"Nesse mundo cheio de dinheiro e de ambição
Tenho andado procurando uma ilusão
Muita gente esquece a vida
Faz morrer a esperança
Sem querer acreditar que existe amor
O mundo está mudando
Sem querer se perdendo
E no céu milhões de nuvens
Já começam a chorar
E a chuva cairá neste mundo pequeno... ”
(Os Caçulas)
A chuva na janela prenuncia que o mal tempo vai continuar, deixando todos presos
em casa olhando o mundo pela janela.
O mundo que parecia cada vez maior, visto pela
vidraça da janela.
Pelos olhos das crianças corriam as paisagens verdejantes do lugar.
Vista tão
longínqua e ampla.
Também havia o céu azul, que escurecido pela chuva, não se podia ver claro.
Nos campos, plantações verdejantes.
A colheita ao fundo da paisagem, agradecia ao
suave presente do céu.
As gotas caíam suaves, molhando os grotões, encharcando a terra,
gotejando sobre as folhas, e os pássaros procuravam se abrigar nos ninhos no alto das árvores.
O céu.
Ah! O céu, ... que permanecia escuro e sombrio, entristecia a tarde.
A tarde caía lá fora e o tempo ficava cada vez mais triste, enquanto a temperatura
baixava e a chuva se transformava em pesadas pedras de gelo.
E o tempo.
O tempo transcorria cada vez mais lento, com as crianças a olharem para
a janela.
Pela janela, se admiravam com o que viam.
Nunca viram chover pedra antes.
Tudo
neste mundo infantil quando visto pela primeira vez, é lindo e mágico.
As pedras caíam pesadamente sobre o chão de terra, já molhado.
Machucavam as
plantas que, passivas, nada mais podiam esperar.
E a chuva que caí ... A chuva que continua caindo ... e o tempo que passa, cada vez
mais lento.
Nada para se fazer, talvez toda a esperança de trabalho perdida.
Talvez toda a
plantação se perdesse em meio a fome arrasadora da chuva de pedras.
-- “Chuva de granizo” – corrigiu Augusto, o filho mais velho e mais sabido, de uma
grande família. – É a chuva em seu estado natural, condensada. – continuou.
Quando Augusto falava, ninguém se atrevia a questioná-lo, pois todos o
consideravam a pessoa mais inteligente da casa.
Muitas das dúvidas que seus outros irmãos
tinham, eram logo resolvidas por ele.
Poucos questionamentos escapavam de seu crivo
meticuloso.
-- Pudera, ele é também o filho mais velho. Não poderia ser diferente – comentou
Otávio, o filho do meio desta família
-- Mas ele teve as mesmas chances que nós. – disse Carlota, a filha mais velha.
E o tempo passa.
Em meio a conversação dos irmãos, a chuva continuava cada vez mais forte.
A
tempestade avançava, o tempo escurecia.
Nuvens riscavam os céus, brumas, neblinas.
Parecia
que a chuva não ía parar tão cedo, e nesse período, nada se podia ver, além da imensidão do
campo verde que se tinha em vista.
Além do verde, talvez se pudesse ver macieiras ao redor do alpendre.
A casa protegida
do mal tempo.
Pequenina, vista ao longe na colina.
Parecia tranqüila, mas o vento lhe
murmurava sons nítidos e assustadores.
As figueiras ao longe, balançavam ao sabor dos ventos.
As folhagens das árvores
dançavam ao léu.
E a chuva ... a chuva cairá ... sobre este mundo que parecia tão pequeno, e que de
perto, parecia estar tão longe, de tão extenso que era.
Templo perdido na distância do tempo, que passa e devora tudo, consome a vida e os
sonhos.
A desilusão de quem vive, somente se lembrando do que passou, não se podendo
reter o tempo.
Entretanto, para alguns nostálgicos:
-- “Ah ..., que bom se eu pudesse.”
Portanto, assim começa esta história.
História de um passado nem tão recente, nem tão distante.
De uma família que vendeu tudo o que tinha em um rincão brasileiro, para se
aventurar em uma nova terra.
Muito longe do seu lugar de origem.
Propriedades de médio porte foram vendidas, e esta família tratou de juntar o que
ganhara com esta feita.
Juntaram o dinheiro, pegaram suas malas e partiram.
Isso por que, dado o ímpeto aventureiro Orlando, decidiu mudar-se para
outro lugar.
