Mas, voltando ao que interessa ... De posse das informações que precisava, tratou de combinar com a filha, o dia da visita.
Lúcia, ficou satisfeita. Finalmente iria conhecer seu pai.
O pai que não conhecera em vida...
Ao menos poderia visitar sua sepultura. Se não era um alívio, pelo menos poderia se consolar com a certeza do paradeiro de seu pai.
E assim, alguns dias depois do combinado, as duas foram visitar o túmulo de um homem chamado Renato.
Lúcia, numa atitude de respeito, depositou flores em sua sepultura.
Atenta, a moça observou cada detalhe do túmulo. Descobriu a idade que tinha quando faleceu e que seu nome completo, era Castro Cavalcanti. Ao perceber que a sepultura era bem cuidada, perguntou a mãe se ela sabia quem cuidava do local.
Dona Solange explicou-lhe então que um funcionário do cemitério fora pago para limpar o local. E de vez em quando, alguns parentes, passavam por ali para visitar o lugar.
Curiosa, Lúcia logo quis saber se Solange conhecia as pessoas que visitavam o túmulo.
Surpresa, Dona Solange disse que soube disso perguntando ao vigia do cemitério.
E assim, respondeu apenas que, ele prestativo, respondeu-lhe as perguntas feitas. No entanto, de todas as vezes que fora visitar o túmulo, Solange alegou nunca encontrou ninguém da família. Nem os conhecia pessoalmente. Da família só sabia o que o mesmo lhe contava.
Assim, não poderia nem ao menos explicar onde moravam. Ademais, segundo ela, dada as circunstâncias de seu desaparecimento, sempre teve a impressão de que o finado não comentara sobre sua existência. Para a família dele, ela nem sequer existia.
Diante disso, não restou a Lúcia, senão aceitar as explicações da mãe, e finalmente ao cair da tarde, voltarem para casa.
Ao chegarem em casa, Lúcia insistiu que precisava conhecer a família de seu pai.
Precisava dizer que era sua filha. E teria insistido com isso, se não tivesse sido bruscamente assassinada.
Luciana Celestino dos Santos
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Poesias
sexta-feira, 23 de abril de 2021
O BEM E O MAL - CAPÍTULO 14
O BEM E O MAL - CAPÍTULO 13
Com isso, sem ter alternativa, depois que prometeu levar a filha para conhecer a sepultura do pai, teve o cuidado de, antes de ir para lá com Lúcia, certificar-se de que havia alguém enterrado com aquela descrição.
Como desculpa para sair, disse a Lúcia que precisava fazer plantão.
Livre, tratou de ir até a cidade vizinha e visitar o cemitério do lugar.
Por sorte acabou encontrando a sepultura de um homem que havia morrido poucos meses depois de Lúcia completar um ano de vida. Tinha a idade de trinta e cinco anos quando morreu.
Cuidadosa, Solange passou cerca de trinta minutos observando a sepultura. Percebeu que recebia um cuidado especial. Foi por isso que perguntou ao vigia do cemitério, se o túmulo recebia muitas visitas de familiares.
-- Sim. – respondeu lacônico o vigia.
-- E com que freqüência?
-- Duas vezes por mês. Mais ou menos.
-- E tem data precisa para acontecerem?
-- Nem sempre. Às vezes, a cada quinze dias. Às vezes o intervalo é menor. Não sei ao certo. Por que?
-- Por nada. Só por curiosidade. É que eu achei que pudesse ser um conhecido meu. Mas não é nada. Agora que faleceu, vai ficar mais difícil descobrir. Desculpe o incômodo. Obrigada... Só mais uma perguntinha, onde ficam os túmulos das famílias tradicionais do lugar?
-- Turista, não é?
-- É.
Nisso o vigia explicou-lhe que alguns dos túmulos famosos, ficavam próximos à entrada do cemitério, enquanto outros distavam-se do lugar uns trezentos metros, ficando no meio deste.
Agradecida, Solange começou a caminhar em direção as famosas sepulturas do lugar.
Realmente, apesar de lúgubre, era um bonito lugar. Sepulturas bem cuidadas. Mesmo as mais simples, pareciam ter sempre uma mão zelosa disposta a mantê-las intactas, longe dos vândalos que tudo destruíam.
Satisfeita, no fim da tarde, Solange retornou para sua cidade e de lá para sua casa.
Por sorte, não foi procurada no hospital enquanto esteve ausente.
