Um dia Fabrício arrancou uma folha de uma das plantas do jardim, e Pedro lhe explicou que aquela folha era de uma rosa, e que a planta tinha muitos espinhos.
Meio sem jeito, Pedro falou que espinhos machucavam os dedos, fazendo que com Fabrício jogasse a folha no chão e saísse correndo.
Angélica, levantou-se então do banco em que estava sentada folheando uma revista, e foi verificar o que estava acontecendo.
Fabrício veio correndo ao seu encontro, chorando e dizendo:
- Tô com dodói! Tô com dodói!
A mulher olhou para as mãozinhas estendidas e segurou Fabrício no colo.
Ao verificar que não havia nenhum ferimento nas mãos da criança, disse que ele não havia se machucado. Respondeu que estava tudo bem.
Fabrício então se acalmou.
Nisto a jovem conversou com Pedro, que respondeu que só estava tentando explicar ao irmãozinho, que a folha era de uma planta que possuía espinhos.
Angélica conversou com a criança, dizendo que Fabrício era muito pequeno para entender as explicações e que por isto, se assustou com suas palavras.
Pedro olhou-a com ar de incompreensão.
Em seguida foi brincar com um peão, feito de madeira.
Com isto, Fabrício ficou durante algum tempo brincando com um carrinho de madeira.
Porém, ao ver o irmão mais velho brincando com um peão, resolveu partir ao seu encontro, pedindo para também brincar.
E assim, a harmonia voltou a reinar.
Carlos sempre que voltava do trabalho, perguntava com tinha sido o dia, se as crianças estavam bem.
Angélica contava então ao marido, sobre as reinações e traquinagens dos meninos.
No fim de semana, sempre que desejavam ficar a sós, o casal deixava as crianças sob os cuidados ou de Ângela e Francelino, ou de Diva e Odair.
Os avós adoravam a companhia dos netos. Diziam que voltavam a se ver como pais, e que era bom ver nos dois meninos, um pouco dos traços de ambos.
As crianças brincavam no jardim das mansões, brigavam, choravam e se entendiam.
Carlos e Angélica, aproveitavam para ir ao cinema.
Emocionada, a moça se encantou ao assistir ao “Filho do Sheik”, última fita realizada por Rodolfo Valentino.
Certa vez, a jovem disse ao marido, que o nascimento dos filhos e a morte de seu ídolo, lhe sinalizaram para ela que, o tempo da meninice havia passado, e que agora estava ingressando no mundo dos adultos.
Um tanto triste, disse que nada seria como antes.
De fato, o tempo passou ... os filhos cresceram.
O casal amadureceu.
Pedro e Fabrício, se tornaram jovens bonitos.
Fabrício, era um moço bastante interessado nos empreendimentos da família, sendo o braço direito de seu pai.
Já Pedro, adorava viver de brisa, freqüentando festas, boates, sem nunca se firmar em nenhum tipo de trabalho.
Pressionado por seu pai, Carlos, permanecia algum tempo na empresa da família executando algumas tarefas, para depois, cultivar o ócio.
Carlos ficava furioso com a indolência do filho.
Diversas vezes chamou-o de vagabundo.
Angélica preocupada, ouvia o marido culpá-la pelo comportamento do filho, dizendo-lhe que havia criado um sujeito imprestável.
A mulher ficava desolada.
Aborrecida, dizia que havia educado os dois filhos da mesma maneira.
Carlos então, ao notar que a ofendia, invariavelmente tentava se desculpar.
Justificava o destempero dizendo que Pedro o tirava do sério.
Pedro por sua vez, ao ouvir as recriminações do pai, ficava furioso. Como resposta, passava as noites em bares.
Lá bebia. Conversava com belas mulheres.
Boêmio, aprendeu bonitas poesias declamadas pelos poetas da noite.
Tornou-se interessante.
Em uma tarde em que resolvera ir ao cinema, o moço se deparou com um bela jovem.
A moça, estava devidamente acompanhada de um rapaz e uma menina.
Atrevido, Pedro passou a lançar olhares para moça, que ficou inicialmente constrangida pelo assédio.
O moço que a acompanhava, ficou visivelmente incomodado com os olhares lançados para a moça.
Irritado, ameaçou ir na direção de Pedro, que pareceu não se importar.
Nisto, Eduardo resolveu se aproximar, perguntando em tom ofendido:
- O que senhor quer com minha irmã?
Pedro, ao ouvir a palavra irmã, sorriu. Disse que só queria conhecer tão encantadora moça, alvo de tantos cuidados.
Eduardo ficou furioso. Dizendo que sua irmã não era uma coquete, disse que ele deveria se dar ao respeito, pois estava em um ambiente de família.
Pedro se ofendeu. Retrucou dizendo que em nenhum momento tencionara desrespeitar quem quer que fosse. Argumentou que vinha de uma ótima família, e que não estava ali para afrontar ninguém.
Nisto desculpou-se, virando as costas para Eduardo.
Aborrecido, o homem entrou na sessão de cinema.
De longe, fitou a jovem, acompanhada de seu irmão e de uma criança.
Pedro não conseguia tirar os olhos da jovem.
A moça, entretida com o filme, não percebeu os olhares do jovem.
Tampouco Eduardo.
Na saída do cinema, Pedro foi cumprimentado por dois conhecidos.
Curioso, perguntou se eles sabiam o nome da jovem que acabara de sair, acompanhada de um rapaz e de uma menina.
Um dos moços, respondeu que se tratava de Cecília, acompanhada de seu irmão Eduardo, e de sua irmãzinha Márcia.
Tentando prevenir o moço, disseram que tivesse cuidado com Eduardo, pois o moço era deveras ciumento.
Pedro retrucou dizendo que já havia percebido isto.
Os dois conhecidos riram e disseram:
- Você não tem jeito mesmo!
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Poesias
quinta-feira, 11 de março de 2021
A FLOR DO ALTO - CAPÍTULO 11
quinta-feira, 4 de março de 2021
A FLOR DO ALTO - CAPÍTULO 10
Nisto, o moço respondeu que poderiam assistir a uma fita de Rodolfo Valentino.
A moça ficou surpresa com a proposta.
Carlos então, segurando uma de suas mãos, perguntou-lhe, se ela não tinha mais interesse em cinema.
- Tenho, sim! – respondeu a jovem.
O moço então, argumentou que ele estava ali, ao lado dela. Sem nenhuma modéstia, disse que era muito melhor do que o ator, já ele era de carne e osso.
Desta forma, tomou a esposa nos braços e a beijou.
Angélica por sua vez, não resistiu a investida do moço.
Isto por que, nas primeiras semanas após o ocorrido, a jovem se tornara esquiva.
Mas desta vez, a moça não resistiu.
Angélica passou as mãos pelo cabelo do moço.
Carlos, percebendo que era correspondido, segurou sua cintura.
Em seguida, o moço deitou a moça na cama, onde continuou beijando-a.
Dias depois, o casal foi ao cinematografo assistir a uma fita com o ator americano Douglas Fairbanks.
Semanas mais tarde, Carlos e Angélica foram visitar Francelino e Ângela.
O casal, ao chegar na mansão de Francelino, se deparou com Diva e Odair, que estavam ansiosos com a visita.
Carlos, abraçou os pais.
Diva reclamou dizendo que o filho não a visitava mais.
O moço argumentou que estava muito atarefado, e que não lhe sobrara tempo para visitá-la.
A mulher suspirou dizendo que os filhos se esqueciam muito rapidamente dos pais.
Odair então, argumentou que Diva estava sendo muito dramática.
Ela por sua vez, respondeu que tinha o direito de sentir saudades.
Nisto, cumprimentou a nora, e perguntou-lhe se estava melhor.
Angélica retribuiu o cumprimento, e respondeu que estava tudo bem.
Francelino e Ângela também cumprimentaram o casal.
Ambos comentaram que estava com saudades da moça.
Comentando as novidades, Carlos disse que fazia alguns dias, viram juntos um filme com Douglas Fairbanks.
Francelino brincando, perguntou se a adoração de Angélica por Rodolfo Valentino havia se arrefecido.
Ângela chamou a atenção do marido, argumentando que ele estava sendo inconveniente.
Francelino retrucou dizendo que estava brincando.
Carlos então disse:
- Não se incomode com isto, Dona Ângela. Eu não acredito que ele seja mais feliz do que eu. Ademais eu sou muito melhor do que ele. – respondeu irônico imitando o olhar do moço.
Foi o suficiente para Francelino, Ângela, Diva e Odair rirem.
Angélica por sua vez, ficou um pouco constrangida.
Mais tarde, os três casais almoçaram.
Angélica, ao sentir o cheiro da comida, reclamou. Disse que o cheiro estava muito forte.
Ângela por sua vez, respondeu que não havia nada de estranho com os alimentos.
Diva perguntou a moça, se estava tudo bem.
Angélica respondeu que sim.
Porém, quando a moça tencionou se servir da comida, sentiu mal estar.
Fato este, que ensejou sua ida ao toillet.
Carlos ao notar o ocorrido, tomado de preocupação, foi verificar se Angélica precisava de algo.
Diva e Ângela se entreolharam cúmplices.
Francelino e Odair, ficaram preocupados.
Ângela, tentando esclarecer os fatos, disse que desconfiava do que estava se passando.
Francelino aflito, pediu para que ela se explicasse.
Ângela contudo, respondeu que quem precisava participar a novidade, era o casal.
Francelino por sua vez, sem entender o que se passava, pediu a esposa para que verificasse se a filha precisava de alguma coisa.
A mulher, tencionando tranqüilizar o marido, foi ao encontro de Angélica.
Cerca de meia-hora depois, Carlos e Ângela, retornaram a sala de almoço, conduzindo a moça.
Como Angélica não tinha fome, Ângela providenciou que a jovem tomasse um pouco de sopa.
E assim, com a insistência de todos, a moça tomou um pouco da sopa.
Nisto, Carlos e Angélica ficaram a sós no escritório de Francelino.
O moço encostou seu rosto no rosto da jovem.
Preocupado, recomendou a moça que ficasse bem.
Tentando animá-la, depois de permanecer por cerca de uma hora com a moça nos braços, Carlos sugeriu que saíssem um pouco daquele ambiente fechado, e passeassem um pouco no jardim.
Angélica concordou.
Nisto, o casal caminhou pela imponente área verde da mansão de Francelino.
Feliz, Carlos se recordou dos momentos inesquecíveis que passara naqueles ambientes.
Recordou-se do noivado. Do dia em que dançaram juntos.
Nisto o moço puxou a moça para dançar.
Cantou-lhe a canção que tocara no gramofone.
Emocionada, a moça começou a chorar.
Carlos conduziu-a.
Dançaram.
Os pais dos jovens, ao presenciarem a cena, ficaram encantados.
Contudo, em dado momento da dança, Angélica sentiu-se mal e acabou por desmaiar.
Não fosse Carlos tê-la amparado, e a moça teria ido ao chão.
Quando Francelino viu a cena, tratou de correr ao encontro do casal.