Cansado de viver de uma terra tão árida, e de uma gente tão sofrida, achou por
bem, mudar-se para outra localidade.
Por isso mesmo venderam tudo o que tinham.
E olha que a família tinha uma razoável
porção de propriedades no local.
Vieram no primeiro trem que apareceu na estação.
Uma linda estação recém
construída na segunda metade do século XX, época em que começa nossa história.
História essa, que retrata a vida de um homem, que veio com sua família, nesta época,
apenas sua mulher Marisa, para o interior do Estado de São Paulo, no Vale do Paraíba.
Muito embora a família deste homem estivesse totalmente estabelecida no sertão,
Orlando resolveu rumar para outras paragens.
E assim, despediu-se de seus parentes e da lembrança de seu pai, Theodósio, que a
esta altura já habitava a mansão do altíssimo em companhia de incontáveis seres celestiais.
Seu pai, era um homem branco, alto, forte, mas que já havia passado por muitos
dissabores na vida antes de morrer.
Casado com uma escrava alforriada, teve com ela muitos
filhos.
Porém, por conta de tal gesto, teve que pagar um alto preço.
Isso por que, fruto da elite da região, era contado decerto que seria o herdeiro
absoluto de seu pai, Ambrósio.
Porém, ao se enamorar de uma ex-escrava, optou por abrir
mão de uma vida cheia de privilégios e de conforto.
Por amor, abriu mão de tudo.
Mas seu pai Ambrósio, aborrecido com a atitude intempestiva do filho, tentou de
todas as formas prejudicá-lo.
Por isso quando uma feiticeira apareceu em sua fazenda,
encontrou um campo fértil para suas maldades.
Isso por que, com a ajuda desta assistente,
passou a utilizar-se da magia negra para prejudicar Theodósio.
Assim, com o passar dos anos acabou por adoecer seriamente, e desse mal, nunca
mais se recuperou.
Não bastasse toda a cobrança da sociedade moralista da época, teve ainda que suportar
intrigas e humilhações.
Sofria, mas seus problemas não eram somente de natureza física.
Theodósio também
sofria com os males da alma.
Isso por que, meses antes de morrer, descobriu por meio de
terceiro, que haviam lhe feito um mal tão grande, que o atingiu imediatamente.
Quando então perguntou quem era o autor da obra, o sujeito lhe respondeu que era
seu pai, Ambrósio.
Ao ouvir isso, Theodósio, já abalado com a doença, ficou ainda mais amuado.
E pior
que isso, passou a ficar cada vez mais triste.
Tão triste que dia-após-dia definhava mais e
mais.
Tanto que à certa altura, depois de muito penar, acabou falecendo, triste por saber que
seu próprio pai tentara lhe prejudicar.
Com isso, Coralina – a escrava –, viu-se pela primeira vez, totalmente só.
Desesperada, ela e seus filhos não sabiam o que fazer, nem para onde ir.
Isso por que sabiam
que Ambrósio de alguma forma, os tentaria expulsar da cidade.
Não queria que os frutos de
sua vergonha, caminhassem pela cidade o expondo assim de modo tão aviltante.
E assim o fez.
E da forma mais cruel que se pode imaginar.
Com a ajuda de seus empregados, colocou fogo na casa, durante a madrugada,
julgando que assim, a mataria a todos.
Mas com o que ele não poderia contar, é que Coralina, imaginando que o fazendeiro faria
alguma coisa contra sua família, tratasse logo de sair dali.
Foi o que ela fez.
Procurando abrigo em casa de amigos, tratou logo de reunir alguns objetos e se
escondeu com sua família.
Todavia, Coralina sabia que precisava sair dali.
Para que ela e seus filhos não fossem
mais perseguidos por Ambrósio.
Assim, antes mesmo que o dia amanhecesse, trataram logo de fugir da cidade, na vã
tentativa de não encontrarem com o cruel fazendeiro.
Debalde.
Isso por que, logo que chegaram a praça principal da cidade, perceberam que o
fazendeiro passara a noite inteira, esperando que eles aparecessem.
Dessa maneira, qual não
foi a alegria de Ambrósio ao perceber que seu plano havia dado certo?
Coralina e seus filhos, estavam bem diante dele, como que prontos para serem
imolados como cordeiros em holocausto a uma nobre causa.
