Poesias

quarta-feira, 4 de agosto de 2021

SONHO DE VALSA - CAPÍTULO 12

No entanto, apesar de toda a felicidade que sentia por ter realizado um grande sonho, Marilu, desde que chegara notou que Laura a estava evitando.
Muito embora nunca tivessem tido um bom relacionamento, Maria Lúcia sempre gostou da irmã. Mas Laura, irascível, mal conseguia olhar para ela. Sentia muita raiva de Marilu. 
Isso por que sempre achou que irmã tinha melhores oportunidades que ela.
Embora seus pais, tenham sempre lhe explicado que a viagem de Marilu não era um passeio, Laura nunca quis entender. Sentindo-se deixada de lado, ficou morrendo de raiva da irmã, ao saber que ela ficaria por mais de um ano longe de casa.
Isso por que, segundo ela, era ela quem deveria ter viajado e não Marilu.
Por essas e por outras, Marilu, mesmo sentindo que seria repelida pela irmã, resolveu ir atrás dela e conversar. 
Mas, antes disso, Marilu foi advertida pela mãe, que Laura havia aprontado muito durante o tempo em que ela esteve fora. Ao contrário do que se imaginava, Laura foi vista em meio a uma multidão de jovens marginais – nas palavras de Rose –, assistindo um racha.
Ao ouvir isso, Marilu ficou horrorizada. Afinal Laura sempre fora rebelde, mas chegar ao ponto de colocar a própria vida em risco... Isso realmente era algo que ela nunca imaginaria que sua irmã fosse capaz de fazer.
A despeito disso, Rose comentou com Maria Lúcia, que estava tomando todas as providências necessárias para que esse tipo de comportamento de Laura não se repetisse.
Nesse momento então, teve que contar a filha mais velha, que Laura estava de castigo desde o malfadado acontecimento. Assim, a garota só podia sair de seu quarto para ir a escola e fazer suas refeições. Até segunda ordem, nem mesmo a televisão ela podia assistir.
Por isso mesmo, ao comentar sobre a gravidade da situação com Marilu, Rose aconselhou-a a não procurar a irmã para conversar. Do jeito que a garota estava, segundo  Rose, Marilu estava sujeita mais a ouvir grosserias do que qualquer outra coisa.
Mas, Marilu insistiu com a mãe. Queria por queria conversar com a irmã. Queria entender, por que ela nem ao menos lhe dirigira uma palavra desde que chegou.
Assim, mesmo ante os protestos de sua mãe, Marilu subiu e foi até o quarto da irmã.
Ao entrar, percebeu que a mesma estava deitada sobre a cama, de costas para ela.
Por isso, assim que ouviu o barulho da porta se abrindo, disse:
-- Vá embora. Eu não quero falar com ninguém.
Nisso, Marilu, já entrando no quarto da irmã, respondeu:
-- Mas sou eu.
Laura, ao ouvir a voz da irmã, voltou-se para ela e perguntou:
-- O que é que você veio fazer aqui?
-- Vim só ver como você está. – respondeu com calma.
-- Pois então já viu. Pode voltar. – disse Laura, secamente.
-- O que está acontecendo, heim, Laura?
-- Ah, você não sabe? Curioso! 
-- Por que? Eu deveria saber?
-- Quanto cinismo. Como se você não soubesse o que está acontecendo. Não é mesmo? Aposto que Seu Paulo e Dona Rose já contaram direitinho o que está acontecendo. Não é mesmo?
-- Laura. Por que toda essa agressividade? Que mal eu te fiz?
-- O mal de ter nascido. – respondeu ela, agressivamente.
-- Espere um momento. Eu sou a mais velha. Portanto, quem deveria estar incomodada com sua presença, deveria ser eu e não o contrário. 
-- Eu sei. Você também me odeia. – respondeu Laura, sentida.
-- Não. Eu não te odeio. Nunca te odiei. Nem mesmo quando você me tira do sério e me dá grandes razões para isso. Não eu não te odeio. Muito pelo contrário. Eu te adoro.
-- Se me adora tanto assim. Por que nunca me defende quando papai briga comigo?
-- Por que eu não tenho que me envolver nas brigas de vocês.
-- Ah, sim. Está certo. Principalmente quando ele me compara a você, você não pode dizer a ele que eu não tenho obrigação nenhuma de ser igualzinha a filhinha do coração. Não é?
-- Calma aí. Quer dizer então, que você está magoada comigo por que você e papai brigaram mais uma vez?
-- Mais uma vez. Mais uma vez – repetia Laura, com rancor. – Mais uma vez, nada. Foram várias brigas. E quer saber por que? Por que ele sempre preferiu você. Você é a mais gentil, a mais educada, a mais dedicada, a mais estudiosa, a mais amorosa, a mais querida ... Enfim, você é o sonho de filha de qualquer pai e mãe. Eu por outro lado, sou o extremo oposto de tudo isso. Sou estúpida, mal-educada, grosseira, desagradável, nojenta ... Heim? O que mais eu sou, heim Marilu?
-- Você não é nada disso. Você é uma garota inteligente. Um tanto quanto mimada, mas não é nenhuma estúpida.
-- Ah, sim! Muito obrigada. – respondeu irônica –  Mas, por que será que até os seus elogios parecem bofetadas para mim? Será que é por que eu sei que são falsos?
-- Escute aqui, Laura. Eu nunca fui cínica ou falsa com você. Aliás, muito pelo contrário. Você é que sempre foi injusta comigo. – disse Marilu, já perdendo a paciência.
-- Injusta. Quando é que alguém aqui foi justo comigo?
-- Isso não é verdade Laura. Todo mundo aqui em casa te trata muito bem, até os empregados.
-- É claro. Eu me esqueci. Desculpe. Sempre vai haver uma desculpa para vocês se sentirem menos culpados por fazerem o que fazem comigo. Você está vendo minha situação? Eu estou trancada aqui, por que até mesmo minha mãe resolveu que eu merecia um castigo.
-- E não merecia? – perguntou Marilu.
-- Sinceramente, eu não esperava que você fosse me tratar desse jeito. Até mesmo você, que diz gostar de mim, resolveu me agredir. Se você gostasse tanto assim de mim, não teria me prejudicado tanto.
-- E quando foi que eu te prejudiquei? – perguntou Marilu espantada.
-- Quando por exemplo, você resolve ficar com as melhores coisas, e não deixa espaço para mim. Marilu, você ficou por mais de um ano viajando e se divertindo pela Europa, enquanto eu tive que agüentar todas as comparações e cobranças dos nossos pais, que exigiam tudo o que você dava a eles, de mim. 
-- Se você queria viajar pela Europa, por que não pediu a eles, que viajassem nas férias para lá? Dessa forma, a gente poderia até viajar juntas.
-- E você acha que eu não pedi? Mas como sempre, como era um simples desejo de Laura, foi adiado. Se for você pra você, eles mais do que depressa, dariam um jeito para que você viajasse. Afinal, um sonho de Maria Lúcia, é muito mais importante, do que um sonho meu.
-- E por que você não falou que era um sonho seu? Por que não tentou conversar com nosso pai sobre isso? Mesmo mamãe, se ela soubesse que isso era tão importante pra você, aposto que ela teria conseguido convencê-lo.
-- Como se eu não tivesse tentado.
-- Sim, talvez você tenha tentado. Mas já pensou se fez da maneira certa? Afinal, você sabe muito bem, o quanto foi difícil para mim, convencer papai de que estudar por um ano na Inglaterra era muito importante. 