Mas também, se fosse procurada por lá, dificilmente a encontrariam, pois quando estava trabalhando, não podia se ausentar do serviço. Principalmente quando estava de plantão.
Assim, ficava inviável encontrá-la naquele hospital enorme. Por sinal, o melhor da região.
Muitas vezes, os munícipes vizinhos, inclusive os da cidade que acabara de visitar, iam para lá se utilizar dos serviços do prestigiado hospital. Serviços de qualidade. Indiscutivelmente, um modelo no tratamento de diversas moléstias. Possuindo uma moderna rede de exames e um complexo centro-cirúrgico, era um exemplo a ser seguido por outras instalações hospitalares.
Dona Solange, tinha orgulho em trabalhar naquele hospital.
Luciana Celestino dos Santos
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O BEM E O MAL - CAPÍTULO 12
Os meninos, um pouco mais velhos que Lúcia, sempre que podiam passavam em sua casa, para auxiliá-la em seus estudos. Prestativos, assim como suas mães, desde pequenos, viviam juntos. Os dois adoravam brincar com ela.
Assim, na falta de primos, tinha os vizinhos como companhia constante em suas brincadeiras.
Mas ao contrário dela, os dois possuíam os pais por perto. Por isso, Lúcia sempre perguntara a mãe sobre o seu pai. O que teria acontecido a ele? Por que não aparecia?
Desolada, foi advertida por sua mãe de que esse assunto não deveria ser comentado na frente de outras pessoas.
Solange, alegava que se sentia triste demais para partilhar esta história com outras pessoas.
Mas diante de tanta insistência da filha, finalmente, contou que ele falecera.
Foi aí que Lúcia ouviu pela primeira vez, alguma coisa sobre seu pai.
Curiosa, mesmo diante do triste fato de que nunca viria a conhecê-lo, não parou de perguntar, nem um minuto, sobre ele.
Perguntava:
-- Como ele era?
-- Como assim?
-- Como, como assim? Eu quero saber como ele era, se era alto, baixo, educado, qual era sua profissão. Essas coisas.
-- E por que você quer saber isso?
-- Por que ele era meu pai. Eu acho que tenho o direito de saber um pouco mais dele.
-- Está certo. Muito embora isso me aborreça, eu vou falar um pouco dele para você. Você tem o direito de saber.
E assim começou a contar que ele se chamava Renato, que era relativamente jovem, bonito, dono de um cargo de gerente em uma loja do local.
Lúcia, ao ver-se diante da possibilidade de saber mais sobre o dito pai, perguntou a mãe onde era a loja. Firme e resoluta, tencionava ir até o local e fazer algumas perguntas sobre ele.
No entanto, Dona Solange proibiu a filha de procurar por ele.
Como falecera há muitos anos, provavelmente, os atuais empregados da loja não poderiam informá-la sobre seu pai. Ademais, respondeu que não diria em qual comércio ele trabalhava. Isso porque, diante dos anos que se passaram, não saberia dizer com certeza onde ficava.
Por isso, comentou com Lúcia que uma única vez foi encontrá-lo por lá.
Triste, ao ouvir essa notícia, Lúcia ficou desolada. Não podia imaginar que o pai com que tanto sonhara durante esses anos estava morto.
Mas, muito embora Solange tenha se comovido com a tristeza da filha, continuou seu relato. Assim, disse a filha coisas sobre o homem que a registrara. Embora este não fosse o verdadeiro pai da garota, tudo levava-a a crer que era. Fora registrada como sua filha.
Assim não tinha como suspeitar de que não era seu pai.
Convencida disso, quis saber mais e mais sobre ele:
-- Mãe, quando foi que ele morreu?
-- Alguns meses depois que você nasceu.
-- Eu gostaria de visitar sua sepultura. Onde ele está enterrado?
-- Está enterrado na cidade vizinha.
-- Ué, mas por que? Ele não vivia com a senhora?
-- Nós vivemos juntos durante dois anos. Muito embora não vivessemos na mesma casa.
-- Vocês não eram casados então?
Embaraçada com a pergunta da filha, Solange ficou desconcertada. Aturdida, tentou encontrar uma explicação plausível para isso.
Nisso surgiu a idéia de contar-lhe que, Renato estava saindo de um processo complicado de separação e para poder se casar novamente, precisava se divorciar, e para tal, seria necessário mais um algum tempo. Assim, estava ele impossibilitado de casar-se quando ela nasceu.
Mas, apesar disso, consciente do dever que tinha, registrou a menina, reconhecendo-a como sua filha.
