Poesias

sexta-feira, 25 de setembro de 2020

OS SONS QUE A GENTE OUVE – A CANÇÃO NO TEMPO CONTEMPORANEIDADE

Capítulo 2

Certo dia, a moça resolveu fazer um passeio.
Chegou a ir até o extremo da cidade.
Perdida, caminhou por um lugar bonito, onde depois de uma longa caminhada, encontrou um
rio.
Caminhou, caminhou, até encontrar um barco.
A moça parecia desorientada.
Rodrigo ao avistá-la, tratou de chamar seu pai, Amilton.
Aflito, o moço apontou para a moça.
A garota, aproximou-se do barco e ficou a observá-lo.
Nisto Amilton aproximou-se da moça. Perguntou:
- Moça? Moça? Você é daqui?
Nada de resposta.
Amilton perguntou-lhe então:
- Como é seu nome?
Silêncio.
Rodrigo resolveu conversar com a moça.
Disse que estava ficando tarde e que precisavam voltar para casa. Perguntou a moça se ela estava
entendendo o que eles estavam falando.
- Sim. Entendo ...
Nisto Rodrigo reiterou as perguntas do pai.
A moça, sem conseguir conectar as idéias, respondeu que havia planejado dar uma volta por São
Paulo e acabou parando por ali.
Disse que havia entrado em vários ônibus até chegar ao lugar. Por fim, disse que se lembrava de
haver caminhado muito, até chegar ali. 
Nervosa, respondeu quase chorando, que não se lembrava de mais nada.
Amilton e Rodrigo se entreolharam. 
Estavam preocupados.
Amilton percebendo que a moça esta dispersa, chamou o filho para perto do rio, e comentou com
ele cochichando:
- E essa agora. O que fazemos?
- Não podemos deixar a moça aqui. É perigoso.
Amilton concordou. 
Contudo, argumentou que não poderia alojar a moça em sua casa por tempo indeterminado.
Rodrigo sugeriu então que se ocupassem de levá-la para casa. 
No dia seguinte, acabariam encontrando uma solução.
Amilton concordou com a sugestão do filho.
Nisto, os dois rapazes se aproximaram da moça, que a esta altura contemplava a imensidão do
rio.
Rodrigo, chamou-a:
- Moça! Venha conosco. Estamos voltando para casa. Você não pode ficar sozinha aqui, é muito
ermo.
A garota ao ouvir o chamado, balançou a cabeça negativamente.
Tentou correr, mas Amilton a conteve.
Dizendo para ela não se assustar, afirmou que não iria fazer-lhe nada de mal.
Olhava diretamente para os olhos da moça.
Rodrigo então se aproximou, estendeu sua mão e pediu para ela os acompanhasse.
Aflita, sem saber direito o que fazer, a moça segurou a mão do rapaz.
Nisto Amilton auxiliou-a a entrar no barco.
E assim, os três seguiram até o outro lado do rio.
Ao chegarem na margem, a moça avistou uma bonita casa de campo. 
Ampla, acolhedora.
Rodrigo respondeu que era ali que moravam.
- Bonita! – respondeu a moça.
Amilton e Rodrigo, conduziram a moça a casa.
Prepararam o jantar, e usando de um pouco de convencimento, fizeram com que a moça comesse
um pouco.
Em seguida Amilton resolveu fazer algumas perguntas a moça, que atordoada, nada conseguia
responder. 
Dizia não se lembrar onde morava, quem era sua família.
 Nem de seu nome se lembrava.
Rodrigo e Amilton só conseguiram descobrir que a moça vinha de São Paulo.
Percebendo que a moça permanecia atordoada, Amilton solicitou que o filho arrumasse um dos
quartos para que ela pudesse dormir.
Depois da arrumação, a moça foi conduzida para o quarto.
Nisto ela, exausta, atirou-se na cama e dormiu.
Enquanto isto, Amilton e Rodrigo discutiam o que fazer com a moça.
Preocupado, Amilton disse ao filho, que precisavam comunicar o desaparecimento da moça para
a polícia.
Ao ouvir isto, Rodrigo questionou a providência a ser tomada. Perguntava:
- Isto é realmente necessário?
Amilton argumentou que precisavam fazer isto, pois caso não o fizessem, poderiam ainda serem
acusados de seqüestro.
Com isto, só coube a Rodrigo aceitar.
Nisto, no dia seguinte Amilton foi até a delegacia de polícia. 
Lá o homem comunicou o desaparecimento de uma moça morena, de estatura mediana e de cabelos pretos e compridos.
O homem comentou que a moça estava perdida, desorientada, não se lembrava de onde vinha,
apenas que saira de São Paulo, vindo a se encontrar naquelas paragens.
Respondeu que ao ver que a moça estava sozinha, ele e seu filho se encarregaram de levá-la para
casa.
O delegado registrou o ocorrido. 
Informou que iria até a casa de Amilton fazer algumas perguntas a moça. 
Relatou que iria verificar que em São Paulo estava sendo procurada uma moça com aquelas características.
Visando obter maiores informações, perguntou se a moça realmente não sabia de onde viera. 
Amilton respondeu que fez esta pergunta a moça, e ela não soube informar seu paradeiro.
Com efeito, ao despertar, a moça se assustou ao se deparar com um ambiente estranho. Levantou-se. Olhou em volta.
Sentou-se na cama.
Nisto Rodrigo bateu na porta.
Pedindo licença, perguntou se poderia entrar.
Sem saber o que dizer, a moça acabou respondendo que podia.
Rodrigo adentrou o quarto.
Ao ver que a moça estava sentada na cama, perguntou se estava tudo bem.
Aturdida, a garota perguntou onde estava.
Rodrigo ficou surpreso com a pergunta:
- Então não se lembra? Você estava desorientada, caminhava perdida por estas paragens. Ao
vê-la neste estado, conduzimos você até esta casa.
A moça começou a pensar. Colocando as mãos na cabeça, a garota lembrou-se dos últimos
acontecimentos.
Diante disto, respondeu que sim, se recordava.
Nisto o moço perguntou seu nome.
A moça tentou se lembrar. Realizou um esforço muito grande.
Rodrigo percebendo isto, pediu para que ela deixar isto para depois. 
Comentou que havia preparado um café da manhã.
Nisto a moça comeu cereais, frutas, leite, suco, pão com frios, queijo branco. Tudo que era
oferecido a ela, aceitava de bom grado.
Rodrigo comentou que ela estava com muita fome.
Belo contraste em relação ao jantar frugal do dia anterior.
O moço comentou que dali a pouco iria trabalhar, e que seu pai havia dado uma saída e que
retornaria dentro em breve.
Com isto, Amilton retornou da delegacia.
Rodrigo comentou que ela havia tomado o café da manhã.
Amilton falou que precisava conversar com a moça.
Assim o fez. 
Contou a moça que comparecera na delegacia da cidadezinha, e que relatou seu desaparecimento ao delegado.
A garota demonstrou que ficou contrariada.
O homem por sua vez, argumentou que não poderia ter agido diferente sob pena de ser acusado
mais tarde, de seqüestro.
A moça então desculpou-se pelo incômodo. Comentou que iria embora dali.
Amilton disse que não havia necessidade. Perguntou-lhe então, se havia se recordado de alguma
coisa.
A moça respondeu que não.
Nisto ouviu uma voz chamando: “Sônia”.
Voltou-se. 
Olhando para Amilton, perguntou se ele a havia chamado.
O homem respondeu que não.
A moça respondeu que havia se lembrado de seu nome. 
Respondeu que se chamava Sônia.
Mais tarde pai e filho saíram para trabalhar.
A moça permaneceu sozinha em casa.
Fechada na casa, circulou pelo imóvel. Ao achar livros, pegou um deles e começou a ler.
Ao voltarem do trabalho, perceberam que a moça havia lavado a louça e arrumado os utensílios
da cozinha.
Amilton agradeceu a gentileza. Perguntou-lhe se havia se lembrado de mais alguma coisa.
Nervosa, a moça respondeu que não.
- Está bem Sônia!
Durante o jantar, o delegado compareceu na residência.
Diante disto, foi convidado para a ceia.
Enquanto jantava, resolveu fazer algumas perguntas a moça, que nervosa, respondeu que não se
lembrava de nada. Recordou-se que viera de São Paulo, e que chamava-se Sônia. 
Jandir, recomendou-lhe não ficar nervosa. Disse que estava apenas tentando auxiliá-la a encontrar
sua família.
Mais tarde, o homem se despediu de Amilton e Rodrigo. Prometeu que continuaria investigando
e que havendo novidade, comunicaria os fatos.
Sônia recolheu-se.
Rodrigo então, criticou a atitude do pai. Dizendo que ele devia ter preparado o espírito da moça,
argumentou que Jandir fora muito incisivo com ela.
Amilton concordou. 
Respondeu que conversaria com Jandir.
Nisto, os dois foram se recolher.
No dia seguinte Amilton foi conversar com o delegado.
Jandir por sua vez, prometeu que seria mais sutil nas próximas abordagens. 

