O dia-a-dia segue tranqüilo,
Nas horas calmas e tépidas
Longe da azafama diária
Corre e corre sem parar
Dias de férias, descanso e felicidade
Depois de dias de desengano
Transportes vários, complicados, complexos
Dias de trabalhos intensos
Relações complicadas,
Convivência diária
E assim, nos dias que se seguem,
Rumo a paragens diversas ...
E o inseto dos detalhes,
A nos fazer pensar nos pequenos eventos do cotidiano
A delícia de apreciar os pequenos momentos,
Instantes de felicidade
A contemplar a beleza de um jardim,
A imponência surpreendente de um mar,
O verdume de uma serra, a cortar dois relevos
E um céu azul por companhia
No jardim das maravilhas
Pequenos seres a levarem,
E a trazerem víveres para a existência
Viver em colônias
A fazerem seus ninhos na terra
Seio da terra,
Entranhas do mundo
E a passearem a flor da terra
Anunciando tempos de chuva e raios
Seres plúrimos, sempre a andarem em bandos
As formigas!
Ávidas, a invadirem potes de açúcar,
Pacotes de doces
Seres viventes ávidos de açúcar
Produto manufaturado da cana
Colhido em canaviais
Sendo recolhido em cortes de facões,
E processado em usinas,
A se transformar em açúcar
Refinado produto industrializado,
Que agrupado em torrões,
Formam pães de açúcar,
Os quais origem deram,
A denominação Pão de Açúcar,
Ao Morro da Maravilhosa Cidade,
Cheia de encantos mil!
Agressivos seres,
A morderem os demais viventes
A fazerem companhia aos humanos seres,
Nos mais impróprios momentos
E os seres humanos,
A guardarem seus alimentos em frios lugares
Com vistas a conservarem-no,
Longe de seu terrível e indomável ataque
Consoante o antigo adágio:
Ou o Brasil acaba com as formigas,
Ou as formigas acabam com o Brasil!
Predadoras, invadem plantações
Consomem folhas, alimentos
Antagonistas dos homens, das mulheres, das casas
Percorrem trilhas, as mais impróprias
Invadem as casas, as salas de estar
E assim, a dona de casa;
A mulher que fora do lar trabalha,
Quando da unha está a cuidar
E a dona de casa, a se tratar
As formigas ficam, a passearem pelo lugar
Enquanto as unhas manicuram,
A mulher a sugerir,
As formiguinhas caminheiras,
As unhas fazerem,
Passando-lhes glitter
Insetos brilhantes e brilhosos,
Adornadas com os mil sortilégios de inventividades humanos
Lindas e belas,
As formigas decoradas com pedrinhas de brilhante,
Esmaltadas!
E a passarem por mesas, paredes,
Invadirem despensas,
Caules, troncos, gramas
Engenhosos seres
E nos campos, além das formigas várias
Os singelos pés de morango,
Com suas folhas verdes,
Pequena planta rasteira
A se desabrochar em flor
Singela flor branca, de pólen amarelo,
A fazer parte de doce fruto
E os mais sábios a dizerem:
Que a flor do morango não adoça o pão seco!
Pão seco da dureza dos corações brutos,
Que não se amolecem,
Nem mesmo diante das coisas mais sublimes,
E a delicadeza das coisas mais singelas
Pão seco da secura dos corações áridos,
Sem amor, alegria e sem beleza
Ante a beleza de um pé de morango,
Com sua delicadeza de flor e de fruto
Com doçura e azedo, nos certos tons
Mas a delicadeza da flor,
E a maravilha de seu sabor de morango
Não transforma a compleição das coisas da vida!
A doçura não amolece, a dureza dos corações empedernidos
E a flor do morango,
Mesmo diante de tanta beleza, azedo e doçura,
Sabiamente temperados,
Não adoça os pães secos,
A percorrerem as estradas da vida
A nos assolarem de azedume e amargura,
E a nos contaminarem, se não nos apercebemos,
De sua sutil maldade,
Pequenas veleidades do cotidiano
A inveja e a aridez das pessoas insatisfeitas do mundo,
Da vida, e das alegrias alheias,
Não devem oferecer obstáculos,
Às flores do morango
E assim como ela,
As flores de maracujá enfeitam o pé da fruta
Fruta sem grandes atrativos de beleza,
A apresentarem bela iguaria em forma de um suco suave,
De calmante poder
Que com o tempo envelhece,
Apresentando rugosidades em seu formato
Bela flor a apresentar a paixão de Cristo!
E as formigas a passearem,
A percorrem o jardim
Entrando e saindo da terra
Abastecendo seu ninho com comida
Praga a atormentar a vida dos humanos seres,
Que de tudo fazem para delas se livrarem
Até quando esta guerra ocorrerá?
