Poesias

sexta-feira, 6 de novembro de 2020

ATRIBULAÇÕES

Acordar na solidão das noites escuras
Triste sina, ter que despertar nas madrugadas
Rasgar o ventre das cidades,
Para com isto se chegar a um destino constante e diário

Madrugada dia afora
Janelas e portas fechadas
O céu escuro a nos rondar
Quase nunca estrelas para nos encantar

O pensamento vago,
As orações perdidas, dispersas
O corpo presente e cansado
A mente quase a adormecer
No intenso desejo do corpo cansado

Amanhecer nas madrugadas
Envolta em escuridade
As ruas já com algum movimento
Os carros já a circular pelas paragens

E no regresso,
A lua crescente a se formar
Em meio a céu ainda claro

Encantamento raro, nos dias de grande enfado
Por vezes, a depender do regresso
Noite escura, como o fora nas madrugadas
Engarrafamentos, trânsito, transtornos, demora
Imensos caminhos de São Paulo,
A transpor São Bernardo, chegando em Santo André
Passando pela imensa praça do Paço,
Com seu imenso prédio, de vários andares

Prefeitura com seus canhões de luzes coloridas
Presépio em forma de cidade,
Armado em tempos natalinos
E o trólebus a circundar o caminho,
Em meio a carros, motos e ônibus
Em novos caminhos, retorno mais breve
O trem a nos guiar até Santo André

Nas vesperais, tardes azuis,
Se desfalecendo em amarelos tons
O sol a se esconder por trás dos prédios
A margear os caminhos de estradas férreas

E o trem a trafegar lento
Em meio a ruínas, matagais, e progresso
E o sol a se despedir da tarde

O prédio imenso, alaranjado, ao lado do viaduto,
Mais assemelhado a uma grande casa, com vários andares,
Com suas várias janelas a servir de abrigo e enfeite,

À decoração natalina
A seguir,
O imenso prédio de concreto, com seus vários andares
Altaneira construção

Na mesma quadra,
Outra construção de concreto, térrea,
A receber manifestações culturais
Formas curvas,
Como se para mim tivesse a lembrar
Uma forma de pudim

E a larga avenida,
Próxima ao prédio do jornal da cidade
Coqueirais a enfeitarem a localidade
E os lírios a enfeitar as praças
Parcos espaços verdes na cidade

O prédio clássico da escola tradicional
Os Correios, com seu prédio imponente
O Fórum, e o centro cívico
Passarela acessar um marco e outro

E o trólebus a correr em corredor exclusivo
Os manacás floridos a enfeitarem o passeio
E a tarde aos poucos a se distanciar
O dia claro aos poucos a dar lugar a noite
Em poucos minutos a noite se fará escura
Como ao regressar em noite de lua cheia
A cada dia, em uma nova posição no zênite …

Lua imensa, que não pude conhecer
Imensa lua fora fotografada
Para deslumbramento meu,
E de tantos outros sequiosos,
De contato com este mundo natural ...

E a agora a lua aos poucos a se formar
Crescente, aos poucos a se encorpar
A mostrar sua beleza discreta,
Mesmo em claros dias
Em tempos minguados,
A mesma a se apresentar linda e faceira
Por sobre telhados da Estação Férrea de Santo André

Uma curva fina, a compor o cenário
A enfeitar a madrugada
Com nas vezes em que se pode contemplá-la
Sentada no banco da mesma Estação
A esperar o trem
Longa jornada madrugada afora

Caminhos fora
Em tempos de horas adiantadas
A chegar ao trabalho em companhia da madrugada
Breu profundo a encobrir todos os caminhos

E regressar ao lar
Acompanhada de bela tarde ensolarada
De céus azuis e ás vezes, nuvens brancas,
Imensas, volumosas
Tempos de improviso
Moradas arranjadas

A cama arrumada em outro cômodo
Enquanto o quarto de tantas lembranças
É adequadamente cuidado
Para novas experiências e vivências
Certas rotinas me são muito caras!

E a rotina segue
Breve caminhada até o ponto do trólebus
Descida na Estação Férrea
Onde se fica a esperar o amigo trem
Como na bela canção

Trem este, nem sempre tão amigo
A circundar antigas fábricas,
Tendo ao longe, o brilho e as luzes artificiais da cidade

Ao adentrar o transporte,
Cercada de estudos,
O cansaço da longa jornada diária
As vezes a ler um romance

Como a alegoria de um movimento em massa
De votos em branco em profusão
População irmanada em um mesmo objetivo
Sem quaisquer premeditadas articulações
E os políticos em polvorosa
A planejar estratégias aptas a reverter,
O que entendem ser um levante ...
Saborosa leitura!

Em debates na rede, a descobrir,
Que eleições não são anuladas,
Por imensidade de brancos votos
Devendo ser considerada a maioria dos votos válidos
Então o que se fazer, quando opção não há?

Pensemos nisto,
Embora o triste fato seja de que o leque de opções,
Reduz-se cada vez mais a cada dia que passa
Pensemos nisto, pensemos, cada vez mais!

Na jornada ainda a utilizar três linhas de metrô
Exausta chego ao labor
Trabalhos a serem feitos
E no regresso, mais cinco conduções me aguardam

Feliz volto para casa
Como um saudoso soldado,
Ao regressar do campo de batalha

Nos dias que se seguem,
A saga se repete
Ansiosa, aguardo os dias de descanso
E as atribulações,
Ainda que momentaneamente, se dissipam
Rotina da qual pretendo me despedir,
O mais brevemente possível!

Para isto,
Os primeiros passos já foram dados
Todavia, enquanto as coisas não mudam ...

