Poesias

sexta-feira, 2 de outubro de 2020

QUANDO O DIA AMANHECER - CAPÍTULO 9

Com isso, Cleide e Marina por sua vez, cada vez mais dedicadas aos estudos, praticamente abandonaram a vida social.
Não saíam mais com os amigos, nem passeavam mais com Paulina.
Sim por que sempre que podiam, as três aproveitavam para passear pelos parques da cidade.
Aproveitavam as tardes para jogarem conversa fora.
Falavam sobre o trabalho, os planos de mudar de vida, dos rapazes, etc.
De vez em quando, iam ao cinema.
Assistiam geralmente, comédias românticas.
Era o bastante para conversarem por horas.
Contudo, Paulina, percebendo a ausência das amigas, comentou que elas estavam muito obcecadas em estudar.
Isso por que, as três colegas, sempre que podiam, saíam juntas para dançar, ir ao cinema, ou mesmo só conversar.
Agora não.
Paulina, uma vez, conversando sobre amenidades, deixou escapar que adoraria ter uma vida folgada, sem ter que se preocupar em ficar trabalhando.
Cleide ao ouvir isso, ficou indignada.
Dizendo que o trabalho era uma grande oportunidade para a mulher se realizar, retrucou que o que ela ambicionava era uma grande besteira.
Paulina argumentou:
-- Ora Cleide! Eu não disse que não gosto do meu trabalho. Mas eu gostaria de ter uma vida mais tranqüila sim, sem ter que precisar ficar me matando para ganhar uns trocados
no final do mês.
Marina, tentando controlar a situação, comentou que não havia nada demais em se sonhar com uma vida melhor.
Tanto que ela e Cleide estavam se preparando para ingressarem em uma faculdade.
Foi aí que os ânimos se acalmaram.
Paulina, percebendo que não tinha argumentos para questionar Cleide, resolveu se calar.
Convencida de que fora posta de lado, deixou de reclamar das colegas e passou a se concentrar somente na sua movimentada vida amorosa.
E passou a conviver cada vez menos com Cleide e Marina.
Ademais, agora que as duas amigas vinham intensificando os estudos, e até esses encontros esporádicos com Paulina, tinham acabado.
Preocupada com a proximidade das provas as amigas, que haviam acabado de se inscrever no vestibular, passaram a estudar cada vez mais.
Agora, passavam os fins de semana inteiros estudando.
Não bastasse a dedicação durante a semana, as horas que antes eram de lazer, estavam sendo ocupadas por livros, leituras e discussões.
Em razão disso, Ricardo caçoava a irmã.
Dizendo que desse jeito logo brotariam folhas de suas orelhas, o rapaz conseguiu apenas, ouvir uma bronca de Eugênia – sua mãe.
Irritado, Ricardo calou-se.
Cleide então, novamente, dirigiu-se a casa de sua amiga.
Otávio e Eugênia, percebendo que a dedicação de suas respectivas filhas não diminuíra, ficavam satisfeitos.
Otávio, sempre que podia, elogiava Marina.
Já Eugênia, além de elogiar Cleide, vivia insistindo para que o filho voltasse a estudar.
Em vão.
Ricardo no entanto, achava que o estudo era só para os otários.
Gente esperta como ele, poderia conseguir coisa muito boa, sem trabalhar.
Eugênia quando ouvia estas palavras, ficava inconformada.
Todavia, não havia o que pudesse fazer para colocar um pouco de juízo na cabeça do filho.
Otávio, sempre que a via reclamar de Ricardo, dizia:
-- Não adianta. Deixe para lá! O que a senhora podia fazer por eles, já fez. Cabe a eles agirem. Agora só depende deles.
Nisso, Cleide e Marina, ficavam por horas a fio estudando.
Só pensavam em estudar.
Paulina por sua vez, pouco afeita às atividades intelectuais, ficava excluída da vida das amigas, e isso a incomodava um pouco.
Muito embora Cleide a tenha convidado uma vez para voltar a estudar, Paulina não ficou nem um pouco animada com o convite.
A moça, percebendo que Paulina só queria saber de se divertir, abandonou a idéia de tentar convencê-la a estudar.
Mas Paulina, se ressentia do fato de ficar isolada.
Isso por que, somente quando saia com Ricardo ou com Clóvis, é que tinha companhia.
Mesmo assim, diante da postura de Cleide e Marina, só lhe restou se afastar.
Com isso, após algum tempo, arrumou outras colegas dentro do Banco, e com elas passou a sair de vez em quando.
Ainda assim, era com Ricardo e Clóvis, com quem passava mais tempo.
Cleide certa vez, comentou que ela e Marina, precisavam mesmo aproveitar todo o tempo livre que tinham para estudar.
Estavam realmente dispostas a ingressar em uma faculdade.
Paulina ao ouvir isso disse:
-- Mas pra quê?
-- Ora pra quê, para termos uma profissão, uma vida melhor. – retrucou Marina.
-- Sinceramente, eu não vejo nada de errado em minha vida. – comentou Paulina, com desdém.
-- Mas ninguém está dizendo que tem algo errado. Nós só pretendemos melhorar a nossa. – emendou Cleide.
-- Eu acho uma perda de tempo. Mas se vocês querem desperdiçar a juventude de vocês, eu não posso fazer nada.
-- Eu lamentou muito que você pense assim. – respondeu Cleide.
-- Espere um pouco. Mas não foi você mesma que elogiou nossa iniciativa tempos atrás? – perguntou Marina.
-- De certa forma vocês são corajosas. Mas são malucas também. Afinal de contas, vocês pensam que é fácil passar no vestibular?
-- Não é, mas nós estamos nos empenhando para isso. – respondeu Cleide.
-- Então boa sorte. – comentou Paulina, ironicamente.
Marina, irritada com o pouco caso da moça, tentou retrucar, mas Cleide, meneando a cabeça negativamente, a reteve.
Nisso, Paulina desculpando-se por sua sinceridade, despediu-se das amigas.
Iria se encontrar novamente com Ricardo.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