Contudo, depois de quase um ano do divórcio, desapareceu repentinamente.
Com isso, Solange só tomou conhecimento de seu passamento, quando já fazia quase dez anos que havia sumido.
Curiosa, Lúcia disse que queria ver o seu túmulo.
Apreensiva, Solange se viu diante de uma situação difícil. Como iria fazer? E se não tivesse alguém enterrado que preenchesse as características do pai, tão pouco comentado?
Precisava encontrar uma solução para este impasse.
Luciana Celestino dos Santos
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O BEM E O MAL - CAPÍTULO 11
Na escola, sempre foi uma aluna exemplar, alcançava boas.
Desde pequena, suas professoras elogiavam seus desenhos.
Sempre interessada em aprender.
Dedicada, esforçada, nunca teve problema em conseguir bons resultados na escola. Adorava estudar.
Mas também gostava de passear. De se divertir. Por isso, quando aparecia uma festinha para ir, não se fazia de rogada. Ía a todas que podia. Sempre muito solicitada, raramente ficava sozinha.
Em casa, ao ficar um pouco maior, passou a ajudar a mãe em algumas tarefas domésticas. Era ela quem cuidava da louça, da limpeza da casa, e de algumas compras.
Assim, quando chegava em casa, depois de um dia de escola, esquentava a comida que estava pronta e comia.
Ainda receosa, Dona Solange não autorizava a filha a mexer no fogão.
Por esta razão, suas vizinhas, alternativamente, eram quem faziam o almoço. Como também tinham suas casas para cuidar, preparavam mais cedo o almoço da garota. E assim, como foi dito, Lúcia só tinha o trabalho de esquentar sua comida. Mas após o almoço, lavava a louça do almoço e a guardava dentro do armário.
Uma vez por semana, fazia uma faxina geral na casa. Passava pano no chão da casa, limpava os móveis empoeirados, passava aspirador de pó no tapete da sala e limpava as janelas do imóvel.
Quanto ao banheiro, sua mãe se encarregava de lavá-lo, pois, preocupada, sua limpeza envolvia a utilização de produtos químicos.
No tocante as roupas, as mais leves eram lavadas e passadas por Lúcia, enquanto as mais complicadas, eram alvo dos cuidados de Dona Solange. Muito embora, quando esta ficava sobrecarregada, sua filha lavava também essas. O que facilitava deveras o seu trabalho, já que com isso, só teria que passá-las.
Prestativa, sua filha, inúmeras vezes se ofereceu para cuidar da casa sozinha. Pedia para a mãe lhe ensinar a cozinhar. Afinal, não precisava dar trabalho para suas vizinhas. Dizia sempre também que podia cuidar de toda a roupa para ela.
Mas seus argumentos não eram o bastante para Dona Solange, que a julgava muito jovem para certos tipos de trabalho.
Sempre dizia que, conforme fosse crescendo, ficando mais velha, suas responsabilidades iriam aumentar, mas por ora não.
Já estava satisfeita com tudo o que a filha fazia. Solange não se cansava de dizer para a filha, de que ela estava na idade de se divertir, de sair com os amigos, não de ficar atolada com serviço doméstico.
Gentilmente, Dona Solange não se cansava de salientar que sua filha era muito esforçada e dedicada para sua idade, e que, ao contrário de outras meninas, ajudava muito em casa.
Indubitavelmente, Lúcia era uma boa filha.
Dona Solange nunca teve uma discussão áspera com ela. Todas as vezes em que divergiram, nunca chegaram a se agredir verbalmente. Lúcia sempre fora uma garota educada com a mãe. Por isto, sua mãe não se furtava de dizer sempre:
-- Tirei a sorte grande com minha filha.
Dizia isso sempre, abertamente para suas amigas. Principalmente quando ouvia comentários de adolescentes próximos envolvidos com drogas e outros problemas decorrentes de mal comportamento. Insistia em dizer sempre:
-- Quem tem filhos dedicados. Que só se preocupam em estudar, em melhorar, progredir. Que não fazem nada de errado, não se envolvem em confusões e são obedientes, só tem que levantar suas mãos para o céu e agradecer. Afinal, hoje em dia isso é raro. Estes meninos são de ouro.
No que suas vizinhas sempre concordavam. Como os filhos de ambas preenchiam os predicados invocados pela amiga, não tinham por que discordar de seu ponto de vista.