A madrugada, a minha mais fiel companheira,
Me aguarda
Para mais um dia de batalha,
Dias de luta renhida, ferrenha
E a vida, de atribulações feitas
E acreditar que nenhum problema nos transportes,
Ocorrerá
Eta vida!
Dura lida!

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

AS FLORES

Um lindo ipê roxo florido,
A deitar suas delicadas flores,
Em um bonito tapete no chão
A cobrir o asfalto e os carros,
Defronte a altaneira morada

Em meu quintal,
Uma delicada dama-da-noite,
A se elevar altivamente
Em direção a um céu que tenta azul ser,
Em tardes invernais
Triste, esmaecido, quase plúmbeo

A perfumar minha janela
Com suas pequeninas e delicadas, flores brancas
Em outra espécie,
A florada de outra modalidade,
Misteriosa dama-da-noite,
Com suas grandiosas e brancas flores
A desabrocharem em enorme quantidade,
Pelo modesto quintal
A tudo encher de magnitude e beleza!

E a continuar o passeio pelo modesto jardim,
Flores amarelas, de camarão chamada;
Lágrimas de Cristo;
E uma bonita e singela orquídea

Em um vasinho modesto,
Uma resistente e brava suculenta,
A crescer e se desenvolver;
Em outro vaso, as flores-de-maio

Lembro de violetas a enfeitarem minha janela
Com sua coloração arroxeada,
E suas bonitas folhas verde e exuberantes
Mais tarde, cedendo espaço a campos de aço
Pena!

No parco verde que tenta se impor
Na casa da cidade,
Flores e algumas cores
Na rua, algumas árvores
Em contraste com o frio, e o tom plúmbeo da cidade

O tom verde a tentar se manifestar
Muitos coqueiros enfeitam a cidade,
Assim como algumas árvores

Nos corredores metropolitanos,
Alguns ipês, azaléias, manacás,
A lutarem contra a aspereza
O ar cinza e triste das cidades

As preocupações diuturnas
A azafama diária
Correria, pressa
O gosto pelo conhecimento,
O trabalho
E a vida a passar,
Em movimentos velozes
A sensação de que o tempo passa
Cada vez mais apressadamente

Estudos, preparação para melhores momentos
Novas realidades a se confrontar
Em uma cidade cheia de dinamismo
E a qual nunca para

Muita coisa bonita para se aprender
Novos mundos para se conhecer
Muitos bons livros para ler,
Ótimos filmes para assistir,
Músicas para ouvir,
Coisas boas para nos entreter
Interesses diversos

Cidade da imponente e famosa praça
Marco Zero da cidade,
A abrigar uma gótica catedral,
Ao lado de históricos prédios

Bem próxima ao berço,
Local de origem da cidade
Patéo do Colégio,

Vizinho ao Solar, morada da Marqueza de Santos
Local onde existe um amplo espaço,
Com um imponente e imenso monumento,
Tendo um sino nas proximidades
Origem da famosa cidade

Agora a servir de abrigo para mendigos
Triste abandono!
Ao redor, prédios feios, pichados
Em contraste com o prédio histórico
A abrigar a sede da justiça estadual

Nesta região muitas construções históricas existem
Prédios imensos, imponentes
Grandiosas entradas, escadarias
Alguns conservados, outros nem tanto

Passeios largos,
De uma cidade antiga,
Despreocupada com seu passado
Antiga história recente

Longos trajetos a percorrer,
Transportes mil a utilizar,
Azafama diária
Tempo para ler,
Na vida pensar,
Descansar

Para que no dia seguinte
Tudo novamente se possa,
Começar

Afinal, a vida não pode parar
Na cidade que nunca dorme
Mesmo ante um tempo frio
Que a nós consome

Quanto seu frio, a atmosfera,
Nos envolve
Noite escura, sem estrelas, sem lua,
Sem brilho

Mil roupas pesadas para usar
Para com isto tentar fazer,
Com que o frio externo,
Não nos invada a alma

Tempo triste, a nos fazer
Voltarmos para nós mesmos
Vento frio e gélido, cortante,
A nos invadir

Sinto saudades do sol
O tempo cinza, ora azul
A entristecer os dias, as tardes,
A anoitecer mais cedo

Anseio pela claridade do sol,
Seu vapor cálido,
Sua brisa suave
Na barafunda das confusões
Algumas árvores,
Flores esparsas,
Hibiscos vermelhos, com suas exóticas flores,
A nunca se abrirem,
Um ipê florido,
Com suas roxas flores,

A despetalar-se, formando um modesto tapete,
Em contraste com a riqueza floral,
De outro conhecido ipê

No Viaduto do Chá,
Magníficas e imponentes construções
Histórico prédio com persianas vermelhas,
Entalhes de metal a ladear o Viaduto,

O Teatro Municipal
Algumas árvores
O imenso e aberto campo, embaixo
A Ladeira da Memória,
Com seus bonitos e entristecidos azulejos,
Obscurecidos, pela indiferença da memória,
Em ironia ao nome do afamado monumento

Em alguns lugares,
Painéis a lembrarem,
As origens históricas da região
E as antigas construções,
Que hoje não mais existem
É pena!

Pena não se preservar um passado
Passado este teimoso,
Que insiste em resistir,
Em algumas construções da cidade
Igrejas, prédios históricos,
Uns de taipa, outros não
Monumentos deixados ao léu,
Tendo por homenagem, apenas o esquecimento
Lugares que serviram para celebrar a glória,
De tempos passados

Quanta vida, quantas histórias,
A desfilarem por tais cenários
Cidade sem muitas cores,
Por ora encantadora por sua imponência,
Regiões valorizadas, com belas,
E modernas construções,
Amplas avenidas
Tudo muito chique!

