Poesias

sexta-feira, 2 de outubro de 2020

QUANDO O DIA AMANHECER - CAPÍTULO 26

Naquele momento, só restava chamar a polícia.
A polícia chegou, recolheu o corpo.
Tempos depois, o homem foi enterrado.
Andréia e Andressa, abaladas com a morte de Juscelino, não conseguiam parar de chorar.
A menina, muito apegada ao pai, foi quem mais sofreu.
Foi um duro golpe.
Um dos piores que teria que suportar.
Sim, por que seu sofrimento só estava começando.
Em razão das dificuldades financeiras enfrentadas, Andréia decide mandar Andressa para o orfanato.
A garota, ao saber que seria abandonada por sua mãe, fica decepcionada.
Contudo, o que uma criança pode fazer?
E assim, mesmo sem saber, a menina volta a viver em um orfanato.
Negligenciada, Andressa sofre com a falta de atenção.
Isso por quê, as funcionárias do lugar, não tem tempo nem paciência para cuidar de todas as crianças que habitam o lugar.
Tendo somente a companhia de outras crianças, Andressa foi obrigada a conviver com essas pessoas.
Inicialmente, ao chegar no orfanato, acompanhada de Andréia, a menina foi apresentada a algumas funcionárias do lugar.
Ressabiada, Andressa relutou em aceitar a idéia de que teria que ficar ali.
Andréia no entanto, foi enérgica.
Advertindo a garota de que ela levaria umas boas palmadas se não ficasse quieta, acabou por convencer a menina.
Andressa então, silenciou.
Triste, ficou o dia inteiro calada.
Não almoçou e nem jantou.
A noite, ao ser levada ao dormitório, onde dividiria espaço com outras crianças, Andressa sentou-se em sua cama
e escondida de todos, chorou.
Chorou quase a noite inteira.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

QUANDO O DIA AMANHECER - CAPÍTULO 25

Até o dia em que Juscelino, voltando tarde da noite, foi abordado por um homem suspeito.
Surpreendido pela abordagem, Juscelino não se mostra disposto a reagir.
Mesmo assim, o assaltante, temendo a reação de sua vítima, covardemente o atinge com um tiro.
Sem ter tempo de ser socorrido o homem morre na frente de sua casa.
Andréia, que a esta hora dormia, ao escutar o tiro, foi correndo para a sala.
Andressa que também acordara com o barulho do tiro, estava assustada.
Preocupada, Andréia mandou a garota ficar dentro de casa.
Cautelosa foi até o portão da residência.
Foi quando viu o corpo de Juscelino, estirado no chão.
Aterrada, só conseguiu gritar.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

QUANDO O DIA AMANHECER - CAPÍTULO 24

E a menina cresce.
Vivendo com a família que acredita ser a sua, Andressa, aos seis anos de idade, passa a freqüentar uma escola que está a poucos quarteirões de sua casa.
Acompanhada de Andréia, a menina passa a ter contato com seus primeiros coleguinhas.
Assustada, a menina resiste a idéia de ir a escola, mas Juscelino, carinhoso, lhe explica que ela precisa ir.
Dizendo que ela está crescendo, comenta que ela precisa conviver com outras crianças.
Pessoas da mesma idade.
Andressa contudo, está temerosa.
É quando Juscelino pega-a no colo e diz:
-- Você está com medo?
-- Sim. – responde ela timidamente.
-- Não tenha. Você vai ver. Daqui a pouco não vai querer outro lugar. Vai ser escola, casa dos amiguinhos. Vai ser uma briga você querer ficar conosco.
Andressa não acreditou.
Juscelino insistiu:
-- Vai sim, você vai ver!
Quando a menina viu seu pai proferir estas palavras, finalmente acreditou no que ele estava dizendo.
Sim por que desde que se entendia por gente, seu pai nunca mentiu para ela.
Criancinha de colo, sempre que ela pegava e ela sentia medo de cair, ele respondia:
-- Não precisa ter medo. Eu não vou te derrubar.
Andréia sempre que via a cena, ficava preocupada.
Temendo que o marido derrubasse a menina, pedia sempre para colocá-la no chão.
Juscelino atendia a esposa.
Andréia, mais sossegada, aproveitava para repreender.
O homem ouvia tudo pacientemente.

