Poesias

sexta-feira, 25 de setembro de 2020

OS SONS QUE A GENTE OUVE – A CANÇÃO NO TEMPO ANOS OITENTAS – AVENTURAS NOS CLUBES DE ESQUINAS

Capítulo 1

Lara, filha de Lorena, estava em seu quarto arrumando seus pertences.
A tempos ela via que o cômodo precisava de uma bela faxina.
Assim, ligou o rádio, E sintonizou na emissora de sua preferência.
E enquanto ouvia música, passava um pano nos móveis, tirava a poeira dos objetos que enfeitavam
o ambiente, e os colocava de volta no lugar.
Ocupar-se de uma tarefa tão cansativa, lhe fazia bem.
Parava de pensar em sua insatisfação com a vida, de suas constantes brigas com sua mãe, Lorena.
Em seu entender, a mulher fazia questão de hostilizá-la.
E assim, tudo era motivo para desentendimentos.
Lara estava insatisfeita com sua vida.
No rádio tocava:
“Não adianta me ver, sorrir
Espelho meu
Meu riso é seu
Eu estou ilhada

Hoje não ligo a TV
Nem mesmo pra ver o Jô
Não vou sair
Se ligarem não estou

À manhã que vem
Nem bom-dia eu vou dar
Se chegar alguém
A me pedir um favor
Eu não sei

Tá difícil ser eu
Sem reclamar de tudo
Passa nuvem negra
Larga o dia
E vê se leva o mal
Que me arrasou
Pra que não faça sofrer mais ninguém

Esse amor que é raro
E é preciso
Pra nos levantar
Me derrubou
Não sabe parar de crescer
E doer
Nuvem Negra - Djavan“

E nisto, enquanto trabalhava, a moça pensava em sua vida. Pensava com mais clareza.
Sentia que o trabalho a deixava mais centrada.
Lara deixou o quarto arrumado e perfumado.
Quando Lorena passou pelo lugar, elogiou o capricho da filha.
No dia seguinte a moça pulou da cama. Estava atrasada para enfrentar mais um dia de trabalho.
Levantou-se correndo, tomou um banho rápido, vestiu-se, tomou um café em menos de um
minuto, pegou sua bolsa, e lá se foi.
Foi enfrentar o mundo.
A caminho do trabalho, passou pela Estação da Luz, Praça da Sé – o Marco Zero da Cidade,
Catedral da Sé, Vale do Anhangabaú, Viaduto do Chá, por prédios históricos do Centro de São
Paulo, Rua Líbero Badaró.
Andando pelo metrô, deparou-se com um mar de gente. Pessoas se desviando uma das outras.
Pressa, correria.
Não gostava deste frêmito.
No compasso de seus passos, chegava a ouvir a canção “Sinfonia Paulistana”:
“Fazendo som com as estrelas, ligado no sideral
Por Maria, fez poemas, nas praias do litoral
As ondas contaram ao mar, por isso é que os oceanos
No mundo inteiro cantados, cantarão mais cem mil anos

E o homem entre mar e céu, tem canções por todo lado
Louvado seja Anchieta, pra sempre seja louvado
Navegante tem cantiga, que aprendeu no mar um dia
Qualquer rota que ele siga, se não canta, ele assobia
Cabelos cor da noite, pele de alvorada
Cacique entregou ao branco, a filha amada

Raízes de Brasil, chegaram até aqui
Abençoado o colo dessa mãe antiga
Por 400 anos feitos de cantiga, naquele doce embalo
Da canção Tupi

Na tez de uma paulista em cheiro de floresta
A cor de jambo é a índia, que ninguém contesta
De uma altivez que o Império nunca vira
É a tradição, é a raça, é a nossa origem
As coisas da história de São Paulo exigem
A honra que se faça ao nome de Bartira, Bartira

Era tudo, era o nada rio acima
Que o paulista no peito ia vencer
Pra fazer mais Brasil do que existia
Já um tempo era pouco pra perder

Reunindo oração e despedida na partida da horda triunfal
Caçador da esmeralda perseguida
Foi fazendo a unidade nacional
Bandeiras, monções
Já se dava por glória ao que se ia
Porque mal se sabia se voltava
E a benção levada já servia
De unção para quem por lá ficava

Nas monções quem seguia, na verdade
Já partia cheirando à santidade
Quem não via esmeralda ou não morria
Povoava cidade mais cidade
Bandeiras, monções, São Paulo
Que amanheceu trabalhando

São Paulo, que não sabe adormece
Porque durante a noite, paulista vai pensando
Nas coisas que de dia vai fazer
São Paulo, todo frio quando amanhece
Correndo no seu tanto o que fazer
Na reza do paulista, trabalho é Padre-Nosso
É a prece de quem luta e quer vencer

Bastante italiano, sírio e japonês
Além do africano, índio e português
Tudo isso ao alho e óleo, temperando a raça
Na capital do tempo, tempo é ouro e hora
Quem vive de espera, é juros de mora
Não tem mais-mais nem menos, ou é sim ou não
No máximo se espera pela condução

Nas retas da Rio-São Paulo, chegando, chegando eu vim
Paulista é quem vem e fica plantando, família e chão
Fazendo a terra mais rica, dinheiro e calo na mão
Dinheiro, mola do mundo, que põe a gente na tona
Leva a gente ao fundo
Sim, senhor, sim, senhor, sim, senhor

Faz a paz e a guerra, traz a Lua pra Terra
No mais aumenta a barriga do comendador
Dinheiro, juras e juros, erguendo todos os muros
Pra ele próprio depois, derrubar, derrubar
É a voz que fala mais forte, razão de vida e de morte
Também só compra o que pode comprar

São Paulo, que amanhece trabalhando
Casais entram no elevador
O fino pra curtir um som: ran ran, ren ren, ron ron
A noite é sempre uma criança, é só não deixar crescer
Assim existe esperança, no amanhecer
São coisas da noite, anúncios conhecidos
Que enfeitam a cidade, em movimentos coloridos

Alguém vem do trabalho, do baralho ou do que for
Do La Licorne ao Ceasa, de alguma coisa do amor
Tem sempre mais um, que vem pela calçada
Na bruma que esconde quem sobrou na madrugada
Dei tempo ao tempo, o tempo é que não dá
Tenho que estar pelas sete, no Viaduto do Chá

Olha o Sol, olha o Sol, cadê o Sol? Onde o Sol?
Sumiu, sumiu, sumiu
Quando amanhece, o Sol comparece por obrigação
Nublado, cansado, um Sol de rotina
Se bem ilumina, nem dão atenção
É que o bandeirante não perde o seu tempo
Olhando pro alto, o Sol verdadeiro está no asfalto

Na terra, no homem e na produção
A cor diferente do céu de São Paulo não é da garoa
É véu de fumaça, que passa, que voa
Na guerra paulista das mil chaminés
São Paulo, que amanhece trabalhando

Começou um novo dia, já volta
Quem ia, o tempo é de chegar
Do metrô chego primeiro, se tempo é dinheiro
Melhor, vou faturar
Sempre ligeiro na rua, como quem sabe o que quer
Vai o paulista na sua, para o que der e vier

A cidade não desperta, apenas acerta a sua posição
Porque tudo se repete, são sete
E as sete explode em multidão:
Portas de aço levantam, todos parecem correr
Não correm de, correm para
Para São Paulo crescer

Vão bora, vão bora, olha a hora
Vão bora, vão bora, vão bora, vão borá
Olha a hora, vão bora, vão bora, vão bora

Que o tempo não espera, a vida é derradeira
Quem é vai ser, já era de qualquer maneira
O mundo é do "eu quero"
Quem me der é triste, tristeza basta a guerra
E o adeus no amor
Você onde é que estava quando o tempo andou?

Na terra que não pára, só você parou
Vão bora, vão bora, olha a hora
Vão bora, vão bora, vão bora, vão bora
Olha a hora, vão bora, vão bora, vão bora
O que vale é a versão, pouco interessa o fato
Porque a sensação maior é a do boato

Em coisa de um segundo, noite é madrugada
Notícia ganha o mundo, e a gente não é nada
Você onde é que estava quando o tempo andou?
São Paulo nunca pára, mas você, parou
Vão bora, vão bora, olha a hora
Vão bora, vão bora, vão bora, vão bora
Olha a hora, vão bora, vão bora, vão bora

São Paulo que amanhece trabalhando
Na Praça do Patriarca,
Rua Direita, São Bento
Na Líbero Badaró, no Viaduto do Chá
Lá está aquele moço, que não dá ponto sem nó
Na conversa bem jogada, vai vendendo geladeira
Pra esquimó curtir verão

Papo firme é isso aí, desse dono da calçada
Rei da comunicação
Olhe aqui, dona Teresa, o produto de beleza
Que chegou da Argentina, examina, examina
De brinde pra seu marido
Nova pomada pra calo que resolve a dor de ouvido

Tem Parker 73, compre uma e ganhe três
Nem paga o justo valor, mais outra ali pro doutor
Leve a Lei do Inquilinato, mesmo não sendo inquilino
Morar na lei é um barato, e ele prova à sua maneira
Que um ataque de besteira, faz de um doutor um otário

Cursando numa avenida o vestibular da vida
Para ser bom empresário
Ser do São Paulo, do Corinthians e Palmeiras
É ter o fino em futebol durante o ano
Em tênis, remo, natação, nas domingueiras
Bom é Pinheiros, Tietê ou Paulistano
Com Ademir, com Rivelino no gramado
Com rei Pelé e suas jogadas de veludo

Não pé de graça que São Paulo é chamado
Melhor da América Latina em quase tudo
Pró-esporte, pró-esporte é a solução
Pró-esporte, pró-esporte contra a poluição

Lá por setembro o estudante nos ensina
Aquele esporte pelo esporte que não cede
E o meu Mackenzie, dá um show com a medicina
Na grande guerra que se chama MacMed

No corre-corre mundial estamos nessa
Os Fittipaldi estão aí para dizer
Só em São Paulo que é a terra do depressa
A São Silvestre poderia acontecer
Pró-esporte, pró-esporte é a solução
Pró-esporte, pró-esporte contra a poluição

São Paulo jovem, dos que promovem velocidade
Nos seus cavalos, de roda e ferro, na sua forma de liberdade
O peito agarra, a costa de aço
Que deu garupa na Yamaha, no upa-upa
Feito de abraço e muito amor

São Paulo jovem, na mesma cela
Vão ele e ela, por onde seja
Deus os proteja, pelos caminhos da vida em flor
Tem coisas da Ipiranga, da Itapetininga, até da São João