-- Mas também, com a ajuda de mamãe, não havia como você não conseguir. Realmente, meus parabéns, mais uma vez, uma estratégia perfeita!
-- Sabe Laura, o que parece tudo isso? Parece que tudo não passa de uma competição para se saber quem pode mais. Desde criança, sempre foi assim, eu ganhava uma boneca, você então queria eu lhe desse essa boneca. Aí, por você ser a caçula, eu sempre tinha que ceder. Depois, quando os nossos pais decidiam me dar um presente melhor, aí você queria também. Ou seja, é sempre muito difícil te agradar. Primeiro: você não sabe o que quer. Segundo: você só quer espicaçar os outros. Com toda a sinceridade, eu acho que você nunca quis viajar pela Europa. O que você queria era chamar a atenção dos nossos pais, para que eles fizessem o que você achava que queria. Que era, viajar pela Europa, no meu lugar. Só tem um porém. Você nunca foi muito afeita aos estudos. Por isso eu lhe digo, se você fosse para lá, em menos de uma semana, voltaria correndo para casa. Ora Laura, se você não consegue conviver nem com suas colegas de escola, vai conseguir conviver com estrangeiros, algumas vezes mais cruéis e arrogantes? 
-- Então quer dizer que você sofreu muito na Europa? – perguntou Laura, irônica.
-- Não, por que lá eu tive a sorte de conhecer pessoas maravilhosas. Mas, nem sempre é assim. 
-- E segundo você, eu não conseguiria fazer amigos por lá?
-- Se realmente quisesse, conseguiria. Mas esse não é o ponto. Eu não duvido da sua capacidade de fazer amizades. A questão é: Realmente era isso que você queria, ou era só vontade de chamar a atenção? Tem mais um detalhe, se aqui no Brasil, você sofre com os estudos, lá na Inglaterra, as coisas iriam piorar um pouco. Isso por que, só pra começar, você não fala inglês.
-- Isso não me impede de aprender. E aprender a falar tão bem, que mais pareceria uma inglesa falando. Melhor do que você.
 Ao ouvir isso, Marilu não pode conter o riso.
-- Está rindo de que? Duvida?
-- Não. Eu não duvido. Eu só acho que não é isso que você quer.
-- E segundo o seu entendimento, eu sou uma inútil que não serve pra nada. Não é isso?
-- É claro que não. Você é uma garota incrível. Você é esperta, viva, animada, agitada. O que te falta é um pouco de juízo e menos egoísmo. Não fossem essas duas coisas, você teria todas as qualidades que se esperam das pessoas.
-- De pessoas como você. Não é isso?
-- Mas é claro que não. As pessoas são diferentes. Você não tem que ser igual a mim. 
-- Alvissaras! Eu pensei que para ser uma boa pessoa, eu teria que ser uma cópia sua.
-- Alvissaras. Então você conhece esta palavra?
-- Sim, eu conheço. Ao contrário do que você pensa, eu não sou nenhuma ignorante. E sei muito mais do que isso.
-- Que bom! Isso prova que você é uma pessoa de valor. 
-- De valor. E de que me adianta todo esse valor, se ninguém percebe isso? Eu já não agüento mais tentar agradar as pessoas e não ter o reconhecimento disso.
-- Pois se você continuar assim, logo logo as pessoas irão perceber.
-- Por que as pessoas iriam se importar com uma pessoa sem valor como eu?
Ao ouvir isso, Marilu ficou espantada. Como pode ela se referir a si mesma, de uma maneira tão depreciativa? Por isso, tomando cuidado com as palavras, ela respondeu assim:
-- Nunca mais repita uma coisa dessas. Você é uma garota de muito valor, sim. Eu vou dizer só uma vez, mas eu quero que você nunca mais se esqueça do que eu vou te dizer agora. Você é muito inteligente, o que te mata é a preguiça. Se você se dedicasse mais aquilo que deseja, fatalmente acabaria conseguindo o que quer.
-- Bobagem.
-- Bobagem nada. Eu estou falando a verdade.
-- Mentira. Você só está falando isso para posar de boa samaritana. Pare com isso, eu não gosto que brinquem comigo. – respondeu agressiva.
-- Por que? As pessoas tem brincado com você?
-- Isso não é de sua conta. – disse ela. – Realmente, vai ser sempre assim. Você reunindo todas as qualidades de uma filha dileta, e eu vou ficar sempre com as suas sobras. Até quando você me elogia, tem um senão.
-- Sabe por que? Por que você trata muito mal as pessoas.
-- E as pessoas gostam mais de você ... – disse ela, quase chorando.
-- Laura. Isso não é verdade. Você sabe muito bem, quem é que afasta as pessoas. E eu não entendo por que.
-- Mas eu entendo. Afinal, quem é que vai querer ficar longe de uma pessoa tão maravilhosa quanto você? De tão perfeita que é, parece que um anjo que foi trazido do céu. – comentou Laura, irônica, e emendou. – De tão linda, com esses cabelos bonitos que você tem, que mais parece que saiu de uma revista, você parece uma princesa. E eu, mais pareço uma bruxa. Até nisso você é injusta comigo. Quem mandou você ser tão bonita? Por que você até nisso, tem que ser melhor que eu?
-- E quem disse que você não é bonita? Tem cabelos castanhos. Lindos também. Podem não ser negros e lisos como os meus, mas são bonitos também. Esses cachos são encantadores. São tão lindos que parecem feitos de seda.
-- É ... e para ajudar, você tem os olhos negros, mais misteriosos que eu já vi. – falou Laura, visivelmente aborrecida.
-- Ah, é mesmo? Pois eu te digo que você tem olhos amendoados tão lindos que mais parecem um lago repleto de mel. Aposto, que você fosse um pouquinho menos rude com os garotos, provavelmente algum deles já teria tentado mergulhar nestes lagos.
-- E por que mergulhar num lago de mel, se eles podem ter a noite dentro dos olhos da namorada?
-- Não sei. Talvez por que eles tenham vontade de um pouco de doçura. – respondeu ela rindo.
Laura a perceber o riso, acreditando que Maria Lúcia estava ali para humilhá-la, respondeu:
-- Se pensa que pode vir aqui e rir de mim, está muito enganada ...
Prontamente, Maria Lúcia interrompeu a irmão, dizendo-lhe:
-- Me desculpe a brincadeira. Não foi minha intenção rir de você. Muito pelo contrário, eu realmente acho que você tem muitas qualidades. Além disso, um pouco de picardia, não faz mal a ninguém.
-- Você acha?
-- Acho sim. Vê se pensa um pouco no eu te falei. Afinal, eu não estou aqui para brigar. 
Nisso, Rose bateu na porta perguntando se estava tudo bem.
Ao ouvir como resposta que tudo transcorria bem, aquietou-se e avisou as duas para não se atrasarem, já que em breve, o jantar estaria na mesa.
Com isso, as duas encerraram a conversa. 
Mas não sem antes Laura pedir a irmã, que convencesse a mãe a liberá-la do castigo. Afinal, já estava cansada de ficar tanto tempo trancafiada em seu quarto.
Como resposta, Maria Lúcia prometeu, diante da insistência da irmã, em tentar convencer Rose, a liberá-la do castigo.
Com isso, as duas foram juntas jantar.

