Poesias

segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

Pérolas de Sabedoria

Desde as priscas eras o ser humano tentava explicar de alguma forma, o fenômenos e os elementos que circundavam sua vida.
Assim a chuva pode ser a ira de alguma divindade que, descontente, lançava raios furiosos para amedrontar os homens, e assim por diante.
Para explicarem o surgimento de algo tão maravilho como a pérola foi preciso mais.
Foi preciso se criar um mito para que fosse apreciada sua adoração.
Dizem que as pérolas são as lágrimas de uma deusa em tributo à eterna infelicidade, pois, despojada de seu maior desejo, perdeu o significado da vida ...
Muitos povos acreditaram durante muito tempo, que por toda a eternidade essa deidade ficara a lacrimar ...
Outras lendas existem ainda para tentar explicar a magnitude de tão maravilhosa criação, mas nenhuma capaz de suplantar com seu esplendor a beleza da mais bela criação divina definida como um glóbulo, duro, brilhante e nacarado, que se forma nas conchas dos moluscos bivalves.
A pérola.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte. 

Infância

Templo do amor-perfeito, onde tudo e todos tem um quê de onírico.
As recordações que tenho da minha infância são silentes, mas de certa forma também são eloqüentes, posto que remetem a um tempo de magia e de muitas brincadeiras.
Tudo é motivo para encantamento, deslumbramento.
Os canudos multi-coloridos usados para tomar refrigerante, se tornavam uma festa sem igual nas mãos de uma criança imaginativa.
Buliçosa que de traquina aprontava mil aventuras em sua fértil imaginação.
Os bonequinhos do bolo se transformam em mil e uma brincadeiras, cada qual, uma forma de contar variadas histórias.
Os amigos, a praça defronte a casa, as noites enluaradas em meio a brincadeiras e balanços, alegrias, choradeiras, confusões...

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

*Buliçosa é o feminino de buliçoso. O mesmo que: esperta, inquieta, arruaceira, contrariada, movimentada.

Sortilégios

Suave pendão auriverde de minha terra.
Longínquas fragatas lançadas ao sabor das borrascas e dos ventos alísios.
Tempestade, calma, serenidade.
O langor do corpo lasso que intrépido outrora, neste instante se queda inerte.
Passos largos se aproximam como num lento suspirar.
A combinar com o sabor dos ventos, um odor almiscarado.
Ao fundo, um jardim, repleto de madressilvas que rivalizando com as maravilhas da lua, eram todas elas de uma beleza sem igual, edulcoradas que eram pela natureza agreste do lugar.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

*alísio
adjetivo substantivo masculino
METEOROLOGIA
diz-se de ou vento que sopra durante todo o ano sobre extensas regiões do globo, das altas pressões subtropicais em direção às baixas pressões equatoriais; alisado, alíseo, aliseu [O alísio do hemisfério sul sopra de sudeste para noroeste e o do hemisfério norte de nordeste para sudoeste.].

*almiscarado
adjetivo
1. perfumado com almíscar.
2. que tem o odor do almíscar ou semelhante a essa substância.

*madressilva
substantivo femininoANGIOSPERMAS
1. arbusto volúvel ( Lonicera caprifolium ) da fam. das caprifoliáceas, nativo da Europa e da Ásia, de folhas coriáceas, flores aromáticas amareladas e bagas ovoides vermelhas, muito cultivado como ornamental; chupa-mel, madre-caprina, madressilva-dos-jardins.
2. design. comum a diversas plantas do gên. Alstroemeria, da fam. das alstroemeriáceas, cultivadas como ornamentais e por suas flores.

*Edulcorado é o particípio passado do verbo edulcorar. Segundo o Dicionário Eletrônico Houaiss, edulcorar significa «tornar doce ao paladar». ... Também o Dicionário da Porto Editora nos dá «adoçar» como significado de edulcorar, enquanto, em sentido figurado, este verbo é o mesmo que «suavizar, amenizar».

