Poesias

quinta-feira, 3 de junho de 2021

OLHAI OS LÍRIOS DO CAMPO - CAPÍTULO 40 – EPILOGO

Nisso, Lourival, tentava conversar com Aliomar. Dizendo que se ele o matasse nunca mais poderia por os pés na cidade, Aliomar respondeu que isso pouco importava. Alegando que uma dívida com ele nunca ficava sem paga, respondeu que era chegada a hora do acerto de contas.
Lourival ao ouvir estas palavras, tentou mais uma vez conversar, mas Aliomar, desejando vingança mandou ele andar.
Lourival, preocupado perguntou-lhe para onde iriam.
Aliomar, ordenando-o se calar, mandou que continuasse andando.
Sem questionar a ordem, Lourival caminhou.
Ao se aproximar da igreja, Lourival perguntou a Aliomar:
-- O que está acontecendo?
Aliomar respondeu:
-- Corre!
Sem nada entender, Lourival permaneceu estático.
Impaciente, Aliomar gritou:
-- Corre.
Sem alternativa, Lourival correu. Correu até chegar em frente a igreja.
Lá Aliomar, apontando sua arma para Lourival, desfechou vários tiros contra ele.
Lourival, ao sentir os tiros, caiu ao chão.
Os poucos convidados que ainda aguardavam o desfecho da história, puderam ver o homem caindo.
Regina, ao ver Lourival ferido, acorreu em sua direção.
Margarida ao perceber a intenção da filha, bem que tentou impedi-la, mas Regina, afastando o braço da mãe, foi ao encontro de Lourival.
O homem, ao ser amparado pela moça, afirmou:
-- Igual a Elis!... Estou pagando pelos meus erros!
Regina ao ouvir estas palavras, chorou.
Lourival, percebendo a tristeza de Regina, comentou:
-- Não, não chore. Menina, não chore. Eu escolhi o meu fim. Escolhi no dia em que me envolvi com quem não devia, e fiz escolhas erradas. Com meu comportamento, magoei e feri muita gente. Você bem o sabe. Eu te contei. Não bastasse isso, te magoei também. Me perdoe por isso. Não foi intencional.
Regina, notando o vazio nos olhos de Lourival, concordou em conceder-lhe o perdão que tanto pedia.
Lourival agradeceu então. Dizendo que agora poderia morrer em paz, respondeu que amou muito Elis, tanto quanto a amava.
Regina respondeu:
-- Eu sei.
Nisso, Lourival, olhando fixamente para ela, disse adeus. Em seguida, pendeu a cabeça para trás e cerrou os olhos. Estava morto.
Regina, que o segurava nos braços, ao vê-lo morto, começou a chorar.
Leopoldo, depois de muito procurá-la, ao vê-la amparando Lourival nos braços, percebendo seu desespero, resolveu ajudá-la.
Nos jornais, mais uma trágica notícia estampada.
No enterro, não fosse o pedido de Regina, e ninguém teria comparecido a cerimônia fúnebre.
Seus pais, preocupados com ela, ao verem-na tão triste, ofereceram-lhe uma viagem.
Regina, que não tinha mais nada a perder, concordou.
E assim, duas semanas após a morte de Lourival, lá estava ela de malas prontas para viajar. Triste com o ocorrido, Regina comentou que nunca mais voltaria ao Brasil.
Seus pais ao ouvirem isso, ficaram deveras tristes.
A moça cumpriu com o prometido. Enquanto viveu, nunca retornou ao país. Casou-se e constituiu família no exterior.
Abelardo, continuou casado. Nos anos seguintes, seus dois filhos casaram-se.
Por sua vez, Bernardo e Claudete faleceram, anos depois da morte de Lourival.
Raul e Aliomar também. Quanto ao último, depois do assassinato de Lourival, este fugiu para o exterior, de onde nunca mais voltou. Como Lourival, foi assassinado também.
Margarida e Leopoldo, um dia, também resolveram se despedir da vida. Cada um a seu tempo, partiram ao encontro de seus pares. Era 1980.
E assim, termina a história.
A vida tem dessas coisas.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a autoria.

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