Poesias

sábado, 29 de fevereiro de 2020

Tu Te Tornas Eternamente Responsável Por Aquilo Que Cativas



Dizem que muitas coisas pelas quais passamos durante a vida nos servem de ensinamento
 ou de preparação para as dificuldades futuras.
A todo momento na vida fazemos escolhas.
Muitas coisas na vida acontecem sem que possamos compreender o significado. 
Mas como dizem, tudo na vida passa, e que na vida as agruras e os sofrimentos são inevitáveis. 
Não é possível viver sem que haja algum obstáculo a ser transposto, alguma dificuldade a ser superada. 
Muitas vezes precisamos passar por algumas barreiras para que possamos aprender a viver. 
Mas acima de tudo, nossa vida é o resultado de nossas escolhas, dos caminhos que traçamos percorrer.
Dizem os mais velhos que se não podemos compreender  o hoje, amanhã a vida nos dará respostas. 
Nos dará respostas se tivermos a maturidade e a paciência para buscarmos entender as coisas no momento certo. 
Momento este que nem sempre temos a paciência para esperar ou a ilusão de entender.
Um dia o grande poeta Mário Quintana resolveu escrever sobre a maturidade num poema que tem o mesmo nome do início desta frase, “um dia”. 
Nesse poema ele disse que um dia, muitas coisas incompreensíveis para nós na juventude, passam a fazer sentido e a ter um significado quando encontramos a  maturidade. 
E também,que muitas vezes, independentemente da idade, só entendemos ou aceitamos algo quando já é tarde demais.
O poema é todo sobre o significado de certas coisas e situações que demoramos para entender, e uma das partes mais lindas da poesia, é quando o ilustre poeta afirma que um dia saberemos a importância da frase: ”Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.”
Essa frase, de tão grandioso significado, nos remete para as escolhas que fazemos na vida. Para mim possuindo até um sentido além do humano, metafísico.
“Cativar, tornar cativo, capturar, ganhar a simpatia, a estima, seduzir, atrair, granjear, prender, ligar, sujeitar, ficar sujeito, penhorar-se, render-se, apaixonar-se, enamorar-se.”
Ou seja, a tão bela frase dita no poema tem dois sentidos. 
Aquilo que a nós cativa, podemos tanto apreender e conquistar, como por ela sermos conquistados. 
É portanto uma troca, que no poema pode ser tanto humana como pode ser também uma idéia, um ideal, um sonho que cativamos e que nos cativa, um carinho e até mesmo um caminho como o qual devemos sempre ser fiéis, mesmo quando nada parece dar certo.
Algo que transcende esta simples existência humana, esta simples condição na qual vivemos. 
Em poucas palavras, aquilo que cativas pode ser o significado da própria vida. 
É sentido o qual, muitas pessoas buscam em sua vida e tantas outras o perdem, e o perdendo perdem também o sentido da vida.
Podemos escolher o que cativamos, mas que esta escolha seja responsável  posto que se assim não o for, e perderes o que cativavas, não cativavas o que era seu. 
Não sabias o que é cativar. 
O que queremos, o que amamos, o que gostamos, enfim, o que nós cativamos, é um compromisso além da vida,além do humano, além do tangível. 
É um compromisso com os outros, não somente com você. 
É um compromisso com a sua realização como pessoa, e algumas pessoas possuem esse sentido primordial em suas vidas escrito de forma indelével na sua história de vida. 
Haja vista os heróis, as grandes mulheres, as pessoas de certa maneira predestinadas na nossa história. 
As pessoas que passam anos de suas vidas lutando e buscando por algo em que acreditam.
 Pode ser nas lutas por igualdade e justiça, na busca por realizar um antigo sonho que engrandecerá a vida de outras pessoas, seja na realização pessoal que mudará a sua vida e que também poderá mudar a vida de outras pessoas.
Portanto, numca se esqueças de uma coisa, “serás eternamente responsável por aquilo que cativas”. 
O bem que tu cativas será o acalento de tua existência, poderá ser até mesmo, a tua existência.

Enamorar, enumerar

As brumas encobrem as estradas,
As ruas, outrora nítidas, ganham contornos indivisos
Árvores floridas de manacá ao longo dos caminhos,
Árvores frondosas de flores amarelas
E um longo caminho a percorrer

Para se chegar em lugar de calma e contentamento
Do alto da serra se avista, o contorno das cidades,
Os mangues, as matas, os ajuntamentos das gentes, civilização

 Atravessando túneis e caminhos, se percebe as cidades se aproximando
Ao longo da rodovia, as edificações ganham forma,
Transformam-se em cidades
Que entre as construções, se faz por revelar entre uma e outra, uma nesga de mar

O mar, finalmente, para lá vou chegar
Festa de água, sal, céu, sol e ar

As gaivotas na areia a espreitar,
O próximo passo, o próximo voo,
E até o mergulho a realizar

Andando na areia, com suas asas recolhidas
Inopinadamente a alçarem voo
Mostrando suas asas imensas
A rasgar os céus de nuvens intensas, imensas

Casais a andar de mãos dadas pela praia
Moças esbeltas a desfilarem com suas roupas de praia,
Biquínis, saídas de praia
Cabelos longos, curtos, lisos, ondulados
A conversarem, ideias trocarem