O > Espetáculo da Terra

Gostaria de começar, escrevendo sobre uma linda história, mas como estou há muito tempo sem escrever.
Parece que eu perdi o jeito de lidar com as palavras
Princesas tão ariscas
Tão ariscas que parecem escapar por entre meus dedos, lisas como corredeiras de rios imensos e caudalosos
Procuro inspiração
Onde estás?
Respondas!

Tentei escrever sobre as grandes batalhas da terra Brasil
Fracasso
Não consegui desenvolver nada muito original
Muito embora a história deste país seja tão rica...
Escrevi sobre a origem do mundo e a beleza da criação divina

Nesta empreitada consegui ser um pouco mais feliz
Ao que me parece, perdi um pouco o jeito, fogem-me as idéias
Hoje, tenho que me esforçar um pouco mais para ter idéias criativas...

Espere, parece que me ocorreu uma idéia
Vou escrever sobre o carnaval, que é a maior festa popular do mundo
O ano de 2003 começou como qualquer outro ano ...
As comemorações de fim de ano...
No nosso caso, um churrasco para coroar a passagem do ano com flores – no caso de pano, mas ainda assim flores - música, boa música, a intragável posse do novo salvador da pátria do momento, e a expectativa de alguma novidade neste ano que surge.
Vesti uma saia longa preta juntamente com uma blusa cinza, estilo tomara que caia, maquiagem, pulseiras e o colar que ganhei de minha tia no meio do ano, como presente de aniversário, e os cabelos bem cuidados e soltos como sempre.
Na noite da passagem do ano, o Reveillon propriamente dito, estava usando meu vestido longo marrom que eu adoro, com uma tira num dos ombros, simulando um tomara que caia.
Estava igualmente maquiada e arrumada para tão especial ocasião como sempre me arrumo há muito tempo.
Para ser exata, há sete ou oito anos, desde São Caetano, é uma comemoração memorável no apartamento em frente a escola onde já estudei.
Naquela época, nossa árvore de natal de dois metros e quarenta, estava sendo comprada, e nós estavamos preparando a sala para o Natal.
Neste Natal, usei um vestido vermelho curto, com um scarpin vermelho que eu comprei para combinar com o vestido, maquiagem, cabelos presos, champagne e uma bela ceia.
Ouvimos música, inclusive os Beatles.
Tomei muito champagne e assistimos um pouco de televisão, depois ceamos.
Se não me falha a memória, usei no Reveillon, meu vestido branco com corselet, maquiagem, sapatos brancos, e como sempre a ceia que encerra toda passagem de ano.
Em Santo André usei um vestido preto longo que comprei quando já morava lá, e também um outro vestido de formatura branco que eu fiz.
Mas voltando ao churrasco de fim de ano e ao dia Primeiro de Janeiro de 2003...
No já tão propalado dia mundial da paz, embora por muitos esquecido.
Foi um belo churrasco, e o início de um ano que com certeza será venturoso e profícuo de mudanças.
Ainda no Natal de 2002, vesti o já conhecido vestido branco com corselet, e no dia seguinte, uma saia longa vermelha com uma blusa igualmente vermelha com uma alça em V.
Como sapato, usava uma sandália plataforma preta, maquiagem, meus brincos de argola, meu relógio dourado, e perfume.
Ademais, como já dito, sobreveio o ano de 2003, a minha formatura, no Anfiteatro da Faculdade de Direito...
Sucederam-se os dias, que na maior parte das vezes foram de estudo, muito estudo, dedicação, e também porque não, assistindo novelas, e a maravilhosa minissérie A Casa das Sete Mulheres, que conta a história da Revolução Farroupilha, também conhecida como Guerra dos Farrapos, e seus heróis e vilões, todos devidamente romantizados.
Chegou finalmente o final do mês de fevereiro, e com isso o Carnaval de São Paulo, muito organizado e bonito, e apesar das tragédias que aconteceram próximas a data, nada empanou o brilho da comemoração.
