Poesias

sábado, 25 de abril de 2020

Vinte e cinco anos

Comemorações, festejos
Nesta festa de felicidade e vida
Cenáculo de enfindos momentos

Fotografias a registrarem ternos momentos de família
Viagens, passeios, almoços, aniversários
Comemorações em dias paternos e maternos
Presentes, lembrancinhas, ou presença
Muitos e muitos anos de matrimônio
Tendo por trilha sonora, mil canções diversas

Desejo-te mais vinte cinco anos, e vinte cinco anos, e vinte cinco anos mais
Mais porém, não posso desejar-te, pois a vida limitada se faz
Parabéns por esta data!
Felicidades enfindas!

DICIONÁRIO:
cenáculo
substantivo masculino
1. ANTIGO
ambiente, cômodo em que era servida a ceia.
2.sala para refeições em escolas, quartéis etc.; refeitório.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte. 

Voejando

Vou voando para longe
Para quem sabe assim poder decifrar
O mistério da vida
E o desenrolar dos acontecimentos vários interpretar

A vida intensa, tensa e corrida
A nos fazer sentir vontade,
De para longe voar, outros ares respirar
Pois a vida muitas vezes nos fica a sufocar

Sinto necessidade de um tempo para mim
Um tempo de nada fazer, apenas sentir
Sinto muitas saudades de mim

De um tempo,
Onde podia apreciar com mais tranqüilidade,
O desenrolar dos eventos

Hoje, anestesiada pela vida corrida
Mal tenho tempo de lembrar,
De muitos dos detalhes,
Dos acontecimentos vividos

Quero um tempo só para mim
Para curtir apenas,
O simples prazer de existir!
 Sentir necessidade de respirar
Em uma nova realidade mergulhar
E nos sonhos investir,
Para melhores palavras encontrar

Pois tudo o que dizemos
Não pode contra nós ser usado
E com isto nos sentirmos desarmados,
E vilipendiados pela vida

Quero ter a liberdade,
Para melhores rumos tomar
E os mais belos cenários contemplar
Pois a beleza da vida,
Reside nas coisas mais singelas

Quero visitar o pássaro azul
Que viaja para longe de mim
E para cada vez mais longe,
Bate suas asas
Desejo que volte para perto de mim
Que não se esconda nos escombros da existência
E que surja lindo e belo,
Com suas penas azuladas,
Em plena luz do dia

Pássaro este que todos nós buscamos
E embora muitas vezes perto de nós
Custamos muitas vezes, a enxergar
E assim, indagamos: Será mesmo que ele está assim tão perto?

Às vezes tenho dúvida de sua presença,
De sua existência
Vida por vezes, demasiado pesada
A expressar seus momentos
Nos mais belos traços faciais

E a necessidade de um respiro,
Para a dura lida,
Vida renhida
E a vontade de embriagar-me de vida!
A ocupar-me com os grandes aspectos monumentais
A esquecer-me dos pequenos detalhes

Desejo voar para longe
Conhecer novas paragens visuais
E novos cenários espirituais
Nesta realidade atemporal

Como a planta a se alimentar da seiva
A formiguinha a recolher o alimento,
As folhas, o açúcar, e o seu pão
E a levar, em grupos,
Para seu ninho, seu chão
Abrigando-se das intempéries,
E do frio intenso,
Com sua reserva de víveres
E a se prepararem para o futuro

E o futuro será novos ares
Romagem nesta vida aventureira!

Voa, voa para longe
Voe para onde meu coração se esconde
Para onde a verdade se faz presente e constante
Voe para onde se encontra minha felicidade
E onde terei paz e tranqüilidade

Sonhos de lindos dias amorosos,
Em tarde tépida e fagueira
Como nos meus melhores sonhos,
A se fazer companheira,
Na longa vida viajeira, voejando, voadeira!

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

Significado de Voejando
O mesmo que: esvoaçando, pairando, planando, aplainando, adejando, drapejando, revoando, revoluteando, voando.

Romagem
Caminho percorrido (no correr dos tempos); ato de passar (o tempo).

Ô Minas dos Meus Encantos – Quem Te Conhece, Não Te Esquece Jamais!