Luciana Celestino dos Santos 
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte. 

OS SONS QUE A GENTE OUVE – A CANÇÃO NO TEMPO CONTEMPORANEIDADE

Capítulo 1

Sônia estava insatisfeita com sua vida.
Nos últimos tempos, vivia se desentendendo com sua mãe.
Não entendia por que sua vida não era do jeito que gostaria.
Até o curso universitário passara a ser fonte de insatisfações.
Lara costumava dizer que aquilo era uma fase, e que com o tempo iria passar. Dizia que ser reflexo
dos arroubos da juventude.
Ouvir tais palavras de descrédito, deixavam a moça revoltada.
Com o tempo porém, passou a se importar menos com o pouco caso que seus pais creditavam a
seus problemas.
Passou a dar prosseguimento a sua rotina.
Para tentar se distrair, ouvia música, assistia filmes, lia livros.
Cantarolava:
“Um dia frio
Um bom lugar prá ler um livro
E o pensamento lá em você
Eu sem você não vivo

Um dia triste
Toda fragilidade incide
E o pensamento lá em você
E tudo me divide (bis)

Longe da felicidade e todas as suas luzes
Te desejo como ao ar
Mais que tudo
És manhã na natureza das flores

Mesmo por toda riqueza dos sheiks árabes
Não te esquecerei um dia
Nem um dia
Espero com a força do pensamento
Recriar a luz que me trará você

E tudo nascerá mais belo
O verde faz do azul com o amarelo
O elo com todas as cores
Pra enfeitar amores gris (bis)

Um dia frio
Um bom lugar prá ler um livro
E o pensamento lá em você
Eu sem você não vivo

Um dia triste
Toda fragilidade incide
E o pensamento lá em você
E tudo me divide

Mesmo por toda riqueza dos sheiks árabes
Não te esquecerei um dia
Nem um dia
Espero com a força do pensamento
Recriar a luz que me trará você

E tudo nascerá mais belo
O verde faz do azul com o amarelo
O elo com todas as cores
Pra enfeitar amores gris (bis)
Nem um dia - Composição: Djavan”

No momento se ocupava com a leitura de biografia, como a de Casimiro Montenegro, o homem
que criou o ITA; de Oscar Schindler – alemão que salvou a vida de milhares de judeus, durante a
Segunda Grande Guerra.
Ler sobre a vida de pessoas notáveis, lhe fazia esquecer sua insatisfação com a vida.
Ou melhor, fazia com que visse seus problemas por uma outra perspectiva.
Chegava a se sentir pequena, diante da grandeza de tais pessoas.
E nisto, pensava, pensava ...

Luciana Celestino dos Santos 
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte. 

OS SONS QUE A GENTE OUVE – A CANÇÃO NO TEMPO ANOS OITENTAS – AVENTURAS NOS CLUBES DE ESQUINAS

Capítulo 6

Certo dia, Rafael pediu-lhe para cantar alguma coisa.
Lara titubeou um pouco, mas depois, atendendo ao pleito, começou a cantar:
“Diz pra eu ficar muda
Faz cara de mistério
Tira essa bermuda
Que eu quero você sério...

Tramas do sucesso
Mundo particular
Solos de guitarra
Não vão me conquistar...

Uh! eu quero você
Como eu quero!
Uh! eu quero você
Como eu quero!...(x2)

O que você precisa
É de um retoque total
Vou transformar o seu rascunho
Em arte final...