Carlos então, segurou a moça no colo.
Orientado por Francelino, deitou a moça em sua antiga cama de solteira.
Ângela por sua vez, tratou de chamar um médico.
O doutor ao examinar a moça, disse-lhe que Ângela e Diva desconfiavam.
A nova família de Carlos, iria aumentar.
O moço, ao ouvir a novidade, ficou inicialmente surpreso.
Depois, ao perceber a novidade, começou a ficar feliz.
Francelino e Ângela, assim como Odair e Diva, cumprimentaram o rapaz.
Angélica por sua vez, foi orientada a descansar.
Nos meses que se seguiram, a moça foi paparicada por todos.
Carlos cercou-a de cuidados.
Preocupado, disse-lhe que não poderia se cansar, que tinha que descansar.
Tamanho cuidado fez com que Diva e Ângela dissessem ao rapaz, que gravidez não era doença.
Fato este, que impelia as duas mulheres a encherem a moça de cuidados. Em que pese a recriminação a Carlos.
Isto por que, a todo momento lhe ofereciam algo para beber.
A todo o momento perguntavam se não estava com fome. Entre outros cuidados.
Quando a criança nasceu, Angélica chamou-o de Pedro.
Carlos, ao segurar a criança nos braços, encheu-se de ternura.
Feliz, disse a mulher que permanecia no leito, que ela havia lhe dado o melhor presente que ele poderia ganhar.
Sorrindo, brincou com o bebê recém-nascido.
Diva e Ângela também ficaram encantadas com o bebê.
Francelino e Odair, tentaram segurar a criança. Mas nervosos, não seguraram a criança direito.
Nisto a criança começou a chorar.
Ângela então, censurando os homens, disse:
- Onde já se viu! Tanto talento para ganhar dinheiro, e tanta falta de habilidade para segurar um bebê! E isto por que já foram pais.
Desta forma, a mulher segurou a criança, tentando acalmá-la.
A criança foi apresentada a família, na sala de visitas da mansão do casal.
Angélica, guardava leito.
Carlos então explicou, que em virtude das recomendações médicas, a moça deveria ficar de resguardo.
Ângela e Diva pediram licença ao dono da casa, para visitarem a jovem mãe.
Carlos consentiu.
Gentil, acompanhou as senhoras até o quarto onde Angélica estava recolhida.
Amoroso, falou-lhe que duas mulheres muito especiais foram visitá-la.
Em seguida, abriu a porta para as damas, que cumprimentaram a moça.
Angélica sorriu para as duas mulheres.
Com isto, Ângela ficou durante algum tempo na casa de Carlos.
Dizendo que precisava cuidar da filha, pediu o consentimento do marido, para permanecer ao lado da filha, durante o período de resguardo.
Francelino concordou.
E assim, a mulher ficou a cuidar da filha e do bebê.
Aconselhava-a a comer as sopas, as canjas, os sucos, que eram trazidos para seu quarto.
Angélica resistia, argumentando que não agüentava comer tanta comida sem sal.
Ângela explicava que ela devia fazê-lo, pois assim, se restabeleceria mais rapidamente, trazendo benefícios para também, para o bebê.
Preocupada, Ângela argumentou que a filha estava perdendo peso.
Insistiu para que ela se alimentasse melhor, ou acabaria ficando doente.
Angélica então, tomou a canja que lhe foi oferecida.
Ângela elogiou o comportamento da filha.
Com isto, a moça começou a cuidar da criança.
Sua mãe a auxiliava.
Passado o período de guardar leito, a moça passou a passear pelos jardins da mansão com a criança no colo.
Brincava com o menino.
Carlos também aproveitava para passar algum tempo com o filho.
Brincava com o menino, dizendo que ele era seu herdeiro.
Abraçando a esposa, falou que agora eram uma família de verdade.
Nisto, a criança foi batizada.
Para tanto, foi organizada uma bela festa, no casarão da família Camargo.
Diva e Ângela cuidaram juntas dos preparativos da festa.
Houve uma bela ceia. Um lauto jantar.
Angélica e Carlos dançaram valsas.
O homem trajava um impecável fraque.
A mulher também estava deslumbrante em um vestido branco e jóias.
Ao vê-la tão linda, o homem disse que a maternidade a fizera mais bela. Encantado, falou que sempre a achou atraente, mas que neste momento, ela estava esplendorosa.
Nisto, beijou cavalheirescamente a mão da moça.
Depois o casal desceu as escadas.
Ângela estava segurando Pedro no colo.
Cearam.
Em dado momento do jantar, Carlos convidou Angélica para dançar.
Dizendo a todos que dançariam algo muito especial, pediu para os músicos tocarem um tango.
Angélica se surpreendeu.
Carlos então, conduziu a esposa pela mão até o centro do salão.
O casal dançou um tango.
Carlos conduziu a moça.
Angélica deslizou pelo salão com gestos lânguidos e sedutores.
O moço também demonstrou habilidade na dança.
Os convidados aplaudiram a apresentação.
Francelino por sua vez, não gostou muito da apresentação.
Argumentou que a dança era um tanto provocativa, mas que o casal fizera uma bonita apresentação.
Pedro, a esta altura, já dormia num dos quartos da mansão, sob os cuidados de uma criada.
Ao fim, da festa, o casal despediu-se dos convidados.
Todos elogiaram a festa e a dança. Diziam que Pedro era uma bonita criança.
Angélica agradeceu a gentileza.
Por fim, o casal, ao ver-se a sós, subiu as escadarias.
Passaram pelo quarto onde Pedro dormia.
Angélica ficou durante algum tempo contemplando o sono do filho.
Dizia que ele era o bebê mais bonito que já vira na vida.
Carlos concordou.
Ficou enternecido observando a esposa olhando a criança.
Mais tarde o casal se dirigiu para o quarto.
Galante, o moço disse-lhe que ela era a melhor esposa com que um homem poderia sonhar.
Nisto, segurou sua cintura.
Beijou seu pescoço.
Nisto, virou a moça em sua direção.
Começou a beijar sua mão, seguindo pelo braço, até chegar aos lábios.
Segurando-a nos braços, disse-lhe que iria fazer daquele casamento um eterno momento de celebração. Contou que estava disposto a fazer do matrimônio, um momento especial.
Angélica respondeu-lhe que ele era muito gentil. Mais galante que o mais galante dos homens.
Carlos ficou intrigado com o comentário.
A mulher explicou.
Disse que o homem mais charmoso que conhecia, nunca vira pessoalmente.
O rapaz entendeu o que a esposa queria dizer.
Encantador, disse que ele queria ser o seu Valentino.
Angélica tocou os ombros do moço.
Carlos se emocionou.
No dia seguinte, o casal tomou o café da manhã juntos, como sempre faziam.
Angélica alimentou o filho.
Mais tarde, o casal caminhou pelo jardim, conduzindo a criança dentro de um carrinho.
Tempos depois, o casal foi visto junto, passeando com a criança.
Foram juntos a igreja, levando a criança.
Num dado momento, Angélica, que passeava com Pedro por uma pracinha próxima de sua residência, descobriu por comentários de outras mulheres que circularam pelo lugar, que o ator que tanto admirava, havia falecido.
Angélica ficou perplexa.
Triste, voltou para casa. Ficou durante toda a tarde ouvindo o rádio, tentando descobrir notícias a respeito da morte do ator.
Quando Carlos retornou do trabalho, encontrou uma Angélica inconsolável.
Tristonha, a moça comentou que o ator Rodolfo Valentino havia morrido, e que todo um trabalho e um mundo de sonho e encantamento havia acabado.
Nisto, começou a chorar.
Carlos ficou perplexo.
Dizendo que o ator não era nem conhecido por ela, questionou a razão de ser de tanto pesar.
Angélica ficou revoltada.
Argumentou que ele era um ótimo ator, e que por ser tão bom no que fazia, trazia felicidade para quem assistia a suas películas. Disse que ele era especial por fazer as pessoas se sentirem especiais.
Desta feita, levantou-se e retirou-se para o quarto.
Carlos por sua vez, ficou aborrecido.
Por fim, achando graça da atitude da esposa, foi ter com ela.
Ao entrar no quarto, percebeu que ela chorava copiosamente.
Enciumado, Carlos comentou que ela parecia muito sentida com a morte do ator.
Angélica respondeu que ele fora seu primeiro referencial do que seria um namorado.
Disse que para ela, ele era o que melhor exemplificaria um homem perfeito. Triste, comentou que sabia que não existiam príncipes, mas que ele era o homem que havia chegado mais perto disto, no seu entender.
Carlos ficou magoado com aquelas palavras.
Angélica percebendo o ar desolado do moço, emendou dizendo:
- Eu sei que ele era uma fantasia. Como é uma fantasia, uma válvula de escape assistir as películas de Theda Bara, Clara Bow, Douglas Fairbanks, Chaplin, etc. Eles me trazem um mundo de encantamento. Hoje o mundo ficou mais sem graça... Mas ... a única coisa, ou melhor ... as únicas pessoas que me trazem alegria no momento, não são figuras do cinema.
Carlos perguntou aborrecido:
- Quem te importa então?
Angélica vendo que o marido ficara de costas, aproximou-se, tocando uma das mãos em suas costas.
Carlos então, voltou-se para ela.
A moça então respondeu:
- Em que pese a tristeza pela perda de algo tão caro, eu não me esqueci dos momentos felizes que passei e passo ao lado de duas pessoas maravilhosas, que vivem do lado de cá da tela. – nisto, olhando nos olhos do rapaz, completou. – Estou falando de vossa senhoria e de meu filho, seu bobo.
Os olhos de Carlos ficaram marejados.
Ao percebendo que o moço ficara emocionado, abraçou-o.
Carlos não resistiu.
Por fim, Angélica respondeu chorando, que tinha verdadeira adoração pelo ator, mas que a pessoa que aprendera a amar, era Carlos.
Foi o bastante para o moço se derramar em lágrimas.
Angélica abraçou-o.
Os meses que se passaram, foram muito felizes para o casal.
Tempos depois, nasceu Fabrício.
Angélica adorava passar as tardes com as crianças, vendo-as correndo pelo jardim, com suas roupinhas de marinheiro.
Pedro e Fabrício brigavam, mas também eram muito companheiros.
A mãe dos garotos, adorava vê-los brincando juntos.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
A FLOR DO ALTO - CAPÍTULO 9
E assim, quando finalmente retornaram para São Paulo, o casal foi recebido com festa por seus respectivos pais.
Francelino e Ângela, assim como Diva e Odair, aguardavam ansiosos pela volta dos filhos.
Em que pesem as missivas, estavam ansiosos por mais detalhes da viagem.
Indiscreto, Odair chamou o filho para conversar reservadamente, perguntando-lhe se estava se entendendo bem com a esposa.
Ângela por sua vez, perguntou a filha, como estava sendo a vida de casada.
Angélica respondeu então, que não sabia dizer direito o que era isto, já que estava se acostumando ainda, com a idéia.
- Entendo! – respondeu a mulher. – É normal! No começo a gente sente um certo estranhamento, até fazer parte completamente da vida do outro.