Por oras, soturna, triste,
Abandonada!
Ao redor dos trilhos das ferrovias,
Muito abandono,
Velhas fábricas,
Berço da industrialização
Que rico contraste te faz
São Paulo, seres o que és!

Cidade das maiores e melhores realizações
Do esquecimento, e também do ocaso
Necessário se faz, a isto melhorar
Para que a cidade se torne
Além de uma grande metrópole
Cenário de iguais oportunidades a todos
Cidade monumental

Cidade que nunca para,
Que nunca dorme
Sempre grandiosa em seus aspectos
Grandiosa também sejas,
Em oportunidades
E assim fico a sonhar flores
Cores, cores, cores e mais cores!
Voltemos as plagas do labor!

Luciana Celestino dos Santos

É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

Apresentações

Feéricas¹ apresentações fenomenológicas
Garoa fina a correr pelas janelas do coletivo
Os sons a invadir os meus ouvidos,
Embalados pelas melodiosas canções

As vesperais² se despedindo do dia que pouco a pouco escurece
A adquirir escuras formas
E o espetáculo da vida a tomar forma
E as coisas se sucedem, acontecem ...

O ribombar das tempestades
A chuva a cair fortemente
O vento a arrastar tudo consigo
Barulhos naturais
A natureza a se manifestar, mesmo nas cidades mais desprovidas de verde
E as leituras se sucedendo, livros mil, aventurosas leituras ...

As pedras, as gemas preciosas
E a semi preciosidade dos eventos banais
Ante a riqueza do devir natural
Pérolas a serem produzidas no interior de conchas
Devassadas por indesejados seres
A formarem nacarada substância, a envolver o corpúsculo estranho
E a se transformar em bela preciosidade

E saber que ...
O diamante pode ser uma colônia de bactérias calcificada
Bela formação de bactérias, a enfeitar colos, dedos e pulsos femininos
Acaso em verdade isto se convertendo,
Trata-se da mais bela combinação de bactérias que se tem notícia!

Os rubis, com seu vermelho
A esplenderem suas partículas rutilantes
Em contraste aos fogos lançados na atmosfera
Com seus dons e mil artifícios

A riqueza das formas naturais
Pelo ouro, e pelas materiais riquezas
Homens guerrearam, conquistaram e subjugaram
Dominaram e impuseram seus modos pensantes
Construíram e destruíram impérios
Revestiram o mundo das materiais belezas

Apuro e aprumo do engenho e da arte
Inventividade humana
Quase tudo pelo tempo devorado
Auríferas lutas

Idealismo de mentes a lutarem por uma terra livre
Derrama sobre o quinto de Portugal
Não mais a entrega da quinta parte do ouro extraído,
Nas Minas Gerais dos confins deste país

Estradas reais, a percorrerem as Minas Gerais e Paraty – histórica cidade
Em todo seu percurso, seus saudosos calçamentos de pedras
Onde mulas carregando enormes cargas, fardos - cestos,
Percorreram os caminhos

Passado assaz distante,
Nem tão distante assim
Com suas estradas - outrora de pedra -, atualmente descaracterizadas,
Invadidas por hodiernas construções, e a abandonar seu original calçamento

A história sendo lentamente apagada de nossas memórias
Triste constatação de um Brasil que não volta os olhos para o passado,
Muito embora esta tradição esteja lentamente se modificando!

Bandeiras paulistas a desbravarem os sertões
De um Brasil tão enveredado em suas rurais origens
A buscarem ouro nas mais distantes plagas

Jesuítas a catequizarem os índios conquistados
Em suas andanças, a edificarem construções
Povoados sendo então criados
Comerciantes pelas paragens se afirmando

E os índios aculturados pelo branco supostamente superior, trabalhando
Guerreiros ou bandidos, a enfrentarem a natureza inóspita,
Índios selvagens
Mataram e conquistaram,
Impuseram seu modus vivendi aos habitantes do lugar

Modos de viver, vestuário, alimentação
E com isto forjaram, novas formas culturais
Sendo seguidos pelos tropeiros,
Os novos desbravadores dos rincões brasileiros
A levarem reses e víveres sertão afora

Enfrentando perigos muitos, rios caudalosos, chuva, frio, sol intenso
Noites ao relento,
Com suas capas a cobrirem o corpo
Desbravando a natureza bruta
E levando víveres a diversas partes do país,
Do meu Brasil varonil!

Nas leituras e ensinos diversos,
A descobrir novos detalhes desta fascinante história chamada vida,
Denominada história dos povos, do mundo, e do Brasil
Descobrir conformações diversas dos estados

Que parte de Minas Gerais já foi anexada ao estado de Goiás, sendo após, devolvida
Que o estado de São Paulo, imenso em seu potencial gerador de riquezas,
Já foi igualmente colossal em tamanho,
Diminuindo pouco a pouco suas dimensões

Ramos de Azevedo a elaborar monumentais edifícios para a localidade
Teatro Municipal, com suas escadarias imponentes, e sua fachada impressionante,
Vale do Anhangabaú, prédios belíssimos
Art Deco, Art Noveau, Belle Époque
Manifestações culturais das épocas

Cidade sitiada e bombardeada nos anos vintes
Os bondes pela cidade a circular
A Avenida Paulista a pouco a pouco, exilar seus casarões
A cidade e o país a se industrializar

São, São, São Paulo
A revezar-se no poder com Minas Gerais na famosa política do “café com leite”
Cultura cafeeira paulista, em contraponto a pecuária leiteira de Minas
Sendo atraiçoadas nos idos de 1930

Tal fato, a gerar descontentamento
Ocasionou uma insurgência
Revolução Constitucionalista de 32

Paulistas abandonados em sua luta, isolados,
Muitas vidas ceifadas no conflito
A lutarem de forma improvisada, contra os desmandos
A improvisarem canhoeiras com matracas barulhentas

Hoje raramente lembrados
Tendo como monumento um Obelisco erigido na capital paulista
E um Mausoléo destinado a algum dos heróis da luta,
Muitos, anônimos heróis!