Agora não tem jeito
Cê tá numa cilada
Cada um por si
Você por mim e mais nada...

Uh! eu quero você
Como eu quero!
Uh! eu quero você
Como eu quero!...

Longe do meu domínio
Cê vai de mal a pior
Vem que eu te ensino
Como ser bem melhor...

Longe do meu domínio
Cê vai de mal a pior
Vem que eu te ensino
Como ser bem melhor...
(Bem melhor!)...

Uh! eu quero você
Como eu quero!
Uh! eu quero você
Como eu quero!...(2x)
Uh! eu quero você
Como eu quero!...
Como eu quero - Composição: Leoni e Paula Toller”

Rafael beijou a moça.
A seguir segurou a moça pelos braços.
Lara começou a rir.
O moço sussurrando, convidou-a a ir para seu quarto.
Quando Lara ficou noiva, Lorena e Ronaldo foram apresentados ao moço.
Lorena chegou a comentar que não precisava mais se preocupar com Lara.
Ronaldo, censurou a esposa. Dizendo que aquele não era assunto para ser tratado na frente do
noivo, comentou que era um momento de alegria.
Rafael disse que ele também estava mais tranquilo. 
Confidenciou que ao encontrar Lara, sentiu que seu futuro não seria tão incerto quanto imaginava.
Quando Lorena perguntou como o casal havia se conhecido, Lara e Rafael se entreolharam.
Depois de alguns minutos, o moço respondeu que eles se conheceram em uma boate.
Lara arregalou os olhos.
Rafael emendou dizendo que foi encontro inesquecível. Disse também que acabou perdendo o
contato com a moça, mas persistiu procurando-a por todos os lugares onde passava.
- Que romântico! – comentou Lorena, enternecida.
Clara, Clotilde, Alice e Iolanda, assim como Lucas, Inácio, Artur, Rogério e Fabrício,
acompanharam o almoço de noivado.
Rafael colocou um anel no dedo da moça.
Nisto Rafael e Lara casaram-se e foram morar juntos.
Como o moço, pouco tempo depois de casado, perdeu o emprego, Lara assumiu as despesas do
lar.
Rafael passou então, a se ocupar dos afazeres domésticos.
Passou a lavar, passar cuidar da casa.
Também continuou a procurar trabalho, mas nada de arrumar ocupação.
Este fato o deixava deveras insatisfeito.
Certo dia, percebendo uma certa tristeza no semblante do moço, Lara perguntou o que se passava.
Rafael se fechou em copas.
Ao se deparar então com jornais e ofertas de emprego circuladas, em um jornal dobrado, percebeu
por que o moço andava triste.
Nisto, dizendo-lhe palavras de consolo, argumentou que aquela situação era temporária, e que
com sua força de vontade e garra, ele acabaria encontrando trabalho em sua área.
Triste o homem começou a cantar:
“Um dia vivi a ilusão de que ser homem bastaria
Que o mundo masculino tudo me daria
Do que eu quisesse ter
Que nada, minha porção mulher que até então se resguardara
É a porção melhor que trago em mim agora
É o que me faz viver
Quem dera pudesse todo homem compreender, ó mãe, quem dera
Ser o verão no apogeu da primavera
E só por ela ser
Quem sabe, o super-homem venha nos restituir a glória
Mudando como um Deus, o curso da história
Por causa da mulher
Quem sabe o super-homem, venha nos restituir a glória
Mudando como um deus o curso da história
Por causa da mulher
Super-Homem, a Canção - Gilberto Gil”
Lara abraçou o moço. Beijou seu rosto.
Nisto, ao curso de alguns meses, o homem arrumou um trabalho.
Com a situação financeira mais estável, o casal teve um filho.
Ao segurar a criança no colo, Rafael ficou emocionado.
Chegou a cantar baixinho para ela:
“É comum a gente sonhar, eu sei, quando vem o entardecer
Pois eu também dei de sonhar um sonho lindo de morrer
Vejo um berço e nele eu me debruçar com o pranto a me correr
E assim chorando acalentar o filho que eu quero ter

Dorme, meu pequenininho, dorme que a noite já vem
Teu pai está muito sozinho de tanto amor que ele tem
De repente eu vejo se transformar num menino igual seu pai
Que vem correndo me beijar quando eu chegar lá de onde eu vim

Um menino sempre a me perguntar um porque que não tem fim
Um filho a quem só queira bem e a quem só diga que sim
Dorme menino levado, dorme que a vida já vem
Teu pai está muito cansado de tanta dor que ele tem

Quando a vida enfim me quiser levar pelo tanto que me deu
Sentir-lhe a barba me roçar no derradeiro beijo seu
E ao sentir também sua mão vedar meu olhar dos olhos seus
Ouvir-lhe a voz a me embalar num acalanto de adeus

Dorme meu pai sem cuidado, dorme que ao entardecer
Teu filho sonha acordado, com o filho que ele quer ter
O Filho Que Eu Quero Ter - Composição: Toquinho/Vinicius de Moraes”

Luciana Celestino dos Santos 
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte. 