Não vou recordar exatamente, a ordem dos desfiles na Passarela Adoniram Barbosa, saudoso sambista que compôs e cantou as belezas e mazelas da cidade de São Paulo, mas vou fazer um gostoso esforço para me lembrar um pouco de cada um dos desfiles.
A começar pela Escola de Samba Barroca Zona Sul, que inclusive retornou para o grupo de acesso depois do desfile.
Na minha opinião, foi desfile fraco, com fantasias feias, apesar da carnavalesca Rosa Magalhães.
Já a Gaviões da Fiel, ganhadora do carnaval, falou do Brasil, através de suas cinco regiões.
Possuía lindas e ricas fantasias, fez um belo desfile, mas não considero como um desfile vencedor.
A Escola Águia de Ouro fez um desfile muito mais bonito ao falar da China.
Tanto que senti até vontade de conhecê-la; e a Rosas de Ouro, ao falar das frutas, tendo no Carro Abre-Alas uma rosa símbolo da Escola, bem como frutas tema do enredo.
E que também fez um belo desfile, adorei.
A Acadêmicos do Peruche, ao falar de Ziraldo, também fez um bonito desfile apesar dos problemas pelos quais passou, chegando até a perder alguns carros alegóricos em um incêndio, e nem assim foi poupada de ser rebaixada.
Achei isso, injusto e cruel.
Mas apesar disso, tal infelicidade mostrou o lado da solidariedade humana, ao vermos que as outras escolas, rivais, a ajudaram da forma que puderam.
A Vila Maria falou da Dutra, e da região limítrofe a rodovia, falou de Aparecida e de outras cidades do Vale do Paraíba.
Apesar de estar chegando no Grupo Especial, fez um senhor desfile.
A Nenê de Vila Matilde, infelizmente não me lembro de ter acompanhado seu desfile.
Temos a Leandro de Itaquera e a Acadêmicos do Tucuruvi, que falaram da imprensa e do jornalista Tim Lopes que foi assassinado em meados do ano passado, e que, na minha opinião, não fizeram um desfile bom, as fantasias estavam feias, e o enredo não foi bem apresentado e explorado.
Temos ainda a X-9 Paulistana, entre outras.
Subiram para o grupo especial a Escola de Samba Acadêmicos do Tatuapé, e outra que agora, não me recordo o nome.
Mas independente dos problemas com uma ou outra escola, o desfile de São Paulo é lindo, com certeza, e vale a pena ser prestigiado, independente da escola a desfilar.
No Rio de Janeiro temos a Grande Rio, Caprichosos de Pilares, Portela, Mocidade Independente de Padre Miguel, Imperatriz Leopoldinense, Mangueira, Beija-Flor – campeã do carnaval carioca ao falar da fome, Salgueiro – que falou da sua história, e convidou componentes da Mangueira para o desfile, posto que a Escola mencionada é sua madrinha –, Porto da Pedra, entre outras.
Adorei o desfile no qual o enredo foi não só a história do teatro, já abordado no mesmo carnaval por outra escola carioca, mas também a história de Bibi Ferreira.
Tão linda quanto a história estava a Comissão de Frente com uma bailarina de quatorze anos fazendo a Bibi Ferreira jovem.
Também adorei a Comissão de Frente da Mangueira ao mostrar Moisés levitando em plena Sapucaí, a passarela do samba.
A Passarela Professor Darci Ribeiro, conhecido educador, assim como Paulo Freire e outros que se não o são, deveriam serem conhecidos.
O Brasil, terra abençoada, apesar de seus inúmeros problemas, é uma terra fértil em grandes nomes em grandes campos do conhecimento.
Ainda bem.
Por fim, é uma pena não poder falar mais do carnaval, de suas marchinhas, de seus blocos que até hoje persistem e resistem.
Isso porque, muita coisa eu não conheço, e se falasse cometeria um grande erro, posto que pessoas muito mais abalizadas que eu é que podem falar sobre isso.
Mas tudo bem, agradeço aos que lerem essas baboseiras que eu acabei de escrever, e peço passagem para continuar escrevendo.
Obrigada.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

