Poesias

sexta-feira, 16 de abril de 2021

O BEM E O MAL - CAPÍTULO 7

Durante a madrugada, começou a sentir as primeiras contrações.
Quando chegou a manhã, sentiu que já era o momento de pegar suas coisas e ir até o hospital.
Para ajudá-la, uma de suas vizinhas, Raquel, a conduziu de carro, até o hospital. Lá preencheu alguns formulários e deixou seu telefone de contato, caso Solange precisasse de alguma coisa.
No hospital, depois de algumas horas em trabalho de parto, a criança começou a sair. Foi nesse momento que, inesperadamente, Solange começou a se sentir mal.
Os médicos preocupados, tomaram todas as medidas necessárias para continuarem o parto, dado o fato de que o corpo da criança, ainda se encontrava parcialmente no canal vaginal.
Assim, cuidadosamente, por meio de fórceps, passaram a puxar a criança, para que saísse do corpo da mãe.
Nesse momento, quando a criança finalmente pôde dar seu primeiro choro, é que constataram que havia ainda outra criança.
Assim, diante das circunstâncias, ao verificarem que as contrações produzidas não eram suficientes para fazer a criança ser expulsa naturalmente do útero, prepararam imediatamente a sala de parto, para realizarem uma cesariana. Precisavam serem rápidos para que a criança não morresse. Só depois disso poderiam cuidar da mulher.
E foi isso que fizeram.
Rápidos, prepararam os equipamentos para a cesariana. Assim, por meio de intervenção cirúrgica a criança pôde então, ser salva.
Depois de tudo isso, foi que puderam então cuidar da mãe.
Como Solange havia desmaiado durante o parto, verificando que, aparentemente não era nada sério, priorizaram o atendimento às crianças, para depois cuidarem da mãe.
Com isso, após o parto, tentaram reanimá-la.
No entanto, não conseguiram fazê-lo.
Ao verificarem que os batimentos cardíacos estavam diminuindo, passaram a fazer em Solange, uma massagem cardíaca. Mas foi somente, depois de administrarem um remédio, através de um soro, é que seu coração voltou a funcionar normalmente. Mesmo assim, continuou desacordada.
Quando finalmente Solange voltou a si, foi informada de que havia dado a luz a duas meninas. Mas devido a complicações no parto, uma delas faleceu.
Ao ouvir isso Solange ficou desesperada. Desolada só queria saber o que tinha acontecido.
O que tinha acontecido a sua filha?
Desesperada, não conseguiu entender que se tratavam de duas meninas. Por isso, insistiu com as enfermeiras, para que elas lhes explicassem o que exatamente havia acontecido.
Calmamente lhe foi explicado o que havia acontecido.
As enfermeiras então, disseram-lhe que ela havia desmaiado na sala de parto. Que teve que ser submetida às pressas a uma cesariana. Que teve duas meninas. Só que uma delas havia falecido.
Foi então que, entendendo melhor a história, Solange perguntou se a menina que sobreviveu, estava bem.
Só depois de dizerem a ela que não havia com o que se preocupar, é que Solange ficou tranqüila. Muito embora estivesse abatida em decorrência do parto, e de saber da morte de uma de suas filhas, por outro lado, estava feliz com o nascimento de uma delas.
Muito embora, precisasse cuidar do enterro da outra menina, que infelizmente, não resistiu, estava feliz com o nascimento de uma de suas filhas.
Curiosa, perguntou aos médicos, se a menina que falecera, nasceu primeiro ou não. Ao descobrir que era a caçula, insistiu em saber por que tinha morrido.
Os médicos lhe explicaram então, que foi em virtude da falta de oxigenação no cérebro. Como houve complicações no parto, já na primeira criança, não tiveram tempo suficiente para salvar a segunda.
Com isso, após o parto, mesmo tendo nascido viva e aparentemente sem problemas, a criança acabou morrendo poucas horas depois do parto.
Estranhamente, disseram os médicos, a criança não tinha nenhum grande problema para justificar sua morte. A criança nascera respirando com certa dificuldade, mas nada que levasse a isso.
Em virtude do que acontecera na sala de parto, eles submeteram a criança a alguns exames superficiais que não detectaram nada. Mas, depois do óbito, ao submeterem a criança a outros exames mais completos, e descobriram que ela possuía um problema que não fora detectado nos exames anteriores. E justamente esse problema, foi o que determinou sua morte.
Impressionados, os médicos fizeram mais exames para tentar descobrir o que havia acontecido. Como uma criança saudável, poderia, depois de algumas horas, desenvolver uma complicação tão séria? Como isso não foi percebido nas primeiras horas da criança, ou mesmo, nos primeiros exames?
Isso porque, dado o resultado dos exames realizados após a morte da criança, a falta de oxigenação se dera ainda durante o parto. Portanto, detectável num exame.
Impressionada, Solange só queria saber de dar um enterro decente a filha morta. Por isso desautorizou a necropsia. Alegou que já haviam submetido a criança a muitos exames. Ademais, não tinha interesse em especular a morte da filha. Assim, quando perguntada sobre o que pretendia fazer, pediu para liberarem o corpo.
Diante disso, os médicos concordaram prontamente e a deixaram providenciar o enterro.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a autoria.

