Poesias

sábado, 25 de abril de 2020

Voejando

Vou voando para longe
Para quem sabe assim poder decifrar
O mistério da vida
E o desenrolar dos acontecimentos vários interpretar

A vida intensa, tensa e corrida
A nos fazer sentir vontade,
De para longe voar, outros ares respirar
Pois a vida muitas vezes nos fica a sufocar

Sinto necessidade de um tempo para mim
Um tempo de nada fazer, apenas sentir
Sinto muitas saudades de mim

De um tempo,
Onde podia apreciar com mais tranqüilidade,
O desenrolar dos eventos

Hoje, anestesiada pela vida corrida
Mal tenho tempo de lembrar,
De muitos dos detalhes,
Dos acontecimentos vividos

Quero um tempo só para mim
Para curtir apenas,
O simples prazer de existir!
 Sentir necessidade de respirar
Em uma nova realidade mergulhar
E nos sonhos investir,
Para melhores palavras encontrar

Pois tudo o que dizemos
Não pode contra nós ser usado
E com isto nos sentirmos desarmados,
E vilipendiados pela vida

Quero ter a liberdade,
Para melhores rumos tomar
E os mais belos cenários contemplar
Pois a beleza da vida,
Reside nas coisas mais singelas

Quero visitar o pássaro azul
Que viaja para longe de mim
E para cada vez mais longe,
Bate suas asas
Desejo que volte para perto de mim
Que não se esconda nos escombros da existência
E que surja lindo e belo,
Com suas penas azuladas,
Em plena luz do dia

Pássaro este que todos nós buscamos
E embora muitas vezes perto de nós
Custamos muitas vezes, a enxergar
E assim, indagamos: Será mesmo que ele está assim tão perto?

Às vezes tenho dúvida de sua presença,
De sua existência
Vida por vezes, demasiado pesada
A expressar seus momentos
Nos mais belos traços faciais

E a necessidade de um respiro,
Para a dura lida,
Vida renhida
E a vontade de embriagar-me de vida!
A ocupar-me com os grandes aspectos monumentais
A esquecer-me dos pequenos detalhes

Desejo voar para longe
Conhecer novas paragens visuais
E novos cenários espirituais
Nesta realidade atemporal

Como a planta a se alimentar da seiva
A formiguinha a recolher o alimento,
As folhas, o açúcar, e o seu pão
E a levar, em grupos,
Para seu ninho, seu chão
Abrigando-se das intempéries,
E do frio intenso,
Com sua reserva de víveres
E a se prepararem para o futuro

E o futuro será novos ares
Romagem nesta vida aventureira!

Voa, voa para longe
Voe para onde meu coração se esconde
Para onde a verdade se faz presente e constante
Voe para onde se encontra minha felicidade
E onde terei paz e tranqüilidade

Sonhos de lindos dias amorosos,
Em tarde tépida e fagueira
Como nos meus melhores sonhos,
A se fazer companheira,
Na longa vida viajeira, voejando, voadeira!

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

Significado de Voejando
O mesmo que: esvoaçando, pairando, planando, aplainando, adejando, drapejando, revoando, revoluteando, voando.

Romagem
Caminho percorrido (no correr dos tempos); ato de passar (o tempo).

Ô Minas dos Meus Encantos – Quem Te Conhece, Não Te Esquece Jamais!

Passeio muito aguardado,
Viagem tão esperada,
Regresso as Minas Gerais

Mas para tanto,
Viagem ao interior do Estado de São Paulo,
Com suas diversas cidades, idas e vindas mil
Até chegar em Minas, Poços de Caldas,
E depois, voltar a Ribeirão Preto,
Para novamente regressar a Minas, desta vez a Araxá

Ô Minas Gerais,
Ô Minas dos Meus Encantos,
Quem te conhece, Não te esquece jamais!

Andanças por uma Poços de Caldas
Tendo suas Belas Termas em reforma
Com suas belas praças, e muitas árvores altaneiras
Em seus cantos, e muitos encantos

Com aves e pássaros canoros
Muitas pontezinhas singelas
Relógio de Flores
Passeios pela cidade,
Em suas encantadoras lojas de cristais
E estabelecimentos repletos de produtos cosméticos,
E sabonetes medicinais
Além de suas fontes termais

Passeio de charrete
Cidade romântica
Muito verde, primaveras floridas,
Sibipirunas azuis e amarelas, entre outros encantos

Como a linda história da Fonte dos Amores
Onde uma linda freirinha
Enamorou-se de um garboso padre,
Para desespero de ambos
Visando resolver o impasse,
Homiziaram-se por perigosas veredas, fechadas matas
Acabando por perder-se em meio a elas

E com isto, vindo a perecer
Reza a lenda, que unidos, encontrados foram,
Nus e abraçados
Unidos como não o puderam ser em vida