QUANDO O DIA AMANHECER - CAPÍTULO 8

Com isso, o tempo foi passando.
Ricardo e Paulina novamente se encontraram.
Em plena década de 70, os dois souberam aproveitar os embalos dos sábados e dos domingos à noite.
Era uma época de luzes coloridas, ritmo dance.
Paulina e Ricardo, dançavam animados.
A moça, grande dançarina do ritmo dance, chamava a atenção por seus passos.
Já Ricardo, embora não fosse nenhum artista da dança, não fazia feio.
E assim, os dois dançavam por horas.
Conforme o ritmo fosse muito alegre, sempre que podia aproveitavam as folgas que tinham para dançar.
Virou praticamente uma mania.
Certa vez inclusive, Ricardo, aproveitando o ensejo, apresentou Paulina aos amigos Claudionor, Tiago e Clóvis – que estavam na mesma boate que ele.
Os três, ao verem a beleza da moça, ficaram impressionados.
Chamando Ricardo a um canto, comentaram:
-- Bonita mesmo!
Contudo, sabendo que Ricardo tinha interesse na moça, Tiago e Claudionor, respeitaram o amigo.
Por isso, nem sequer sugeriram a idéia de que a moça poderia dançar com eles.
Aproveitaram então, para despedirem-se do amigo e dançar com as moças que os estavam acompanhando.
Animados, ficaram o tempo inteiro dançando.
Ricardo por sua vez, não desgrudou um só minuto de Paulina.
E assim, os dois dançaram a noite inteira.
Clóvis porém, olhava para Paulina, com olhos bastante interessados.
Ricardo porém, feliz que estava por ter Paulina ao seu lado, nem se deu conta, do súbito interesse de Clóvis.
Que aliás, era bem evidente.
Assim, muito embora Tiago e Claudionor – mesmo dançando – tivessem notado um certo interesse do rapaz pela namorada de Ricardo, os dois amigos trataram de nada dizer a
ele.
Claudionor e Tiago realmente estavam preocupados com a felicidade de Ricardo.
Ademais, pensando se tratar apenas de um capricho de Clóvis, deixaram esta questão de lado.
Clóvis no entanto, estava disposto a conquistar a namorada do amigo.
A despeito disso, Ricardo e Paulina passaram a se encontrar cada vez mais.
Engatando um namoro firme, o casal sempre que podia, aproveitava para se encontrar.
Em dado momento até no horário de almoço, Ricardo aproveitava para dar uma escapadinha do
escritório e ia até o Banco ver Paulina.
Cleide e Marina, sempre que presenciavam estas cenas, ficavam encantadas com a dedicação de Ricardo.
Tanto que abusadamente, sempre que podia Cleide comentava com o irmão.
-- Quem te viu, quem te vê!
Sim, agora ela estava convencida da sinceridade dos sentimentos do irmão.
Realmente, para se dar todo esse trabalho, Ricardo devia estar mesmo gostando muito de Paulina.
Clóvis porém, aproveitando-se do fato de que ele e Ricardo usavam a mesma condução para chegarem ao trabalho, certa vez, fingindo-se muito triste, começou a contar
que sua pretensa namorada, lhe havia dado o fora.
Surpreso, Ricardo comentou que nunca ouvira falar nessa tal namorada.
Clóvis não fez por menos.
Dizendo que não havia comentado nada sobre isso para não parecer bobo, revelou que estava gostando muito de uma pessoa.
Ricardo no começo, pareceu não acreditar muito na conversa do amigo.
Mas com o passar do tempo, vendo Clóvis, bater sempre na mesma tecla, reclamando do comportamento cruel da namorada, começou a acreditar.
Aliás, para ficar totalmente convencido da história, Clóvis, chegou a comentar detalhes da relação dos dois.
Dizendo que não se entendiam, que viviam brigando, e que Tereza, o havia trocado por outro, Clóvis, consegui convencer Ricardo a convidá-lo para sair com ele e Paulina.
Nisso, Ricardo e Paulina continuaram a se encontrar.
De vez em quando saíam para dançar.
Em muitas dessas saídas Clóvis acompanhava o casal.
Ricardo, preocupado com o amigo, seguidas vezes o convidou para acompanhá-lo em suas saídas com a namorada.
E Clóvis, interessado que estava em Paulina, mais do que prontamente aceitava cada convite feito.
Foi assim, que começaram os olhares de um para o outro.
Sim, por que, sempre que Ricardo se afastava, Clóvis aproveitava para se insinuar para a namorada do amigo.
Dizendo achá-la muito bonita, começou dizendo-lhe gracejos.
Porém, mais tarde, percebendo que a moça não lhe era indiferente, começou a convidá-la para sair.
Muito embora Ricardo não fosse um típico ingênuo, ao acreditar excessivamente na sinceridade de seu amigo, acabou por facilitar que esse tipo de situação ocorresse.
Sua própria irmã Cleide, ao saber que de vez em quando Clóvis os acompanhava, não achou nada recomendável.
Contudo Ricardo, crente de que seu amigo lhe era leal, retrucava dizendo que Clóvis estava passando por uma situação complicada.
Conforme dizia, o amigo tinha acabado de perder sua namorada.
Cleide curiosa, perguntou-lhe se conhecia a tal moça que abandonara seu amigo Clóvis.
Ricardo, respondeu-lhe que não.
Desconfiada, Cleide, insistiu:
-- Mas como não? Ele não é um de seus grandes amigos? Como pode pessoas tão unidas, não conhecerem as namoradas um do outro?
-- Sabe como é. O Clóvis é um cara reservado.
-- Ah, sei. Seu melhor amigo tem segredos para você.
-- Ora minha irmã. Nem todo mundo é tão expansivo assim. Além do mais, ele me explicou, nunca foi bem um namoro, já que eles não chegaram a ter um compromisso sério. – respondeu Ricardo contrariado.
-- Está bem! Se você diz que seu amigo mais despachado, é reservado, o que que eu posso fazer para convencê-lo do contrário. Eu desisto, sou voto vencido. Você sabe o que é
melhor pra você... Só espero uma coisa. Que você não se arrependa do que está fazendo. – respondeu Cleide preocupada.
-- Pode deixar maninha! O Clóvis é de confiança. – respondeu ele.