Luciana Celestino dos Santos
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O BEM E O MAL - CAPÍTULO 10
Nesse exato momento, quando se lembrava do esforço que fizera para criar bem a filha, foi que ouviu o barulho de uma sirene tocando. Abruptamente fora despertada para sua dura realidade. Precisava se conformar. Sua filha já não vivia mais.
Desesperada, novamente voltou a chorar. Novamente foi consolada pelas amigas.
Naquele triste corredor de hospital, a noite seria longa. Naquele mesmo corredor de hospital, há quinze anos atrás, Solange havia passado um dos momentos mais tristes de sua vida. Agora novamente a história se repetira. Novamente precisava da ajuda das amigas. De seu apoio. De sua força.
Sozinha, sentia que não conseguiria. Sentia-se vacilante, fraca, covarde. A sensação de que uma faca atravessara seu coração era constante.
Seu sofrimento era tanto, que suas amigas, preocupadas, pediram ajuda aos médicos que passavam por ali para examiná-la. Parecia que suas forças faltavam.
E realmente faltaram. Depois de quase cinco horas esperando a liberação do corpo, desmaiou.
Nesse momento, foi socorrida por um dos médicos residentes que estava por ali na hora do desmaio. Prontamente, Solange foi encaminhada para um dos leitos do hospital e medicada.
Depois de socorrida, o médico explicou para Raquel, de que, dadas as condições emocionais de Solange, ele achou por bem sedá-la. Assim, dormiria por algumas horas, até que finalmente fosse liberado o corpo. O doutor esclareceu ainda que, se não o fizesse, Solange poderia ter sofrido um ataque do coração.
Ao ouvir isso, Raquel ficou horrorizada. Então sua amiga poderia ter morrido também?
O médico assentiu com a cabeça, e se retirou. Precisava atender outros pacientes.
Estranhamente, o hospital estava movimentado. Mais movimentado do que costumeiramente.
Daí a correria dos médicos.
Para que pudessem atender a todos os casos, precisavam ser rápidos.
Não podiam perder tempo.
E assim, transcorreu a lúgubre noite.
Diante do triste quadro, Cínthia e Raquel retornaram a fila e aguardaram durante toda a madrugada a liberação do corpo.
No entanto, apesar de todo o esforço que fizeram, o corpo só pôde ser liberado dias depois. Os legistas precisavam fazer um exame minucioso no cadáver.
E Dona Solange, durante os dias que se seguiram, viveu os momentos mais tristes de sua vida.
Nunca havia sentido tanto tristeza. Nem quando perdera uma de suas filhas em decorrência do parto.
Mas agora que vira a menina crescer, alimentou-a e vestiu, sentia muita dor pela sua morte.
A partir de então, não teria mais motivos para querer voltar para casa. A vida perdeu o sentido. Perdera sua maior alegria. O motivo para que trabalhasse tanto. Não havia mais razão para isso.
Por todos os dias que seguiram, deprimida, só conseguia lembrar-se de sua filha. Daquela criança que adorava andar correndo pela casa, perguntando sobre tudo. Sempre fora muito curiosa. Adorava saber das coisas.
Luciana Celestino dos Santos
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O BEM E O MAL - CAPÍTULO 9
Quando precisou retornar ao trabalho, combinou com as vizinhas prestativas para que cuidassem da criança.
Mães que eram, não teriam nenhum problema em cuidar da menina. Além do mais, para que não ficassem sobrecarregadas com este encargo, as duas ficavam dias alternados com a criança.
No entanto, Solange, consciente de que era uma responsabilidade muito grande esta que estava passando para as amigas, passou a procurar vagas em creche.
Como na cidade havia duas, logo que pôde foi visitá-las. Entretanto, por estarem lotadas, não podiam receber mais crianças.
Com isso, não pôde deixar sua filha em uma creche.
Ao se deparar com este problema, pediu para as amigas continuarem a cuidar da menina.
Constrangida, desculpou-se e prometeu que assim que surgisse uma vaga numa das creches, matricularia sua filha e as liberaria da obrigação de cuidar dela.
Cínthia e Raquel, não se fizeram de rogadas. Tanto que disseram a amiga que não havia problema em cuidar da menina. Como seus filhos eram grandinhos, não seria trabalho nenhum cuidar da criança. Além do mais, era uma criança calma, quase não dava trabalho.
E assim, insistiram com Solange:
-- Pode ficar despreocupada. Não haverá problema nenhum em cuidarmos da menina. – disse Raquel.
-- É verdade. Não nos custa nada. – emendou Cínthia.