Paulina, por sua vez, depois de se casar com Antenor, deu luz a Jorge – em 1981 – e Cristina, no ano seguinte.
Nessa época, a mulher raramente se lembrava da filha que abandonara.
Vivendo uma vida de rainha, Paulina só pensava em cuidar de seus filhos e viver bem com Antenor.
Estava com o futuro assegurado.
Marina e Antônio, casados há alguns meses, passaram então, a se preocupar com a
chegada de um herdeiro.
Foi assim, que com quase um ano de casados, tiveram os gêmeos, Marta e Marcos.
Otávio, que acompanhara a gravidez da filha desde o início, ao saber que sua filha teria gêmeos, ficou exultante.
Isso por que, no seu entender, seria avô por duas vezes.
Quem não ficou nem um pouco feliz com a novidade foi Adélia, que preocupada com a situação da filha, só ficava a pensar em como eles fariam para cuidar de duas crianças.
Otávio, ponderado, ao perceber que a preocupação da esposa, tinha razão de ser, procurou tranqüilizá-la.
Dizendo que para tudo se dá um jeito, o homem disse, que fosse preciso, ele empregaria parte de sua aposentadoria para cuidar dos netos.
Adélia ao ouvir isso, censurou-o.
Isso por que o valor que ele recebia de aposentadoria não era nenhuma fortuna.
Mas Otávio, dizendo que poderia economizar, comentou que ainda poderia ajudar sua família, se fosse necessário.
Adélia então calou-se.
A seguir, Cleide e Claudionor, tiveram seus filhos.
Primeiro, viera Luana, que nasceu em 1982, alguns meses depois dos gêmeos Marta e Marcos.
Mais tarde, veio Rodrigo, que nasceu em 1983.
O casal de filhos veio consolidar esta família que já era feliz.
Com os filhos, a felicidade se tornou maior.
Tiago, a essa altura, já morava há dois anos no interior.
Ricardo, sentindo que seu casamento não tinha mais futuro, preparava-se para a separação.
Eleonora que nessa época já estava casada há quase quatro anos, ao constatar que não havia possibilidade de convencer seu marido a viver a vida que tanto queria ter, decide
que não quer continuar nesta situação.
Disposta a se separar, comunicara Ricardo de sua decisão.
Como não havia filhos, a dissolução do casamento seria menos traumática.
Contudo, tal separação não se deu antes haver muitas brigas e desavenças.
Eugênia já não agüentava mais tanta confusão.
Sim por que sempre que o casal aparecia nas festas da família, brigavam.
Eugênia, Cleide, seu marido e seus filhos, mesmo que não quisessem, eram obrigados a presenciar as brigas terríveis do casal, que não poupavam nem um detalhe de sua vida conjugal.
As cenas eram constrangedoras.
Eleonora, dizendo que seu marido não era homem de verdade, abandonara-a.
Sem disposição para o casamento, sem vontade de ter filhos, só a fazia sentir cada vez mais sozinha.
Ricardo retrucava.
Dizendo que ela não era o que ele esperava, insistia na idéia de que ela fora um erro.
A mulher não fazia por menos.
Chamando-o de covarde, em uma das inúmeras discussões que travara com Ricardo, Eleonora jogou bebida no rosto.
Não fosse a intervenção de Eugênia e ele teria batido na esposa.
Eugênia percebeu então, que não adiantava tentar fazer os dois se entenderem.
A separação era iminente, e pior, seria ruidosa.
Foi o que se deu.
Brigando pela casa em que morava com Ricardo, Eleonora ficou com a única propriedade do casal.
Isso por que Ricardo, disposto a se separar a todo custo de Eleonora, prometeu-lhe que daria tudo o que tivesse para se livrar dela.
A mulher, ao ouvir isso, exigiu a casa em que morava.
Ricardo tentou discutir, mas, percebendo que esta atitude resolveria sua vida, concordou.
E assim, a separação se deu.
Quando Eleonora se tornou a única proprietária da residência, tratou logo de vendê-la e se mudar dali.
Decepcionada com Ricardo, a mulher não queria nem ouvir falar em seu nome.
Por conta disso, sumiu no mundo.
Cleide e Eugênia, nunca mais ouviram falar no nome dela.