Com isto, abraçou a filha.
Francelino comentou por sua vez, que sentia tranqüilidade no semblante da filha, e que isto o deixava sereno.
Mais tarde, foi organizada uma festa de boas vindas para o casal.
Carlos e Angélica dançaram.
O moço por sua vez, não perdeu a oportunidade de fazer um brinde em homenagem ao matrimônio, e a felicidade que este poderia proporcionar. Comentou que faria todo o possível para não transformar aquele encontro em uma rotina.
O bonito discurso foi aplaudido por muitos, mas em que pese a promessa feita e o esforço em cumpri-la, o casamento Carlos e Angélica, foi acompanhado pela rotina.
Conforme combinado, a moça passou a fazer aulas de natação, o casal passou a freqüentar o clube a noite, participando dos bailes com bastante freqüência.
Angélica por sua vez, também continuou a assistir as fitas de Rodolfo Valentino, para desespero de Carlos, que sentia um certo ciúme do moço.
Dizia que o “latin lover”, era um sedutor barato, que nenhum homem de verdade se comportava daquela forma indecente.
Na primeira vez que Angélica ouviu aquele palavreado, caiu na risada.
Foi o suficiente para deixar Carlos nervoso.
- Qual é a graça? – perguntou enervado.
- Nada! – respondeu a moça rindo. – Só achei engraçada a sua reação! Rodolfo Valentino é só um ídolo do cinema. Mesmo que quisesse, nunca nos encontraremos... Em que pese este fato, gosto de seus filmes, e imaginar como seria a vida, se ela fosse um filme.
- Imaginar como seria, estar ao lado daquele sujeitinho... não é mesmo? – respondeu o jovem, tomado de ciúmes.
Foi o suficiente para deixar Angélica chateada.
Sentida, deixou o moço sozinho na sala de estar da mansão onde moravam.
Subiu as escadas indo se recolher no quarto, deixando o moço aflito, do lado de fora.
Carlos arrependido, ao perceber o jeito intempestivo com que a esposa saíra da sala, correu ao seu encontro.
Batendo na porta, a qual fora trancada pela moça, pediu-lhe desculpas.
Disse que não tivera a intenção de ser indelicado. Suplicante, pediu para que ela o desculpasse. Prometeu que eles poderia assistir a todas as fitas do jovem galante. Argumentou que não se importava com o gosto da esposa, e que iria se controlar para não sentir ciúmes das cenas românticas.
Pedindo para que ela o desculpasse, disse que quando o visse se insinuando para as atrizes, se lembraria, de que ele é o único amante em sua vida, e que embora Rodolfo Valentino possa ter todas as mulheres do mundo, ele não teve o privilégio de conhecer apenas uma delas, aquela que lhe tiraria a vontade de conhecer todas as outras.
Quase as lágrimas, ele disse que o ator não tivera o privilégio de conhecer uma jovem moça, de nome tão doce como de um anjo, a sua Angélica.
A moça, aborrecida que estava, ao ouvir estas palavras, resolveu deixar a zanga de lado.
Com isto, abriu a porta do quarto, deixando o moço, que batia na porta a cerca de meia-hora, entrar.
Carlos, ao ver a porta abrir-se, entrou no quarto.
Perguntou a moça se poderia adentrar em tal ninho de amor.
Aproximando-se da moça, pediu-lhe desculpas pelas palavras ditas em pensar. Argumentou que em nenhum momento tivera a intenção de ofendê-la.
Percebendo que a moça continuava reticente, optou por um gesto dramático. Ajoelhou-se. Pedindo desculpas a moça, começou a beijar sua mão.
Incomodado, levantou-se, e olhando em seus olhos, disse-lhe que agira daquela forma, movido pelo ciúme. Disse-lhe então, que sentia ciúmes do ator, e que por vezes, não se sentia suficientemente amado pela jovem.
Nisto abaixou o rosto.
Angélica, sem saber o que fazer, aproximou-se.
Ao ver uma lágrima correr do rosto do rapaz, perguntou-lhe se estava chorando.
Como o moço tentasse esconder o rosto, Angélica tocou-lhe a face, e beijou o local onde correra a lágrima.
Nisto o moço abraçou-a.
Angélica, percebeu que o moço soluçava, mas Carlos, procurando disfarçar, disse que havia se engasgado.
A moça fingiu acreditar.
Nisto, Angélica acariciou o rosto do moço.
Os olhos de Carlos verteram lágrimas.
Com isto, o moço beijou a jovem.
Mais tarde, Carlos e Angélica foram ao cinema assistir uma fita de Rodolfo Valentino.
Para tanto, a moça se preparou com todo o esmero.
Colocou um bonito vestido, jóias, um enfeite nos cabelos, cuidadosamente penteados.
Carlos ao vê-la tão bem vestida, disse-lhe que estava linda.
Angélica agradeceu o elogio.
O homem também estava muito bem trajado. Usava um vistoso terno.
Carlos conduziu a esposa em um luxuoso e espaçoso carro de dois lugares.
Assistiram juntos a mais um filme, do famoso ator.
Angélica por sua vez, se emocionou ao acompanhar a história.
Mais tarde, o casal foi jantar em um restaurante.
Lá beberam vinho, e se deliciaram com uma lauta refeição.
Carlos estava deveras encantado com a mulher.
Angélica com efeito, não lhe parecia distante.
Atencioso, ouviu a jovem tecer elogios ao ator.
Por fim, comentou que não precisava ser um Rodolfo Valentino para conseguir agradar uma mulher. Convencido, disse perguntou se ela estava gostando do passeio.
Angélica respondeu sorrindo que sim.
Carlos segurou sua mão.
Mais tarde, o casal caminhou por uma praça.
O homem contemplava Angélica com um olhar que a deixou desconcertada.
O moço era um marido atencioso, mas deveras ciumento.
Certa vez, ao perceber que um homem acompanhava os passos da esposa à distância, chamou o sujeito. Disse-lhe que precisavam conversar.
O sujeito, ao perceber o ar nem um pouco amistoso de Carlos, tentou se evadir, no que foi impedido pelo moço, que lhe acertou um soco no rosto.
Angélica assustou-se com a agressividade do marido.
Nervosa, entrou apressadamente no casarão.
Carlos então, disse ao homem, para que não aparecesse mais por ali, ou apanharia mais.
Por fim, adentrou a mansão.
Carlos adentrou a propriedade, passou pela sala de visitas, subiu a escadaria, até seguir pelo corredor e bater na porta do quarto onde a moça estava.
Ao percebê-la trancada, começou a gritar exaltado para que ela abrisse a porta.
Como Angélica não demonstrava intenção de abri-la, Carlos disse em tom ameaçador, que se ela não abrisse por bem, que ele arrombaria a porta.
Nervoso, o homem tentou forçar a porta.
Começou a lançar seu corpo contra o obstáculo.
Em dado momento, acabou lesionando as costas.
Carlos então soltou um gemido de dor.
Exaltado, começou a chutar a porta.
Finalmente, a fechadura da porta quebrou, e Carlos entrou no quarto.
Angélica nervosa, tentava se esconder atrás da cabeceira da cama.
Carlos gritando, disse-lhe que da próxima vez, ela deveria abrir a porta imediatamente.
A moça começou a chorar.
O homem, percebendo isto, disse-lhe nervoso, que não adiantava chorar, e que ela estava proibida de sair sozinha pela cidade.
Irritado, falou-lhe que as aulas de natação estavam suspensas.
Angélica tentou argumentar, no que foi interrompida por Carlos.
O moço argumentou que ela deveria aprender a respeitá-lo. Disse-lhe que havia dado seu nome, e que ela era uma mulher casada.
Nervosa, Angélica respondeu que queria voltar para a casa dos pais.
Carlos disse que ela estava proibida de sair de casa.
A moça então, insistiu na idéia de voltar para a casa dos pais. Disse que estava cansada de suas atitudes intempestivas, de seu jeito agressivo.
Irascível, o moço perguntou se ela preferia alguém mais gentil como o moço que encontrara na praça, ou o ator.
Angélica ficou furiosa.
Disse que não ficaria nem mais um minuto na mansão.
Nisto a moça caminhou em direção ao vestíbulo.
Carlos, ao perceber que a moça tencionava pegar uma das malas, segurou-lhe a mão.
Angélica tentou se desvencilhar do moço, sem êxito.
Dizendo que o moço estava machucando-a, exigiu que ele a soltasse.
Nisto o homem olhou-a nos olhos, e repetiu que ela estava proibida de sair da casa.
Furiosa, comentou que ela não sairia dos limites da propriedade, enquanto ele não autorizasse.
Angélica argumentou que ele não poderia obrigá-la a ficar.
No que Carlos respondeu:
- Posso sim, e vou fazer. Eu sou seu marido! Sou eu quem dita as regras aqui.
Angélica enervada, tentou enfrentá-lo.
Carlos porém, não soltou sua mão.
Disse para ela, que não tentasse oferecer resistência, ou acabaria se machucando.
Angélica contudo, continuava se debatendo.
A certa altura, a moça começou a chorar.
Carlos, percebendo que havia machucado a esposa, soltou seu braço.
Ao ver que o pulso da moça estava vermelho, tentou auxiliá-la.
No que foi rejeitado.
Angélica afastou-se, vindo a sentar-se na cama.
O moço então, pediu-lhe desculpas pela violência.
Insistiu para que ela o deixasse ver como estava o pulso.
Angélica contudo, continuava relutante.
A moça tentou se afastar, mas Carlos mais rápido, segurou o braço dela.
Dizendo que não queria agredi-la, insistiu para que a deixasse ver seu braço.
Sem alternativa, a moça deixou de oferecer resistência.
Preocupado, o jovem verificou que o braço da esposa estava inchado.
Carlos disse-lhe que chamaria um médico de confiança para ver o seu braço.
Nisto, perguntou-lhe se estava com dor.
A moça respondeu que não. Aborrecida, tentou argumentar dizendo que não precisava de médico.
Desta forma, Carlos aproximou-se e pediu-lhe desculpas.
Angélica chorando, insistiu na idéia de partir, no que foi repelida por Carlos, que insistiu que daquela casa, ela não sairia.
Nervosa, a moça pediu para ele deixá-la sozinha.
Carlos então, segurou seu pulso com força.
Ao sentir seu pulso pressionado, Angélica demonstrou que o local estava dolorido.
Aflito, o moço segurou o braço da moça, e começou a fazer uma massagem.
Angélica começou a chorar.
Disse para que ele parasse.
Carlos falou-lhe que chamaria o médico.
Recomendou-lhe então, que permanecesse deitada.
Com isto, ajudou a moça a se acomodar na cama.
Em seguida, desceu as escadas e por telefone, chamou o doutor.
Mais tarde o médico examinou a moça.
Explicou ao marido aflito, que Angélica tivera uma luxação.
Nisto, o médico realizou uma massagem fazendo com que os músculos do braço voltassem ao lugar.