Às vezes também dá
Puxar o show, o chope, o uísque, boa pinga
E o molho das mulheres que transam por lá
Tem loja, tem butique, tem pizzaria
Boate, restaurante, até casa lotérica

É rua que de nada mais precisaria
Com todo aquele charme do Jardim América
América, Rua Augusta
E agora, já é hora
E ninguém vai embora, embora de lá

Rua Augusta, e agora, já é hora
E ninguém vai embora, embora de lá
Bartira e João Ramalho nunca imaginaram
Que a tanga e a miçanga vinham outra vez

Agora nos diriam vendo que acertaram:
Valeu o nosso amor, pelo amor de vocês
E a moça vai passando, e ninguém vê mais nada
Quando ela vai na dela, é pra machucar
É a paulistana boa, despreocupada
De short ou minissaia, pondo pra quebrar, pra quebrar

Rua Augusta, e agora, já é hora
E ninguém vai embora, embora de lá
Na sinfonia, que é de todos os barulhos

De Santo Amaro, ao Brás, ao Centro, ao ABC
Por Santo André, Vila Maria até Guarulhos
Grande São Paulo, como eu gosto de você

São Paulo, que amanhece trabalhando
São Paulo que não pode amanhecer
Porque durante a noite, paulista vai pensando
Nas coisas que de dia vai fazer.
Sinfonia paulistana - (Billy Blanco)"

Ao ouvir a música, Lara ficava imaginando as pessoas cantando e dançando em todos os cantos
da cidade.
Do Memorial da América Latina, ao Elevado Costa e Silva, ao MASP, Parque Trianon,
Avenida Paulista, Ipiranga, Museu Paulista, Praça do Monumento, Museu de Zoologia, Parque
da Água Branca, Centro Histórico de São Paulo, Morumbi, Cidade Universitária, Avenida Faria
Lima.
Em seus devaneios, a cidade era mais humana, as pessoas mais gentis e solidárias.
Seres humanos menos alienados, readquiriam sua dignidade, dançavam em meio a multidão.
Contudo, era tudo um sonho.
Lara enfim, despertou para sua realidade.
Finalmente chegou na rua onde ficava a empresa onde trabalhava.
Mais tarde, a moça voltou para casa, jantou apressadamente, e dirigiu-se a faculdade.
Depois das aulas, a moça fechou-se em seu quarto.
Colocou sua camisola. Tentou dormir. Em vão.
De madrugada, resolveu ficar na sala. Sentou-se no sofá, e ficou pensando em sua vida.
Recordou-se de uma música que gostava muito. Tanto que começou a cantá-la:
“Dizem que sou louca por pensar assim
Se eu sou muito louca por eu ser feliz
Mas louco é quem me diz
E não é feliz, não é feliz

Se eles são bonitos, sou Alain Delon
Se eles são famosos, sou Napoleão
Mas louco é quem me diz
E não é feliz, não é feliz

Eu juro que é melhor
Não ser o normal
Se eu posso pensar que Deus sou eu

Se eles têm três carros, eu posso voar
Se eles rezam muito, eu já estou no céu
Mas louco é quem me diz
E não é feliz, não é feliz

Eu juro que é melhor
Não ser o normal
Se eu posso pensar que Deus sou eu

Sim sou muito louca, não vou me curar
Já não sou o única que encontrou a paz
Mas louco é quem me diz
E não é feliz, eu sou feliz
Balada Do Louco – Os Mutantes – Composição: Arnaldo Baptista/Rita Lee”

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

quinta-feira, 24 de setembro de 2020

OS SONS QUE A GENTE OUVE – A CANÇÃO NO TEMPO ANOS SESSENTAS – NOS EMBALOS DA GUARDA GUARDA

Capítulo 7

Glória e Sandro, por sua vez, estavam cada vez mais próximos.
Em um de seus primeiros encontros, a moça, querendo impressionar o rapaz, usou um vestido
azul.
Tímida, foi até a praça onde eles iriam se encontrar.
Sandro, já aguardava ansioso a sua presença.
Ao vê-la tão bem vestida, comentou:
- Como está linda!
- Gostou? – perguntou ela mostrando o bonito vestido.
- Muito! – respondeu o rapaz, embevecido.
Nisto, Glória começou a se exibir. Começou a cantar:
“Estava na tristeza que dava dó
Vivia vagamente e andava só
Mas eis que de repente
Me apareceu um brotinho lindo
Que me convenceu...

Dizendo que eu devia
Vestir azul
Que azul é cor do céu
E seu olhar também

Então o seu pedido
Me incentivou...
Vesti Azul!
Minha sorte então mudou
Vesti Azul!
Minha sorte então mudou...

Passei a ser olhada com atenção
E fui agradecer pela opinião
Então senti que o broto
Estava todo mudado
Parecia até
Que estava apaixonado

Então eu fiz charminho
E acrescentei
Só vim aqui saber
Como eu fiquei

E aquele olhar do broto
Me confirmou
Vesti Azul!
Minha sorte então mudou
Vesti Azul!
Minha sorte então mudou...(2x)
Vesti Azul!
Minha sorte então mudou
Vesti Azul!
Minha sorte então mudou...(2x)
Vesti Azul - Composição: Nonato Buzar"

Sandro disse então:
- Lindo vestido!
Glória segurou as mãos do moço.
O casal saiu caminhado pelos arredores.
Avistaram uma casa ampla, com um grande quintal e muitas árvores.
Da rua puderam ver um pé de limão.
Sandro comentou que aquela paisagem lhe fazia lembrar sua infância. Das tardes em que brincava
ao redor das árvores, escala os pés de fruta, e comia frutas embaixo de sua sombra.
Lembrou que em sua casa havia pés de laranja, de limão, e de outras frutas.
Saudoso, o moço cantou:
“Meu limão, meu limoeiro
Meu pé, meu pé de jacarandá
Uma vez eskindolêlê iê iê
Outra vez eskindolálá

Meu limão, meu limoeiro
Meu pé, meu pé de jacarandá
Uma vez eskindolêlê iê iê
Outra vez eskindolálá
La la la la la la la
La la la la la la la la...
Meu Limão, Meu Limoeiro - Wilson Simonal - Composição: folclore”

Glória abraçou o rapaz.
O casal prosseguiu na caminhada.
Mais tarde o moço deixou-a em casa.
Glória estava nas nuvens.
Sandro também parecia contente.
Saiu até assobiando.
Ana por sua vez, quase terminou o namoro com Marcos.
Todavia, em que pese o fato do rapaz haver beijado sua amiga, acreditou que poderia fazê-lo se
apaixonar por ela, e assim, continuou a insistir no erro.
Até que um dia, conforme já mencionado, ela se cansou.
Para a reconciliação de Lorena e Ronaldo, Glória precisou pressionar Marcos.
Auxiliada por Sandro, descobriram que Marcos é quem roubara o beijo.
Ronaldo por sua vez, só se convenceu disto, quando o próprio Marcos confessou-lhe o fato.
Nisto, o moço arrependido, foi ao encontro de Lorena.
Dizendo que havia descoberto a verdade, pediu desculpas a moça.
Lorena perguntou então, como ele havia descoberto a verdade. Afinal de contas, ele não havia
deixado ela explicar-se.
Sem jeito, o moço repetiu a história de Marcos.
A garota percebeu então, que o próprio Marcos havia lhe contado tudo.
Lorena comentou que estava chateada, que esperava mais confiança da parte dele.
Ronaldo insistiu no pedido de desculpas.
Lorena parecia impassível.
O moço foi ficando nervoso.
A moça por fim, depois de um certo suspense, respondeu que sim, que o desculpava.
Nisto, o casal se reconciliou-se.
Mais tarde, o casal resolveu noivar.
Natália e Francisco ficaram muito felizes.
Durante a festa de noivado, o moço cantou para Lorena:
“O meu primeiro amor
Encontrei o meu primeiro amor
O meu primeiro amor
Encontrei o meu primeiro amor

Demorei mas encontrei o meu primeiro amor
Encontrei o meu primeiro amor
Para mim tudo na vida agora tem valor
Tudo na vida agora tem valor
O meu primeiro amor
Encontrei o meu primeiro amor
Que eu tanto quis, enfim
Chegou pra mim, chegou pra mim

Como é bom a gente ter, na vida alguém pra amar
A gente ter na vida alguém pra amar
Tudo agora é tão lindo eu vivo a cantar
É tão lindo eu vivo a cantar

Foi só no primeiro olhar
E eu senti então, senti então
Bateu forte como nunca o meu coração
Encontrei o meu primeiro amor
Encontrei o meu primeiro amor
Meu Primeiro Amor – Renato e Seus Blue Caps”

Lorena ficou encantada com a demonstração de afeto.
Mais tarde, o moço teria uma nova oportunidade de demonstrar sua afeição.
Quando o pai de Lorena faleceu, Ronaldo ficou o tempo todo do lado de Lorena e sua família.
O homem morrera dormindo, enquanto a moça estava no colégio, estudando.
Quando foi informada, ainda na escola, que seu pai falecera, a moça entrou em desespero.
Somente Ronaldo conseguiu consolá-la.
O enterro foi realizado com toda as solenidades decorrentes de sua patente de Capitão de Corveta.
Amigos de Francisco, cantaram “A Valsa da Despedida”:
“Adeus, amor, eu vou partir
Ouço ao longe um clarim
Mas, onde eu for, irei sentir
Os teus passos junto a mim

Estando em luta, estando a sós
Ouvirei a tua voz
A luz que brilha em teu olhar
A certeza me deu
De que ninguém pode afastar
O meu coração do teu

No céu, na terra, aonde for
Viverá o nosso amor
Valsa da Despedida - Compositor: Robert Burns
Versão: Alberto Ribeiro e Braguinha (João de Barro)”