Ambrósio porém, pensando um pouco, decidiu apenas lhes pregar um susto.
Com isso, inicialmente furioso ao descobrir que fora enganado por aquela que ele
mesmo denominara de ‘diabólica mulher’, agora, parecia até se divertir com o medo que via
nos olhos daquela família.
Por esta razão, ordenou aos empregos que jogassem os cavalos
em cima de todos os que ali estavam e que os fizessem correr o bastante para sumirem para
sempre daquela cidade.
E os empregados fizeram o que o fazendeiro pedira.
Acossando-os sem dó, nem mesmo com um lampejo de piedade, fizeram com que os
mesmos desaparecessem da cidade.
Entrementes, não há mal que sempre dure.
Quando Ambrósio faleceu, Orlando – um dos filhos de Coralina –, retornou a cidade.
Foi lá que conheceu Marisa e que se casaram.
Ao conhecer Marisa, Orlando então, deu-se conta de quanto suas histórias eram
parecidas.
Vítimas de reveses na vida, sabiam desde ainda muito cedo, o que era sofrer.
Marisa, órfã desde os cincos anos, passou a vida inteira vivendo de cidade em cidade,
na casa de parentes, que nem sempre estavam dispostos a lhe ajudar.
Por conta disso, passou
por muitas humilhações.
Freqüentemente era destratada por seus parentes, e muitas vezes
tinha que suportar, com lágrimas nos olhos as humilhações, para que simplesmente, não a
pusessem para fora.
Fora isso, tinha que pagar, com o suor de seu trabalho, por tudo que consumia.
Assim, quando viu aquele jovem negro, simpático, divertido e folgazão se oferecendo
para ajudá-la, logo passou a se interessar por ele.
Afinal, diferente de seus parentes, Orlando
era gentil com ela.
Por isso mesmo, quando Orlando lhe propôs casamento, Marisa aceitou no mesmo
instante.
Cansada de ser maltratada por seus parentes desde que ficara órfã, acreditava que
viver ao lado de quem a respeitasse, faria toda a diferença.
Nessa época, Orlando já reunia um razoável patrimônio e não seria nem um pouco
ruim, se unir a alguém estabelecido.
E assim Marisa o fez.
Casaram-se e durante algum tempo, permaneceram na região.
Depois, Orlando, sentindo-se entediado com a vida que levava, resolveu se desfazer
de tudo e partir.
Mas não era só isso.
A seca voraz, também castigava a plantação e maltratava os animais.
Com isso,
temeroso de perder o que tinha, Orlando resolveu vender todas as propriedades que possuía
e partir.
Todavia, ao realizar as tratativas e negociar, perdeu boas oportunidades de fazer bom
negócio.
Isso por que ingênuo, acabou vendendo boa parte do que tinha por um valor muito
baixo.
Por isso, quando chegaram no interior do Estado de São Paulo, tiveram que durante
algum tempo, trabalhar em terras alheias.
Precisavam reunir dinheiro para comprar sua
própria propriedade.
Porém, estou me estendendo.
Continuemos de onde paramos.
Com isso, inicialmente, o casal se fixou numa pequena e próspera cidade do lugar,
para, logo em seguida, comprarem uma pequena propriedade no local.
Porém, para que este passo fosse dado, tiveram que pelo menos no começo,
trabalharem como empregados.
Com isso, durante alguns anos trabalharam em terras de outras famílias.
Com isso, com o dinheiro guardado, fruto de seu trabalho, este homem, ao final de
algum tempo, finalmente conseguiu comprar uma pequena propriedade e se estabeleceu
como sitiante.
Para ele, foi seu sonho mais caro, e mais doce.
Doce enquanto durou.
E por incrível que pareça, durou por anos.
Nessa propriedade, Orlando viveu alguns dos melhores momentos de sua vida.
Foi nessa localidade que conheceu o valor da amizade e do companheirismo.
Nessa
localidade aprendeu a lutar por seus sonhos, muito embora, muito antes disso, já fosse
teimoso o suficiente para realizá-los.
Nesse lugar, viu seus filhos crescerem e partirem em busca de seus sonhos.
Mas ainda é muito cedo para falar em partida.
Por isso nos concentremos, no primeiros anos da vida desta família na região do Vale
do Paraíba.