Casais e pessoas, a brincarem nas águas rasas e revoltas do mar
Águas frias, a empurrar os banhistas para o lado oposto onde entraram

Pais e crianças pequenas a brincarem na água
Crianças a correrem a toda a velocidade em direção ao mar
Casais a ouvirem músicas nos quiosques
Interagindo com os cantores, nem sempre afinados

De longe a se apreciar um mar ora azulado
Ora verde esmeralda
E a lua minguante a refletir-se nas água do mar

O sol se despedindo de nós
A apresentar um espetáculo de tons e semi tons,
Que precisamos voltar os olhos para admirar

Caminhando pelas ruas de paralelepípedos,
Ruas asfaltadas, também se pode ver ciclistas, corredores
Os coqueiros e o mar ao fundo,
Com belas construções a enfeitar as quadras

E como tudo, que tem prazo e pressa
O retorno a vida pulsante das cidades,
Das multidões,
Dos enxames de abelhas, as colmeias das gentes
Do salve-se quem puder,
E se puder me salve também

Casais a se abraçarem em frente ao metrô
Cena que de tão rara, fica a lembrar roteiros de filme
A quebrarem a fria rotina da cidade apressada

Pinturas bonitas nas estações,
Instalações artísticas, esculturas
Painéis, a mostrar a frieza das coisas sólidas

A multidão apressada, inconstante,
Eu também impaciente
Tudo tarda,
Demora nesta terra de baldeações e integrações constantes

E o metrô, ao abrir suas portas,
A servir de abrigo, aos trabalhadores fatigados da viagem diária
Muitos a se escorarem nos espaços livres

Mas também, tem os cansados recostados as estruturas metálicas, as portas
Atrapalhando o fluxo das pessoas e da vida,
Como sempre acontece aos lugares onde circula muita gente

E o verde a disputar espaço em meio a floresta de concreto
A natureza a brigar com a dureza das humanas, ou desumanas criações
Com árvores e plantas florindo em meio ao concreto e a poluição
Nos caminhos e desvãos em que se avista a cidade

E embora haja gente mergulhada em seu cansaço, e em sua rotina
Ainda se pode ver, gente interessada em mudar
Com seus rostos entretidos em suas leituras
Além das expressões de tédio diárias

E como já dizia o poeta,
Acaso tudo se referindo ao amor,
Que o tédio, rime com prédio,
Em sua rotina de desinteresse diário

Sinto saudades de minha praia!
E o amor residindo nas coisas mais prosaicas,
E nas mais inesperadas, demonstrações de afeto!

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

Por que?

Por que tanta ignorância
Por que tanta gente Meu Deus?
Por que todos correm na contramão?
Por que a vida é assim?

Eterna busca pelo sucesso que nem todos terão?
Não pelo menos da forma como imaginam

Por que percorremos tão longas distâncias?
Nunca chegamos em lugar algum,
Apenas as mesma instâncias frias de sempre

Por que não podemos aproveitar,
Os finais de tarde para passear?
Por que não podemos trabalhar,
Sem nos demorar em sua ida e sua volta?

Por que a vida é tão insana?
Por que o mundo tão irracional?
Por que tudo funciona tão mal?

Por que nossas instituições são tão falhas?
Por que temos que aguentar tantos desaforos?
Por que temos que ser humilhados, desrespeitados, ofendidos?

Por que não podemos fazer da nossa vida o que queremos?
E assim, poder contemplá-la em sua inteireza
E não pela metade, quase sempre com pressa

Pressa de não poder chegar, de se atrasar, de a vida complicar
Por que a cada instante que passa,
Mais a vida grita:
Tem mais gente para chegar,
Apresse-se ou então, tudo vai tumultuar!

Sinto-me sendo expulsa do próprio lugar em que habito!
Ser humano, grande homem
Capaz de grandes prodígios,
Mas incapaz de pensar o bem estar do próprio humano

Ó grande falha humana!
Ou será o homem, grande falha da divina criação?

Sinceramente não sei,
E nisto fico a pensar então

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte. 

Divagações

Aproveitando o dia em gostosas leituras
Contemplo o universo da literatura

Com seus grandes, pequenos poemas
Quantas experiências à disposição
De existências tão ávidas de vivências
Da vida morna, repetida e cotidiana

As horas passam, passam as horas
E finalmente o dia chega ao fim
Quem sabe um dia teremos a vida
 Assim como a desejamos ter

Vivê-la, como merecemos viver
Por enquanto vamos saboreando,
Os pequenos movimentos alegres
Os instantes de saborosa diversão

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

Pensamento

Pensamentos dispersos,
E de pensamento em pensamento
Acaba por se chegar a alguma conclusão
Ou a sabedoria

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte. 

Dispersos

A vida cheia de riscos é
De formas que devemos nos arriscar,
Posto que o máximo de derrota que podemos ter
É nada levar

E assim sendo, permanecermos de mãos vazias
Mas plenos de experiências e sensações vividas
Por procurarmos não deixar a vida apenas passar

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

A Vida

A vida da gente
Dizem que a vida da gente
É a vida que a gente leva

Devemos portanto, muito bem aproveitá-la
Pois ao dela partirmos, nada dela levamos
A não ser as experiências vividas
Bem ou mal experienciadas!

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.