O BEM E O MAL - CAPÍTULO 6

Lúcia, sua única filha, foi fruto de um relacionamento mal sucedido com um médico do hospital em que trabalhava com enfermeira.
Como dizia ser casado, nunca chegou a assumi-la.
Entretanto, ao se descobrir grávida, Solange foi contar a ele a novidade.
Como resposta, ouviu que o filho que ela estava esperando, poderia ser de qualquer pessoa.
No que ela insistiu que o filho que esperava era dele.
Mesmo assim, o médico se recusou veementemente, a assumir sua responsabilidade. Ademais, para não se ver implicado em um escândalo, simplesmente pediu transferência para outro hospital.
Para que assim, não fosse importunado pela enfermeira.
Solange, então, ao ver-se abandonada, chegou naquela época, a cogitar a idéia de aborto. Mas ao ver outras mães brincando com seus filhos, felizes da vida por terem uma família, desistiu da idéia.
Grávida, passou a visitar lojas especializadas em produtos para bebês.
Emocionada com a idéia de ter um filho, passou a comprar roupinhas, pecinhas de enxoval, entre outras coisas.

Preocupada com a possibilidade de sua filha ser descriminada, por não ser fruto de um casamento, pensou em omitir essa condição das pessoas mais próximas. Não queria que sua filha fosse maltratada por causa disso.
E assim, para que constasse um nome paterno na certidão de nascimento da filha, combinou com um colega que estava para se mudar nos próximos meses, que a menina seria registrada em seu nome.
E desta forma foi feito. Sua filha possuía um pai. Desconhecido, mas um pai.

Disciplinada e determinada que era, Dona Solange continuou trabalhando no hospital, mesmo durante a gravidez. E continuaria a trabalhar até o dia da criança nascer, não fosse a insistência do médico chefe, que pediu para que ela se afastasse do trabalho, algumas semanas antes da criança nascer.
Este disse brincando que não queria que a criança viesse ao mundo, durante o expediente dela.
E assim, sem poder discutir com o patrão, resolveu pedir a famigerada licença-maternidade.
Afastada do trabalho, poderia então terminar de mobiliar o quarto da criança.
Como não se interessou em fazer a ultrassonografia, mesmo estando prestes a ter seu filho, ainda não sabia o sexo da criança. Animada, só queria conhecer o filho, no momento em que nascesse.
E assim fez.
Conforme os dias se passavam, finalmente chegou o momento de dar a luz.
Depois de algumas semanas esperando pacientemente pelo parto, chegara a hora de conhecer o filho.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a autoria.