Luciana Celestino dos Santos
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terça-feira, 29 de setembro de 2020

QUANDO O DIA AMANHECER - CAPÍTULO 7

No dia seguinte, ao encontrar Paulina no banco, Cleide se aproximou, e comentou que ela e o irmão conversaram, tratando logo de pedir desculpas.
Dizendo que não estava nem um pouco confortável com o distanciamento entre elas, afirmou que Marina também não fizera por mal, todas aquelas perguntas.
Elas só estavam preocupadas com o súbito interesse de Ricardo por ela.
Paulina dizendo que elas não tinham com o que preocupar, afirmou que ela não precisava lhe pedir desculpas.
Cleide porém insistiu:
-- Não, não. Eu reconheço que fui inconveniente. Me desculpe.
Marina que de longe via a cena, aproveitou para se aproximar.
Ao perceber do que se tratava, também pediu desculpas.
-- Me desculpe. Eu também agi mal. No momento em que percebi que você não estava interessada em nos contar o que estava acontecendo, eu deveria ter me calado.
Paulina percebendo o empenho das amigas em se desculparem, aceitou os pedidos de desculpas.
E assim, as três voltaram a conversar.
No final do expediente, saíram juntas do banco e voltaram para casa.
Animadas, engataram uma conversa que parecia não ter mais fim.
Tanto que mesmo chegando no bairro, as três demoraram para entrar em suas casas.
Isso por que, ficaram conversando por um longo tempo na rua.
Alaor, ao ver a filha entrar em casa, comentou que a vira da janela, conversando com duas moças.
Paulina explicou-lhe então, que eram suas colegas de trabalho.
Alaor ao ouvir isso, retrucou:
-- Vocês ficam juntas o dia inteiro e mesmo assim, ainda encontram tempo para conversarem mais? Como pode?
Éster, ao ouvir o comentário do marido, tratou de defender a filha:
-- Ora homem! Deixe de ser implicante! Sua filha é jovem, tem aproveitar a vida, cultivar as amizades. Aproveitar enquanto ainda não tem que se preocupar com filhos, casa,
marido.
Alaor, ao perceber que não tinha argumentos, calou-se.
Mesmo contrariado, ficou em silêncio.
E desta forma jantaram.

