Poesias

sexta-feira, 2 de outubro de 2020

QUANDO O DIA AMANHECER - CAPÍTULO 21


Com isso, algum tempo depois, e eis que Juscelino recebe uma nova ligação.
Era o homem informando que havia pego a criança e estava se preparando para entregá-la ao casal.
Por telefone foi combinado o preço e em questão de horas, lá estava Juscelino com a criança nos braços.
Andréia, ansiosa por segurar a criança no colo, ao ver seu rostinho, comentou que a menina se parecia com eles.
-- Por conta disso vai se chamar Andressa. – respondeu Juscelino.
No que Andréia concordou totalmente.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

QUANDO O DIA AMANHECER - CAPÍTULO 20


Enquanto isso, Andréia e Juscelino, sem filhos, passaram a cogitar a idéia de adotarem uma criança.
Isso por que Andréia, após inúmeras tentativas, finalmente se convenceu de que este é o único caminho que lhe restava.
Decepcionada por não conseguir gerar uma criança, a mulher reluta em aceitar a idéia de ter um filho que não foi gerado por ela.
Juscelino porém, desejoso de ter um filho, faz de tudo para convencer a mulher a adotar uma criança.
Capitulando, Andréia acaba concordando.
Com isso, finalmente decide ingressar com um pedido de adoção.
Andréia se enche de esperança.
Mas qual não é sua decepção ao saber que teria que aguardar a sua vez em uma fila de espera, e que certamente a criança que ela ira adotar não seria um bebê recém-nascido.
Desconsolada, Andréia pensou em desistir do processo de adoção.
Não fosse a insistência do marido, e ela certamente teria desistido.
Mas Juscelino estava disposto a fazer qualquer coisa para ter um filho.
Foi então que o casal foi informado de que havia uma moça branca, prestes a dar a luz.
Faltavam poucas semanas para o nascimento.
Andréia ao ouvir esta história, encheu-se de esperança.
Juscelino no entanto, ficou desconfiado da história.
Cauteloso, lembrou a esposa de que havia uma fila, onde as pessoas respeitavam a ordem de entrada dos pedidos.
Andréia ao ouvir a ressalva do marido, nem a levou em consideração.
Dizendo que faria qualquer coisa para adotar esta criança, Andréia insistiu para que ele conversasse com a pessoa que lhe passara esta informação.
Contrariado, Juscelino foi ao encontro do informante.
Era um homem branco, com ar desconfiado, que lhe contou a história da moça que estava prestes a dar a luz uma criança e que não tinha condições de criá-la.
Dizendo que lhe entregava a criança em troca de uma boa quantia, o homem conseguiu deixar Juscelino, espantado.
Revoltado com a postura do tal homem, Juscelino mostrava-se relutante em aceitar a
proposta.
Andréia porém, pensando que esta criança poderia ser a solução para os problemas, insistiu para que o marido concordasse.
Dizendo que eles tinham dinheiro para pagar o homem, comentou que eles não estariam fazendo mal algum.
Para ela, eles estariam apenas ajudando uma criança abandonada.
Juscelino então, percebendo o interesse da esposa na tal criança acabou concordando.
Mesmo consciente de que o que estava fazendo não era a atitude mais correta a ser tomada, Juscelino concordou.
Estava decidido.
Iria pagar pela criança.
Nisso, o tempo foi passando e eis que finalmente Paulina deu a luz uma criança.
Era o ano de 1980.
Sozinha e sem ter com quem contar, a moça deixou a criança nas mãos das freiras responsáveis pelo lugar.
Com o coração apertado, despediu-se da filha.
A qual nem nome tinha ainda.
-- Adeus!
Disse, despedindo-se com um beijo no rosto da criança.
Tentou se convencer de que estava agindo da forma correta, com o seguinte pensamento: ‘Não tenho para onde ir. Assim, deixando-a aqui, pelo menos será bem cuidada.’
E foi com este pensamento que Paulina partiu.
Novamente sem ter para onde ir, tentou arrumar emprego.
Sem recursos, hospedou-se em uma pensão barata.
Nesse ínterim, Juscelino foi informado por telefone, que a criança havia nascido e que ele estava só esperando, o momento para adequado para pegar a menina e levá-la para o casal.
Juscelino, ao saber que era uma menina, ficou bastante feliz.
Andréia porém, preferia um garoto.
Contudo, em sua situação, ela não estava em condições de escolher.
Por isso mesmo, aceitou a idéia de ter uma menina.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

