Poesias

quarta-feira, 21 de julho de 2021

DELICADO - CAPÍTULO 12

Cláudia, seguiu seu caminho.
O namoro ia de vento em popa.
Fabrício era atencioso e gentil.
De vez em quando aparecia na universidade para buscá-la.
Abria a porta do carro para a moça.
Estavam tão afinados que o moço inclusive, já havia sido apresentado aos pais de Cláudia.
A moça por sinal, raramente apresentava seus namorados aos pais.
Isto por que, boa parte de seus relacionamentos não costumava durar mais do que um ano.
Ana e Jacinto gostaram bastante de Fabrício, que se mostrou bastante simpático.
Quem não simpatizou muito com o moço, foi Lúcio.
Ao ser apresentado a Fabrício, o garoto o olhou de cima embaixo, e se recusou a apertar a mão do rapaz.
Fabrício por sua vez, não ligou para a zanga do garoto.
Comentou que Lúcio tinha uma personalidade forte.
Ana e Jacinto, constrangidos, tentaram se desculpar e prometeram chamar a atenção do garoto.
Fabrício argumentou que não precisavam se preocupar, já que não estava ofendido.
Nisto, tentando desfazer o clima desagradável, Ana perguntou o que o moço fazia.
Fabrício contou que era advogado, que trabalhava em um escritório de advocacia.
Ana ouvia tudo com bastante atenção.
Jacinto, Cláudia, Fabrício e Lúcio, jantaram um macarrão preparado por Ana.
Gentis, elogiaram a comida.
Só Lúcio reclamou que a comida não estava boa.
Mas Ana chamou-lhe a atenção:
- Come minha comida todos os dias, e hoje misteriosamente ela não está boa. Que curioso isto!
Lúcio ia retrucar, mas Jacinto disse para que ele parasse de malcriação.
O garoto ficou aborrecido.
Fez menção de se levantar, mas Jacinto proibiu de fazê-lo.
Lúcio tornou a sentar à mesa, contrariado.
Nisto, Fabrício comentou que o jantar estava muito bom, mas disse que precisava voltar para casa.
Cláudia disse-lhe para que não se incomodasse com o ocorrido pois isto era bem comum. Pediu-lhe desculpas, mas argumentou que deveria se acostumar.
Fabrício respondeu-lhe que estava tudo bem, e que em sua família as coisas corriam de forma muito parecida.
Por fim, depois de algum tempo de conversa, após o jantar, o moço se despediu da família e da namorada.
Mais tarde, Cláudia foi conversar com Lúcio.
Nervoso, o garoto pediu para que ela fosse embora, mas a mulher não atendeu seu pedido.
Disse que gostava muito dele, para ir embora. Argumentou que mesmo que ele não quisesse e não gostasse, faria questão de estar sempre presente em sua vida.
Nisto, Cláudia aproximou-se do garoto, beijou seu rosto e saiu.

Cláudia continuou sua jornada de trabalho exaustiva.
Mas passou a dedicar parte de seu tempo ao namorado.
De vez em quando Fabrício chegava de táxi a faculdade.
Procurava Cláudia pelos corredores e perguntava-lhe rindo, se não poderia lhe oferecer uma carona, já que seu carro estava no conserto.
Cláudia achava graça. Comentava que ele havia ido muito longe para pegar uma carona.
Em alguma dessas visitas, Lucindo viu o casal juntos.
Aborrecido, evitava ser visto pelo casal, e passou a evitar Cláudia.

De vez em quando, Cláudia dormia na casa do namorado.
Fabrício adorava quando isto acontecia.
Isto por que namoravam, tomavam café juntos, almoçavam, jantavam, dançavam juntos, ouviam música, assistiam filmes, liam livros. Saiam para jantar, ir ao cinema, para beber, para dançar.
Cláudia descobriu que Fabrício sabia fazer alguma coisa na cozinha, preparar algumas iguarias.
A moça dizia que não sabia fazer muita coisa na cozinha.
Fabrício ria dizendo que poderiam contratar uma empregada.

No começo Ana e Jacinto questionaram a moça.
Diziam-lhe que tinha que se casar.
Com o tempo porém, vendo que ela precisava conhecer melhor o rapaz, passaram a deixar a questão. Argumentaram que era melhor ver a filha feliz, do que seguindo convenções sociais, que nem sempre era o melhor a ser feito.
Jacinto comentava que era muito cedo para se casar, já que ela conhecia muito pouco de Fabrício. Dizia que casamento não era feito de afobação, ou então, teria tudo para dar errado.
Ana concordou.
Reconheceu que antes de casar é preciso conhecer, ainda que um pouco, o parceiro ou parceira.
E assim, discussão encerrada.

Quem não gostava nada disto era Lúcio, que sentia um pouco de ciúmes.
Não gostava de ver Cláudia com Fabrício.
Dizia que sempre que ela arrumava alguém, o deixava um pouco de lado.
Ana ria, dizia que Cláudia tinha o direito de seguir com sua vida.
Lúcio retrucava dizendo que ela havia prometido lhe ensinar inglês.

Quando Cláudia soube das reclamações de Lúcio, procurou conversar com ele.
Animada, disse para ele ligar o computador, que as aulas iriam começar imediatamente.
Com isto, passaram a tarde inteira vendo vídeos de música em inglês, buscando as traduções em sites, buscando vídeos com a letra em inglês e cantando junto.
Cláudia dizia que era para fixar as letras e aprender a pronúncia. As traduções estavam à mão.
Lúcio seguiu as sugestões de Cláudia.
Ficou encantado ao descobrir as traduções das músicas pop americanas de que tanto gostava.
Em seguida Cláudia lhe disse que ele havia aprendido o caminho das pedras e sugeriu que sempre que surgisse uma música que gostasse, procurasse a letra e a tradução da canção.
Acrescentou que isto seria útil para aprender qualquer idioma, e que poderia ser um diferencial para ele.
Animado, o garoto comentou que assim ficava divertido aprender um idioma e conhecer uma música.
Cláudia porém recomendou-lhe que fizesse isto um pouco, todos os dias. E que deveria repetir a leitura da mesma música várias vezes. Isto ajudaria a fixar o conteúdo. Recomendou-lhe que procurasse identificar nas letras das músicas, as palavras que conhecia, mesmo que não entendesse toda a letra. Argumentou que assim, melhoraria seu vocabulário.
Ensinou-lhe a fazer uma playlist com as músicas que gostava.
Lúcio também criou uma pasta com as letras e as traduções das canções e salvou no computador da casa.
Nos dias que se seguiram, Ana observou o garoto ouvindo as músicas, acompanhando as letras, observando a tradução e cantando junto.
Animado, já explicava a Ana o significado de algumas palavras, e o que a canção estava retratando.
A mulher ficou encantada com a desenvoltura do garoto.
Ana disse que a internet quando bem utilizada, era um mundo de possibilidades, um manancial de conhecimentos.
Jacinto, ao saber das novidades, comentou que Lúcio era um menino cheio de energia e muito inteligente e que iria longe. Argumentou que única coisa que precisava, é de um bom direcionamento. Comentou com a mulher que Cláudia tinha todo o direito de participar disto.
Ana concordou, disse que a filha era muito esperta e encontrou uma maneira inteligente de ensinar a Lúcio, um novo idioma. Comentou que para ele agora, aprender inglês havia se tornado uma diversão.
Jacinto tratou de dizer que Cláudia havia puxado a mãe.
Ana riu. Disse que o marido era uma peça.

E Cláudia continuou suas aulas.
Em pedaços de cartolina, escreveu o nome dos talheres, de objetos, de móveis, de partes do corpo, e pediu para Lúcio relacionar os nomes em inglês com tudo o que havia na casa.
Foi uma diversão. Até Ana e Jacinto participaram.
Depois da brincadeira, Cláudia entregou um caderno em branco para Lúcio e pediu para que escrevesse o nome dos objetos em português e depois em inglês. Prometeu que caso tivesse alguma dificuldade, o ajudaria no exercício.
E assim foi.
Com matemática, foi a mesma coisa. Criaram conjunto com as frutas da casa. Frações com biscoitos e pizzas.
Quem não gostou muito da brincadeira foi Ana, que dizia que eles estavam desperdiçando comida.
Mas desperdiçaram em termos, por que Lúcio devorou as frutas, pedaços de pizza e doces.
O garoto também passou a ajudar a calcular as despesas da casa.
Jacinto o auxiliava na contabilidade do lar.
Havia um caderno destinado para o cálculo das despesas da casa.
Jacinto e Lúcio passavam um bom tempo realizando esta tarefa.

Como Cláudia não fosse muito boa em matemática, Jacinto auxiliou na empreitada.
Auxiliou bastante o garoto nos estudos.
Mas Cláudia auxiliava no que podia.
A mulher, preocupada com o desempenho escolar de Lúcio, foi até uma livraria escolher um bom livro de matemática.
Atencioso, o vendedor lhe deu boas sugestões, e Cláudia acabou se decidindo por um deles.
Fabrício, que a acompanhava, brincou dizendo que precisava estar mais presente em sua vida, ou acabaria sendo trocado pelo vendedor, pelo moço da padaria, do açougue, etc.
Cláudia ao ouvir isto, ficou perplexa.
Fabrício completou:
- Não entendeu nada, não é mesmo?
Cláudia respondeu que não.
- Pois bem. Em todo o lugar que eu vou com você tem alguém te secando. Pois bem, se eu não tomar cuidado, eu vou acabar no fim da fila. Que fã clube que você tem, hein? – disse rindo.
Cláudia o chamou de sem graça.
Fabrício deu-lhe um beijo na bochecha e disse baixinho:
- Quem mandou namorar mulher bonita?
Por fim, a mulher pagou o livro e o casal saiu da livraria.
Resolveram tomar um café em uma cafeteria.
Cláudia comentou que Lúcio precisava melhorar suas notas ou acabaria repetindo de ano.
Fabrício, comentou que ela se preocupava muito com o irmão.
Um pouco sem jeito, disse que ele era o único irmão que tinha, e por ser muito mais novo, precisava de orientação.
Curioso, o homem comentou que Ana já devia ter uns quarenta anos quando teve Lúcio.
Cláudia respondeu que a mãe tinha um pouco mais de quarenta anos.
Fabrício a considerava corajosa por isto.
Nisto, mudaram de assunto.
O moço comentou que estava prestes a trabalhar em uma causa bastante relevante, e que se tudo desse certo, iria ter um grande retorno financeiro.
Cláudia desejou-lhe boa sorte e sucesso na nova empreitada.
Fabrício agradeceu.
Tomaram seus capuccinos e saíram do local.
Seguiram para a casa de Fabrício.

Mais tarde, a moça voltou para a casa e mostrou o livro de matemática para Lúcio, que ficou um pouco desapontado com a novidade.
Cláudia porém, insistiu em mostrar-lhe o livro.
Contou que se tratava de uma forma mais dinâmica de ensinar a matéria, de uma forma mais divertida e menos monótona.
Jacinto resolveu folhear o livro.
Comentou que era muito bom, tinha muitos desenhos e figuras. Animado disse que até ele iria voltar a estudar a matéria.
Lúcio ao ver todo mundo interessado no livro, pediu licença e pegou o livro.
Argumentou que Cláudia havia comprado para ele, e que ele deveria lê-lo.
Nisto, saiu da sala e foi para o quarto.
Ana ficou surpresa com a reação do garoto.
Mais tarde, estranho o silêncio, foi até o quarto do menino para ver o que estava acontecendo.
Lúcio sentado no chão, estava lendo o livro. Ao seu lado, um caderno. Lia em voz alta algumas questões e procurava fazer os exercícios.
Ana ficou encantada com o que viu.
Mais tarde comentou com Jacinto, que nunca tinha visto o menino ficar tanto tempo concentrado em uma tarefa. Disse que sua filha Cláudia tinha acertado mais uma vez.
Nos finais de semana que se seguiram, Cláudia e Jacinto, ajudaram o garoto nas tarefas.
Sempre que voltava da escola o garoto, lavava as mãos, almoçava e fazia o dever de casa. Depois, ficava uma hora, fazendo os exercícios de matemática, e o resto da tarde ouvia as músicas que gostava em um cantinho da sala. Ouvia as músicas, lia as traduções e cantava junto.
Foi questão de tempo para as notas melhorarem.
Ana ficou tão surpresa com a mudança de comportamento do garoto, que de vez em quando parava seus afazeres domésticos, e ia conversar um pouco com o garoto.
Perguntava-lhe se não queria sair um pouco de casa para brincar com seus colegas.
Lúcio estava tão entretido, que dizia que assim que terminasse, iria.
Mas isto acontecia poucas vezes.
Ainda assim, de vez em quando Lúcio aproveitava para brincar de jogar bola com os amigos.
Como os vizinhos reclamaram do barulho, os garotos passaram a jogar bola em uma quadra que havia por perto.
O equipamento foi reformado com a ajuda da vizinhança, e os garotos passavam a tarde jogando bola no local.
De vez em quando um dos vizinhos ia até a quadra checar se estava tudo bem.
Ana era uma dessas visitas constantes. Ia porém, só para observar.
De vez em quando, pelo adiantado da hora, chamava o garoto para jantar.
Ela ou o marido Jacinto.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

DELICADO - CAPÍTULO 11

Nos dias seguintes, a moça retomou sua rotina de trabalho.
Encontrou Lucindo nos corredores da instituição onde trabalhava.