Dizem que o pai da donzela,
Em homenagem a filha e ao moço
Mandou esculpir uma escultura de um casal, nu
E a colocou em sua fazenda
Mais tarde, a obra de arte foi colocada ao Lado da Fonte
Que em homenagem a história irrealizada do amor de ambos
Passou a denominada ser A Fonte dos Amores

Dizem, que neste Romeu e Julieta Uai,
Quem beber destas águas frescas,
Encontrará por fim, o destino de seus afetos
Um amor na vida

Na dúvida, quem não quer se amarrar
É melhor só beber suas águas,
Somente se estiver com muita sede
Na dúvida, é melhor se garantir
Vai que acontece!

Poços de Caldas,
Cujas águas medicinais são extraídas de poços
A propiciarem tratamentos curativos
Cidade de muitos encantos, de muitas belezas

Rios a cortarem a cidade,
Com seus caminhos circundados de árvores e flores
Servidas de belas e saborosas iguarias
Boa comida, e bons passeios em uma cidade atrativa

Mais tarde, a conhecer a bela e longínqua Araxá
Com passeios pelo lugar
Cidade de bonitas igrejas, e bons museus
Passeios pelas belas terras de um antigo Barreiro
Lamaçal onde cavalos e carroças passavam
Antigos pântanos,
Onde as patas dos quadrúpedes tocavam,
Formando barreiros
Antiga expressão do lugar

Terra encantada dos banhos de Beija
Mulher ardente, e de grande beleza
A cuidar do corpo e da saúde, com grande apreço

Lugar onde primeiro se avista o sol
E onde os raios de sua claridade e beleza em nada sobejam,
Dardejando seu brilho
Brilho e beleza que não rivalizam
Como os encantos de Dona Beja

Quem quer conhecer sua história
Jamais esqueça o legado,
Da grande dama, benfazeja Mulher
Ana Jacinta de São José

Ora denominada Beja,
Por conta do beijo,
Outra denominação do formoso hibisco,
Ora por conta da beleza e da graça que faziam par,
Com os encantos do beija-flor

Passando por sua fonte, e bebendo de suas águas
Caminhando pelos lugares onde passastes,
Onde pisastes seus delicados pés
A imaginar tão famosa dama,
A tomar banhos em suas águas medicinais,
Em seu famoso barreiro
Fonte da Jumenta

Araxá, terra de encantos
A abrigar obras belíssimas dos filhos da terra
Calmon Barreto,
E suas belíssimas pinturas de uma natureza já devastada
A servir de cenário para a agricultura,
E usos e costumes dos homens
Memorial de Araxá, com suas fotografias,
Revistas e utensílios,
Das épocas mais diversas,
A contar a história de um povo,
Com suas louças, talheres, rádios, máquinas várias,
Textos a retratarem a memória dos moradores do lugar

Sem contar a exuberância do Barreiro
E seu magnífico Hotel, imenso e imponente
O rio a circundar a construção, o pedalinho,
As regatas, as charretes a circularem pelo jardim
Os ipês e paineiras floridos
Cavalos a trotar

As magníficas termas, o interior do belíssimo hotel
E suas belas salas, seus salões, restaurante, cine teatro
Pessoas muito bem vestidas, carrões estacionados
E as termas, com seus variados banhos

Um guia a explicar ser o banho de lama, o mais completo
Onde a pessoa mergulha,
Em uma banheira repleta de lama medicinal
Seguida por um banho em água medicinal,
Tendo após um processo de sudação,
Onde a pessoa é envolta em toalhas,
Para suar, expelindo pelos poros,
Todas a impurezas do corpo
Passando por um processo de renovação

Fico a imaginar alguém de posses,
A passear pelo átrio repleto de vitrais no teto,
Com pinturas da origem do Barreiro
Como os índios Araxás,
A vinda dos portugueses em cavalos e bois,
Vindo a descobrir o barreiro Dona Beija, e a posterior transformação do lugar,

Em estância hidromineral Pinturas dos banhos na história:
Banho Bíblico, Grego, Romano, em suas termas, Caldério,
Até se chegar aos banhos atuais

Os moços e moças de outros tempos,
 A brincarem com a ressonância do lugar
O som mais alto a vibrar e ecoar nos ouvidos,
Em maior intensidade que em outros lugares
E o transcorrer do tempo a imaginar
Jovens com suas roupas de banho compridas,
A lembrarem collant’s com bermudas,
Maiôs a lembrarem vestidos, com suas diminutas saias

Passeios pela Piscina Emanatória
E seu banho de vapor,
Um banho masculino,
Com um jato d’água disparado de cerca de vinte metros
Banhos radioativos, onde não é permitido o acesso
Experimentar água radioativa,
Muito semelhante a água que bebemos
E a água sulfurosa,
Salgada nos primeiros goles, e amarga no final