QUANDO O DIA AMANHECER - CAPÍTULO 19


No dia seguinte, a moça, enchendo-se de coragem, finalmente contou o porquê de sua expulsão.
-- Estou grávida. – disse ela.
Atônito, Clóvis, pergunta:
-- Tem certeza?
-- É claro que tenho. – responde Paulina, perplexa com a pergunta feita.
Apavorado, Clóvis recusa-se a acreditar que aquela história seja verdade.
Com os pensamentos embaralhados, o rapaz pensa em muitas coisas.
Ao se lembrar que a moça era namorada de Ricardo, chega a insinuar que esse filho pode ser dele.
Paulina porém revela que nunca teve qualquer intimidade com Ricardo.
Clóvis, incrédulo comenta:
-- Faz-me rir. Quer dizer você e Ricardo ficaram só se olhando?
Paulina, ao ouvir o comentário desairoso, ficou bastante irritada.
Clóvis, porém, insiste na idéia de que ela também se envolveu com Ricardo, e que o filho que ela espera pode perfeitamente ser de seu amigo, ou de qualquer outro homem.
Paulina ao ouvir tais palavras, furiosa, ameaça desferir um tapa no rosto de Clóvis, mas o rapaz segura sua mão.
Em seguida, dizendo-lhe poucas e boas, pede para que ela saía de sua casa.
Desesperada, Paulina pede:
-- Clóvis, por favor, seja razoável. Eu não tenho para onde ir. Me deixe passar pelo menos alguns dias em sua casa. Quem sabe até lá meus pais não me aceitam de volta. Por
favor. Eu estou te pedindo.
O rapaz contudo, percebendo que isso poderia dar em confusão, comentou:
-- Infelizmente eu não posso. Sabe como é! Se eu te deixar ficar mais algum tempo aqui, as pessoas vão comentar. E eu não posso correr o risco de ser apontado na rua.
Paulina, ao ouvir tais palavras, insistiu no pedido.
Clóvis porém, nem ligou.
E assim, Paulina teve que ir para a rua.
Sem ter para onde ir, vagou a noite inteira pelas ruas de São Paulo.
Sentiu frio e desconforto.
Ao raiar do dia, encontrou um lugar que aceitava abrigar moças em suas condições.
Sem alternativas, aceitou se internar no local.
Envergonhada, abandonou seu emprego e nunca mais pisou os pés no bairro em seus pais residiam.
Fez bem, pois se retornasse para lá, seria apontada na rua, e humilhada por todos.
Ricardo, profundamente magoado com a traição, nunca mais foi o mesmo.
Descrente da honestidade das mulheres, passou a tratá-las levianamente.
Amargo, passou a evitar os amigos.
Perdeu a confiança nas pessoas.
Cleide, penalizada com o triste estado de seu irmão, tentou fazer de tudo para consolá-lo.
Em vão.
Arrependido, ele dizia:
-- Cleide, você tinha toda a razão! Eu devia ter te escutado! Fui um idiota.
A moça, ao ouvir estas palavras tão duras, tratava logo de dizer que ele estava iludido, por isso se enganou tanto.
Isso porém, não consolava o rapaz, que se sentia um trouxa, um derrotado.
Mas esse estado de letargia não duraria muito.
Um belo dia, Ricardo desencantou e resolveu retomar sua vida.
Foi aí que começou sua vida desregrada.
A cada dia, com uma mulher diferente, também passou a beber e a fumar.
Cleide sempre que o via nessas condições, ficava inconformada.
Eugênia, sua mãe, também.
Contudo, não havia o que fazer.
Ricardo era maior de idade e dono de sua vida.
Desta forma, só restava a Cleide aceitar os fatos, continuar sua faculdade, e manter sua amizade com Marina.
Mas não só isso.
Como a vida não se resume a livros e estudos, Marina e Cleide começaram a namorar.
De tão amigas que eram, Marina começou a namorar Antônio, colega de faculdade de Cleide, também cursava a faculdade de letras.
Foi assim.
Em razão de sua amizade com Cleide, Antônio acabou fazendo parte do grupo de amigos que saía para passear com elas.