Berço do heróico e imagético Sete de Setembro, dos idos de 1822
Onde um idealizado Dom Pedro I, bradou: Independência ou morte!
As margens do Riacho Ipiranga
Hoje tão tristemente esquecido e poluído

Próximo ao monumento construído em homenagem a Independência,
E da “Casa do Grito”, modesta construção construída num elevado na região,
Humilde abrigo de tal realeza
Em quadro de Pedro Américo,
Um séquito de súditos o acompanha, todos ricamente fardados, e de armas empunhadas

Assim, com um galante Dom Pedro I representado, e imortalizado nas telas
Arte imortal a decorar as paredes do Museu do Ipiranga
No quadro em homenagem a Independência do Brasil

Em Cubatão, uma “Casa de Pedra”,
Supostamente abrigo de amorosos encontros do imperador,
Com sua Marquesa de Santos,
Cujo túmulo é monumento na Consolação, histórico cemitério,
Última morada da mais famosa de suas amantes

São Paulo, berço dos paulistas
Inicialmente instalados no litoral,
A vencerem a serra íngreme
E se instalarem na região altaneira,
São Paulo de Piratininga
Onde as gentes, de modo rudimentar viviam
De agricultura a sobreviver, enfrentando ataques de índios, doenças,
E a aridez da terra selvagem

Em Santo André da Borda do Campo,
Alguns viveram
Lugarejo alçado a condição de vila em 8 de abril de 1553,
Sendo logo após abandonado
Pelas gentes que rumaram para São Paulo,
Irmão mais novo, fundado em 25 de janeiro de 1554
Para traz deixando parte da história,
João Ramalho, o Cacique Tibiriçá e sua filha Bartira,
Os fundadores do vilarejo, abrigados sendo, pela: Paulistarum Terra Matter!
São Paulo, Terra Mãe!

Cidade a se industrializar
Tornando-se cada vez mais veloz
Metros, trens e ônibus a rasgarem a cidade

Localidade que nunca dorme, domicílio que nunca para
Lugar para onde me desloco constantemente,
Com vistas a realizar meu labor
Na azafama diária, no corre corre das gentes
Pendular migração

São Paulo que amanhece todo dia, sempre apressada
No compasso descompassado, do andar das carruagens sobre trilhos
Os trens e metrôs da vida, a carregarem dentro de si, milhares de gentes,
As mais diversas ...

Cidade que nasceu destinada a sempre ensinar que as gentes,
Sempre devem se conduzir, e nunca serem conduzidas pelos outros:
Nom ducor, duco!

E no brocardo: Pro Brasilia Fiant Eximia!
Onde o povo paulista sempre está a buscar, fazer o melhor pelo Brasil,
Valiosa lição de presteza!

E a natureza a sempre se fazer presente
Ainda que de discretas formas,
Nas mais diversas manifestações:
Na chuva, que escorre lânguida, ora bravia;
Na alvorada que insiste em se apresentar,
Mesmo em meio a prédios, alguns feios, outros abandonados,
Eis o sol altaneiro e atmosfera a se colorir com seus mil tons,
Pouco a pouco se apagando

E a música a embalar os caminhos
A espera, com um livro nas mãos,
A leitura ás vezes abundante, ora escassa
E a vida a se manifestar
Tangenciando seus compassos, com as devidas oportunidades

A mostrar sua história em seus movimentos,
Como as histórias de uma vida, de uma cidade, de um país, ou dos povos
Apresentações sutis,
A demonstrarem que sempre existe algo novo para se aprender
E que isto não é um fim em si mesmo,
Apenas um começo!

DICIONÁRIO:
1 - Adj. Que pertence ao mundo das fadas, ou é próprio de fadas; mágico. Fig. Deslumbrante, maravilhoso, espetacular:
iluminação feérica.
2 - Relativo à tarde: claridade vesperal.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

Aniversário

I

Feliz Aniversário!
Happy Birthday to you!
Feliz Cumpleaños!

Felicitações, comemorações
Parabéns a todos!
Com desejos de muita saúde e felicidades

Além de muitos anos de vida
Repletos e plenos de realizações

Hoje é o dia de seu natalício,
De seu nascimento
Parabéns por esta data tão querida

II

Dotados de particularidades próprias, o ser humano possui uma origem.
Data de seu natalício.
Aniversário, época de celebração por mais um ano de vida.
Sem nunca esquecer os anos passados, os quais foram igualmente comemorados.

A vida em sendo composta de aniversários, momentos vários.
Acaso a vida não sendo boa, cabível desejos de melhor sorte e felicidades.
Acaso venturosa, que as graças se multipliquem.

A todos, felicidades.
Parabéns!

III

Internet,
Universo de grandes descobertas
E infinitas possibilidades

Navegar pela rede mundial de computadores
Para se entreter e conhecer melhor o mundo,
A contemplar o melhor dos mundos

Muitos dizem que a pretensa conexão com o mundo
Ilusória é
Posto que a cada dia,
Mais isolados estamos

Isto por que, perdemos o contato com a realidade
Com o fantástico e suas infinitas feições
Terras várias, países, com seu povo,
Diversidade cultural

Que nos é vedado conhecer
Por motivos econômicos, principalmente
E o contato direto com os povos,
Substituído é, pela visão virtual do mundo

Mas se não houvesse esta possibilidade,
De se conhecer novos mundos,
Ainda que de forma virtual
Como poderíamos nos encantar com tantas maravilhas?