Natália e Lorena choraram copiosamente.
Nara, Laura, Andréa e Francisco – o filho – também sentiram a morte do militar.
Ronaldo cumprimentou Natália, acariciou os cabelos das crianças e abraçou Lorena.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

quarta-feira, 23 de setembro de 2020

OS SONS QUE A GENTE OUVE – A CANÇÃO NO TEMPO ANOS SESSENTAS – NOS EMBALOS DA GUARDA GUARDA

Capítulo 6

Nisto Ana passou a se encontrar com Marcos.
O moço porém, não parecia muito interessado na moça.
Tanto que procurava um meio de perguntar por Lorena.
Ao tomar conhecimento de que a moça estava namorando, ficou desapontado.
Ana também estava triste com tanta indiferença.
A moça foi contar suas mágoas para Glória, que a censurou.
Dizendo que ela estava colhendo que o havia plantado, comentou que ela precisava encontrar
alugém que gostasse dela de verdade, que a valorizasse.
Foi o bastante para Ana brigar com Glória.
Não satisfeita em brigar com Glória, Ana foi tomar satisfações com Lorena.
Dizendo que ela estava namorando Marcos, exigiu que Lorena se afastasse dele.
A moça então, dizendo que não estava interessada em Marcos, comentou que estava namorando
Ronaldo.
Ana retrucou malcriada:
- Pois então se ocupe de seu namorado e pare de se importar com o meu!
Lorena achou graça.
Certo dia, voltando da escola, Marcos ficou seguindo-a do carro.
Lorena preferiu ignorá-lo.
O moço não se deu por vencido.
Desceu do carro e começou a correr atrás dela.
- Lorena! Lorena! – gritou.
A moça continuou seguindo seu caminho.
Marcos alcançando-a, segurou sua mão.
Lorena irritada, tentou se desvencilhar. Percebendo que o moço não a soltaria, exigiu que ele a
soltasse.
Marcos atendeu-a.
Lorena continuou sua marcha.
O moço, ao vê-la indo embora, pediu para que ela o escutasse.
Impaciente, a moça perguntou:
- O que você quer?
Marcos respondeu então, que estava arrependido. Disse que gostaria de voltar a namorá-la.
Comentou que se ela o aceitasse de volta, ele seria um novo namorado. Mais atento, mais gentil.
Lorena respondeu então, que não estava interessada.
Argumentando que estava muito bem com Ronaldo, afirmou que o tempo dos dois ficaram juntos havia passado, e que ele deveria arrumar
outra pessoa para gostar.
Marcos ficou arrasado.
Nervoso, virou as costas para ela.
Encaminhou-se até o lugar onde deixara o carro, e saiu em alta velocidade.
Nervoso, o moço ligou o rádio. Naquele momento tocava a canção:
“Se você pretende saber quem eu sou
Eu posso lhe dizer
Entre no meu carro na estrada de Santos
E você vai me conhecer

Você vai pensar que eu não gosto nem mesmo de mim
E que na minha idade só a velocidade
Anda junto a mim

Só ando sozinho
E no meu caminho o tempo é cada vez menor
Preciso de ajuda
Por favor me acuda
Eu vivo muito só

Se acaso numa curva eu me lembro do meu mundo
Eu piso mais fundo
Corrijo num segundo
Não posso parar

Eu prefiro as curvas da estrada de Santos
Onde eu tento esquecer
Um amor que eu tive
E vi pelo espelho na distância se perder

Mas se o amor que eu perdi eu novamente encontrar
As curvas se acabam
E na estrada de Santos não vou mais passar
Não, não vou mais passar
As Curvas Da Estrada de Santos - Composição: Roberto Carlos/Erasmo Carlos”

Marcos estava arrasado.
Depois de dirigir por muito tempo, o moço estacionou o carro e rumou para um bar.
No local bebeu whiske, conhaque, vodca, gim, rum.
Contou suas mágoas para todos os que circulavam pelo balcão.
Cantou:
“Garçom, aqui nessa mesa de bar
Você já cansou de escutar,
Centenas de casos de amor

Garçom, no bar todo mundo é igual,
Meu caso é mais um é banal
Mas preste atenção por favor

Saiba que meu grande amor
Hoje vai se casar
Mandou uma carta pra me avisar,
Deixou em pedaços o meu coração

E pra matar a tristeza, só mesa de bar
Quero tomar todas, vou me embriagar
Se eu pegar no sono, me deite no chão

Garçom, eu sei, estou enchendo o saco,
Mas todo bebum fica chato
Valente, e tem toda razão

Garçom, mas eu, eu só quero chorar
Eu vou minha conta pagar,
Por isso eu lhe peço atenção

Saiba que meu grande amor hoje vai se casar
Mandou uma carta pra mim avisar,
Deixou em pedaços o meu coração
E pra matar a tristeza, só mesa de bar
Quero tomar todas, vou me embriagar
Se eu pegar no sono, me deite no chão
Garçon – Reginaldo Rossi”

Cantou com a voz frouxa. Bêbado, saiu do bar. Rumou para o carro.
Durante algum tempo, ficou procurando o lugar onde havia estacionado o veículo.
Nisto, ao encontrar o veículo, saiu em disparada.
Bêbado, continuou a cantar:
“Esta é mais uma noite
Que eu não vou dormir direito
É a saudade de tão grande
Já não cabe no meu peito

Meu amor, para mim
Não é possível esconder
A vontade que eu sinto
De voltar para você

Eu ando por toda parte
E vivo a me perguntar
Por que esta noite é triste
Em que rua você mora
Onde posso lhe encontrar

Eu corro, e as luzes da avenida
Refletem em cada rosto
O seu sorriso, seu sorriso
O seu sorriso, seu sorriso
Eu ando por toda a parte
E vivo a me perguntar

Por que esta noite é triste
Em que rua você mora
Onde posso lhe encontrar
Eu corro, e as luzes da avenida
Refletem em cada rosto

O seu sorriso, seu sorriso
O seu sorriso, seu sorriso
O seu sorriso, seu sorriso.
Luzes da Avenida – Wanderley Cardoso”

Nisto, parou o carro e começou a chorar.
Amargurado, o rapaz sofreu com a rejeição.
Maltratando Ana, acabou fazendo com que ela se afastasse dele.
Cansada, a moça acabou terminando o namoro.
Marcos, indiferente aos sentimentos da moça, vivia paquerando outras garotas na frente dela.
Ao perceber que o moço não iria mudar, cansou-se.
Ana brigou com o namorado.
Disse que não queria mais vê-lo, que ela a havia decepcionado muito.
Marcos por sua vez, demonstrando indiferença, comentou que achava ótima a decisão da moça.
Com o tempo porém, começou a perceber que Ana era uma garota muito especial.
A moça, ao perceber que havia sido injusta com Glória e Lorena, tratou logo de pedir desculpas
as amigas.
Lorena e Glória, pediram logo que ela se esquecesse daquilo.
Nisto, o trio voltou a ser visto junto.
Marcos passou então a ligar para Ana.
Arrependido, comentou que estava disposto a tratá-la como uma princesa.
Dizendo que estava cansado de fazer tantas besteiras, pediu perdão.
Com os olhos suplicantes, disse que ainda que passasse a vida inteira pedindo perdão, não
conseguiria se redimir de tudo o que havia feito de errado.
A moça por sua vez, relutou em aceitar o pedido de desculpas.
Tentando convencê-la, o moço começou a cantar:
“Todo tempo que eu vivi,
Procurando o meu caminho,
Só cheguei a conclusão
Que eu não vou achar sozinho.

Oh, Ana, Ana, Ana,
Oh oh, oh oh Ana,
Que saudade de você.
Toda essa vida errada
Que eu vivi até agora,
Começou naquele dia,
Quando você foi embora...
Oh Ana, Ana, Ana,
Oh oh oh oh Ana,
Que saudade de você.

Ana eu me lembro com saudade
Do nosso tempo nosso amor nossa alegria,
Agora só te vejo nos meus sonhos

E quando acordo minha vida é tão vazia.
Oh Ana, Ana, Ana,
Oh oh oh oh Ana,
Que saudade de você.
Ana – Roberto Carlos”

Nisto, ao final de alguns dias, Marcos acabou por se reconciliar com Ana.
Glória e Sandro também passaram a serem vistos vistos juntos.
Amanda estava feliz com César.
Ronaldo e Lorena estavam bem.
Tiveram um pequeno estremecimento por conta da insistência de Marcos em retomar o namoro,
mas a rusga logo passou.
Não que o moço não tivesse sofrido.
O conflito porém, foi breve.
Marcos, num gesto de desespero, roubou um beijo da moça.
Ronaldo, ao presenciar a cena, brigou com a moça.
Lorena tentou se explicar, sem êxito.
Ana também presenciou a cena e brigou com ela.
Chamou-a de descarada.
Em seguida, Lorena deu um tapa no rosto de Marcos.
Desolado, Ronaldo foi de carro para casa.
Enquanto dirigia, só conseguia se lembrar da cena.
Nervoso, deixou o carro em sua casa. Foi caminhar.
No caminho, em dado momento agaixou-se.
Depois de chutar as pedrinhas que encontrou nas calçadas, Ronaldo se encolheu em um canto, e
começou a chorar.
Chorou.
Chorando levantou-se e continuou a caminhada.
Enquanto andava, cantava baixinho:
“Se a vida inteira
Você esperou
Um grande amor
E de triste, até chorou
Sem esperanças
De encontrar alguém

Fique sabendo que eu
Também andei sozinho
E sem ninguém pra mim
Fiquei sem entregar
O meu carinho

Se na tua estrada
Não houve flor
Foi só tristeza, enfim
E em cada dia
Sem ter amor
Foi tudo tão ruim

Vou confessar então
Meu coração
Não quer mais existir
Meus olhos vermelhos
Cansados de chorar
Querem sorrir

Ah, Por isso
Foi que eu decidi
Não fico
Nem mais, um minuto aqui
Eu vou buscar
O meu amor, o meu amor

Eu nunca tive alguém
Agora vou,
Olhar você meu bem
Guarde o meu coração

Que nunca mais eu vou
Deixar você tão só
E nunca mais eu vou
Deixar você tão só
E nunca mais eu vou
Ficar também tão só
Eu Não Vou Deixar Você Tão Só – Antonio Marcos”

Magoado, Ronaldo não atendia os telefonemas de Lorena.
Triste, a moça só tinha vontade de chorar.
Natália aflita, tentava conversar com a filha, mas ela se recusava a contar o que estava
acontecendo.
No hospital, Ronaldo evitava a presença de Natália.
Sozinha em seu quarto, Lorena ouvia uma canção no rádio:
“Quando alguém se apaixona
Fica bobo, fica louco
Perde a Razão

Não adianta conselhos
Está preso dominado
Pelo Coração

Eu juro não posso entender
Repare você pode ver
Quando alguém se apaixona

Logo esquece as amizades
Que sempre prezou
É capaz de ir ao espaço
Pra buscar aquela estrela
Que ela gostou

Eu juro não posso entender
Repare você pode ver
Quando alguém se apaixona
Fica bobo, fica louco
Perde a Razão

Eu sei...
Já fui apaixonado
Está tudo acabado
E só agora eu posso ver

As coisas que eu fazia
O mundo em que eu vivia
Tão tarde que fui perceber (BIS)