terça-feira, 21 de janeiro de 2020

Sonhos

Recordo-me do sonho de ontem.
Foi um sonho que eu tive e que por sinal foi bem interessante.
Era assim.
Uma bela e imensa construção, que aos que de fora olhavam, a imaginavam média.
Somente ao entrar nela se podia dar conta de sua grandiosidade.
Por fora da casa, toda pintada de amarelo claro, se tinha a impressão de ser uma casa de tamanho razoável.
Realmente, não era pequena.
Só que ao fundo da construção, se esta pudesse ser visível por quem de fora olhasse, poderia se perceber a magnificência da vasta construção.
A casa fora estrategicamente construída para que ninguém pudesse perceber quais eram suas reais dimensões.
Nem mesmo quem lá trabalhava, sabia exatamente o seu tamanho.
Os únicos que conheciam detalhes da casa, eram os donos da casa.
Nem mesmo a mocinha que habitava a casa, nem ela conhecia todos os segredos desta.
Em seu interior, a casa era bem maior do que parecia.
Tão grande, que mais parecia um labirinto cheio de secretas passagens e muito suntuoso.
Cheio de móveis antigos, esculturas que remontam do período grego, grandes pinturas nas paredes, flores, abajures caríssimos.
A cozinha por exemplo, abrigava um exército de trabalhadores que preparavam durante todo o dia o ambiente para as refeições da família, suas festas, e seu dia-a-dia.
Neste ambiente, cujo piso era de mármore, havia vários fornos, fogões, armários para guardar os  utensílios domésticos, e até uma mesa de mármore para preparar as refeições dos patrões.
Parecia uma cozinha industrial, tamanha a quantidade de equipamentos que lá havia.
Em outro cômodo da casa, próximo da cozinha, mais armários guardavam as louças e as pratarias da dona do imóvel.
A despensa era imensa, possuía todas as espécies de alimentos que se podia imaginar.
Cumpre salientar que esta dependência da cozinha, era de uso exclusivo dos donos da casa.
Atrás da cozinha estava a lavanderia, com vários cômodos.
Num deles, inúmeros tanques de lavar roupa.
No outro ficava o depósito com o armário para guardar os produtos de limpeza, ferros de passar, as tábuas que ficavam escamoteadas no armário, sabões, etc..
Ali também havia um outro espaço para se guardar as roupas passadas e tudo o que fosse necessário, e por último, uma grande área reservada só para os varais, ainda dentro da casa.
Com efeito, resta falar de um depósito de quinquilharias que existia ao fundo da casa, onde estavam guardadas as tralhas imprestáveis da família.
Num imenso corredor que saía da cozinha, se avistavam ainda, os quartos dos empregados.
Eram cerca de uns trinta e cinco quartos.
Tais quartos consistiam em: uma entrada e uma sala com sofás de madeira com tecido salmão, com mesa de centro e uma pequena estante com rádio e outros produtos de consumo da época.
Lá também havia uma mesa com quatro lugares, para realizar as refeições do fim do dia, bem com em alguns quartos, havia uma pequena cozinha e área de serviço, com espaço para um varal.
No mesmo ambiente, estava ainda o quarto dos filhos, geralmente com duas camas e três aparadores (geralmente), amplos armários, escrivaninha, banheiro com chuveiro, pia e sanitário, além de uma pequena sala repleta de brinquedos.
No quarto propriamente, um ambiente com cama de casal e dois aparadores de cada lado da cama, um sofá de tecido salmão aos pés da cama, penteadeira com cadeira revestida também de veludo salmão, ao fundo um pequeno closet, e um banheiro com chuveiro, uma pequena banheira, pia com um grande espelho e sanitário.
Esta é basicamente a composição dos quartos dos empregados, com poucas diferenças.
Geralmente quem trabalhava na casa levava sua família junto.
Agora, com relação o local das refeições dos empregados, o piso deste era de um mármore singelo, possuía cerca de umas quarenta mesas de vidro com pés de mármore e quatro cadeiras cada, todas de espaldar alto.