Quando a mesma deverá acabar?
Formigas, formigas, formigas!
Detestáveis formigas!
Efêmera existência, a fazer parte da vida,
A contragosto dos humanos seres,
Que não suportam a dureza de sua picada dolorida,
A inocular veneno
A viverem em bandos, gregários seres
E assim, em contraste ao trabalho das formigas
A dipladênia florida,
A espalhar seus galhos e flores pelo jardim
Manacá florido, com sua copa altaneira
Hortência florida,
Em seu buquê de pétalas azuis,
Protegidas pela copa da árvore,
Lindo manacá florido!
Rosas descansam sua beleza,
De caule e folhas sem flores
Dama da noite,
Com suas diminutas flores brancas,
A evocarem a infância de perfumes etéreos
Em bela árvore,
A enfeitar o jardim de minhas saudades!
As Lágrimas de Cristo,
A envolverem a entrada da casa
A enfeitarem as ripas de madeira
Azaléias por todos os cantos, de cores diversas
Dálias lutam estoicamente,
Para ornarem o jardim,
Com suas belas flores coloridas
As lantanas escondem-se sorrateiras,
Atrás de imponentes hibiscos dobrados,
Crescidos e coloridos, laranjas, vermelhos e rosas
E até mesmo, um tímido pé de laranja,
Envolveu-se na trama das plantas do jardim,
Adornado pelas azaléias
Do lado de fora,
Uma bonita árvore com sua copa arredondada
As primaveras entrelaçadas, vermelhas e róseas,
Aguardam o desenvolver de uma primavera maravilha,
Guarnecida por marias-sem-vergonha
E aos pés da parede,
Uma flor boa-noite,
Enfeita o chão revestido com piso
E a grama pouca, parca,
Apresenta um pouco de verde
No jardim de flores e plantas!
Certa vez, um colibri beijou uma flor do hibisco
Ave a colher o pólen das flores,
Voando estático em seu bater de asas no ar,
Momento mágico registrado nas retinas da memória
Lindos retratos registrados no livro das lembranças!
E as flores de ceras com suas cores quentes,
A se mostrarem em exuberância de flores múltiplas
E as formigas a comporem o jardim
Junto as lesmas, com seu corpo branco e viscoso,
E estas últimas, a serem eliminadas com sal
Mas as formigas, sempre as formigas!
Bravamente resistem!
E assim, mesmo sendo temporariamente derrotadas,
Aos poucos retornam,
Reocupando seus lugares nos tormentos humanos
E os humanos seres,
A se acautelarem do traiçoeiro ataque dos insetos
E os insetos dos detalhes,
A não ocuparem nossos dias,
Cheios de preocupações enfindas
E muitas vezes, a nos esquecermos do essencial!
A felicidade é uma porta muito frágil,
Cheia de detalhes sutis,
Os quais muitas vezes não percebemos!
E o orgulho a ocupar as mentes
E os humanos seres,
A derrotados serem,
Pelos pequenos insetos
Que vivem de pequenos detalhes,
Pois suas vidas curtas,
São feitas de pequenos momentos
E o humanos seres,
A se ocuparem apenas,
Dos grandes acontecimentos!
Com isto se denota,
Que a arrogância então deveria ceder espaço ao conhecimento!
E a humildade a nos ensinar deveria,
A melhor viver
Com isto, os seres a aprender deveriam,
A se respeitar
E a inveja de todos deveria se afastar
Pois um existente diz:
Que a inveja, quando não mata, aleija!
Mata e mata sim!
Mata o amor próprio do ser que inveja,
O qual tenta minar a alegria do alvo de sua ira,
Desfeiteando de seus gestos,
Sua maneira de ser!
Raiva que só a ele consome
Embora não consiga enxergar
Pois o ser invejado sua vida prossegue,
A despeito dos venenos e inveja alheios!
Pois assim,
Quando sinto a inveja tentar mirar seus dardos sobre mim,
Tento buscar minha felicidade,
E seguir minha vida,
A despeito das críticas e julgamentos alheios!
Pois quem a cuidar da vida alheia fica
Deveria voltar o foco para si,
E se ocupar mais com sua própria vida,
Pois se aos demais fosse dado cuidar das nossas vidas,
Assim como se para nós fosse dado o referido poder,
Todos estariam credenciados a nossas contas pagarem,
Já que se acham no direito de nossas vidas julgarem
E o mesmo ônus a nós caberia!
Triste sina de quem não tem como sua própria vida ocupar!
Tristes seres a vagarem pela vida,
Errantes
Dignos de pena são!