Luciana Celestino dos Santos
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QUANDO O DIA AMANHECER - CAPÍTULO 6

No sábado, conforme combinado, lá se foram Paulina e Ricardo passear.
Empenhado em impressionar a moça, Ricardo comentou que estava pensando em pedir uma promoção em seu trabalho, haja que vista que acumulava muitas funções e por isso fazia jus a um salário um pouco melhor.
Paulina, ao ouvir o rapaz, comentou que ele devia ter cuidado ao propor uma promoção, já que tudo tem o momento certo para acontecer.
Ricardo concordou.
Mas dizendo que tinha intenção de crescer na empresa, insistiu na idéia de promoção.
Paulina, por sua vez, dizendo que demoraria muito tempo para poder pedir uma promoção, comentou que ainda estava aprendendo seu trabalho.
Contudo, mesmo diante dos desafios, estava feliz por ter um trabalho.
Ricardo, disse:
-- Parece que este passeio está virando um segundo escritório. Vamos falar de outro assunto?
-- Tudo bem. – comentou Paulina.
-- Trabalhar é complicado mesmo. E eu tenho certeza de que, quando menos você esperar, vai estar ocupando um cargo de grande responsabilidade no banco. Não se preocupe.
-- Você também vai conseguir sua promoção. – comentou ela rindo.
Nisso, Ricardo perguntou-lhe se ela gostava de música.
Obviamente ela respondeu afirmativamente.
Ricardo, aproveitando essa oportunidade, resolveu convida-la para dançar.
Paulina aceitou prontamente.
-- Adoro dançar. – respondeu ela.
-- Eu também. A dança é uma válvula de escape, para todos os nossos problemas.
-- Concordo. É a maior manifestação da liberdade humana. Não existe nada mais livre do que o nosso corpo solto no ar, sentindo o ritmo da música.
-- Parece uma coisa primitiva.
-- Mas é bom. É uma sensação de liberdade muito grande. – reiterou Paulina.
Ricardo concordou.
Nisso, os dois continuaram a caminhar e a conversar.
Curioso, Ricardo queria saber há quanto tempo a moça morava no bairro, se estava gostando da vizinhança, do que gostava, etc.
Paulina, atônita com tantas perguntas, ia respondendo da melhor forma possível.
A certa altura, deixou escapar que Cleide e Mariana haviam perguntado insistentemente o que os dois haviam conversado.
Ricardo, ao descobrir a indiscrição da irmã, comentou que isso não ficaria assim.
Dizendo que Cleide ouviria poucas e boas, deixou Paulina desconcertada.
Isso por que a moça, ao proferir aquelas palavras, o fez sem intenção indispor Cleide e Marina com ele.
Apenas comentou por distração.
Dizendo que ele não precisava brigar com a irmã por conta disso, comentou que nada respondeu, e que sua vida não dizia respeito a ninguém.
Mesmo assim, Ricardo disse que tomaria satisfações.
Preocupada, Paulina insistiu:
-- Tudo bem. Mas não briguem por causa disso. Ela só me questionou por que estava preocupada com você. Ela não me conhece bem. Talvez tenha sido por isso.
-- Se bem conheço minha irmã. Não foi nada disso. Mas deixe estar.
Aflita, Paulina insistiu para que ele não brigasse com ela. Sentindo-se culpada, comentou:
-- Eu e minha boca! Se eu não tivesse falado nada. Você nem iria saber que isso aconteceu. Isso que dá falar sem pensar! Bem que meu pai vive me dizendo para ter cuidado
com o que digo!
-- Não! Você fez muito bem em me contar. Mas não se preocupe, eu não vou brigar com Cleide. Pode ficar sossegada.
Com isso, Ricardo mudou de assunto, e os dois voltaram a falar de amenidades.
Muito embora ambos estivessem incomodados com a atitude de Cleide, procuraram evitar falar novamente sobre isso.
A certa altura, Ricardo sugeriu a Paulina, tomar um sorvete.
A moça aceitou.
O dia estava quente, as crianças corriam pelo parque, e eles aproveitavam para conversar.
Por fim, depois de algumas horas, os voltaram para casa.
Gentil, Ricardo levou a moça até o portão de entrada de sua residência, onde se despediu.
Insistente, pediu para que ela não esquecesse do novo encontro dos dois.
Paulina prometeu que se lembraria.
Ricardo então, se dirigiu até sua casa.
Encontrando Cleide, comentou que não gostou de saber que ela havia inquirido Paulina sobre a conversa de ambos.
Cleide então respondeu:
-- Eu estava apenas preocupada. Afinal de contas, você nunca levou nenhum namoro a sério.
-- Mas isso não lhe dá o direito de se intrometer em minha vida, e muito menos envolver Marina nisso. Eu vou dizer só uma vez! Nunca mais faça isso, ou eu nunca mais
falo com você!
-- Ah é! E quem lhe deu o direito de falar assim comigo?
-- Você mesma! – respondeu ele de forma agressiva.
Cleide então, percebendo que ambos estavam se excedendo comentou:
-- Está certo meu irmão! Você tem todo o direito de ficar bravo comigo. Eu não agi direito. O que eu tinha que fazer era falar com você, e não ficar colocando Paulina contra a
parede. Coitada! Ela deve ter ficado muito constrangida com o meu comportamento.
-- Ficou. Mas ela não está aborrecida com você. Tanto que pediu para que eu não brigasse contigo.
-- Nossa! Muito legal da parte dela. Desculpe, Ricardo. Eu prometo que também pedirei desculpas a ela. Eu vou desfazer esse mal entendido, prometo.
Ricardo, constatando sinceridade nas palavras da irmã, aceitou suas desculpas.
E assim, esta questão foi resolvida.