No interior da construção,
Existe o acesso ao famoso hotel
Onde fomos guiados para uma visitação

Passeio onde a imaginação voou longe
E a imaginar o hotel em seus primeiros tempos,
Com seus frequentadores de termo e gravata,
Talvez smoking nas festas e eventos de gala
Moças em seus vestidos soltos, salto, maquiagem
Com cabelos a imitarem grandes ídolos do cinema, dos anos vintes, trintas
Mocinhas acompanhadas de suas famílias endinheiradas,
Ou de seus maridos
Solteiras, a sonharem com seus príncipes,
Ou casadas, a viverem um breve conto de fadas,
Em ambiente de sonhos,
Especialmente arquitetado para este fim
Quantos bons espetáculos, devem eles ter apreciado em seu auge
Que momentos gloriosos devem ter sido

Segundo o guia,
O hotel hoje encontra-se arrendado a particulares,
Que tentam recuperar o esplendor de seus tempos de ouro
Quando a jogatina não era proibida,
 E os homens das famílias de escol, apostavam fortunas em suas roletas
Abolidas em 1946, por determinação do Presidente da República,
Excelentíssimo Senhor, General Eurico Gaspar Dutra

E o moço, com sua roupa social e seu chapéu coco, a explicar
Que o jogo permaneceu a ser praticado, por debaixo dos panos,
Em recintos recônditos do hotel,
Que mais se assemelha a um castelo
Até por fim, a ser eliminado por completo,
Decerto, devido às perseguições e denúncias,
Vindo o magnífico palácio, a entrar em declínio

Em suas horas de ocaso,
Administrado fora por diversas gentes
Até ser arrendado, Tauá, espero voltar a encontrar-te
Encontrar a ti novamente,
Juntamente como os outros lugares que conheci

E que aquelas gentes elegantes de outrora,
Sirvam de referência para se relembrar,
Os antigos momentos de esplendor do hotel
Somente tendo senões na demora em se chegar a cidade,
A necessidade de se viajar em dois ônibus rodoviários
E chegar tão tarde a cidade,
Que só pude conhecê-la no dia seguinte

A demora do ônibus, único a levar ao Barreiro
Me parecendo que além de ser a única linha,
É o único ônibus a circular para lá

Passeios pela cidade,
Caminhos não conhecidos pelos turistas
Para só assim se sentir a cidade

Em Uberaba,
Beleza de Hotel com seus magníficos vitrais, belos móveis
Bons espelhos, todos decorados,
Hotel em estilo árabe,
A fazer-nos sentir em um conto das Mil e Uma Noites

Varandas com grades, a descortinarem uma nesga da cidade
Entrada com banquinhos,
 Caramanchão cercado de primaveras
Muitas fotos tiradas
Passeio pela cidade, de muitas e belas igrejas

Parque Fernando Costa e seu leilão de gado
Financiado pelos fazendeiros da região
Em caminhos próximos,
Chegamos a Casa de Memórias e Lembranças, de Francisco Cândido Xavier
Residência onde morou Chico Xavier
Possuí livraria, o mobiliário, livros, fotos
E lembranças do acervo do médium

Seu filho Eurípedes dá continuidade,
A sua memória e ao seu legado
Na luta para que Chico seja universal,
E não de um grupo interessado apenas, em lucrar comercialmente,
Em cima de sua história e de suas boas ações

Em seu túmulo, a escultura do homem
De cabeça baixa, a psicografar
Sentado em sua escrivaninha
Ao lado de um busto do médium
E o desmentido de que a escultura verte água
Que malandragem, hein?
Truque barato para enganar pessoas de boa fé
Desmentido feito pelo filho do médium

Cidade de muitos encantos
E hotel com boa gastronomia
Mata do Ipê e um belo pavão,
Além de patos e lagoas

Em Uberlândia, a Praça Tubal Vilela
E um hotel, com culinária ultra sofisticada
Parque do Sabiá, com seu Aquário, Zoológico,
Pista para caminhada e corridas, com um lago ao fundo
Ipê branco, pedalinhos, peixes, telhado em madeira, aberto
Canhão, e bancos estilizados, parecendo madeira
Escultura de sabiá, vaquinhas, jacaré, e outros animais

Parque Siquieroli e seu Museu da Biodiversidade do Cerrado
 Com porcos do mato taxidermizados, aves, ninhos
E muita espera no ponto de ônibus
Em banca de jornal, a compra de belos postais
Recordações mil
E depois de muitas andanças,
O regresso a São Paulo de Piratininga
E depois a Santo André, livre terra querida
Ô Minas Gerais,
Mais um adeus a terra do Uai