Luciana Celestino dos Santos 
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte. 

SONHO DE VALSA - CAPÍTULO 11

Rose e Paulo, ao lerem o telegrama, ficaram imensamente felizes. Finalmente Marilu ía voltar para casa.
Depois de mais de um ano longe de sua família, finalmente a garota voltaria para casa.
Mas, ao contrário de Rose e Paulo, que estavam felizes com o retorno de Maria Lúcia, Laura, por sua vez, não estava nem um pouco satisfeita com a notícia.
Sentindo-se ameaçada pelo retorno da irmã, Laura passou a mais uma vez, se afastar dos pais. Adotando um comportamento mais agressivo, mais e mais vezes discutia com eles.
Inconformada com o retorno da irmã, Laura passou a cada vez mais, agredir seus pais com palavras duras e um comportamento rebelde.
Isso por que, em razão de suas freqüentes escapadas noturnas, Paulo, certa vez, ao perceber que Laura não estava em seu quarto, saiu para procurá-la. Ao perceber que a garota não estava em nenhum lugar da casa, retornou para seu quarto, trocou-se e partir em seu encalço.
Em meio as ruas de São Paulo, ficou durante toda a madrugada procurando-a. De carro, vasculhou todas as avenidas, as principais ruas da cidade, os lugares mais remotos, e nada. Nada de encontrá-la.
Ao ver que de nada adiantaria procurá-la em meio a uma multidão de praças, ruas e avenidas, Paulo retornou para casa e telefonou para a polícia.
Contudo, enquanto as horas se seguiam intermináveis, Paulo ía ficando cada vez mais angustiado. Tudo por que Laura havia sumido.
Preocupado com a possibilidade da menina ter fugido de casa, Paulo, entrou mais uma vez em seu quarto. Ao entrar, reparou que tudo estava no mesmo lugar. Ao abrir o armário, reparou que ela não levara nenhuma de suas roupas consigo.
Percebendo isso, Paulo tranqüilizou-se. Tudo indicava que era mais uma traquinagem.
Mas, a despeito de tudo isso, Rose ficou muito preocupada.
Como Laura havia sumido de casa e ela não viu? Como pôde ser tão relapsa?
Paulo, ao perceber a intranqüilidade da esposa, procurou acalmá-la. Afinal, que culpa tinha ela, se Laura estava cada vez mais difícil de se lidar? Como ela poderia imaginar que a filha, estava saindo de casa?
Ao ouvir isso, Rose então, perguntou ao marido:
-- Então você acha que Laura já vem fazendo isso há muito tempo?
No que ele respondeu:
-- Eu acredito que sim. Esta não é a primeira vez que ela saí de casa a noite, e na surdina. Eu acho que ela já vem fazendo isso há algum tempo.
Ao conjecturarem sobre isso, passaram a se dar conta que Laura, desde há muito tempo, já vinha dando sinais de que algo estava errado.
Constantemente acordava tarde, e além disso, passava horas trancada em seu quarto.
Estranhamente, sempre se recolhia para seu quarto, depois do jantar, e de lá só saía para almoçar.
Realmente, nos últimos meses, Laura estava muito estranha.
Mas Rose e Paulo, por trabalharem muito, estavam muito ocupados para perceberem o comportamento estranho da filha.
Somente agora, quando a situação ganhou contornos de gravidade, é que os dois se deram conta de que algo ía muito mal com a criação de Laura. Esta, ao contrário de Maria Lúcia, nasceu para dar trabalho, nas palavras de Paulo.
Constantes vezes, ele se referia a filha caçula, comparando-a a Maria Lúcia. Sempre que alguma coisa dava errada, ele dizia para Laura:
-- Por que você não se comporta da mesma forma que sua irmã? Maria Lúcia é tão mais dócil que você. Por que você não aprende com ela, a ser gentil com as pessoas?
Mas é claro que ao ouvir isso, Laura ficava ainda mais irada com seu pai. Por isso, sempre que ouvia esse tipo de comentário, respondia:
-- Ah, é? Pois saiba o senhor, que estou cansada destas comparações. Além disso, por que o senhor, não é um bom pai comigo? Por que o senhor só trata bem a Maria Lúcia? Por que o senhor não gosta de mim? – perguntava, já quase gritando.
Paulo, ao notar a agressividade da filha, logo ía lhe dizendo:
-- Mocinha. Abaixe seu tom de voz. Você não tem o direito de falar assim comigo. Está ouvindo?
-- O senhor é que não tem o direito de exigir de mim, que eu me comporte da mesma maneira que sua filhinha querida. Vá, fique com sua queridinha, e me deixe em paz.
E assim, se encerravam as brigas. Laura era quem, quase sempre, dava a última palavra.
Rose, entrementes, nunca concordou com esse clima de guerra em casa. Ao contrário do marido, que sempre comparava as duas meninas, ela sempre fez questão de salientar que gostava muito de ambas. Além disso, ela sempre criticou o comportamento do marido, no que tocava a mania que ele tinha de compará-las.
Cautelosa no trato com as filhas, Rose sempre alertou o marido, que agir dessa maneira, não ajudava em nada os dois. Só piorava as coisas.
Mas Paulo, teimoso que era, nunca dava ouvidos ao que a esposa dizia. Para ele, era ela que estava equivocada.
E assim, as coisas nunca se resolviam.
Para ela, a causa de tantas brigas e discussões se dava ao fato de que ambos – pai e filha –, eram parecidos demais. Tão parecidos, que nenhum dos dois podia admitir que estava errado.
Mas voltemos, ao sumiço de Laura.
Nervosa, Rose, chegou a culpar o marido pelo desaparecimento da filha. Disse a ele, que as constantes brigas que tinham, estimulava ela a sumir de casa.
Ao ouvir isso, Paulo ficou furioso com a esposa, e só não lhe disse palavras atravessadas, por que, no momento em que ía fazê-lo, foi interrompido pelos policiais. Estes, ao trazerem Laura pelo braço, encerraram qualquer discussão que pudesse ocorrer.
Assim, Paulo e Rose, ao verem a filha sã e salva, esqueceram-se das brigas e foram conversar com a garota.
Os dois então, agradeceram os policiais e os dispensaram.
Em casa, Laura foi diretamente para seu quarto.
Paulo ao perceber isso, subiu as escadas e foi até o quarto da moça. Porém, ao tocar na maçaneta, percebeu que Laura havia se trancado dentro do quarto.
Diante disso, o homem ficou furioso. Ameaçando por a porta abaixo, só não o fez, por que a esposa o impediu.
Ela, procurando acalmá-lo foi logo lhe dizendo que:
-- Paulo. Paulo. Não adianta. Agora não é o melhor momento para isso. Vamos deixar para amanhã. Até por que, mais cedo ou mais tarde, ela vai ter que sair do quarto. Não se preocupe, o que ela fez não vai ficar por isso mesmo. Eu mesma vou cuidar para que isso não se repita mais. Está bem?
Ao notar que o semblante da esposa havia mudado, Paulo, acalmou-se. Afinal, se a própria esposa ficou aborrecida com o comportamento da filha, fatalmente a garota sofreria as conseqüências de seu ato impensado.
Isso era coisa certa.
Por isso, Paulo, ao perceber que ela estava furiosa com a filha, comentou:
-- Rose. Eu nunca imaginei que algum dia, Laura, fosse conseguir te tirar do sério. Eu nem acredito.