Ao encontrar-se com Letícia, ela e a amiga comentaram que a noite fora muito boa.
Letícia contou que havia ligado para Leandro e agendado um novo encontro. Meio constrangida, contou que aproveitou para convidar Fabrício e prometeu se empenhar para que Cláudia a acompanhasse.
Ao ouvir isto, Cláudia ficou espantada. Afinal de contas, como ela poderia arrumar compromissos para ela, sem ao menos perguntar se ela concordaria, ou se estaria disponível?
Letícia pediu desculpas.
Mas argumentou que estava cansada de estar só, e que Leandro parecia ser uma boa companhia. Disse no entanto, se ela dissesse não, entenderia, já que não a havia consultado.
Disse, mas seu olhar suplicante, pedia para ela concordar.
Cláudia sem jeito, acabou concordando.
Letícia deu um beijo no rosto da amiga, em sinal de agradecimento.
E assim, lá se foram as moças para mais um evento noturno.
Letícia, empolgada, comentou que estava adorando o novo trabalho. Feliz comentou que agora teria dinheiro para comprar o carro com que tanto sonhara, e que não precisaria mais viver com seus pais.

De fato, após a separação de Sandro, o casal vendeu o apartamento onde morava, e a moça aplicou sua parte da venda em uma caderneta de poupança. Com isto, precisou voltar para a casa da mãe.
Cautelosa, procurou não mexer neste dinheiro. Nem para comprar o carro dos sonhos.
Afinal não era muito dinheiro, já que o imóvel fora financiado e não estava quitado.
Quando era questionada por Cláudia no tocante a isto, dizia que o dinheiro guardado era para uma emergência, e que não poderia ser utilizado para gastos supérfluos.
A moça não teve filhos com Sandro, e o moço, de vez em quando aparecia. Parecia ter a esperança de que tudo voltaria a ser como antes.

Mas Letícia neste momento, não queria saber de preocupações e de tristezas.
As mulheres se encontraram com os moços no mesmo barzinho.
Dia de música ao vivo, Fabrício e Leandro pediram uma música para os músicos.
Nisto, tocou uma canção de Gonzaguinha.
Letícia rindo, disse que a canção era para Cláudia.
Mais tarde, foi a vez de Letícia ser homenageada, com um cabelo loiro.
Leandro sorrindo, perguntou se havia acertado.
Rindo Letícia disse que sim.
Fabrício conversou com Cláudia. Disse que gostaria de conhecê-la melhor.
Os casais aproveitaram para dançar.
Conversaram sobre seus trabalhos, formações acadêmicas.
Os rapazes eram formados e direito, e amigos de longa data, desde os tempos de colégio.
As moças disseram que também eram muito amigas e formadas em letras. Ambas eram professoras.
Os rapazes as elogiaram por escolherem tão nobre profissão.
Fabrício disse que não fossem os professores que teve ao longo de sua trajetória escolar, não seria um bom profissional.
Leandro concordou, mas acrescentou que a educação precisava melhorar, e que qualquer ajuda era bem-vinda.
Cláudia comentou que as aulas ministradas eram preparadas com antecedência, e que procurava relacionar os conteúdos com os atuais acontecimentos.
Letícia contou que estava começando um novo emprego, e que estava preparando suas aulas, organizando-se, mas que já lecionava há muito tempo.
Leandro parabenizou-a pelo novo emprego.
Letícia agradeceu.
Cláudia acrescentou que esta conquista era mais do que merecida, já que Letícia era uma mulher guerreira e batalhadora.
A moça ficou emocionada.
Letícia pediu para que todos parassem de falar daquele jeito ou ela iria chorar.
Leandro e Fabrício comentou que trabalhavam em escritórios de advocacia distintos. Mas que sempre estavam em contato um com outro. Diziam que em caso de dúvidas um telefonava para o outro para esclarecê-las.
Animados, comentaram que gostavam muito do que faziam.
Por fim, abraços de despedida.
Novo convite de carona.
Letícia comentou com a amiga que desta vez estava pensando em aceitar a carona.
Cláudia disse que não havia problema algum. Apenas recomendou que a amiga tivesse cuidado.
Fabrício então, disse que não estava com seu carro. Perguntou a moça se ela poderia lhe oferecer uma carona.
Letícia gesticulou para a amiga.
Cláudia observou a moça. Achou graça.
Por fim, acabou concordando.
Perguntou onde o moço queria ficar.
Nisto, seguiram para o carro.
Entraram no veículo e seguiram.
O moço comentou que seu carro, havia apresentado problemas e que se encontrava na revisão.
Elogiou a beleza da noite, que a lua estava cheia.
Cláudia concordou.
Fabrício disse que a noite foi muito boa e perguntou se poderiam repetir os encontros mais vezes. Sugeriu que gostaria de fazer um passeio durante o dia em um parque, e perguntou se ela o acompanharia.
Cláudia perguntou onde seria o encontro.
O moço perguntou se poderiam encontrar-se no Ibirapuera.
Cláudia um pouco vacilante, respondeu que sim.
Fabrício sorriu. Nisto, perguntou se poderiam sair juntos.
Comentou que Letícia e Leandro precisavam ficar a sós.
Cláudia concordou.
O moço então agendou o encontro. Correriam juntos no parque.
Fabrício perguntou-lhe se gostava de correr.
Cláudia comentou que gostava de realizar atividades físicas.
Ao ouvir isto, o moço se animou.

Quando Letícia soube da novidade, sorriu maliciosa. Disse que estava vendo um progresso.
Cláudia sem graça, disse que não era nada disso. Só estava observando, sem grandes expectativas.
Letícia sorriu irônica.
- Sei, sei! – dizia.
Cláudia retrucou rindo. Disse que não era nada do que estava pensando.

Letícia recordou-se da carona de Leandro.
Comentou que depois do barzinho, o moço conversou com ela. Sugeriu que poderiam ir para um lugar mais reservado.
A moça disse que estava um pouco cedo para isto, e pediu para que ele a levasse para casa.
Leandro concordou.
Conversaram durante o trajeto.
Letícia contou sobre sua separação, disse que de fato não estava pensando em um novo casamento, mas que nem por isto, gostaria de pular etapas. Comentou que gostava de ser tratada com atenção e delicadeza, e que disto não abria mão.
Leandro entendeu o recado. Pediu desculpas se por acaso tivesse a ofendido de alguma forma.
Letícia respondeu que não. Argumentou que ficara lisonjeada com o convite, mas ainda era muito cedo para isto. Afinal, pouco se conheciam.
Leandro comentou que estava gostando dos encontros, que achava Cláudia muito bonita e simpática, em que pese seu jeito reservado de ser, mas perguntou se num próximo encontro não poderiam ficar a sós.
Letícia comentou que Cláudia era sua melhor amiga, mas que não via problema algum nisto. Respondeu que ela certamente não se incomodaria com isto.
Leandro comentou que seu amigo Fabrício, estava bastante encantado com ela.
Letícia respondeu sorrindo, que já havia percebido o fato. Disse que a amiga sabia ser encantadora quando queria.
Leandro disse-lhe que não precisava se preocupar com a moça, pois Fabrício sabia o que fazer. Contou rindo que provavelmente já havia surgido algum convite para um passeio.
Com isto, Letícia e Leandro, agendaram um novo encontro. Agora iriam ao cinema, depois jantariam juntos.
Ao chegarem à casa da moça, o homem pediu para que ela esperasse.
Nisto desligou o veículo, tirou a chave do contato, tirou o cinto de segurança e pediu para que ela fizesse o mesmo. Saiu do carro, mas pediu para ela aguardar.
Desta forma, dirigiu-se ao lado em que Letícia estava e abriu a porta do carro para ela.
A moça agradeceu e saiu do carro.
Leandro estendeu a mão para ela.
Letícia segurou sua mão.
O homem trancou o carro, apertando um botão.
Guardou a chave do carro.
Observando o movimento da rua, puxou a moça para um canto, e beijou-a.
Letícia surpreendeu-se com o gesto.
Contudo percebendo que tudo estava bem, correspondeu.
Beijaram-se.
Depois de algum tempo o moço deu-lhe outro beijo. Disse que era de despedida.
Disseram tchau um ao outro.
Por fim, o homem entrou no carro e saiu.
Letícia entrou em casa.
Leandro buzinou com o carro e partiu.

Cláudia ao saber disto, disse irônica:
- Folgo em saber!
Letícia caiu na risada.
- Que jeito de falar. Tirou esta expressão de que baú?
- Do baú da sua vovozinha. – respondeu Cláudia, entre risadas.
- Olhe o respeito! Sua malcriada! Minha avó era uma mulher muito moderna. – disse rindo.

Com efeito, Letícia saiu com Leandro.
A esta altura sua mãe já sabia do moço.
O rapaz foi buscá-la em sua casa.
Primeiramente foram ao cinema assistir um filme.
Depois jantaram.
Leandro sugeriu saírem para dançar.
Letícia acabou concordando.
E lá se foi o casal.
Dançaram a noite inteira, beberam, conversaram.
Mais tarde, voltaram para casa.