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte

Paisagens Peruibenses

Céu estrelado,
A nos apresentar depois de uma breve caminhada
A lua ainda a se formar
Clara, nos primeiros passos no passeio a beira mar
A se definir, cada vez mais brilhante ao sabor das passadas

No dia seguinte,
Lua cheia coberta pelo véu
Envolta em aura dourada
Ora surge em meio a um firmamento azul escuro,
Ora se esconde em meio ao véu;
Ora diáfano, ora denso e escuro

Noite com poucas estrelas
A se despedir de um sol alaranjado
A correr por detrás de casas
A compor um bonito quadro com a montanha verde

A tarde púrpura
Purpureando o dia
Combinada com os tons azuis e nuvens, do cair do dia

As gaivotas a voarem pelos céus
Os quero-queros, a caminharem pela areia
E o mar belo, e a lua tímida
Clara, quase transparente no horizonte

Duas pessoas sentadas em um banco de concreto,
Contemplam a beleza do fim de tarde,
O começo da noite, com seus mistérios

Algumas pessoas caminham,
Outras andam de bicicleta
O dia cada vez mais curto,
E a noite a chegar-se cada vez mais depressa
Em contraste a estas noturnas impressões

Dia lindo, claro, ensolarado
O mar a revolver areia
Em outros, pontos azul e espumoso em ondas brancas
Tantos contrastes em um mesmo cenário!

Aproveitar o dia para caminhar a beira mar
Molhar os pés na água fresca,
Água a beijar os pés que tocam a úmida areia

A blusa longa estampada e de mangas,
Aberta, balançando ao vento,
A sentir a cálida brisa
O sol a dourar a pele
O biquíni amarelo a compor um romântico par com o sol

O corpo a mudar de cor
Um chapéu de palha para proteger o rosto
E a contemplação de um cenário sempre renovado,
Embora tantas vezes já visto
Como a vida pode ser tão boa nestes momentos,

Pródiga, generosa, farta
E tão dura e avara, em outros?
Não consigo entender!

Como se a dura lida dos dias,
Fosse uma preparação, provação,
Para que mais tarde, se possa desfrutar de instantes de delícias
A alegria de se saber viver
Nos caminhos em direção ao paraíso
Pela estrada afora, se pode avistar da serra

As minúsculas cidades praianas
Seus prédios, suas construções
O verde imenso das matas, os mangues
O velho trem abandonado na estrada férrea
A estrada e o concreto do muro de proteção

As curvas da estrada, os rios, as pessoas a pescar
Pessoas a circularem de bicicleta pelos vãos entre as vias
Casas e matas, o mar ao fundo
Intervalado entre uma construção e outra
Ao chegar na cidade querida,

A Torre da TV se avista ao longe,
Como se sua presença prenunciasse a chegada,
A um reino de delícias, contemplação e alegria
Magia e alegria de se sentir em casa
Em uma nova morada, mergulhada em um novo viver

No jardim,
As dálias altivas, com suas flores róseas, imensas,
Seus botões prestes a eclodir em floradas
Imensas, voltadas para o sol
Ombreando em majestade com os ipês

O manacá a apresentar suas primeiras flores da estação
A brancura da primavera a se despedir de nós Semanas atrás, lembranças de sulcos na areia Desenhado pelo movimento das ondas
Coqueiros, muitos coqueiros entre as moradas
Porta-retratos a lembrarem a presença dos moradores

Conchas por toda a parte a enfeitar a casa
Bandeirolas a compor o cenário de festividades juninas
Passeios de bicicleta pela orla
E a omissão de não se fazer cuidar do patrimônio mais caro
Que é a própria cidade
Reclamar-se sem se conseguir fazer ouvir
É pena!

Pena como o homem consegue estragar,
A mais linda e perfeita criação divina
Será que algum dia chegaremos a um resultado?
Com isto, segue a noite com seu azul escuro
A lua em dado momento desaparece
Raios e relâmpagos clareiam a noite

Durante o regresso ao lar,
Por diversas vezes se viu o céu a clarear a noite
Os raios cada vez mais intensos
Despedida de belos momentos praianos
Das paisagens peruibenses,
Para mais um dia de trabalho …

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte. 

Imemoriais

Em memórias, um passado remoto, que não quer se apagar.
Lembranças tristes, álacres, doridas, fagueiras.
Saudades de um tempo, mais que passado.
Repisar de eternas lembranças.
Rodamoinhos existenciais.
Flores do bem e do mal. 

De passagem pelo trem da vida, reconheci passagens de um tempo remoto.
 Longínquo.
Construções antigas, prédios de tijolos à vista, paredes, galpões, fábricas, fachadas, azulejos. Detalhes.
Rica ornamentação, esculturas lindamente trabalhadas, casas abandonadas.
Construções de galpões de tijolos – fábricas.
Descortinadas junto as estradas de ferro. Belíssimas construções.
Monumento erigido em homenagem ao esquecimento.
Memória da história operária do Brasil.