Angélica chorou com a dor, e Carlos aflito, sem saber direito o que fazer, tentou confortá-la.
Ajeitou-a na cama.
Por fim, pediu a um dos empregados que conduzisse o médico até a porta.
Não sem antes certificar-se de que estava tudo bem com a esposa.
Com isto, ajudou a moça a trocar de roupa.
Em que pesem seus protestos.
Angélica argumentou que uma das empregadas poderia auxiliá-la na tarefa.
Carlos porém, insistiu que não se incomodava em ajudá-la.
E assim, o moço auxiliou-a a retirar seu vestido, deixando a moça apenas com sua combinação.
Angélica por sua vez, dirigiu-se ao vestíbulo, onde tirou a combinação e colocou sua camisola.
Carlos ao vê-la em trajes de dormir, puxou a colcha que recobria a cama, e ajudou-a a se ajeitar na cama.
Preocupado, perguntou-lhe se queria comer algo.
A moça respondeu que estava sem fome.
Carlos contudo, não aceitou a negativa e pediu para que a cozinheira preparasse uma sopa.
Mais tarde, ao ver uma bandeja sendo levada ao quarto, a moça tentou recusar a refeição, sem êxito.
Carlos insistindo para que se alimentasse, pediu que a bandeja fosse colocada sobre a cama.
Como Angélica não se servia da sopa, o moço tomou a iniciativa de ele próprio servi-la.
Desta forma, a moça alimentou-se.
Satisfeito, Carlos pediu a uma das empregadas que retirasse a bandeja.
Angélica então, começou a ler um livro.
Carlos por sua vez, permaneceu no quarto.
Também aproveitou para ler. E assim, enquanto lia, aproveitava para observar a esposa.
Parecia preocupado.
A certa altura, cansada que estava, Angélica acabou adormecendo e deixando o livro cair.
Carlos, ao perceber isto, recolheu o livro, deixando-o junto à cabeceira da cama.
Notando que a moça não estava em uma posição adequada para dormir, ajeitou-a com todo o cuidado, para que não despertasse.
Nisto, ao recolher-se, o moço preferiu dormir em uma cadeira.
Sentindo-se culpado pela lesão causada a Angélica, preferiu não perturbar-lhe o sono.
A moça, ao despertar, percebeu que o moço dormia sentado em uma cadeira.
Com isto, ao tentar mexer o braço lesionado, sentiu dor.
Por conta disto, a moça segurou o membro dolorido.
Levantou-se da cama, e se aproximou da cadeira onde o rapaz dormia.
Nisto, Carlos despertou.
Ao vê-la de pé, o moço logo perguntou-lhe se estava tudo bem.
Preocupado, perguntou se ela ainda sentia dor.
Angélica segurou novamente o braço machucado.
O homem percebeu que a jovem ainda sentia dor.
Condoído, Carlos pediu-lhe desculpas.
Disse-lhe que agira como um monstro, e que nada justificava o que fizera. Nisto, prometeu quase chorando que nunca mais a machucaria. Respondeu que preferiria cortar um de seus braços, a machucá-la novamente.
Fez menção de segurar o braço da moça.
Angélica, assustada, procurou se afastar.
Carlos então, insistindo no pedido de desculpas, tentou se aproximar.
Angélica voltou a se recolher.
O moço sentou-se a seu lado.
Tocando em seu rosto, disse que estava muito arrependido.
Disse que nunca mais faria algo parecido com aquilo.
Aproveitando um momento de distração da moça, segurou o membro lesionado.
Angélica tentou resistir, mas ao tentar se opor ao gesto, sentiu uma fisgada no braço. Fato este que a fez desistir de se opor.
Carlos então, segurando delicadamente o braço da moça, começou a massageá-lo.
Ao perceber que o braço estava inchado, mencionou que chamaria o médico.
Angélica no entanto, respondeu que não havia necessidade.
- Tem certeza? – perguntou Carlos.
Angélica balançou a cabeça.
Nisto o moço recomendou que a moça continuasse descansando, até se recuperar totalmente.
Neste momento, uma das empregadas surge com uma bandeja e remédios.
- São os medicamentos receitados pelo médico. Tome-os. Assim a dor passa.
Angélica tomou os medicamentos.
Carlos cuidou da esposa.
Informou pelo telefone do escritório, que não iria trabalhar, por que sua esposa se encontrava adoentada.
Com isto, passou o dia inteiro ao lado de Angélica.
Durante boa parte do tempo, ficou a velar seu sono.
No dia seguinte, o moço procedeu da mesma forma.
Com o tempo, percebendo que a esposa melhorava aos poucos, voltou ao trabalho. Não sem ter o cuidado de ligar para a mansão duas vezes ao dia, perguntando a moça se estava tudo bem, se não sentia mais dor.
Atencioso, ao perceber que Angélica estava totalmente recuperada, prometeu que iriam sair mais. Freqüentariam teatros, cinemas.
Angélica contudo, parecia indiferente.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
A FLOR DO ALTO - CAPÍTULO 8
Mais tarde, Carlos e Angélica foram conduzidos pelo motorista para o Porto de Santos.
Viajariam de navio para a Europa.
Carlos aproveitou para passear com a jovem esposa pela Torre Eifel, pelo Vale do Loire, com seus imponentes castelos.
Em Paris, visitaram o Cemitério Peré Lachaise, os prédios antigos, os cafés. A Torre Eiffel, o Champs Elisées, os museus.
O moço aproveitou para presentear a esposa com perfumes, jóias, e roupas de alta costura.
Angélica parecia encantada com tudo.
A lua-de-mel transcorreu as mil maravilhas.
A moça estava encantada com as novidades. Nunca havia estado antes na Cidade Luz.
Em cartas escritas aos pais, a moça escreveu contando sobre as novidades, os passeios.
Ao ler o conteúdo das missivas, Francelino tranqüilizou-se.
Pela primeira vez, confessou a esposa que sentia que o casamento de Angélica seria feliz. Preocupado, confessou que temia pelo futuro do casamento da filha com Carlos.
Ângela por sua vez, respondeu que tinha certeza que tudo daria certo, já que o moço estava empenhado e com as melhores intenções. E assim, o casamento de Angélica com o jovem, só poderia resultar em um grande êxito.
Atencioso, Carlos atendia a todos os caprichos da moça.
Angélica por sua vez, adorava ser paparicada. Adorou freqüentar os museus, teatros. Almoçavam e jantavam nos melhores restaurantes, assistiam a espetáculos musicais.
Visando impressionar a moça, Carlos presenteou a jovem, com um lindo anel de rubi.
Disse-lhe para que sempre o usasse. O moço comentou então, que sempre que a visse utilizando a bela jóia, saberia que ela estava pensando nele.
Gentil, a moça sorriu para ele.
A noite, o casal passeava pela cidade, caminhavam pelo Arco do Triunfo, pelos belos monumentos da cidade. Passearam pelos arredores do Rio Sena.
Angélica gostava dos plátanos. Encantou-se com a região de Champagne.
Carlos por sua, dizia-lhe que no que dependesse dele, a vida deles seria uma eterna maravilha repleta de eventos inesquecíveis.
O moço por sua vez, também escreveu aos pais. Contou através de cartas, que estava deveras feliz, por se encontrar ao lado de Angélica. Que a jovem lhe correspondia os afetos, e que a estranheza inicial resultara talvez, em admiração.
Nisto, os dias se passaram alegres.
O casal visitou o Vale do Loire, e Angélica se encantou com os castelos.
Comentou sorrindo, que se sentia vivendo um conto de fadas.
Quando chegou o momento de voltar, Angélica lamentou a partida. Respondeu que estava gostando muito do passeio e que gostaria de poder ficar mais um pouco.
Carlos sorriu.
Disse que precisavam voltar a São Paulo, pois tinha muito trabalho esperando por ele. Comentou também, que assim que pudessem, poderiam voltar ao país, e até conhecer outras paragens do velho continente.
Ao ouvir isto, os olhos de Angélica brilharam.
Segurando as mãos da moça, Carlos prometeu que dali um ano, voltariam para comemorarem um ano de casados.
- Promete?
- Sim, eu prometo. – respondeu o moço, beijando as mãos da moça.
Mais tarde, o casal retornou ao Brasil, em viagem de navio.
Durante a viagem, o casal dançou nos magníficos jantares preparados no navio. Conversaram. Passearam pelo convés do navio.
Nadaram na piscina.
Ao perceber que a piscina era funda, Angélica argumentou que não queria entrar, pois não sabia nadar.
Carlos, percebendo o temor da esposa, insistiu para que ela entrasse na piscina. Argumentou que a seguraria.
Angélica porém, permanecia receosa.
Carlos por sua vez, saiu da piscina, segurou-a pelo braço e conduziu-a até a borda.
Nisto, entrou novamente na piscina, empurrando-a para dentro.
Angélica caiu dentro d’água, sendo segurada pelo moço.
Surpresa com o empurrão, insistiu para que ele a tirasse da água.
No que ele recusou. Disse que ela deveria se acalmar pois ele a ensinaria a nadar.
Angélica então, percebendo que não adiantaria continuar se debatendo, concordou em permanecer na piscina, desde que ele não a soltasse.
Sorrindo, o moço disse que por nada no mundo, a soltaria.
Nisto, deitou-a sobre as águas, como para ensiná-la a boiar.
Transmitindo segurança a moça, Carlos foi lhe explicando como ela tinha que fazer para permanecer a tona.
Aos poucos, ensinou-lhe a nadar.
Nisto, o moço comentou que quando retornassem ao Brasil, ela poderia fazer aulas de natação.
Ao ouvir isto, Angélica beijou o rosto do rapaz, que ficou emocionado com o gesto.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
A FLOR DO ALTO - CAPÍTULO 7
E assim, começaram os preparativos para o casamento.
Ângela Andrade, encomendou um belíssimo vestido de casamento para a filha.
Foram provas e mais provas.
Carlos, também encomendou um fraque branco, assim como seu pai.
Diva e Ângela também encomendaram vestidos com suas modistas.
Para a festa, foi preparado um enorme bolo, com escultura de um casal de noivos.
Bolo com vários andares e enfeites de flores.
Para acompanhar, doces.
O salão da casa dos Andrade, foi ricamente adornado de flores.
No jardim da mansão foi improvisado um altar, onde seria celebrado o casamento.
Por se tratar de uma família tradicional, o fato foi noticiado nos jornais da cidade.
Enquanto os preparativos se seguiam, Carlos reclamava a presença de Angélica.
Em certa ocasião, foi por pouco que o moço não viu o vestido da noiva.
Ângela aflita, pediu para que a filha saísse correndo para a cozinha.
Carlos por sua vez, insistiu para ver o vestido da noiva.
Ângela, retrucou surpresa:
- Impossível! Ver o vestido da noiva dá azar!
Carlos por sua vez, disse que considerava isto tudo, uma grande bobagem.
Ângela argumentou porém, que a graça residia na surpresa. Disse que a beleza era descobrir, no momento do casamento, o quão bonita era a veste.
O moço achou graça nas palavras da mulher, mas entendeu.