Já o passeio de Cláudia foi mais tranquilo.
Ao chegar no Ibirapuera, o moço a aguardava de carro na entrada.
Fabrício adorava corridas e convidara a moça para correr para ele.
Cláudia estava com uma legging e uma blusinha.
O homem também usava trajes esportivos.
Ao ver Cláudia, percebeu que a moça era realmente bonita. Mediu-a de cima a baixo.
A moça resolveu se alongar.
Ao notar que o moço olhava para ela e não nada fazia, perguntou-lhe se não iria se alongar para correr.
Embasbacado, o homem respondeu que sim, mas ainda ficou alguns instantes observando, até dar-se conta de que poderia deixar Cláudia constrangida. Aí, resolveu se exercitar.
Acompanhou-a nos alongamentos.
Em seguida, passaram a correr.
Fabrício reduziu a velocidade da marcha, embora Cláudia tivesse dito que ele não precisava acompanhá-la se não quisesse.
No que Fabrício respondeu:
- Mas de que forma posso não querer? ... Não! Vamos correr juntos.
Cláudia não tocou mais no assunto.
E assim, o casal correu juntos.
Deram uma volta no parque, correndo em volta do lago.
Ao término da corrida, Cláudia resolveu beber um pouco de água e sacou uma garrafinha de água que trazia em sua pequena mochila.
Fabrício disse que ela era prevenida.
Antes da corrida, retirou a mochila do carro, e colocou a mochila a frente do corpo.
A moça ofereceu um pouco de água ao moço, que resolveu aceitar.
Sentaram-se em um banco, e ficaram contemplando a paisagem.
Fabrício comentou que aquele era um dos lugares mais lindos da cidade.
Cláudia contou que raramente passeava por ali.
Fabrício aproveitou o ensejo para dizer que poderiam agendar corridas para os finais de semana no parque.
Cláudia prometeu que pensaria no assunto.
Fabrício começou a enumerar a vantagens de se correr no parque.
Falou que era bom para o corpo, poderiam contemplar aquela paisagem, exercitarem-se, e assim, a mente sentiria igualmente os benefícios. Comentou que as pessoas em sua correria, muitas vezes ocupadas em ganhar, não aproveitavam para viver.
Cláudia ficou observando o lago, as árvores do parque.
Depois de algum tempo disse, que não parecia que estava em São Paulo. O parque parecia um remanso de tranquilidade.
Fabrício respondeu então:
- É por isto, que eu gosto tanto deste lugar!
Nisto, o moço percebendo o ar meditativo da moça, perguntou-lhe se estava tudo bem.
Cláudia respondeu-lhe que sim.
Fabrício então disse:
- Está bem mesmo? Você parece tão distante!
Cláudia respondeu que estava um pouco cansada.
- Da corrida? – perguntou ele.
- Também! E do trabalho. Agora entram as provas, fica tudo mais corrido.
Fabrício perguntou-lhe se não estava trabalhando demais.
Cláudia respondeu que estava acostumada a trabalhar doze horas por dia.
O homem ao ouvir isto, ficou chocado.
- Como assim? Nem eu que adoro meu trabalho, trabalho tantas horas por dia... Não me admira que esteja cansada.
Nisto estendeu a mão para a moça.
Disse que iriam até o estacionamento pegar uma toalha e mais algumas coisas. Respondeu que iriam fazer um pequenique.
Cláudia o acompanhou.
Nisto, o rapaz escolheu uma árvore, pediu para ela estender a toalha.
Cláudia estendeu a toalha bem estendida.
O moço agradeceu e colocou a cesta em uma das extremidades.
Pediu para a moça sentar-se e depois sentou-se também.
Disse-lhe que poderia fazer-lhe uma massagem.
Cláudia disse que não precisava.
- Tem certeza? Olhe que eu sou bom nisto! – disse Fabrício.
Mas Cláudia continuava reticente.
Foi então que teve a ideia de pedir um abraço.
Fabrício abraçou a moça, e a deslizar a mão em suas costas.
Cláudia perguntou-lhe o que estava fazendo.
- Massagem. – respondeu.
Nisto, pediu licença, e virou-se de costas para ela. Pediu para que fizesse o mesmo em suas costas.
Cláudia disse que não sabia fazer massagem.
Fabrício respondeu-lhe que não havia segredos. Explicou a Cláudia o que precisava ser feito.
E a moça foi pressionando suas costas.
Fabrício pediu para que aplicasse mais força.
O moço disse que ela era habilidosa.
Depois, disse para Cláudia virar-lhe as costas.
Insistiu. Disse que não aceitava recusas.
Cláudia então concordou.
Fabrício disse que iria aplicar menos força.
E assim, massageou as costas da moça.
Recomendou-lhe que relaxasse.
Cláudia concordou.
Por fim, o moço disse que ela estava muito tensa. Argumentou que ela precisava relaxar.
Perguntou se Cláudia havia gostado da massagem.
A moça respondeu que sim.
Fabrício aproximou-se.
Perguntou de novo.
Cláudia respondeu que sim.
O moço aproximou-se mais. Perguntou-lhe se poderia fazer massagens outras vezes.
Cláudia respondeu que talvez.
O rapaz aproximou seus lábios do rosto da moça, abraçou-a e beijou-a.
Cláudia correspondeu.
Depois do beijo, Fabrício, abraçou a moça e disse para ela que se quisesse poderia dormir um pouco, que ele ficaria velando seu sono.
Quando a moça se soltou de seus braços fez menção de se deitar na toalha.
Fabrício a puxou para perto de si. Encostado em uma árvore disse que ela poderia deitar em seu colo.
Cláudia disse que não precisava.
Fabrício disse que não se incomodava.
Assim, apoiou-a em seu peito, e disse que podia descansar.
Cláudia apoiou-se e dormiu um pouco.
Fabrício segurou uma de suas mãos e ficou acariciando-a.
Depois de cerca de meia-hora, Cláudia despertou.
Nisto, a moça e o rapaz comeram.
Beberam suco e comeram frutas e bolo.
Conversaram e riram.
Por fim, recolheram os objetos e saíram do parque.
Ficaram combinados de se encontrarem mais vezes no parque.

Os encontros passaram a ser habituais.
Também passaram a se encontrar em barezinhos.
Tornaram-se namorados.
Dançavam, bebiam, riam juntos. Corriam juntos no Ibirapuera.
Estavam bastante próximos.
Cláudia e Fabrício se abraçavam em público. Trocavam alguns beijos.
Fabrício estava adorando a companhia da moça.
Só não gostava quando outros homens olhavam para ela quando estava correndo no parque.
Ficava enciumado.
Cláudia achava graça quando via Fabrício reclamando disto.

Com Letícia e Leandro, ocorreu o mesmo.
De encontro em encontro, começaram a namorar.
Quando Sandro soube disto, ficou enciumado. Furioso, prometeu que nunca mais a procuraria.
Letícia deu de ombros.
Pareceu não se incomodar, afinal de contas, fora ele próprio quem dera causa a separação e não ela.
Sandro ao ouvir estas palavras, ficou furioso. Contudo, nada disse.

Lucindo também tomou conhecimento do namoro de Cláudia.
Ficou bastante chateado.
Mas não poderia se intrometer.
Ao vê-la nos corredores da universidade, cumprimentou-a.
Sua vontade porém, era de dizer que estava profundamente chateado com ela.
Percebeu porém que assim o fizesse, seria considerado um louco.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

DELICADO - CAPÍTULO 10

Uma nova manhã surgiu no horizonte. Sinal de mais um longo dia de trabalho.
Cláudia levantou-se de madrugada como de costume.
Arrumou sua cama. Separou seus cosméticos, pegou sua toalha e foi até a o banheiro.
Lá dentro, abriu sua necessaire, e retirou o creme que costumava passar nos cabelos. Lavou o rosto com sabonete neutro na pia.
Tirou sua camisola e entrou no chuveiro.
Debaixo do chuveiro, molhou os cabelos. Ensaboou o corpo. Pegou o creme e esfregou os cabelos. Em seguida, os desembaraçou.
Por fim, desligou o chuveiro e saiu.
Enrolou-se na toalha.
Voltou ao quarto.
Deixou a necessaire na gaveta de sua penteadeira.
Do guarda-roupa, Cláudia retirou a roupa que havia separado no dia anterior. Calça jeans, blusa branca de alça e blazer curto azul marinho.
Colocou um colar com pedrinhas esverdeadas. Anel prateado e brincos.
Nos pés, um mocassim.
Os cabelos longos e soltos.
Nunca foram lisos como os de sua mãe.
Durante muito tempo Cláudia sofreu para domá-los. Até que conseguiu deixá-los com uma aparência bonita e hidratados.
Agora muita gente elogiava sua aparência.
Dizia que seus cabelos eram muito bonitos.
Cláudia lembrou-se de um dia quando Lucindo elogiou-os.
Agora mal se falavam.

Quando se encontravam, o moço parecia constrangido.
Lucindo deixou as visitas a família.
Lúcio foi o primeiro a perceber que o rapaz não visitava mais a família.
Chegou a comentar com Cláudia que fazia tempo que Lucindo não os visitava.
A mulher perguntou-lhe se estava sentindo falta do moço, ou dos presentes que ele lhe trazia.
Lúcio respondeu que Lucindo era legal, mas que também gostava de ganhar presentes.
Cláudia percebeu que Lucindo estava arredio.
Com o tempo, descobriu que o rapaz estava namorando.

Preparando-se para trabalhar, Cláudia, ao terminar de se arrumar, saiu do quarto.
Dirigiu-se a cozinha, onde tomou um chá, comeu mamão e uma maçã.
Depois, escovou os dentes, passou um batom.
Em seu quarto, pegou sua bolsa, seu material de trabalho, livros e caderno.
Despediu-se dos pais, e foi até a garagem, onde abriu a porta do carro acionando um botão. Entrou no veículo, sentou-se no banco. Colocou o cinto, ajeitou os espelhos e o retrovisor. Ligou o carro. Acionou o botão para fechar o portão.
Nisto, saiu da garagem, e dirigiu até a faculdade.
Estacionou o carro em uma das vagas dos professores.
Lá, encontrou Lucindo, que acenou para ela.
Cláudia retribuiu.
Nisto, caminhou em direção ao prédio, onde iria ministrar suas aulas.
E assim, seguiu mais um longo dia de trabalho.
Cláudia falou sobre literatura brasileira, Gonçalves Dias, e seu IJuca Pirama.
Lucindo ao passar pelo corredor, observou a mulher ministrando sua aula, e declamando seus poemas em voz alta.
Não conseguia deixar de ter admiração por ela.

Letícia a esta altura, também havia passado em um concurso.
Era funcionária pública em uma faculdade estadual.
Quando Cláudia soube da novidade, fez questão de comemorar.
Convidou a amiga para ir com ela em um barzinho.
Letícia concordou.
Cláudia colocou um vestido vermelho. Brincos em formato de pérola. Sapatos de salto vermelho.
Lúcio ao ver a irmã terminando de se arrumar, comentou que ela estava muito bonita.
Cláudia agradeceu.
Disse a Lúcio que ele estava muito gentil.
Ana e Jacinto ao verem a filha tão bem vestida, comentaram que ela estava muito linda.
Cláudia, deu uma voltinha com o vestido.
Pegou o carro e saiu.
Buscou a amiga em casa.
Ao chegarem no barzinho, um funcionário as recebeu na entrada e indicou-lhes uma mesa para sentarem-se.
Não demorou meia-hora, para que passassem a receber bilhetinhos e ofertas de bebidas.
Letícia achava graça.
Cláudia recusou todas as ofertas. Agradecia ao garçom, mas pedia para devolver as bebidas.
As amigas conversaram sobre trabalho.
Letícia comentou que tinha um paquera na faculdade.
Dizia que tudo estava no começo, e que não sabia no que iria dar, mas não estava preocupada com isto. Estava apenas curtindo. Comentou que demorou muito tempo para se libertar do trauma de sua relação com Sandro. Disse que agora não estava mais interessada em compromissos sérios e decepções.
Cláudia disse-lhe que merecia ser muito feliz. Argumentou que a amiga era muito batalhadora, e que iria superar mais esta fase, com muitas realizações e felicidades.
Letícia agradeceu os elogios. Ficou emocionada.
Em retribuição, comentou que Cláudia também precisava arrumar alguém. Relatou que nunca viu a amiga em um relacionamento sério.
Quando Cláudia começou a falar que estava focada em sua carreira, Letícia respondeu que isto não era desculpa. Argumentou que nunca era tarde para arrumar alguém.
Cláudia, tentando desconversar, comentou que não estava investindo nisto, e que também não havia aparecido ninguém especial.
Letícia perguntou de Lucindo.
Cláudia incomodada, comentou que ele era uma cara legal, mas que ela nunca foi apaixonada por ele. Disse que gostava do rapaz como amigo.
Nisto, a moça disse que Cláudia iria encontrar alguém.
A mulher sorriu.
Letícia começou então, a observar o ambiente e comentou que havia alguns homens em outra mesa, olhando para a amiga.
Cláudia retrucou dizendo que poderiam estar olhando para uma certa moça loira, e não para ela.
Letícia riu. Respondeu que não precisavam brigar.
Cláudia retrucou irônica, que não estava brigando.
As moças conversaram animadas, contaram piadas.
Letícia comentou sobre as provas que corrigia e as pérolas que de vez em quando saíam.
Cláudia disse que muitas vezes para tentarem disfarçar que não sabiam um assunto, inventavam mil teorias para colocarem nas respostas. Argumentou que os alunos são muito criativos.
Letícia se dizia ansiosa para começar seu novo trabalho.
Cláudia desejou sucesso em sua nova empreitada.
A moça olhou-a com um sorriso nos lábios.
As duas mulheres riram. Beberam.
Cláudia tomou o cuidado de só tomar suco e refrigerante, pois teria que dirigir.
Letícia comentou rindo, que teria que beber pelas duas.
Em dado momento, dois homens se aproximaram. Perguntaram se podiam se sentar.
Cláudia ia dizer que não, mas Letícia disse que podiam.
A moça não gostou do gesto da amiga, mas Letícia falou baixinho que não tinha problema.
Agradeceram e sentaram-se ao lado das moças.
Apresentaram-se. Leandro e Fabrício.
Letícia disse seu nome e comentou que o nome da amiga era Cláudia.
Os moços comentaram que os nomes combinavam com elas.
Letícia agradeceu e Cláudia fez um aceno com a cabeça, como que agradecendo o elogio.
Os homens então, perguntaram se elas estavam gostando do lugar.
Letícia respondeu que sim.
Um dos homens disse que gostava muito quando tinha som ao vivo.
Fabrício, que não tirava os olhos de Cláudia, resolveu perguntar de que tipo de música ela gostava.
Surpresa com a pergunta, balbuciou:
- Mú-si-ca?
- É, que tipo de música você prefere? – insistiu.
Cláudia pensou um pouco e respondeu:
- MPB, Bossa Nova, um pouco de samba, mas samba mesmo, ressaltou, não pagode...
Fabrício riu.
Letícia completou dizendo que ela era bem enfática em suas convicções e em seus gostos.
Fabrício insistiu no assunto:
- E do que mais você gosta? Música sertaneja por exemplo?
- De alguns cantores. Principalmente os mais antigos. Milionário e José Rico, Tonico e Tinoco.
- Que interessante! Eu gosto muito de alguns cantores como Paula Fernandes e a dupla Victor e Leo.
Letícia comentou que Cláudia também gostava desses cantores, e também de música em espanhol, italiano, francês e até em inglês.
Fabrício perguntou a moça, de quais cantores estrangeiros gostava.
E Cláudia comentou que gostava de Beatles, Elvis Presley, Frank Sinatra, algumas músicas pop, de alguns cantores espanhóis e italianos...
Curioso o homem perguntou-lhe se entendia as letras das músicas.
Cláudia respondeu que um pouco.
No que Letícia emendou:
- Mentira dela. Ela é fluente em todos estes idiomas e entende bem as letras.
Leandro, comentou que com a internet, agora tudo ficava mais fácil, pois era só saber o nome da música que se conseguia obter a letra e a tradução.
Nisto, perguntou dos gostos da moça.
Letícia disse que também sabia falar alguns idiomas, não tão bem quanto a amiga, mas que se virava bem no italiano, no francês, no inglês e principalmente no espanhol.
Leandro comentou simpático:
- Então estamos ao lado de duas poliglotas?
Letícia riu dizendo que sim.
Os homens brincando, disseram que não podiam ficar atrás, e pediram para que as moças lhes ensinassem alguma coisa.
Brincando, Letícia disse:
- Why not?
Os rapazes repetiram.
Paroles; Je suis trè content; Enchanted de votre conaissence, entre outras expressões permearam a conversa.
Cláudia, que estava retraída no começo, entrou na brincadeira.
Juntos brindaram.
A toast for the beautifull night.
Fabrício e Leandro gostaram muito da companhia das moças.
Comentaram que elas eram bastante simpáticas e que gostariam de se encontrar mais vezes. Perguntaram como poderiam fazer para marcar um novo encontro.
Letícia comentou que ela e a amiga não tinham celular, mas que eles poderiam deixar seus telefones se quisessem.
Fabrício e Leandro anotaram seus nomes e telefones em pedaços de guardanapo, e entregaram para suas respectivas pretendentes.
Mais tarde, as moças disseram que estava tarde e precisavam voltar para casa.
Nisto, os moços prestativos, chegaram a oferecer uma carona, já que estava tarde.
Letícia agradeceu, mas comentou que estava acompanhada pela amiga.
Leandro achou uma pena, mas emendou que não faltariam oportunidades para ficarem juntos.
Letícia respondeu com um quem sabe.
Leandro afirmou ter certeza de que voltariam a se encontrar.
Beijou a moça no rosto.
Fabrício, comentou que esperaria uma ligação de Cláudia.
Aproveitou para abraçar a mulher ao se despedir.
Cláudia ficou um pouco surpresa com o gesto, mas não repeliu o moço.
Assim, despedidas feitas, as moças acenaram para os rapazes, e dirigiram-se ao estacionamento.
As mulheres riam.
Nisto, Cláudia abriu a porta do carro. Entraram, colocaram o cinto de segurança.
Cláudia ligou o carro e partiram.
A moça deixou a amiga em casa.
Letícia ao sair do carro, agradeceu o convite.
Disse que precisavam sair juntas mais vezes. Comentou que estava sentindo saudade desta velha amizade.
Cláudia disse que fariam uma nova noitada assim que pudesse.
Agradeceu a companhia, e foi para sua casa.
Em frente a residência, observou para verificar se não havia nenhum estranho por perto. Acionou o portão, e rapidamente entrou. Fechou o portão eletrônico. Desligou o carro. Retirou o cinto. Saiu e trancou as portas.
Entrou em casa, procurando não fazer barulho, já que todos dormiam.
Verificou se Lúcio dormia. Ajeitou suas cobertas.
Lembrou-se de todas as vezes em que realizou o mesmo gesto maquinal.
Certa vez, o menino acordou e lá estava ela, velando seu sono.
Curioso Lúcio comentou que ela parecia sua mãe. Disse que nunca tinha visto uma irmã cuidar tanto assim de um irmão.
Cláudia ficou um pouco apreensiva com o comentário.
Nisto o garoto se levantou e foi se arrumar.