Quando alguém se apaixona
Não admite que ninguém
Venha lhe criticar

Mesmo estando tudo errado
Não consegue não procura
Nada enxergar

Eu juro não posso entender
Repare você pode ver
Quando alguém se apaixona
Fica bobo, fica louco
Perde a Razão

Eu sei...
Já fui apaixonado
Está tudo acabado
E só agora eu posso ver
As coisas que eu fazia
O mundo em que eu vivia
Tão tarde que fui perceber (BIS)

Quando alguém se apaixona
Fica bobo, fica louco
Perde a Razão
Não adianta conselhos
Está preso dominado
Pelo Coração (BIS)
Quando alguém...
Quando Alguém Se Apaixona – Cléo, o Galante”

Ao ouvir a letra da música, a moça recordou-se dos momentos alegres ao lado de Ronaldo.
Dos beijos, dos passeios, das palavras carinhosas.
Lembrar-se dos momentos felizes, lhe acalmava o coração.
Contudo, as lembranças felizes duravam pouco.
Logo vinha a mente a humilhação e a injustiça infligida pelo ser amado.
Recordação dolorosa que a fazia chorar.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

OS SONS QUE A GENTE OUVE – A CANÇÃO NO TEMPO ANOS SESSENTAS – NOS EMBALOS DA GUARDA GUARDA

Capítulo 5

Nisto, Marcos, estava aborrecido com Amanda.
Isto porque a moça, insistia para que o mesmo assumisse o namoro, apresentando-a para seus
pais.
O moço contudo, sempre que o assunto seguia este rumo, tratava de desconversar. Dizia que ainda
era muito novo para assumir um compromisso tão sério.
Era o suficiente para que o casal brigasse.
E assim, Marcos passou a cercar novamente Lorena.
Nisto, a moça levando os irmãos para brincar no parque, ficou segurando as bonecas de Nara,
Laura e Andréa.
Marcos por sua vez, ao ver a garota no parque, tentou puxar conversa.
Dizendo que o dia estava lindo para um passeio, convidou a moça para dar um passeio de carro.
Lorena disse que não podia, posto que estava tomando conta de suas irmãs.
Marcos, observando que a moça segurava bonecas nas mãos, enquanto as crianças brincavam na
areia, cantou:
“Ah!
Deixa essa boneca, faça-me o favor
Deixe isso tudo e vem brincar de amor
De amor, hei hei hei de amor

Oh! Meu bem
Lembre que existe por ai alguém
Que tão sozinho, vive sem ninguém
Sem ninguém, sem ninguém

Menina linda eu te adoro
Menina pura como a flor
Sua boneca vai quebrar
Mas viverá o nosso amor

Oh! Meu bem
Deixa essa boneca, faça-me o favor
Deixe isso tudo e vem brincar de amor
De amor, hei hei hei de amor
Oh! Meu bem

Lembre que existe por ai alguém
Que tão sozinho, vive sem ninguém
Sem ninguém, sem ninguém
Menina linda eu te adoro
Menina pura como a flor
Sua boneca vai quebrar
Mas viverá o nosso amor
Menina Linda - Renato e Seus Blue Caps”

Quando Ronaldo soube deste fato, ficou deveras incomodado.
Só se aquietou quando percebeu pelas palavras da moça, que ela não estava mais interessada no
rapaz.
Contudo, em que pese este fato, Marcos passou a novamente assediar a moça.
Mandou inclusive, entregar flores em sua casa. Pedia perdão.
Lorena porém, lhe era indiferente.
Nisto, quando soube que um novo baile ocorreria num clube próximo, Ronaldo comentou que
precisava de alguém que o acompanhasse no evento, e assim, pensou em Lorena.
A moça ficou surpresa com o jeito direto do moço.
Contudo, mesmo sem jeito, Lorena, pensando um pouco, acabou por aceitar o convite.
Desta feita, o moço ficou surpreso. Feliz perguntou:
- Você aceita?
Lorena respondeu que sim.
Natália e Francisco não se opuseram ao fato da filha ir ao baile com o moço.
Nisto, no dia combinado, Lorena, usando um lindo vestido azul de veludo, seguiu de carro com o
moço, para o baile.
Ao adentrarem o salão, ouviram a banda, tocando e cantando a seguinte canção:
“Quem não acreditar
Venha ver a multidão
Que com ela quer dançar

Ela adivinha que eu
Estou sofrendo
Também querendo
Com ela dançar

Fico em pé olhando
E esperando
Que ela se afaste da multidão

Para eu me aproximar
Com ela dançar
Do meu carinho
Do meu amor, do meu amor
Poder falar

E assim a noite vai passando
Mas sempre encontro a multidão
Que com ela quer dançar
Ela adivinha que
Eu estou sofrendo
Também querendo com ela dançar

O baile vai terminar
E a última dança
A última dança
Já vai começar

Ela entende o meu olhar
Dispensou a multidão
E eu pude então
E eu pude então
E eu pude então
Com ela dançar

O baile vai terminar
E a última dança
A última dança
Já vai começar

Ela entende o meu olhar
Dispensou a multidão
E eu pude então
E eu pude então
E eu pude então
Com ela dançar.
A Garota do Baile - Composição: Roberto Carlos/Erasmo Carlos”

Casais dançavam juntinhos.
Lorena e Ronaldo, apreciaram a cena.
Lá encontraram Ana e Glória.
Como Lorena não correspondia as investidas de Marcos, o moço passou a namorar Ana.
Glória, ao tomar conhecimento disto, tentou alertar a amiga.
Temia que ele tivesse se aproximado dela apenas para fazer ciúmes a Lorena.
A moça contudo, não dava ouvidos a Glória.
Ana acreditava sinceramente que o moço gostava dela.
Quando a banda tocou “Ana”, Marcos chamou-a logo para dançar:
“Ana, estou tão triste
Vieram me dizer
Que eu posso até morrer pra você

Ana, você me disse
Um dia que a ninguém
Daria o seu amor só a mim

Quero escutar dos seus lábios, meu bem
Que é tudo mentira, inveja
De alguém quer nos separar
E assim poder tentar
Seu amor para sempre, então, roubar
Uouououououou

Ana, estou tão triste
Vieram me dizer
Que eu posso até morrer pra você

Quero escutar dos seus lábios, meu bem
Que é tudo mentira, inveja
De alguém quer nos separar
E assim poder tentar
Seu amor para sempre, então, roubar
Uouououououou

Ana, estou tão triste
Vieram me dizer
Que eu posso ate morrer pra você
Ououou pra você
Ououou pra você
Ououou pra você
Ana – Renata e Seus Blue Caps”

Marcos dizia gracejos no ouvido de Ana, que sorria.
Glória não via aquele namoro com bons olhos.
Lorena disse-lhe para não se preocupar que logo logo, ela encontraria a pessoa certa.
Ronaldo sorriu concordando.
Nisto um rapaz aproximou-se da mesa em que o Glória e o casal estavam.
Sandro cumprimentou a todos.
Em seguida, convidou Glória para dançar.
A moça olhou para Lorena, que lhe aconselhou a aceitar o convite.
Lorena e Ronaldo, observaram Glória e Sandro, Ana e Marcos.
Amanda também fora ao baile.
Estava acompanhada de César.
Diziam que era seu novo namorado.
Nisto, tocou, “Veludo Azul”. Ronaldo então, convidou Lorena para dançar.
“Era azul lindo...
O céu na noite de luar
Aveludado a cintilar
Céu azul...
Era azul lindo!

O seu vestido a emoldurar
O corpo que eu abraçei ao luar...
Tão macio o veludo,
Desse vestido azul,
De veludo os seus olhos...
A refletir...o luar...

Era azul lindoooo...
O olhar que doce me fitou
E que na noite me encantou
Ao luar...
De Veludo era a boca
Que eu beijei...

Era azul lindo...
O olhar que doce me fitou
E que na noite me encantou
Ao luar...
De Veludo era a boca
Que eu beijei...
Veludo Azul - Ronnie Cord”

Mais tarde, ao levar a moça de volta para, Ronaldo revelou que não estava apenas interessado em
uma companhia apenas para passear.
Ao ouvir isto, Lorena ficou tensa.
O doutor também estava nervoso.
Pensando no que ia dizer, começou a falar que a considerava incrível. Madura, Lorena era de uma
sensibilidade muito grande. Ronaldo comentou ainda, que a moça tinha gostos muito parecidos
com os seus, e que era muito especial... para ele.
Lorena ouvia a tudo apreensiva.
Ronaldo parou então o carro. Segurou as mãos da moça.
Lorena tentou se desvencilhar.
O moço pediu então para ela não fugir.
Dizendo que estava tentando encontrar palavras para pedi-la em namoro, solicitou que ela não tornasse as coisas mais difíceis do que já eram.
Lorena ficou espantada:
- Namoro?
- Sim, namoro. – respondeu o rapaz – Quer me namorar?
Lorena não sabia o que responder.
Ronaldo pediu-lhe por favor, que dissesse alguma coisa.
Lorena continuava muda.
Ronaldo ficou ainda mais apreensivo.
- Por favor moça, não me deixe assim tanto tempo nesta angústia. Afinal de contas, é tão ruim
assim a idéia?
Lorena então respondeu:
- Não... não.
- Não? Você não quer me namorar? – perguntou chateado.
Nisto Lorena pôs a mão no rosto do médico.
- Nada de febre.
- Hã? Febre? – perguntou Ronaldo, desconcertado.
- Sim febre! Mas não, está tudo bem! Está bem, eu aceito. – respondeu a moça sorrindo.
Ronaldo ficou exultante.
Ao ouvir o esperado sim, o médico abraçou a noiva.
Em seguida, deu partida no carro, e deixou Lorena em casa.
O moço voltou feliz para casa.
Quando Natália e Francisco souberam do namoro, ficaram muito contentes.
Nisto Lorena e Ronaldo passaram a sair juntos.
Passearam, um dia na praia.
Lorena vestiu seu maiô.
Por cima da roupa de praia, um vestido.
Ronaldo também vestiu um calção de banho.
Por cima, uma calça jeans e uma camisa em gola em “V”.
A moça preparou uma cesta com comes e bebes auxiliada por sua mãe.
Ao chegarem na praia, o rapaz estendeu uma esteira.
Lorena já havia se despido do vestido e aguardava para se deitar na esteira e se bronzear.
Ronaldo sentou-se ao seu lado.
A moça deitou-se ao sol.
O moço não parava de olhá-la.
Ao notar isto, Lorena comentou que ele a estava deixando sem graça.
Ronaldo sorriu.
A moça comentou que aquela situação lhe fazia lembrar uma canção.
Ronaldo perguntou de que canção se tratava.
Lorena começou a cantar:
“Isso tudo aconteceu
Quando você apareceu
Era férias e tomando sol
Na praia eu estava