Pediu licença e se retirou da sala. Disse que voltaria no dia seguinte.
Nisto, cada vez mais ocupada com os preparativos do casamento, Angélica mal tinha tempo de trocar algumas palavras com o noivo.
Carlos passou a reclamar com os pais, que estava sentindo a falta da noiva.
Diva, sorrindo, dizia ao filho, que aquela situação era momentânea, e que com o passar do tempo, iriam passar boa parte do tempo juntos.
Carlos sorriu. Comentou que não via a hora de estar definitivamente casado com a moça.
Reclinado na cadeira da sala da confortável casa onde morava, ficava a imaginar-se casado com Angélica. Em seus devaneios, eram todos momentos de alegria, de plena felicidade.
Nisto, quando finalmente chegou o momento do matrimônio, Carlos estava assaz nervoso.
Angélica, também estava tensa.
Enquanto se vestia para o casamento, chegou a dizer que havia mudado de idéia, que não estava pronta para se casar.
Ângela, ao ouvir tais palavras, respondeu:
- Não diga bobagens!
Desta forma, pediu a uma das criadas que providenciasse um copo com água e açúcar.
Bebida que a jovem sorveu a longos e demorados goles.
Preocupada, Ângela pediu a filha para que bebesse a água devagar, ou iria se engasgar.
Quando Angélica bebeu todo o conteúdo do copo, Ângela segurou a filha pelas mãos.
Compreensiva, disse-lhe que estava muito orgulhosa da decisão corajosa que a filha havia tomado, ao optar por casar-se com Carlos. Comentou que havia presenciado a cena do casal se abraçando na entrada da casa, no dia do noivado. Argumentou que aquela cena delineou bem o relacionamento que eles poderiam ter. Disse que ela estava condenada a eterna felicidade, e que só não seria feliz ao lado de Carlos, se não o quisesse, já que o moço estava tentando fazer de tudo para agradá-la.
Angélica respondeu que não amava Carlos. Chegou a dizer que talvez devesse liberá-lo para que pudesse encontrar alguém que gostasse dele.
Ao ouvir o comentário, Ângela censurou a filha. Disse-lhe que aquilo tudo era uma bobagem. Falou que também não se casara com o homem que escolhera, e que isto não a impedira de ser feliz. Mencionou que o entendimento era uma questão de tempo, e que com paciência, acabaria acontecendo.
Ângela argumentou que desistir do casamento naquele momento, seria matar Francelino de desgosto. E que não traria desgosto apenas a eles, seus pais, mas também aos pais de Carlos, e pior, ao próprio Carlos, que ficaria humilhado, e eternamente marcado com aquela rejeição.
Angélica respondeu que não queria prejudicar o moço.
Ângela respondeu então, que casar-se com o jovem, não o prejudicaria. Pediu para que ela confiasse em suas palavras, que tudo se ajeitaria com o tempo.
Nisto, a mulher pediu a moça para se recompusesse.
Desta forma, a maquiagem da moça foi retocada.
Neste momento, Carlos, devidamente acompanhado de seus pais, aguardava a moça no altar.
Todos os convidados haviam chegado.
O moço estava ansioso. A todo o momento perguntava aos pais, se Angélica estava chegando.
Angélica então, se recompondo, finalmente desceu as escadarias.
Francelino seu pai, a aguardava.
Ao ver a filha em seu vestido branco, todo enfeitado, com os cabelos presos, levemente maquiada, disse-lhe que estava radiosa. Comentou que embora não percebesse, aquele momento estava selando, dias felizes em sua vida.
Ao ouvir isto, Angélica começou a prantear.
Francelino, respondeu que ela poderia ter a certeza de que estava fazendo a coisa certa.
E assim, abraçou a filha.
Em seguida, ofereceu-lhe um lenço para que pudesse enxugar suas lágrimas. Disse-lhe que aquele não era momento para lágrimas, e que no que dependia de Carlos, ela nunca mais teria motivos para chorar.
Ângela então, censurou o marido, dizendo que não podia tê-la feito chorar. Comentou que precisavam se apressar.
Nisto Francelino contou que Odair veio lhe perguntar por duas vezes, quando Angélica surgiria no jardim. Argumentou que Carlos estava ansioso.
Com isto, Ângela seguiu em direção ao local onde seria celebrada a cerimônia de casamento.
Disse aos músicos, que dessem início a marcha nupcial.
Em seguida, eis que surgem Francelino e Angélica, caminhando de mãos dadas pelo jardim.
Carlos, ao ver a moça tão ricamente vestida, encheu-se de orgulho. Estava feliz.
Angélica e Francelino, caminhavam lentamente em direção ao altar montado no jardim da casa.
Timidamente, a moça olhava em volta, percebendo que todos sorriam para ela.
O jardim estava repleto de convidados.
Quando a moça finalmente chegou ao altar, devidamente conduzida por seu pai, Francelino deixou-a aos cuidados de Carlos, sob a recomendação de que cuidasse bem dela.
Nisto, juntou-se a sua esposa, que a esta altura, já se encontrava no altar, ao lado dos padrinhos do casal.
Ao término da marcha nupcial, o sacerdote deu início as fórmulas sacramentais.
Disse que o casal Angélica e Carlos se encontravam naquele jardim para formalizarem o matrimônio, e a junção daquelas almas era um projeto de Deus. Comentou que na Bíblia estava a recomendação de crescer e multiplicar, e que o sacramento do matrimônio continha algo de sublime, pois representava o amor, em sua forma mais sagrada.
Pediu ao casal para que dissesse que estavam se casando por livre e espontânea vontade.
Em seguida houve a troca de alianças, com Carlos colocando uma das alianças no dedo de Angélica e a moça, fazendo o mesmo.
Durante a cerimônia foi dito, que se alguém tivesse algo contra o casamento, deveria falar naquele momento ou se calar para sempre. Também disse que o Deus uniu, o homem não separa.
Por fim, recomendou que os noivos, agora casados, poderiam se beijar.
Carlos, aproximou-se então da moça, e pela primeira vez, beijou-a na frente de todos.
Nisto, o casal seguiu de mãos dadas pelo tapete vermelho estendido no jardim, sendo alvejados por uma chuva de arroz.
Ao término da cerimônia, o casal assinou papéis, formalizando o compromisso.
Em seguida, foram cumprimentados pelos convidados, que desejaram toda a felicidade para o casal.
O casal posou para fotos.
Francelino e Ângela, assim como Diva e Odair, recepcionaram os convidados.
Angélica e Carlos, também se ocuparam disso.
De mesa em mesa, conversaram com os convidados.
Depois dançaram juntos uma valsa.
Neste momento, todos os olhares se voltaram para eles.
Angélica colocou suas mãos nos ombros de Carlos. O moço por sua vez, conduziu a moça pelo salão.
Os pais dos noivos estavam encantados com a afinidade do casal. Diziam que eles pareciam se conhecer há muito tempo.
Francelino chegou a comentar com Ângela, que embora a filha não percebesse, estava começando a gostar do moço.
A mulher concordou.
Nisto, em dado momento da dança, a moça encostou sua cabeça em Carlos.
Os convidados por sua vez, aplaudiram a dança.
Mais tarde, todos se ocuparam em dançar.
Francelino conduziu Ângela.
Gentil, comentou que embora sua filha fosse a princesa da festa, ela era sua rainha.
Ângela sorriu.
Diva e Odair comentaram entre si, que eles tinham muita afinidade entre eles e que aquele enlace seria muito feliz.
O casal também dançou.
Enquanto dançavam, o homem chegou a dizer que ela estava tão linda, quanto no dia em que se conheceram.
Nisto, os convidados cearam.
Foram servidos vinhos, arroz, medalhão, acompanhamentos, guarnições, inúmeras entradas, pratos com nomes sofisticados.
Todos comeram, beberam.
Houve brinde em homenagem aos noivos.
Angélica e Carlos, dançaram mais algumas vezes.
Em um das danças, o jovem respondeu que estava muito feliz por haver se casado com ela, e que se esforçaria muito para fazê-la feliz.
Nisto aproximou-se dela e abraçou-a.
Em dado momento, Francelino e Odair chamaram o moço para uma conversa.
Disseram para que tratasse Angélica com toda a delicadeza, por se tratar de moça de fino trato.
Reservadamente, Odair disse para que o filho não se comportasse como um leviano, ou teria que se entender não apenas com o pai da moça, mas também com ele. Argumentou que o matrimônio alçou Angélica, praticamente a condição de filha, e que Carlos tinha por obrigação cuidar de sua felicidade.
Em seguida abraçou o filho, desejando toda a felicidade do mundo para ele.
Diva, parabenizou o filho e recomendou que fosse delicado com a moça.
Ângela igualmente pediu ao genro, para que cuidasse bem de sua filha.
Angélica por sua vez, também foi cumprimentada por seu pai, por Diva e Odair, que recomendaram-lhe que fosse uma esposa atenciosa e gentil.
De forma reservada, Ângela pediu a todos para conversar a sós com sua filha.
Com isto, Angélica e ela seguiram para o escritório.
Nervosa, Ângela recomendou a filha para não se negasse a atender os pedidos de se marido. Orientou-a para que não tivesse medo de ficar a sós com Carlos.
Angélica não compreendeu o que mãe queria dizer.
Nisto Ângela segurou suas mãos, e disse que ela estava começando a dar seus primeiros passos numa vida adulta. Argumentou que o casamento não era uma coisa ruim, e que com o tempo, ela acabaria se acostumando com a idéia.
Por fim, Ângela ressaltou que Angélica permanecesse tranqüila.
A moça ficou confusa.
Contudo, por mais que perguntasse a mãe o por quê daquelas palavras, Ângela respondia que eram apenas preocupações de uma mãe, e que quando ela tivesse filhos, entenderia.
Nisto, a mulher beijou o rosto da filha, e lhe desejou toda a felicidade do mundo.
Em seguida, conduzindo a moça novamente ao jardim, sugeriu que ela dançasse novamente com Carlos.
Por último, a moça jogou o buquê de flores para as convidadas solteiras.
Para surpresa de todos, Cláudia – amiga de Angélica – foi quem pegou o buquê.
Todos brincaram dizendo que ela seria a próxima noiva.
A seguir, a moça se despediu dos convidados, devidamente acompanhada de seu agora esposo.
Depois, o casal adentrou a mansão dos Andrade.
Carlos entrou no quarto de solteira da moça, retirou suas malas. Com a ajuda de um empregado, depositou-as no bagageiro de seu carro.
Em seguida, o moço abriu a porta do carro para Angélica, estendeu sua mão para a moça e auxiliou-a a entrar com seu vestido de noiva, no veículo.
Após, entrou no veículo, que foi conduzido por um motorista particular.
Antes de partir, o casal acenou para os convidados.
Ao chegarem na casa que seria o domicílio de ambos, Carlos ofereceu dinheiro ao motorista agradecendo-lhe pelos serviços prestados.
O homem auxiliou então o moço a colocar as malas de Angélica na sala de visitas.