Labéu do esquecimento.
Desdouro em nossas memórias.
Quanta luta, quanto sangue derramado.
 Vidas devotadas ao trabalho.
Desidério de uma vida futura, onde a memória fosse preservada.

 Operários indo trabalhar em uma tecelagem, em máquinas de fiar.
Mulheres pobres, sacrificadas, morando em cortiços.
 Casas velhas e mal cuidadas.
 A trabalhar longas horas.

De madrugada “o apito da fábrica de tecido” a ferir aos ouvidos, de todos os passantes dos arrabaldes. Consoante a inesquecível canção do imortal Poeta da Vila.
Em contraste, belas casas, mansões, palacetes.
 Detalhes, entalhes, esculturas, colunas.
 Vitrais, estátuas.
 Construções a sofrerem com as horas do ocaso.
O crepúsculo de áureos tempos.

 Ao passar diante de tais monumentos, muita vida a contemplar.
Memória de um passado não muito remoto.
Muito embora remeta a tempos imemoriais.

Lindas jovens a andarem em seus carros sem capô.
Curtos cabelos cacheados, brancas peles, longas saias e chapéus.
 Além das brancas luvas.
 Corsos carnavalescos, carros enfeitados com flores.
 Confete e serpentina.

O tempo.
Retrato amarelado na parede da memória. 
Lembrança a ser resgatada em nossos sentidos.
 Cinematografo – a fábrica de sonhos.
Nascimento da indústria cinematográfica.
Humberto Mauro, Rodolfo Valentino, Theda Bara, Clara Bow, Douglas Fairbanks, Charles Chaplin, Greta Garbo.

Ídolos a embalar os sonhos dos jovens da época.
 Moços e moças a se imaginarem, fortes e destemidos, galanteadores; ou então, delicadas e donairosas, a espera de um príncipe valoroso.

Assistir as fitas de cinema.
 Grande evento social.
Filmes mudos, legendas, retratos em preto e branco.
Expressão corporal. Olhar marcante.
Olhos marcados. Forte expressão do olhar.
 Virilidade.
Languidez no olhar.

Tempos distantes nos espaços imemoriais.
 Lembranças da moça sentada em um banco da praça, tímida, a sonhar com tão belo rapaz. Melindrosa.
Um príncipe das telas de cinema.
 Anos Vintes.

Tempos distantes.
Longânime e resignado senhor de brancos cabelos.
Nem sempre! ...
O tempo a tudo consome, a tudo devora.
 A tudo transforma, deixando tudo como dantes.
O tempo não existe, o que existe são as lembranças a marcarem passagens de vida.
Devir do mundo, rotação da vida.

Saudade das coisas e das casas, dos muros, dos prédios, e de tudo que nunca deveria mudar.
Saudades de um mundo melhor.

 Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

FLASHES

Deus, ó Deus dos insensatos
Como pode permitir tal desiderato?

 Luciana Celestino dos Santos
 É permitida reprodução, desde que citada a fonte.

terça-feira, 21 de abril de 2020

Palavreado

Valsando juntos
Mãos seguras em uma dança delicada
Rodopio pelo amplo salão

Vestido longo, vaporoso
A fazer movimentos encantadores pelo salão
Com desenhos etéreos no ar
A desfazerem-se em poucos minutos

Abraçados, estando o rosto inclinado a contemplar seu parceiro
Zanzando pelos salões, convidados
Belas luminárias a compor o ambiente
Pessoas animadas, conversando no jardim

E o tempo a correr, constante, nestas horas alegres
Delineando contornos
Esfinge que nos espera
Para decifrar mistérios infindos

Sempre a nos espreitar
Factual
Consentâneo com as melhores piores coisas do presente

Herança de nossos tempos
Imanente, latente
Sempre a nos acompanhar

Mesmo que não queiramos a sua presença
Gelosias, onde os melhores pensamentos
Permanecem sempre ocultos

Jovens em busca de melhores perspectivas
Linhas indivisas que se transformam
Transbordam, sobejando em seu ser

Novamente o casal a valsar pelo salão
Deslizando em seu chão frio e brilhante
Piso cuidadosamente lustrado
Felizes, caminham juntos em direção ao jardim
E dançam novamente

O vestido vaporoso a mudar de forma,
Os ventos a invadirem todos os espaços vazios
E ao sabor da atmosfera, todas as formas mudar
A brisa fresca do vento

O esquecimento a nos assombrar
Querer mais do que nunca,
Jamais esquecer

Tempo, este cavalheiro sempre constante
Posto que sempre presente está
Mas ao mesmo, nunca o é da mesma forma