De mancinho, então chegou
Com seus olhos me fitou
Eu senti que algo diferente
Em mim se passava.
Um minuto nem levou
Meu coração quase parou

Oh oh sim, sim minha tristeza acabou,
Sim, sim desde que você chegou
Sim, sim muito contente eu estou
Este amor que tão cedo comecei,
Vai durar muito tempo eu bem sei...
Férias na Praia – Suely”

Ronaldo caiu na gargalhada.
Depois meia hora, o casal resolver cair na água.
Brincaram no mar.
Lorena corria de Ronaldo, que corria atrás dela.
Ronaldo jogou água na moça, que reclamou que estava muito fria.
Vingando-se, jogou água em Ronaldo.
A seguir, a moça secou-se na esteira.
Ronaldo notou que a praia estava ficando cada vez mais cheia.
Lorena sugeriu que eles comessem alguma coisa.
O casal então, deliciou-se com alguns lanches e um suco.
Mais tarde, percebendo que a praia estava ficando muito cheia, Ronaldo sugeriu que eles
voltassem para casa. Mais tarde, poderiam ir ao cinema.
Lorena concordou.
E assim, mais tarde o casal foi ao cinema.
Qual não foi a surpresa de Lorena e Ronaldo, ao se depararem com o cinema lotado.
Por pouco não ficaram sem lugar para sentar.
Foram assistir ao filme “Doutor Jivago”.
Lorena em seus encontros com Ronaldo, falava maravilhas sobre o filme. Dizia que as críticas
eram muito boas.
Achando graça, Ronaldo começou a cantar baixinho para Lorena:
“Levei meu broto à praia
Prá passear
Mas admirem vocês
Não tinha lugar
Havia gente demais
Havia gente demais
Havia gente demais
Prá namorar

Mudei de idéia e rumei
P’ro Corcovado
Mas mesmo àquela altura
Estava lotado
Havia gente demais
Havia gente demais
Havia gente demais
Prá namorar

Tentei por fim um cinema
Esperando com o broto ficar
E vejam só, surgiu um dilema
Só havia um lugar pra sentar

Levei meu broto à praia
Prá passear
Mas admirem vocês
Não tinha lugar
Havia gente demais
Havia gente demais
Havia gente demais
Pra namorar

Tentei por fim um cinema
Esperando com o broto ficar
E vejam só, surgiu um dilema
Só havia um lugar pra sentar

Mudei de idéia e rumei
P’ro Corcovado
Mas mesmo àquela altura
Estava lotado
Havia gente demais
Havia gente demais
Havia gente demais
Pra namorar
Não tinha lugar
Gente Demais - Youngsters”

Nisto, o casal se acomodou para assistir ao filme.
Ao término da sessão, a moça comentou que valera a pena passar por aquele sufoco.
Afinal puderam se admirar o ótimo trabalho dos atores. Principalmente de Omar Sharif.
Ronaldo comentou que estava ficanco enciumado.
Lorena riu.
A moça comentou que quando tivesse uma filha, daria a ela o nome de Lara.
O moço ao ouvir isto, respondeu que Lorena também era sinônimo de moça bonita.
Lorena sorriu.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

OS SONS QUE A GENTE OUVE – A CANÇÃO NO TEMPO ANOS SESSENTAS – NOS EMBALOS DA GUARDA GUARDA

Capítulo 4

A fotonovela se intitulava, “O Homem do Castelo”. História em quadrinhos, com fotos e textos
em balões, com periodicidade semanal. Eis a fotonovela.
O jovem nobre, vivia solitário em um palácio.
Ou melhor, vagava pelo castelo, como uma alma assombrada.
Vivia atormentado pela lembrança de sua amada, que partira séculos atrás.
Amargurado, o homem não pode se casar com sua estimada Julieta.
Às vesperas do casamento, a moça morrera misteriosamente.
Enquanto experimentava o vestido de noiva, a moça começou a sentir mal estar.
O conde, que a observava experimentando o vestido, ficou deslumbrado com a visão da noiva.
Julieta estava muito bela.
Porém, qual não foi sua surpresa, quando percebeu que a moça começou a sentir-se mal.
Aflito, correu ao encontro da moça, não se importando em ser descoberto.
Nisto a moça trêmula, apoiou-se em seus braços. O mal estar só piorava.
Delirando, a moça pediu para não partir, dizia que ainda era muito cedo.
Aflita a costureira e suas assistentes, corriam de um lado para o outro, sem saber o que fazer.
Estavam aturdidas.
Julieta então, ergueu seu rosto, olhando fixamente para Eduardo.
Em seguida, fechou os olhos, a cabeça pendeu para trás.
Eduardo ficou desesperado.
Tentando revivê-la, borrifou água em seu rosto, chacoalhou-a, gritou, pediu, implorou para que
ela despertasse.
Nada.
Com isto, ao tocar o pulso da moça, Eduardo percebeu que não havia pulsação.
Ao obter a confirmação pelo médico, de que ela estava morta, Eduardo chegou a duvidar.
- Não! Não! Julieta não está morta!
Desesperado, o homem segurou a camisa do médico.
O conde precisou ser segurado.
O homem não podia acreditar que sua amada havia morrido.
O enterro, teve coroa de flores, cerimônia, pompa.
Eduardo exigiu que tudo fosse perfeito.
O enterro foi triste. Teve direito até a discurso.
Triste, o conde disse que Julieta era uma mulher inesquecível, e que sua perda era irreparável.
Revelou que nunca mais haveria uma mulher como ela, e que dificilmente gostaria de alguém
como gostara dela.
Quem acompanhou o enterro, compreendeu que aquilo era um arroubo decorrente da violência
com que a moça falecera.
Contudo, conforme o tempo passava, e nada das coisas melhorarem.
Eduardo permanecia triste e recluso.
Aflito, Eustáquio, tentou a todo custo, confortar o filho.
Em vão.
O conde definhava a olhos vistos.
O tempo foi passando. Suas forças foram se estiolando.
O rapaz faleceu pouco tempo depois.
Eutásquio enlouqueceu.
Louco, morreu sozinho.
Antes de morrer, ficava delirando. Dizia que havia matado Julieta, com vistas a ajudar o filho,
mas só havia conseguido fazer com que o moço abreviasse sua vida.
Louco, dizia que havia sangue em suas mãos. Sangue de dois inocentes.
Balbuciava os nomes de Julieta e de seu filho Eduardo.
O tempo passou, os séculos também.
Ainda assim, quem passava perto do castelo, jurava ver o vulto de um homem atormentado,
rondando a construção abandonada.
Diziam que o castelo era mal assombrado.
Muitos diziam que fantasmas habitavam o lugar, comportando-se como se ainda fossem vivos,
assustando os passantes.
Nisto, um homem corajoso, acompanhado de sua família, resolveu pernoitar no castelo.
A notícia espalhou-se pela região.
Muitos diziam que eram herdeiros, e que estavam no local para cumprir exigências do testamento,
e assim, não perderem o direito a herança.
E lá se foram eles.
O homem possuía uma linda esposa.
O casal possuía um filho pequeno.
Nisto, Carlos e Rita adentraram o castelo.
O casal espantou-se com o estado de abandono da construção.
Cuidadosa, Rita tratou logo de encontrar um aposento para se recolher com seu filho.
Ao notar que tudo estava muito sujo, solicitou a presença de arrumadeiras para limpar o local.
Contudo, como o local tinha fama de mal assombrado, não foi fácil arrumar mão de obra que se
dispusesse a tal mister.
Mesmo sendo bem pagas, as mulheres tinham medo de trabalhar no lugar.
Contudo, em que pese este fato, acabaram por conseguir três ajudantes.
O trabalho era árduo.
Contudo, ao cair da tarde, alguns cômodos do castelo se apresentavam em condições de
habitabilidade.
Finalmente o pequeno André teria um lugar para dormir.
Enquando a casa era parcialmente limpa, a família aproveitou para conhecer o lugarejo.
Em todo o lugar que passavam eram apontados.
Todos diziam que eles deviam ter cuidado em frequentar lugares mal assombrados.
Carlos achava graça. Considerava aquelas pessoas simplórias e crédulas demais.
Ao cair da tarde, voltaram para o castelo.
Encontraram parte do local limpo. Extenso, não seria possível limpar toda a propriedade em um
só dia.
Com efeito, as arrumadeiras foram regiamente pagas.
Lúcio, o testamenteiro, cuidou da remuneração, e da contratação das mulheres.
A noite, a família se recolheu para um dos quartos.
Lúcio recolheu-se em outro.
Durante a madrugada, Carlos e Rita, ouviram barulhos vindos da janela.
Assustados, levantaram-se para verificar o que era.
Nisto, ao se aproximarem da janela, tudo parecia tranquilo.
Contudo, era somente se recolherem novamente ao leito, para ouvirem mais uma vez o barulho.
André, começou a chorar.
Preocupada, Rita procurou consolá-lo.
A certa altura, ouviram barulho de batida na porta.
Assustaram-se.
Nisto Lúcio falou:
- Abram a porta! Sou eu!
Carlos abriu a porta.
Preocupado, o inventariante perguntou se eles também haviam ouvido barulhos estranhos.
Carlos respondeu então, que os barulhos eram galhos de árvore batendo na janela.
Nisto, tentando se tranquilizarem mutuamente, recolheram-se para os seus aposentos.
Não obstante este fato, os barulhos prosseguiram.
Em dado momento, foram objetos que passaram a ser arrastados.
A esta altura, Rita, Carlos e Lúcio, estavam apavorados.
A criança, só chorava.
Ao tentarem sair do castelo, tiveram a saída obstada.
Em dado momento, Rita tentou se aproximar do filho.
Como não conseguisse chegar perto dele, começou a chorar, implorando para que a deixassem
cuidar de seu filho.
A confusão diminuiu.
A mulher pode finalmente se aproximar do filho.
No dia seguinte, o casal planejou partir.
Lúcio então respondeu, que se deixassem o castelo, perderiam qualquer direito a reclamarem pela
herança.
Carlos decidiu então, permanecer mais uma noite.
Preocupado com a segurança de sua família, sugeriu que todos dormissem juntos, num mesmo
aposento.
E assim o fizeram.
Dormiram no mesmo quarto.
Curiosamente, na segunda noite, não ouviram barulhos, ou presenciaram quaisquer fenômenos
estranhos.
Durante o dia porém, Rita avistou um vulto.
Assustada, correu em direção ao marido.
Disse que havia visto o vulto de um homem.
Sorrindo, Carlos respondeu que ela estava sugestionada com tudo o que presenciara.
Contudo, no dia seguinte, fora ele quem vira o vulto, não de um, mas de dois homens.
No quinto dia, o testamenteiro foi cumprimentado por um homem idoso, com vestes estranhas,
que lhe perguntara no jardim, se ele havia visto sua nora e seu filho.
Horas depois, fora abordado por um homem jovem, que também usava estranhas vestes.
O moço parecia aflito, atormentado. Perguntando ao testamenteiro, por que ele sofria tanto,
conseguiu deixar Lúcio confuso.
Perplexo, o homem comentou com Carlos e Rita, as cenas que acabara de presenciar.
No dia seguinte, depois do jantar, enquanto conversavam sobre amenidades, os três ouviram um
grito lancinante, vindo da sala, que distava de onde estavam.
O grito deixou-os aterrados.
Assustados e mesmo temerosos, os três foram até o local de onde partiram os gritos.
Ao lá chegarem, depararam-se com uma cena dantesca.
Um homem jovem, usavando vestes antigas, gemia. Trazia a cabeça entre as mãos.
Torturado, lamentava a perda da noiva.
Perguntava-se a todo o momento:
- Porque? Porque?
Parecia sofrer horrivelmente.
Ao notar que Rita, Carlos e Lúcio o observavam, perguntou por que eles o estavam olhando.
Como os três nada respondiam, começou a enfurecer-se.
Eduardo começou a arrastar móveis.
Nisto, Rita, Carlos e Lúcio, correram para longe dali.
Estavam assustados.
Rita, buscou o filho que estava em outra sala.
Apavorados, os três trancaram-se em um quarto.
No dia seguinte, o trio estava disposto a partir.
Não queriam ficar mais nem um minuto no castelo.
Nisto, trataram logo de tomarem o café da manhã.
Ao se dirigirem a sala, palco dos acontecimentos da noite anterior, qual não foi a surpresa dos três
ao se depararem com a visão do mesmo homem da noite anterior de pé.
Parecia sorrir para eles.
Rita, Lúcio e Carlos, não compreendiam o que se passava.
Foi então que Eduardo disse:
- Desculpe-me pelo espetáculo deplorável da noite anterior. Eu estava descontrolado, torturado
pela dor!
O trio permanecia calado.
O conde então, ao reparar em Rita, percebeu nela, semelhanças com sua falecida noiva.
Ficou perplexo.
- Julieta minha amada! Voltaste!
Carlos argumentou que ela não era Julieta, e sim sua esposa, Rita.
Lúcio explicou então, que eles eram parentes distantes de Eustáquio, o qual tivera sobrinhos que
se casaram. A árvore genealógica terminava em Carlos, que se casaram com Rita. Disse que o
casal tivera um filho, chamava-se André.
O conde, ficou furioso:
- Como se atrevem! A profanarem meu castelo!
Nisto, olhou para Rita.
- Traidora! Eu não te quero mais! Desprezaste o meu amor!
Rita saiu correndo assustada.
Ao perceber que havia assustado a moça, o conde pediu:
- Não vá ainda! Fique.
Rita, que já se encaminhava para a escada, segurando seu filho nos braços, deteve os passos.
Eduardo desculpou-se então.
Dizendo que há séculos vagava errante por aquelas terras, comentou que já não sabia exatamente
há quanto tempo sofria. Alegava sentir que séculos haviam se passado, talvez toda uma
eternidade.
Respondeu que torturado, procurava desesperadamente por seu pai e sua amada.
Contudo, para sua infelicidade nunca pode reencontrar-se com aqueles a quem amava.
Lamentando-se, comentou que sofria horrivelmente. Disse sentir que aquilo não era vida.
Argumentou que sentia necessidade de algo melhor. Todavia, não sabia como fazer como
conseguir.
Rita então, desfazendo-se de seu temor, perguntou:
- Não podemos ajudar?
Eduardo comentou que talvez pudessem, mas que ele não sabia como.
Pensando, a moça comentou que se ele se libertasse de sua mágoa, talvez conseguisse se libertar,
se desapegar das coisas terrenas.
Nervoso, Eduardo comentou que não era fácil se esquecer de que o haviam separado da pessoa a
quem mais amava. Disse ter descoberto que seu pai fora o responsável pelo passamento de sua
noiva, envenenando-a antes do casamento.
Amargurado, respondeu que o que ele não esperava, era estar matando o próprio filho.
Rita então, comentou que ele de fato, precisava se desfazer de sua tristeza, se libertar de seu
orgulho, e perdoar seu pai.
Lacrimoso, o conde respondeu que não podia perdoar seu pai, pelo mal que lhe fizera.
Resistia a idéia de se desapegar de seus afetos, de suas paixões.
Foi preciso tempo, para convencer aquela alma sofrida que o melhor a fazer seria se libertar de
seus rancores.
Trabalho árduo, a que os três se propuseram a auxiliar.
Rezaram, mentalizaram o momento do perdão. Sugeriram boas idéias ao conde.