Tal cômodo ficava em outro setor da casa, onde ficava também a cozinha onde preparavam a comida que os outros criados da casa iriam comer.
Havia também uma imensa despensa para esta cozinha.
Para os serviçais, havia também uma lavanderia, quase do mesmo tamanho da dos patrões, para que pudessem cuidar de suas roupas.
Na área da casa onde ficava a cozinha havia um enorme local para refeições, onde havia fornos especiais para se prepararem pizzas, entre outras delícias, e era onde a família e os amigos eventualmente se reuniam, geralmente em finais de semana.
Enfim, a casa era um verdadeiro palácio.
Magnifico.
A seguir pode-se ver outros ambientes na casa: a entrada, suntuosa com grandes esculturas de pedra, colunas de mármore, e piso igualmente de mármore; após, a sala, com sofás de madeira trabalhada e recoberto por fino tecido, além de mesinhas e aparadores cheios de fotos, abajures e algumas esculturas.
Havia uma mesa de centro também em madeira, onde repousava um imenso vaso com flores e onde se tinha uma vista deslumbrante de um jardim de inverno que ficava dentro da casa.
Ao fundo havia ainda outras salas, uma com lareira, esta adornada com ricas esculturas de gesso como também com móveis de madeira e sofás recobertos de veludo verde e mesinhas e aparadores, como na outra sala.
Ao lado desta a sala de descanso, com inúmeros pufes para amparar as pernas cansadas dos moradores do majestoso lar.
Quanto a decoração, nada de sofás de madeira recobertos de tecido, e sim sofás estofados e de tecido, ricamente revestidos de veludo salmão.
Ao centro do cômodo um sofá redondo, no mesmo estilo.
E ao fundo uma pequena estante com divisórias para as correspondências dos moradores, bem um como um bar com sete lugares, igualmente feito em madeira, e repleto de bebidas, e atrás dele, uma adegada climatizada.
Na casa havia também uma sala de som, um estúdio para as músicas, um cômodo para guardar filmes, e uma sala íntima, com muitos sofás e de onde se podia avistar um dos inúmeros jardins internos da casa.
Num desses jardins existia um pergolado, e várias espécimes de flores, bem uma praça com esculturas e fonte de onde jorrava água.
Na outra sala estava um piano de calda, e também estava adornada à semelhança das salas anteriores.
Entre as inúmeras salas pude ver uma colossal escada, e ao se aproximar dela, pode se constatar a presença ainda, de uma sala de jantar com umas trinta ou até mais, cadeiras e uma mesa de vidro com pés de mármore, bem como de alguns móveis ao redor, assim como imensos arranjos de flores e algumas pequenas esculturas clássicas.
Ao lado, uma sala de almoço, com uma mesa redonda, umas quinze cadeiras, e uma ornamentação um pouco mais simples.
No escritório havia toilet, uma biblioteca de livros técnicos – imensa, dividida em vários setores, com espaço para revistas e jornais, além é claro de romances e clássicos da literatura, bem como enciclopédias –, uma sala de espera e uma pequena copa, tudo para que o senhorio pudesse trabalhar em casa.
Duas secretárias organizavam sua agenda, em uma sala só para elas, e lá mesmo ele atendia seus clientes.
Pode-se ver ainda outras duas salas, uma de estudos, com várias carteiras de madeira de lei, uma imensa biblioteca dividida em várias seções e que pelo tamanho devia ter uns trezentos ou quatrocentos metros quadrados.
Também pode-se ver uma farta sala de brinquedos, com tantas bonecas e brinquedos, que mais parecia uma loja.
Tudo isso me parecia imenso.
Se fosse calcular a dimensão destes cômodos, acredita-se, daria cada um uns cem metros quadrados ou mais.
Pode se avistar ainda uma enorme piscina olímpica, assim como os salões de jogos, com área para jogar pingue-pongue e cartas, além de sinuca e outros jogos, uma quadra poliesportiva, além de uma piscina coberta.
Havia também um magnífico salão de festas, com pista de dança, e que possuía serviço de cozinha próprio, toilet’s separados e tudo mais o que fosse necessário.