Assim, para engatarem um namoro, foi apenas questão de tempo.
Isso por que, Cleide estava se empenhando e muito para ver os dois juntos.
Como simpatizara com o rapaz, vivia contando a ele, as qualidades de Marina.
Todavia, seu esforço teria sido em vão se o rapaz não tivesse se encantado com a beleza da moça.
Na primeira vez que a vira, comentou com Cleide que a achara interessante.
Contudo, intimidado pelo fato das duas serem amigas de longa data, resolveu deixar de lado seu interesse.
Cleide, por sua vez, ao notar um certo constrangimento por parte do rapaz, tentou de todas as maneiras possíveis, convencê-lo de que a moça era um ótimo partido.
Dizendo que não se intrometia na vida amorosa de Marina, comentou que ele não perderia nada se ao menos tentasse.
Antônio no entanto, estava temeroso.
Isso por que, no seu entender, se o namoro não desse certo, arrumaria problemas com Cleide.
Cleide contudo, tratou logo de dissipar as inseguranças do rapaz.
Insistindo em dizer que não se intrometia na vida da amiga, comentou que ele devia se arriscar um pouco.
Antônio, diante do incentivo da amiga, acabou, depois de um certo tempo, em investir em Marina.
E, muito embora a moça tenha relutado um pouco em começar um namoro com um colega de faculdade de Cleide, depois de um certo tempo, percebendo que o rapaz possuía
inúmeras qualidades que a atraía, acabou se aproximando.
Nisso, os dois acabaram se acertando.
E assim, Marina e Antônio, começaram a namorar.
Cleide, por sua vez, sempre que os via juntos, comentava que eles faziam um belo par.
Marina achava graça das palavras da amiga.
Já Claudionor – amigo de Ricardo –, começou a nutrir uma simpatia pela garota afeita aos livros e que tentava a todo custo ajudar o irmão enganado.
Foi num dia que Ricardo o destratou e Cleide tomou suas dores, que ele se encantou por ela.
Nesse momento foi que tudo começou.
Marina, ao saber que Cleide estava namorando um colega de Ricardo, ficou surpresa.
Isso por que, Ricardo raramente apresentava seus amigos a família.
Cleide ao perceber o espanto de Marina, comentou em que circunstâncias, os dois se conheceram.
Dizendo que fora apresentada a ele alguns anos atrás, comentou que nunca prestara muita atenção no rapaz.
Aliás, segundo ela, fora o próprio que tomou a iniciativa, tempos depois de vir falar com ela, logo depois que ela o defendera das agressões de Ricardo.
Marina ao ouvir isso, respondeu:
-- A há! Eu sei como isso começa!
Cleide ao ouvir o comentário malicioso da amiga, retrucou:
-- Deixe de deboche. Eu estou falando sério.
Nisso, as duas amigas começaram a rir juntas.
E assim, mesmo namorando, sempre que podiam as duas amigas saíam juntas.
Iam ao cinema, caminhavam juntas etc.
Contudo, como o namoro, o trabalho e os estudos consumiam tempo, os encontros passaram a ser esporádicos.
Todavia, as duas amigas, mesmo numa época de muitos afazeres, nunca se afastaram completamente.
E como sempre as duas faziam tudo o que podiam juntas.
No Banco, durante o horário de almoço, aproveitavam para jogar conversa fora, e contarem as novidades do curso.
Ricardo por sua vez, quando estava em casa, sempre que as via juntas falando do curso, comentava:
-- Não sei como vocês agüentam falar nisso, mesmo depois de meses.
Cleide e Marina por sua vez, acostumadas com o mal humor de Ricardo, nem ligavam mais para seus comentários.
Quem ainda se incomodava com eles era Eugênia.
Mas até mesmo ela, após um certo tempo, desistiu de repreender Ricardo.
O rapaz era um caso perdido.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