E o esquecimento a nos assombrar
Querer mais do que nunca
Não se sabe o quê
Talvez jamais esquecer

Tempo
Universal
Indivisível

É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Luciana Celestino dos Santos

As Formigas E As Flores De Morango

O dia-a-dia segue tranqüilo,
Nas horas calmas e tépidas
Longe da azafama diária
Corre e corre sem parar

Dias de férias, descanso e felicidade
Depois de dias de desengano
Transportes vários, complicados, complexos

Dias de trabalhos intensos
Relações complicadas,
Convivência diária

E assim, nos dias que se seguem,
Rumo a paragens diversas ...
E o inseto dos detalhes,
A nos fazer pensar nos pequenos eventos do cotidiano

A delícia de apreciar os pequenos momentos,
Instantes de felicidade
A contemplar a beleza de um jardim,
A imponência surpreendente de um mar,
O verdume de uma serra, a cortar dois relevos
E um céu azul por companhia
No jardim das maravilhas

Pequenos seres a levarem,
E a trazerem víveres para a existência
Viver em colônias
A fazerem seus ninhos na terra
Seio da terra,

Entranhas do mundo
E a passearem a flor da terra
Anunciando tempos de chuva e raios
Seres plúrimos, sempre a andarem em bandos

As formigas!
Ávidas, a invadirem potes de açúcar,
Pacotes de doces
Seres viventes ávidos de açúcar

Produto manufaturado da cana
Colhido em canaviais
Sendo recolhido em cortes de facões,
E processado em usinas,

A se transformar em açúcar
Refinado produto industrializado,
Que agrupado em torrões,
Formam pães de açúcar,
Os quais origem deram,
A denominação Pão de Açúcar,
Ao Morro da Maravilhosa Cidade,
Cheia de encantos mil!

Agressivos seres,
A morderem os demais viventes
A fazerem companhia aos humanos seres,
Nos mais impróprios momentos

E os seres humanos,
A guardarem seus alimentos em frios lugares
Com vistas a conservarem-no,
Longe de seu terrível e indomável ataque
Consoante o antigo adágio:
Ou o Brasil acaba com as formigas,
Ou as formigas acabam com o Brasil!

Predadoras, invadem plantações
Consomem folhas, alimentos
Antagonistas dos homens, das mulheres, das casas
Percorrem trilhas, as mais impróprias
Invadem as casas, as salas de estar

E assim, a dona de casa;
A mulher que fora do lar trabalha,
Quando da unha está a cuidar
E a dona de casa, a se tratar
As formigas ficam, a passearem pelo lugar

Enquanto as unhas manicuram,
A mulher a sugerir,
As formiguinhas caminheiras,
As unhas fazerem,
Passando-lhes glitter
Insetos brilhantes e brilhosos,
Adornadas com os mil sortilégios de inventividades humanos
Lindas e belas,
As formigas decoradas com pedrinhas de brilhante,
Esmaltadas!

E a passarem por mesas, paredes,
Invadirem despensas,
Caules, troncos, gramas
Engenhosos seres
E nos campos, além das formigas várias

Os singelos pés de morango,
Com suas folhas verdes,
Pequena planta rasteira
A se desabrochar em flor
Singela flor branca, de pólen amarelo,
A fazer parte de doce fruto
E os mais sábios a dizerem:
Que a flor do morango não adoça o pão seco!

Pão seco da dureza dos corações brutos,
Que não se amolecem,
Nem mesmo diante das coisas mais sublimes,

E a delicadeza das coisas mais singelas
Pão seco da secura dos corações áridos,
Sem amor, alegria e sem beleza

Ante a beleza de um pé de morango,
Com sua delicadeza de flor e de fruto
Com doçura e azedo, nos certos tons

Mas a delicadeza da flor,
E a maravilha de seu sabor de morango
Não transforma a compleição das coisas da vida!
A doçura não amolece, a dureza dos corações empedernidos

E a flor do morango,
Mesmo diante de tanta beleza, azedo e doçura,
Sabiamente temperados,
Não adoça os pães secos,
A percorrerem as estradas da vida

A nos assolarem de azedume e amargura,
E a nos contaminarem, se não nos apercebemos,
De sua sutil maldade,
Pequenas veleidades do cotidiano

A inveja e a aridez das pessoas insatisfeitas do mundo,
Da vida, e das alegrias alheias,
Não devem oferecer obstáculos,
Às flores do morango

E assim como ela,
As flores de maracujá enfeitam o pé da fruta
Fruta sem grandes atrativos de beleza,
A apresentarem bela iguaria em forma de um suco suave,
De calmante poder

Que com o tempo envelhece,
Apresentando rugosidades em seu formato
Bela flor a apresentar a paixão de Cristo!