Passeio muito aguardado,
Viagem tão esperada,
Regresso as Minas Gerais

Mas para tanto,
Viagem ao interior do Estado de São Paulo,
Com suas diversas cidades, idas e vindas mil
Até chegar em Minas, Poços de Caldas,
E depois, voltar a Ribeirão Preto,
Para novamente regressar a Minas, desta vez a Araxá

Ô Minas Gerais,
Ô Minas dos Meus Encantos,
Quem te conhece, Não te esquece jamais!

Andanças por uma Poços de Caldas
Tendo suas Belas Termas em reforma
Com suas belas praças, e muitas árvores altaneiras
Em seus cantos, e muitos encantos

Com aves e pássaros canoros
Muitas pontezinhas singelas
Relógio de Flores
Passeios pela cidade,
Em suas encantadoras lojas de cristais
E estabelecimentos repletos de produtos cosméticos,
E sabonetes medicinais
Além de suas fontes termais

Passeio de charrete
Cidade romântica
Muito verde, primaveras floridas,
Sibipirunas azuis e amarelas, entre outros encantos

Como a linda história da Fonte dos Amores
Onde uma linda freirinha
Enamorou-se de um garboso padre,
Para desespero de ambos
Visando resolver o impasse,
Homiziaram-se por perigosas veredas, fechadas matas
Acabando por perder-se em meio a elas

E com isto, vindo a perecer
Reza a lenda, que unidos, encontrados foram,
Nus e abraçados
Unidos como não o puderam ser em vida

Dizem que o pai da donzela,
Em homenagem a filha e ao moço
Mandou esculpir uma escultura de um casal, nu
E a colocou em sua fazenda
Mais tarde, a obra de arte foi colocada ao Lado da Fonte
Que em homenagem a história irrealizada do amor de ambos
Passou a denominada ser A Fonte dos Amores

Dizem, que neste Romeu e Julieta Uai,
Quem beber destas águas frescas,
Encontrará por fim, o destino de seus afetos
Um amor na vida

Na dúvida, quem não quer se amarrar
É melhor só beber suas águas,
Somente se estiver com muita sede
Na dúvida, é melhor se garantir
Vai que acontece!

Poços de Caldas,
Cujas águas medicinais são extraídas de poços
A propiciarem tratamentos curativos
Cidade de muitos encantos, de muitas belezas

Rios a cortarem a cidade,
Com seus caminhos circundados de árvores e flores
Servidas de belas e saborosas iguarias
Boa comida, e bons passeios em uma cidade atrativa

Mais tarde, a conhecer a bela e longínqua Araxá
Com passeios pelo lugar
Cidade de bonitas igrejas, e bons museus
Passeios pelas belas terras de um antigo Barreiro
Lamaçal onde cavalos e carroças passavam
Antigos pântanos,
Onde as patas dos quadrúpedes tocavam,
Formando barreiros
Antiga expressão do lugar

Terra encantada dos banhos de Beija
Mulher ardente, e de grande beleza
A cuidar do corpo e da saúde, com grande apreço

Lugar onde primeiro se avista o sol
E onde os raios de sua claridade e beleza em nada sobejam,
Dardejando seu brilho
Brilho e beleza que não rivalizam
Como os encantos de Dona Beja

Quem quer conhecer sua história
Jamais esqueça o legado,
Da grande dama, benfazeja Mulher
Ana Jacinta de São José

Ora denominada Beja,
Por conta do beijo,
Outra denominação do formoso hibisco,
Ora por conta da beleza e da graça que faziam par,
Com os encantos do beija-flor

Passando por sua fonte, e bebendo de suas águas
Caminhando pelos lugares onde passastes,
Onde pisastes seus delicados pés
A imaginar tão famosa dama,
A tomar banhos em suas águas medicinais,
Em seu famoso barreiro
Fonte da Jumenta

Araxá, terra de encantos
A abrigar obras belíssimas dos filhos da terra
Calmon Barreto,
E suas belíssimas pinturas de uma natureza já devastada
A servir de cenário para a agricultura,
E usos e costumes dos homens
Memorial de Araxá, com suas fotografias,
Revistas e utensílios,
Das épocas mais diversas,
A contar a história de um povo,
Com suas louças, talheres, rádios, máquinas várias,
Textos a retratarem a memória dos moradores do lugar