-- Pois pode acreditar. – respondeu decidida. – Isso não vai ficar assim.
Nisso, ao entrarem em seu quarto e se prepararem novamente para dormir, Rose, aproximou-se do marido e pediu-lhe desculpas pelo que havia dito a ele.
Mas ele, surpreendido com o comportamento da esposa, respondeu compreensivo:
-- Não tem problema. Eu sei que você estava nervosa.
E pelo menos, momentaneamente, encerrou-se o assunto.
Contudo, no dia seguinte, ao contrário do que fizera nos dias anteriores, Rose não foi trabalhar. Avisando ao encarregado do salão, disse-lhe que só iria para lá, no final da tarde.
Já Paulo, foi para o escritório. A própria Rose pediu-lhe para que o fizesse. Isso por que, queria cuidar pessoalmente da filha.
Assim, Rose esperou calmamente a garota sair do quarto.
Esta, surpreendida com a presença da mãe, tentou fazer de tudo para se esquivar de suas perguntas incisivas. O que de nada adiantou.
Rose, cansada de ser benevolente com a filha, resolveu, que dali por diante, adotaria um comportamento mais severo com Laura. Afinal, a garota havia ultrapassado todos os limites ao abusar da confiança dela.
Por isso, ao ver que a garota só lhe respondia com evasivas, Rose tratou logo de puxá-la pelo braço e lhe advertir que, se fizesse aquilo de novo, ela não pensaria duas vezes em lhe dar uma surra.
Laura, por sua vez, ao ser advertida pela mãe, passou a se fazer de vítima. Chorando, disse que ela não podia fazer isso com ela.
Mas nem a choradeira adiantou. Rose, enfurecida, continuou a apertar o braço da filha, e a levou de volta para o quarto, em meio a empurrões, puxões e tapas.
Lá, ao entrar no quarto da garota, jogou-a no chão e deixou-a.
Ao sair, percebendo que a chave estava na porta disse:
-- Vou confiscar essa chave. – disse isso e pegou a chave para si.
Além disso, ao tomar posse da chave, encostou a porta e trancou-a.
Laura, ao ouvir o barulho da chave, foi correndo até porta, na tentativa vã de impedir que a mãe a trancasse no quarto.
Inutilmente. Rose estava decidida.
De dentro do quarto, Laura gritou, pedindo para que a mãe não a trancasse ali. Mas isso, de nada adiantou.
Rose estava insensível aos apelos da filha.
Por isso, a garota, ao perceber que a mãe não mudaria de idéia, parou de se debater. Desolada, sentou-se num canto do quarto e ficou chorando. Para ela, não havia mais nada para se fazer, senão sentar-se e ficar esperando.
Resoluta, Rose, recomendou as empregadas, que não levassem nada para a garota, e muito menos a deixassem sair do quarto. Por precaução, pediu a um dos empregados da casa, para que, de vez em quando olhassem pela janela, para ver se estava tudo bem. Em caso de qualquer coisa errada, deveriam ligar imediatamente para ela.
Nesse ponto aliás, Rose fez questão de frisar, que de forma alguma seu marido devia ser incomodado. Em caso de qualquer problema com Laura, somente ela deveria ser avisada.
Mas, para sua tranqüilidade, nada de errado aconteceu.
Assim, quando Paulo e ela retornaram de mais um dia de trabalho, tudo havia estado na mais perfeita ordem.
Por ter ficado durante todo o dia trancafiada em seu quarto, quando então foi liberada por Rose, Laura comportou-se como uma dama.
Sem brigas, o jantar foi perfeito.
Contudo, após a refeição, Rose novamente intimou a filha para voltar para o quarto.
Quando Laura tentou questionar as ordens da mãe, esta lhe perguntou:
-- Por acaso estaria você interessada em levar uns bons tabefes?
Ao ouvir isso, Laura ficou silente.
Paulo, admirou-se.
Vendo a obediência da filha, quando Rose retornou para a sala de jantar, perguntou-lhe então:
-- Querida! Nunca te vi tão dura com Laura. O que foi que aconteceu?
Nisso, Rose explicou-lhe, que havia posto Laura de castigo, e que para se garantir, tivera o cuidado de trancar a porta de seu quarto.
Contudo, para ela, isso não resolvia tudo. Rose precisava ainda, de alguém para tomar conta da garota, quando ela mesma não estivesse por perto. Assim, com a aquiescência do marido, incumbiu um de seus empregados com a tarefa de vigiá-la.
Dessa forma, os dois poderiam ficar mais tranqüilos.
Com isso, conforme os dias se passavam, mais certa se tornava, a volta de Marilu para casa.
Isso por que, encerrando-se a viagem, terminava a sua temporada na Europa. Assim, Maria Lúcia precisava retornar para seu país.
Por isso mesmo, em meados de março, Marilu retornou ao Brasil.
No aeroporto, ansiosos, estavam seus pais, aguardando sua chegada.
Para eles, as horas que antecederam sua chegada, foram uma eternidade.
Mas estes, ao vê-la bem, logo se aquietaram. Felizes com sua chegada, mal podiam esperar pelas novidades.
Depois de mais de um ano, morando na Europa, Marilu realmente, tinha muito o que contar para os pais sobre sua viagem, sua adaptação, e por tudo o que passou durante o tempo em que ficou por lá.
Detalhe: nesse aspecto, tanto seu pai quanto sua mãe, faziam questão de que ela contasse tudo. Orgulhosos da filha, queriam que ela não lhes sonegasse nenhum detalhe.
O mesmo se deu na escola.
Quando Marilu chegou, todos pararam para vê-la. Realmente, a moça estava magnífica. Usando algumas das roupas que comprara na Inglaterra, nem parecia a mesma pessoa.
Muito mais bem vestida que a maioria de suas colegas, Marilu chegou até a usar luvas quando foi até a escola.
Contudo, por estar calor, a moça resolveu tirá-las e guardá-las. Mas, distraída que estava com as garotas que vieram lhe cumprimentar, ao guardar as luvas em meio aos seus pertences, acabou deixando uma delas cair.
Ao cair, um dos rapazes, – que nesta época freqüentavam a escola, já que ela passou a ser mista – ao ver a cena, pegou a delicada luva de renda que caíra no chão e guardou.
O rapaz até tentou devolver a luva a garota, mas, diante do assédio de que a moça foi alvo, ficou impossível qualquer aproximação.
Assim o moço deixou para mais tarde entregar a luva a jovem que vira no colégio.
Contudo, a despeito do que imaginava, os dias que se seguiram, não foram nada propícios para isso. Então, mais uma vez, o rapaz teve que aguardar pacientemente a hora adequada.
E durante dias, portanto, ficou de posse da luva que a moça pertencia.
Enquanto ele esperava a hora apropriada para se aproximar e devolver a luva, Maria Lúcia, ainda encantada com a viagem que fizera, não se cansava de comentar sobre sua estada na Inglaterra, as incursões que empreendera pelo país, e as duas viagens pela Europa, que realizara. Enfim, sempre que lhe perguntavam sobre sua viagem, ela sempre tinha alguma coisa nova para contar. Realmente, aqueles quinze meses, foram meses de sonho.
E como havia muito o que ser falado sobre a viagem, Marilu se viu, durante semanas, cercadas pelas amigas e colegas, que tudo queriam saber sobre a viagem que realizara.

Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

SONHO DE VALSA - CAPÍTULO 10

E assim, os meses se seguiram.
Conforme a viagem foi se estendendo, o grupo aproveitou para, em uma bela viagem de navio, apreciar a costa do continente europeu. 
Maravilhados com os fiordes, observaram o litoral recortado da costa da Finlândia e da Noruega. Em relação a isso, perceberam que os mesmos, muitas vezes adentram para o interior do continente. 
Trata-se de um tipo de costa submersa, com topografia acidentada, correspondente a antigos vales glaciais, situados no litoral e ocupados pelo mar, em virtude de sua movimentação. Não exigem portanto, uma submersão litorânea, vez que podem ser resultado da erosão glacial, que em cavando leitos de geleiras abaixo do nível do mar, estas, com a retirada do gelo, podem ser invadidas pelas águas do mar. Enfim, esse é um retrato característico da geografia do país.
Por falar nisso, ao desembarcarem em Helsinki, Capital da Finlândia, os turistas viram primeiramente, sua região portuária. A cidade, situada na Península de Vironniemi, era realmente encantadora.  
Em Turku, visitaram a igualmente conhecida região portuária, e em Hango, puderam avistar casas, e a verdadeira dedicação dos finlandeses às suas mais antigas tradições. 
Quando foram visitar o Castelo de Louhisaari, em Villnas, conheceram a história de C. G. Mannerheim, o Marechal da Finlândia. 
Já na Suécia, em lá chegando, os turistas, cuidaram em visitar a Universidade de Uppsala, a mais antiga do país, fundada em 1477. Trata-se de uma magnífica construção.
Em Estocolmo – Capital –, visitaram o Prédio da Câmara Municipal. Além disso, puderam ver a guarda real, em seus típicos trajes, cuidando das principais atrações do lugar. Enquanto se divertiam, aproveitaram para visitar a cidade de Gotemburgo, em Skagerrak e conheceram o principal porto marítimo do país.
De passagem por algumas outras cidades do país, os viajantes puderam avistar o Rio Lyusnan, local onde se realiza a extração da madeira – uma das principais riquezas suecas. Em Mora, puderam apreciar a típica arquitetura da região, com suas inúmeras casas de madeira. Isto por que, trata-se de um típico povoado sueco. 
No povoado de Wengen, puderam mais uma vez, se deslumbrarem com uma vista de tirar o fôlego. Em meio a um vasto campo verde, tendo ao fundo o Pico Nevado Jungfrau, árvores e coníferas fazem companhia as casas da região. 
Realmente, um lindo lugar para se viver. 
Em Lucerna, puderam conhecer suas construções em estilo nórdico.
No Castelo de Chillon, às margens do Lago de Genebra, puderam conhecer o lugar que foi imortalizado por Lord Byron, em um de seus poemas. Trata-se de “O Prisioneiro de Chillon”, onde, em suas estrofes, se conta a vida de François Bonivard, político suíço do século XVI, que esteve preso por vários anos nas masmorras do castelo.
Por fim, no final de seu passeio pelo país, os turistas aproveitaram para passearem de trenó em Saint Moritz, em meio a montanhas cobertas de gelo e muita neve. Sim, era um ótimo lugar para se esquiar, e foi exatamente o que os turistas fizeram. 
Ao chegarem na Noruega, Susie, Emily, Helen, Lisa, Carol, Pamela, Marilu, Mister’s Winston e Willian, logo avistaram uma imensidão de trigais, na região rural do país.
Já em Oslo, sua capital, conheceram o Edifício do Parlamento, assim com suas outras construções e monumentos famosos.
Ademais, o país, famoso por seus fiordes, fizeram os turistas quererem rever os Fiordes de Geiranger, bem como um outro fiorde ao norte. Este último, faz companhia as Montanhas Nevadas.
Assim, estava concluída a viagem. Ao visitarem todo o continente, sentiram-se realizados. Afinal, não é todo o dia que se pode empreender uma viagem como esta.
Maravilhados, todos os que participaram do passeio, sabiam que teriam muito o que contar para os amigos quando retornassem e assim, apesar de felizes com a viagem que realizaram, estava também, morrendo de saudades de suas casas.
Por isso, Emily e Helen, antes de voltarem para o colégio, resolveram fazer uma pequena visita a cidade onde moravam. 
Já Pamela, Susie, Carol e Lisa, decidiram retornar ao colégio e quando estiverem novamente de férias, visitarão suas respectivas famílias.
Quanto a Marilu, ela retornaria para o Brasil, para visitar sua família. 
Certamente, seus pais, assim como ela, estavam morrendo de saudades um do outro.
Mas, antes de voltar, Marilu comunicou aos pais, que estava retornando.

Luciana Celestino dos Santos 
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.  