Pensando nisto, a mulher, ficou algum tempo observando o filho e depois saiu do quarto do garoto.
Entrou em seu quarto. Fechou a porta.
Deixou sua bolsa em cima da penteadeira.
Sentou-se a cama, retirou os sapatos, levantou-se e tirou o vestido. Olhou-se no espelho.
Parecia um pouco mais feliz.
Retirou a maquiagem com um algodão.
Colocou uma camisola, puxou o lençol. Deitou-se em sua cama e dormiu.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

DELICADO - CAPÍTULO 9 – TEMPO, ETERNO SENHOR DA RAZÃO

Lúcio por seu turno, frequentava o sexto ano do ensino médio.
Suas notas estavam baixas, e Ana o havia advertido de que se não melhorasse as notas, não iria viajar durante as férias escolares.
Lúcio, inconformado com a advertência, foi contar o ocorrido a Cláudia.
A mulher, ao tomar conhecimento da história, resolveu conversar com a mãe.
Ana, ao perceber o questionamento da filha, ficou furiosa e disse que a mãe era ela, e que Cláudia não tinha o direito de se intrometer na criação do menino, da forma como vinha fazendo.
A moça se irritou, mas procurou contar até dez.
Depois de ouvir o que a mãe tinha para dizer, comentou que desta vez ela estava certa. Não iria se intrometer, e que caso Lúcio não melhorasse as notas, não iria viajar com ele, como costumava ocorrer.
Diante disto, Cláudia se comprometeu a conversar com o garoto.
Ana ficou perplexa.
Chegou a comentar com Jacinto, sobre o que estava acontecendo.
O homem disse que a filha estava sendo sensata.
Cláudia conversou então com o garoto, que ficou revoltado ao perceber que ela não havia tomado suas dores, concordando com o que dissera Ana.
Lúcio ficou mais de uma semana sem falar com ela.
Dizia que ela não era sua irmã.
Ana exigiu que ele respeitasse Cláudia.
Mas Lúcio gritando, disse que não iria respeitar ninguém.
Foi o suficiente para Jacinto puxar o menino pelo colarinho de sua blusa, e sacudindo-o, dizer que não era apenas a Cláudia que ele devia respeitar, mas sim a todos os que viviam naquela casa.
Nisto, exigiu que ele confirmasse que havia entendido.
Assustado, Lúcio concordou.
Jacinto exigiu que ele se sentasse, e comesse em silêncio.
Cláudia e Ana se olharam, mas não interferiram.
Jacinto estava cansado das malcriações do menino.
Chegou a dizer que muita coisa iria mudar naquela casa.
Todos se entreolharam.
Quando terminou a refeição, Jacinto mandou o menino retirar a louça e por tudo na pia. Disse que Ana iria lavar, e ele iria enxugar a louça.
Quando o garoto fez menção de reclamar, ele perguntou-lhe se havia alguma objeção.
O menino se calou no mesmo instante.
Furioso, Lúcio enxugou toda a louça.
Conforme secava, ia deixando na mesa da cozinha.
Quando viu isto, Jacinto censurou o menino.
Disse-lhe que sabia onde ficavam as coisas e que poderia guardá-las todas nos seus devidos lugares.
Lúcio aborrecido, obedeceu.
Quando não sabia onde um utensílio ficava, perguntava:
- Onde eu coloco isto?
E Ana pacientemente explicava.
Por fim, a cozinha estava limpa arrumada.
Ana agradeceu a ajuda.
Jacinto perguntou se estava tudo bem.
Ana respondeu que sim.
O homem comentou que no dia seguinte, quando voltasse da escola, Lúcio deveria fazer o mesmo.
O garoto começou a reclamar dizendo que voltava cansado da escola, e que tinha o dever de casa para fazer.
Jacinto argumentou dizendo que primeiro almoçaria, depois lavaria a louça, e em seguida faria os deveres de casa. Mais tarde, poderia brincar com seus coleguinhas na rua.
Relatou que não ficava em casa durante o dia, mas que saberia se ele não cumprira com suas obrigações, e advertiu, que se não obedecesse à Ana, ficaria de castigo.
Lúcio, bufou, pisou duro e saiu batendo a porta.
Ana comentou que ele não era assim.
Disse que estava muito difícil conviver com ele. Cada vez mais impaciente e mal educado.
Cláudia, que observa tudo à distância, aproximou-se dos pais.
Disse que não sabia que Lúcio estava tão malcriado.
Jacinto comentou que como ela trabalhava doze horas por dia, não tinha tempo de ver o que acontecia em casa.
O homem comentou que não se pode mimar as crianças, ou elas ficam insuportáveis. Argumentou que o resultado ela estava vendo.
Cláudia comentou que acreditava que pagando um bom colégio e investindo em sua educação, Lúcio poderia ter um bom futuro.
Jacinto comentou que o desempenho escolar de Lúcio deixava à desejar, e não era de hoje, que o menino tirava notas baixas.
Cláudia perguntou se não o caso de contratar aulas particulares.
Jacinto riu.
Disse que a culpa de um desempenho tão sofrível, eram as conversinhas na sala durante as aulas. Comentou que a diretora chamou Ana para conversar por duas vezes.
Cláudia ficou pasma.
Disse que se a coisa era tão séria ela deveria estar a par do assunto.
Jacinto disse que não queria preocupá-la.
Cláudia retrucou dizendo que não queria ser poupada dos problemas da família, pois afinal de contas, ela também fazia parte dela.
Ana comentou então, Lúcio a desafiava o tempo todo.
Disse que por conta dos presentes, brinquedos, jogos, videogames, passeios, cinema, revistas, viagens, sempre que ela o proibia de fazer alguma coisa, corria para Cláudia, para contar a história de forma distorcida.
Aborrecida, Ana comentou que quase sempre Cláudia ficava contra ela, e a favor do menino.
Nisto, Jacinto contou que toda esta história começou da forma errada, e da forma que começou, não poderia acabar bem.
Ana ao ouvir isto, argumentou que aquele assunto não deveria ser comentado ali.
O homem se calou.
Ana comentou que precisavam mudar a forma como conduziam a educação de Lúcio, ou o menino poderia facilmente se desencaminhar. Disse que ele era muito sensível as influências dos amiguinhos, isto quando não era ele próprio, a má influência para os colegas.
Ao ouvir isto, Cláudia ficou furiosa.
Ana percebendo isto, comentou, que nem sempre os outros é que são má influência para nossos filhos. Salientou que às vezes, os nossos filhos podem ser influências daninhas para os demais. Argumentou que Lúcio era muito inteligente e que sabia ser persuasivo quando queria. Salientou que esta era uma característica e uma qualidade das pessoas dotadas de liderança. Contudo, se má usada, esta qualidade poderia se transformar em manipulação.
Ana aduziu que não estava maldizendo o menino. Apenas estava tentando alertar Cláudia e evitar que Lúcio resolvesse trilhar um caminho tortuoso, ou mesmo errado. Comentou que ainda estava em tempo de colocar o menino nos trilhos, mas que para isto, precisava da ajuda de Cláudia, ou tudo iria por água abaixo.

A moça recordou-se dos tempos em que Lúcio era um bebê com dias de vida e que dependia totalmente dela.
A jovem o amamentava. Depois acalentava o menino com canções de ninar. Balançava suavemente a criança, até que adormecesse. Por fim, colocava a criança o berço, e ficava observando-o por alguns minutos.
Florinda em uma dessas oportunidades, ao ver a sobrinha perto do berço, comentou que o menino era lindo.
Abraçou a moça.
Neste momento, perguntou-lhe se estava preparada para deixar a maternidade aos encargos de Ana.
Cláudia respondeu-lhe com lágrimas nos olhos, que tinha que de ser daquela forma. Tentando disfarçar o choro, enxugou as lágrimas com as mãos.
Disse que iria cuidar de seu futuro.
Florinda concordou.
Colocou uma das mãos no ombro da sobrinha.
As duas ficaram observando o sono da criança.
Cláudia lembrou-se do retorno a casa.
Dos cuidados com o bebê. Os banhos.
As brincadeiras, as cantigas.
Cláudia adorava cantar para o bebê.
Como não conhecia muitas cantigas de ninar, cantava músicas da MPB, Caetano, Chico Buarque, Gal Costa, Gilberto Gil, Maria Bethânia, Elis Regina, entre outros.
Ana ficava da porta do quarto do bebê, ouvindo as canções.
Por diversas vezes elogiou a voz da filha.
Cláudia achava graça.
Ninava a criança, segurando o menino no colo e balançando-o na cadência da música.
Ana admirava a paciência da moça.
Dizia que a criança tinha sorte por ter duas mães.
Com o tempo porém, começou a ficar preocupada.
Cláudia dedicava muito tempo a criança, e isto poderia despertar a desconfiança das pessoas. Disse que poderiam começar a ligar os fatos, e acabar descobrindo que Cláudia era a mãe da criança.
Jacinto nestas horas, perguntava a mulher se não seria melhor que a verdade viesse à tona. Sempre foi contra isto, e chegou a perguntar a filha se ela concordava com isto.
Cláudia, abatida, respondia que sim.
O homem se preocupava, pois com o tempo, a própria filha sentiria necessidade de assumir o filho.
Jacinto chegou a alertar a mulher, que seu plano, com o tempo, poderia se transformar em uma faca de dois gumes.
Ana questionando o marido, perguntava por que.
E o marido dizia que o que parecia uma solução, poderia se transformar em um problema sério, de difícil solução.
Mas Ana prosseguiu com seu plano.
Cláudia chegou a ouvir uma dessas conversas.
Ouvia e sofria em silêncio.