Com isso, como era de se esperar, a família de Orlando ao adquirir um sítio, passou
a plantar café, além de outros produtos para garantir a sua subsistência, agora já constituída
do casal e seus oito filhos, que também ajudavam no trabalho, na lavoura.
Assim, além de ganhar dinheiro com o café, precisavam de alguma forma, garantir
sua subsistência, enquanto trabalhavam na plantação do produto que o Brasil mais produzia
na época.
E para isso, trabalhavam pesado, duro.
Levantavam ainda quando o sol estava por nascer e preparavam a comida que era
feita pela mãe, que também ajudava no trabalho da roça.
E todos, sem exceção, ficavam na roça o dia inteiro até o sol estar por se pôr.
Desta forma, ficavam expostos a inclemência do astro-rei.
Porém, dada a brancura de sua pele, Marisa, preocupada com o mal que o sol podia
fazer, precavida que era, resolveu adotar a seguinte estratégia: procurava sempre se cobrir
com panos, para que o sol não castigasse sua alva pele.
Porém, como era difícil trabalhar naquele calor, com uma montanha de panos sobre o
corpo!
Todavia, era necessário, e assim, não só ela, como inúmeras outras trabalhadoras,
faziam uso do mesmo expediente.
E assim, passavam horas a fio, trabalhando na roça.
Ficavam até o momento em que
sol começava a se despedir no horizonte.
E que lindo momento que era o cair da tarde.
O crepúsculo, num tempo em que ainda
se dava para ver os raios dourados do astro-rei.
As cores do sol, que faziam uma bela
composição com o céu azulado, e que se mostrava cada vez mais insinuante.
Esta era a hora de voltar para casa.
Tomar um banho de bacia, jantar, e em seguida dormir.
Dormir cedo, porque no mais,
nada se tinha para fazer.
No entanto, de vez em quando, o pai cantava-lhes algumas músicas que ouvia no
rádio, para que estes dormissem sonhando com cada letra de música que haviam ouvido.
Luz elétrica, não havia.
Somente um lampião, que mal iluminava a casa.
A luz clara
que cintilava do lampião a gás, era somente para que todos pudessem encontrar suas camas
e se recolherem.
Para poderem se recostarem nas mesmas e finalmente dormir.
Logo o sol
estaria novamente, a raiar.
No dia seguinte, mais um longo dia de trabalho onde tudo se repetiria.
Novamente o céu estrelado por companhia, durante a caminhada até a plantação.
Nesse tempo, algumas crianças iam para a escola.
Oh! Infeliz força do dinheiro, que faz com que poucos tenham chances na vida.
Onde
as coisas só valem para quem nasceu bem!
Na escola, as crianças aprendiam as primeiras letras, as primeiras contas e depois
passavam a ter algumas noções de civismo e de como era o mundo que não conheciam.
E o tempo foi passando, passando, até chegar um dia ...
Em que, crescidas, estas, que agora, não são mais crianças, tiveram filhos e esses
filhos estudaram até onde foi possível.
-- “Estudem, se querem virar alguma coisa na vida.” – foi o que sempre ouviram.
Mas, mais uma vez estou me adiantando.
O que interessa aqui, ainda é a vida dessas crianças.
Crianças que tinham alguns
sonhos para serem realizados.
Assim, voltemos a infância de todas essas crianças.
Essas crianças, que são os filhos do homem que se estabeleceu no interior do estado
de São Paulo, passaram a ir para a escola e lá aprenderam um pouco sobre a ciência da vida.
Para não se tornarem tão ignorantes quanto seus pais, em suas próprias palavras,
caminhavam longas léguas até chegar ao grupo escolar.
Onde todas estudavam juntas,
crianças de várias séries.
Ao voltarem para casa, tinham por companhia as molecagens da infância e mais tarde,
o sonho dos livros, com histórias de piratas, vilões e mocinhos.
Grandes textos literários e
outros contos infantis de autores contemporâneos.
Neste mundo de fantasia, tudo era lindo e
fantástico.
Afinal, tem que haver tempo para sonhar, e mais do que isso, alguém com quem
se possa dividir os sonhos.
Isso por que, algumas vezes, em razão de datas comemorativas, a professora do grupo
escolar decidia presentear seus melhores alunos com um livro.
E assim, as crianças, passavam a ter contato com este mundo fascinante, que é o
mundo da literatura.