QUANDO O DIA AMANHECER - CAPÍTULO 18

Conforme os meses foram se passando, mais e mais Paulina foi se enredando na armadilha criada por ela mesma.
Certa feita, foi flagrada por seu namorado Ricardo, saindo de um hotel com Clóvis.
Mais do que depressa, o casal pegou um táxi e saiu do local.
O rapaz ao ver a cena ficou chocado.
Perplexo, não sabia o que pensar.
Como pôde? Como ela pôde fazer isso comigo? – pensava.
Furibundo, Ricardo não podia acreditar no que estava acontecendo.
Por um momento, pensou tratar de um equívoco.
Imaginando ser outra pessoa, pensou apenas ser alguém muito parecida com sua namorada.
Contudo, depois de algum tempo, percebeu que havia algo de estranho em seu namoro.
Sim, ultimamente, Paulina vinha encontrando muitas desculpas para encontrá-lo.
Dizia que precisava cuidar de sua amiga doente, e isso parecia ocupar muito seu tempo.
Mesmo assim, parecia que algo de estranho vinha acontecendo.
Isso por que, mesmo quando a moça estava em casa, não estava disposta a sair com ele.
Até mesmo Alaor e Estér, pais da moça, o olhavam de forma estranha.
Sim, parecia que ambos sabiam de algo que ele não sabia.
Mas iludido, Ricardo preferia fazer de conta de que nada de errado estava acontecendo.
Cleide, sua irmã, no entanto, desconfiada da atitude de Paulina, começou a cobrar uma atitude de Ricardo.
O rapaz, por sua vez, tentava negar o óbvio.
Dizendo que sua namorada estava vivenciando uma situação muito complicada, conseguiu afastar a idéia de que Paulina estava fazendo algo de errado.
Sim, a moça, dizia a Cleide e Marina, que uma amiga dos tempos de colégio, havia passado muito mal e estava precisando de seus cuidados.
Comentando que as duas eram muito unidas, afirmou que ela já a ajudara por muitas vezes.
E Cleide, mesmo desconfiada, acreditou.
Marina também.
Afinal de contas, como alguém podia duvidar de uma história dessas?
A mentira porém, não durou muito tempo.
Ao ver o casal saindo do motel, Ricardo não pôde negar mais, o que seus próprios olhos tinham visto.
Irritado, tratou logo de se dirigir à casa de Paulina para exigir-lhe explicações.
Ao chegar lá, qual não foi sua surpresa ao ver Clóvis se despedindo de Paulina, com beijos e abraços.
Irritado, foi logo empurrando Clóvis.
Clóvis, que era bastante atrevido, foi logo dizendo:
-- Ricardo, o que você está pensando? Acha que pode vir assim me empurrando desse jeito?
Furioso, Ricardo retrucou:
-- Com gente ordinária igual a vocês, eu posso fazer o que quiser.
Ao ouvir isso, Paulina ficou apavorada.
Nervosa, tentou logo explicar o que estava se passando.
Mas, interrompida por Ricardo, só conseguiu ouvir uma torrente de impropérios proferida pelo rapaz.
Ricardo, humilhado, avançou em Clóvis, que tentou evitar o confronto.
Mas já era tarde.
A briga era inevitável.
E assim os dois rolaram no chão e se estapearam.
Não fosse o aparte de Alaor e Otávio, e o estrago teria sido muito maior.
Mas, graças a intervenção rápida dos dois, Ricardo e Clóvis só ostentavam algumas marcas roxas e cortes superficiais no rosto.
Surpreso com a briga, Alaor exigiu explicações.
