Poesias

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

Escrever é uma dádiva

Escrever é uma dádiva
• Quando me lembro das maravilhas que já foram escritas, seja por grandes poetas, ou simplesmente por pessoas sábias, sinto vontade de ser um deles.
Sempre se pode constatar, escrever belas palavras, é sempre uma dádiva.
Exaltar valores honrosos, a beleza de nossa pátria, de nossas praias, de nossas vidas, quando assim queremos que seja.
Afinal, todos nós temos o nosso grande momento.
• O dom da escrita, já alcançado por muitos, continua, contudo a ser privilégio de poucos.
Saber dominar a impulsividade selvagem de nosso idioma pátrio, com tantas palavras difíceis e estruturas gramaticais tão complexas, não é fácil.
Nosso idioma rico e pouco conhecido, muitas vezes, parece-nos indomável e até mesmo incompreensível.
Muitas vezes, luto com as palavras por achar que elas não me ajudam na saborosa alegria, por vezes amarga derrota, a me fornecerem o termo adequado, que fecharia a idéia que tento expôr, de forma perfeita.
• Mas aí me pergunto:
• Se assim fosse tão fácil, perderia o valor. O sabor da conquista...
• Mas, creio eu que, nesta árdua tarefa, eu tenho logrado êxito.
Apesar de há muito de ter deixado de escrever com habitualidade.
Já fui, eu portanto, uma grande entusiasta da escrita.
• Hoje, perdi o hábito de escrever, mas ainda assim, as vezes, surgem rompantes de interesse e eu volto a dedilhar essas teclas vez por outra.
• Escrever é difícil, mas é também uma das formas mais sublimes de se eternizar um sentimento momentâneo, algo tão complexo de ser registrado, que nem a mais moderna máquina fotográfica do mundo é capaz de registrar com todos os detalhes e sutilezas.
Em frente a câmera, muitas vezes, congelamos um sentimento artificial.
Mas o que interessa, só a nós cabe.
Portanto, diversamente do que se diz, no que se refere ao ditado, uma imagem vale mais do mil palavras, as vezes mil palavras colocadas no momento oportuno de maneira igualmente oportuna, representam muito melhor um sentimento, uma situação e um momento, do que uma simples fotografia, ou mais grave, cem mil.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte. 

“Ambiente Noir”

Na entrada da velha mansão abandonada, havia um grande portão de ferro cheio de detalhes, todo cheio de voltas e adornos.
O desenho no centro do portão lembrava um leão mal desenhado.
Ao fundo, a visão de uma construção gótica, cheia de arcos ovais e extremamente altos.
O tipo de arquitetura e o abandono a que fora submetida, tornaram a construção assustadora, e desafiavam a coragem de quem se dispusesse a entrar.
As janelas, todas altas e pesadas, cuidadosamente trabalhadas com a madeira mais nobre, mas mesmo sendo tão resistentes, sofreram com a ação do tempo.
Na entrada, um grande portão de madeira todo cheio de exageros, desenhos e mais desenhos de espirais.
A maçaneta, também de madeira, foi fortemente empurrada pelo vento, que acabou abrindo a porta, de onde se ouviu um ranger.
Ao entrar na casa, tinha-se a sensação de se ter entrado em um filme de terror.
A atmosfera noir, tornava a casa sombria.
A iluminação era precária, apenas alguns castiçais onde se colocam velas, iluminavam o ambiente.
Em toda a casa havia móveis pesados feitos de madeira.
Na sala de jantar por exemplo, havia uma grande mesa de madeira, na qual, as pernas tinham forma de dragões.
No fundo do corredor, cintilava a fraca luz de uma vela.
Ao longo do imenso corredor, que começava com um arco gótico, havia vários quadros antigos, cujas tintas, envelheceram com o tempo.
Um desses quadros era de um rapaz, mas como que por encanto, uma luz, brilhou no fundo do corredor.
Essa luz estava cada vez mais próxima do quadro, parecia um espectro, e dessa tamanha luz, ouviam-se lamentos.
A voz parecia se queixar do fato de que este rapaz, não mais acreditava.
Depois foi se afastando até desaparecer completamente.
Andando para o fim do corredor, havia uma grande escala em estilo neoclássico.
Ao lado um grande salão adornado com peças de ouro e prata, castiçais, mesas com cadeiras altas, etc.
Ao subir a escada, deparava-se com outro corredor que dava acesso a vários quartos.
Em todos eles, as camas eram todas talhadas em madeira, e os lençóis eram de linho.
Num dos quartos, vários livros amontoados na janela.
Livros que eram grandes clássicos da literatura universal.
‘O Morro dos Ventos Uivantes’, ‘Odisséia’, ‘Moby Dick’, etc.
O clima era desolador, a sensação era de um grande vazio.
A casa parecia um grande país, repleto de almas perdidas e condenadas.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte. 