OS SONS QUE A GENTE OUVE – A CANÇÃO NO TEMPO ANOS OITENTAS – AVENTURAS NOS CLUBES DE ESQUINAS

Capítulo 5

Nisto Rafael continuou a empreender sua busca. 
Numa noite o moço avistou Lara conversando com suas amigas.
Emocionado, mal podia acreditar no que estava vendo.
Desesperançado, um dia chegou até a procurá-la na boate em que ocorrera o encontro.
Mal podia acreditar no que via.
Lucas, ao perceber o que se passava, incentivou o amigo a ir ao encontro da moça e conversar.
Nervoso, Rafael relutou em se aproximar dela.
Lucas argumentou:
- Eu não acredito! Eu você me enlouqueceu com a história dessa moça. Encheu os meus ouvidos
por meses, para no momento em que finalmente a encontra, resolve desistir? Cadê a coragem do
conquistador! Estou decepcionado!
Nisto, ficou empurrando o amigo na direção em que a moça estava.
Constrangido, Rafael disse que não havia necessidade daquilo.
Nervoso, afastou a mão do amigo, e disse que ele iria encontrá-la por sua própria iniciativa.
E assim, tentando encontrar coragem, o moço foi ao encontro da moça.
Lucas observava o amigo à uma certa distância.
Cauteloso, Rafael não queria assustá-la.
Contudo, sentindo que precisava não se fazer notar até se aproximar da moça, foi caminhando
lentamente ao seu encontro.
Lucas ironizou dizendo que ele era tão rápido quanto uma tartaruga.
Rafael pediu para ele se calar.
Com isto, finalmente se aproximou da moça.
Lara, surpresa, o reconheceu imediatamente. 
Assustada, tentou sair do lugar.
O moço porém, agil, segurou a sua mão.
Nisto, pediu para que ela não fosse embora. 
Disse que depois de tanta procura, ela não poderia partir simplesmente.
Rafael começou a cantar:
“Eu tô perdido
Sem pai nem mãe
Bem na porta da tua casa
Eu tô pedindo
A tua mão
E um pouquinho do braço

Migalhas dormidas do teu pão
Raspas e restos me interessam
Pequenas porções de ilusão
Mentiras sinceras me interessam
Me interessam...

Eu tô pedindo
A tua mão
Me leve para qualquer lado
Só um pouquinho de proteção
A um maior abandonado
Teu corpo, com amor ou não
Raspas e restos me interessam
Me ame como a um irmão

Mentiras sinceras me interessam
Me interessam...
Migalhas dormidas do teu pão
Raspas e restos me interessam
Pequenas poções de ilusão
Mentiras sinceras me interessam
Me interessam...

Eu tô pedindo
A tua mão
Me leve para qualquer lado
Só um pouquinho de proteção
A um maior abandonado
Maior Abandonado - Compositor(es): Cazuza/Frejat”

Lara resolveu então, ouvir o moço.
Rafael lhe explicou que ela o deixara muito bem impressionado, e que razão, sentiu necessidade
de vê-la novamente. Comentou que o que sentira por ela, nunca havia sentido isto, antes por outra
pessoa.
Lara ficou perplexa.
Nisto, Lucas resolveu se aproximar. 
Simpático, cumprimentou a moça, elogiando o bom gosto do amigo.
A moça sorriu agradecendo.
Nisto, Lucas despediu-se.
Aflito, Rafael perguntou-lhe então, se eles poderiam se encontrar novamente.
Lara não sabia o que responder.
O moço insistiu.
Dizendo que não poderia obrigá-la a aceitar o convite, argumentou que ela não perderia nada com
isto.
Desta forma, Lara aceitou o convite.
Nisto, ele se apresentou, e ela finalmente disse seu nome.
Ao ouvir Lara, o homem ficou encantado. Gentil, disse que aquele era um bonito nome.
Lara agradeceu a gentileza.
Mas tarde, a moça lhe contaria que sua mãe lhe dera este nome, em homenagem a personagem do
filme “Doutor Jivago”.
O primeiro encontro do casal, foi num restaurante.
Inicialmente tímidos, o casal passou mais tempo se olhando, do que propriamente conversando.
Rafael porém, a despeito disto, estava muito feliz com o encontro.
Tanto que acabou conseguindo um novo encontro com a moça.
Conforme o tempo foi passando, finalmente o casal começou a namorar.
Certo dia, o moço convidou-a para almoçar em sua casa.
Zeloso e esforçado, o homem tentou preparar arroz, batatas douradas, bisteca e salada.
Passou dias elaborando um cardápio.
Nervoso, preparou a refeição com todo o cuidado.
Lara usava um vestido bandagem, calçava um scarpin.
Nisto a moça foi até o apartamento de Rafael. Apertou a campanhia.
Ao vê-la, Rafael elogiou-a. Disse que ela estava muito bonita.
A moça agradeceu o elogio.
Nisto, o moço convidou-a para entrar. Perguntou-lhe se gostaria de bebericar algo.
Lara respondeu que não.
Nisto, Rafael pediu licença e voltou para a cozinha. Respondeu que faltava pouco para o almoço
ser servido.
Quando estava tudo pronto, o moço colocou o arroz, as batatas, a carne e a salada em bonitas
louças.
A seguir, convidou a moça para sentar-se.
Puxou a cadeira e a moça agradecida, sentou-se.
Nisto, serviu a mesa. Colocou arroz, batatas, carne e salada em seu prato.
Depois, serviu-se.
Com isto, o moço pediu a moça para experimentar a comida.
Lara se serviu de um pouco de arroz, batata e bisteca.
Porém, ao colocar a comida na boca. Sentiu um gosto estranho. 
Ansioso, Rafael perguntou o que ela tinha achado da comida.
Sem graça, Lara respondeu que a comida estava ótima.
Todavia, em que pese o elogio a comida, sua expressão dizia o contrário.
Percebendo isto, Rafael resolveu experimentar a comida.
Ao colocar a comida na boca, o moço perceber que a mesma não estava boa.
Diante disto, disse:
- Não! Não coma! Está horrível!
Chateado, recolheu a comida e jogou o almoço fora.
Em seguida, pediu desculpas.
Lara então, percebendo que ele estava se esforçando para ser gentil, respondeu que não tinha
problema.
Nisto, ao ver que o moço estava chateado, segurou o queixo do moço. 
Convidou-o para almoçar fora.
Rafael concordou. Disse porém, que pagaria a conta. Tentando se desculpar, argumentou que já
que havia estragado o almoço, precisava compensá-la de alguma forma.
E lá se foi o casal procurar um restaurante para almoçar.
Nisto, o moço resolveu levar a moça para o restaurante onde costumava ir com seus amigos.
O dono do restaurante, ao reconhecê-lo, comentou que ele estava muito bem acompanhado.
Rafael e Lara agradeceram.
Juntos, comeram uma boa pizza. Beberam vinho.
Conversaram.
Rafael contou que vivia sozinho em São Paulo. Disse que estava na cidade para estudar.
Lara por sua vez, comentou que nascera em São Paulo, que sua mãe era paulistana, que sua avó,
assim como sua bisavó também eram.
Rindo, Rafael brincou dizendo que ela advinha de uma família paulistana quatrocentona.
Lara achou graça.
Ao voltarem para o apartamento de Rafael, o casal parou em frente a uma sorveteria. Compraram
sorvetes e foram tomando a sobremesa enquanto caminhavam pelo Centro da cidade.
Rafael comentou que aquela cidade era fascinante. Sua grandeza assustava e atraía ao mesmo
tempo.
Lara parecia compreender o que ele estava querendo dizer.
Aquele foi momento em que Lara decidiu que valia a pena investir naquela relação. 