Paulina, mal conseguiu pronunciar as palavras.
Gaguejando, disseque tudo não passava de um engano.
É quando seu pai percebeu tudo.
Notando o ar desorientado e revoltado de Ricardo, Alaor percebe que o rapaz descobriu tudo.
Não bastasse isso, o homem descobre também, nesse momento, que sua filha mentira para ele.
Isso por que, para que Ricardo descobrisse a traição de Paulina, seria necessário vê-la junta de Clóvis.
Por conta disso, Alaor exigiu que a filha entrasse em casa.
Sem discutir, Paulina atendeu o pedido de seu pai.
Em seguida, olhando para os dois rapazes, Alaor exigiu que ambos voltassem para suas casas.
Dizendo que tinha muito o que conversar com Paulina, Alaor se comprometeu a repreendê-la severamente.
Ricardo, muito nervoso, relutoua em sair dali.
Chamando Clóvis de falso e canalha, começou a chamá-lo para a briga novamente.
Otávio então chamou o rapaz para ir até sua casa.
Ricardo, recusou.
-- Vamos meu rapaz. Conversemos um pouco. O que custa?
Ricardo então, vendo-se sem alternativas, acaba concordando em acompanhar Otávio.
Nisso, Alaor olha para Clóvis e diz:
-- Não me ouviu rapaz? Volte para sua casa. Não queremos mais confusão por aqui.
Contrariado, Clóvis entrou no táxi e sumiu.
Ao adentrar a sala, os ânimos novamente se exaltaram.
Irritadíssimo com a atitude da
filha, Alaor disse-lhe poucas e boas, que Paulina ouviu sem retrucar.
Estér, ao ver a cena, ficou espantada com a agressividade de Alaor.
Contudo ao perceber o que havia se passado, ficou perplexa.
Decepcionada com sua filha, Estér, apoiou o marido.
Envergonhada, pegou Paulina pelo braço e começou a lhe bater.
Alaor, surpreso com a reação da esposa, ao ver que a mulher se excedia, mandou que parasse com aquilo.
Estér bateu tanto na filha, que a deixou cheia de vergões.
O pior porém, estava por vir.
Paulina, acuada, revelou que estava grávida.
Ao se ver agredida, a moça precisou dizer a mãe que estava grávida.
Alaor ao ouvir a as palavras da filha, ficou transtornado.
Furibundo, foi ele quem quis bater em Paulina.
Estér, porém, impediu o marido de bater na filha.
Todavia, foi muito difícil demovê-lo da idéia de expulsar a filha de casa.
Isso por que, revoltado com as atitudes da filha, com sua desobediência, sua leviandade, Alaor não podia suportar essa vergonha.
Sim por que Paulina mentira muito.
Nesse momento Alor se deu conta também, de que o nome do amante de sua filha, é outro.
Paulina mentira até sobre isso.
Por conta disso, mesmo diante dos apelos de Estér, Alaor expulsa a filha de casa.
-- Vagabunda, não vive dentro da minha casa! Fora daqui sua ordinária! Suma da minha frente.
Paulina, desesperada tenta argumentar com seu pai, mas é inútil.
A decisão de Alaor não tem volta.
Nem mesmo Estér tem como impedir que o marido tome essa atitude.
E assim, que Paulina se vê sem ter para onde ir.
Acuada, ao se ver sem ter onde dormir, vai até a casa de Clóvis.
Comentando sobre a briga que tivera com seus pais, revela que foi expulsa de casa.
O rapaz ao ver a moça em tão difícil situação, sugere que ela passe a noite em sua
casa.
Paulina, sem ter para onde ir, aceitou a oferta.