Até um barzinho com cinco lugares cada e com sua própria adega.
Havia ainda salas de ginástica, com vários ambientes, vestiários, e saunas.
No ambiente externo havia vestiários para a piscina, churrasqueira, barzinhos, ao todo três, com oito lugares, várias varandas e alpendres.
A casa possuía ainda uma capela com cem lugares, para os empregados rezarem, assim como os moradores da casa.
A capela era tão imponente que possuía inúmeros vitrais, confessionário, e um grande altar com inúmeras imagens de santos.
E uma sala de costuras, com três ambientes para que a mãe pudesse se distrair durante o dia.
E ainda, uma garagem para uns cinqüenta carros.
Ademais, não se pode deixar de esquecer de fazer menção de quem, em todos os ambientes da casa existem toilet’s ou lavabos sem exceção.
Na casa haviam também uma enorme sala de TV que mais parecia um cinema.
Suntuosa, era muito bem decorada.
Ademais ainda tinha um teatro, com palco, camarins, banheiros e auditório com cem cadeiras, entre os ambientes da imponente residência.
No jardim, imenso, havia uma grande variedade de plantas, flores e árvores, bem como um zoológico e um cemitério, distantes de olhares curiosos.
Por fim, adentrando a casa novamente, surgiu o corredor que dava acesso aos quartos, no andar superior da casa, e neste pode se ver o magnifico quarto onde uma jovem repousava, com móveis antigos, trabalhados em madeira.
Nesse quarto, uma imensa janela dava acesso a uma bela vista do lugar (este só visível para quem lá morava), e que poderia ficar escondida pela rica cortina azul que ficava sobre a janela.
Ainda neste ambiente havia uma penteadeira, com objetos de uso pessoal e uma cadeira com estofamento em veludo azul, um sofá comum também revestido de veludo na mesma cor, e ao redor da cama de casal, cortinas azuis.
Próximo a janela ficava a escrivaninha, acompanhada de uma cadeira de espaldar alto e revestida de azul, e uma estante, com livros e os objetos e estudo.
Ao lado da cama, um pequeno móvel de madeira de cada lado com abajures trabalhados datando da belle époque.
Na saleta que fazia parte do quarto, estavam os sofás de madeira revestidos do mesmo tecido, uma mesa de centro de madeira de lei, com flores, dois pequenos móveis de madeira atrás dos sofás, uma mesa com dois lugares e ao fundo se podia ver a porta do toilet e antes um imenso closet onde havia uma passagem.
Os demais quartos em muito se assemelhavam com esse, e por isso seria desnecessário descrevê-los, só atentando para o fato de que era uns trinta quartos ao longo de um imenso corredor, sendo quase todos avarandados e com algumas passagens secretas.
No último andar ficava um sótão também mobiliado e com alguns ambientes ricamente decorados e aparentemente abandonados, os quais nem a filha dos donos tinha acesso.
Pois bem, nesta casa morava uma jovem moça.
E neste sonho, a jovem moça estava procurando algo que ninguém saberia explicar.
Procurou, procurou, chegou a sair de sua casa escondida para que pudesse encontrar o que almejava.
Não conseguiu.
Por essa razão, em boa parte do sonho, ela estava fora da casa.
Somente no final do sonho retornou ao lar.
Ao entrar foi logo recebida por uma empregada que cuidou para não a vissem.
Nervosa, a empregada cobriu-a e a levou para o quarto.
A moça, devia viver como uma verdadeira lady neste monumento da arquitetura.
E tudo seguiria calmamente, não fosse o fato de a moça ter um amigo muito impertinente e atrevido.
Amigo este que conseguiu adentrar o palácio e se esconder nos aposentos da jovem mulher.
Viveu um bom período escondido a lhe fazer companhia, e quase foi descoberto, não fosse sua vivacidade e esperteza ao se esconder numa das passagens escondidas da casa, a tempo. E com isto, acabaria a combinação entre eles.
Isso porque uns dos empregados de seu pai adentrou seu quarto inesperadamente.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