Luciana Celestino dos Santos 
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte. 

OS SONS QUE A GENTE OUVE – A CANÇÃO NO TEMPO ANOS OITENTAS – AVENTURAS NOS CLUBES DE ESQUINAS

Capítulo 4

Triste Rafael começou a se desinteressar de seus afazeres.
Amuado, não queria mais saber de sair com seus amigos.
Lucas, preocupado com a apatia do amigo, comentou que no dia 11 de agosto seria comemorado
o Dia do Advogado, em homenagem a implantação dos cursos jurídicos no Brasil.
Ao ouvir isto, Rafael retrucou dizendo que não era advogado, e tampouco estudante de direito
para participar de tal evento.
Lucas retrucou então, que ninguém precisava saber disto.
Ao notar que o amigo precisava de uma injeção de ânimo, comentou que eles iriam participar do
“pindura”.
Curioso, Rafael perguntou do que se tratava.
No que Lucas respondeu:
- É um ritual no qual os estudantes de direito, tomam uma refeição em um restaurante, mas na
hora de efetuar o pagamento da conta, comunicam o fato de serem estudantes de direito. Realizam
um discurso e o valor que seria cobrado pela refeição não o é.
Rafael perguntou se este procedimento não causava problema.
Lucas comentou então, que geralmente os donos de restaurante aceitavam a tradição.
Com isto, Lucas arrastou o amigo, mesmo a contra-gosto para o evento. 
Antes, Lucas, Inácio, Artur, Rogério e Fabrício, participaram da “peruada”.
Dias antes, Lucas explicou que a “peruada” tinha origem ainda no Brasil Império, quando alunos
roubaram perus de um professor da Faculdade de Direito do Largo São Francisco. 
Atrevidos convidaram o professor que fora furtado, para comer os perus. 
Daí para virar uma festa de repleta de música e de pessoas fantasiadas da mais variadas formas, foi um pulo.
Rafael ouvia estas palavras e achava graça.
E assim, lá se foram os amigos participarem da afamada “peruada”.
Fabrício, Rogério, Artur, Inácio e Lucas, passaram em meio a carros, cantaram, dançaram,
gritaram.
Só não beberam muito por que estavam se preparando para o “pindura”.
Mais tarde, os cinco rapazes se dirigiram até o apartamento de Rafael, que ficava no Centro de
São Paulo.
Arrastaram o homem relutante para a noite.
Chegaram em uma cantina e trataram logo de pedir um vinho.
Animados, comentaram sobre as estrepolias feitas durante o dia na “peruada”. Riram dos amigos
bêbados. Dos rapazes correndo feito malucos entre os carros.
Fizeram um brinde atrás do outro.
Celebravam:
- Viva o Dia do Advogado!
- Viva!
- Viva a “peruada”!
- Viva!
- Viva São Paulo!
- Viva!
Brindavam e bebiam.
Rafael achava graça de tudo.
A certa altura, os cinco rapazes começaram a cantar:
“São, São Paulo meu amor
São, São Paulo quanta dor
São oito milhões de habitantes
De todo canto em ação
Que se agridem cortesmente
Morrendo a todo vapor
E amando com todo ódio
Se odeiam com todo amor

São oito milhões de habitantes
Aglomerada solidão
Por mil chaminés e carros
Caseados à prestação

Porém com todo defeito
Te carrego no meu peito
São, São Paulo
Meu amor
São, São Paulo
Quanta dor

Salvai-nos por caridade
Pecadoras invadiram
Todo centro da cidade
Armadas de rouge e batom
Dando vivas ao bom humor
Num atentado contra o pudor

A família protegida
Um palavrão reprimido
Um pregador que condena
Uma bomba por quinzena

Porém com todo defeito
Te carrego no meu peito
São, São Paulo
Meu amor
São, São Paulo
Quanta dor

Santo Antonio foi demitido
Dos Ministros de cupido
Armados da eletrônica
Casam pela TV
Crescem flores de concreto
Céu aberto ninguém vê
Em Brasília é veraneio
No Rio é banho de mar
O país todo de férias
E aqui é só trabalhar

Porém com todo defeito
Te carrego no meu peito
São, São Paulo
Meu amor
São, São Paulo
São, São Paulo - Tom Zé”

Nisto, os ocupantes das outras mesas aplaudiram a apresentação.
Inácio, Artur, Rogério, Fabrício e Lucas agradeceram os aplausos.
Rafael sugeriu então que eles pedissem logo a comida.
Fabrício concordou. Disse que estava morrendo de fome.
O grupo pediu pizza, macarrão e ravioli.
Comeram bastante.
Depois, pediram um cafezinho.
Fabrício, Rogério, Artur, Inácio e Lucas já estavam um pouco altos.
Nisto, Fabricio e Lucas, começaram a dizer:
- Viemos aqui hoje para celebrar uma importante data.
- Viva! – interromperam Artur, Rogério e Inácio.
A dupla continuou:
- Data de inauguração dos cursos jurídicos no Brasil. Tradição criada pelos estudantes da
Faculdade de Direito do Largo São Francisco.
- Bravo! Bravo! – aplaudiram Rogério, Inácio e Artur.
Fabrício e Lucas disseram:
- Viemos aqui hoje para cumprir a tradição do “pindura”. “Pindura” de pendurar a conta e brindar
a vida dos homens com poesia. Afinal, justiça tardia é antes de tudo injustiça flagrante e manifesta,
nos dizeres do poeta.
- Será que fora Rui Barbosa que dissera aquelas palavras? – perguntou-se Fabrício.
- Não importa quem disse. O que importa é que o direito é a ciência da justiça, do conhecimento
e da verdade. Afinal de contas, somos guiados o tempo inteiro pelo direito, pela lei. – emendou
Lucas.
- Viva o direito! – brindaram Artur e Inácio.
Rafael não parava de rir.
Rogério estava segurando uma garrafa de vinho já pela metade.
O dono do restaurante, ao saber do fato, disse aos rapazes que eles não precisavam pagar a
refeição.
Ofereceu-lhes outra garrrafa de vinho.
Nisto, os cinco rapazes continuaram bebendo.
Mais tarde, os rapazes resolveram brindar os fregueses do restaurante com outra canção:
“Só quem não te conhece,
Bem no fundo não pode entender,
Teus arranha-céus,
Neste escuro véu,
Sem o lume das estrelas.