Depois, Carlos abriu a porta do carro para que Angélica descesse.
Nisto, conduziu a moça até a entrada da casa.
Ao chegarem na porta da mansão, o moço carregou-a nos braços, conduzindo-a até a sala.
Em seguida, o homem partiu.
Angélica, pediu então ao moço, para que a colocasse no chão.
Carlos disse-lhe então, que aquela primeira noite, dormiriam na casa nova, e que no dia seguinte, iriam viajar para a Europa.
O moço, disse-lhe que agora eram casados.
Dizendo: “enfim sós”, abraçou-a.
Ao tentar beijá-la, Angélica disse que as malas não poderiam permanecer na sala.
Carlos então, prontificou-se a levá-las para o quarto.
Nisto, chamou dois criados, que se encarregaram de levar para o quarto do casal, as malas.
Depois, o moço agradeceu os empregados, recomendando que preparassem um bom café da manhã, por volta das dez horas da manhã. Argumentou que por ser dia de festa, não precisavam acordar cedo.
Os empregados agradeceram e se retiraram.
Nisto, o moço comentou que dali para frente, seria ela quem daria as ordens naquela casa.
Abraçando-a, disse que estava muito feliz, e que também a faria muito feliz.
Segurando sua cintura, fez menção de novamente carregá-la nos braços, no que Angélica comentou que preferia subir as escadas sozinha.
Carlos contudo, argumentou que era sua primeira noite de casado, e que queria conduzi-la até o quarto, carregando-a nos braços.
Angélica lembrou-se das palavras da mãe e com isto, acabou concordando com o moço.
Porém, quando o moço tentou segurá-la nos braços novamente, a moça se afastou.
Percebendo isto, Carlos disse-lhe:
- Não precisa ficar nervosa!
- Mas eu não estou nervosa! – retrucou a moça, impaciente.
Carlos então, ao notar a irritação da moça, respondeu que estava tudo bem.
Nisto, aproximou-se novamente da jovem, segurou-a pelas costas e num gesto rápido, carregou-a nos braços.
Em seguida subiu as escadarias, conduzindo-a até o quarto do casal.
Ao lá chegar, colocou a moça no chão.
Angélica olhava para ele sem saber o que fazer.
Carlos também parecia um pouco sem jeito.
Nisto o moço sugeriu que a moça trocasse de roupa. Disse-lhe que havia um vestíbulo, onde ela poderia se trocar.
Ao ouvir isto, Angélica ficou um pouco desconfortável.
Carlos argumentou que ele também trocaria de roupa. Tentando tranqüilizá-la respondeu que ela poderia ficar sossegada que ele sairia do quarto.
Aproximando-se da moça, beijou-lhe a mão e afastou-se.
Em seguida, Angélica encostou a porta.
Abriu a mala e retirou uma camisola.
No vestíbulo, retirou com todo o cuidado seu vestido de noiva. Tarefa que lhe deu um certo trabalho.
Depois, colocou a camisola e deitou-se na cama.
Impaciente, Carlos caminhava de um lado para o outro na sala.
Mais tarde o moço retornou ao quarto, onde percebeu que a moça já estava deitada.
Igualmente abriu uma de suas malas e retirou um pijama.
Vestiu-se e deitou-se na cama ao lado da moça.
Angélica parecia dormir.
Carlos então, começou a chamá-la. Dizia que precisavam conversar.
A jovem porém, parecia não ouvi-lo.
Carlos contudo, continuou insistindo.
Contudo, ao perceber que a moça não lhe respondia, começou a se aproximar dela. Segurou sua cintura.
Angélica despertou. Surpresa, sentou-se na cama.
Carlos repetiu o gesto.
Tocando no ombro da moça, respondeu que eles não precisavam se recolher tão cedo. Argumentou que poderiam acordar tarde, já que a viagem só ocorreria a tarde.
Angélica ficou surpresa.
Carlos começou então a beijar-lhe.
Quando o moço aproximou-se de seu pescoço, a moça tentou se afastar.
Carlos percebeu a reação. Perguntou então, o que estava acontecendo.
Angélica respondeu tensa, que não estava acontecendo nada.
O moço porém, percebeu que Angélica estava nervosa.
Disse-lhe para que não tivesse medo. Comentou que ela era uma pessoa muito especial e que merecia ser muito amada.
Lágrimas começaram a correr dos olhos da jovem.
Carlos pegou um lenço e começou a secar suas lágrimas.
Depois abraçou-a.
Enquanto a mantinha em seus braços, comentou que gostava muito de sua presença. Tocando em seu rosto, disse-lhe tinha a pele muito macia e um rosto muito bonito.
Nisto, beijou-a novamente.
Angélica contudo, permanecia distante.
Carlos, percebendo isto, perguntou enciumado, se ela ainda pensava em Herculano.
Com lágrimas nos olhos, perguntou se ela não tinha nem um pouco de amor por ele.
Aturdido, comentou que desde que pusera os olhos nela, havia se encantado com sua figura, com sua beleza, com seu jeito.
Nisto, afastou-se da moça, virando-lhe as costas.
Angélica ficou visivelmente tocada com o gesto.
Tímida, tentou tocar em seu ombro, mas seu nervosismo não permitiu.
Enfim, depois de um certo tempo, pediu quase sem voz, para que ele a desculpasse. Disse que não pensava em Herculano.
O moço virou-se para ela.
Trêmula, Angélica respondeu:
- Eu não sei por que você está pensando isto de mim. Eu não estou pensando em ninguém... Eu não sei... Não sei... O que está acontecendo... O que você quer de mim?
Segurando-a novamente pelos ombros, disse:
- Eu só gostaria que você gostasse um pouco de mim! ... Só um pouco! Deixe-me, ser feliz, nem que seja por uns breves instantes! – nisto o moço insistiu. – Me deixe tocá-la, abraçá-la, beijá-la. Eu não vou te fazer mal... Só não me faças me sentir tão infeliz!
Ao perceber que novamente as lágrimas corriam no rosto de Carlos, Angélica ficou penalizada.
Gaguejando, disse que não tinha a intenção de fazer ninguém infeliz. Nisto, sem pensar direito, tocou sua mão no rosto do rapaz.
Foi o suficiente para o moço segurar sua mão e beijá-la.
Nisto, foi se aproximando da moça, até tomá-la nos braços, beijando-a novamente.
Angélica por fim, acariciou o rosto do rapaz, que sorriu para ela.
A moça então, enxugou as lágrimas do rosto de Carlos, que ficou enternecido com o gesto.
Mais tarde, podia se ver o moço abraçado a Angélica, ambos enrolados nos lençóis.
No dia seguinte, ao despertar, o moço acordou sorrindo.
Por alguns instantes, ficou velando o sono da esposa.
Esposa. A idéia deste nome, trazia imensa felicidade.
Com isto, depois de um certo tempo, o moço resolveu chamar Angélica.
Sussurrou em seu ouvido:
- Acorda preguiçosa! Acorde minha esposa, Senhora Camargo.
Angélica então acordou. Sonolenta, perguntou as horas.
Carlos respondeu que já eram quase dez horas.
Nisto, beijou o rosto da moça, perguntando se tivera uma boa noite de sono.
A moça respondeu afirmativamente.
Carlos por sua vez, comentou:
- Embora não me tenham perguntado, eu também dormi muito bem. A noite foi ótima!
Segurando uma das mãos da moça, beijou-a.
Agradeceu-lhe pela bela noite que ela havia lhe proporcionado.
Angélica ficou sem graça.
Carlos respondeu que não poderia ter feito melhor escolha. Disse-lhe que seriam muito felizes juntos.
Nisto o casal se arrumou para tomar o café.
Ao descerem as escadas, o casal se deparou com uma mesa repleta de iguarias.
Angélica elogiou a beleza da mesa.
Carlos então, puxou uma das cadeiras, para que a moça pudesse sentar-se.
Em seguida o moço também se sentou.
Gentil, começou a oferecer a Angélica frutas, sucos.
Ofereceu a moça colheradas das iguarias das quais se servira.
Depois do lauto café da manhã, o moço se dirigiu ao escritório.
Antes de viajarem, queria se inteirar dos últimos acontecimentos.
A seu pedido, Angélica o acompanhou.
E assim, enquanto lia o jornal, a moça se entretinha lendo a revista “O Cruzeiro”.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
A FLOR DO ALTO - CAPÍTULO 6
Quando finalmente chegou a data da festa de noivado, Carlos ficou agitado.
Nervoso, queria estar bem vestido para a ocasião.
Cuidadoso, tratou de encomendar um fraque para um bom alfaiate, por ocasião do casamento.
Odair brincou dizendo que o filho queria impressionar a noiva.
Ângela por sua vez, também fez questão de encomendar um vestido de festa para a filha.
Nisto, percebendo a necessidade de um enxoval para a moça, comentou que as duas precisariam passar mais vezes na modista.
Angélica por sua vez, argumentou que não precisava.
Sua mãe contudo, dizia que isto era importante sim.
Desta forma, só cabia a ela acatar.
E assim, as duas mulheres saíam quase todas as tardes para irem a modista.
Ângela encomendou vários vestidos para a filha.
Havia um porém, que era muito especial. Era o vestido que seria usado na festa de noivado.
Quando foi feita a última prova, Ângela aplaudiu.
Ao ver a filha com a roupa, disse que o noivo iria ficar encantado.
Mais do que já estava, se é que isto era possível.
Quando finalmente chegou o momento da festa, Angélica parecia bastante nervosa.
Ângela dizia que ela tinha que ficar calma, posto que não estava indo para a forca.
Com isto, foram chegando os convidados.
Ansioso, Carlos ficava a todo o momento falando para seus pais se apressarem.
No que Odair argumentou que Angélica não iria fugir.
Ao ouvir isto, Carlos ficou intranqüilo. Insistiu para que seus pais se apressassem.
Desta forma, chegaram cedo.
No entanto, somente quando a sala de visitas da família abrigou todos os convidados, e que finalmente Angélica desceu, acompanhada de seu pai, é que o moço tranqüilizou-se.
Carlos, que estava deveras ansioso, sorriu ao ver a moça.
Antes, mesmo que Angélica terminasse de descer a escadaria, lá estava ele, com a mão estendida.
Francelino comentou sorrindo, que não queria segurar vela.
Todos os convidados riram.
Nisto, Carlos e Angélica, acompanhados de Francelino, cumprimentaram os convidados.
Depois, a moça abraçou sua mãe, e cumprimentou Diva e Odair.
Diva chegou a lhe perguntar se estava nervosa com o evento.
Angélica respondeu com ar preocupado, que estava sim.
Carlos então, disse-lhe que também estava nervoso.
No que Francelino disse que era muito natural.
Nisto, todos começaram a contar sobre o momento em que ficaram noivos, do nervosismo da data, das festas de casamento.
Angélica e Carlos escutavam a tudo com muita atenção. Inclusive os conselhos.
Todos tinham uma fórmula pronta para a boa convivência.
Durante as conversações foram servidos vinhos, champagnes, licores, destilados.