Saudosa

“No escurinho do cinema
Chupando drops de anis
Longe de qualquer problema
Perto de um final feliz

Se a Débora Kerr que o Gregory Peck
Não vou bancar o santinho
Minha garota é meio west
Eu sou o chique Valentino

Mas de repente
O filme pifou
E a turma toda logo vaiou

Acenderam as luzes,
Cruzes
Que flagra, flagra...”
(Rita Lee, “No Escurinho)

Lembrei-me dos tempos de outrora
Os tempos de minha antiga meninice
Onde recordo com saudade...

As lembranças que nunca tive
De um tempo suave e breve,
Revolto e sisudo
Lembranças de tempos que não são meus...

Nas ondas do rádio,
Tão longínquas e dolentes
As canções magníficas que eu já gostava de ouvir

Saudosas canções nostálgicas
Doces baladas, melodias românticas
Jackson’s Five, Beatles, Elvis Presley

Lindas canções que remetem
As mais belas épocas
Uma época de saudades
De um tempo que não vivi

Recordo-me que em criança, deitada, dormindo
Sonhava com esse mundo
Que a mim não pertencia...
Ao acordar, não entendia

Porque sentia tão vívida em mim
As lembranças dessas décadas
Recordações tão vivazes!

Os anos cinqüentas
Sua moda, suas vestimentas
Seus vestidos bufantes, compridos e inesquecíveis
E suas camélias a enfeitar

As saias rodadas com poás
Anáguas, blusas, pulseiras coloridas
A pesada maquiagem de suas mulheres

O cabelo cuidadosamente penteado com gel
A “Brilhantina”, fazendo as cabeças masculinas
Sapatos, plataformas, scarpins
Jaquetas de couro, camisetas brancas
Calças jeans, botas de cano curto

No imaginário da época
Havia ainda as Lambretas, Romisetas
Os carros, o deleite da sociedade

A sociedade de consumo que começava a se formar
Limusines, carros conversíveis Buick’s, Mustangues,
Landaus, Cadillac’s Gordinis, e até mesmo Fuscas
Tudo para encher as ruas de roncos e barulhos de motor
As épicas construções do início do século passado

O século XX ...
Surgem nesse momento ...
Repaginadas, com ares modernos
Móveis coloridos, televisões antigas,

Imagens em branco e preto
As séries de TV sucesso no momento “Papai Sabe Tudo”,
Programas nacionais “O Céu é o Limite”,
Jota Silvestre “Almoço com as Estrelas”, “Repórter Esso”

As grandes rádios e os ídolos da época
As novelas saídas do rádio, agora nas telinhas
“Sua Vida me Pertence”, e outras

Como forma de entretenimento
Namoricos na praça...
Lugares bucólicos, aprazíveis
Fontes monumentais,

Belos passeios,
Jardins esplendorosos,
Jardim da Luz, o Parque do Ibirapuera, recém inaugurado

As flores, os monumentos históricos
Saudade de uma época que não mais existe
De uma educação esmerada
De lindas canções de amor, de romances...