Nisso, Andressa passa todos os dias a ir a escolinha.
Lá conhece outras crianças.
Aprende novas coisas.
De vez em quando, visitava seus coleguinhas e brincava com eles.
Era pega-pega, esconde-esconde, brincadeiras de roda, etc.
Até aí, tudo ia bem.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

QUANDO O DIA AMANHECER - CAPÍTULO 23

Com isso, alguns meses depois e lá estavam Cleide e Marina casadas.
Amigas inseparáveis, casaram-se com uma diferença de poucos meses em relação a um casamento e outro.
Nesse ponto, cabe ressaltar que Otávio não ficou nem um pouco feliz.
Ao saber que em pouco tempo, não veria mais sua única filha em casa, o homem ficou extremamente insatisfeito.
-- Com pode? Minha única filha, se casar?
Adélia por sua vez, não enxergava as coisas dessa maneira, por isso, defendendo os interesses da filha, comentou que mesmo sabendo que sentirá falta de Marina, está feliz por
vê-la se casando.
A Otávio, só restou portanto, se conformar com a nova situação.
Mesmo insatisfeito, Adélia acabou por convencê-lo de que ela já estava em idade de se casar.
Cautelosa comentou:
-- Ora homem! Você não quer que sua filha seja feliz? Você realmente acha que ela ficaria a vida inteira atrás de você? E a vida dela? Os filhos não são para nós.
Otávio, ao ouvir as palavras sensatas da esposa, acabou concordando com ela.
Já Eugênia ao saber que sua filha tencionava se casar, ficou exultante.
Como Ricardo já estava casado nessa época, ao saber da notícia, foi logo ironizando:
-- Já vai se enforcar?
Cleide ouviu, mas ignorou o comentário.
Contudo, mesmo casado, Ricardo não respeitava a esposa.
Freqüentemente era visto em bares e ao lado de outras mulheres.
Eleonora ao saber disso, ficou inconformada.
Por essa razão o esperava chegar em casa.
Quando Ricardo adentrava o lar, a mulher imediatamente o criticava.
Dizendo que sua atitude era execrável, insistia na idéia de que ainda era tempo de consertar as coisas.
Sim, mesmo com as traições de Ricardo, Eleonora estava disposta a manter o casamento.
Ricardo porém, não se esforçava nem um pouco no que tange este aspecto.
E assim, sempre que Eleonora começava a discutir, ele dizia que ela estava ficando muito chata.
Por várias vezes ele a deixou falando sozinha.
Sem paciência para ouvir a esposa, Ricardo ignorava.
Eleonora ficava furiosa com isso.
Sim, por que a indiferença dele só fazia com que tivesse mais vontade de criticá-lo.
E assim, o casamento dos dois ia de mal a pior.
Com tantas brigas, até os vizinhos conheciam a situação do casal.
Mesmo assim, Ricardo e Eleonora tentavam manter as aparências.
Quanto ao casamento de Cleide e Marina, ambas as cerimônias foram simples, mas repletas de significado.
Marina e Antônio casaram-se em uma cerimônia ao ar livre, com poucos convidados.
Como toda a noiva que se preze, usava branco.
O vestido, um pouco bufante, fora um desejo de sua mãe, Adélia, que não ficou nem um pouco satisfeita com a simplicidade da cerimônia.
Segundo ela, casamento tinha que ter pompa e circunstância.
Todavia, Marina e Antônio, começando suas vidas profissionais, não estavam em condições financeiras de realizarem grandes casamentos.
E assim, só restou a Adélia, sonhar com o vestido da filha.
E lá foi a mulher pesquisar em revistas de moda, os melhores vestidos, os mais bonitos.
Solicitando a ajuda do marido, que não queria que a filha se casasse, diante da insistência da mulher acabou aceitando pagar o vestido.
E assim, o vestido se tornou o presente de casamento de Marina.
Otávio, ao presenciar o casamento da filha, se emocionou.
Cleide também ficou tocada com a cerimônia.
Quanto a Adélia, que sempre sonhou com este casamento, nem é preciso dizer.
A mulher derramou muitas lágrimas.
Já Cleide casou-se na mesma igreja em que fora batizada, no centro da cidade.
Marina, presente a cerimônia, já casada, felicitou a amiga pelo casamento.
Eugênia, ao ver sua filha no altar, diante de si, constatou que seu trabalho havia terminado.
Feliz por ver Cleide feliz, estava um pouco triste também, por saber que não teria sua filha sempre por perto.
Ricardo acompanhado de Eleonora, também acompanhou o casamento da irmã.
Sóbrio, evitou suas constantes ironias, e desejou sinceramente, que Cleide fosse muito feliz.

