Poesias

quarta-feira, 10 de junho de 2020

COISAS DO BRASIL - PARTE 1 – A REGIÃO NORDESTE CAPÍTULO 60

CAPÍTULO 60 

Sobre a Caruara ou Caroara, o barqueiro contou que:
Trata-se de um duende invisível, bicho fantástico amazônico.
“Um bicho que inspira muito medo, é o que descreve, à semelhança do bicho-de-pau que aparece nos quintais e capoeiras.
Chamam de caruara.
Como os outros, possui também mãe.
É extremamente perigoso para as mulheres menstruadas, que, nessa condição, evitam andar pelo quintal, ou atravessar as trilhas que dão nas roças ou nos caminhos para apanhar água.
O cheiro da mulher nesse estado, afirma-se, que atrai a caroara, ou a mãe do caroara, que flecha a vítima.
Os efeitos dessas flechadas são semelhantes aos do reumatismo.
Aparecem dores, inchação dos membros e dificuldade de articulação.
Em Itá, existem muitas mulheres com esses sintomas, e cuja doença é atribuída às flechadas de caroara.
Aos homens, esses bichos não parecem fazer qualquer mal.”
No norte do Brasil, é uma moléstia que ataca o gado, trazendo-lhe inchação e paralisia nas pernas e corrimentos.
Com o mesmo nome se conhece uma espécie de formiga, que dá nas árvores, cuja mordedura coça como sarna, e também uma qualidade de abelha, cujo mel é nocivo.
A cidade de Caruaru, em Pernambuco, significa caruar-ú, aguada das caruaras, água que produzia a moléstia no gado.

Texto retirado de artigos da internet sobre o folclore brasileiro, e de guias de viagens sobre o Brasil. 

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte. 

sexta-feira, 5 de junho de 2020

COISAS DO BRASIL - PARTE 1 – A REGIÃO NORDESTE CAPÍTULO 59

CAPÍTULO 59

Em seguida, falou sobre os Caruanas:
“Gênios que vivem no fundo dos rios, e são chamadas auxiliar os pajés nas suas práticas fetichistas.
Bichos do fundo.67
As Caruanas são tidas, ou são tidos os caruanas, como espíritos benfazejos.
Os pajés os invocam para curar os pacientes, livrá-los de embaraços, de feitiços, etc.”

67 Chermont deriva de caru-ana tupi, sem explicar a significação. Parece-nos que a terminação ana seja contração de anga-ang-an-ana, espírito e caru uma aliteração de catu, bom. Eduardo Galvão, que realizou uma interessante pesquisa religiosa no Amazonas, encontrou o vocábulo caruanis e não mais caruanas. Caruana não provirá de cariua, sábio poderoso, senhor de segredos, feiticeiro, mágico (Montoya, Baptista Caetano, Stradelli) e o sufixo ramo, rama, rana, namo, valendo semelhante, parecido, igual? Daria, hipotéticamente, cariuarama, cariuana, caruana. 

Texto retirado de artigos da internet sobre o folclore brasileiro, e de guias de viagens sobre o Brasil. 

Luciana Celestino dos Santos
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COISAS DO BRASIL - PARTE 1 – A REGIÃO NORDESTE CAPÍTULO 58

CAPÍTULO 58 

Após, o barqueiro contou a sobre a Caamanha/Mãe-do-Mato:
Ente fantástico que se supõe habitar a mata e que parece ser o próprio Curupira.66

66 (Stradelli, 386, Vocabulário Nheengatu).

Texto retirado de artigos da internet sobre o folclore brasileiro, e de guias de viagens sobre o Brasil. 

Luciana Celestino dos Santos
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COISAS DO BRASIL - PARTE 1 – A REGIÃO NORDESTE CAPÍTULO 57