De sonhos
Que de leves a brisa os desfez “Blue Moon”,
“Moon Light Serenade”,
“My Way” Frank Sinatra,
Ray Connif, Henry Mancini

Tudo era divertido, um eterno bailar
Luvas brancas, tomara-que-caia
Poás brancos, vermelhos

No jardim, belas esculturas renascentistas
Com a banda ao fundo tocando algum sucesso
“Noturne”, não seria nada mal
Coca-cola, “Bossa Nova”, João Gilberto
Juscelino Kubstchek, “O Presidente Bossa Nova”
Na ilustre canção de Juca Chaves

No cinema, as pessoas trajadas elegantemente
Homens de terno e gravata
“Givenchi”, o sonho de consumo das mulheres
Os desfiles de Moda

A tranqüilidade do centro bem cuidado
Da terra da garoa
A outrora acolhedora cidade de Castro Alves
Dos poetas românticos,
Que com sua neblina envolvente e sedutora

Deu-me vontade de conhecer-te
No seu passado de glória
Que pena não poder te ver assim
Cidade querida

No Rio de Janeiro
O Hotel Quitandinha, em seu eterno esplendor
Os Concursos de Miss
Ah! O Brasil parou para olhar
O ideal de beleza que não mais existe...

“O Cruzeiro”, “Revista Manchete”
Marilyn Monroe e “O Pecado Mora ao Lado”
“Sabrina”, Audrey Hepburn
“A Place in Sun”, Montgomery Clift, Elizabeth Taylor
“Here from to Eternity”, com Burt Lancaster
“Absolutamente Certo”, com Anselmo Duarte
“Apassionata”, “Tico-tico no Fubá”
No eminente estúdio Vera Cruz

A derrota de 1950 e a grande conquista de 1958
O sonho do futebol
O torneio de Winbledon, o tênis
Maria Esther Bueno, a grande conquistadora...

James Dean e sua eterna
“Juventude Transviada”
O rebelde sem causa
E o desidério das jovens dessa geração

As chanchadas da Atlântida, na cidade carioca
Grande Othelo, Oscarito, Derci Gonçalves
Grandes estrelas do nosso cinema nacional

A seguir surgem
Os anos sessentas
Com suas cores psicodélicas, roupas curtas
Minissaia, Mary Quant e suas cortinas
Jovem Guarda,
Roberto Carlos, Wanderléa, Eramos,
Wanderley Cardoso, Eduardo Araújo e companhia

TV Record, MPB
Elis Regina, Jair Rodrigues, “O Fino da Bossa”
Jorge Ben

Os filmes estrelados por essas pessoas maravilhosas
Ditadura, Anos de Chumbo
Da rosa que tortura e mata
Tropicália,
Os Mutantes
“Divino Maravilhoso”
Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque
Gal Costa, Maria Bethânia
Os Hippies, a Contra-Cultura
Geraldo Vandré, os Festivais da Canção

E pensar que todas essas elegantes referências
Pairavam na minha infância
Sem que eu as percebesse
Posto que nunca as sonhara
Somente a eterna sensação de nostalgia
De uma vida que não vivi
De alguma coisa que nunca tive
Tendo somente por companhia,
As minhas saudosas lembranças...

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

Efemérides Patrióticas

Sete de Setembro

Glorioso Sete de Setembro
Em que, aos 7 de setembro de 1822 fora proclamada, segundo os historiadores, a Independência do Brasil
Um ato supostamente heróico de Dom Pedro I que teria sido realizado
Às margens do Rio Ipiranga, em razão de um brado seu e do brandir de sua espada
Ao longo dos anos, seguiu-se a tradição de comemorar o Sete de Setembro
Linda cerimônia é organizada nesta data
Militares se esmeram em suas fardas paramentadas
Ricas e ornadas fardas, pertencentes a todos os que servem a pátria
Seja o exército, a marinha ou a aeronáutica
Seguem à pé ou à galope, ou em tanques de guerra
Realizam a salva de tiros e marcham a largos passos, perante um público cioso de suas tradições democráticas
Todos assistem atentos, ao longo do trajeto, o desenrolar do desfile histórico
A marcha dos militares
Ao fundo, o Hino da Indenpendência tocado por uma banda composta por militares, toca:
“...Brava gente, brasileira
Longe vá, temor servil
Ou ficar a pátria livre
Ou morrer pelo Brasil
Ou ficar a pátria livre
Ou morrer pelo Brasil...”
Salve, salve o Brasil
Nossa pátria amada.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.