Só quem não te conhece,
Ó cidade, não pode entender,
Teu postal sem cor,
O real valor,
Que se oculta em tuas sombras.
Universo de luzes e promessas,
Vitrine de ilusões,
Teus metais brilham mais,
No olhar dos inocentes.

Dia a dia o sol,
Abre seu farol sobre pedras,
Ilhas de ancorar corações solitários,
Nas multidões.

Teus caminhos cruzados,
Viajantes de toda direção,
Teus mortais,
Sonham mais,
Com ares do sertão,
Passageiros da paisagem,
Estações que vão no vento,
Em teu coração São Paulo…
São Paulo - (Thomas Roth/Luiz Guedes)”

Novos aplausos.
Nisto o grupo se despediu, agradeceu a gentileza do dono do restaurante, e partiu.
Lucas, Inácio, Artur, Rogério, Fabrício e Rafael caminharam pelo Centro da cidade. Já era quase
meia-noite.
Passaram pelo Vale do Anhangabaú, Viaduto do Chá, Rua Quinze de Novembro, prédios antigos,
Viaduto Santa Ifigênia, Mosteiro São Bento, Rua Boa Vista, Páteo do Colégio, Teatro Municipal,
Praça da Sé, Marco Zero, Catedral da Sé.
Enquanto admiravam a calma daquelas horas tardias, o grupo começou a cantar:
“É sempre lindo andar na cidade de São Paulo
O clima engana, a vida é grana em São Paulo
A japonesa loura, a nordestina moura de São Paulo
Gatinhas punks, um jeito yankee de São Paulo
Na grande cidade me realizar
Morando num BNH.

Na periferia a fábrica escurece o dia.
Não vá se incomodar com a fauna urbana de São Paulo
Pardais, baratas, ratos na Rota de São Paulo
E pra você criança muita diversão e pauluição
Tomar um banho no Tietê ou ver TV.

Na grande cidade me realizar
Morando num BNH
Na periferia a fábrica escurece o dia.
Chora Menino, Freguesia do Ó, Carandiru, Mandaqui, ali
Vila Sônia, Vila Ema, Vila Alpina, Vila Carrão, Morumbi, 
Pari,
Butantã, Utinga, Embu e Imirim, Brás, Brás, Belém
Bom Retiro, Barra Funda, Ermelino Matarazzo
Mooca, Penha, Lapa, Sé, 
Jabaquara, Pirituba, Tucuruvi, Tatuapé

Pra quebrar a rotina num fim de semana em São Paulo
Lavar um carro, comendo um churro é bom pra burro
Um ponto de partida pra subir na vida em São Paulo
Terraço Itália, Jaraguá, Viaduto do Chá.

Na grande cidade me realizar morando num BNH
Na periferia a fábrica escurece o dia
Na periferia a fábrica escurece o dia
São Paulo, São Paulo - (Oswaldo, Biafra, Claus, Marcelo e Wandy)”

Lucas e Rogério se abraçaram num poste.
O grupo dançou na rua.
Mais tarde, cada um seguiu a pé para sua casa.
Ao chegar em casa, Rafael, abriu a porta do apartamento, trancou-a, entrou em seu quarto e jogou-se na cama.
Dias depois ao se encontrarem, Lucas, Fabrício, Inácio, Artur, Rogério e Rafael, comentaram
animados sobre o “pindura”.
Literalmente penduraram a conta. Para não pagá-la.
Dias depois, o grupo voltou a frequentar o restaurante.
O dono do estabelecimento ao vê-los, perguntou se eles iriam pendurar a conta novamente.
Fabrício respondeu que não. 
Disse que infelizmente, aquele não era dia do advogado, em que pese
não achar nada mal a idéia de que todos os dias fossem dia do advogado.
O dono do restaurante riu.
Lucas e Rogério repreenderam Fabrício.
Comentaram:
- Dizendo isto, o que ele irá pensar dos advogados?
Rafael achava graça.
Distraído, ficava a pensar na moça, na estranha com quem se envolvera por uma noite.
Pensando se questionava, por se ocupar pensando nela. Por que não conseguia esquecê-la.
Ao notar que o amigo estava distraído, Lucas tratou de chamar o amigo a realidade.
Rafael, comentou que estava preocupado com seu trabalho.
Lucas fingiu acreditar. 

Luciana Celestino dos Santos 
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte. 


OS SONS QUE A GENTE OUVE – A CANÇÃO NO TEMPO ANOS OITENTAS – AVENTURAS NOS CLUBES DE ESQUINAS

Capítulo 3

Lara por sua vez, continuava a sair com as amigas.
Saiam juntas, bebiam, conversavam.
Rafael e Lucas por sua vez, continuavam a procurar a moça misteriosa com que o primeiro havia
saído.
A certa altura, Lucas começou a se cansar de tantas buscas.
Rafael por sua vez, insistia. Dizia que eles a encontrariam quando menos esperassem.
Dito e feito.
Certo dia, caminhando no Centro de São Paulo, Rafael avistou uma moça muito parecida com sua
amada misteriosa.
Aflito, o homem tentou segui-la em meio a multidão.
A confusão porém, era tanta que ele acabou perdendo o paradeiro da moça.
Rafael ficou inconsolável.
Lucas mais uma vez, consolou o amigo. Tentou convencer o amigo a esquecer a história.
Rafael porém, comentou que não poderia desistir logo agora que estava tão próximo da moça.
Lembrando-se da possibilidade do encontro, Rafael sonhou que estava com a moça. Caminhavam
juntos, se beijavam.
Ao fundo, ouviu uma canção:
“Quando o céu incendeia e acende uma estrela no coração
Quando a lua passeia e a vida acontece numa canção
É lá