Luciana Celestino dos Santos
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QUANDO O DIA AMANHECER - CAPÍTULO 5

Nisso, se seguiram os dias.
Marina então, pôde finalmente, retirar a segunda via de seu RG, CIC, Título de Eleitor.
Como era só para retirar seus documentos, a moça gastou menos tempo na rua.
Sozinha, lá se foi logo cedo, resolver este assunto.
Todavia, ainda assim, necessitou ser dispensada do trabalho, durante a manhã.
Por esta razão, avisou seu chefe com antecedência.
Desta forma, só trabalhou durante à tarde.
Quando chegou ao banco, Paulina e Cleide, por sua vez, já estavam trabalhando a
pleno vapor.
Mesmo atarefadas, as duas, ao verem Marina chegando, comentaram entre si:
-- Ainda bem que ela chegou.
Sim o trabalho de caixa, era realmente exaustivo.
E quando alguém precisava faltar por um algum motivo, o trabalho, que já era puxado, ficava ainda pesado.
Isso por que, as pessoas, vão todos os dias ao banco, realizam saques, efetuam depósitos, pagamentos.
E tirando as operações mais complicadas, que são feitas com os gerentes, o trabalho mais pesado fica com os caixas.
Sem contar que mesmo após encerrado o atendimento ao público, os funcionários precisam verificar se os valores estão corretos.
Se não está faltando dinheiro.
Uma tremenda responsabilidade!
E assim, Marina, Cleide, Paulina, e os demais funcionários, ficavam praticamente o dia inteiro as voltas com números.
Uma trabalheira.
Mas elas gostavam do trabalho.
Não bastasse isso, no final do dia, lá se ia Cleide e Marina estudar.
Depois do jantar, lá estavam elas em meio aos livros, estudando, se dedicando.
Tudo com o intuito de passar no vestibular.
Ricardo, por sua vez, só pensava em sair com os amigos e se divertir.
Eugênia, vivia dizendo para o garoto voltar a estudar, mas ele não queria nem saber.
A única coisa que ele fazia, era dizer que estudar não era para ele.
Cleide não estudava?
Então, já era o bastante. Em seu modo de pensar.
E assim, de vez em quando assistia televisão e acompanhava o noticiário. Somente.
Mais nada.
A Eugênia – sua mãe –, só restava se conformar.
Afinal de contas, Ricardo já era adulto e ela não poderia mais obrigá-lo a nada.
Desta foram, ao ver que era inútil convencer seu filho do contrário, foi cuidar da louça.
Enquanto isso Cleide e Marina estudavam.
Dedicadas, passavam algumas horas estudando.
Sim, estavam realmente dispostas a ingressar em uma universidade.

Luciana Celestino dos Santos
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QUANDO O DIA AMANHECER - CAPÍTULO 4

