.
Afinal, tem que haver tempo para sonhar, e mais do que isso, alguém com quem possam dividir os sonhos.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Flores da vida
Agora que me debruço sobre esta folha de papel e escrevo estas primeiras letras, me
lembro de uma realidade constante.
Parabéns pelo teu aniversário!
Fazes anos pela tua existência, sendo que ainda tens muitos o que comemorar.
Alegrias sempre por celebrar.
Um dia, fotografaste num jardim florido.
Hoje tens o conhecimento da vida.
Aprendeste com as flores, entendeste os teus espinhos.
Em seu caule o nutriente da vida que regula todas as suas funções.
Belezas da primavera!
A essência que a luminosa manhã traz e que a grande noite recolhe.
O botão desabrocha para a vida e se transforma numa linda flor vermelha, que com suas pétalas de sangue refletem a vida.
Sua vida que transcorre lentamente com o fenecer das flores, que secam com a luz do tempo.
Assim se mostra que a vida passa e tudo muda, alterando nossos sentidos.
Visões que aguçam e sentem o mundo com um simples par de olhos.
De sua filha: Luciana.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Parabéns pelo teu aniversário!
Fazes anos pela tua existência, sendo que ainda tens muitos o que comemorar.
Alegrias sempre por celebrar.
Um dia, fotografaste num jardim florido.
Hoje tens o conhecimento da vida.
Aprendeste com as flores, entendeste os teus espinhos.
Em seu caule o nutriente da vida que regula todas as suas funções.
Belezas da primavera!
A essência que a luminosa manhã traz e que a grande noite recolhe.
O botão desabrocha para a vida e se transforma numa linda flor vermelha, que com suas pétalas de sangue refletem a vida.
Sua vida que transcorre lentamente com o fenecer das flores, que secam com a luz do tempo.
Assim se mostra que a vida passa e tudo muda, alterando nossos sentidos.
Visões que aguçam e sentem o mundo com um simples par de olhos.
De sua filha: Luciana.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Um Dia Diferente
Dia das mães, um dia guardado para ser lembrado todos os anos de forma constante.
Hoje acordei pensando em escrever sobre esta data.
Penso e não consigo materializar tão concreta maravilha nesta folha de papel que está praticamente em branco.
Tento escrever algo que lembre momentos passados.
“Um velho sítio onde terra havia e onde se plantava, arava e colhia o fruto de um longo período de trabalho.
Mas havia também crianças para cuidar.
Crianças que corriam pelo alpendre, aprontavam travessuras, mas também ajudavam na tarefa de cuidar da terra.
Trabalho de paciência e persistência, período de dificuldades.
Para amenizar, havia a beleza de se morar num lugar onde havia tanto verde e elementos naturais.
Flores e árvores que enfeitam os verdes campos onde se podia correr e sentir o cheiro da madrugada.
As folhas orvalhadas, o canto dos pássaros que logo cedo coloriam o dia de sons.
O galo chamando a todos para o longo caminhar da madrugada sob um céu iluminado só de estrelas. Com o candeeiro na mão, iam caminhando, contemplando o luar e observando as estrelas.
Aos poucos as estrelas da madrugada dão lugar ao sol que vem clareando levemente o dia.
A cada passo a casa se torna mais frágil, perdida na distância e na poeira da estrada de terra.
Tudo transcorria assim e o tempo passou, passou e tudo mudou.
Hoje, o jardim de flores só existe na velha lembrança de uma foto amarelada pela ação do tempo.
Tudo mudou, a jovem mãe, antes com vários filhos pequenos, hoje já tem netos.
Os filhos que de pequenos, viraram adultos trazem e acrescentam à memória, mais lembranças da experiência de ser mãe.
Os tempos da madrugada estrelada, a beleza da natureza, o coaxar dos sapos, a cantoria das cigarras, o canto afinado dos pássaros.
A água limpa e transparente dos rios, o sorriso alegre e ruidoso das crianças, o som dos passos pelo chão do assoalho.
A cantoria acompanhada de violão no alpendre acompanhada de toda a vizinhança.
Tudo isso e muito mais, está carinhosamente guardado na fotografia viva da memória da vida.
Tudo isso acrescenta alguma coisa no coração da mãe e da mulher que atravessou várias fases, lutou, viveu e tem muitas histórias para contar.