Sem contar a exuberância do Barreiro
E seu magnífico Hotel, imenso e imponente
O rio a circundar a construção, o pedalinho,
As regatas, as charretes a circularem pelo jardim
Os ipês e paineiras floridos
Cavalos a trotar

As magníficas termas, o interior do belíssimo hotel
E suas belas salas, seus salões, restaurante, cine teatro
Pessoas muito bem vestidas, carrões estacionados
E as termas, com seus variados banhos

Um guia a explicar ser o banho de lama, o mais completo
Onde a pessoa mergulha,
Em uma banheira repleta de lama medicinal
Seguida por um banho em água medicinal,
Tendo após um processo de sudação,
Onde a pessoa é envolta em toalhas,
Para suar, expelindo pelos poros,
Todas a impurezas do corpo
Passando por um processo de renovação

Fico a imaginar alguém de posses,
A passear pelo átrio repleto de vitrais no teto,
Com pinturas da origem do Barreiro
Como os índios Araxás,
A vinda dos portugueses em cavalos e bois,
Vindo a descobrir o barreiro Dona Beija, e a posterior transformação do lugar,

Em estância hidromineral Pinturas dos banhos na história:
Banho Bíblico, Grego, Romano, em suas termas, Caldério,
Até se chegar aos banhos atuais

Os moços e moças de outros tempos,
 A brincarem com a ressonância do lugar
O som mais alto a vibrar e ecoar nos ouvidos,
Em maior intensidade que em outros lugares
E o transcorrer do tempo a imaginar
Jovens com suas roupas de banho compridas,
A lembrarem collant’s com bermudas,
Maiôs a lembrarem vestidos, com suas diminutas saias

Passeios pela Piscina Emanatória
E seu banho de vapor,
Um banho masculino,
Com um jato d’água disparado de cerca de vinte metros
Banhos radioativos, onde não é permitido o acesso
Experimentar água radioativa,
Muito semelhante a água que bebemos
E a água sulfurosa,
Salgada nos primeiros goles, e amarga no final

No interior da construção,
Existe o acesso ao famoso hotel
Onde fomos guiados para uma visitação

Passeio onde a imaginação voou longe
E a imaginar o hotel em seus primeiros tempos,
Com seus frequentadores de termo e gravata,
Talvez smoking nas festas e eventos de gala
Moças em seus vestidos soltos, salto, maquiagem
Com cabelos a imitarem grandes ídolos do cinema, dos anos vintes, trintas
Mocinhas acompanhadas de suas famílias endinheiradas,
Ou de seus maridos
Solteiras, a sonharem com seus príncipes,
Ou casadas, a viverem um breve conto de fadas,
Em ambiente de sonhos,
Especialmente arquitetado para este fim
Quantos bons espetáculos, devem eles ter apreciado em seu auge
Que momentos gloriosos devem ter sido

Segundo o guia,
O hotel hoje encontra-se arrendado a particulares,
Que tentam recuperar o esplendor de seus tempos de ouro
Quando a jogatina não era proibida,
 E os homens das famílias de escol, apostavam fortunas em suas roletas
Abolidas em 1946, por determinação do Presidente da República,
Excelentíssimo Senhor, General Eurico Gaspar Dutra

E o moço, com sua roupa social e seu chapéu coco, a explicar
Que o jogo permaneceu a ser praticado, por debaixo dos panos,
Em recintos recônditos do hotel,
Que mais se assemelha a um castelo
Até por fim, a ser eliminado por completo,
Decerto, devido às perseguições e denúncias,
Vindo o magnífico palácio, a entrar em declínio

Em suas horas de ocaso,
Administrado fora por diversas gentes
Até ser arrendado, Tauá, espero voltar a encontrar-te
Encontrar a ti novamente,
Juntamente como os outros lugares que conheci

E que aquelas gentes elegantes de outrora,
Sirvam de referência para se relembrar,
Os antigos momentos de esplendor do hotel
Somente tendo senões na demora em se chegar a cidade,
A necessidade de se viajar em dois ônibus rodoviários
E chegar tão tarde a cidade,
Que só pude conhecê-la no dia seguinte