Nisso, Andressa, criada por Andréia e Juscelino – seus pais adotivos –, vivia uma infância alegre e feliz, sem nem sequer imaginar sua verdadeira origem.
Andréia, envergonhada por não poder gerar os próprios filhos, vendo-se com uma filhinha nos braços, pediu ao marido para que nunca revele para a menina que ela fora adotada.
Juscelino, encantado com a possibilidade de finalmente vir a ter uma família completa, concorda com a mulher.
Fiel a essa promessa, nunca revelou a Andressa sua verdadeira origem.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

QUANDO O DIA AMANHECER - CAPÍTULO 22

Durante meses, Paulina levou uma vida difícil.
Passou fome, necessidade.
Mas por fim, encontrou um emprego em uma loja.
Foi nessa loja que Paulina conseguiu arrumar sua vida.
Esperta como poucas, a moça começa a despertar a atenção de seu patrão, Antenor.
Atenta, procura se esmerar em seu trabalho.
É assim que começa a chamar sua atenção.
Depois, começa a fazer sugestões para incrementar a loja.
Tudo com vistas a impressionar o patrão.
Incomodadas com tanta solicitude, as outras funcionárias começam a reclamar do excesso de presteza de Paulina.
Antenor porém, aprecia a determinação de Paulina e logo a promove de função.
Atenta e aproveitando todas as oportunidades que se apresentam, Paulina começa a mostrar a Antenor, que não está apenas interessada em seu novo trabalho.
E assim, aos poucos, Antenor começa convidando-a para sair, para dançar.
Até um dia finalmente a pede em casamento.
Casando-se, Paulina abandona seu trabalho na loja, e passa a ser responsável, única e exclusivamente pelo lar da família.
A propósito, o casamento foi um espetáculo à parte.
Como se tratava de um homem rico, integrante da alta sociedade da época, o casamento foi notícia em quase todos os jornais.
A festa foi magnífica, com tudo de luxuoso e caro.
Paulina estava finalmente se realizando.
Clóvis, quando viu a notícia do casamento da ex-amante no jornal, comentou:
-- Bem esperta essa Paulina! Esta sabe como agir. Se deu bem!
Nesse período, Marina e Cleide, concluindo os cursos universitários, resolvem participar da formatura.
Assim, é feito.
Depois de anos freqüentando aulas, ouvindo os ensinamentos dos professores, conversando com os colegas de curso, perdendo momentos de diversão para se
dedicarem aos estudos, finalmente as duas amigas terão um momento para celebrar tudo isso.
Otávio – pai de Marina – e Eugênia – mãe de Cleide –, mal cabem em si de tão contentes.
Acompanhando os passos de suas respectivas filhas, ambos não tem do que se queixarem.
Adélia – mãe de Marina – porém, não está nada satisfeita com a escolha da filha.
Muito embora já tenha se passado muito tempo desde que ela decidira se tornar assistente social, sua mãe ainda não aceitou a idéia.
Mas este é apenas um detalhe.
Ricardo, nessa época, já estava casado com sua primeira esposa.
A certa altura, encantado com Eleonora, o rapaz, convencido de que esta era a melhor solução, resolveu se casar às pressas com a moça.
Muito embora não estivesse apaixonado por ela, achava-a atraente e interessante.
Além disso, como não estava iludido com o amor (segundo suas próprias palavras) o casamento tinha tudo para dar certo.
Isso por que Eleonora estava fascinada por ele.
Eugênia ao saber da idéia tresloucada do filho, tentou de todas as maneiras possíveis, demovê-lo da idéia.
Contudo, como fazer uma pessoa teimosa mudar de idéia.
Em dado momento, cansada de tanto dizer conselhos a Ricardo, Eugênia desistiu.
Cansada, comentou:
-- Pois bem! Faça como achar melhor. Só não venha depois chorar no meu ombro, se este casamento não der certo. Eu não quero saber.
Nisso, depois dos três meses de burocracia, finalmente, o casamento se realizou.
Em uma cerimônia realizada no Cartório de Registro Civil de Pessoas Naturais, casaram-se Eleonora e Ricardo.
Não houve festa, nem cerimônia no religioso.
Cético com relação ao amor, Ricardo dizia que o mesmo não passava de mais uma bobagem que os escritores inventaram para as pessoas passarem o tempo.
Eleonora quando ouvia estas palavras amargas, ficava desapontada.
Contudo, crédula de que poderia fazer Ricardo se apaixonar por ela, usava o casamento como último recurso.
Este era seu intento, ser feliz com o marido, e fazer com que ele fosse feliz ao lado dela.
Era por esta razão, que Eugênia relutava em aceitar o casamento.
Seu filho estava brincando com os sentimentos da moça.
Cleide também não concordava com o gesto precipitado de seu irmão.
Contudo, se sua mãe, não conseguira fazê-lo mudar de idéia, o que ela poderia fazer para evitar que Ricardo cometesse esse erro?
Infelizmente nada.
E assim, o casamento se realizou.
E assim, enquanto Cleide e Marina, ansiosas pela formatura, nessa época só conseguiam pensar na festa e no vestido que iriam usar; Ricardo aproveitava sua lua-de-mel.
Adélia por sua vez, apesar de não concordar com a escolha da filha, foi logo sugerindo modelos de vestidos para ela.
Folheando revistas de moda, Marina demorou para se convencer de qual vestido deveria mandar fazer.
No entanto, mesmo com muitas dúvidas, depois de muito pensar, acabou chegando a uma conclusão.
Eugênia fez o mesmo com Cleide.
E as duas, assim como Adélia e Marina, ficaram semanas para escolher que modelo de vestido fariam.
Mas Cleide escolheu bem.
Em pleno final de 1981, a moda era bastante extravagante.
Mesmo assim, apesar dos excessos da moda, comedidas que eram, no dia da formatura, as duas amigas estavam impecáveis.
Ambas trajavam longos, cada um de uma cor, já que não havia restrições no tocante as cores, bastante alegres.
Ainda assim, estavam elegantes.
Antes é claro, participaram da cerimônia de colação de grau, usando a tradicional beca e o chapéu.
Ordeiramente cada um dos alunos subiu ao palco para pegar seu diploma.
Felizes e emocionados, Eugênia e Otávio, ao verem suas filhas com o diploma nas mãos, não conseguiram se conter.
Aplaudiram-nas.
Adélia, censurando a ambos, comentou que eles estavam atrapalhando o andamento da cerimônia.
Debalde.
Isso por que, por duas vezes, os dois aplaudiram as moças.
A primeira vez, foi quando Cleide pegou seu diploma.
Na segunda vez, aplaudiram Marina.
Mesmo com algumas pessoas olhando para o homem e a mulher que aplaudiam no momento errado, Eugênia e Otávio não se intimidaram e continuaram a aplaudir Cleide e
Marina.
Estavam felizes.
Nisso a colação de grau prosseguiu.
Não tinha jeito.
Os dois estavam orgulhosos pelo esforço empreendido pelas duas.
No tocante a isso Adélia não podia fazer nada.
Somente suportar sua vergonha, pelo que considerava uma inconveniência.
No baile de formatura, mais euforia.
Discursos foram proferidos, valsas foram dançadas.
Taças foram erguidas, e muitos brindes foram feitos.
Durante a valsa, Cleide e Marina dançaram com Claudionor e Antônio, respectivamente.
Segundo Otávio, Adélia e Eugênia, os dois casais mais bonitos da festa.
Animada, a comemoração se estendeu por toda a madrugada.
Otávio e Adélia, também aproveitaram para dançar.
Quando a orquestra contratada, tocou músicas conhecidas por eles, o casal começou a dançar.
Eugênia ficou observando-os de longe.