E deslumbrados, constatar com as descobertas,
Que o ser humano é mais criativo do que se supõe
Não somente a exposição de mazelas,
Mas de um admirável novo mundo
Que de fato é tão velho, “viejo”
E que tão pouco conhecemos

Zoológico argentino com esculturas de países diversos
A simbolizar o país de origem dos animais
Pequena volta ao mundo

As riquezas da África,
Não somente dilacerada por guerras civis,
Conflitos armados, roubos, estupros
E toda a ordem de violência imposta por regimes ditatoriais

A África por seu matiz,
Geratriz
Terra berço da humanidade

De onde se diz que surgiu o primeiro homem
Onde existem pirâmides,
Como no Egito, e seu Rio Nilo,
A servir de origem a antigas civilizações

Sudão e suas pirâmides de faraós negros
Maravilhas triangulares, em meio a vastidão do deserto
Culturas diversas,
Animais selvagens,
Parques Nacionais repletos de muito verde

Instalações confortáveis em meio a floresta,
A servir de abrigo para os viajores
E sua fauna exuberante
Gnus, elefantes, leões,
Girafas, entre outras espécies

Em se passeando pela Europa
Descobertas de pontes encantadoras
E cobertas por um comprido telhado,
Ladeado de lindas flores coloridas
A circundarem um rio,
Que serve de passagem a partes diversas da cidade

Navegando pela rede virtual
Coloca-se em uma nova forma de contato com o mundo real
Conhece-se novos rumos e novas paisagens
E mesmo diante da tela de cristal líquido da tevê

Pode-se vislumbrar um rico mundo de oportunidades
Substituído pelo antigo televisor de tubo
Lugares magníficos de um país de contrastes

Linda Ilha de Vera Cruz,
Após denominada Terra de Santa Cruz,
Nosso atual Brasil
Mares de azul profundo,
Ou pronunciado verde esmeralda

Coqueiros a balançar ao sabor do vento agreste
Chapéus de praia a enfeitar as avenidas beira mar
Das praias do sudeste
Restingas cercadas de verde e um mar

Imensa Lagoa dos Patos,
A enfrentar as intempéries, a inconstância do tempo
Frio constante,
A andar de braços dados com um vento forte,
Quedas de temperaturas,
E por vezes, neve

As serras coloridas com a uva madura,
Estruturas de madeira a sustentarem os parreirais
Cidades abandonadas,
Com seus monumentos históricos,
Estátuas de seus grandes líderes
A receberem a visitação diária dos pombos

Passeios de trem por terras várias
A avistar cidades, antigas estações de trem
Vales, e muito verde

Viagem em meio a cantorias e bebidas
Passeios em meio a noite de luar,
Recanto de vaga-lumes
Portais imponentes das cidades brasis

São Paulo e suas construções descomunais
Arranha-céus e seus prédios magistrais
A metrópole de concreto,
Com seus bolsões de verde, poucos
Parques,
A mostrarem a suntuosidade do verde atlântico

Muitos museus e suas mostras
Promessas de passeios
O contato com a natureza,
A se fazer de forma quase protocolar
Com visitas a parques e museus
A conhecer brejo natural em jardim botânico

As cidades da região metropolitana
A exporem tapetes de serragem,
Com motivos religiosos
Construções coloniais,
A se converterem em centro histórico

Cidades em partes várias do país
A exibirem seus coretos na praça central
Sua igreja matriz
E seus bancos de concreto, ou madeira pintada

Paraty e sua fusão com história e mar
Casario colonial, igrejas com pedras em cantaria
Calçamento de pedras
Como tantos outros no Brasil

País de terras mineiras e históricas
Cidades coloniais
Rio de Janeiro com sua natureza,
E suas praias e montanhas monumentais

Visão do mundo,
Mar e cidade entrecortada de morros, montanhas
Brasil Central
E sua arquitetura futurista

Goiás e suas cidades históricas,
Suas águas quentes
Seu cerrado, e suas fazendas de celulose,
Repletas de eucaliptos

Sul e Nordeste, com suas rendas
Trabalhos em bilros,
A tecidos serem e pequenos pedaços de madeira
A balançar em estrutura arrendonda;
Rendas de filé,
Tecidas em redes de pescadores,
Com muitas cores e agulhas longas,
A criarem lindas tramas,
Em trabalhos originais

Tudo admirado em telas de tevê
Ou acompanhado de perto,
Quando possível é
E em não sendo,
Podendo-se descobrir outras realidades,
Através da internet, e suas possibilidades infinitas

Ou pela tela da tevê
Mas enfim, criando-se um repositório de imagens
Um agregado de cultura
Patrimônio imaterial