No dia seguinte as duas amigas novamente encontram Paulina.
Ricardo, que estava indo mais cedo para o trabalho, também as encontrou no ponto de ônibus aguardando a condução chegar.
Estava um dia frio e todos estão muito bem agasalhados.
Bem agasalhados para as três garotas que trabalham no banco é um pouco difícil por conta do uniforme, mas para Ricardo, é mais fácil.
Mas voltemos ao encontro.
Ricardo, finalmente encontra sua loura fabulosa.
Percebendo que a garota conhecia sua irmã e a colega de vizinhança, logo se apresenta.
-- Prazer! Meu nome é Ricardo. Qual é o seu?
-- Paulina.
-- Vocês três se conhecem há muito tempo?
-- Não muito! Eu vim a conhecer a Cleide e a Marina quando fui trabalhar no banco. – respondeu a moça.
-- E você mora há muito tempo neste bairro? – perguntou ele, curioso.
-- Apenas alguns meses. Mas já estou me enturmando.
-- Desculpe-me. Eu esqueci de apenas um detalhe. Marina é minha vizinha há bastante
tempo e Cleide é minha irmã. – respondeu ele ao perceber que Marina e Cleide olhavam-no
com curiosidade.
-- A sim? É verdade, Cleide já havia falado que tinha um irmão! – respondeu Paulina.
-- E você está gostando do trabalho? – perguntou ele.
-- Um pouco. O ritmo é um tanto quanto puxado. – comentou ela.
Nisso, Cleide e Marina começaram a rir.
Ricardo ao perceber o ar de deboche, não gostou nem um pouco. Mas não se intimou.
Continuou a conversar com a moça.
-- Mas não tem jeito. Quem trabalha tem que se dedicar muito. Eu também. Quando
eu chego no escritório em que trabalho, é uma correria danada. Mal tenho tempo de respirar.
-- E o que você faz? – perguntou Paulina.
-- Eu sou auxiliar administrativo.
-- Que legal! E você trabalha há muito tempo? – continuou Paulina.
-- Muito! Muito tempo. Eu estou trabalhando neste escritório, há cinco anos, desde que eu comecei a trabalhar.
Nisso, o ônibus finalmente apareceu.
Ricardo, que estava indo para a mesma região, acompanhou as três durante o percurso.
E assim, aproveitou para continuar conversando com Paulina dentro do lotação.
Conversa vai, conversa vem, Ricardo descobriu que a moça não tinha namorado.
Fato este que o agradou profundamente.
-- Então a senhorita está sozinha no momento! – comentou Ricardo.
-- Por quê? – perguntou Paulina, curiosa.
-- Por nada. Apenas te achei bonita demais para ficar sozinha. Que homens mais distraídos, meu Deus! Onde já se viu, uma mulher linda como você, sozinha.
Encabulada, Paulina sorriu constrangida.
Ricardo, aproveitando a oportunidade, tascou logo um novo comentário:
-- Não fique constrangida não. Afinal de contas, eu não falei nenhuma bobagem.
Paulina ficou ainda mais sem graça.
Ricardo, percebendo o constragimento da moça, disse:
-- Paulina! Mil perdões! Que falta de jeito essa minha. Você já deve estar cansada de tantos comentários sobre sua beleza, não é mesmo? ... Percebo que não estou sendo nem um
pouco original. Mil perdões, mais é que as circunstâncias não me permitem ser mais criativo. Por esta razão, eu gostaria de te convidar para um passeio. Não me leve a mal. É apenas um passeio.
A moça ao receber o convite ficou surpresa.
Marina e Cleide que os observavam à distância, se seguravam para não rirem da cena.
Ricardo todo gentil diante de Paulina, era uma cena cômica para as duas, que nunca tinham visto o rapaz se derramar em tantas gentilezas.
Nisso, chegou à hora das moças descerem do ônibus.
Ricardo, que aguardava com ansiedade a resposta de Paulina sobre o convite para passear, teve que repetir o convite.
Desta forma, somente quando a moça desceu do ônibus, é que o rapaz finalmente obteve a resposta.
-- Sim, eu aceito. – respondeu Paulina, para sua alegria.
Feliz, Ricardo finalmente sentou-se num banco, e depois de alguns minutos finalmente desceu da condução.
Como o escritório distava algumas quadras do ponto, o rapaz teve que andar um pouco até chegar ao local de trabalho.
Feliz, logo que sentou em sua mesa, comentou com Claudionor:
-- Lindo dia! Não é mesmo?
Claudionor, surpreso com o comentário, disparou:
-- Poxa vida! Eu não sabia que você gostava de contemplar a natureza!
Ricardo riu do comentário.
Claudionor então, dizendo que precisava tirar algumas cópias de documentos, retirou-se do recinto.
Ricardo então, começou a trabalhar. Como de costume, datilografou documentos, realizou operações contábeis, orientou o trabalho dos contínuos, e pediu a Claudionor que