E Cláudia, mesmo após o retorno às aulas, e depois de seu consequente ingresso no mercado de trabalho, continuou a cuidar do bebê.
Como sempre chegava tarde, raramente encontrava a criança acordada.
Mas fazia questão de ir até seu quarto, e mesmo no escuro, ficar observando dormir, com sua boquinha semiaberta do jeito que todos os bebês costumavam dormir.
Para Cláudia porém, era um momento todo especial.
Quando a criança acordava de madrugada chorando, geralmente era ela a primeira a despertar e correr para o quarto para verificar o que estava acontecendo.
Por diversas vezes amamentou o menino, colocando-o novamente para dormir.
Ana ao chegar, encontrava Cláudia amamentando a criança.
Dizia para a filha dormir, pois tinha que trabalhar e ir para a faculdade no dia seguinte. Argumentava que era sua obrigação cuidar da criança.
Mas Cláudia dizia que não era sacrifício nenhum.
Ana ficava sem argumentos.
Por diversas vezes chegou a comentar com o marido, que sentia muita tristeza por perceber que a filha sofria. Dizia que não fizera o que fez por maldade, e sim para protegê-la. Argumentava que esta gravidez poderia comprometer o seu futuro.
Jacinto penalizado, dizia que se houve erro, este erro deveria ser perdoado, pois fora um gesto de amor.
Dito isto, abraçou a esposa e beijou sua fronte.

Ana também parou e pensou.
Recordou-se dos primeiros tempos e da dificuldade da filha em abrir mão de sua maternidade, para poder se dedicar aos estudos e a profissão que escolhera.
Os pais sempre a apoiaram.
Afinal era a única filha, a moça que iria para a faculdade.
Cláudia fez o ensino médio em escola pública e prestou vestibular para uma faculdade pública.
Não compareceu ao primeiro dia de aula, fugindo do trote.
Letícia por sua vez, fez questão de comparecer e comemorar o momento.
Ficou com o rosto e o cabelo pintados.
Para ela, não houve problemas, mas soube de gente que saiu machucada do trote da faculdade.
Cláudia ao saber disto, ficou horrorizada.
Receosa, só foi comparecer a faculdade, a partir da segunda semana de aula.
A moça, logo de cara gostou do curso.
Chegou a comentar em casa que iria aprender vários idiomas.
Ana ficou contente com a animação da filha.

A moça não tinha gastos com os estudos, mas tinha despesas com passagens, mesmo utilizando passe escolar, e com alguns livros e apostilas.
Vinha de família de poucos recursos, mas sempre foi muito dedicada e estudiosa.
Por isto, quando engravidou, pegou a todos de surpresa.
Para Ana e Jacinto, a filha não tinha o perfil de quem costuma engravidar muito cedo. Sempre acreditaram que a filha demoraria para se casar, e que só depois de casada, pensaria em ter filhos.
Nunca perceberam muito entusiasmo da moça, no que diz respeito a rapazes.
Mal sabiam que ela estava interessada em alguém, e que poderia estar saindo com alguém da faculdade.
E até hoje pensavam em quem seria.

Mas Ana, constatando que não era momento para divagações, retomou a conversa.
Percebeu que a filha também se distraíra.

Chamou Cláudia, e perguntou-lhe se poderia contar com sua ajuda.
A moça respondeu que sim. Mas disse que haveria uma condição.
- E qual é a condição? – perguntou Ana impaciente.
- Eu quero ser informada de todas as decisões com antecedência. Assim, nos três iremos decidir o que é melhor para Lúcio.
Ana fez menção de retrucar.
Jacinto, que se ausentara por alguns instantes, retornou e disse que a filha estava certa.
- Afinal se somos uma família, devemos decidir as questões conjuntamente. Cláudia tem direito de participar, já que é a maior interessada no assunto.
Ana argumentou que a maior interessada era ela, mas Jacinto redarguiu:
- Ana... Ana, você sabe que é importante, mas Cláudia é de fato parte interessada. Não pode se furtar a responsabilidade pelo futuro de Lúcio. Nenhum de nós pode.
Sem alternativas Ana concordou.
Não sem antes reclamar que não tinha mais autoridade naquela família.
Jacinto abraçou a esposa e pediu para que ela parasse de ser reclamona ou se transformaria em uma velha ranzinza.
Cláudia pôs a mão na boca e disfarçou o riso.
Com isto, saiu á francesa.

Foi até o quarto de Lúcio, tentar conversar com o garoto.
Bateu na porta, e perguntou se poderia entrar.
Lúcio disse para ela ir embora.
Cláudia, cansada de malcriações, abriu a porta e entrou.
Lúcio ficou surpreso.
Achou que ela não iria ter coragem de entrar.
Mas Cláudia entrou e logo disparou:
- O que está acontecendo?
Lúcio balbuciando disse que não estava acontecendo nada.
Mas Cláudia pressionou-o.
Lúcio disse-lhe para ir embora. Insistiu para que o deixasse em paz. Disparou que Cláudia não era sua mãe.
Ao ouvir isto, Cláudia sentiu vontade de chorar. Seu semblante se modificou.
Parecia ferida de morte.
Lúcio percebeu e se arrependeu.
Não sabia por que, mas havia se arrependido do que dissera.
Cláudia, tentando se recompor, disse que por tudo que fizera por ele, desde o momento em que nascera, poderia sim se considerar sua mãe.
Disse-lhe que poucas irmãs fariam o que ela fez por ele. Comentou contudo, que de certa de forma ele tinha razão de ficar incomodado com tanta intromissão em sua vida. Argumentou porém, que ele havia dado motivos para isto, ao se descuidar de suas obrigações escolares, e de seus deveres de filho.
Relatou que Ana reclamou de seu comportamento malcriado e agressivo. Paciente, perguntou o que estava acontecendo. Perguntou se havia algum problema na escola.
Lúcio dizia que não gostava de estudar.
Cláudia disse que quando tinha a idade dele, também não era muito afeita aos estudos, mas que a partir de uma nota baixa, resolveu que aquela situação não mais se repetiria. E assim, passou a estudar com antecedência para as provas. Lia toda a matéria dias antes, e várias vezes, até que fosse memorizada.
Com isto, suas notas foram melhorando. As notas melhores foram lhe animando, e ela acabou gostando dos estudos. Virou uma aluna aplicada.
Lúcio dizia que isto era muito chato e cansativo.
Cláudia disse que não existe progresso sem sacrifício. Comentou que nenhum grande atleta tem um bom desempenho se não treinar muito, se alimentar adequadamente e se dedicar ao que gosta. Mencionou que até fazendo o que se gosta, as pessoas se deparam com atividades chatas e repetitivas. Salientou que as pessoas só fizessem aquele que gostam, o mundo deixaria de existir.
Curioso o menino passou a ouvi-la.
Cláudia perguntou-lhe então:
- Você acha que gosto do meu trabalho?
- E não gosta?
- Sim, eu gosto. Mas você pensa que eu gosto do meu trabalho em todos os momentos?
- E não gosta?
Cláudia respondeu:
- Tem horas em que acho meu trabalho extremamente monótono. Afinal, são várias aulas do mesmo assunto para diferentes turmas, ano após ano. Você pensa que isto não fica monótono? E isto, por que todos os anos eu realizo uma programação das aulas e altero um pouco a forma de passar a matéria. Procuro relacionar a literatura, com os assuntos da atualidade, com a música, com a arte, o cinema... Mas mesmo assim, as coisas ficam um pouco repetitivas. Às vezes, isto pode ser bem chato. Mesmo se gostando muito do que se faz. E olha que eu me sinto uma privilegiada, por trabalhar em uma área que eu amo.
Poucas pessoas podem dizer que fazem o que gostam, e eu sou uma dessas pessoas.
Lúcio ficou admirado.
Isto por que sempre a considerou uma pessoa realizada.
Nunca a viu reclamar de seu trabalho, ou das pessoas com quem trabalhava.
Cláudia pediu para que ele pensasse no assunto, e avaliasse o que queria de sua vida. Comentou que ele era muito novo, mas que agora era o momento para decidir o seu futuro.
Lúcio, ficou calado.
Cláudia, disse-lhe havia um jeito de deixar os estudos mais divertidos.
Lúcio ficou curioso. Tanto que perguntou:
- É mesmo? Qual?
Cláudia perguntou se podia sentar-se.
Lúcio respondeu que sim.
E assim a moça começou a jogar vídeo game com o garoto.
Como não tinha nenhuma intimidade com os jogos ou com o joystick, o garoto foi lhe explicando quais eram os comandos, e como fazer para jogar.
Apanhou muito para aprender um pouco.
Morria logo nas primeiras tentativas.
A certa altura desistiu, mas continuou no quarto, acompanhando as jogadas do garoto.
Como o jogo era em inglês, Cláudia aproveitou para explicar um pouco da história. Disse que era uma forma ótima para aprender o idioma.
Aconselhou-a ouvir músicas e prestar atenção na letra e na pronúncia.
Acrescentou que com português, poderia fazer o mesmo.
Cláudia acrescentou que mais tarde, treinaria inglês com ele.
Conversaram longamente.
A mulher comentou que ele poderia usar a matemática, calculando os gastos da família e ajudando a controlar as despesas.
Lúcio foi achando tudo muito interessante.

A certa altura, Ana e Jacinto, estranharam a ausência de Cláudia.
Foram verificar o que estava acontecendo.
Qual não foi a surpresa do casal, ao ver que Cláudia conversava calmamente com Lúcio, em seu quarto.
A dupla ria, sentada no chão, e Cláudia aproveitava para colocar a mão no ombro de Lúcio.
Ana e Jacinto, ao perceber o entrosamento da dupla, resolveu fechar a porta do quarto.
Foram para o próprio quarto. Lá conversaram.
Curiosos, ficaram a conjecturar sobre o que conversavam, e o que fez baixar aquela nuvem de tranquilidade.
Jacinto chegou a dizer que as coisas já estavam começando a mudar, e para melhor. Acreditava.
Mais tarde, Ana e Jacinto, foram dormir.
Cláudia a certa altura, percebendo o adiantado da hora, recomendou que o menino dormisse.
Nisto Lúcio perguntou a ela, poderia se cobri-lo com lençol. Disse que fazia muito tempo que ela não o colocava para dormir.
Surpresa Cláudia perguntou-lhe se sentia saudades.
Lúcio respondeu timidamente que sim.
A mulher então, disse que fosse se arrumar, escovar os dentes, e que depois ela o colocaria para dormir.
Lúcio, pegou um pijama, e foi ao banheiro.
Lá, trocou de roupa, escovou os dentes.
Voltou para o quarto.
Cláudia então puxou o lençol e aguardou Lúcio deitar-se.
Cobriu-o com o lençol. Beijou-lhe o rosto. Desejou-lhe boa noite.
Apagou a luz do quarto e saiu.
Tratou também de se recolher.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

DELICADO - CAPÍTULO 8

Um novo ano começou.
Cláudia matriculou-se no último ano do curso de letras.
Lucindo continuou auxiliando-a nos estudos.
A moça arrumou outro estágio como monitora de alunos do segundo grau.
Prosseguiu os estudos.
Leu diversos livros de literatura, que pegou emprestados na biblioteca da faculdade.
Passar por ali, lhe trazia más lembranças.
Não gostava de se recordar de Roberto.
Mas sabia que teria que conviver com isto.
E assim enfrentou a situação.
Seminários, trabalhos, estudos, provas, aulas e mais aulas.
Grupos de estudos na biblioteca, na casa dos colegas.
Estágio, ano longo e atarefado.
Mas Cláudia gostava.
Parecia que o tempo passava mais depressa.
E de fato passou, Lúcio começou a andar, e a falar suas primeiras palavras.
Vivia a chamar Cláudia de Dia.
Para decepção de Ana, que queria que o menino a chamasse de mãe.
Jacinto, argumentou que era perfeitamente compreensível que a primeira palavra do menino fosse algo relacionado ao nome de Cláudia, afinal de contas foi ela quem praticamente criou o menino, em que pese o registro da criança no nome dos dois.
Ana não gostou de ouvir as palavras do marido.