Essa professora tão generosa, de seu próprio bolso, retirava o dinheiro necessário para
a aquisição de alguns livros.
Livros esses muito bons, e também, relativamente caros, mas livros que iriam
enriquecer a vida de seus alunos.
Livros que fizeram Augusto e sua família, literalmente viajarem por suas páginas.
Livros que os fizeram sonhar e conhecer um mundo além dos horizontes da
cidadezinha onde moravam.
Livros que os levaram a ambientes luxuosos e fantásticos.
Livros, fruto de uma lição de generosidade, que jamais seria esquecida.
Afinal, numa época tão difícil quanto aquela, uma professorinha ter a generosidade,
e até mesmo a grandeza de presentear um aluno com um livro, era realmente algo muito bom.
E algo igualmente raro, principalmente em nossos dias tão cínicos.
E Augusto, em sua vida simples, jamais se esqueceria de tão nobre gesto.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução desde que citada a fonte.
Poesias
sábado, 7 de março de 2020
sábado, 29 de fevereiro de 2020
Tu Te Tornas Eternamente Responsável Por Aquilo Que Cativas
Dizem
que muitas coisas pelas quais passamos durante a vida nos servem de ensinamento
ou de preparação para as dificuldades futuras.
A todo momento na vida fazemos escolhas.
Muitas
coisas na vida acontecem sem que possamos compreender o significado.
Mas como
dizem, tudo na vida passa, e que na vida as agruras e os sofrimentos são
inevitáveis.
Não é possível viver sem que haja algum obstáculo a ser
transposto, alguma dificuldade a ser superada.
Muitas vezes precisamos passar
por algumas barreiras para que possamos aprender a viver.
Mas acima de tudo,
nossa vida é o resultado de nossas escolhas, dos caminhos que traçamos
percorrer.
Dizem
os mais velhos que se não podemos compreender
o hoje, amanhã a vida nos dará respostas.
Nos dará respostas se tivermos
a maturidade e a paciência para buscarmos entender as coisas no momento certo.
Momento este que nem sempre temos a paciência para esperar ou a ilusão de
entender.
Um
dia o grande poeta Mário Quintana resolveu escrever sobre a maturidade num
poema que tem o mesmo nome do início desta frase, “um dia”.
Nesse poema ele
disse que um dia, muitas coisas incompreensíveis para nós na juventude, passam a
fazer sentido e a ter um significado quando encontramos a maturidade.
E também,que muitas vezes,
independentemente da idade, só entendemos ou aceitamos algo quando já é tarde
demais.
O
poema é todo sobre o significado de certas coisas e situações que demoramos
para entender, e uma das partes mais lindas da poesia, é quando o ilustre poeta
afirma que um dia saberemos a importância da frase: ”Tu te tornas eternamente
responsável por aquilo que cativas.”
Essa
frase, de tão grandioso significado, nos remete para as escolhas que fazemos na
vida. Para mim possuindo até um sentido além do humano, metafísico.
“Cativar,
tornar cativo, capturar, ganhar a simpatia, a estima, seduzir, atrair,
granjear, prender, ligar, sujeitar, ficar sujeito, penhorar-se, render-se,
apaixonar-se, enamorar-se.”
Ou
seja, a tão bela frase dita no poema tem dois sentidos.
Aquilo que a nós
cativa, podemos tanto apreender e conquistar, como por ela sermos conquistados.
É portanto uma troca, que no poema pode ser tanto humana como pode ser também
uma idéia, um ideal, um sonho que cativamos e que nos cativa, um carinho e até
mesmo um caminho como o qual devemos sempre ser fiéis, mesmo quando nada parece
dar certo.
Algo
que transcende esta simples existência humana, esta simples condição na qual
vivemos.
Em poucas palavras, aquilo que cativas pode ser o significado da
própria vida.
É sentido o qual, muitas pessoas buscam em sua vida e tantas
outras o perdem, e o perdendo perdem também o sentido da vida.
Podemos
escolher o que cativamos, mas que esta escolha seja responsável posto que se assim não o for, e perderes o
que cativavas, não cativavas o que era seu.
Não sabias o que é cativar.
O que
queremos, o que amamos, o que gostamos, enfim, o que nós cativamos, é um
compromisso além da vida,além do humano, além do tangível.
É um compromisso com
os outros, não somente com você.