-- Nós sabemos que não está fácil achar vagas em creche. Além do que, é um prazer cuidar de uma criança tão fofa. – respondeu Raquel acariciando o rosto de Lúcia.
-- Tem certeza de que não será um problema para vocês? Se não quizerem cuidar dela eu vou entender. Se for o caso, eu contrato alguém para cuidar dela. – disse Solange.
-- De forma alguma, Solange. Dizendo isso, você até nos ofende, sabia? – respondeu Cínthia.
-- Não se preocupe, Solange. Sua filha está em boas mãos. – comentou Raquel.
-- Obrigada meninas. Vocês são uns amores.
E assim, ficou tranqüila. Como sempre, suas amigas iriam auxiliá-la. De mesma forma como ela já havia feito com as amigas.
Quando os meninos de ambas eram pequenos, sempre que eles pegavam uma gripe, ou tinham algum problema de saúde, as duas corriam para a casa da vizinha enfermeira.
Para que Solange, de posse de seus conhecimentos médicos, as ajudassem a cuidar de seus filhos.
Como toda marinheira de primeira viagem, as duas vira e mexe se preocupavam com os respectivos filhos. Muitas vezes até, a preocupação era excessiva.
Mas enfim, era compreensível, afinal, mãe é mãe.
E assim, muito pacientemente, Solange acalmava as duas verificando o que as crianças tinham.
Ao verem que não era nada sério, as duas se acalmavam. E voltavam para suas casas.
Foi justamente for causa dessas consultas fora de hora, que as três se tornaram grandes amigas. Podiam contar uma com a outra. E isso era muito importante.
Assim, podendo contar com a ajuda das amigas, pôde retornar ao trabalho, sossegada.
E assim o fazendo, passou a trabalhar em um ritmo intenso. Afinal de contas, precisava manter a filha.
Por possuir mais uma pessoa em casa, suas despesas aumentaram consideravelmente. Daí a necessidade de trabalhar mais e conseguir mais dinheiro. Além do que, tencionava abrir uma conta para a filha, para que esta, quando entrasse na faculdade, pudesse concluir seus estudos.
Preocupada com o futuro da filha, sempre fora previdente no que tange os seus gastos. Não queria que nada faltasse para a filha. Principalmente, uma boa educação.
E assim, enquanto trabalhava, sua filha crescia, sadia e feliz.
Luciana Celestino dos Santos
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sexta-feira, 16 de abril de 2021
O BEM E O MAL - CAPÍTULO 8
Foi nessa época, que pela primeira vez, com a ajuda de suas vizinhas, pôde realizar o enterro de uma de suas filhas.
Por ser um bebê, não precisou de muita coisa. Lá mesmo no hospital, banharam a criança e providenciaram um caixão. O velório ocorreu na capela que havia, dentro do hospital. Depois, a criança foi enterrada.
Nesse dia, o céu estava escuro e sombrio.
Chovia torrencialmente, o que dificultou a realização do enterro.
Triste, Solange não pôde participar do enterro da filha. Tinha que ficar em casa, cuidando da outra filha, a que nascera bem.
Ademais, preocupada que estava com a filha recém-nascida, não queria submetê-la ao mal tempo. Era pequena demais para isso.
Mais tarde, levaria flores para o túmulo da filha.
Portanto, ficou cuidando de Lúcia.
Durante sua licença, passou dias e noites cuidando da criança. Verificava se estava dormindo bem, se estava limpinha, se precisava ser alimentada.
Pouco a pouco foi descobrindo as necessidades da filha e o que fazer para acalmá-la. Enquanto isso, amparada por suas vizinhas prestativas, cuidava da casa.
No período do nascimento das meninas, foi que precisou mais e mais do apoio das amigas.
E Raquel e Cínthia, ao verem Solange sozinha, não a abandonaram.
Ajudaram-na neste momento de tristeza. Auxiliaram-na quanto as providências para que se realizasse o enterro.
Como a mãe não pôde acompanhar o enterro da criança, Cínthia e Raquel se fizeram presentes. E durante toda a cerimônia de sepultamento, receberam as condolências dos presentes, todas em nome da mãe da criança.
No enterro da criança, compareceram os colegas de trabalho de Solange, seus vizinhos, e alguns conhecidos. Pesarosos, lamentaram a perda de tão jovem vida.
Mas a vida devia seguir em frente. Afinal, havia uma criança que precisava de cuidados.
No que Dona Solange, foi em frente, pois precisava cuidar da filha. E cuidou.
Luciana Celestino dos Santos
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