Que imagino te ver, que eu começo a sonhar
Que eu me lembro demais
Que eu me vejo beijando você

Mesmo de brincadeira eu sigo o que fala o coração
Faço à minha maneira da vida nascer uma canção
É lá

Que vontade de te ver de querer te abraçar
De correr pela areia, eu preciso te achar
Que vontade de te ver de querer te abraçar
De correr pela areia
Que vontade de amar você
Mesmo de Brincadeira - Composição: Mariozinho Rocha/Vermelho/Cláudio Venturini”

Rafael foi encontrar-se com o amigo Lucas, estava feliz.
Contente, começou a fazer planos, traçar estratégias para encontrar a moça.
Lucas ouvia a tudo atentamente. Concordava com tudo o que o amigo falava.
Lara prosseguiu com sua vidinha.
Lorena, preocupada com seus modos, questionou o fato dela sair quase todas as semanas com
suas colegas, para beber.
Lara respondeu que estava tentando aproveitar melhor sua vida. Dizendo que a vida não era só
trabalho, argumentou que também precisava de um pouco de felicidade.
Ao ouvir isto, Lorena argumentou que sair para beber não era sinônimo de felicidade.
Lara retrucou dizendo que usufruir da companhia de suas amigas era.
Nisto, despediu-se da mãe.
Apressada, deu um beijo no rosto do pai, que lhe desejou um bom divertimento.
Lorena criticou o comportamento de Ronaldo. Dizia que ele a estava desautorizando.
Nisto Lorena foi encontrar com suas amigas.
Conversaram sobre o trabalho, dizendo que o chefe estava cada vez mais exigente.
Clara, Clotilde, Alice, Iolanda e Lara diziam que trabalhavam muito e ganhavam pouco. 
Todas
confessaram estar insatisfeitas com suas funções. Achavam que poderiam estar fazendo algo
melhor.
Animadas, falaram sobre suas vidas. 
Alice e Iolanda estavam noivas. Contudo, em que pese este fato, viviam reclamando dos candidatos a marido.
Clara e Clotilde possuíam namorados firmes.
Foi então que as quatro mulheres começaram a perguntar sobre a vida sentimental de Lara.
A moça constrangida, disse que estava de olho em alguém, mas que para investir na relação,
precisava ter certeza de que era correspondida.
Nisto as mulheres começaram a falar de filmes “Dirty Dancing – Ritmo Quente”, “LadyHawe –
O Feitiço de Áquila”, “Curtindo a Vida Adoidado”, “Back To The Future - De Volta Para o
Futuro”, “Loucademia de Polícia”, “O Cadillac Azul”.
A certa altura, as moças começaram a ouvir uma música:
“Clarear!
Baby, clarear!
Pelo menos um pouco de sol
Eu só quero clarear
Quando não houver
Mais o amor
Nem mais nada a fazer
Nunca é tarde
Prá lembrar
Que o sol está solto
Em você...

Um pouco de luz nessa vida
Um pouco de luz em você
Um pouco de luz nessa vida
Um pouco de luz nessa vida
Um pouco de luz em você
Um pouco de luz nessa vida...

Clarear!
Baby, clarear!
Eu quero clarear de vez
Tudo aquilo que encontrar
Quando o pouco de bom
Rarear
E a vida for escura e ruim
Nunca é tarde
Pra lembrar
Que o sol está dentro de mim...

Um pouco de luz nessa vida
Um pouco de luz em você
Um pouco de luz nessa vida
Um pouco de luz nessa vida
Um pouco de luz em você
Um pouco de luz nessa vida...

Quando não houver
Mais o amor
Nem mais nada a fazer
Nunca é tarde
Prá lembrar
Que o sol está sobre você.....

Um pouco de luz nessa vida
Um pouco de luz em você
Um pouco de luz nessa vida
Um pouco de luz nessa vida
Um pouco de luz em você
Um pouco de luz nessa vida...(2x)
Clarear - Composição: Octavio Burnier - Mariozinho Rocha”

Animadas as amigas começaram a cantar juntas, a música. 

Luciana Celestino dos Santos 
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte. 

OS SONS QUE A GENTE OUVE – A CANÇÃO NO TEMPO ANOS OITENTAS – AVENTURAS NOS CLUBES DE ESQUINAS

Capítulo 2

Lara estava assaz insatisfeita.
Achava sua vida desinteressante e monótona.
Nos últimos tempos não conseguia encontrar sentido em tantos sacrifícios e tão poucas
compensações.
Até a convivência com sua mãe, estava ruim.
Pensando nisto, começou a achar, que precisava experimentar coisas novas.
Estava ávida por descobrir novos mundos.
Um dia, conversando com sua amigas Clara, Clotilde, Alice e Iolanda, comentou:
- Estou cansada desta mesmice. Todo os dias sempre a mesma coisa. Às mulheres é sempre
imposta uma conduta incompatível com a liberdade já conquistada.
Clotilde comentou que não estava entendendo onde Lara estava querendo chegar.
Lara comentou que a mulher era escrava de um padrão de comportamento muito rígido, que não
lhe permitia fazer o que queria. Comentou que as mulheres haviam sido criadas para agradar os
homens, para fazerem tudo o que eles quisessem.
Clotilde e Iolanda, responderam que não concordavam com aquilo. Argumentaram que havia
mulheres que não aceitavam agir daquela forma. Disseram que elas ditavam as regras de suas
vidas.
Lara comentou:
- Eu não duvido. Mas nem todas as mulheres tem esta percepção e autonomia. As mulheres em
grande parte, estão procurando se adequar a um padrão estabelecido pelos homens.
Nisto, Alice respondeu:
- É só ver uma propaganda de cigarro ou de bebida alcoolica. Estão repletos de imagens de
mulheres bonitas, cheias de vitalidade, e longe do padrão de beleza da maioria das mulheres que
conhecemos. E todas, ou quase todas se espelham nestas mulheres, para tentar alcançar um padrão
de beleza inatingível.
Nisto Lara emendou:
- Pois então! O engraçado é que ninguém se lembra que as mulheres também bebem cerveja. Só
fazem comerciais para os homens. Seria interessante ver propagandas do mesmo nível, dirigidas
às mulheres. Será que os homens irião gostar de se verem na posição de objetos?
Clara, Clotilde, Alice e Iolanda bradaram em uníssono:
- Abaixo a tirania! Viva as mulheres!
Nisto, percebendo que as pessoas que passavam ficavam olhando o quinteto, Lara recomendou
que elas diminuíssem o tom de voz.
Todas riram.
Lara começou a cantar:
“Eu já estou com o pé nessa estrada
Qualquer dia a gente se vê
Sei que nada será como antes, amanhã
Que notícias me dão dos amigos?
Que notícias me dão de você?