Mais um ano passou, e Cláudia finalmente se formou.
Jacinto acompanhou a filha, mas Lucindo também foi convidado.
Durante o baile de formatura, o moço pediu para dançar a valsa com ela.
Jacinto consentiu.
E assim, o moço a conduziu para o centro do salão.
Dançaram.
Lucindo comentou que estava se preparando para concursos públicos. Sugeriu que a moça fizesse o mesmo.
Cláudia, comentou que iria fazê-lo.
Ressaltou que pretendia fazer mestrado e doutorado.
Lucindo brincou dizendo que ela tinha projetos muito ambiciosos.
Riram.
Depois da valsa, voltaram para a mesa.
A moça se serviu de um refrigerante.
Lucindo preferiu uma cerveja.
Letícia também foi convidada, assim como Sandro.
Todos estavam felizes com a conquista de Cláudia.
Até Lúcio estava presente.
A moça ficou muito contente.
Segurou o menino por diversas vezes no colo.
Brincou com a criança. Deu mamadeira para ele.

Letícia e Sandro permaneceram conversando e dançaram mais algumas vezes.
Letícia e ela foram ao toalete.
A moça comentou que iria distribuir curriculum para encontrar uma vaga na área.
Cláudia incentivou a amiga.
Sugeriu também, que estudasse e prestasse concursos na área.
Riram e comentaram que iriam começar uma nova vida.
Letícia comentou que havia demorado para procurar trabalho na área, mas sentiu que agora era o momento.
Relatou que o consultório estava recebendo cada vez menos clientes, e ela receava ficar sem emprego.
A festa seguiu até alta madrugada.
A família Antunes chamou um táxi para voltar para casa.
Lucindo chegou a oferecer uma carona, mas Jacinto disse que não queria incomodar, e que o táxi já havia sido chamado.
O moço se despediu da família e de Cláudia.
A garota segurou o menino no colo.
Ao chegarem em casa, Jacinto pagou a corrida.
Entraram em casa.
Cláudia levou o menino para o quarto.
Trocou a roupa da criança com cuidado. Colocou um pijama e colocou a criança no colo. Cantou canções de ninar, até o menino dormir. Por fim, colocou-o no berço.
A moça permaneceu no quarto, até ter certeza de que o menino estava dormindo.
Depois foi para seu quarto.
Tirou seu vestido creme, seus sapatos, retirou a maquiagem, as bijouterias que estava usando.
Vestiu uma camisola.
Puxou o lençol e deitou-se na cama.
Estava feliz para concluir mais uma etapa em sua vida.

No dia seguinte, seus pais a parabenizaram.
A moça voltou a distribuir curriculum e prosseguiu nos estudos.
Lucindo e Letícia, a acompanhavam na empreitada.
Sandro a esta altura, estava cursando o primeiro ano de faculdade de direito.
Cláudia passou a ministrar aulas de literatura para o ensino médio.
Estava trabalhando para a iniciativa privada.
Trabalhando na área, continuou a estudar para concursos.

Lucindo foi o primeiro a passar numa universidade federal.
Ao comentar a notícia com Cláudia, a moça o parabenizou.
Mais tarde, foi a própria Cláudia quem passou num concurso para uma universidade federal.
Letícia conseguiu emprego na iniciativa privada.
Comentou que logo, logo seria ela quem iria ter um emprego federal.
Todos concordaram que ela iria conseguir.

Ana e Jacinto ficaram felizes com a conquista da filha.
Tanto que até saíram para comemorar.
A moça precisou se desligar da escola onde lecionava.
Os alunos ficaram surpresos com a novidade.
Muitos gostavam das aulas daquela jovem professora que gostava de falar de literatura, declamando poesias, e relacionando os temas com a atualidade.
Quase todos os alunos estavam indo bem em sua matéria.
Alguns professores chegaram a elogiar sua didática.
Agora, conforme dissera aos alunos, estava iniciando uma nova etapa em sua vida.
Os alunos a parabenizaram pela conquista, mas lamentaram o fato dela não continuar a ministrar aulas para eles.
Cláudia lecionou para o ensino médio por cerca de três anos.
Quando começou a ministrar aulas na universidade, já estava com parte de suas aulas, devidamente preparadas.
Lucindo já lecionava a algum tempo na universidade federal.
Encontraram-se nos corredores da instituição.

Com o tempo Letícia e Sandro se casaram.
Cláudia, Ana, Jacinto, Lúcio e Lucindo assistiram da cerimônia e parabenizaram a moça.
Cláudia comentou que a amiga estava muito linda.
Letícia sorriu em agradecimento.
Estava radiante.
Sandro também estava bem emocionado.
No salão de festa, dançaram uma valsa juntos, enquanto todos observavam o casal.
Fotógrafos estavam a postos para registrar todos os momentos do casal.

Por algum tempo viveram bem juntos.
Saíam para passear, dançar, beber, jogar conversa fora. Iam ao cinema, viajaram.
Almoçavam no domingo na casa de Helena.
Sandro vivia elogiando a comida da sogra.
A mãe de Letícia também era só elogios para o moço.

Pena que o relacionamento não durou muito.
Anos depois o casal se desentendeu.
Letícia acreditava que Sandro a havia traído com uma secretária que trabalhava em seu recém inaugurado escritório de advocacia.
Cláudia, ao tomar conhecimento do fato, tratou de consolar a amiga.
Letícia era só chorar.
O divórcio ocorreu tempos depois.
Sandro resistia a ideia de separação.
Insistia em dizer que estava arrependido, e que não aceitava a ideia de que tudo estava acabado.
Criou bastantes dificuldades para a formalização do divórcio.
Dizia que não iria facilitar nem um pouco as coisas para ela.
Com a separação, a moça voltou a morar com a mãe.
Mas mesmo com as dificuldades, e o boicote de Sandro, a moça não desistiu da ideia de separação.
Helena ficou inconformada ao saber da traição.
Em uma oportunidade, chegou a perguntar o moço, o porquê da infidelidade. Perguntou-lhe se não estava feliz com Letícia.
Sandro respondeu que foi um imbecil.
Argumentou que o casamento ia bem, mas que não resistiu a tentação.
Helena ao ouvir isto, comentou que todo homem quando traía, costumava colocar a culpa na mulher. Questionou o fato de dizerem que foram levados por um impulso, que eram homens, enfim, uma série de justificativas para tentar justificar o injustificável.
Sandro, ao ouvir isto, disse:
- Não é bem assim. Eu não queria magoar sua filha.
Helena ao ouvir isto, falou:
- Está certo. Eu não vou discutir com você. Você acha que a carne é fraca. Não é mesmo?... Pois bem meu caro, a carne realmente é fraca.
Sandro não entendeu a colocação. Indagou-lhe.
Helena perguntou-lhe então:
- Se por acaso, fosse minha filha que o tivesse traído, ela obteria o seu perdão?
Sandro ficou pasmo com a pergunta.
Pensou, pensou, mas acabou respondendo que não sabia o que dizer.
Argumentou que nunca passou-lhe pela cabeça a ideia de traição.
Helena completou:
- Pois bem. Não passou pela cabeça de Letícia também. Também não passava pela cabeça de minha filha ser traída, e tampouco perdoá-lo por isto. – respirou fundo, e completou – Eu conheço esta moça desde que ela nasceu. Ela já sofreu uma decepção como esta, há alguns anos atrás e ela não perdoou o rapaz... Assim, não perca seu tempo tentando convencê-la. Vai perder seu tempo. E tem mais! Quanto mais obstáculos você colocar para a realização da separação, com mais raiva ela ficará de você.
Sandro ao ouvir isto, chorou.
Mas afirmou que não iria desistir de Letícia, e que aquela confusão iria passar, e eles voltariam a ficar juntos.

Sandro realmente insistiu para reatar o relacionamento.
Por vezes ligava para Letícia, pedindo para retomarem o casamento, esquecerem o passado.
Mas Letícia estava irredutível.
A moça chegou a atender algumas ligações e pediu para que ele parasse de insistir.
Com tempo, cansada de receber tantas ligações, a moça trocou o número de telefone.
Comentou com Cláudia que estava cansada das chantagens sentimentais de Sandro.
Cláudia dizia para ela dar tempo ao tempo.
Falava para a amiga ter paciência que este calvário iria passar.
E passou, mas foi uma luta árdua conseguir a separação.
Sandro contratou um colega para trabalhar no processo de separação.
O moço criou dificuldades na partilha do apartamento em que moravam.
Quando as pessoas visitavam o imóvel, inventava problemas de infiltração, mofo em lugares onde não havia problemas, dizia que a vizinhança era péssima. Tudo para dificultar a venda.
Com o tempo, vendo que não conseguiria fazer a moça voltar para ele, acabou concordando em vender o bem.
Por fim se separaram.
Sandro saiu da sala do fórum, bastante decepcionado.
Letícia estava aliviada.
Helena ao saber que o divórcio havia sido formalizado, abraçou a filha. Disse-lhe que esta seria uma nova fase em sua vida, e que dali por diante, as coisas seriam melhores.
Por fim, Sandro acabou convencido de que não adiantaria lutar.
Algum tempo depois, o moço chegou a encontrar Letícia com um rapaz.
A jovem não viu Sandro.

Ana ao saber do ocorrido, comentou que a atitude de Sandro fora lamentável.
Cláudia até se espantou com a reação da mãe.
Ana argumentou que as mulheres deveriam ser mais tolerantes umas com as outras.
Jacinto também ficou admirado.
Quanto aos relacionamentos amorosos de Cláudia, a mesma costumava arrumar algumas paqueras e nada mais sério.
Cláudia conheceu um rapaz na faculdade e chegou a sair com ele algumas vezes.
Mas a relação acabou não durando muito tempo.
Cláudia comentou com Letícia que o rapaz não estava interessado em nada sério.
Letícia ao ouvir isto, comentou que isto era uma pena.
Com o tempo, a moça começou a sair com outro rapaz.
Um jovem advogado que a conheceu em uma festa.
Cláudia estava sozinha, quando o moço se aproximou e perguntou-lhe se estava gostando da festa.
Comentou que conhecia há bastante tempo o dono da casa.
Cláudia respondeu que ele era seu superior na universidade onde lecionava.
Nisto, o moço disse que se chamava Rafael.
A mulher também se apresentou.
O rapaz comentou que era advogado na área cível.
Falou de algumas causas, comentou que alguns clientes eram complicados, mas gostava de seu trabalho.
Nisto, perguntou a moça sobre seu trabalho, como era lidar com os alunos.
Cláudia comentou que gostava muito de seu trabalho. Falou um pouco sobre o preparativo de suas aulas, e sobre seu dia a dia.
Rafael comentou que sua rotina era bastante puxada.
Conversaram praticamente durante toda a festa.
Começaram a namorar.
Saíam juntos.
Cláudia acabou apresentando o rapaz ao pais.
Letícia também foi apresentada a Rafael.
O namoro parecia ir de vento em popa.
O casal chegou a viajar juntos.
Visitaram fortes e pontos turísticos da região.
Andaram de mãos dadas na praia.
Nadaram juntos.
Animados, brincaram nas águas do mar, até o sol se por.
Do passeio, registros em fotografias, tiradas de uma câmera digital.

Na mesma festa Letícia conheceu Clóvis.
A quem namorou por algum tempo.
A moça comentou com Clóvis que estava feliz em ver a amiga conversando com Rafael.
Clóvis, também chegou se apresentando a Letícia. Disse que a vinha observando durante algum tempo. Comentou que ela era uma mulher muito bonita.
Letícia ao ouvir a abordagem, começou a rir.
- Do que está rindo? – perguntou o homem com o sorriso no rosto - Ah, já sei. A moça já deve estar acostumada a ouvir este tipo de comentário. Desculpe, eu sei que não fui original, mas é que você é tão bonita, que eu não consigo deixar de notar.
Letícia achou graça.
Clóvis sorriu para ela.
Nisto, apresentou-se.
Letícia também se apresentou.
Conversaram longamente.
Falaram de seus trabalhos. Ele, engenheiro, ela professora.
Letícia disse que sempre que podia, aproveitava e saía para beber, jogar conversa fora. Comentou que o dono da festa era o reitor, da universidade onde sua amiga lecionava.
Clóvis comentou que sentia uma grande admiração pelos professores, já que eram eles quem garantiam a formação de todos e transformavam o futuro das pessoas.
Ficaram bastante próximos.
Saíram muitas vezes juntos.
Beberam e conversaram.
Dançaram.
Jantaram.
Assistiram filmes juntos.
Viajaram juntos.
E por algum tempo, conviveram juntos.
Mas com o tempo, o moço cogitou casamento e Letícia não se sentia preparada para isto.
Assim, o relacionamento acabou desfeito.
Para tristeza de sua mãe, que achava o rapaz um ótimo partido.
Contudo, mesmo triste, aceitou a decisão da filha.
Helena abraçou a filha, e disse-lhe apenas que queria que ela fosse feliz.
Letícia chorou nos braços da mãe.