A demora do ônibus, único a levar ao Barreiro
Me parecendo que além de ser a única linha,
É o único ônibus a circular para lá

Passeios pela cidade,
Caminhos não conhecidos pelos turistas
Para só assim se sentir a cidade

Em Uberaba,
Beleza de Hotel com seus magníficos vitrais, belos móveis
Bons espelhos, todos decorados,
Hotel em estilo árabe,
A fazer-nos sentir em um conto das Mil e Uma Noites

Varandas com grades, a descortinarem uma nesga da cidade
Entrada com banquinhos,
 Caramanchão cercado de primaveras
Muitas fotos tiradas
Passeio pela cidade, de muitas e belas igrejas

Parque Fernando Costa e seu leilão de gado
Financiado pelos fazendeiros da região
Em caminhos próximos,
Chegamos a Casa de Memórias e Lembranças, de Francisco Cândido Xavier
Residência onde morou Chico Xavier
Possuí livraria, o mobiliário, livros, fotos
E lembranças do acervo do médium

Seu filho Eurípedes dá continuidade,
A sua memória e ao seu legado
Na luta para que Chico seja universal,
E não de um grupo interessado apenas, em lucrar comercialmente,
Em cima de sua história e de suas boas ações

Em seu túmulo, a escultura do homem
De cabeça baixa, a psicografar
Sentado em sua escrivaninha
Ao lado de um busto do médium
E o desmentido de que a escultura verte água
Que malandragem, hein?
Truque barato para enganar pessoas de boa fé
Desmentido feito pelo filho do médium

Cidade de muitos encantos
E hotel com boa gastronomia
Mata do Ipê e um belo pavão,
Além de patos e lagoas

Em Uberlândia, a Praça Tubal Vilela
E um hotel, com culinária ultra sofisticada
Parque do Sabiá, com seu Aquário, Zoológico,
Pista para caminhada e corridas, com um lago ao fundo
Ipê branco, pedalinhos, peixes, telhado em madeira, aberto
Canhão, e bancos estilizados, parecendo madeira
Escultura de sabiá, vaquinhas, jacaré, e outros animais

Parque Siquieroli e seu Museu da Biodiversidade do Cerrado
 Com porcos do mato taxidermizados, aves, ninhos
E muita espera no ponto de ônibus
Em banca de jornal, a compra de belos postais
Recordações mil
E depois de muitas andanças,
O regresso a São Paulo de Piratininga
E depois a Santo André, livre terra querida
Ô Minas Gerais,
Mais um adeus a terra do Uai

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte

Paisagens Peruibenses

Céu estrelado,
A nos apresentar depois de uma breve caminhada
A lua ainda a se formar
Clara, nos primeiros passos no passeio a beira mar
A se definir, cada vez mais brilhante ao sabor das passadas

No dia seguinte,
Lua cheia coberta pelo véu
Envolta em aura dourada
Ora surge em meio a um firmamento azul escuro,
Ora se esconde em meio ao véu;
Ora diáfano, ora denso e escuro

Noite com poucas estrelas
A se despedir de um sol alaranjado
A correr por detrás de casas
A compor um bonito quadro com a montanha verde

A tarde púrpura
Purpureando o dia
Combinada com os tons azuis e nuvens, do cair do dia

As gaivotas a voarem pelos céus
Os quero-queros, a caminharem pela areia
E o mar belo, e a lua tímida
Clara, quase transparente no horizonte

Duas pessoas sentadas em um banco de concreto,
Contemplam a beleza do fim de tarde,
O começo da noite, com seus mistérios

Algumas pessoas caminham,
Outras andam de bicicleta
O dia cada vez mais curto,
E a noite a chegar-se cada vez mais depressa
Em contraste a estas noturnas impressões

Dia lindo, claro, ensolarado
O mar a revolver areia
Em outros, pontos azul e espumoso em ondas brancas
Tantos contrastes em um mesmo cenário!