CAPÍTULO 57 

Quanto ao Curupira, trata-se de um caapora, residindo no interior das matas, nos troncos das velhas árvores.
De defensor de árvores passou a ser protetor da caça, tal-qualmente sucedeu à Diana greco-romana. 58
Os indígenas defendiam-se andando com um tição flamejante durante as jornadas noturnas.
Esses fantasmas da noite fogem da claridade que os homens dominam.
Negros e orientais viajam com fogos, amedrontando os bichos fabulosos que povoam as horas escuras.
Trata-se de um grande homem coberto de pêlos negros por todo o corpo e cara, montado sempre num porco de dimensões exageradas.59
Em qualquer direção, pelo interior do Brasil, o Caapora-Caipora é um pequeno indígena, escuro, ágil, nu ou usando tanga, fumando cachimbo, doido pela cachaça e pelo fumo, reinando sobre todos os animais e fazendo pactos com os caçadores, matando-os quando descobrem o segredo ou batem número maior das peças combinadas.
O Caipora pequeno e popular é o velho Curupira, e possivelmente representa o Caapora inicial, o selvagem apenas, agigantado pelo medo que espalhava no mistério da floresta.60
Se o Caapora fosse um gigante, dispensaria o sufixo açu, aumentativo.
Por todo o nordeste do Brasil duas imagens verbais pintam o duende: fumar como o Caipora e assobiar como o Caipora.
Dizem, nessa região, comumente o Caipora fazendo-o sempre uma indiazinha, amiga do contato humano, mas ciumenta e feroz quando traída.
Quem a encontra, fica infeliz nos negócios, e em tudo quanto empreender.
Do Maranhão para o sul o Caipora é o tapuia escuro e rápido.
No Ceará, além do tipo comum, aparece com a cabeleira hirta, olhos de brasa, cavalgando o porco, caititu, e agitando um galho de japecanga (Smilax).
Engana os caçadores que não lhe trazem fumo e cachaça, e surra impiedosamente os cachorros.
Em Pernambuco apresenta-se com um pé só, e este mesmo redondo, como o pé-de-garrafa, e o segue o cachorro Papa-Mel.61
Na Bahia é uma cabocla quase negra ou um negro velho, e também um negrinho em que só se vê uma banda.62
No Sergipe, quando não o satisfazem, mata o viajante a cócegas.
No Extremo Sul reaparece o homem agigantado.
No Paraná é também um gigante peludo.
Em Minas Gerais e Bahia, ao longo do rio São Francisco, é um “caboclinho encantado, habitando as selvas”, com o rosto redondo, um olho no meio na testa.63
Por onde emigra, o nordestino vai semeando suas figuras e crenças.
O Caipora, ou a Caipora, popularizadíssimo em sertão, agreste e praia, vai alargando a área geográfica do domínio.
O mesmo sucede nas regiões da erva-mate com a Coamanha, mãe-da-erva, apaixonando-se, auxiliando, enriquecendo o namorado, mas perseguindo e vingando bestialmente seu amor abandonado.
O Caipora, com o contato do focinho do porco, da vara de ferrão, do galho de japecanga ou da ordem verbal imperativa, ressuscita os animais mortos sem sua permissão, apavorando os caçadores.64
Existe a versão que “o caipora pode ser afastado mastigando-se alho”, e registra-se um episódio que é variante do Mapinguari:65
“O Caipora existe mesmo.
Assim como um soco no braço da gente deixa sinal vermelho, o Caipora também deixa sinais.
Um imigrante português, homem honrado e digno de fé, que foi avisado para não caçar às sextas-feiras.
Ele riu-se do aviso e foi ao mato procurar jacus: achou um e atirou.
O jacu voou para ele com as garras estendidas e arranhou-o cruelmente.
Ele atirou outra vez.
O jacu voltou e arrancou-lhe os olhos.
Então ele ouviu uma voz dizer:
“Você sabe que não deve caçar nas sextas-feiras”.
Era o Caipora.
O homem voltou cambaleando para casa, e caiu sem sentidos na porta.
Conheci bem esse homem”.
Essa interdição da caça nas sextas-feiras, como na história do Mapinguari do rio Purus, referente aos domingos, identifica a influência católica da catequese.