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

Amábile

Amábile 1

Em um fim de semana aproveitado para se colocar as coisas em ordem.
Arrumar as coisas desarrumadas, jogar fora o que não se faz mais necessário.
Passar um pano nos móveis e retirar a poeira.
Quantas vezes o quarto arrumado, quantas coisas levadas para o lixo, rasgadas.
Outras, melhor acomodadas dentro dos móveis.
Tão pouco espaço para tão grandes expectativas.
O modo como escrevemos, como pensamos, como nos vestimos, como nos expressamos, demonstram a forma como queremos que o mundo nos perceba.
Denota o modo como assimilamos as coisas do mundo.
O pensamento, voa.
E a faxina a correr em ambiente empoeirado.
E o pó sendo retirado de um porta retrato, onde uma foto a lembrar a infância, nos traz várias lembranças.
Menina de saia e lenço vermelho, meia calça branca, cabelos presos.
Leve maquiagem no rosto.
Lembranças de uma festa de junho.
Pequenas e singelas recordações de viagens a permearem por todo o cômodo.
Taça a rememorar um passeio de trem em meio a bela serra gaúcha.
Miniatura das ruínas da bela igreja jesuíta de São Miguel das Missões.
Doze profetas de Congonhas do Campo, a fazerem companhia a um Cristo Redentor de Madeira, carioca; uma escultura, réplica de “Os Candangos”, de Bruno Giorgi, em terras brasilienses.
Santa Edwiges, de Aparecida, a ladear o Cristo; além de Nossa Senhora Auxiliadora, de Campinas.
Juntamente com um recipiente repleto de conchas de vários formatos, corais e bolachas-da-praia.
Arranjo de flores.
Em outros porta-retratos de palitos, mais lembranças da infância, dos brinquedos, das tardes alegres.
Fotos de praia, de infância.
Em um porta retrato de papel, pequenas fotos tiradas para documentos – 3 por 4.
Caixas de latão decoradas, repletas de lápis de cor.
Bauzinhos de madeira, com pequenas quinquilharias, fotos 3 por 4, uma pequena concha utilizada em meu batismo - lembrancinha, entre outras coisas.
Carrinhos de fricção.
Mais flores, no alto de um aparelho de som, lírios laranja, amarelo, rosas laranjas.
Ursinho de pelúcia, comprado em minha adolescência e até hoje intacto.
Eternamente abraçado a um travesseiro.
Cadeirinhas feitas de pregador, sendo que em uma delas, permanece sentada, uma boneca Barbie.
Um boneco parecido com uma criança, adormece em seu cestinho de vime.
Um abajur clareia um pouco o quarto durante as noites.
Luzes azuis, verdes, vermelhas.
Um baú de veludo vermelho, guarda papéis, e extratos, lembranças de meu primeiro estágio.
Em pequenos potes encapados, mensagens e oração.
Ao lado, um pote, encapado de veludo com duas flores, uma vermelha e outra branca, a recordarem um casamento que se foi.
Dois anjos fazem companhia a um papai-noel, e um bonequinho a fazer publicidade de um curso de aprovação de exame da ordem, as velas do crisma e da primeira comunhão – decorada com imagem sacra, sendo a primeira, amarela, envolta em uma espécie de pergaminho, com mensagens de natal.
Papel amarrado em uma fita.
Uma estrela está bem perto de nós, ao lado do bauzinho de madeira.
Logo abaixo, fascículos de cursos de idiomas.
Ao lado, um criado mudo com um globo terrestre desatualizado, pequeno; rádio relógio; um belo vaso desenhado, com uma dúzia de rosas vermelhas artificiais.
A frente, um vasinho com violetas artificiais, adornado por um arranjo feito de palitos de sorvete, herança dos tempos de minha formatura no colegial.
Almofadas verdes, cobertas de renda branca, travesseiros.
Cama com colchão espesso e macio.
No guarda-roupa, muitos postais dos lugares por onde passei.
Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Paraty.
Delicadamente guardados em uma caixa resistente, enfeitada de selos.
Em outro guarda-roupa, em outro cômodo da casa; uma caixa de papelão, encapada com papel de enfeite, cheia de fotografias tiradas por uma câmera analógica.
Novas e velhas fotos.
Outras novas fotos armazenadas em arquivos digitais.
Muitas fotos dos passeios, das viagens que já fiz.
Belas imagens de momentos de minha vida, da vida de minha família.
Algumas fotos a servirem de papel de descanso de tela, em nossas máquinas digitais.
CD's alguns, com músicas que há vários tempos não ouço.
No guarda-roupa, como o nome já diz, muitas roupas, alguns sapatos, botas, de cano longo, cano curto.
Livros, alguns, outros vários, armazenados em arquivos digitais.
Alguns lidos, pelo menos entre os impressos.
Entre os digitais, algumas obras contempladas em leituras.
Edredons, minha mala de viagens em um baú acima da porta.
Roupas de cama, bandeira do Brasil.
Cosméticos, esmaltes vários, guardados em uma caixa encapada, separados por divisórias feitas em papelão, igualmente encapadas.
Cadeira para sentar, em frente a um computador obsoleto, mas que me é muito útil.
Facilidades tecnológicas que não trazem sempre facilidades.
É o ônus da vida moderna.
A televisão a trazer entretenimento, e também as bobagens do mundo.
No guarda-roupa jornais e revistas.
Material de estudo.
Um lugar assemelhado a mim, a contar um pouco da minha história, a sinalizar através de lembranças e objetos, os lugares por onde passei.
Meu mundo, meu vasto mundo, a contemplar uma pequena metragem, uma pequena área, a trazer ínsito no ambiente, um pouco do que eu sou.
A forma como vejo o mundo, cheio de informação e detalhes.
Nada simples, nada básico.
E a faxina a retirar a poeira, a sujeira do tempo, a deixar os objetos de minhas lembranças novamente limpos, visíveis.
O cômodo a ficar mais agradável.
A ficar com o jeito, e a forma de viver de sua dona.
Recanto de belas lembranças.