A vida se entrega em amplitude para sua pessoa.”
Com isto já colocado nesta folha de papel, depois de muitos titubeios e correções, a idéia se iluminou.
Esta é uma forma de te homenagear por esta data.
Parabéns por este belo dia.
Feliz dia das mães!
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Hoje acordei pensando em escrever sobre esta data.
Penso e não consigo materializar tão concreta maravilha nesta folha de papel que está praticamente em branco.
Tento escrever algo que lembre momentos passados.
“Um velho sítio onde terra havia e onde se plantava, arava e colhia o fruto de um longo período de trabalho.
Mas havia também crianças para cuidar.
Crianças que corriam pelo alpendre, aprontavam travessuras, mas também ajudavam na tarefa de cuidar da terra.
Trabalho de paciência e persistência, período de dificuldades.
Para amenizar, havia a beleza de se morar num lugar onde havia tanto verde e elementos naturais.
Flores e árvores que enfeitam os verdes campos onde se podia correr e sentir o cheiro da madrugada.
As folhas orvalhadas, o canto dos pássaros que logo cedo coloriam o dia de sons.
O galo chamando a todos para o longo caminhar da madrugada sob um céu iluminado só de estrelas. Com o candeeiro na mão, iam caminhando, contemplando o luar e observando as estrelas.
Aos poucos as estrelas da madrugada dão lugar ao sol que vem clareando levemente o dia.
A cada passo a casa se torna mais frágil, perdida na distância e na poeira da estrada de terra.
Tudo transcorria assim e o tempo passou, passou e tudo mudou.
Hoje, o jardim de flores só existe na velha lembrança de uma foto amarelada pela ação do tempo.
Tudo mudou, a jovem mãe, antes com vários filhos pequenos, hoje já tem netos.
Os filhos que de pequenos, viraram adultos trazem e acrescentam à memória, mais lembranças da experiência de ser mãe.
Os tempos da madrugada estrelada, a beleza da natureza, o coaxar dos sapos, a cantoria das cigarras, o canto afinado dos pássaros.
A água limpa e transparente dos rios, o sorriso alegre e ruidoso das crianças, o som dos passos pelo chão do assoalho.
A cantoria acompanhada de violão no alpendre acompanhada de toda a vizinhança.
Tudo isso e muito mais, está carinhosamente guardado na fotografia viva da memória da vida.
Tudo isso acrescenta alguma coisa no coração da mãe e da mulher que atravessou várias fases, lutou, viveu e tem muitas histórias para contar.
A vida se entrega em amplitude para sua pessoa.”
Com isto já colocado nesta folha de papel, depois de muitos titubeios e correções, a idéia se iluminou.
Esta é uma forma de te homenagear por esta data.
Parabéns por este belo dia.
Feliz dia das mães!
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Verão
O mar esverdeado com suas ondas espumantes cor de prata que batem na areia.
A praia é vida com seus pitorescos freqüentadores, siris, caranguejos, entre outras espécies que servem de companhia para as horas solitárias do mar.
Ao entardecer se observa o revoar das gaivotas que aproveitam o doce momento para beijar suavemente o mar.
Quando se tem a sorte de estar num ambiente privilegiado como este, se pode observar os golfinhos em suas coreografias aquáticas pulando e brincando em seu habitat. A praia.
Neste ambiente privilegiado se tem a possibilidade de bebericar um deliciosa água de coco gelada, debaixo de algum quiosque que ladeia a praia.
Sentado, se pode mirar para o mar e admirar o vai e vem das ondas e também, sentir o barulho delas quebrando ao se chocarem com a areia.
Ao perguntarem quem é o grande responsável por esta luta do mar contra a areia, a resposta é simples: a lua, que com sua grande influência interfere no movimento das marés.
Mas voltemos a apreciar o mar.
O mar.
É deste lugar que muitos tiram o seu sustento, seu modus vivendi.
Os jangadeiros que lançam suas redes ao mar na esperança de recolher um pouco de peixes, presentes concedidos pela generosidade do mar.
É neste mundo rico de flora e fauna vivem lagostas, camarões, grandes e variados tipos de peixes, polvos, lulas, anêmonas – as flores do mar que encantam pela diversidade de cores e formas –, as vieiras – conchas que desenvolvem um jeito próprio de locomoção – , moluscos que vivem em suas conchas, protegidos contra seus predadores naturais, etc.