Alvoroço em meu coração
Amanhã ou depois de amanhã
Resistindo na boca da noite um gosto de sol

Num domingo qualquer, qualquer hora
Ventania em qualquer direção
Sei que nada será como antes amanhã

Que notícias me dão dos amigos?
Que notícias me dão de você?
Sei que nada será como está
Amanhã ou depois de amanhã
Resistindo na boca da noite um gosto de sol
Nada Será Como Antes - Composição: Milton Nascimento/Ronaldo Bastos”

Mais tarde, as amigas combinaram de irem juntas a uma boate.
Nisto, as amigas beberam, conversaram. Dançaram.
Lá, Lara conheceu Rafael.
Em dado momento, Lara despediu-se das amigas. Dizendo que estava com dor de cabeça,
comentou que elas não precisavam se incomodar, voltaria de táxi para casa.
Nisto, Lara aguardou o moço do lado de fora da boate.
Mas tarde o moço também saiu.
Passaram a noite juntos.
Empolgado, Rafael, começou a cantar no ouvido da moça:
“Vem amor que a hora é essa
Vê se entende a minha pressa
Não me diz que eu tô errado
Eu tô seco, eu tô molhado

Deixa as contas
Que no fim das contas
O que interessa pra nós
É fazer amor de madrugada
Amor com jeito de virada

Larga logo desse espelho
Não reparou que eu tô até vermelho

Tá ficando tarde no meu edredon
Logo o sono bate

Deixa as contas
Que no fim das contas

O que interessa pra nós

Amor com jeito de virada
É fazer amor de madrugada
Pintura Íntima - Composição: Leoni/Paula Toller”

A moça ficou abraçada ao moço.
Lara e Rafael, passaram a noite juntos.

Beijaram-se, abraçaram-se e cairam juntos na cama.
Dormiram juntos.
A certa altura a moça acordou.
Vestiu-se apressadamente, calçou seus sapatos, e saiu sorrateiramente do quarto.
Antes de sair, observou o rapaz rapidamente.
Rafael dormia profundamente.
Quando despertou procurou a moça, tateando a cama. Surpreeendeu-se ao perceber que não ela
não estava mais no quarto.
Perplexo, o moço contou a história para seu amigo Lucas.
Irônico, o amigo comentou:
- Quem te viu quem te vê! O conquistador da Terra da Garoa caindo de amores por uma estranha?
Quem diria!
Nervoso Rafael pediu para ele não fazer troça de seu sofrimento. Dizendo que não sabia nem o
nome dela, comentou que seria praticamente impossível encontrá-la na imensidão que era São
Paulo.
Lucas ficou surpreso.
- Então você tem realmente intenção de procurá-la?
Aflito, Rafael pediu ajuda do amigo.
Ansioso, o moço não parava de falar da moça que o havia levado ao paraíso, elevando a sétima
esfera.
Lucas achou graça nas palavras do moço.
Rafael por sua vez dizia:
- Não brinque! Você não entende por que nunca amou ninguém de verdade!
- E você? Já amou? – retrucou Lucas.
Rafael desconversou.
Estava acabrunhado.
Lucas percebendo o desânimo do rapaz, começou a cantar:
“Seu coração tem algo que nunca muda
Mais que também não envelhece nunca
Seu coração
Vá e entre por aquela porta ali
Não tem caminho fácil não
É só dar um tempo que amor vem pra cada um

Fique feliz na boa e tudo vem
Mas nunca chove sem molhar
É só dar um tempo que amor chega até você

Seu coração tem algo que nunca muda
Mais que também não envelhece nunca
Seu coração

Sério eu vejo tudo melhorar
Lá é só bater na porta e abrir
Bem que eu disse pra você
Que o amor vem pra cada um

Fique feliz na boa e tudo vem
Mas nunca chove sem molhar
É só dar um tempo que amor chega até você

Seu coração tem algo que nunca muda
Mais que também não envelhece nunca
Seu coração

Sério eu vejo tudo melhorar
Lá é só bater na porta e abrir
Bem que eu disse pra você
Que o amor vem pra cada um
... o amor chega até você ...
... o amor vem pra cada um ...
O Amor Vem Pra Cada Um - Zizi Possi”

Rafael sorriu.
Lucas disse que ele tinha tanta vontade de reencontrar a moça, que acabaria encontrando-a.
E assim, o rapaz auxiliou o amigo.
Juntos passaram a frequentar a noite paulistana, com o intuito de encontrar a moça.
Por várias vezes, o moço avistou uma moça parecida, mas ao se aproximar, Rafael percebia
desolado, que não era ela.
Lucas, sempre que via o amigo desanimado, dizia-lhe palavras de incentivo.
Sozinho em seu quarto, Rafael contemplava as luzes da cidade, refletidas na janela de seu
apartamento no Centro da cidade.
Ao chegar em casa, o moço sentou-se na sala. Ligou a televisão. Ficou cerca de meia-hora
procurando algum programa bom na tevê.
À toa.
Desanimado, o moço desligou a televisão.
Foi para seu quarto, sentou-se em cama.
Começou a cantar:
“Eu fico quieto, no canto
Penso, medito e me espanto
A vida dá voltas, mistérios
O que é que eu vou fazer?

Sozinho num quarto fechado
Eu vejo a cidade ao longe
Procuro alguém que se esconde
Por onde começar?

Noite, há horas te espero
E você não chega, ai meu coração
Fogo aceso, corpo paixão
Sou todo explosão

Noite, há horas te espero
E você não chega, ai meu coração

Fogo aceso, corpo paixão
Sou todo explosão.
Noite - Compositor: Nico Resende – Jorge Salomão”

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.