Amábile 2

Inefável.
Retrato de indizível felicidade.
Arauto dos mais belos novos mundos.
São os eventos circunstantes, a fazerem parte de nossas vidas.
As fotos a documentarem nossas existências, nossa passagem pelo mundo.
Nascimentos, onde seres nascentes, aportam neste mundo insondável e assustador, a desbravarem-no em seus pequenos mistérios, encantando a todos com o seu olhar curioso, seu jeitinho amoroso.
Crianças pequenas a preencherem álbuns de fotografias, com lindas fotos de um passado que por vezes se faz distante.
Pequenos que crescem e passam por vários movimentos em suas vidas.
Eventos festivos.
Festinhas juninas.
Com suas cores e músicas.
Bandeirolas a circundarem os céus, em faixas coloridas.
A enfeitarem quadras com suas cores.
Barracas de prendas, de comes e bebes.
Pedaços de papel cortado, a comporem balões multicores.
Saborosamente tremulando ao sabor dos ventos.
Ventos frios das noites de junho.
As crianças a dançarem a quadrilha, em seus passos coreografados por meses.
Tudo para fazer bonito com suas vestes, e seu bailado, na noite festiva.
Os natais celebrados em meio a família de pessoas ausentes, distantes.
Presentes, mimos.
Com o tempo, a investir em bonitos vestidos, belas roupas, jóias, bijouterias, perfumes.
Lindos sapatos.
Sentir-se linda para ocasiões especiais.
Passeios vários, por caminhos de plantas de flores que brotam em meio ao capim.
E ao avistá-las, o impulso de colhê-las e trazê-las consigo em suas caminhadas infantis.
Gosto de caminhar, desde a mais tenra infância.
E assim, recapitulando...
Passeando em meio a pedriscos, a cobrirem a terra marrom.
Plantas e lagos com peixes logo à frente. Com suas
águas turvas, escuras, e seus grandes peixes.
Nas mesmas águas, tartarugas, e pequenos peixinhos, em cardumes.
A se esconderem dos predadores em meio as plantas que margeiam as águas.
Em uma construção do lugar, uma bela exposição de exemplares de orquídeas.
Plantas de vários formatos, ornatos, cores e tipos.
Flores arredondadas e abertas, outras a lembrarem pequenos sapatinhos, flores com pétalas abertas, a rodear uma estrutura semi-aberta.
Bromélias, primaveras de várias cores: rosas, vermelhas, laranjas, amarelas.
Suculentas ornamentadas com pássaros artificiais.
Amplo salão a abrigar uma bela exposição, com bonsais e ikebanas.
Caminhando em frente ao shopping, lantanas coloridas de um amarelo vivo, outras vermelhas.
Azaléias, cercas vivas, e uma imponente construção em tons salmão.
Ouvir músicas, mexer nas teclas de um computador, imaginar criações.
São pequenos detalhes, a nos trazer indizível felicidade.
Todos fotografados pelas janelas da alma, quando não por uma câmera fotográfica.
Lembranças algumas.
Passagens amáveis de uma vida, que luta para germinar em terreno árido.
Longe das ideias estéreis.
Amável como somente as coisas leves e delicadas podem sê-lo.
Algumas pessoas também o são.
Nem todas porém.

Amábile 3

Espetaculares cenários, de céus imensos, brumosos.
A terra avistada ao longe.
O vento a entoar seus sons.
A compor a música da passagem do tempo.
Lindas histórias a terem o tempo e o vento como tema.
E O vento a levar para longe e a trazer para perto de nós histórias e imagens de um passado nem sempre glorioso, mas decerto saudoso.
O Tempo E O Vento a levar e a trazer as coisas mais belas.
Histórias de heroínas e guerreiras.
Mulheres que construíram a seu modo, suas histórias, protagonistas que foram de seus destinos.
Futuros.
De longe árvores, planícies verdejantes, elevados, lugares solitários e belos.
E o vento a compor as histórias.
Com sua musicalidade a nos trazer solidão, com o preenchimento dos ambientes.
Superar dificuldades, atravessar guerras, enfrentar a morte.
As vicissitudes da vida.
E mesmo ante as maiores dificuldades, constatar que vida ainda assim é boa, e vale a pena ser vivida.
Lindas visões da vida.
Belos filmes, grandes histórias.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

Amor - Primeiros Atos

Há tempos, tento escrever elegias românticas
Não obstante este fato,
De onde vem a inspiração?

Sonho também, com histórias infantis,
Mas me falta o elemento,
Onde possa alicerçar minhas bases
E assim, começar a escrever

Para se escrever sobre o amor
Imagino casais felizes, distantes
Por vezes dançando,
Por ora dizendo palavras bobas
Mas felizes entre si

Quero distanciamento bastante,
Para falar do mundo
E não apenas de mim
Por para que para se cantar,
Ou decantar o amor

O mesmo se faz de várias formas e jeitos
A mãe que brinca com os filhos pequenos,
O pai que leva as crianças para passear
Pequenos curiosos e inquietos
A desbravar o mundo em pequenas formas

São os frutos,
Daquele primeiro encontro romântico
Encontros de amor,
Com muitos risos,
Encantamentos e conversas

E tudo começa quando menos se espera
Pois quando mais se espera,
Mais parece que nada acontece
E o pensamento perdido,
O olhar distraído,
Acaba por finalmente encontrar
Algo raro para se contemplar

E assim, distraído de si mesmo,
Tímido(a),
Fica a mirar,
Até que o objeto de sua admiração,
Digne-se a olhá-la,
Ou profundamente observá-lo

Pois todos os amores,
Num primeiro momento são iguais
Ao menos na forma

Com isto, os olhares se vão
E começa nova troca de olhares
Como uma tentativa de diálogo,
Que se faz anunciar
Olhar, fitar, mirar, admirar
Até que os mesmos se cruzem

Olhos de olhar
Azuis, verdes, negros, castanhos
E os pares timidamente desviam o olhar
Tímidos ou atirados,
Desinibidas ou não

Por que neste momento,
Acredito que por um instante,
Todos os amores são iguais

E assim, de mirada em mirada,
Os olhos voltam a se encontrar
Significativos na forma de olhares
Através de olhos vivos, alegres, tristes

A olhar por cima, de baixo, de lado, de viés
A fingir que não se vê
Andando, e olhando para outro lado,
Procuram disfarçar

Caminham,
Uns prosseguem suas vidas
E outros procuram, param, olham, observam
O que fará diferença,
Entre um simples olhar,
Uma troca de olhares e sua desenvoltura,
E seu desenvolvimento em amor?