É um compromisso com a sua realização como
pessoa, e algumas pessoas possuem esse sentido primordial em suas vidas escrito
de forma indelével na sua história de vida.
Haja vista os heróis, as grandes
mulheres, as pessoas de certa maneira predestinadas na nossa história.
As
pessoas que passam anos de suas vidas lutando e buscando por algo em que
acreditam.
Pode ser nas lutas por igualdade e justiça, na busca por realizar um
antigo sonho que engrandecerá a vida de outras pessoas, seja na realização
pessoal que mudará a sua vida e que também poderá mudar a vida de outras
pessoas.
Portanto,
numca se esqueças de uma coisa, “serás eternamente responsável por aquilo que
cativas”.
O bem que tu cativas será o acalento de tua existência, poderá ser
até mesmo, a tua existência.
Enamorar, enumerar
As brumas encobrem as estradas,
As ruas, outrora nítidas, ganham contornos indivisos
Árvores floridas de manacá ao longo dos caminhos,
Árvores frondosas de flores amarelas
E um longo caminho a percorrer
Para se chegar em lugar de calma e contentamento
Do alto da serra se avista, o contorno das cidades,
Os mangues, as matas, os ajuntamentos das gentes, civilização
Atravessando túneis e caminhos, se percebe as cidades se aproximando
Ao longo da rodovia, as edificações ganham forma,
Transformam-se em cidades
Que entre as construções, se faz por revelar entre uma e outra, uma nesga de mar
O mar, finalmente, para lá vou chegar
Festa de água, sal, céu, sol e ar
As gaivotas na areia a espreitar,
O próximo passo, o próximo voo,
E até o mergulho a realizar
Andando na areia, com suas asas recolhidas
Inopinadamente a alçarem voo
Mostrando suas asas imensas
A rasgar os céus de nuvens intensas, imensas
Casais a andar de mãos dadas pela praia
Moças esbeltas a desfilarem com suas roupas de praia,
Biquínis, saídas de praia
Cabelos longos, curtos, lisos, ondulados
A conversarem, ideias trocarem
Casais e pessoas, a brincarem nas águas rasas e revoltas do mar
Águas frias, a empurrar os banhistas para o lado oposto onde entraram
Pais e crianças pequenas a brincarem na água
Crianças a correrem a toda a velocidade em direção ao mar
Casais a ouvirem músicas nos quiosques
Interagindo com os cantores, nem sempre afinados
De longe a se apreciar um mar ora azulado
Ora verde esmeralda
E a lua minguante a refletir-se nas água do mar
O sol se despedindo de nós
A apresentar um espetáculo de tons e semi tons,
Que precisamos voltar os olhos para admirar
Caminhando pelas ruas de paralelepípedos,
Ruas asfaltadas, também se pode ver ciclistas, corredores
Os coqueiros e o mar ao fundo,
Com belas construções a enfeitar as quadras
E como tudo, que tem prazo e pressa
O retorno a vida pulsante das cidades,
Das multidões,
Dos enxames de abelhas, as colmeias das gentes
Do salve-se quem puder,
E se puder me salve também
Casais a se abraçarem em frente ao metrô
Cena que de tão rara, fica a lembrar roteiros de filme
A quebrarem a fria rotina da cidade apressada
Pinturas bonitas nas estações,
Instalações artísticas, esculturas
Painéis, a mostrar a frieza das coisas sólidas
A multidão apressada, inconstante,
Eu também impaciente
Tudo tarda,
Demora nesta terra de baldeações e integrações constantes
E o metrô, ao abrir suas portas,
A servir de abrigo, aos trabalhadores fatigados da viagem diária
Muitos a se escorarem nos espaços livres
Mas também, tem os cansados recostados as estruturas metálicas, as portas
Atrapalhando o fluxo das pessoas e da vida,
Como sempre acontece aos lugares onde circula muita gente
E o verde a disputar espaço em meio a floresta de concreto
A natureza a brigar com a dureza das humanas, ou desumanas criações
Com árvores e plantas florindo em meio ao concreto e a poluição
Nos caminhos e desvãos em que se avista a cidade
E embora haja gente mergulhada em seu cansaço, e em sua rotina
Ainda se pode ver, gente interessada em mudar
Com seus rostos entretidos em suas leituras
Além das expressões de tédio diárias
E como já dizia o poeta,
Acaso tudo se referindo ao amor,
Que o tédio, rime com prédio,
Em sua rotina de desinteresse diário
Sinto saudades de minha praia!