E as formigas a passearem,
A percorrem o jardim
Entrando e saindo da terra
Abastecendo seu ninho com comida

Praga a atormentar a vida dos humanos seres,
Que de tudo fazem para delas se livrarem
Até quando esta guerra ocorrerá?
Quando a mesma deverá acabar?

Formigas, formigas, formigas!
Detestáveis formigas!
Efêmera existência, a fazer parte da vida,
A contragosto dos humanos seres,
Que não suportam a dureza de sua picada dolorida,
A inocular veneno
A viverem em bandos, gregários seres

E assim, em contraste ao trabalho das formigas
A dipladênia florida,
A espalhar seus galhos e flores pelo jardim
Manacá florido, com sua copa altaneira

Hortência florida,
Em seu buquê de pétalas azuis,
Protegidas pela copa da árvore,
Lindo manacá florido!
Rosas descansam sua beleza,
De caule e folhas sem flores

Dama da noite,
Com suas diminutas flores brancas,
A evocarem a infância de perfumes etéreos
Em bela árvore,
A enfeitar o jardim de minhas saudades!

As Lágrimas de Cristo,
A envolverem a entrada da casa
A enfeitarem as ripas de madeira
Azaléias por todos os cantos, de cores diversas
Dálias lutam estoicamente,
Para ornarem o jardim,
Com suas belas flores coloridas

As lantanas escondem-se sorrateiras,
Atrás de imponentes hibiscos dobrados,
Crescidos e coloridos, laranjas, vermelhos e rosas
E até mesmo, um tímido pé de laranja,
Envolveu-se na trama das plantas do jardim,
Adornado pelas azaléias

Do lado de fora,
Uma bonita árvore com sua copa arredondada
As primaveras entrelaçadas, vermelhas e róseas,
Aguardam o desenvolver de uma primavera maravilha,
Guarnecida por marias-sem-vergonha

E aos pés da parede,
Uma flor boa-noite,
Enfeita o chão revestido com piso

E a grama pouca, parca,
Apresenta um pouco de verde
No jardim de flores e plantas!

Certa vez, um colibri beijou uma flor do hibisco
Ave a colher o pólen das flores,
Voando estático em seu bater de asas no ar,
Momento mágico registrado nas retinas da memória
Lindos retratos registrados no livro das lembranças!

E as flores de ceras com suas cores quentes,
A se mostrarem em exuberância de flores múltiplas

E as formigas a comporem o jardim
Junto as lesmas, com seu corpo branco e viscoso,
E estas últimas, a serem eliminadas com sal
Mas as formigas, sempre as formigas!
Bravamente resistem!

E assim, mesmo sendo temporariamente derrotadas,
Aos poucos retornam,
Reocupando seus lugares nos tormentos humanos

E os humanos seres,
A se acautelarem do traiçoeiro ataque dos insetos
E os insetos dos detalhes,
A não ocuparem nossos dias,
Cheios de preocupações enfindas

E muitas vezes, a nos esquecermos do essencial!
A felicidade é uma porta muito frágil,
Cheia de detalhes sutis,
Os quais muitas vezes não percebemos!

E o orgulho a ocupar as mentes
E os humanos seres,
A derrotados serem,
Pelos pequenos insetos
Que vivem de pequenos detalhes,
Pois suas vidas curtas,

São feitas de pequenos momentos
E o humanos seres,
A se ocuparem apenas,
Dos grandes acontecimentos!



Com isto se denota,
Que a arrogância então deveria ceder espaço ao conhecimento!
E a humildade a nos ensinar deveria,
A melhor viver
Com isto, os seres a aprender deveriam,
A se respeitar

E a inveja de todos deveria se afastar
Pois um existente diz:
Que a inveja, quando não mata, aleija!
Mata e mata sim!

Mata o amor próprio do ser que inveja,
O qual tenta minar a alegria do alvo de sua ira,
Desfeiteando de seus gestos,
Sua maneira de ser!

Raiva que só a ele consome
Embora não consiga enxergar
Pois o ser invejado sua vida prossegue,
A despeito dos venenos e inveja alheios!

Pois assim,
Quando sinto a inveja tentar mirar seus dardos sobre mim,
Tento buscar minha felicidade,
E seguir minha vida,
A despeito das críticas e julgamentos alheios!

Pois quem a cuidar da vida alheia fica
Deveria voltar o foco para si,
E se ocupar mais com sua própria vida,

Pois se aos demais fosse dado cuidar das nossas vidas,
Assim como se para nós fosse dado o referido poder,
Todos estariam credenciados a nossas contas pagarem,
Já que se acham no direito de nossas vidas julgarem
E o mesmo ônus a nós caberia!
Triste sina de quem não tem como sua própria vida ocupar!