Só sei que as coisas caminham
As coisas caminham,
E os olhares,
Por curioso que se seja, se encaminham
E de tanto disparar mensagens sutis,
Caminhando, acabam por se esbarrar

Sorriem acanhados, conversam
Algumas vezes descobrem interesses comuns,
Outras vezes, se descobrem tão diferentes
Será verdade que os opostos se atraem?

Só sei que de conversa em conversa,
Palavras, encontros, sorrisos,
Um breve toque das mãos acontece
E de conversas em conversas,
Acontece o primeiro beijo

Por vezes,
Acontece no primeiro momento
Magia dos lábios trêmulos,
Ou seguros a se tocarem
Ávidos, seguros, ou desajeitados

Aí vem o segundo,
O terceiro, e os demais beijos
E assim, muitos beijos e muitos olhares

Além de alguns risos constrangidos,
Com o passar das horas,
Dos dias, dos momentos,
Tornam-se cúmplices
Alguns amores são para a vida inteira,
Outros não

Alguns amores acabam bem
Com lindas histórias,
A comporem a forma de uma colcha de retalhos
Outras não

Existem amores felizes
Mas existem também amores trágicos,
De que os autores de obras literárias,
E dramatúrgicas se ocupam

Histórias tristes e trágicas,
Revelam-se belos enredos
Quanto as histórias alegres,
Estas requerem um pouco mais de trabalho

Sua poesia não é óbvia,
E sua conclusão tampouco
Mas são as mais belas histórias,
Que o amor da vida pode contar

E assim o amor,
Desenvolve-se em seus primeiros atos
Até desenrolar-se em grandes cenas,
Do espetáculo principal
Duelo interminável de interesses

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

AMOR

Encontro dos enamorados
Amor, mãos dadas, braços entrelaçados
Olhar encantado a contemplar,
As sutilezas da natureza do lugar

Juntos a caminhar
Unidos pela vida afora
O coração batendo violentamente
Aflito, descompassado

E o seu pulsar intenso,
Invadindo o corpo inteiro
Em ondas de vibração, gozo e delícia
Oceano em maravilhas

O deslumbramento das horas primeiras do amor
E a sensação de se perder o valor
Quando tudo fácil passa a ser

O mar a bater nas pedras do cais
Revolto na tempestade do desejo
Como naufrago a bater nas pedras

Aflito a um pouso procurar
E se abraçar nas velas do navio,
A soçobrar no oceano revolto

Paradeiro das velas enfunadas
Ancoradouro de um barco a vela
Triste oceano sem rumo

Garrafas perdidas a boiar
Em meio a oceano de amarguras
Asas de um sonho partido

Sortilégios
Para onde irei?
Por que?
Onde andarei?
Não sei

Sozinho só sei pensar
E pagar a pena do viver
Solidão atroz
Aves de arribação,
A voarem em direção a um lindo poema

Vida de sonhos e fantasia
Além de desolação
Terei um dia, consolação?
Só resta aguardar a resposta
Amém!

Pois o poema da vida é curto,
A poesia da vida é pouca
E o poeta traz em si,
Um pouco de deus e de louco
Verdade insofismável

O poeta traz ínsito em seu âmago
A loucura e o delírio,
A nobreza e a decadência

Tira-nos uma furtiva lágrima
De nossas almas embrutecidas,
Endurecidas, obscurecidas e esquecidas,
Do misterioso afago
Maciez penetrante

Beleza das espécies
O encontro do amor
A doçura da flor
E o encantamento dos momentos sublimes

Enlace nos sonhos
Promessa de melhores dias
A afastar soberana tibieza
A fraqueza dos dias frios e tristes

Chuva por todos os cantos
Longe das manhãs madrugadeiras
Alvoradas purpúreas,
A delinear a silhueta dos prédios
A divisar as construções,
O medo e o tremor no coração
Que bate descompassado, violento

Perturbação a invadir todos os poros
A evolver o ser
Ser ou não ter!

A dor, a alegria, o sabor, o amor
Gente que vida tem
Mas não a sabe viver
Gente que vive a viver a vida
E gente que não sabe a vida que tem!

O medo das pedras
Pedras no caminho
Não devem paralisar os passos do viandante
E o coração a tremular inconstante

Aos poucos encontra abrigo em moradas outras
A repousar em um ninho
E a descansar dos tremores da vida

E de descompassado
Passa a bater ritmado
E o naufrago a resgatado ser

Abandonando para sempre o barco afundado
E as velas a afundarem no fundo dos leitos
E o sofrente a partir para melhores mundos
Longe do tremor,
E dos humores ruinosos do coração!

Tremor que pode significar dor, ou amor
E também um novo valor,
Para arte de se viver
Mostrando que também se vive
De amor pela vida!

Amar por puro amor
Sonho de amor
A sonhar ...

DICIONÁRIO: Enfunado - adjetivo - Cheio de vento. Inchado. [Figurado] Envaidecido, orgulhoso.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.