E o amor residindo nas coisas mais prosaicas,
E nas mais inesperadas, demonstrações de afeto!
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
As ruas, outrora nítidas, ganham contornos indivisos
Árvores floridas de manacá ao longo dos caminhos,
Árvores frondosas de flores amarelas
E um longo caminho a percorrer
Para se chegar em lugar de calma e contentamento
Do alto da serra se avista, o contorno das cidades,
Os mangues, as matas, os ajuntamentos das gentes, civilização
Atravessando túneis e caminhos, se percebe as cidades se aproximando
Ao longo da rodovia, as edificações ganham forma,
Transformam-se em cidades
Que entre as construções, se faz por revelar entre uma e outra, uma nesga de mar
O mar, finalmente, para lá vou chegar
Festa de água, sal, céu, sol e ar
As gaivotas na areia a espreitar,
O próximo passo, o próximo voo,
E até o mergulho a realizar
Andando na areia, com suas asas recolhidas
Inopinadamente a alçarem voo
Mostrando suas asas imensas
A rasgar os céus de nuvens intensas, imensas
Casais a andar de mãos dadas pela praia
Moças esbeltas a desfilarem com suas roupas de praia,
Biquínis, saídas de praia
Cabelos longos, curtos, lisos, ondulados
A conversarem, ideias trocarem
Casais e pessoas, a brincarem nas águas rasas e revoltas do mar
Águas frias, a empurrar os banhistas para o lado oposto onde entraram
Pais e crianças pequenas a brincarem na água
Crianças a correrem a toda a velocidade em direção ao mar
Casais a ouvirem músicas nos quiosques
Interagindo com os cantores, nem sempre afinados
De longe a se apreciar um mar ora azulado
Ora verde esmeralda
E a lua minguante a refletir-se nas água do mar
O sol se despedindo de nós
A apresentar um espetáculo de tons e semi tons,
Que precisamos voltar os olhos para admirar
Caminhando pelas ruas de paralelepípedos,
Ruas asfaltadas, também se pode ver ciclistas, corredores
Os coqueiros e o mar ao fundo,
Com belas construções a enfeitar as quadras
E como tudo, que tem prazo e pressa
O retorno a vida pulsante das cidades,
Das multidões,
Dos enxames de abelhas, as colmeias das gentes
Do salve-se quem puder,
E se puder me salve também
Casais a se abraçarem em frente ao metrô
Cena que de tão rara, fica a lembrar roteiros de filme
A quebrarem a fria rotina da cidade apressada
Pinturas bonitas nas estações,
Instalações artísticas, esculturas
Painéis, a mostrar a frieza das coisas sólidas
A multidão apressada, inconstante,
Eu também impaciente
Tudo tarda,
Demora nesta terra de baldeações e integrações constantes
E o metrô, ao abrir suas portas,
A servir de abrigo, aos trabalhadores fatigados da viagem diária
Muitos a se escorarem nos espaços livres
Mas também, tem os cansados recostados as estruturas metálicas, as portas
Atrapalhando o fluxo das pessoas e da vida,
Como sempre acontece aos lugares onde circula muita gente
E o verde a disputar espaço em meio a floresta de concreto
A natureza a brigar com a dureza das humanas, ou desumanas criações
Com árvores e plantas florindo em meio ao concreto e a poluição
Nos caminhos e desvãos em que se avista a cidade
E embora haja gente mergulhada em seu cansaço, e em sua rotina
Ainda se pode ver, gente interessada em mudar
Com seus rostos entretidos em suas leituras
Além das expressões de tédio diárias
E como já dizia o poeta,
Acaso tudo se referindo ao amor,
Que o tédio, rime com prédio,
Em sua rotina de desinteresse diário
Sinto saudades de minha praia!
E o amor residindo nas coisas mais prosaicas,
E nas mais inesperadas, demonstrações de afeto!
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Por que?
Por que tanta ignorância
Por que tanta gente Meu Deus?
Por que todos correm na contramão?
Por que a vida é assim?
Eterna busca pelo sucesso que nem todos terão?
Não pelo menos da forma como imaginam
Por que percorremos tão longas distâncias?
Nunca chegamos em lugar algum,
Apenas as mesma instâncias frias de sempre
Por que não podemos aproveitar,
Os finais de tarde para passear?