Luciana Celestino dos Santos
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QUANDO O DIA AMANHECER - CAPÍTULO 17

Com o passar dos dias, Marina e Cleide passaram finalmente, a freqüentar os cursos nos quais haviam se matriculado.
Animadas, combinaram que mesmo estudando em faculdades diferentes, iriam e voltariam juntas para casa.
E assim, fizeram durante todo o curso.
Conforme as aulas terminavam no mesmo horário, as duas amigas aproveitavam para voltarem juntas.
Como lugar era grande, precisaram combinar um ponto de encontro.
E assim, mesmo ganhando novos amigos, Marina e Cleide nunca se separaram.
Sempre que podiam se encontravam.
Nos fins-de-semana livres, aproveitavam para ir ao cinema, ou fazer qualquer outro passeio juntas.
Quando começaram a se enturmar com os colegas de curso, passaram a levá-los também, em seus passeios.
Paulina, por sua vez, agora estava enturmada com outras funcionárias do Banco.
Marina e Cleide, mal falavam com ela.
Isso por que, desde que as duas disseram que precisavam se dedicar mais aos estudos, a moça resolveu se afastar.
Cleide certa vez, notando o ar de desdém de Paulina, comentou que ela estava muito estranha.
Marina então disse;
-- Você acha? Pois observando as coisas melhor, eu acho que ela sempre foi muito estranha. Nós é que ainda não tínhamos percebido.
-- Pois é. E ela namora meu irmão. – comentou Cleide, decepcionada.

Luciana Celestino dos Santos
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QUANDO O DIA AMANHECER - CAPÍTULO 16

Marina e Cleide por sua vez, foram se matricular nos cursos que haviam escolhido fazer.
Animadas, logo cedo se dirigiram a universidade.
Otávio ao ver a filha se preparando para fazer a matricula, comentou:
-- Vá com Deus! Esse é um grande passo que você está dando em sua vida. Tenho certeza de que você vai ser muito feliz tendo uma profissão.
Marina agradeceu as palavras de incentivo.
Após saiu.
Como de costume, ao sair encontrou Cleide no ponto de ônibus já esperando para também se matricular.
Animadas as duas tornaram a falar de seus planos e do quanto suas vidas iriam mudar a partir dali.
Ao chegarem na universidade, cada uma seguiu para um lado.
E como de costume nesta terra, enfrentaram uma grande fila.
Por fim, depois de muito esperar, lá estavam as duas matriculadas nos cursos escolhidos.
Marina como futura assistente social e Cleide, como professora de letras.
Contentes, as duas amigas mal podiam esperar pelo começo das aulas.
Estavam muito ansiosas.
Animadas, comentavam entre si, que mal podiam esperar para que fevereiro
começasse e elas finalmente passassem a freqüentar a sala de aula.
Contentes, já começaram a fazer planos.
Planejavam estudar bastante, mas também queriam fazer novas amizades.
Foi quando perceberam pela primeira vez, que teriam que se separar.
Isso por que, fazendo cursos diferentes, só se veriam no trabalho e nos fins-de-semana em que não estivessem estudando.
Ao constatarem isso, Marina e Cleide ficaram um pouco tristes.
-- Não vamos mais nos ver tanto quanto nos víamos antes. – comentou Marina.
-- Mas vamos conhecer gente nova, aprender coisas novas. Enfim, vamos viver uma nova experiência. Será uma mudança radical, mas fascinante também. E não vamos nos
perder. Afinal de contas somos vizinhas e amigas de longa data. Não é mesmo?
Ao ouvir isso, Marina se consolou um pouco.
-- É verdade. – concordou.
-- Depois, temos telefone. Poderemos nos falar, sempre que quisermos. – disse Cleide abraçando a amiga.
E assim, as duas amigas, caminharam juntas.
Tinham que voltar para casa, almoçar, trocar de roupa e ir trabalhar.
Apressadas, Marina e Cleide almoçaram correndo, trocaram de roupa e foram voando para o ponto de ônibus.
Tinham que ir ao Banco.
Otávio e Eugênia, curiosos que estavam em saber como tudo tinha ocorrido, tiveram que esperar suas respectivas filhas voltarem do trabalho, para contarem como fora a manhã
delas.
Para não ficarem muito ansiosos, ouviram um breve relato.
-- Fomos até lá. Ficamos algum tempo na fila, preenchemos a ficha de inscrição, anexamos os documentos necessários. Enfim, depois de um longo processo burocrático,
estamos matriculadas. – respondeu Cleide.
Marina, por sua vez, disse que pegou uma longa fila, pegou uma ficha, preencheu-a, juntos os documentos solicitados e finalmente foi informada de que estava matriculada, onde
ficava o prédio onde estudaria e sua sala.
Satisfeito, Otávio, abraçou a filha.
Nisso, Marina foi até o ponto de ônibus.
Otávio, ao ver Marina retornando a casa, quis logo como tinha sido feita a matrícula.
Adélia por sua vez, não conseguia por que tanto interesse neste assunto.
Eugênia por sua vez, ao perceber a ansiedade da filha para que começassem as aulas, comentou:
-- Minha nossa! Você é a primeira pessoa que conheço que quer as aulas comecem. A maioria das pessoas quer que isso demore o maior tempo possível, e você ai toda ansiosa com o início das aulas.
Ricardo ao ouvir isso, disse:
-- Só você mesma, Cleide.
Eugênia contudo, não gostava quando Ricardo fazia troça com os sonhos da irmã.
Por esta razão, sempre que o via debochando dela, o repreendia.
Ricardo ficava furioso.