autenticasse mais alguns papéis, bem como entregasse alguns documentos.
E lá se foi Claudionor novamente para a rua.
Em razão de seu ofício, o rapaz freqüentemente, passa muito tempo na rua.
Certa vez, seu amigo Ricardo, percebendo o quão era sacrificado seu trabalho, comentou que quando ele se cansasse de levar e trazer documentos, poderia perfeitamente,
ser taxista, já que conhecia a cidade com a palma da mão.
Ao se lembrar desse comentário, Claudionor sorriu.
No final do dia, ao retornar ao escritório, o rapaz, percebendo o ar de felicidade no rosto de Ricardo, perguntou-lhe o por quê de tanta satisfação.
Ricardo respondeu:
-- Ora meu amigo. E que mal há em ser feliz? Eu estou feliz por que a vida é boa comigo. Só.
-- Sei. Agora você vai me dizer que esse sorriso estampado em seu rosto não tem nenhum motivo.
Tiago, que vinha passando, carregando duas caixas de papelão – repletas de documentos para serem arquivados, comentou ironicamente:
-- Ora, Claudionor! O motivo é o de sempre: mulher!
Claudionor então, percebeu o que estava se passando.
Por esta razão, comentou:
-- Ah! Agora eu entendo todo esse mistério! Só podia ser mulher. Não sei como não percebi isso antes.
Curioso, Tiago perguntou:
-- E aí? Conseguiu conversar com ela?
Fazendo charme, Ricardo respondeu que só voltaria a tocar no assunto quando conquistar a moça.
Desapontados, Tiago e Claudionor, começaram a provocá-lo dizendo que ele estava enrolando demais para tomar a iniciativa.
Aborrecido o rapaz disse:
-- Não me amolem! Vão arrumar o que fazer!
Nisso, Cleide e Marina, curiosas para saber sobre o que Paulina e Ricardo falaram no ônibus, não paravam de fazer perguntas à moça.
Atordoada, Paulina não sabia mais o que dizer para desconversar. Incomodada com tanta curiosidade, a todo momento respondia que não foi nada de mais.
Mas Cleide, comentou que ouviu ela dizer que aceitava alguma coisa.
Insinuando que seu irmão a convidara para sair, queria por que queria que Paulina lhe revelasse o tema da conversa.
Paulina não entanto, se fechou em copas.
Reservada, não queria entrar em detalhes.
Por esta razão, respondia com evasivas.
Essa atitude, frustrou bastante Cleide.
Marina então, percebendo que a amiga estava sendo um pouco inconveniente, sugeriu para que elas deixassem Paulina a sós.
Cleide, concordou.
Conversando com Marina, a moça comentou que Ricardo não era flor que se cheirasse, e que só estava tentando ajudar Paulina.
Marina respondeu:
-- Eu sei, amiga. Mas Paulina, não te conhece direito.
-- Sim! Mas...
Marina interrompeu a amiga:
-- Eu sei que você vai me dizer que ela apesar de não nos conhecer bem, ela sabe mais de nós do que de Ricardo...
Desta vez, foi Cleide que interrompeu o pensamento de Marina.
-- Mas é justamente por isso, que ela deveria nos contar. Eu conheço meu irmão.
-- Sim, Cleide. Mas quem garante que ela está interessada nele? Pode ser apenas um encontro, isso que não quer dizer nada. Pode ser que não dê em nada.
-- Você acha?
-- Sim. E também, se der em alguma coisa, quem garante que ele realmente não está interessado de verdade nela?
-- A minha amiga. Eu não sei não. Estou muito desconfiada dessa história. – insistiu Cleide.
-- Tudo bem. Mas deixa pra lá. Isso não é mais problema seu. – comentou Marina.
-- Está certo. Ela que tenha cautela.
Nisso, as duas trataram de pegar seus pertences e, despedindo-se de Paulina, voltaram para casa.
Mais tarde as duas se encontraram e continuaram sua rotina de estudos.
Paulina por sua vez, demorou um pouco mais para sair do banco.
Desejando evitar Marina e Cleide, voltou mais tarde para casa.
Alaor, seu pai, já estava ansioso com tanta demora.
Éster, já não sabia mais o que fazer para acalmá-lo.
Foi quando finalmente Paulina entrou em casa.
Dizendo que havia se atrasado por conta do trabalho, ouviu as seguintes palavras de seu pai:
-- Está bem! Se foi por um motivo justo, eu não vou me aborrecer com você.
Éster, que já havia posto o jantar na mesa, pediu logo para a filha se sentar.
Nisso os três jantaram.
Após o jantar, Éster comentou com sua filha que estava gostando de ver sua dedicação com o trabalho.
Até mesmo Alaor concordou com sua esposa.
Parecia que finalmente Paulina estava se tornando responsável.