Os convidados dançaram, assim como os noivos.
Como já sabia que Angélica adorava os filmes da época, Carlos pediu para que colocassem na vitrola, uma gravação de uma música gravada por Rodolfo Valentino.
A moça ficou surpresa. Perguntou-lhe se era verdade que o próprio Rodolfo Valentino havia gravado a canção.
Carlos respondeu-lhe que sim. Comentou que conseguira a gravação com um amigo que viajara aos Estados Unidos e lhe escreveu uma missiva contando a novidade. Interessado, pediu ao amigo, para que trouxesse uma cópia da gravação.
Nisto, tirou o acetato da embalagem e colocou-o no instrumento. Começou a girar a manivela.
E assim, começou a sair um som, com um pouco de ruídos.
Angélica se encantou.
Carlos estendeu-lhe a mão, convidando-a para dançar.
A moça concordou. Colocou suas mãos no ombro do rapaz.
Carlos segurou sua cintura. Dançaram.
Francelino e Ângela contemplaram a cena, visivelmente emocionados.
O homem enxugou uma lágrima do rosto.
Odair e Diva, ao verem o casal emocionados, comentaram:
- Linda cena, realmente!
- Me desculpem a indiscrição, mas eu sempre achei que eles ficariam juntos. A filha de vocês e o nosso Carlos, formam um casal lindo. Ele são a justa medida um do outro. É o que penso. – finalizou Odair.
Francelino respondeu que concordava. Só lamentava que sua filha tivesse demorado tanto tempo para entender isto.
No que Odair atalhou:
- Talvez o que tenha prejudicado esta aproximação, tenha sido justamente o fato de nós termos apresentado o Carlucho a ela. Se Angélica tivesse conhecido nosso filho em outra circunstância, tenho certeza de que ela o teria olhado com outros olhos. – nisto, observou o casal valsando. – Olha só que coisa mais linda! Nunca vi casal tão harmônico.
Diva, comentou então:
- Querido, não exagere! Eles de fato são lindos juntos, mas há outros casais bonitos na festa.
- Tem razão. Desse jeito os anfitriões ficarão ofendidos.
Ângela riu.
Enquanto dançavam, Carlos conversou com Angélica.
Disse-lhe que a festa estava muito bonita, e que ela era a mulher mais bonita do salão.
A moça sorriu.
Em seguida, o moço lhe disse, que aquela pequena surpresa que havia oferecido, era uma pequena mostra do que ela teria, ao optar por viver com ele. Comentou que quando tinha uma idéia na cabeça, não desistia de colocá-la em prática, e só se convencia disto, quando tudo ficava perfeito.
Sorrindo, comentou que esperava que seu casamento nunca ficasse perfeito. Por que somente assim, teria uma desculpa para mudar as coisas.
Ao término da dança, Francelino sugeriu uma valsa, e com isto, músicos começaram a tocar.
Angélica, que já atravessava o salão, foi delicadamente puxada pelo braço. Mais do que depressa, Carlos convidou-a novamente para dançar.
Enquanto os demais casais trocaram de pares, Angélica e Carlos, foram os únicos que dançaram juntos a noite inteira.
O grande momento porém, foi o jantar.
Por isto, antes que as iguarias passassem a serem servidas, Carlos sacou de seu bolso uma delicada caixinha.
Um pouco nervoso, pediu para que os músicos parassem de tocar.
Disse que como era esperado, tinha algo de muito importante a dizer. Nisto, falou que já conhecia Angélica de vista há algum tempo, mas que ela não lhe dera atenção. Contudo, como era muito insistente, resolveu tentar novamente, e que, para sua sorte, desta vez, obtivera êxito.
Foi a deixa para que os convidados começassem a rir.
Continuando, disse que estava muito feliz por finalmente poder se enforcar.
Novos risos.
Por fim, disse que ir para o cadafalso não seria nenhum sacrifício, pois estaria muito bem acompanhado para o evento.
Gargalhadas.
Diva, ao ouvir tais palavras, pediu ao filho para que tivesse compostura. Afinal de contas, onde já se viu, chamar o casamento de cadafalso, dizer que estava indo para a forca. Até por que, não fora ele mesmo quem tomou a iniciativa de pedir a moça em casamento?
Nisto, o moço disse que só estava brincando, e que Angélica não se ofendera com a brincadeira. Comentou que estava apenas tentando amenizar a gravidade da ocasião, já que tanto ele, quanto Angélica estavam bastante nervosos.
Por fim, abriu a caixinha, exibindo um bonito anel de brilhantes, e finalmente perguntou aos pais da moça, se eles consentiam em oferecer a mão da moça para ele.
Francelino respondeu então, que ele tinha o consentimento para desposar sua filha.
Carlos ofereceu a jóia para Angélica, que demorou para estender sua mão.
Ângela precisou dizer a filha:
- Angélica! A mão!
Sem graça, a moça estendeu sua mão, e finalmente Carlos colocou a jóia em seu dedo anelar direito.
Neste momento, os convidados aplaudiram.
Pediram discurso.
Carlos então, disse que estava feliz demais para dizer o que quer fosse, pois tudo o que dissesse não seria suficiente para expressar a alegria que estava sentindo.
Nisto, o moço sentou-se.
Novos aplausos.
Francelino pediu para que os músicos, voltassem a tocar.
Desta feita, o jantar foi regado a vinhos, carnes, fartura, e música.
Depois do jantar, houve danças.
As moças trataram logo de ver o bonito anel de Angélica.
Lúcia e Cláudia, comentaram que invejavam a sorte da amiga, elogiando o noivo e a beleza do anel que havia ganhado de presente.
A noiva agradeceu os elogios.
Lúcia então, tentou se desculpar por haver contado a Ângela sobre Herculano.
Angélica respondeu que não conhecia nenhum Herculano. Visivelmente incomodada, pediu licença.
Lúcia tentou insistir, mas Cláudia aconselhou-a a esquecer o assunto. Dizendo que se Angélica não queria se lembrar, para que insistir.
Lúcia então, calou-se.
Nisto, Angélica ficou sozinha encostada em uma das colunas da entrada da casa.
Carlos, percebendo que a moça estava distraída, falou bem baixinho, que seria capaz de pagar por seus pensamentos.
Ao ouvir isto, Angélica riu.
Carlos falou então, em tom de brincadeira:
- Então não te peguei de surpresa? Que pena!
Dançaram então pela última vez na noite, sozinhos.
A moça tentou recusar o convite, mas Carlos, dizendo que sentiria ofendido com a recusa, intimou-lhe.
Enquanto isto, os convivas começaram a se despedir.
O moço olhava fixamente para Angélica.
Quando Carlos aproximou-se para beijar a moça, Ângela apareceu chamando pelo casal.
Precisavam se despedir dos convidados.
Desta feita, os noivos cumprimentaram os convidados, que não se cansaram de felicitá-los pelo futuro enlace.
As mulheres comentavam com Angélica, que ela estava se encaminhando para um bom casamento. Diziam que ela era uma moça de sorte.
Ao ouvir tais palavras, Angélica sorria.
Carlos por sua vez, também recebia os cumprimentos dos convivas.
O moço estava deveras feliz. Sentia-se o homem mais sortudo do mundo. Afinal, era uma das poucas pessoas que conhecia que pode escolher, a moça com quem se casaria.
Diva e Odair por sua vez, eram só orgulho.
O casal não se cansava de elogiar a boa escolha do filho.
Diziam que Angélica era uma ótima moça, vinda de uma ótima família.
Com isto, aos poucos, a sala de visitas e a sala de jantar da família Andrade, foi esvaziando.
Os convivas pouco a pouco, saíam do salão.
Francelino e Ângela estavam satisfeitos com o jantar.
Abraçaram a filha.
Angélica também foi abraçada por Diva e Odair, que a parabenizaram pelo noivado. Disseram que estavam muito felizes.
Em seguida, a moça encaminhou-se para a entrada na casa, onde recostou-se numa das colunas. Contemplava o movimento dos carros, a partida dos convidados. Admirava as esculturas do jardim.
Por sua vez, ao perceber a ausência da noiva, Carlos passou a procurá-la pelos cômodos da casa.
Encaminhou-se para o escritório, deparando-se com um ambiente escuro e vazio. Procurou-a na sala de jantar.
Nisto, lembrou-se da entrada da casa, onde encontrou Angélica pensativa, entretida com seus pensamentos.
Aproveitando a ocasião, o moço foi se aproximando lentamente.
Finalmente, aproximou seu rosto do rosto da jovem.
Angélica surpreendeu-se com o gesto.
Neste momento, Carlos segurou seus pulsos. Disse-lhe olhando-a nos olhos, que aquele era um dos momentos mais felizes de sua vida.
Angélica virou-se. Antes, desvencilhou-se delicadamente do moço.
Carlos então, olhou-a intrigado.
Com isto, a jovem perguntou-lhe por que a havia escolhido.
O jovem respondeu que para certos encontros, não havia explicação.
Os olhos de Angélica, encheram-se de lágrimas.
Carlos abraçou-a.
A moça correspondeu ao gesto.
O jovem, percebendo isto, sorriu. Por alguns instantes, sentiu uma profunda paz, e a certeza de que estava no caminho certo.
Francelino e Ângela, acompanhados de Diva e Odair, acompanharam a cena à distância.
Ficaram emocionados.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
A FLOR DO ALTO - CAPÍTULO 5
Diva e Odair, ao tomarem ciência de que o compromisso de Carlos e Angélica estava definido, animaram-se.
Diva começou a imaginar o casamento do filho, como seria o vestido de Angélica.
Odair, ao perceber a empolgação da esposa, comentou que esta era uma preocupação dos pais da noiva.
A mulher por sua vez, comentou que gostaria de dar alguns palpites, se fosse possível. Argumentou que se não tinha uma filha mulher para casar, tinha o direito de dar sugestões no casamento do filho.
Odair achou graça.
Carlos então, segurando as mãos da mãe, comentou que conversaria com Dona Ângela sobre isto.
Risonho, comentou que este era um assunto para as mulheres, e que ele não se intrometeria.
Odair emendou dizendo:
- Sábias palavras, meu filho!
Nisto Diva comentou que este casamento deveria ser um casamento para marcar a cidade de São Paulo.
E assim, foi marcada a data do jantar de noivado.
Angélica parecia alheia a tudo.
Triste, passava horas sentada num banco, instalado no jardim de sua casa.
Parecia contemplar o nada.
Ângela vê-la por diversas vezes com aquele olhar perdido, sem interesse por nada, comentou com o marido, que estava preocupada. Argumentou que parecia que Angélica estava desistindo de tudo.
Francelino, que também estava preocupado, tentou tranqüilizar a esposa. Tentando disfarçar sua expressão aflita, dizia para a esposa que aquilo passaria com o tempo, que Angélica estava precisando de um novo interesse em sua vida, e que isto mudaria com o casamento.
Aflita, Ângela comentou com o marido, que se perguntava a todo o momento se estava fazendo a coisa certa.
Francelino respondia sempre que sim.