Luciana Celestino dos Santos
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QUANDO O DIA AMANHECER - CAPÍTULO 15

Diante disso, por algum tempo, Paulina respeitou as ordens do pai.
Durante algumas semanas ficou sem sair de casa.
Contudo, abusada que era, a moça encontrou um jeito de burlar a vigilância de seu pai – Alaor.
Dizendo que precisava fazer serão no Banco, comentou com os pais que durante algum tempo, só voltaria para casa, mais tarde.
Como Paulina ia e voltava para casa com seu uniforme, Alaor não desconfiou de nada.
Estér muito menos.
Crédulos de que filha realmente estava trabalhando muito, deixaram de vigiar seus passos.
Muito embora, ainda não estivessem de todo convencidos da sinceridade da moça, acreditavam que Paulina merecia um voto de confiança.
E assim, Paulina voltou a se encontrar com o amante.
Clóvis, por sua vez, cansado desse namoro comportado, resolveu lhe fazer uma proposta.
No entanto, num primeiro momento, ao ouvir a proposta do rapaz, Paulina não gosta nem um pouco da idéia.
Tanto que se recusou a ouvi-lo.
Todavia, depois de algum tempo, o rapaz acabou por convencê-la de que estavam juntos a tempo demais para ficarem só nos beijinhos.
Convidando-a para sair, freqüentar lugares caros, paparicando-a, Clóvis finalmente conseguiu convencê-la a ceder.
Com isso, durante o tempo em que ficou proibida de sair de casa por seu pai, Paulina, desculpando-se com o namorado, comentou que em razão dos problemas de saúde de sua
amiga, precisaria ficar se revezando entre seu trabalho e a casa dela.
Ricardo ao ouvir isso, ficou desapontado.
Mas crédulo, aceitou ficar alguns semanas sem ver sua namorada, já que uma amiga necessitava de seus cuidados.
E assim, mesmo contrariado, aceitou a situação.
Com isso Paulina ganhou tempo.

Luciana Celestino dos Santos
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