Enquanto o tempo passava, Cláudia, gostava de ver os progressos de Lúcio, que a esta altura, já estava em uma escolinha.
Acompanhou o menino em seu primeiro dia de aula.
Ajudou o menino a andar.
Brincava com a criança quando sua mãe estava atarefada.

Lucindo também passou a arrumar algumas paqueras.
Namorou Marlene, com quem saía para dançar.
Em algumas dessas saídas, encontrou Letícia e Clóvis.
Constrangido, Lucindo, ainda perguntou de Cláudia.
Marlene ficou um pouco aborrecida com a pergunta.
Lucindo desconversou, dizendo que não havia nada demais.
Sem graça, Letícia comentou que Cláudia estava bem. Em seguida, cumprimentou Marlene, desejou-lhes uma boa noite, a qual foi emendada, com um divirtam-se.
Lucindo agradeceu.
Nisto, segurou Marlene pela mão e a levou para dançar.

Com efeito, Lucindo já havia visto, Cláudia saindo de carro com um rapaz.
Quando saía da faculdade, um rapaz vinha atrás de Cláudia.
Um dia chegou a ouvir o moço dizer:
- Já que Maomé não vai a montanha, a montanha vem até Maomé.
Cláudia respondia com um sorriso.
Rafael aproveitava para abraçar a moça.
Brincava que estava pedindo uma carona.
O casal seguia no carro da moça.

Lucindo, por algum tempo, ficou rondando Cláudia.
Visitava frequentemente a moça em sua casa.
Vivia brincando com Lúcio, que com a convivência, passou a sentir um grande afeto por Lucindo.
O moço vivia a trazer-lhe presentes. Brinquedos, roupas, toalha, sapatos.
Ana dizia que ele estava mimando a criança.
Ria dizendo que o estava estragando.
Cláudia costumava dizer que não era necessário tanto mimo.
Argumentava que o menino gostava dele de graça.
Lucindo também gostava do garoto.

O moço porém, ficou desapontado, ao perceber que Cláudia não correspondia às suas investidas.
Lucindo visitava a moça, brincava com Lúcio, levava-lhe mimos e presentes.
Convidava a moça para sair com ele, mas Cláudia sempre inventava uma desculpa.
Ora eram os estudos, ora o trabalho.
A certa altura, chegou a dizer ao moço que procurasse seguir com sua vida. Que encontrasse alguém.
Lucindo ao ouvir isto, disse que Cláudia não podia se fechar.
A mulher agradeceu a preocupação.
Argumentou que tudo estava bem.
O rapaz retrucou dizendo que não estava tudo bem.
Argumentou que há anos tentava convencê-la de que poderiam ficar juntos. Comentou que estava cansado de tantos nãos.
Cláudia constrangida, disse que não poderia ficar com ele. Argumentou que ele merecia alguém melhor, que gostasse muito dele.
Ao ouvir isto, Lucindo ficou bastante chateado.
Cláudia pediu-lhe desculpas.
Lucindo deixou-a sozinha.
Aborrecido, ficou um longo tempo sem lhe dirigir a palavra.
Circunstância que a chateou bastante.
Contudo, o tempo passou, a raiva também.
Continuaram amigos.

Lucindo teve outras namoradas.
Com Marlene, o relacionamento terminou de forma amigável.
A moça, cansada do fato de Lucindo sempre trazer Cláudia para o relacionamento, resolveu terminar o namoro.
Dizia que mesmo sem querer, Lucindo não conseguia disfarçar que gostava dela.
Chorando, a moça disse-lhe que não queria ser usada.
Lucindo tentou desconversar dizendo que ela estava enganada, mas não conseguiu convencê-la.
Marlene relatou das vezes que encontrava amigos e conhecidos, das vezes que perguntou de Cláudia na sua frente.
Com o tempo, o moço voltou a visitar a família de Cláudia.
Marlene ficou indignada.
Tristonha, a moça comentou que não estava disposta a se contentar com migalhas.
Lucindo ao ouvir as palavras da moça, pediu para que ele se acalmasse.
Tentando se desculpar, pediu para não fizesse uma cena.
Marlene lhe disse para não se preocupar com isto. Relatou que não iria se humilhar. Ressaltou merecia alguém que gostasse dela de verdade.
O homem por sua vez, falou que achava uma pena, o namoro terminar.
Contudo, afirmou que não poderia enganá-la.
Nisto, beijou-lhe o rosto.
Lucindo pediu-lhe desculpas.
Disse que nunca tivera a intenção de enganá-la. Afinal ela era uma mulher fantástica. Afirmou que gostou dela de verdade.
Marlene por fim, se despediu de Lucindo.

Com o tempo o moço arrumou uma nova namorada.
Laura era bastante animada, adorava uma festa.
Seus amigos estranharam o namoro.
Mas Lucindo não se importava com os comentários.
O namoro durou algum tempo.
Enquanto o rapaz aguentou o ritmo da moça, o relacionamento persistiu.

Com efeito, seguiram mais alguns relacionamentos.
Teve Lia, mais centrada.
Com ela, o moço aproveitava para preparar suas aulas, comentava sobre o desempenho de seus alunos.
Gostavam de comentar os livros de literatura que liam, saíam para ir ao cinema, jantar.
Com o tempo porém, o relacionamento acabou se desgastando.
A mulher pretendia casar-se, e casamento não estava nos planos do moço.
Juliana e Olegário ficaram desapontados com o término do namoro.
Também ainda teve Márcia e depois Lizandra.
Advogada e Publicitária, respectivamente, ambas obcecadas por seus trabalhos.
Lucindo passava mais tempo com seus livros, do que com a namorada.
Márcia, dava pouca atenção ao moço. Ao tempo do namoro com Lizandra, ocorreu o mesmo.
Foi o bastante para os relacionamentos não vingarem.

Enquanto isto, Lúcio crescia, e Ana cada vez mais impunha seu modo de criação ao menino.
Cláudia não concordava com a rigidez de Ana, que não deixava o menino comer nenhuma guloseima antes de jantar.
Dizia que um docinho não iria tirar o apetite do garoto.
A mulher costumava comprar presentes para o menino.
Com bastante frequência, para preocupação de Ana, que não queria que o menino crescesse uma criança mimada.
Por diversas vezes, Ana proibiu a filha de distribuir presentes para o irmão.
Mas Cláudia não se intimidava com as broncas da mãe.
Lúcio era bastante ligado nela.
Não possuía uma boa relação com Ana.
Jacinto lhe recomendava paciência.
Ana porém, reclamava do comportamento de Cláudia.
Dizia que a moça estava testando sua paciência.
Enquanto isto, a moça frequentava a universidade.
Fez mestrado e depois doutorado.
E assim, aos trinta e dois anos, concluiu o doutorado.
Agora era mestra e doutora.
Com o implemento em seu currículo, a moça verificou um acréscimo em seu salário.
Adquiriu um veículo, logo depois de tirar carta.
Até o momento já havia trocado o carro, uma vez.
Deixou o veículo antigo em nome de seu pai, Jacinto, que agradeceu o presente.
A esta altura, o homem já estava aposentado, mas fazia alguns trabalhos em alguns escritórios de amigos.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

DELICADO - CAPÍTULO 7

Com isto, os meses se passaram.
O berço finalmente foi entregue.
Licínio tratou de montá-lo.
Combinaram que a criança ficaria alguns dias na chácara, e que estando em condições, voltariam para São Paulo.
Florinda, perguntou a mulher se ela estava certa do que estava fazendo.
Ana respondeu que não iria mudar de ideia.

Quando Cláudia começou a sentir as primeiras contrações, Ana recomendou-lhe que respirasse fundo.
Recomendou a filha que esperasse um pouco, e que logo mais iriam para a maternidade.
Com efeito, a criança nasceu cerca de quatorze horas depois, em uma maternidade da região.
Parto normal.

Ana ligou para o marido, informando-o da novidade.
O homem era informado semanalmente das novidades.
Ao saber disto, Jacinto perguntou se ela registraria a criança em seu nome.
A mulher respondeu que sim.

E assim o fez.
Com cerca de três dias de nascimento, Ana dirigiu-se a um cartório da cidade e registrou o menino Lúcio em seu nome e no nome de seu marido.
De posse da Certidão de Nascimento da criança, Lúcio se tornou filho do casal Antunes.
Cláudia trazia o menino nos braços quando soube que sua mãe havia registrado a criança como se fosse sua.
Ao ler o documento, a moça chorou.
Ana retirou a criança de seus braços.
Disse que fizera aquilo para evitar um mal maior.
Comentou que enquanto tivesse leite amamentaria a criança, mas que ninguém em São Paulo, poderia saber disto.
Ana insistiu para que a filha não contasse a ninguém que o menino era seu filho.
Fez Cláudia jurar que não contaria a ninguém, nem mesmo ao menino.
Também relatou que no ano seguinte, a garota voltaria ao curso de letras.

Com efeito, durante a semana santa, Ana e Cláudia aproveitaram para fazer uma viagem para a região.
Isto por que, com a barriga um pouco saliente, ficaria um pouco difícil esconder a gravidez.
Ana achou por bem se ausentar da casa da tia.
Cláudia adorou ficar em um hotel.
Passeou pela região serrana, tirou fotos.
Ao voltar, todos os parentes já haviam partido.
Florinda comentou que todos perguntaram onde estavam, e ela respondeu que estavam em São Paulo, resolvendo alguns problemas e depois voltariam.
Argumentou que Ana estava fazendo um tratamento, e recomendou ao marido e aos funcionários que não falassem nada sobre a gravidez de Cláudia. Salientou que estavam proibidos de fazer qualquer tipo de comentário. Para todos os efeitos, ninguém estava grávida.
Ester e Raquel, ao tomarem conhecimento deste fato, ficaram perplexas. Não queriam que suas filhas se aproximassem da moça, pois a consideravam um mal exemplo.
Mas ao passarem a conviver com a jovem, e tomarem conhecimento da história, convenceram-se de que Cláudia não era má pessoa.
Florinda por sua vez, aconselhou as mulheres a orientarem suas filhas, a fim de que não caíssem na conversa de qualquer malandro.

Com isto, ao final de algumas semanas após o nascimento de Lúcio, Ana e Cláudia arrumaram suas malas, que estavam maiores.
Desmontaram o berço.
Desta vez, não voltariam de ônibus e sim de carro. Trazendo uma pequena mudança.
Ana não deixou Cláudia segurar a criança no colo.
A moça só chorava.
Como a criança sentiu fome, Ana deu-lhe uma mamadeira.
A certa altura, a mulher deixou Cláudia segurar o filho.
A moça enxugou as lágrimas.
Cantou para a criança dormir.
A criança permaneceu no colo da jovem, durante boa parte da viagem.
Dormiu boa parte do tempo.
Quando chegaram, Jacinto as aguardava na porta.
Estava ansioso para conhecer o menino, que desencadeara todas estas peripécias.
Cláudia desceu do carro, com o menino no colo.
Ana então, retirou a criança dos braços da filha.
Proibiu-a de chorar.
Convidou Licínio e Florinda para entrar.

Jacinto ficou encantado com o menino. Achou lindo e um pouco parecido com a filha.
O menino era mais claro que Cláudia, tinha olhos claros, mas Ana também tinha, e desta forma, a criança era mais parecida com a avó do que com a mãe.
Acreditou que desta forma, a farsa ficaria mais convincente.
Com isto, no dia seguinte, Florinda e Licínio rumaram de volta a chácara.
Ana convidou-os para ficarem mais um pouco, mas o casal dizia sentir saudades de casa.
Assim, depois do café da manhã, despediram-se do casal.
Florinda abraçou calorosamente a sobrinha neta. Disse-lhe que era muito dedicada, e assim, teria um futuro brilhante.
Ao perceber sua tristeza, comentou que algum dia, esta situação acabaria por se resolver. Aconselhou-a a não se isolar e não abrir mão de seu futuro por conta disto.
Licínio também se despediu da moça.
Ana, Jacinto e Cláudia ficaram no portão vendo a camionete desaparecer na estrada.