Aproveitar o dia para caminhar a beira mar
Molhar os pés na água fresca,
Água a beijar os pés que tocam a úmida areia

A blusa longa estampada e de mangas,
Aberta, balançando ao vento,
A sentir a cálida brisa
O sol a dourar a pele
O biquíni amarelo a compor um romântico par com o sol

O corpo a mudar de cor
Um chapéu de palha para proteger o rosto
E a contemplação de um cenário sempre renovado,
Embora tantas vezes já visto
Como a vida pode ser tão boa nestes momentos,

Pródiga, generosa, farta
E tão dura e avara, em outros?
Não consigo entender!

Como se a dura lida dos dias,
Fosse uma preparação, provação,
Para que mais tarde, se possa desfrutar de instantes de delícias
A alegria de se saber viver
Nos caminhos em direção ao paraíso
Pela estrada afora, se pode avistar da serra

As minúsculas cidades praianas
Seus prédios, suas construções
O verde imenso das matas, os mangues
O velho trem abandonado na estrada férrea
A estrada e o concreto do muro de proteção

As curvas da estrada, os rios, as pessoas a pescar
Pessoas a circularem de bicicleta pelos vãos entre as vias
Casas e matas, o mar ao fundo
Intervalado entre uma construção e outra
Ao chegar na cidade querida,

A Torre da TV se avista ao longe,
Como se sua presença prenunciasse a chegada,
A um reino de delícias, contemplação e alegria
Magia e alegria de se sentir em casa
Em uma nova morada, mergulhada em um novo viver

No jardim,
As dálias altivas, com suas flores róseas, imensas,
Seus botões prestes a eclodir em floradas
Imensas, voltadas para o sol
Ombreando em majestade com os ipês

O manacá a apresentar suas primeiras flores da estação
A brancura da primavera a se despedir de nós Semanas atrás, lembranças de sulcos na areia Desenhado pelo movimento das ondas
Coqueiros, muitos coqueiros entre as moradas
Porta-retratos a lembrarem a presença dos moradores

Conchas por toda a parte a enfeitar a casa
Bandeirolas a compor o cenário de festividades juninas
Passeios de bicicleta pela orla
E a omissão de não se fazer cuidar do patrimônio mais caro
Que é a própria cidade
Reclamar-se sem se conseguir fazer ouvir
É pena!

Pena como o homem consegue estragar,
A mais linda e perfeita criação divina
Será que algum dia chegaremos a um resultado?
Com isto, segue a noite com seu azul escuro
A lua em dado momento desaparece
Raios e relâmpagos clareiam a noite

Durante o regresso ao lar,
Por diversas vezes se viu o céu a clarear a noite
Os raios cada vez mais intensos
Despedida de belos momentos praianos
Das paisagens peruibenses,
Para mais um dia de trabalho …

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte. 

Imemoriais

Em memórias, um passado remoto, que não quer se apagar.
Lembranças tristes, álacres, doridas, fagueiras.
Saudades de um tempo, mais que passado.
Repisar de eternas lembranças.
Rodamoinhos existenciais.
Flores do bem e do mal. 

De passagem pelo trem da vida, reconheci passagens de um tempo remoto.
 Longínquo.
Construções antigas, prédios de tijolos à vista, paredes, galpões, fábricas, fachadas, azulejos. Detalhes.
Rica ornamentação, esculturas lindamente trabalhadas, casas abandonadas.
Construções de galpões de tijolos – fábricas.
Descortinadas junto as estradas de ferro. Belíssimas construções.
Monumento erigido em homenagem ao esquecimento.
Memória da história operária do Brasil.

Labéu do esquecimento.
Desdouro em nossas memórias.
Quanta luta, quanto sangue derramado.
 Vidas devotadas ao trabalho.
Desidério de uma vida futura, onde a memória fosse preservada.

 Operários indo trabalhar em uma tecelagem, em máquinas de fiar.
Mulheres pobres, sacrificadas, morando em cortiços.
 Casas velhas e mal cuidadas.
 A trabalhar longas horas.

De madrugada “o apito da fábrica de tecido” a ferir aos ouvidos, de todos os passantes dos arrabaldes. Consoante a inesquecível canção do imortal Poeta da Vila.
Em contraste, belas casas, mansões, palacetes.
 Detalhes, entalhes, esculturas, colunas.
 Vitrais, estátuas.
 Construções a sofrerem com as horas do ocaso.
O crepúsculo de áureos tempos.