SONHO DE VALSA - CAPÍTULO 9

Enquanto Marilu empreendia sua viagem pela Europa, Laura cada vez mais rebelde, mal conversava com os pais. Nos últimos tempos, só lhe interessava ficar sozinha ou com umas amigas estranhas que conhecera na escola.
As garotas, por adotarem um comportamento esquisito, eram evitadas pela maioria das garotas do colégio. Por serem novas no colégio, acabaram se aproximando de Laura, no intuito de fazerem novas amizades.
Em razão disso, os pais de Laura, ao descobrirem que a filha andava com estranhas companhias trataram logo de conversar com ela. 
Mas Laura não quis saber de conversa. 
Desabrida, disse aos pais que ela sabia muito bem o que estava fazendo, e que eles não tinham o direito de interferirem em suas amizades.
Mas Paulo e Rose, estavam deveras preocupados com a filha.
Após a discussão que tiveram por causa das férias, desde então Laura vinha adotando um comportamento provocativo com seu pai. Este, ao perceber que somente uma conversa não iria resolver as coisas. Ficou ainda mais apreensivo.
Por isso, nos últimos tempos, passou a cobrar um comportamento melhor de Laura.
A garota por sua vez, retrucava tudo o que seu pai dizia.
Por conta disso, as brigas entre os dois, passaram a ser cada vez mais constantes.
Decepcionada, Laura vivia dizendo aos pais, que fora esquecida por eles. Que eles não se importavam mais com ela. Que foi só Maria Lúcia sair de casa, que todo eles se esqueceram que ainda tinham uma filha. Argumentou ainda, que eles não tinham o direito de tratá-la daquela maneira. 
Por isso aceitou a amizade daquelas garotas. Segundo ela, foram as únicas que não lhes viraram as costas. Isso por que, suas antigas amigas do colégio, não estavam mais falando com ela.
Enquanto Laura falava, Seu Paulo procurou ouvir tudo atentamente. Mas, assim que ela cessou suas reclamações. Foi ele quem foi dizendo:
-- Curioso a senhorita me dizer isso. Por que, até onde eu fiquei sabendo, foi você quem afastou todas as suas amigas. Ainda na época que sua irmã estava naquela escola, variadas vezes, eu ouvi, em conversas delas com Marilu, que você estava impossível.
Mas, ao proferir estas palavras, Paulo acabou criando ainda mais uma confusão. 
Laura então, resolveu se queixar de Marilu:
-- Marilu. Marilu. Sempre ela. Por que ao menos uma vez na vida vocês não lembram que eu existo? Eu já estou cansada de ouvir vocês dois só falando dela. 
Ao terminar de dizer estas palavras, subiu as escadas e foi novamente se trancar no quarto. Lá, mais uma vez, passou horas remoendo sua raiva. Realmente, sentia raiva da irmã. Tudo por que, achava que Marilu era muito mais bem tratada por seus pais, do que ela. 
Sim, Laura sentia-se rejeitada. Constantemente relegada a segundo plano. Era assim que ela se sentia. 
Por isso, nos últimos tempos, passou a sair com aquelas garotas. Constantes vezes, chegou a sair de casa, sorrateiramente pela porta da frente, enquanto seus pais dormiam.
Saía durante a noite, para conversar e aprontar com suas colegas.
Certa vez, em uma de suas maquinações, acabou sendo vista por alguns garotos, filhos de conhecidos de seu pai. 
Ao perceber que foi reconhecida, Laura ficou apavorada. Isso por que, fatalmente, os rapazes iriam contar o que tinham visto.
Por isso, não perdeu tempo. Aconselhando-se com as colegas, resolveu que a melhor estratégia, seria ir até onde eles estavam e conversar com eles. 
Isso por que, se três rapazes, nascidos no seio da fina flor da sociedade, estavam ali, era por que não estavam bem intencionados. Assim, se revelassem a alguém, que tinham visto ela naquele lugar, acabariam se comprometendo também.
Diante disso, Laura foi atrás dos rapazes, certa de que não tinha com que se preocupar. E assim o fez. Educadamente, sentou-se entre os três e comentou que aquele ali não era um bom lugar para se freqüentar.
No que os rapazes concordaram. Atrevidos, chegaram até a comentar :
-- E o que você faz aqui, Laura?
-- Isso realmente não é de interesse de vocês. 
-- Então, o que é de nosso interesse? – retrucou um dos rapazes.
-- O vosso interesse é que ninguém saiba que estiveram aqui. Certo? Assim, eu não conto que vi vocês aqui, e vocês fazem o mesmo por mim. Está bem?
Nisso, um dos rapazes, percebendo que poderia ter alguma vantagem com a garota, foi logo perguntando:
-- E o que eu ganho com isso?
-- Você ganha seu sossego e tranqüilidade com seus pais. Sim, por que ter pai e mãe, pegando no pé, é muito ruim. Você não acha? – respondeu ela, calmamente.
Nisso, o rapaz que havia feito a pergunta, ficou totalmente sem jeito.
Para piorar, seus colegas começaram a rir da situação.
Contudo, diante do quadro apresentado, todos acabaram chegando a um acordo. Ninguém contaria nada, sobre o viram e o que faziam altas horas da noite fora de casa.
Portanto, assunto resolvido.
E assim, depois de algumas bebidas, os três rapazes foram ver um racha que estava acontecendo em uma das ruas da cidade.
Isso por que, a partir dessa época, a juventude passou a adotar um comportamento rebelde. Acostumados a verem os filmes de Hollywood, apaixonaram-se pela figura de James Jean – um grande ídolo da época, e modelo de rebeldia. Por isso, sempre que podiam, os jovens transviados da cidade, aproveitavam para pôr em prática, vários atos de rebeldia.
Isso para eles, era maravilhoso. Tudo por que, fazia com que se sentissem dentro de um filme. Era como se estivessem lado a lado, com o maior ídolo rebelde que já apareceu. Aliás, todos os jovens da época, sonhavam em conhecer o ator. Principalmente as mulheres.
E dessa forma, assim transcorreram as férias de Laura. 
Andando com as garotas moderninhas da escola, desde o final do ano passado, Laura, aprendeu muito com elas, sobre o comportamento dos rebeldes. Por conta disso, passou até a se vestir de forma um pouco diferente.
Isso por que, apesar de agora pertencer a um novo grupo, não poderia chamar a atenção dos seus pais, já que eles estavam atentos ao seu comportamento. Por isso, Laura precisava tomar cuidado. Não podia por tudo a perder.
Em razão disso, depois de algum tempo, andando com as meninas, resolveu adotar um comportamento mais pacífico com relação aos seus pais.
Assim, apesar de ainda se estranharem um pouco, Laura, procurando ocultar suas saídas noturnas, passou a cada vez mais, evitar confrontos com seus pais. Principalmente com Paulo, já que era ele quem mais implicava com suas amigas.
Assim, mesmo estranhando um pouco as atitudes da filha, o casal acabou acreditando que ela realmente estava se acalmando. Além do mais, se ela tinha se tornado agressiva com os pais, por causa do cancelamento da viagem, por que ela também não poderia esquecer tudo isso e deixar de lado as brigas?
Diante disso, satisfeitos com o novo comportamento da filha, os dois passaram a acreditar que ela estava mudando.
Com isso, dada a credulidade dos pais, Laura passou a ter cada vez mais liberdade para sair. 
Sem a vigilância de Paulo, Laura só tinha que tomar cuidado para que não fosse vista pelos vizinhos quando estivesse entrando ou saindo de casa.
Mas isso era só um detalhe. 