“Uma Impressão”

Vou contar aqui, sobre a primeira impressão que este me causou.
Era um rapaz alto e forte, cujos cabelos lisos e negros juntamente com seu rosto fino e alongado, levemente acobreado, lhe transmitia uma semelhança com outra pessoa.
Ainda mais quando sorria, iluminando seu rosto moreno.
O rosto simétrico, nariz alongado, fino, levemente arrebitado.
Nos olhos pairava uma expressão de serenidade com um certo brilho no olhar.
Um olhar tão doce que também se entristecia e se escurecia ocultando o esverdeado de seus olhos.
Pois sim, tinha olhos verdes.
Nos seus lábios, com aquela voz doce e terna, sempre procurando ser gentil e dócil.
Seu corpo transmitia força e firmeza, mas também era sentimental e temperamental.
Pessoa calma, gentil e serena, sempre sorrindo e cumprimentando a todos por onde passa.
É vaidoso, gosta de se vestir bem, de maneira discreta, não gosta de chamar a atenção.
Extremamente honesto e sincero em tudo o que diz e que pensa.
Rapaz meigo sério, meio calado.
Com seu jeito tristonho e terno, as vezes não é entendido e fica magoado.
Mas não pensem vocês que por ele ser assim, é uma pessoa infeliz.
Ao contrário, sempre sorrindo, com seu sorriso emoldurando seu belo rosto.
Além de encantar as pessoas, gosta de ler, estudar.
Um de seus grandes sonhos é se formar.
Sempre conversa sorrindo e diz com sua voz terna e sonhadora que quer aprender muito.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte. 

“Veludo Azul”

Era um vestido longo, de veludo azul.
Possuindo dois pares de alças, que seguravam um amplo decote que desnudava totalmente as costas.
Na frente, a parte de cima do vestido era bem justa ao corpo.
O vestido era bem decotado, nem possuía mangas.
O único comprimento era o da longa saia do vestido.
Não tinha grandes adornos, era um vestido de noite, mas era bem simples.
Totalmente comprido, macio, o tecido era de um azul claro, discreto.
Uma bela roupa!
A saia do vestido era levemente larga e possuía algumas pregas, dando liberdade de movimento, e a altura do mesmo, permitia ver um sapato delicado durante os passos de dança.
Um vestido desses é ótimo para ser usado em festas formais onde a elegância é o que conta.
Daí, vestidos longos serem tão chiques e clássicos.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

Para um ano novo...

Agora que piso nesta areias barrentas de um longo dia de lamaçal, sinto que em breve novo ano irá começar.
O refluxo do mar que com as ondas vai e vem, quebrando na margem da praia, os respingos d’água na roupa, rosas brancas carregadas em mãos que ansiosas esperam para se despedir do antigo velho ano.
Sete pulos nas sete ondas do mar.
A chuva de fogos no céu ilumina a praia e a noite dos passantes, lua de prata que banha o mar.
Fogos, muitos fogos, verdadeira cascata.
Uma réstia de luz que ilumina os últimos minutos que se encerra.
Ritual, todos se preparam para este grande momento, seja em forma de comidas, roupas e festas.
Nunca esquecendo-se de comer três colheradas de lentilhas, saborear, sete uvas e guardar as sementes embrulhadas num papel dentro da carteira.
Tudo isso para que a sorte traga um ano venturoso e cheio de riquezas, nem sempre espirituais ou abarcando o sentido metafórico da palavra.
Momento mágico que se celebra todos os anos de maneira quase sempre idêntica, como se fora um verdadeiro ritual.
Pena que nem tudo que se espera deste momento aconteça, mas isto só depende de nós.
Depende de nossa vontade e do nosso espírito, começando a partir dos sonhos que é onde tudo começa.
A todos um rico e próspero Ano Novo!