Luciana Celestino dos Santos
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QUANDO O DIA AMANHECER - CAPÍTULO 21


Com isso, algum tempo depois, e eis que Juscelino recebe uma nova ligação.
Era o homem informando que havia pego a criança e estava se preparando para entregá-la ao casal.
Por telefone foi combinado o preço e em questão de horas, lá estava Juscelino com a criança nos braços.
Andréia, ansiosa por segurar a criança no colo, ao ver seu rostinho, comentou que a menina se parecia com eles.
-- Por conta disso vai se chamar Andressa. – respondeu Juscelino.
No que Andréia concordou totalmente.

Luciana Celestino dos Santos
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QUANDO O DIA AMANHECER - CAPÍTULO 20


Enquanto isso, Andréia e Juscelino, sem filhos, passaram a cogitar a idéia de adotarem uma criança.
Isso por que Andréia, após inúmeras tentativas, finalmente se convenceu de que este é o único caminho que lhe restava.
Decepcionada por não conseguir gerar uma criança, a mulher reluta em aceitar a idéia de ter um filho que não foi gerado por ela.
Juscelino porém, desejoso de ter um filho, faz de tudo para convencer a mulher a adotar uma criança.
Capitulando, Andréia acaba concordando.
Com isso, finalmente decide ingressar com um pedido de adoção.
Andréia se enche de esperança.
Mas qual não é sua decepção ao saber que teria que aguardar a sua vez em uma fila de espera, e que certamente a criança que ela ira adotar não seria um bebê recém-nascido.
Desconsolada, Andréia pensou em desistir do processo de adoção.
Não fosse a insistência do marido, e ela certamente teria desistido.
Mas Juscelino estava disposto a fazer qualquer coisa para ter um filho.
Foi então que o casal foi informado de que havia uma moça branca, prestes a dar a luz.
Faltavam poucas semanas para o nascimento.
Andréia ao ouvir esta história, encheu-se de esperança.
Juscelino no entanto, ficou desconfiado da história.
Cauteloso, lembrou a esposa de que havia uma fila, onde as pessoas respeitavam a ordem de entrada dos pedidos.
Andréia ao ouvir a ressalva do marido, nem a levou em consideração.
Dizendo que faria qualquer coisa para adotar esta criança, Andréia insistiu para que ele conversasse com a pessoa que lhe passara esta informação.
Contrariado, Juscelino foi ao encontro do informante.
Era um homem branco, com ar desconfiado, que lhe contou a história da moça que estava prestes a dar a luz uma criança e que não tinha condições de criá-la.
Dizendo que lhe entregava a criança em troca de uma boa quantia, o homem conseguiu deixar Juscelino, espantado.
Revoltado com a postura do tal homem, Juscelino mostrava-se relutante em aceitar a
proposta.
Andréia porém, pensando que esta criança poderia ser a solução para os problemas, insistiu para que o marido concordasse.
Dizendo que eles tinham dinheiro para pagar o homem, comentou que eles não estariam fazendo mal algum.
Para ela, eles estariam apenas ajudando uma criança abandonada.
Juscelino então, percebendo o interesse da esposa na tal criança acabou concordando.
Mesmo consciente de que o que estava fazendo não era a atitude mais correta a ser tomada, Juscelino concordou.
Estava decidido.
Iria pagar pela criança.
Nisso, o tempo foi passando e eis que finalmente Paulina deu a luz uma criança.
Era o ano de 1980.
Sozinha e sem ter com quem contar, a moça deixou a criança nas mãos das freiras responsáveis pelo lugar.
Com o coração apertado, despediu-se da filha.
A qual nem nome tinha ainda.
-- Adeus!
Disse, despedindo-se com um beijo no rosto da criança.
Tentou se convencer de que estava agindo da forma correta, com o seguinte pensamento: ‘Não tenho para onde ir. Assim, deixando-a aqui, pelo menos será bem cuidada.’
E foi com este pensamento que Paulina partiu.
Novamente sem ter para onde ir, tentou arrumar emprego.
Sem recursos, hospedou-se em uma pensão barata.
Nesse ínterim, Juscelino foi informado por telefone, que a criança havia nascido e que ele estava só esperando, o momento para adequado para pegar a menina e levá-la para o casal.
Juscelino, ao saber que era uma menina, ficou bastante feliz.
Andréia porém, preferia um garoto.
Contudo, em sua situação, ela não estava em condições de escolher.
Por isso mesmo, aceitou a idéia de ter uma menina.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.