O BEM E O MAL - CAPÍTULO 5

Mas ao dar-se conta de que nunca mais teria a filha por perto... Para cuidar dela quando precisasse. Para orientá-la, acarinhá-la, confortá-la, e até mimá-la.
Antes mesmo de ver o corpo da filha, já sentia saudades dela. Em sua plangência, só fazia sofrer.
Condoídas com o sofrimento de Dona Solange, algumas vizinhas se ofereceram para acompanhá-la no reconhecimento do corpo.
Esse realmente, foi o momento mais triste para ela.
Ao ver o corpo inerte da filha, não se conteve, e voltou a chorar compulsivamente.
Em seu pranto de choro e soluços, não parava de pedir para a filha morta que parasse com isso.
-- Chega de bobagem. Você já me assustou bastante. – dizia.
No entanto, por mais que pedisse, a filha não respondia. Nisso, Dona Solange passou a ficar mais e mais desesperada.
-- Minha filha, acorde. Lúcia, por favor. Acorde. Não faça isso comigo.
Mas não adiantava, a filha não se mexia. Estava morta.
As vizinhas, ao verem o esforço debalde de Dona Solange para revivê-la, a advertiram de que nada mais poderia ser feito. Lúcia já estava morta há algumas horas. Não havia mais nada para se fazer.
Ao receber a dura notícia, deu-se conta novamente, da realidade que passaria então a enfrentar. Sua filha estava morta. Não havia mais nada que pudesse mudar isso.

Assim, diante dos fatos, prometeu dar um enterro digno para sua filha. Por isso, com a ajuda das amigas pediu a liberação do corpo da menina para que pudesse cuidar do seu sepultamento.
No entanto, dada a violência de sua morte, seria necessária a realização do exame necroscópico. Por esta razão, enquanto não fosse realizado o exame, não liberariam o corpo para o sepultamento.
Magoada, diante da negativa dos médicos, chegou a dizer para as amigas:
-- Pelo que mais eu vou ter que passar? Meu Deus, nem mesmo enterrar minha filha eu posso.
-- Calma, Solange. Infelizmente é o procedimento. – disse Raquel.
-- Calma nada, Raquel. Mataram covardemente a minha filha. E ainda por cima vão retalhá-la inteira para fazer o tal exame. – disse sem poder conter as lágrimas que rolavam pelo rosto.
-- Se você sente vontade de chorar, chore tudo o que tiver vontade. Você tem todo o direito. – disse Cínthia, tentando confortá-la.
-- Solange. Você não tem obrigação de ser forte. Se você quiser que nós cuidemos da liberação do corpo. Nós podemos ficar aqui para você. – disse Raquel.
-- É verdade. Vá para casa Solange. Nós cuidamos de tudo. – respondeu Cínthia.
Mas quem disse, que Solange conseguiu deixar o hospital?
Mesmo com o coração despedaçado ante a perda que sofreu, não podia abandonar a filha. Não podia deixá-la só, naquele ambiente.
Triste, só pensava que a partir dali, sua vida perdera o sentido. Não havia mais porque lutar. Não tinha mais motivos para se apegar a vida.

A vida inteira, sempre trabalhou muito para conseguir as coisas. Muitas vezes, chegava a virar noites inteiras trabalhando, só para cuidar do sustento da filha.
Nesses momentos, quando após uma noite inteira de trabalho, quando finalmente chegava em casa, estava cansada, mas com sua filha pequena lhe esperando.
Era assim que se dava conta de que todo o sacrifício que fazia valia a pena. Era por sua filha que se matava de trabalhar. Queria que ela tivesse o melhor, e para isso, nunca medira esforços. Nunca teve medo do trabalho e continuaria trabalhando, e muito se precisasse.
Só para vê-la bem.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a autoria.

O BEM E O MAL - CAPÍTULO 4

No entanto, horas depois, Lúcia apareceu morta na periferia da cidade. Como já foi dito, aparentemente havia sido morta por bala perdida.
Ao saber da notícia da morte da filha, Dona Solange entrou em desespero. Como podiam tê-la matado? Logo ela que era tão doce?
Por mais que pensasse, não conseguia encontrar uma resposta para tamanha maldade.
Triste, só pensava em sua solidão. Sem a filha, não tinha mais ninguém. Estava sozinha.