E nós não devemos com eles nos aborrecer,
E tampouco com eles parecidos ser
Devendo nossa vida viver
E procurando felizes ser
Vivendo, a despeito do desdém, e inveja alheios
Vida alegre e fagueira!
Voa para longe de mim
Os sentimentos mesquinhos,
As horas vazias,
As idéias preconceituosas, pré-concebidas
As pessoas incômodas, que a viver ficam
A existência dos seres a atrapalhar
Que só prevaleçam as alegrias,
E as maravilhas do bem viver
E eu a me ocupar cada vez mais com meu viver
Sem me importar,
Com quem sente prazer em me importunar
Pois que cesse tudo o que antes,
Sem valor se decantava
Por que neste momento,
O ouro da vida, e seu mais alto valor, se alevanta
E viva a vida!
Deixe o inseto dos detalhes ocupar nosso viver
Que possamos admirar o trabalho das formigas,
Sem sermos consumidos por ela
Sem deixarmos ela invadir nossa despensa
E possamos admirar os pequenos instantes de alegria
E a possibilidade de transformarmos nossas vidas
Transformando os momentos de mediocridade,
Em instantes de felicidade
E mudando nossa vida,
Possamos transformar nosso mundo,
E performar nossa realidade
Sem perder o momento rico e único,
De as coisas mudar!
E assim, seguir a vida que se segue
A passar delicioso óleo na pele
Deixando a derme reluzente
Deitando-se em uma esteira,
A tomar um banho de sol,
E a procurar melhores posições para se bronzear,
E a pele aos poucos a colorir,
Ganhando dourados tons
E a contemplar um céu azul, sem nuvens
Lindo de se admirar,
Entrecortado de beirais
Caminhar a beira mar
Vento bravio,
E o sol emoldurar o cenário de praia e areia
E as formiguinhas a percorrerem o jardim
E a flor do morango,
Infelizmente impossibilitada de adoçar o pão seco!
Contemplar a beleza das coisas, das palavras, dos textos
A maravilha e a essência das coisas
Não apenas a beleza efêmera, superficial e fútil
A beleza das violas bem feitas,
Belas em sua exterioridade,
Tendo por dentro somente pão bolorento
Beleza externa exuberante,
Com interior vazio!
Não a isto,
Amo beleza, não apenas pela beleza em si
Mas também pela sua qualidade de belo
Belo por essência,
Não só por fora, mas por dentro também
A beleza da vida, dos dias, dos tempos,
Dos mil sóis a irromperem no horizonte
Os pássaros a voarem pelo jardim
A pousarem em fios de alta tensão
A descasarem nos galhos das plantas das árvores
E a felicidade a residir nas simples coisas
Nos momentos fugazes
Instantes que nos marcam para sempre!
A felicidade não reside nos grandes eventos
Mas nas coisas mais prosaicas do nosso viver
Insetos que dos detalhes, não nos faz esquecer!
Felicidade dos sonhos sonhados;
Vivenciados;
Nos bailes valsados;
Nos olhares trocados;
Na vida vivida;
Nos belos pratos experimentados;
Nos passeios realizados;
Projetos concretizados;
Trabalhos realizados;
No encanto e no desencanto;
No acerto e no desengano
Pois a felicidade é a soma dos momentos alegres
E os tristes momentos a emoldurar os tempos felizes
E a valorá-los para sempre
Pois a vida tem um pouco de alegre e de triste!
Felicidade
Feliz cidade
Pequenos eventos!
Grandes acontecimentos!
E a vida prossegue, assim como os passeios vários!
O jardim a rebentar em verde e em vida
O ipê amarelo a crescer célere em galhos e folhas,
O ipê roxo a descansar em folhas viçosas
E a menina rosa, quando desabrochará?
Rosa flor, rosa menina, que cor terás?
E a vida, quando acontecerá?
Quando então irromperá?
Desabrochará?
Quanto tempo, teremos que esperar?
A curiosidade assola,
E teremos que aprender a saber esperar ...
E a vida continua a se aventurar
Pelos descaminhos do mundo!
E as flores de morango continuam a desabrochar do seio da terra,
Em meio as flores do fruto
E as formigas continuam a passear pelo jardim
E os pães secos já não mais me incomodarão
E assim eu sigo
Vivendo e aprendendo a viver,
A jogar, a chorar e a sorrir
Pois a vida é tão bela,
Apesar de ás vezes parecer tão desprovida de encantos!
E assim tudo a valer a pena ...
Se acaso tentarmos fazer de nossas almas,
Algo pequeno,
Assim não devemos proceder
Pois ...
Nossas almas tem o tamanho do mundo
Só basta a nós, corrermos para alcançá-las!
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Luciana Celestino dos Santos