Quanto mais fundo se alcança este mar profundo, mais as formas de vida tem que se adaptar.
Em certas profundidades se tem menos luminosidade e mais pressão, além de outras condições desfavoráveis.
Agora, na beira da praia também temos beleza.
Beleza esta que se exterioriza para nós.
Grande quantidades de árvores que circundam a orla marítima, coqueiros, chapéus de praia e outros tipos de árvore que embelezam o litoral.
Ao longe do oceano se avistam várias ilhas, algumas delas até podendo serem visitadas.
Como? Através de um passeio de balsa.
Ao chegar lá, se observa o que tem o lugar.
Ilha Bela por exemplo, é um lugar que possuí muitas belezas naturais, muitas cachoeiras para serem visitadas.
Praias existem também, algumas cercadas de jet’s ski’s que circulam por lá.
Dizem que a melhor parte é a região sul desta ilha.
Lá tem praia mais limpas e atraentes para os turistas.
A região também possuí diversão, com bares, restaurantes etc.
E toda essa beleza só para a gente curtir.
Tudo isso nos serve para mostrar a grandeza de um Ser Criador que fez essas maravilhas somente para a gente aproveitar melhor a vida.
Felicidades nos pressupostos 2000 anos do nascimento de Cristo.
Feliz Natal!
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
A praia é vida com seus pitorescos freqüentadores, siris, caranguejos, entre outras espécies que servem de companhia para as horas solitárias do mar.
Ao entardecer se observa o revoar das gaivotas que aproveitam o doce momento para beijar suavemente o mar.
Quando se tem a sorte de estar num ambiente privilegiado como este, se pode observar os golfinhos em suas coreografias aquáticas pulando e brincando em seu habitat. A praia.
Neste ambiente privilegiado se tem a possibilidade de bebericar um deliciosa água de coco gelada, debaixo de algum quiosque que ladeia a praia.
Sentado, se pode mirar para o mar e admirar o vai e vem das ondas e também, sentir o barulho delas quebrando ao se chocarem com a areia.
Ao perguntarem quem é o grande responsável por esta luta do mar contra a areia, a resposta é simples: a lua, que com sua grande influência interfere no movimento das marés.
Mas voltemos a apreciar o mar.
O mar.
É deste lugar que muitos tiram o seu sustento, seu modus vivendi.
Os jangadeiros que lançam suas redes ao mar na esperança de recolher um pouco de peixes, presentes concedidos pela generosidade do mar.
É neste mundo rico de flora e fauna vivem lagostas, camarões, grandes e variados tipos de peixes, polvos, lulas, anêmonas – as flores do mar que encantam pela diversidade de cores e formas –, as vieiras – conchas que desenvolvem um jeito próprio de locomoção – , moluscos que vivem em suas conchas, protegidos contra seus predadores naturais, etc.
Quanto mais fundo se alcança este mar profundo, mais as formas de vida tem que se adaptar.
Em certas profundidades se tem menos luminosidade e mais pressão, além de outras condições desfavoráveis.
Agora, na beira da praia também temos beleza.
Beleza esta que se exterioriza para nós.
Grande quantidades de árvores que circundam a orla marítima, coqueiros, chapéus de praia e outros tipos de árvore que embelezam o litoral.
Ao longe do oceano se avistam várias ilhas, algumas delas até podendo serem visitadas.
Como? Através de um passeio de balsa.
Ao chegar lá, se observa o que tem o lugar.
Ilha Bela por exemplo, é um lugar que possuí muitas belezas naturais, muitas cachoeiras para serem visitadas.
Praias existem também, algumas cercadas de jet’s ski’s que circulam por lá.
Dizem que a melhor parte é a região sul desta ilha.
Lá tem praia mais limpas e atraentes para os turistas.
A região também possuí diversão, com bares, restaurantes etc.
E toda essa beleza só para a gente curtir.
Tudo isso nos serve para mostrar a grandeza de um Ser Criador que fez essas maravilhas somente para a gente aproveitar melhor a vida.
Felicidades nos pressupostos 2000 anos do nascimento de Cristo.
Feliz Natal!
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
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