Nos dias que se seguiram, a criança teve febre, e Cláudia se preocupou.
Foi sua mãe quem a tranquilizou, dizendo que era normal as crianças terem um pouco de febre.
Nisto segurou a criança, e pediu para a filha preparar um banho.
Ana então banhou o menino, trocou sua roupa.
Colocou-o no berço.
Disse que se a criança não melhorasse, no dia seguinte o levaria no Pronto Socorro.
O menino porém, melhorou.

Com efeito, a notícia de que a mulher tivera um segundo filho, apanhou toda a vizinhança de surpresa.
Ana comentou que tivera uma gravidez complicada e que o médico lhe pediu repouso absoluto.
Razão pela qual resolveu ficar alguns meses no interior.
Todos pareceram acreditar nisto.
Ana comentou que temia não conseguir levar a gravidez adiante, por isso não contou a ninguém que estava grávida.
E ninguém a questionou.

Com isto, a criança foi crescendo.
Começou a engatinhar.
Depois começou a levantar e começar a andar.
Levou seus primeiros tombos.
Balbuciou as primeiras palavras.
Ana o levou em diversas consultas com o pediatra.
Lúcio tomou diversas vacinas.
Chorou.
Ficou doente algumas vezes, teve febre.

E Cláudia, ao início de um novo ano, se matriculou na faculdade.
Iria cursar o terceiro ano.
Letícia, ao saber de seu regresso, tratou de visitar a amiga.
Para seu espanto, descobriu que Ana tivera um segundo filho, um menino de nome Lúcio.
A moça sentiu Cláudia um tanto triste.
Não parecia a mesma jovem que conhecia.
Letícia achou bastante estranho Ana surgir com um filho, quando quem poderia estar grávida, seria a própria Cláudia.
Contudo, a moça negou suas suspeitas.
Letícia preferiu não polemizar.
Percebeu que Ana lhe lançava olhares furiosos.
Em visitas a casa, Letícia passou a conviver com Lúcio, e seus progressos.

As amigas voltaram a se encontrar na faculdade.
Letícia estava no quarto ano.
Cláudia por sua vez, iria começar o terceiro ano.
A moça, encontrou Letícia nos corredores da faculdade.
Letícia perguntou-lhe se estava tudo bem.
Cláudia respondeu que sim.
Letícia parabenizou-lhe pelo novo integrante na família Antunes.
Cláudia agradeceu.
Letícia perguntou-lhe se o menino já fora batizado.
A garota respondeu-lhe que não.
Cláudia comentou que conversaria com a mãe sobre a cerimônia de batizado do irmão.
Letícia ficou curiosa com a demora em batizar o menino.
Cláudia disse que a gravidez da mãe foi tumultuada, e que somente agora, conseguiram se organizar.

Por fim, ao término de dois meses, Lúcio foi finalmente batizado.
Como padrinhos, Cláudia sugeriu convidar a amiga Letícia e seu namorado Sandro.
Ana tentou argumentar, disse que não, mas Cláudia disse que ela não poderia nunca assumir o filho, mas que a escolha dos padrinhos seria dela. Afinal quem era quem tinha que acordar de madrugada para amamentar a criança, e pôr o menino para dormir?
Ao ouvir a pergunta, Ana ficou sem argumentos.
Cláudia comentou que por diversas vezes deu banho, trocou fraldas, tomou conta, preparou refeições para a criança, e até levou o bebê para passear.
Assim, tinha o direito de escolher os padrinhos da criança.
Jacinto, que ouviu a conversa, concordou.
Ana não teve outra alternativa, senão aceitar.

Com efeito, quando Ana recebia as visitas das amigas parabenizando-a, Cláudia se trancava em seu quarto.
Jacinto ficava penalizado com a situação.
Dessarte, atribulados com o nascimento do menino, acabaram por se esquecer de batizar a criança.
Com isto, Cláudia, ao encontrar a amiga nos intervalos das aulas, chamou-a para uma conversa.
Tratou logo de convidar a amiga e seu namorado para serem padrinhos.
Letícia sentiu-se lisonjeada.
Contudo questionou a escolha.
Argumentou que Ana não gostava dela.
Cláudia comentou que sua mãe deixou que escolhesse os padrinhos de sua preferência. A moça argumentou que quase sempre era ela quem cuidava da criança, razão pela qual nada mais justo que escolhesse os padrinhos, os segundos pais de Lúcio.
Ao ouvir isto, Letícia prometeu que conversaria com Sandro. Mas adiantou que provavelmente ele não se oporia.
Dito e feito.
No dia da cerimônia, lá estava o casal de padrinhos prontos para batizarem o menino.
Letícia usava um vestido azul, e Sandro calça e blazer sociais.
Ana e Jacinto, observavam o casal segurando o bebê, enquanto caia água benta em sua fronte.
O menino chorou.
Cláudia estava ao lado dos pais.
Mais tarde, foi organizada uma pequena recepção, para as pessoas mais próximas.
Lúcio não era mais pagão.

Quanto as aulas, Cláudia aprendia sobre mitologias grega e romana, história da literatura, literatura brasileira, inglesa, portuguesa, europeia, etc.
Estudava bastante.
Realizou as provas, entregou os trabalhos, realizou seminários.
Distribuiu novos curriculum vitae. Participou de palestras.
Conheceu novos colegas, se enturmou.
Roberto nunca mais deu as caras na instituição.
Já Lucindo, ao saber que a moça voltou a faculdade, tratou de ir conversar com ela.
Perguntou se estava tudo bem.
Cláudia respondeu que sim.
Lucindo comentou que soube por Letícia, que sua mãe andou passando por alguns problemas de saúde. Desejou melhoras.
Cláudia agradeceu. Disse que agora tudo estava bem.
O moço comentou a respeito de Lúcio.
Cláudia respondeu que era seu irmão.
Lucindo deu-lhe parabéns pelo nascimento do irmão.
Por fim, disse-lhe que estava à disposição para qualquer eventualidade, e que gostaria de visitá-la.
Cláudia prometeu agendar a visita.
Lucindo disse que ficaria aguardando.

Semanas mais tarde, o moço finalmente visitou a família.
Lucindo cumprimentou os pais da moça, conheceu Lúcio.
Trouxe uma peça de roupa para a criança.
Ana ficou encantada com a gentileza do moço, que a parabenizou pelo nascimento do menino.
Cláudia comentou que em razão do afastamento do curso, precisava recuperar o tempo perdido.
Lucindo respondeu que estudiosa como era, não seria difícil acompanhar as aulas e recuperar o tempo perdido.
Ana preparou um lanche para o moço.
Cláudia e Lucindo conversavam no jardim da casa.
A moça balançava o carrinho da criança.
A mulher comentou que não aceitava recusa.
Lucindo agradeceu o lanche.
Sanduíche de presunto, queijo e tomate, com suco de laranja.
O moço comentou que o quarto ano estava bem puxado, mas que o curso era muito bom. Relatou que já estava procurando trabalho.
Em seguida, mudando de assunto, disse que se precisasse de ajuda, poderiam estudar juntos.
Cláudia agradeceu.

De fato, Lucindo e Cláudia aproveitavam para estudar juntos.
Letícia ao saber disto, comentou que ela estava certa em levar sua vida.
Cláudia disse que estava se focando nos estudos.
De vez em quando as amigas saíam.
Letícia comentava sobre o progresso do namoro com Sandro.
Dizia que raramente brigavam por bobagens, e que ele era mais maduro que a maioria dos namorados e paqueras que já teve.
Cláudia sorriu para Letícia demonstrando estar feliz com a notícia.
A certa altura, Cláudia conseguiu uma vaga como monitora em uma escola primária.
Quando contou a Letícia e a Lucindo, ambos ficaram felizes com a novidade, chegando a parabenizá-la.
Cláudia começou explicando dúvidas sobre língua portuguesa, e também sobre inglês.
Este emprego lhe deu experiência para enfrentar uma turma de alunos.
Gostava do trabalho, e conseguiu conciliá-lo com os estudos.
Ana elogiou a iniciativa da filha:
- Tô gostando de ver! Vida que segue.
Era um estágio de meio período.
A moça estava atarefada.
Lucindo de vez em quando ia visitar a moça nos fins de semana.
Percebeu que o menino era muito próximo de Cláudia.
Ana percebendo isto, resolveu assumir a criação do menino.
Passou a incentivar a moça a passear com o rapaz.
Mas Cláudia dizia que ele era apenas um amigo, e que não havia demais nisto.
Ana fingia concordar.
Cláudia ignorava os olhares da mãe.
Prosseguiu com seus afazeres.

Lucindo iria se formar, e desta forma, tratou de convidar Cláudia para acompanhá-lo em sua festa de formatura.
A moça ia recusar, não fosse a interferência de Ana e Letícia, que estavam na residência dos Antunes quando ouviram a proposta do moço.
Sem jeito, a jovem acabou concordando.
Lucindo ficou bastante feliz.
Acompanhada de Letícia, Cláudia comprou um lindo vestido vermelho frente única, plissado.
Para acompanhar, um par de scarpins vermelhos.
No dia do evento, a moça se preparou com todo o cuidado.
Vestiu o vestido vermelho, colocou uma meia calça, os scarpins. Fez uma maquiagem e prendeu parte dos longos cabelos negros em uma bonita presilha.
Colocou uma pulseira em um dos braços e se perfumou.
Nos lábios, um batom vermelho.
Lucindo foi buscá-la de carro.
Estava de terno.
Ana ao recebê-lo em sua sala, comentou que ele estava muito bonito.
Lucindo, um tanto sem graça, agradeceu o elogio.
O rapaz frequentemente visitava a casa da família.
Sempre que podia, trazia um presente, um mimo para Lúcio.
Quando o moço viu a moça, ficou encantado.
Cláudia estava realmente muito bonita.
O moço elogiou sua aparência dizendo que ela estava muito linda.
Um pouco sem jeito, a moça agradeceu.
Nisto Lucindo se despediu dos pais de Cláudia e após, seguiu para a rua.
Abriu a porta do carro para ela.
Em seguida entrou, colocou o cinto, ligou o carro, e saiu.
Ao chegarem no salão, Cláudia encontrou Letícia, que estava acompanhada dos pais e de Sandro.
Estava muito bonita em seu vestido verde aveludado.
Era uma mulher alta e exuberante.
Sandro, estava de terno e gravata. Elegantíssimo.
Letícia comentou que ela estava muito linda.
Cláudia agradeceu, e comentou que ela estava arrasando.
Letícia brincou dizendo:
- Faço o que posso, não é amiga?
Durante a festa as moças conversaram bastante.
Letícia dançou a valsa com Sandro e Cláudia acompanhou Lucindo.
Tomaram champagne. Tiraram fotos.
Cláudia parabenizou Lucindo e Letícia, pela formatura. Desejou-lhes muito sucesso com êxito em suas trajetórias.
A moça chegou a abraçar Lucindo, que ficou emocionado.
O rapaz chegou a apresentar alguns parentes. Seus tios Olegário e Juliana.
A turma apreciou os comes e bebes.
Riram e falaram bobagens.

Lucindo comportou-se bem.
Ao visitar a moça após o ocorrido, comprometeu-se a não contar a ninguém sobre o ocorrido.
Disse que não tinha o direito de se intrometer na vida da moça.
Cláudia agradeceu.
Comentou que não queria mais sequer se lembrar do ocorrido.
Chorando pediu a ele para que não tocasse mais no assunto.
Lucindo assim o fez.
Mesmo desconfiado de que Lúcio não era filho de Ana, não ousou perguntar a Cláudia o que havia ocorrido.
Gostava da companhia da moça e não estava disposto a perder estes momentos com ela.
Preferia guardar a dúvida consigo.
Quando Cláudia sorria, ele olhava enternecido para ela.
Letícia e Ana por diversas vezes comentaram com Cláudia, que o moço parecia interessado. Por diversas vezes, incentivaram a moça a investir em Lucindo.
Cláudia achava graça, mas não parecia interessada em investir em um relacionamento.
Dizia que sua faculdade e seu futuro profissionais eram sua prioridade.
Com isto, seguiram as festas de fim de ano.
Natal e Ano Novo.
Árvore de natal enfeitada, comes e bebes, espumante, luzes acesas.
Confraternização, troca de presentes.
Queima de fogos vista do quintal.
Cláudia vestida de vermelho, a segurar Lúcio no colo.
No dia 25 de dezembro e 1 janeiro, a moça recebeu a visita dos amigos, Letícia e Lucindo.
Aproveitaram para visitar Cláudia e desejar-lhe um bom natal, e um bom e próspero ano novo.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.