Contudo, em que pesem as palavras de conforto do marido, Ângela continuava preocupada.
Angélica não tinha apetite.
Nervosa, Ângela insistia para que a filha se alimentasse. Dizia que ela acabaria ficando doente.
A moça porém, estava cada vez mais indiferente.
Ângela então, sugeriu a filha, para que fossem juntas ao cinema.
Angélica porém, respondeu que não estava interessada.
Nisto, Ângela comentou que estava sendo exibida uma fita com o artista que ela adorava, o tal de Rodolfo Valentino.
A jovem, ao ouvir isto, perguntou qual era a história.
Sua mãe respondeu que precisavam ir ao cinema para saber.
Percebendo um certo interesse da filha no filme, insistiu para irem.
Angélica respondeu desanimada disse que seu pai não as deixariam irem.
- Quanto a isto minha filha, não se preocupe! Eu me encarrego de convencê-lo. Nem que ele precise ir junto. Prometo!
Desta forma, a mulher conversou com todo o jeito com Francelino, que inicialmente refutou a idéia, mas ao saber que a filha estava um pouco mais animada, acabou se deixando convencer.
Comentou porém, que iria acompanhá-las, e quanto a isto, não deveriam se opor.
Ângela concordou. Animada, disse que contaria a filha, sobre o passeio.
Mais tarde o trio foi ao cinema.
Angélica encantou-se com a história.
Ângela por sua vez, comentou que finalmente entendia por que sua filha e suas amigas ficaram tão empolgadas com o moço.
O ator realmente era encantador. Comentou a mulher, deixando o marido enciumado.
Francelino retrucou que não entendia o que as mulheres viam num sujeito tão efeminado.
Foi o suficiente para ouvir os protestos da filha e da esposa, que argumentavam que ele apenas era gentil e sensível.
Nisto, ao saírem do cinema, qual não foi a surpresa da moça, ao ver Herculano flertando com outra moça, na pracinha na saída do cinematografo.
Francelino ao ver a cena, ameaçou ir tomar satisfações com o rapaz, mas Ângela, advertindo-o do escândalo, orientou-o a não fazê-lo.
Angélica por sua vez, começou a chorar, e só não saiu correndo por que Ângela segurou seu braço e orientou-a a não deixá-lo ter o gostinho de vê-la chorando.
Com isto, deu-lhe um lenço, e fez com que a filha enxugasse o rosto.
Em seguida, instruiu a filha para que passasse pela praça como se não tivesse visto o moço.
Angélica seguiu as recomendações da mãe.
Herculano percebeu a aproximação, notando que Angélica não lhe dirigira sequer um olhar.
Francelino porém, lançou-lhe um olhar furioso.
Herculano levantou-se assustado. Convidou sua acompanhante para irem para outro lugar.
Ao chegar em casa, Angélica recolheu-se para seu quarto.
Ângela por sua vez, temeu que a filha se fechasse novamente.
Porém, para sua surpresa Angélica estava um pouco mais animada. Comentou que gostara do filme.
Ângela comentou que o rapaz era realmente muito bonito.
Angélica riu.
Nas semanas que se seguiram, a moça recebeu algumas visitas do noivo e de seus pais – Diva e Odair.
Carlos, sempre que podia, aproveitava para conversar a sós com a moça.
Sempre com o aval de Ângela e Francelino.
Angélica, ao ser convidada para ir até o escritório com o moço novamente, tentou argumentar que não era necessário.
Sua mãe contudo, ressaltou que não havia problema.
Carlos segurou então a mão da moça, conduzindo-a até o escritório.
Ao entrar no recinto, pediu licença a todos. Fechou a porta.
Pôs-se a conversar com Angélica.
Disse-lhe que estava ansioso pelo reencontro. Aproximou-se da moça, tocou-lhe as mãos. Confidenciou que não via a hora de estarem casados.
Angélica nesta época, parecia indiferente a tudo, fato este que Carlos notou.
Percebendo isto, insistiu em dizer que não adiantaria agir daquela maneira. Argumentou que não iria desistir do casamento, e que ela seria feliz ao seu lado, de qualquer maneira.
Nisto, Carlos tomou a moça pelos braços. Fitando-a, percebeu que seu olhar estava vazio, fato este que o deixou deveras preocupado.
Tanto que começou a perguntar:
- O que está acontecendo? O que se passa? Ainda pensas naquele cafajeste?
Angélica permanecia calada.
Carlos então, aproximou-se novamente, e balançando-a, perguntou:
- Vamos, responda-me: O que está acontecendo?
Angélica pediu para que ele a soltasse.
Nervoso, Carlos respondeu que só a soltaria, quando lhe dissesse o que estava acontecendo.
Enciumado, chegou a perguntar se ela ainda estava se encontrando com o tal sujeitinho.
O moço tornou a chacoalhá-la.
Angélica respondeu então que não. Que nunca mais vira o sujeito. Dizendo que estava indisposta, perguntou se tinha licença para sair.
Carlos ficou contrariado.
Percebendo porém, que Angélica estava trêmula, novamente pediu-lhe desculpas. Segurou um de seus braços e ajudando-a a levantar-se, perguntou se havia lhe machucado.
A moça então, procurando se desvencilhar do moço, respondeu-lhe que não.
Nisto, saiu do escritório, esbarrando nos móveis, e encaminhou-se para as escadas, vindo a se trancar em seu quarto.
Nesta ocasião, Carlos insistiu para tornar a ver a moça, mas Ângela, dizendo que a filha não havia passado bem, comentou que de fato, precisava descansar.
Preocupado, o moço perguntou o que ela tinha.
Ângela respondeu que ela estava nervosa com o casamento.
Ao ouvir isto, Carlos sorriu.
Observando o casal pelo olho mágico, por um instante, a mulher teve ímpetos de invadir o escritório. Contudo, percebendo que o casal precisava se entender, achou por bem deixar que Angélica resolvesse o inconveniente sozinha.
Por fim, lembrando-se da cena que espiara no escritório, Ângela, tentando manter a calma, recomendou a Carlos que tivesse paciência com Angélica, que aos poucos ela acabaria se acostumando com a idéia do casamento.
Odair e Diva, que o acompanhavam, a esta altura, recomendaram o mesmo.
Dizendo que Angélica estava passando por uma grande mudança em sua vida, comentaram que para as mulheres a mudança é mais intensa do que para os homens.
Ângela concordou.
Carlos então, tranqüilizou-se.
Ângela, tentando se desculpar, disse que havia mimado muito a filha, a ponto de não havê-la preparado de forma adequada para o casamento.
Nas visitas que se seguiram.
Angélica estava menos impassível.
Aconselhada por Ângela, deixou que Carlos se aproximasse um pouco mais, sem oferecer tanta resistência.
Com efeito, ao ouvir o conselho da mãe, a moça ficou tomada de espanto.
Ângela disse-lhe então, que ela faria um ótimo casamento, e que Francelino estava muito satisfeito com o futuro enlace.
Sentindo-se pressionada, Angélica acatou os conselhos da mãe.
Nisto, ao se ver a sós com Carlos, Angélica ficou sentada em um canto da sala com de costume.
Preocupado, Carlos perguntou-lhe se estava melhor, no que a moça respondeu maquinalmente que sim.
Sem jeito, o moço novamente pediu-lhe desculpas pelos gestos agressivos, argumentando que estava tomado pelo ciúme.
Angélica respondeu que não tinha problema.
Nisto o moço, comentou que nas próximas semanas estariam oficialmente noivos, e dali a poucos meses, casados.
Ao ouvir isto, Angélica levantou-se subitamente do sofá.
Aflita, perguntou:
- Casados?
- Sim. – respondeu o moço.
Percebendo o olhar de preocupação da jovem, Carlos segurou sua mão, dizendo-lhe que não precisava se preocupar com isto, que a cerimônia seria preparada com o todo cuidado, que os preparativos da festa de noivado estavam ao encargo de Ângela e Diva, e que a eles só cabia apreciarem o momento.
Nisto, beijou a mão da moça.
Ansioso, disse que ela deveria esquecer qualquer lembrança do passado, e que eles seriam muito felizes.
Ao ouvir isto, Angélica começou a chorar.
No que Carlos segurou o seu rosto assustado e pediu-lhe para que não chorasse mais.
Nisto, beijou seu rosto. Abraçou-a.
Sentido, disse novamente que gostava muito dela. Que sabia de seu caráter, que era uma moça de bem, muito honesta.
Angélica continuou a chorar.
Nisto Carlos ofereceu-lhe um lenço.
Angélica pela primeira vez, disse-lhe que ele era muito gentil com ela, mais do que ela merecia. Comentou que sentia-se mal por está-lo enganando, já que ainda pensava em tudo o que Herculano havia lhe feito. Nervosa, confessou que o vira na saída do cinematografo, quando fora ver a fita de Rodolfo Valentino, acompanhada de seus pais.
O moço ficou surpreso com a revelação. Enciumado, disse que o tal safardana, era muito atrevido, e que merecia uma lição.
Angélica então, segurando sua mão, pediu para que não fosse tomar satisfações com o moço. Dizendo que não se importava mais com Herculano, contou que preferia esquecer o que se passara, e que a enchia de vergonha.
Nisto, tornou a chorar.
Nervoso, Carlos não sabia o que fazer. Andava de um lado para outro da sala.
Até que decidiu novamente se aproximar da moça.
Chorando também, disse-lhe que estava surpreso e feliz com sua sinceridade, e que pela primeira vez, sentira que estava no caminho certo. Abraçando-a, disse-lhe que ela era a mulher certa para ele, e que se tivera maturidade para assumir seu erro, não havia mais nada que o impedisse de se casar.
Nisto, fitou-a novamente e beijou-a.
Seguindo o conselho da mãe, Angélica, não se opôs.
Ângela ao espiar o casal, ficou satisfeita ao presenciar a cena.
Nisto Diva perguntou de Ângela.
Carlos, a sós com Angélica. Ao sentir que era correspondido, ficou feliz.
Mais tarde, ao lado de Ângela, Francelino, Diva e Odair, não paravam de olhar para Angélica.
A moça por sua vez, parecia mais conformada com a situação.
Fato este que deixou Francelino feliz.
Semanas mais tarde, quando a filha estava prestes a se tornar noiva de Carlos, Francelino comentou que fazia muito gosto naquele casamento, e que ela seria muito feliz ao lado do jovem.
O homem comentou que exigiu isto do moço, sem o quê, o casamento não se realizaria.
Nisto, pediu desculpas a filha, por ser tão rígido, argumentando que qualquer nódoa na reputação de uma moça, e era o fim de sua felicidade. Comentou que sabia que o fato ocorrido semanas atrás fora um deslize, e que ela agira daquela forma, devido a falta de malícia, e ao certo excesso de fantasia.
Angélica ficou com os olhos cheios d’água.
Francelino então, segurando suas mãos, disse-lhe que aquilo era passado, e que se Carlos tinha por obrigação fazê-la feliz, e que ela também deveria assumir este compromisso diante de todos.
Sem outra opção, a moça concordou.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.