Com o tempo, Eduardo se mostrou menos reticente.
Depois de muitas lágrimas, finalmente o conde mostrou-se apaziguado.
Chorando, disse que perdoava do fundo do coração seu pai, por todo o mal que este havia causado.
Pediu também perdão a Julieta, por haver sido tão fraco a ponto de não resistir a prova e se
entregar ao desânimo. Reconheceu que por conta disto, não fora possível o reencontro com aquela
a quem tanto amava.
Triste, comentou que por conta disto, talvez a tivesse perdido para sempre.
A seguir, recompondo-se, disse agradecido pelo desprendimento que eles tiveram com ele.
Emocionado, comentou que a generosidade era algo muito raro. Disse que eles eram pessoas de
bem.
Nisto, eis que surge um homem idoso.
Lúcio espantou-se. Comentou com o casal que já havia visto aquele homem perguntando pelo
filho.
O homem então, apresentou-se como Eustáquio – o pai do jovem.
Esclareceu que por conta de suas maldades, fora condenado a vagar pelo castelo e pela região em
seu entorno, sem direito a um descanso. Além disso, teria como punição não poder ficar ao lado
do filho, em que pese o mesmo vagar pelo mesmo local.
Erravam nos mesmos caminhos, mas nunca se encontravam.
Também sentia o martírio de ter sempre diante de si a imagem da moça, desfalecendo nos braços
do filho. E de Eduardo gritando desesperado, fazendo de tudo para salvar Julieta.
Sentia muita dor pelo sofrimento do filho. Contudo, sentiu ainda mais culpa por haver abreviado
a existência de seu único filho.
Estas lembranças eram o que lhe causavam mais dor.
Disse que em seus piores momentos de sofrimento, sempre pedia perdão ao filho, pelo mal que
lhe havia indiretamente infligido. Pensou levianamente que o amor não era tão grande.
Nisto, ao ver o filho diante de si, gritou:
- Perdão! Perdão! Perdão!
Em seguida, ajoelhou-se aos pés do filho.
Eduardo levantou-o e os dois se abraçaram.
Com isto, Eustáquio deu-se conta de que possuía ainda um débito a saldar.
Uma vítima ainda maior sofrera com sua maldade.
Lembrou-se de Julieta.
Aflito pediu, implorou para que ela o perdoasse.
Pediu ardentemente informações a respeito de sua situação. Afligiu-se ao constatar que ela
também poderia estar vagando, perdida, desorientada, pelo castelo.
Nisto, surgiu uma luz muito intensa.
Uma moça muito bonita, bastante semelhante a Rita, comentou que nenhum deles precisavam se
preocupar com ela. Julieta parecia alegre, feliz.
Disse que após seu passamento, encontrou-se logo em outro plano, sendo amparada por almas
acolhedoras e caridosas. Em que pese a brutalidade e violência do passamento, comentou que
pouco sofrera no momento do encontro com o lado espiritual.
Argumentou que estava bem, que não precisavam se preocupar com ela. Disse que a todo
momento rezava por eles.
Chorando, os dois se ajoelharam diante dela.
Ambos pediam perdão.
A certa altura, Eduardo levantou-se e pedindo para chegar mais perto, perguntou se poderia beijar-lhe o rosto.
Sorrindo, Julieta consentiu.
Nisto, os três espíritos foram envolvidos por uma imensa luz, e partiram.
Rita, Carlos e Lúcio, se entreolharam.
Perguntavam-se: teria sido tudo um sonho?
A resposta veio dois meses depois.
O trio, ao cumprir a exigência de viverem três meses no castelo, estavam prontos para partir.
Todavia, antes de se despedirem do castelo, decidiram arrumar o lugar.
Nisto, os moradores do local, ao tomarem conhecimento de que aquele era um bom lugar para se
viver, passaram a ter menos temores em relação ao local.
Assim, foi fácil arrumar empregadas para a arrumação do local.
E desta forma, o castelo, até então velho e abandonado, tornou-se um lugar habitável.
Nessa arrumação, as empregadas descobriram papéis, documentos.
Lúcio, ao se deparar com os documentos, descobriu o título de propriedade.
Deslumbrado, descobriu que o castelo fora construído por um barão, avô de Eustáquio.
Que após a tragédia que envolvera o Conde Eduardo, o castelo fora aos poucos sendo abandonado.
Descobriu que outros pretensos herdeiros tentaram viver no castelo, sem êxito.
Após certo tempo, todos saíam dali.
Pensou que este fato deve ter contribuído para a fama de mal assombrado, que o castelo tinha.
Descobriu cartas de amor do conde para sua amada, o discurso que fizera no enterro da mesma.
Espantado, depois de vasculhar os alfarrábios, descobriu uma carta, escrita em bela caligrafia, em
um papel de ótima qualidade com caneta tinteiro e lacrada com mata borrão.
Ao abrir a missiva, descobriu relatos de Eduardo, Eustáquio e Julieta.
Cada qual dizia estar bem, que Eustáquio estava se recuperando de suas faltas, para mais tarde
poder privar da convivência do filho; quanto a Eduardo, este havia se libertado de sua mágoa e
estava trabalhando com o firme propósito de vir a estar do lado de Julieta, a quem dedicava
profunda afeição. A moça por sua vez, dizia que estava trabalhando com o firme propósito de
auxiliá-los em seu progresso.
Por fim, os três desejavam felicidades a todos os que os auxiliaram.
Eustáquio dizia que o casal Rita e Carlos era mais que merecedor da herança. Provaram ser nobres
de caráter, valorosos.
Eustáquio pediu por fim, que cuidassem bem do castelo. Sugeriu que transformassem o local em
um lugar de estudo e de conhecimento, de esperança, para pessoas que nada tinham para sonhar.
Dizia com isto, estar de alguma forma, compensando o bem que lhe fora feito.
Lúcio apresentou os documentos ao casal.
Ávidos, leram com toda a atenção, a carta deixada pelos espíritos.
Confusos, Rita e Carlos, chegaram por um momento, a duvidar da autenticidade da
correspondência.
Contudo, ao conferirem as assinaturas da carta, com os documentos do castelo, perceberam que
as assinaturas eram semelhantes.
Mais tarde, ao realizarem um exame grafotécnico, a questão fora comprovada. As letras das cartas
eram dos antigos proprietários do imóvel.
As assinaturas das cartas, datavam dos anos sessentas.
De fato, os últimos acontecimentos não foram frutos de devaneios, ou resultado de estímulos a
mentes superexcitadas.
Era fruto sim, de algo real.
Nisto, o casal, atendendo o desejo post-mortem de Eustáquio, providenciaram para que o castelo
se transformasse em uma instituição de educação para órfãos.
E assim, Carlos e Rita puderam receber a herança da família de Eustáquio. A família deles.
Em agradecimento, passaram a celebrar missas em nome de seus antepassados.
Visitavam o túmulo da família.
Quanto ao túmulo de Julieta, este se encontrava em um lugar afastado do cemitério.
Rita mandou confeccionar uma bonita lápide para ele.
Também sugeriu que o túmulo da família fosse frequentemente cuidado.
E assim, terminou a história.
Lorena, Ana e Glória, ficaram terrificadas com a história fantasmagórica.
Contudo, em que pesem os sustos, comentaram que a história era muito bonita.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