Tristes seres a vagarem pela vida,
Errantes
Dignos de pena são!
E nós não devemos com eles nos aborrecer,
E tampouco com eles parecidos ser

Devendo nossa vida viver
E procurando felizes ser
Vivendo, a despeito do desdém, e inveja alheios
Vida alegre e fagueira!

Voa para longe de mim
Os sentimentos mesquinhos,
As horas vazias,
As idéias preconceituosas, pré-concebidas
As pessoas incômodas, que a viver ficam
A existência dos seres a atrapalhar

Que só prevaleçam as alegrias,
E as maravilhas do bem viver
E eu a me ocupar cada vez mais com meu viver

Sem me importar,
Com quem sente prazer em me importunar
Pois que cesse tudo o que antes,
Sem valor se decantava
Por que neste momento,
O ouro da vida, e seu mais alto valor, se alevanta
E viva a vida!

Deixe o inseto dos detalhes ocupar nosso viver
Que possamos admirar o trabalho das formigas,
Sem sermos consumidos por ela
Sem deixarmos ela invadir nossa despensa

E possamos admirar os pequenos instantes de alegria
E a possibilidade de transformarmos nossas vidas
Transformando os momentos de mediocridade,
Em instantes de felicidade

E mudando nossa vida,
Possamos transformar nosso mundo,
E performar nossa realidade
Sem perder o momento rico e único,
De as coisas mudar!

E assim, seguir a vida que se segue
A passar delicioso óleo na pele
Deixando a derme reluzente
Deitando-se em uma esteira,
A tomar um banho de sol,
E a procurar melhores posições para se bronzear,
E a pele aos poucos a colorir,
Ganhando dourados tons

E a contemplar um céu azul, sem nuvens
Lindo de se admirar,
Entrecortado de beirais
Caminhar a beira mar
Vento bravio,
E o sol emoldurar o cenário de praia e areia

E as formiguinhas a percorrerem o jardim
E a flor do morango,
Infelizmente impossibilitada de adoçar o pão seco!

Contemplar a beleza das coisas, das palavras, dos textos
A maravilha e a essência das coisas

Não apenas a beleza efêmera, superficial e fútil
A beleza das violas bem feitas,
Belas em sua exterioridade,
Tendo por dentro somente pão bolorento
Beleza externa exuberante,
Com interior vazio!
Não a isto,
Amo beleza, não apenas pela beleza em si

Mas também pela sua qualidade de belo
Belo por essência,
Não só por fora, mas por dentro também
A beleza da vida, dos dias, dos tempos,
Dos mil sóis a irromperem no horizonte

Os pássaros a voarem pelo jardim
A pousarem em fios de alta tensão
A descasarem nos galhos das plantas das árvores

E a felicidade a residir nas simples coisas
Nos momentos fugazes
Instantes que nos marcam para sempre!

A felicidade não reside nos grandes eventos
Mas nas coisas mais prosaicas do nosso viver
Insetos que dos detalhes, não nos faz esquecer!

Felicidade dos sonhos sonhados;
Vivenciados;
Nos bailes valsados;
Nos olhares trocados;
Na vida vivida;
Nos belos pratos experimentados;
Nos passeios realizados;
Projetos concretizados;
Trabalhos realizados;
No encanto e no desencanto;
No acerto e no desengano
Pois a felicidade é a soma dos momentos alegres

E os tristes momentos a emoldurar os tempos felizes
E a valorá-los para sempre
Pois a vida tem um pouco de alegre e de triste!

Felicidade
Feliz cidade
Pequenos eventos!
Grandes acontecimentos!

E a vida prossegue, assim como os passeios vários!
O jardim a rebentar em verde e em vida
O ipê amarelo a crescer célere em galhos e folhas,
O ipê roxo a descansar em folhas viçosas

E a menina rosa, quando desabrochará?
Rosa flor, rosa menina, que cor terás?
E a vida, quando acontecerá?
Quando então irromperá?
Desabrochará?
Quanto tempo, teremos que esperar?

A curiosidade assola,
E teremos que aprender a saber esperar ...
E a vida continua a se aventurar
Pelos descaminhos do mundo!

E as flores de morango continuam a desabrochar do seio da terra,
Em meio as flores do fruto
E as formigas continuam a passear pelo jardim
E os pães secos já não mais me incomodarão
E assim eu sigo

Vivendo e aprendendo a viver,
A jogar, a chorar e a sorrir
Pois a vida é tão bela,
Apesar de ás vezes parecer tão desprovida de encantos!

E assim tudo a valer a pena ...
Se acaso tentarmos fazer de nossas almas,
Algo pequeno,
Assim não devemos proceder

Pois ...
Nossas almas tem o tamanho do mundo
Só basta a nós, corrermos para alcançá-las!

É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Luciana Celestino dos Santos