Foi então que começou a lembrar-se do tempo em que pequenina ainda, todos paravam-na rua para lhe perguntarem se era sua filha. Linda criança, mais parecia uma bonequinha de louça, daquelas ricamente adornadas pelos artesãos.
Ao vê-la tão paparicada e admirada, sentiu orgulho da filha. Era seu presente dos céus.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a autoria.

O BEM E O MAL - CAPÍTULO 3

No entanto, estranhamente, enquanto passeava pelas cercanias da cidade, sumiu.
A tarde encerrou-se, a noite caiu, e nada da jovem aparecer em casa.
Preocupada, sua mãe, Dona Solange foi até a polícia e relatou o desaparecimento da filha.
Ao lá chegar, Dona Solange, começou contando que sua filha havia saído para dar um passeio no comecinho da tarde, e que até o momento não havia voltado para casa.
Para os policiais, tratava-se de mais um caso de adolescente rebelde. Segundo eles, Lúcia havia fugido de casa para poder ficar com o namorado.
Ao ouvir isso, Dona Solange discordou veementemente. Revoltada, simplesmente disse:
-- Se minha filha fosse passar a noite na casa de alguém, ela teria me avisado. Lúcia sempre foi responsável, não ía me deixar preocupada.
-- Minha senhora, quando entra homem na história, muitas jovens ficam abusadas. Enfrentam a mãe e tudo. – comentou um dos policiais que a atendia.
-- O senhor não entende. Minha filha não faria isso comigo. Além do mais, ela não tem ninguém.
-- Está certo senhora. Como conhecemos a sua filha, eu até acredito que a senhora tenha razão. Então eu e Antônio iremos de viatura percorrer as ruas da cidade. A senhora tem idéia de onde ela poderia ter ido?
-- Ela me disse que iria dar um passeio por toda a cidade. Se desse tempo, passaria perto da antiga estação ferroviária.
-- Mas Dona Solange, a senhora deixou sua filha ir até lá sozinha? Não sabe que por estão acampados um grupo de estranhos? – perguntou um dos policiais a ela.
-- É, de estranhos. Dia desses, um policial ao lá passar foi estranhamente abordado por um deles e ameaçado. Se não saísse de lá imediatamente, iria se arrepender. Assustado, deu meia volta e retornou a Delegacia. Em aqui chegando, relatou o que havia acontecido. Mais do que imediatamente fomos para lá.
-- Quando chegaram lá, o que aconteceu? – perguntou ansiosa Dona Solange.
-- Ao avistarem duas viaturas se aproximando, boa parte deles se evadiu do local, se embrenhando no meio do mato. Os que ficaram, tentaram esconder o que havia dentro das barracas. Só que não deu tempo de esconderem tudo o que tinha. Entre os objetos que encontramos na barracas, havia velas coloridas, armas, facas, e objetos estranhos. Apreendemos os objetos, e pedimos reforço para a policia do outro município para dar cobertura, pois precisavamos prender as pessoas que ficaram no acampamento. E assim foi feito, a policia da outra cidade nos deu cobertura e prendemos alguns deles. O que não ajudou muito, pois, sem ordem de prisão, tivemos que liberá-los.
-- E vocês acham que minha filha pode ter sido ameaçada por eles?
-- Não sabemos. Mas é bom darmos uma olhada no local para ver se a menina está lá.
E nisso se dirigiram para a viatura e seguiram rapidamente em direção a antiga estação de ferro abandonada. Cercaram o local, mas não encontraram nada.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a autoria.   