OS SONS QUE A GENTE OUVE – A CANÇÃO NO TEMPO ANOS SESSENTAS – NOS EMBALOS DA GUARDA GUARDA

Capítulo 3

Em outra consulta, ou melhor, em outra visita médica, Ronaldo perguntou-lhe se estava sentindo-se melhor.
Lorena respondeu que sim.
Ronaldo comentou que estava ouvindo com mais atenção as músicas dos cantores que ela havia
mencionado em outra conversa.
A moça perguntou se ele gostava mesmo daquelas músicas.
Ronaldo respondeu que sim.
Curiosa, Lorena perguntou-lhe sua idade.
O moço respondeu:
- Vinte e oito anos.
A moça argumentou que ele não era tão velho assim.
Achando graça do comentário, Ronaldo respondeu:
- Muito obrigado pelo elogio.
Percebendo a indelicadeza, a moça tentou desculpar-se.
Ronaldo pediu-lhe para não tentar se desculpar. Disse que não estava ofendido.
Curioso, perguntou-lhe o que estava fazendo no momento, e o que gostava de fazer, além de ouvir
música.
Apoiou o braço direito em uma cômoda. Parecia interessado em ouvi-la.
Lorena comentou então, que havia voltado ao colégio, e que estava recuperando as aulas que
havia perdido, copiando a matéria de suas amigas.
Disse também, que adorava os filmes de Peter
O’Toole, Omar Sharif, Alain Delon, Tony Curtis, Jonh Herbert, Eliana, Herval Rossano. Disse
que adorou o filme “O Pagador de Promessas”, com Leonardo Vilar e Geraldo Del Rey.
Comentou que adorou assistir o filme em que os cantores dos anos sessentas atuavam.
Falou ainda que achava o cantor Wanderley Cardoso, muito bonito.
Ao ouvir isto, o médico ficou ligeiramente incomodado.
Tanto que tentou mudar o foco da conversa.
Lorena comentou então, que era curioso como o gosto das pessoas mudavam, de acordo com as
gerações.
A garota falou então, que sua avó Celina adora os filmes de um ator chamado Rodolfo Valentino.
Comentou que sua mãe Natália vivia dizendo que Celina sonhou muitas vezes com o ator, em sua
indefectível caracterização de sheik árabe, sua maquiagem.
Já sua mãe Natália, era apaixonada pelo filme “O Vento Levou”.
Carinhosa, Lorena comentou que já havia visto o filme e que sua mãe, quando moça, lembrava muito a personagem de Vivien Leigh.
Ronaldo ficou enternecido com aquelas palavras.
Para se despedir da moça, o rapaz cantou:
“Meu amor me disse assim,
Assim, boa noite.
Assim, boa noite.
Eu lhe dei boa noite, boa noite
Boa noite, boa noite meu bem,
Meu bem, oh oh oh.
Contigo eu vou sonhar, eu vou,
Sonhar, eu vou sonhar também.

Ele é para mim o meu mundo
E a razão do meu viver
Se alguém entre nós aparece
Oh oh oh...
Eu sei que a minha paz, a minha,
Paz todinha eu vou perder,
Eu sei que a minha paz, a minha,
Paz todinha eu vou perder.
Boa Noite, Meu Bem – Wanderléa”

Nisto, o rapaz deu um beijo no rosto da moça.
Lara ficou surpresa com o gesto.
Em seguida, o moço se despediu.
A moça retomou sua rotina.
Ultimamente, ao retornar para casa, era sempre acompanhada pelas amigas Ana e Glória.
Aos poucos, Lorena voltou a se interessar pelos estudos, deixando de lado, as tristezas.
Animada, voltou a fazer planos.
Ana e Glória, comentaram então, que haveria um novo bailinho.
Lorena contudo, respondeu que não estava interessada em bailes.
Surpresa, Glória perguntou:
- Mas por que?
- Por que tenho muito o que estudar. Fiquei muito tempo parada. – respondeu a moça.
- Estudar num sábado a noite? Pra quê? – insistiu Ana.
Nisto, Glória começou a cantar:
“Eu não tenho namorado
Alguém que eu possa amar
Meu dia é ocupado
Sempre a estudar.
Oi,oi,oi
Sempre a estudar
Sem o amor, que venha comigo sonhar.

"- Oi Celly!
- Oi Tony!
- Você vai sair essa noite?
- Claro que vou!
- Com quem, posso saber?
- Com Pedro Alvares Cabral.
- Como? Você ficou biruta?
- Não, essa noite eu vou estudar história!"
Ela não tem namorado.
Ela não tem namorado.

"- Oi Celly!
- Oi Tony!
- Você ao baile essa noite?
- Vou sim!
- Onde? No bailinho da escola?
- Não, vou num baile na Austrália!
- Na Austrália?!
- Sim, esta noite vou estudar geografia!"
Mas eu não tenho namorado
Alguém que eu possa amar
Meu dia é ocupado
Sempre a estudar
Oi, oi,oi
Sempre a estudar
Sem um amor
Que venha comigo sonhar.
Não Tenho Namorado – Celly Campelo”

Lorena achou graça, mas dizendo que elas estavam muito abusadas, jogou um travesseiro nelas.
Francisco, ao ouvir as risadas das moças, concluiu que sua filha estava melhor.
Ainda assim, Ronaldo continuou a frequentar a casa da moça.
Sob o argumento de que queria se certificar de que estava tudo bem, costumava realizar visitas
esporádicas.
Lorena estava mais alto-confiante.
Tanto, que certo dia, ao voltar da escola, a moça foi abordada por um grupo de rapazes que seguia
de carro.
Ao vê-la, passaram a acompanhar sua caminhada.
Diminuiram a velocidade, até se aproximarem, cantando:
“Na rua faz o trânsito parar
Não quer saber de conversar
Sorri pra todos e pra mim também
Mas bola mesmo, não dá pra ninguém
Se algum rapaz, se aproxima demais
Ela logo vai passando pra trás

Brotinho difícil
Você precisa de carinho
Me dá um beijinho
Um só, mais um
... Veja bem o que faz
Não me passe pra trás yeh, yeh, yeh ...
Não quer saber de conversar
Essa menina é mesmo de amargar
Mas é com ela que eu vou me casar
Veja bem o que faz
Não passe pra trás yeh, yeh, yeh ...
Brotinho difícil – Ronie Cord”

Lorena assustou-se com a abordagem.
Contudo, visando não demonstrar o espanto, continuou a caminhar como nada de estranho tivesse
ocorrido.
Quando contou as amigas o ocorrido, Ana e Glória comentaram que nunca passaram por nada
parecido.
Glória perguntou brincando, se eles pelo menos, eram bonitos.
Lorena retrucou:
- Como posso saber? Estava distraída. Levei um baita de um susto, isto sim.
Ana por sua vez, comentou que adoraria arrumar um namorado que tivesse carro.
Foi a deixa para Glória cantar:
“Se tenho gaita pra gastar
Sem demorar
Brotinho vem e quer saber
Que vou fazer

Mas se estou duro e sem tostão
Ela diz não
Já deixei de ser pão

Interesseira
Esse seu amor é amor a gasolina
Só aquece motor
Interesseira
Finge ser meu
Mas só quer minha carteira
E não ama ninguém ...
Cantor – Ed Wilson”

Ana retrucou dizendo que não era nada disto.
Apenas gostaria de ter alguma estabilidade no namoro.
Lorena e Glória riram.
Conversando as moças contaram sobre suas preferências musicais.
Lorena disse que gostava de uma forma geral, de todos os cantores da época.
Ana e Glória por sua vez, elencaram os cantores que consideravam bonitos.
Roberto Carlos era o primeiro da lista na opinião de ambas. Na lista tinha Wanderley Cardoso...
Quando Ana disse que gostava do cantor Jerry Adriani, Glória argumentou que eles eram rivais.
- Grande coisa! Gostar de um, não impede de gostar do outro. Essa coisa de brigar pelos ídolos é
uma grande bobagem! Eu gosto de todos. Gosto muito do Roberto Carlos, mas isto não me impede
de admirar a beleza e o talento do Ronnie Vonn.
Glória ficou indignada.
Para ela, Ana ou gostava de um ou de outro. Não poderia gostar dos dois.
Lorena então, comentou que não fazia distinção entre os artistas. Dizia até que isto era feito para
que eles vendessem mais discos.
Com isto, Ana e Glória começaram a se olhar.
Riram.
Perceberam a grande bobagem que era discutir por algo tão pequeno.
Lorena por sua vez, emendou:
- Todo mundo tem direito de gostar de tudo o que é bom. Até de cantores rivais.
E assim, as três amigas se abraçaram.
Mais tarde, as amigas se ocuparam com os estudos. Nos próximos dias, teriam provas.
Quando as moças realizaram as provas, as moças passaram a se ocupar de amenidades.
Apreciadoras de fotonovelas, as moças estavam acompanhando uma história de terror.
Lorena, Glória e Ana, acompanhavam toda a semana, os passos do Conde Eduardo.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