Por que não podemos trabalhar,
Sem nos demorar em sua ida e sua volta?
Por que a vida é tão insana?
Por que o mundo tão irracional?
Por que tudo funciona tão mal?
Por que nossas instituições são tão falhas?
Por que temos que aguentar tantos desaforos?
Por que temos que ser humilhados, desrespeitados, ofendidos?
Por que não podemos fazer da nossa vida o que queremos?
E assim, poder contemplá-la em sua inteireza
E não pela metade, quase sempre com pressa
Pressa de não poder chegar, de se atrasar, de a vida complicar
Por que a cada instante que passa,
Mais a vida grita:
Tem mais gente para chegar,
Apresse-se ou então, tudo vai tumultuar!
Sinto-me sendo expulsa do próprio lugar em que habito!
Ser humano, grande homem
Capaz de grandes prodígios,
Mas incapaz de pensar o bem estar do próprio humano
Ó grande falha humana!
Ou será o homem, grande falha da divina criação?
Sinceramente não sei,
E nisto fico a pensar então
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Por que tanta gente Meu Deus?
Por que todos correm na contramão?
Por que a vida é assim?
Eterna busca pelo sucesso que nem todos terão?
Não pelo menos da forma como imaginam
Por que percorremos tão longas distâncias?
Nunca chegamos em lugar algum,
Apenas as mesma instâncias frias de sempre
Por que não podemos aproveitar,
Os finais de tarde para passear?
Por que não podemos trabalhar,
Sem nos demorar em sua ida e sua volta?
Por que a vida é tão insana?
Por que o mundo tão irracional?
Por que tudo funciona tão mal?
Por que nossas instituições são tão falhas?
Por que temos que aguentar tantos desaforos?
Por que temos que ser humilhados, desrespeitados, ofendidos?
Por que não podemos fazer da nossa vida o que queremos?
E assim, poder contemplá-la em sua inteireza
E não pela metade, quase sempre com pressa
Pressa de não poder chegar, de se atrasar, de a vida complicar
Por que a cada instante que passa,
Mais a vida grita:
Tem mais gente para chegar,
Apresse-se ou então, tudo vai tumultuar!
Sinto-me sendo expulsa do próprio lugar em que habito!
Ser humano, grande homem
Capaz de grandes prodígios,
Mas incapaz de pensar o bem estar do próprio humano
Ó grande falha humana!
Ou será o homem, grande falha da divina criação?
Sinceramente não sei,
E nisto fico a pensar então
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Divagações
Aproveitando o dia em gostosas leituras
Contemplo o universo da literatura
Com seus grandes, pequenos poemas
Quantas experiências à disposição
De existências tão ávidas de vivências
Da vida morna, repetida e cotidiana
As horas passam, passam as horas
E finalmente o dia chega ao fim
Quem sabe um dia teremos a vida
Assim como a desejamos ter
Vivê-la, como merecemos viver
Por enquanto vamos saboreando,
Os pequenos movimentos alegres
Os instantes de saborosa diversão
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Contemplo o universo da literatura
Com seus grandes, pequenos poemas
Quantas experiências à disposição
De existências tão ávidas de vivências
Da vida morna, repetida e cotidiana
As horas passam, passam as horas
E finalmente o dia chega ao fim
Quem sabe um dia teremos a vida
Assim como a desejamos ter
Vivê-la, como merecemos viver
Por enquanto vamos saboreando,
Os pequenos movimentos alegres
Os instantes de saborosa diversão
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Pensamento
Pensamentos dispersos,
E de pensamento em pensamento
Acaba por se chegar a alguma conclusão
Ou a sabedoria
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
E de pensamento em pensamento
Acaba por se chegar a alguma conclusão
Ou a sabedoria
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Dispersos
A vida cheia de riscos é
De formas que devemos nos arriscar,
Posto que o máximo de derrota que podemos ter
É nada levar
E assim sendo, permanecermos de mãos vazias
Mas plenos de experiências e sensações vividas
Por procurarmos não deixar a vida apenas passar
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
De formas que devemos nos arriscar,
Posto que o máximo de derrota que podemos ter
É nada levar
E assim sendo, permanecermos de mãos vazias
Mas plenos de experiências e sensações vividas
Por procurarmos não deixar a vida apenas passar
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
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