58 Discute-se a existência do Caapora quinhentista, contemporâneo do Curupira, e não simples fusão posterior. Gonçalves Dias (Brasil e Oceânia, 106) traduz facilmente Kaa, mato, e Gerre, ou Guerre, corrutela de Guara, habitante, morador. O mesmo que pora, Kaagerre é informe e ameaçador como o Curupira de Anchieta.
59 É um mito tupi-guarani, emigrando do Sul para o Norte. Couto de Magalhães.
60 O próprio Couto de Magalhães, querendo escrever em nheengatu gigante morador do mato, grafou Caapora-assu.
61 (Barbosa Rodrigues).
62 (Silva Campos), lembrando os Ma-Tébélés africanos (Blaise Cendrars) ou os Nisnas clássicos, evocados por Gustave Flaubert na Tentação de Santo Antão.
63 (Manuel Ambrósio).
64 Bibliografia: Couto de Magalhães, O Selvagem, 137; Gonçalves Dias, Brasil e Oceânia, 105; Beaurepaire Rohan, Dicionário de Vocábulos Brasileiros; Barbosa Rodrigues, Poranduba Amazonense, no estudo do “Kurupira”; Manuel Ambrósio, Brasil Interior, 71; Cornélio Pires, Conversas ao Pé do Fogo, 154; Luís da Câmara Cascudo, Geografia dos Mitos Brasileiros, com registro de depoimento de caçadores contemporâneos. Donald Pierson, Brancos e Pretos na Bahia, 324-325, São Paulo, 1945.
65 Em Silva Campos, LXXVI.

Texto retirado de artigos da internet sobre o folclore brasileiro, e de guias de viagens sobre o Brasil. 

Luciana Celestino dos Santos
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COISAS DO BRASIL - PARTE 1 – A REGIÃO NORDESTE CAPÍTULO 56

CAPÍTULO 56

 A seguir, falou sobre o Bolaro:
Trata-se de um espírito que os tucanos, em conversa com estranhos, chamam de Curupira.
Caracterizam-se como indivíduo de pés virados para trás, que vagueia de preferência pelos igarapés em que se escondem os instrumentos de Jurupari, defendendo a estes da curiosidade feminina e infantil, chupando o cérebro de suas vítimas.
Ao comentar sobre a Caapora ou Caipora, dizia que era o Curupira tendo os pés normais.
De caá, mato, e pora, habitante, morador.
“Do que se infere que o diabo disfarçado de figura humana, Coropira, tem muita comunicação com os irmãos mansos e já aldeados; e muito mais com os bravos, a que chamam Caaporas, isto é, habitantes do mato”.57

57 O padre João Daniel, missionário no Amazonas, 1780-97, informa sobre a significação primitiva do vocábulo. (“Tesouro Descoberto no Rio Amazonas”, Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, II, 482).

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Luciana Celestino dos Santos
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COISAS DO BRASIL - PARTE 1 – A REGIÃO NORDESTE CAPÍTULO 55

CAPÍTULO 55

 Ao falar sobre a Boiúna, o barqueiro comentou:
Mboi, cobra, una, preta “Cobra escura, a Mãe-d’água, de tanto destaque no folclore amazonense por transformar-se em as mais disparatadas figuras: navios, vapores, canoas...
Ela engole pessoas.
Tal é o rebojo e cachoeiras que faz, quando atravessa o rio, e o ruído produzido, que tanto recorda o efeito da hélice de um vapor.
Os olhos fora d’água semelham-se a dois grandes archotes, a desnortear até o navegante.
Os acontecimentos os mais inverossímeis são atribuídos à Boiúna.”56

56 O mais popular dos mitos amazônicos. Alfredo da Mata (Vocabulário Amazonense).

DICIONÁRIO:
rebojo /ô/ substantivo masculino 1. BRASILEIRISMO•BRASIL movimento de rotação em espiral causado por queda de cachoeira; remoinho.
2. remoinho de água que se forma no mar ou no rio e leva coisas para o fundo; sorvedouro, turbilhão, voragem.

Texto retirado de artigos da internet sobre o folclore brasileiro, e de guias de viagens sobre o Brasil. 

Luciana Celestino dos Santos
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COISAS DO BRASIL - PARTE 1 – A REGIÃO NORDESTE CAPÍTULO 54

CAPÍTULO 54

Depois, comentou sobre a Visagem:
Assombração, fantasma, alma do outro mundo, aparição sobrenatural.
Cabelo assanhado como quem viu visagem.
Apareceu uma visagem!
Forma indecisa, causando pavor.
Sentimento fingido, hipocrisia.
Deixe de fazer visagem comigo.55

55 Dicionário do Folclore Brasileiro - Câmara Cascudo, Rio de Janeiro: Ediouro Publicações S.A. sem data.

Texto retirado de artigos da internet sobre o folclore brasileiro, e de guias de viagens sobre o Brasil. 

Luciana Celestino dos Santos
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