O BEM E O MAL - CAPÍTULO 2

Mãe solteira, Dona Solange nunca contara a filha quem era seu pai. Dizia sempre que ele havia morrido antes de seu nascimento, por isso sua ausência.
No entanto, apesar da ausência do pai, nunca chegou a incomodar a mãe com isso.
Lúcia acabou por entender que, se sua mãe não falava sobre isso, era porque não tinha nada de bom para ser dito. Muito embora, durante algum tempo, tenha nutrido a esperança de vir a conhecê-lo.
A menina de quinze anos era uma boa aluna. Freqüentava assiduamente o grupo escolar da cidade. Popular, era muito querida por todos. Tirava boas notas. Não dava trabalho para sua mãe.
Aos olhos da vizinhança inclusive, era um modelo a ser seguido. Todas as outras mães queriam que suas filhas, e até mesmo filhos fossem tão comportados e disciplinados quanto ela.
Com seus cabelos encaracolados na altura dos ombros, vestida como as maioria das meninas de sua idade, não chamava a atenção. Só quem a conhecia poderia dizer sobre suas qualidades.
Adolescente que era, nunca deu trabalho para sua mãe, a despeito de suas amigas.
A maioria delas enlouquecia suas mães com os dramas da idade. Ela não.
Muito embora não concordasse com tudo o que a mãe fazia e dizia, aceitava suas ordens. Assim, quando ela não a autorizava a fazer algo, ela prontamente atendia a ordem. Muitas vezes contrariada, mas atendia.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a autoria.

O BEM E O MAL - CAPÍTULO 1

Mais uma manhã que começa. No jornal, a notícia de que uma jovem fora assassinada. Segundo as manchetes, uma bala perdida atravessou sua garganta e ela morreu quase que imediatamente.
Como sempre, muitos curiosos se aproximaram para poder ver o corpo inerte, já sem vida, de uma garota de quinze anos.
Durante meses, o caso ocupou as manchetes dos principais jornais.
Na pequena cidade onde nascera, o caso causou comoção e revolta dos moradores.
Como a repercussão sobre o caso foi grande, não só a polícia local, com a de outras cidades, trabalharam de forma incansável para descobrir o assassino da menor.
Durante semanas, todos os amigos, parentes, vizinhos e conhecidos, foram interrogados pela polícia. Por todo esse tempo, acreditou-se na tese de bala perdida.
No entanto, como poderia ser bala perdida, se não haviam outros projéteis espalhados no local?
Muitas pessoas que moravam ali por perto, chegaram a dizer que não ouviram nada parecido com um tiroteio.
Estranhamente, dadas as circunstâncias em que a morte se deu, parecia que a morte tinha sido encomendada. Mas por quem?
A moça era tão querida por todos.
Pelo menos aparentemente, todos as adoravam.
Era educada, gentil. Nunca criara atrito com os vizinhos. Não tinha inimizade com ninguém.
Talvez a moça tivesse sido assassinada por alguém de fora da cidade.
Com isso, a polícia, passou a investigar as pessoas que chegaram na cidade naquela época.
Vasculhando informações, descobriram que criadores de uma seita, haviam se instalado na cidade algum tempo antes do assassinato. Descobriram também que outros casos de desaparecimento começaram a acontecer por aquela época. Agora, com a morte da garota, as famílias das crianças desaparecidas passaram a se preocupar ainda mais.
Algumas dessas crianças estavam desaparecidas há quase um ano. Outras há quinze dias.
Diante das novas informações, os policiais passaram a investigar a possível ligação desses casos com a morte da garota.
Parecia que algo muito estranho estava acontecendo por ali.
Primeiramente, pensaram se tratar de bala perdida, o que fora descartado diante das novas provas apresentadas e da perícia realizada no local.
Com o laudo necroscópico em mãos, descobriram que a moça possuía diversos hematomas pelo corpo, provocados quando ainda estava viva. O corpo possuía ainda, uma luxação nos ombros. Quanto ao tiro, conforme a perícia, o mesmo havia transfixado, ou seja, atravessara sua garganta. Pela trajetória da bala, o tiro havia sido dado pela frente.
E ainda, como seus pulsos estavam roxos, provavelmente a amarram para que pudessem atirar nela.
Horrorizada, a cada nova descoberta, a população ficava mais e mais indignada com a barbaridade do crime.
Revoltados exigiam uma solução do caso para a polícia.
Assim, a cada dia que passava, mais a opinião pública pedia uma solução para o caso. Como uma pessoa tão querida, vivendo em uma cidade tão pacata, pôde ter sido morta de uma forma tão estúpida?
Sempre vivera bem com sua mãe. Aliás, era a única família que esta possuía. Não conhecera o pai. Desde que nascera, eram só as duas. Mãe e filha.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a autoria.