Luciana Celestino dos Santos 
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

SONHO DE VALSA - CAPÍTULO 8

E assim, após as comemorações de encerramento do ano escolar, Marilu, Helen, Emily, Carol, Susie, Pamela, Lisa, logo que saíram da festa, se recolheram em seus dormitórios e se deitaram em suas camas. Queriam estar em condições de viajar. Afinal, precisavam estar bem para conhecer, o que de mais maravilhoso, existia na Europa.
Assim dormiram. No dia seguinte, juntamente com os pais de Helen e Emily, as moças, seguiram de trem até a Escócia. Mas antes, passando por Gales, puderam avistar, à margem do Rio Dovey, uma pequena aldeia, na divisa entre a Inglaterra e a Escócia. 
Assim, conforme o trem passava, os turistas puderam logo conhecer as belas paisagens naturais do país. Além disso, quando finalmente chegaram na Capital, puderam conhecer algumas de suas edificações em pedras. Algumas dessas construções datavam da época da Idade Média. Considerada uma época de obscurantismo para alguns.
Nisso, visitaram estalagens, adegas, entre outros lugares peculiares do país.
Em freqüentes passeios que faziam, conheceram o Lago Cairbawn, ao norte do país. Uma belíssima paisagem escocesa, um rico exemplo da excelência da natureza, nos dizeres de Mister Winston.
No Castelo de Inverness, no Condado de mesmo nome, puderam apreciar a edificação que abrigava os tribunais do Condado, bem como outras repartições públicas. Ainda neste local, puderam observar o Ben Nevis, a maior montanha das Ilhas Britânicas. A maior e mais singela montanha, que Mister Willian já vira, chegou a comentar.  
Visitaram também, fazendas às margens do Lago Tay, no Condado de Perth. Em seguida, foram conhecer uma destilaria de uísque em Glenlivet. Nesse ponto, deve-se ressaltar a importância que tem este produto na Escócia. Símbolo do país, sempre que se viaja para lá, Mister Winston procura visitar tavernas e outros lugares onde se produzem a bebida. Para ele, tais visitas são imperativas, até para que se conheça melhor o país.
No dia seguinte, na Suíça, os turistas puderam apreciar e se encantar com a bela paisagem dos Alpes Suíços. Lá, além da beleza das montanhas cobertas de neve, os viajantes puderam conhecer algumas fazendas do lugar, bem como sua criação de caprinos. Ali em meio a paisagem montanhosa, são criados também bovinos. 
Em Savognin, mais uma bela visão dos Alpes.
Na Cidade de Berna, a Torre da Prisão, é um remanescente das muralhas da Cidade Medieval. A essa altura, se pode observar com maior apuro, os detalhes arquitetônicos, de suas antigas construções. Muito embora não datem da Idade Média, são belíssimos edifícios, palácios, casas. Enfim, a Suíça é um país pródigo em belas construções.
Em Lucerna, destaca-se a Ponte Coberta da Capela, uma pitoresca construção, que evidencia o potencial de turismo do país. Por fim, aos pés do Monte Dolent, puderam mais uma vez apreciar, uma bela paisagem natural. Em meio a uma criação de bovinos, a natureza se revelava profícua.
Nos países baixos, como Holanda e Bélgica, os turistas puderam se maravilhar com a plantação de tulipas e os variados canais que recortam algumas de suas cidades. Canais esses, que além de característicos da paisagem da região, são importantes veículos de comunicação. 
Por serem navegáveis, fizeram dos passeios dos turistas, uma grande diversão. Isso porque, enquanto navegavam, podiam apreciar a beleza da paisagem natural que circundava o local. 
Após, o maravilhoso passeio de barco nos canais, os turistas trataram de conhecer, ainda na região rural da Holanda, famosos moinhos de vento, que caracterizam o país. 
Depois, passaram a visitar as várias cidades do lugar.
Em Haia, se deslumbraram com o esplendoroso Palácio da Paz, em Haia, sede da Corte Internacional de Justiça.
No centro de S’Hertogenbosch, destaca-se a Catedral de São João, um notabilíssimo exemplo de arquitetura gótica, característica da Idade Média.
Na Bélgica, visitaram a região das Ardennes. Além disso, ao visitarem o interior do país, passearam em um canal e embarcadouro. De barco, puderam então apreciar, a beleza da região. 
Já na Alemanha, trataram de conhecer suas principais cidades.
Em Amsterdam, puderam observar inúmeras construções dos séculos dezessete e dezoito, as quais foram construídas para comerciantes abastados.
Além disso, em Partenkirchen, mais uma vez, a natureza se mostrou exuberante. Em meio a vilarejos e povoados, uma imponente cadeia de montanhas se exibia para os que quisessem ver. Extasiados, os turistas mal tinham palavras para expressarem sua admiração, cada vez maior com os prodígios da natureza.
Em Colônia, visitaram a Catedral e Igreja Românica de Gross-Saint Martin.
Na Capital da Baviera, visitaram a Karlsplatz em Munique. Uma grande e imponente vista, para os olhos de Marilu. Como nunca havia viajado para a Alemanha, ela ficou encantada com a paisagem, assim como com a arquitetura local. Além disso, após o Karlstor, uma antiga porta da Cidade, podem-se ver as torres de 96 metros, da Frauenkirche – Igreja de Nossa Senhora – em estilo gótico.
Enquanto estiveram por estas paragens, os turistas visitaram também, a Rua de Rothenburg ob der Tauber, cidade medieval da Baviera. Com suas construções em estilo germânico, as casas desta antiqüíssima cidade, eram realmente muito diferentes de tudo o que Maria Lúcia já vira. Ao descobrir um estilo arquitetônico tão diferente, Marilu ficou deveras encantada com o lugar.
Mas, apesar da pitoresca arquitetura deste local, em meio aos Alpes Bávaros, havia um lindo Castelo, denominado Neuschwanstein, que rivalizava em imponência com a bela natureza dos mesmos. Entrementes, apesar da arquitetura característica da Baviera, este castelo não lembrava em nada, as casas da cidadezinha que eles visitaram anteriormente. Mais imponente, mais parecia um castelo francês.
Em Berchtesgaden, a paisagem bucólica, dá espaço também, para belíssimas construções erigidas em homenagem a natureza local.
Os turistas, quando, estiveram de passeio pelo Rio Reno, em Sankt Goar, puderam em meio a um passeio de balsa, avistar o famoso Rochedo de Lorelei – um verdejante monte – que ressaltava a beleza do lugar. Ademais, ao fundo da paisagem, em frente ao rochedo, a aldeia de Sankt Goarshausen, completava a paisagem.
Em Heidelberg, às margens do Rio Neckar, Em BadenWürttermberg, observaram que ao fundo, estava o Castelo de Heidelberg, meio que escondido em meio a vegetação. Caminhando pela Ponte construída sobre o rio, puderam se maravilhar com a visão abrangente de toda a cidade.
Já em Leer, Porto na Baixa Saxônia, no noroeste da Alemanha, a beleza do rio dá espaço a edificação de uma bela cidade às suas margens.
Na Floresta Negra, o Vale Kinzig, se descortina em meio a uma exuberante vegetação nativa. Lá existem inúmeras criações de gado que passeiam em meio a vegetação do lugar.
O Vale Sieg, Renânia do Norte Vestfália, também é outro ponto rico em beleza natureza e em visão verdejante.
Nas Colinas de Lorchhausen, os turistas puderam apreciar os vinhedos da região. E Mister Winston, maravilhado com a novidade, aproveitou para provar alguns dos vinhos produzido no local. No Rio Reno, a Vista de Coblença, Palatinado Renano, na confluência dos Rios Mosa e Reno, descortina uma esplendorosa paisagem. Em meio a antigas construções, castelos e palácios, a visão do lugar é um deleite.
Em Düsseldorf, os turistas puderam visitar o ancoradouro destinado a barcos turísticos, junto a Ponte Theodor Heuss. 
Em Nuremberg, conheceram o palco de grandes manifestações políticas. 
Já em Duisburgo-Ruhrort, os turistas puderam observar o maior complexo portuário fluvial da Europa. Maravilhados com o desdobramento de canais, puderam constatar que a Alemanha é um grande país. Rico em realizações, é uma magnífica nação.
Na Tchecoslováquia, quando de passagem pelo país, puderam visitar o antigo Hotel Imperial Richmond, em Karlovy-Vary (Carlsbad), na Boêmia. Hoje é uma requintada casa de repouso para militares. 