 Ao passar diante de tais monumentos, muita vida a contemplar.
Memória de um passado não muito remoto.
Muito embora remeta a tempos imemoriais.

Lindas jovens a andarem em seus carros sem capô.
Curtos cabelos cacheados, brancas peles, longas saias e chapéus.
 Além das brancas luvas.
 Corsos carnavalescos, carros enfeitados com flores.
 Confete e serpentina.

O tempo.
Retrato amarelado na parede da memória. 
Lembrança a ser resgatada em nossos sentidos.
 Cinematografo – a fábrica de sonhos.
Nascimento da indústria cinematográfica.
Humberto Mauro, Rodolfo Valentino, Theda Bara, Clara Bow, Douglas Fairbanks, Charles Chaplin, Greta Garbo.

Ídolos a embalar os sonhos dos jovens da época.
 Moços e moças a se imaginarem, fortes e destemidos, galanteadores; ou então, delicadas e donairosas, a espera de um príncipe valoroso.

Assistir as fitas de cinema.
 Grande evento social.
Filmes mudos, legendas, retratos em preto e branco.
Expressão corporal. Olhar marcante.
Olhos marcados. Forte expressão do olhar.
 Virilidade.
Languidez no olhar.

Tempos distantes nos espaços imemoriais.
 Lembranças da moça sentada em um banco da praça, tímida, a sonhar com tão belo rapaz. Melindrosa.
Um príncipe das telas de cinema.
 Anos Vintes.

Tempos distantes.
Longânime e resignado senhor de brancos cabelos.
Nem sempre! ...
O tempo a tudo consome, a tudo devora.
 A tudo transforma, deixando tudo como dantes.
O tempo não existe, o que existe são as lembranças a marcarem passagens de vida.
Devir do mundo, rotação da vida.

Saudade das coisas e das casas, dos muros, dos prédios, e de tudo que nunca deveria mudar.
Saudades de um mundo melhor.

 Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

FLASHES

Deus, ó Deus dos insensatos
Como pode permitir tal desiderato?

 Luciana Celestino dos Santos
 É permitida reprodução, desde que citada a fonte.

terça-feira, 21 de abril de 2020

Palavreado

Valsando juntos
Mãos seguras em uma dança delicada
Rodopio pelo amplo salão

Vestido longo, vaporoso
A fazer movimentos encantadores pelo salão
Com desenhos etéreos no ar
A desfazerem-se em poucos minutos

Abraçados, estando o rosto inclinado a contemplar seu parceiro
Zanzando pelos salões, convidados
Belas luminárias a compor o ambiente
Pessoas animadas, conversando no jardim

E o tempo a correr, constante, nestas horas alegres
Delineando contornos
Esfinge que nos espera
Para decifrar mistérios infindos

Sempre a nos espreitar
Factual
Consentâneo com as melhores piores coisas do presente

Herança de nossos tempos
Imanente, latente
Sempre a nos acompanhar

Mesmo que não queiramos a sua presença
Gelosias, onde os melhores pensamentos
Permanecem sempre ocultos

Jovens em busca de melhores perspectivas
Linhas indivisas que se transformam
Transbordam, sobejando em seu ser

Novamente o casal a valsar pelo salão
Deslizando em seu chão frio e brilhante
Piso cuidadosamente lustrado
Felizes, caminham juntos em direção ao jardim
E dançam novamente

O vestido vaporoso a mudar de forma,
Os ventos a invadirem todos os espaços vazios
E ao sabor da atmosfera, todas as formas mudar
A brisa fresca do vento

O esquecimento a nos assombrar
Querer mais do que nunca,
Jamais esquecer

Tempo, este cavalheiro sempre constante
Posto que sempre presente está
Mas ao mesmo, nunca o é da mesma forma

E o esquecimento a nos assombrar
Querer mais do que nunca
Não se sabe o quê
Talvez jamais esquecer

Tempo
Universal
Indivisível

É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Luciana Celestino dos Santos