Poesias

quinta-feira, 3 de junho de 2021

OLHAI OS LÍRIOS DO CAMPO - CAPÍTULO 31

Com isso, cansado de viver na residência onde Madalena fora morta, Lourival vendeu a casa.
Quando finalmente foi ver a casa onde morou com seus tios e Elis, o rapaz constatou que mesma fora leiloada, por conta de tributos não pagos.
Quando percebeu isso, Lourival, ficou desolado. Isso por que, desejava voltar a viver naquele ambiente, mas agora que a casa pertencia a outro dono, não poderia retomar o imóvel.
Por conta disso, o rapaz resolveu comprar uma nova casa. E assim, mesmo estando longe dos fantasmas do passado, Lourival continuava a ver Elis em muitos dos lugares por onde passava. Certa vez, sonhando com a moça, viu-a chorando, pedindo para que mudasse sua vida.
Mas ele não a ouvia. Moralmente corrompido, Lourival percebeu que trilhara um caminho sem volta. Por conta disso, acostumou-se a conviver com a culpa e o remorso. Mergulhado em sombras, pôde experimentar o gosto amargo da solidão.
Muito embora saísse à noite e passeasse pela cidade, Lourival estava quase sempre só. Só e atormentado pelos fantasmas de seu passado.
Enquanto isso, o tempo passava.
Lourival agora, com quase quarenta anos, permanecia belo.
Tal fato causava espanto em todos, que envelhecidos pelo tempo, não se conformavam com toda sua juventude e vitalidade.
Quando se tornara herdeiro de Madalena, com a idade de trinta anos, era natural que ainda aparentasse ser jovem, já que realmente o era. Contudo, aos quarenta anos, parecia o mesmo garoto que era aos vinte.
Isso realmente era espantoso.
Contudo, o mais espantoso ainda iria acontecer.
Numa época da vida de Lourival, em que o martírio parecia não ter fim, surgiu uma moça de inigualável beleza, que em muito lembrava sua adorada Elis, falecida há quase vinte anos.
Regina, com quase vinte anos, era o retrato vivo daquela jovem que encantara os olhos e o coração de Lourival.
A moça, culta e refinada, logo que foi apresentada a ele, chamou-lhe a atenção. Estando num salão de festas, Lourival ao ver Regina diante de si, mal podia acreditar no que seus olhos vislumbravam. Impressionado com a semelhança física da moça com sua Elis, Lourival perguntou-lhe de onde vinha.
Regina, simpática, respondeu que vinha da Europa, depois de alguns anos de estudo em um colégio interno.
Lourival ao ouvir isso, revelou que ela lhe lembrava muito alguém. Contudo, alvoroçado, o homem desculpou-se, e pedindo licença, alegou que precisava ir.
Seu anfitrião ao perceber seu estado de espírito, insistiu para que ele se acalmasse, mas Lourival, dizendo que tinha um outro compromisso, respondeu que precisava partir.
O anfitrião, percebendo que não poderia segurá-lo, deixou-o ir.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a autoria.

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