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte. 

É Natal

Período de comemorações, grande cerimônia com comes e bebes, vestidos longos talhando e definindo o corpo das mulheres.
A ceia enfeitando a mesa decorada, toalha de renda, velas, carnes fartas, ao fundo o som de música natalina, cantigas de natal.
Só que para este momento acontecer em grande estilo, é necessário sonhar com ele por muito tempo e preparar-se para a vivência deste grande momento.
Nas casas a decoração prenuncia que o bom tempo virá, com luzes e lâmpadas que acendem e apagam, enfeites de porta e toda a cidade iluminada com a luz do natal.
Quando utilizava o ônibus para voltar da escola, sempre que voltava a noite, ficava apreciando as luzes da cidade que aquela hora já se recolhia.
As luzes deixavam parcialmente visíveis as construções, praticamente apagadas, mas ainda assim era um espetáculo bonito de se ver.
Me sentia uma criatura noturna avistando este espetáculo.
Quando estudava em São Caetano voltando para Santo André, avistava a Prefeitura, o Teatro Municipal – em estilo arquitetônico moderno – , o centro todo iluminado da cidade, o antigo Mappin e a Avenida Pereira Barreto.
Enfim, uma grande quantidade de paisagens.
Quando voltava a pé da escola, no tempo do natal – já estudando em Santo André – , podia apreciar deslumbrada, a beleza da decoração natalina das casas e das ruas.
Um esplendor!
É nessa época que as luzes se fazem mais presentes.
Mas agora que estou estudando a noite na Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo e posso novamente apreciar tal espetáculo, só que visto de outro ângulo.
Posso ver o Paço Municipal, e suas janelas acesas e o canhão de luz ao lado, a bela praça com chafariz que enfeita a prefeitura, uma opulenta igreja que fica bem próxima, e logo adiante um belo shopping com um enorme relógio na fachada nova da construção.
Pequenos trechos de uma vida, a minha vida que não pára e está sempre mudando.
O tempo transcorre e não é sempre o mesmo, as águas nunca param no mesmo lugar, elas correm e mudam seu percurso.
O natal mostra a passagem do tempo e portanto este nunca será o mesmo.
Utilizam-se das sementes de romã, das uvas ou de qualquer fruta com ritual, mas o natal nunca será o mesmo por que nós vamos estar diferentes.
Fique bem no ano que vem!

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

Mãe

Por um dia feliz, que só acontece uma vez por ano, parabenizo-te por esta presente data que não é comum como as outras.
Um dia que é especial exatamente por sua grandeza.
“Primavera aconteceu nesta vida, fazendo desabrochar flores e pássaros que cantam e encantam pela vida.
Esses pássaros que fazem seus ninhos no alto das árvores com gravetos e folhagens verdes, entrelaçando-se, formam um quente e aconchegante ninho onde envolvem e protegem seus filhotes do frio, das tempestades e intempéries.
Nesse ninho com amor e carinho que se enche de calor da ave mãe que dá de comer aos seus filhotes.
Voa longe enfrentando perigos para trazer-lhes alimento vivo com o qual brincam antes de comer.
Mais tarde aprendem a voar no rastro de sua mãe que lhes ensina os mistérios da arte.
Voar é vida em movimento que se desdobra em outras vidas repletas de movimento, buscando novas formas.
Isso também é conhecer um admirável mundo novo que se descortina em vales e cascatas diante dos nossos olhos.
Uma paisagem magnífica.
Depois vem a friagem do outono que se despede em flor, desaquecendo o calor da vida, entristecendo o dia que se azula em tons de degradê.”
A você, minha mãe te ofereço este poema.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.