Luciana Celestino dos Santos
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QUANDO O DIA AMANHECER - CAPÍTULO 3

E eis que surge uma nova manhã.
Como de costume, Paulina está atrasada para mais um dia de trabalho.
Aturdida, quase esquece sua bolsa em cima da mesa.
Não fossem os apelos de seu pai, Alor e ela teria que voltar correndo para casa atrás da bolsa.
Ê, mocinha distraída! Só não esquece a cabeça por que ela está grudada em cima do pescoço!
Ao sair de casa, despede-se dos pais apressadamente, e corre alvoroçada para o ponto
de ônibus.
Lá encontra Cleide e Marina conversando com a possibilidade de se tornarem
universitárias.
Paulina que nem de longe cogitava voltar a estudar, comentou:
-- Vocês são muito corajosas de a essa altura da vida voltarem a estudar! Imagine só,
conciliar trabalho e estudo. Não vai ser nada fácil!
-- Realmente! Mas a nossa vontade de progredir é maior do que as dificuldades. Além
do que, a vida já está difícil. Dificuldade por dificuldade, esse é o menor dos nossos
problemas. – respondeu Cleide.
Nisso o ônibus chegou. Ao verem o ônibus lotado, quase desanimaram.
-- Ah, meu Deus! E agora? – perguntou Marina.
-- Xi! Nesse horário é melhor encarar. Se nós ficarmos esperando outra condução,
nós não chegaremos a tempo no trabalho. Seja o que Deus quiser! – comentou Cleide.
-- Então, vamos que vamos. – emendou Paulina.
E entraram. Mas que sufoco! Mais espremidas do que costume, as três garotas
chegaram no centro da cidade cansadas. Ao adentrarem a agência o vigia ao vê-las, comentou
espantado:
-- Nossa! Mas que caras! Parece que chegaram até aqui em um comboio de guerra.
-- Pois foi quase isso, Seu Elias. O ônibus estava mais cheio do que de costume. –
comentou Marina.
-- É eu sei. Parece estão circulando em menor número. – comentou Elias.
-- E o senhor sabe por quê? – perguntou Cleide.
-- Parece que vai haver um protesto. – respondeu o vigia.
-- Minha nossa! Só faltava nós não termos como voltar para casa! – comentou
apreensiva Paulina.
-- Eu acho que não vai ter problema não. Até o final do expediente, tudo se resolve.
– respondeu Elias.
-- Assim esperamos. – disseram as três em uníssono.
Com isso, as três garotas trataram logo de começar o trabalho.
Como de costume, verificaram o caixa, ouviram algumas instruções do gerente, e logo que a agência abriu,
começaram a atender os clientes.
Ricardo, auxiliar administrativo, na mesma região, também saiu cedo de casa.
Já no escritório, começou a sua rotina de organizar papéis e realizar cálculos.
Mais tarde orientaria Claudionor para levar documentos para serem autenticados no cartório.
Zeloso com seu trabalho, Ricardo orientava os contínuos em sua rotina diária de levar
e trazer papéis.
Com isso, lá se ia Claudionor, com sua pastinha debaixo do braço, levar documentos
para serem autenticados. Mais tarde realizaria pagamentos por meio do malote.
Vidinha corrida essa, onde o vai-e-vem é uma constante!
São Paulo, em seu vai-e-vem, ao cair da tarde, finalmente concedeu o merecido
descanso aos nossos laboriosos e esforçados cidadãos. Era o momento da volta para casa.
Ônibus lotados, muita gente nas ruas. Até o merecido descanso.
Ao chegar em casa, Marina cumprimenta os pais e comenta sobre mais um dia de
trabalho.
Em seguida, janta rapidamente e se dirige à casa da amiga Cleide.
Lá encontra Cleide em meio a muitos livros. E mais uma vez as duas permanecem
por horas em meio aos livros.
Animadas estudam história. Relembram os tempos de escola e recordam-se de alguns
pontos de matemática.
Ricardo por sua vez, chega em casa e, enquanto sua dedicada irmã estuda, ele
aproveita para acompanhar o noticiário.
Eugênia, sua mãe, aproveita para levar a louça até o cozinha e lavá-la.
Na casa dos pais de Marina, a mesma coisa. Adélia retira pratos, talheres e panelas da
mesa e leva tudo para a pia.
Otávio também acompanha o noticiário.
Quando termina, é a hora da novela que Adélia acompanha assiduamente.
Otávio, que não vê a menor graça nisso, comenta:
-- Não sei como é que você pode gostar disso. Com tanta coisa acontecendo no Brasil,
as pessoas lutando para que tudo mude e você ai, grudada na frente dessa televisão como se
a história de uma novela fosse mais importante que a história do Brasil!
-- Grandes coisas! Como se a história do Brasil fosse realmente muito importante!
Não me amole, me deixe assistir minha novela. É uma das poucas distrações que ainda é
possível ter.
-- Está certo! Está bem! Depois não diga que eu não avisei. – retrucou ele amuado.
Com isso, finalmente terminou a novela. E Marina continuava na casa de Cleide.
Preocupado, Otávio perguntou a esposa, se Marina não estava demorando muito para
voltar.
Descontraída, Adélia respondeu:
-- Está sim! Mas espere um pouco mais. Daqui a pouco ela vai estar estourando por
aí.
Dito e feito. Não demorou cinco minutos e lá estava ela de volta. Cansada, ela
comentou que teria que levantar cedo para tirar novas vias de seus documentos.
-- Vou tirar uma segunda-via de todos os meus documentos. Isso vai me dar uma
trabalheira tão grande e uma canseira, que eu sinto preguiça só de imaginar.
-- Quer que eu vá com você? – perguntou Otávio.
-- Se o senhor quiser. – respondeu Marina.
-- Posto então, iremos juntos. – comentou ele.
E assim foi feito. Como de costume, ambos acordaram cedo e trataram logo de se
dirigirem aos órgãos competentes onde conseguiram solicitar a segunda-via de todos os
documentos.
Nessa brincadeira, levaram o dia inteiro.
Quando Cleide foi até sua casa para as duas estudarem, Marina comentou sobre sua
peregrinação.
-- Uma trabalheira danada! A minha sorte é que não estava com minha carteira de
trabalho. Já bem pensou, ter que tirar uma segunda-via e refazer todos os registros?
-- É verdade!
-- Em compensação, vai ser uma nova via do RG, do CIC, do Título de Eleitor.
-- Mas ainda bem que é só isso. – respondeu Cleide.
-- É agora é só aguardar. Haja paciência. Ainda bem que não preciso desses
documentos com tanta urgência. Senão, estaria perdida.
-- Ainda bem. Mas agora, mudando de assunto, vamos estudar? – sugeriu Cleide.
-- Assim, vamos.
E nisso as duas amigas começaram a abrir livros e a ler sobre os mais variados
assuntos. Também fizeram alguns exercícios de química e matemática.
Mais tarde, Marina e Cleide se despediram, e Ricardo finalmente chegou em casa.

Luciana Celestino dos Santos
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