OS SONS QUE A GENTE OUVE – A CANÇÃO NO TEMPO ANOS SESSENTAS – NOS EMBALOS DA GUARDA GUARDA

Capítulo 2

Nos dias que se seguiram, Marcos passou a evitar Lorena.
Surpresa, a moça não conseguia entender a atitude do rapaz.
Triste, chegou a comentar a indiferença do rapaz, com as amigas.
Ana e Glória argumentaram que Marcos não era uma boa companhia com a moça.
Lorena, desolada, só queria entender por que o moço estava agindo daquela forma.
Glória abraçou a amiga.
Não bastasse isto, certo dia, durante o intervalo, a garota viu o seu amado, de braços dados com
Amanda.
Pareciam muito íntimos.
Na saída da escola, Lorena viu o casal se beijando.
Ao se deparar com a cena, Lorena, que estava acompanhada de suas amigas, saiu correndo.
Chorando, foi correndo para a casa.
Ana e Glória tentaram alcançá-la. Em vão.
Depois de um certo tempo correndo, a moça começou a diminuir os passos.
Continuava a chorar.
Para embalar sua tristeza, recordou-se da música “Minha Primeira Desilusão”. Chorando,
começou a cantar baixinho:
“Eu sou tão menina pra me enamorar
Então porque sera que eu fui gostar
De um menininho tão mau pra mim

Ah, eu vou crescer para poder amar
Vou fazer força para não chorar
Dai talvez ele olhara pra mim

Não pense que eu sou acanhada,
Eu estou enamorada
E sou capaz de confessar
Então dou uma piscadinha,
Canto uma musiquinha
Baixinho pra poder lhe conquistar ah ah ah

Mas ele, nem percebeu enquanto eu cantava,
O imenso amor que eu lhe dedicava
Nas entrelinhas da minha canção

E fui andando, enquanto que chorava,
O gosto amargo esperimentava
Da minha primeira desilusão.
Minha Primeira Desilusão – Compositora Sylvinha”

Ao lá chegar, a menina entrou como um furacão. Adentrou seu quarto e se trancou.
Ao fechar a porta do ambiente, jogou-se na cama e começou a chorar.
Chorava copiosamente. Soluçava.
Natália começou a ficar preocupada. Francisco também.
A certa altura, lembrou-se de uma música para embalar sua tristeza:
“Alguém pra gostar de mim
Tem que ser triste como eu
Alguém pra gostar de mim
Tem que ser triste como eu

A dor que eu estou sentindo
Não há no mundo quem já sentiu
Por uma coisinha à toa
Meu bem me disse adeus e partiu

Porém se o arrependimento
Fizer meu bem, voltar!
Eu juro perdoarei e prometo até
Nunca mais brigar

Alguém pra gostar de mim
Tem que ser triste como eu
Alguém pra gostar de mim
Tem que ser triste como eu

A dor que eu estou sentindo
Não há no mundo quem já sentiu
Por uma coisinha à toa
Meu bem me disse adeus e partiu

Alguém pra gostar de mim
Tem que ser triste como eu
Alguém pra gostar de mim
Tem que ser triste como eu

A dor que eu estou sentindo
Não há no mundo que já sentiu
Por uma coisinha à toa
Meu bem me disse adeus e partiu
Meu bem me disse adeus e partiu
Meu bem me disse adeus e partiu
Arrependimento – Rossini Pinto”

A cada frase da música, Lorena se recordava da cena que presenciara na escola.
Marcos e Amanda de mãos dadas, o casal se beijando.
Como Lorena não melhorava, ficando cada vez mais apática, Natália ficou preocupada.
Tanto que resolveu chamar um médico.
Conversando com seus colegas no hospital, a mulher recebeu a indicação de agendar uma consulta
com o doutor Ronaldo.
O jovem médico, realizou a consulta na residência de Natália.
Ao lá chegar, Ronaldo mediu a pressão da moça, auscultou o pulmão.
Tentou conversar com a moça, mas Lorena estava apática e indiferente.
Fazia três dias que não ia a escola.
Francisco também ficou preoucupado.
Natália tentou fazer a filha conversar com o médico, mas o moço argumentou que não havia
necessidade de pressioná-la. Disse que aos poucos, Lorena conversaria com ele, e que as coisas
melhorariam.
Com efeito, o moço percebeu que a moça gostava muito de ouvir músicas.
Naquele momento, tocava baixinho, uma canção:
“Toda vez que passo naquele lugar
Vejo a garotada desfilar ...
Mas é só você que quero ver passar
Por isto finjo que estou a paquerar
Obladi oblada não é sopa ...
Obladi oblada esperando

A turma toda passar
Você não vê que eu estou tão só, tão só
Que sou alguém sempre a lhe esperar
Você passa rindo, rindo

Toda vez que passo naquele lugar
Vejo a garotada desfilar
Mas é só você que eu quero ver passar
Por isto finjo que estou a paquerar
Obladi, oblada não é sopa ...
Obladi oblada esperando
A turma toda passar ...
Obladi oblada – Ed Carlos”

Atento, Ronaldo percebeu que havia encontrado algo interessante para conversar com a moça.
Nisto, em sua segunda visita, o médico fez os exames de praxe.
Em seguida, pediu licença a todos da família para ficar a sós com a moça.
Francisco tentou resistir a idéia, mas Natália, percebendo a estratégia do médico, acabou
convencendo o marido e os filhos, a deixar-los a sós.
E assim, Ronaldo começou a cantar:
“Quando a cidade dorme ah ah ah
Com um blusão no ombro desço pra sair
No peito uma guitarra
E na mente tantas coisas
Eu ando sem saber pra onde ir

Vagabundo, sem destino
Algum santo me guiará
Vagabundo, vou seguindo
Sem saber onde vou chegar

Sozinho não se vive, sem amor não morrerei
Vagabundo, estou sonhando, delirando
Assim vou caminhando ah ah ah
Na estrada vejo um rio não sei onde irá
Na noite sons nos passos
E dois olhos procurando
Alguém que eu preciso encontrar

Vagabundo, sem destino
Algum santo me guiará
Vagabundo, vou seguindo
Sem saber onde vou chegar
Sozinho não se vive, sem amor não morrerei
Vagabundo, vou sonhando, delirando.
Vagabundo (Sem Destino) – Os Incríveis”

Lorena saiu de seu estado de letargia. Dirigiu um olhar ao médico.
Ronaldo comentou que gostava muito daquela música. Disse que aquela era uma época de outro
para a eles, e que dali por diante tudo se transformaria.
Lorena passou a ouvir o médico com atenção.
Lorena comentou que adorava as músicas do Roberto Carlos, Wanderley Cardoso, Jerry Adriani,
Vanusa, Wanderléa, entre outros.
Ronaldo comentou que de vez em quando, via aquelas pessoas cantando, pela televisão.
Empolgada, Lorena perguntou:
- É mesmo?
Ronaldo comentou brincando que sua vida não se resumia a trabalhar, trabalhar e trabalhar.
Afirmou sorrindo, que também tinha seus momentos de laser.
No dia seguinte, Ronaldo encontrou a moça um pouco mais disposta.
Lorena não estava mais de camisola, prostrada em sua cama.
O rapaz novamente examinou-a, conversou com Francisco.
Depois, a sós com Lorena, começou a cantar:
“Olhos tristes tem segredos
Que não posso revelar

Meu bem
Por que esse olhar perdido num ponto do infinito?
Por que essa nuvem de tristeza nesse olhar tão bonito
Crê em mim, a vida é linda
Crê no bem que eu acredito

Não pergunte que eu não digo
Não insista que eu não vou contar
Olhos tristes tem segredos
Que não posso revelar

Tristeza do teu olhar é chuva que vai passar
Quero que saibas meu anjo
A tristeza que sentires
Vai ser depois arco-iris
Hoje choras, é verdade
Amanhã sentirás felicidade

Os segredos de uma chuva
Arco-iris sempre vem contar
Olhos tristes têm segredos
Que não posso revelar

Façamos uma troca
Vou contar-lhe um segredo
Afinal, venci o medo
Eu te amo, vida minha
Preciso confessar
E e por isso que eu não gosto
De ver triste o teu olhar.

As meninas dos mes olhos
De alegria estão a cantar
Olhos tristes eram tristes
Tão somente por te amar.
Olhos Tristes – Barros de Alencar”

A menina ficou encantada com a música.
Tanto que cantou junto com o médico a canção.
O doutor, percebendo isto, perguntou-lhe então, o que estava acontecendo.
Por que estava tão triste.
Lorena calou-se.
Ronaldo insistiu.
Dizendo que quando tinha a idade dela, apaixonou-se por uma garota em seu colégio.
Comentou que ela era a menina mais bonita do colégio.
Curiosa, Lorena perguntou:
- E vocês ficaram juntos?
Ronaldo respondeu que não. A moça começou a namorar um rapaz que também era cobiçado por
outras moças. Disse que eles nunca ficaram juntos.
- Que pena! – respondeu Lorena.
Ronaldo disse, que nunca mais a vira. Não sabia se estava casada, se ainda era bonita, se era feliz,
se tinha filhos.
Lorena achou graça em seus devaneios.
Ronaldo, ao perceber isto, emendou:
- Pois então! Tudo passa. Um dia você vai olhar para trás e vai perceber que perdeste o tempo
com uma bobagem. Seja feliz. Você ainda vai ter muito o que chorar.
Os olhos de Lorena encheram-se de lágrimas.
Ronaldo segurou o rosto da moça. Olhando-a nos olhos, cantou:
“Quem deixaria molhar seus olhos nessa tristeza
Eu nunca vi o seu olhar tão triste assim
Não é por mim que você chora tenho a certeza
E quem sou eu para você chorar por mim

Se alguém disser que é por mim que você chora
Eu lhe darei todo amor que eu sinto agora
E se provar que eu fiz você ficar tão triste
Eu saberei que existe um céu, que Deus existe.
Não É Por Mim – Roberto Carlos”

Lara achou graça na brincadeira do médico.
Ronaldo disse que ela seria muito feliz.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.