Quando os turistas foram conhecer a Áustria, estes se admiraram com o lugar. Assemelhado em muitos aspectos com a Alemanha, o país, parecia um prolongamento daquela cultura.
Entre passeios por cidades e magníficas construções, tiveram acesso ao que de melhor o país tinha para oferecer.
Durante a viagem puderam conhecer Salsburg. Lá, na antiga zona do país, destaca-se a fortaleza de Hohensalzburg, no Alto de Mönchsberg, uma imponente construção, a qual se assemelhava uma muralha, erigida na cidade. erigida em 1077, ganhou sua forma atual em 1500.
Além disso, permeando toda a natureza, os Alpes, bem como seus lagos – que são verdadeiras preciosidades do país – estes contribuem ainda mais para a beleza da região. 
Ademais, em meio a esta paisagem natural, inúmeras construções rivalizavam em beleza com o lugar. Na Aldeia de Heiligenblut, mais uma vez, os Alpes se fazem presentes. Está, localizada nas proximidades do Monte Grossglockner. 
Mas como se pode observar os Alpes, esta cadeia de montanhas é comum em boa parte da Europa. O que de fato contribuí e muito para que este seja um belo continente.
Ademais, as belas construções, palácios, castelos, museus, também contribuem muito para que a Europa seja um grande continente.
Mas voltemos a viagem.
Adentrando a Capital do Tirol, visitaram a conhecida cidade de Innsbruck, na qual um imponente obelisco identifica o lugar. Além disso, os turistas tiveram o cuidado de visitarem também, a Dinamarca, país em cujo Castelo de Kronborg, em Elsingor ou Elsinore, foi imortalizada a tragédia de Shakespeare ‘Hamelet’. Esse castelo chegou a ser restaurado em 1637. Em frente ao Castelo, um belo rio emoldura o belo cenário.
Ademais, não apenas por isso, mas também por curiosidade, os viajantes foram a visitar Frederikskirke, conhecida como ‘A Igreja de Mármore’, em Copenhague. Ainda em Copenhague, visitaram o Teatro Real de Copenhague, construído em 1874. Diante disso, pode se perceber, que a cidade possuí inúmeros atrativos para os turistas. 
Com isso, passaram eles durante alguns dias, procurando conhecer melhor o país.
Na Hungria, puderam passear às margens do Lago Balaton, uma bonita paisagem natural. Enquanto caminhavam por ali, puderam avistar em uma colina, uma Abadia Beneditina. Todos ficaram encantados. Após o belo passeio, pelo lago, os turistas visitaram a Cidade de Györ. Uma magnífica realização humana, com belíssimas construções, lindas paisagens, vários canais cruzando os principais pontos da cidade, e uma visão de tirar o fôlego.
Na região rural do país, puderam ver trabalhadores, colhendo pimentões, necessários para a fabricação de um condimento, a páprica.
Aproveitando oportunidade, já que estavam na Hungria, foram conhecer a região do Vale do Danúbio. Em Budapeste, puderam então conhecer o famoso Rio Danúbio.
Além disso, enquanto estiveram em visita pela cidade, visitaram a Igreja de São Matias, bem como a Praça da Santíssima Trindade. 
Em Esztergom, nas proximidades do Rio Danúbio, puderam conhecer uma Basílica, além de desfrutar da magnífica visão de uma cidade húngara.
Em sua longa viagem empreendida pela Europa, os turistas tiveram a rara oportunidade de conhecer inúmeros países. 
Assim, visitaram a Romênia, importante país do velho continente, onde teria surgido lendas sobre vampiros.
Em visita ao país, conheceram a Cidade de Cluj-Napoca, uma bela localidade. 
Dado o frio da época, passaram rapidamente pela Estação Balneária de Herculane. Isso por que, por ser um local pródigo em fontes termais, necessário se fazia que o tempo colaborasse para que os turistas pudessem se deleitar com suas águas radioativas e energizantes. Entrementes, apesar de ser um local mais apropriado para ser visitado no verão, os turistas não puderam deixar de admitir, que era uma linda cidade, ampla, bem cuidada, e que, apesar de tudo, valera a pena conhecê-la.
Além disso, ainda tinham muito o que conhecer do país. Em Sinaia por exemplo, puderam apreciar a rica coleção de pinturas do Museu Peles. Esse museu, em estilo normando, era uma atração a parte.
Em Timisoara, famosa cidade produtora de vinhos e porcelanas, puderam se deslumbrar  com as muralhas que emolduravam a cidade.
E assim, transcorreu a viagem. Os turistas, ao verem a Universidade Alexandru Ioan Cuza, em Iasi, constataram que esta, mais parecia um palácio do que uma universidade.
Isso fez Marilu pensar. 
Na Inglaterra, muitas de suas Universidades, são construções medievais que mais parecem palácios. Realmente muito curioso. Isso porque, muitas vezes quando algo é realizado, pode acabar tendo uma outra destinação do que a inicialmente planejada. É, realmente a vida é muito curiosa. 
Ademais, apesar do interesse dos turistas pela terra dos vampiros, estes só foram conhecer a Transilvânia, ao final do passeio pelo país. Ansiosos por conhecer a famosa região, planejaram longas caminhadas.
Assim, quando finalmente ali chegaram, puderam constatar que se trata de uma região rural, muito importante para a agricultura do pais. E, a despeito das lendas surgidas, em nada lembrava a tão assustadora presença de um possível vampiro.
Mas, enfim, apesar disso, a viagem se revelou maravilhosa, para todos os que a empreenderam.
De passagem pela Bulgária, puderam conhecer Plavdiv, e a Universidade de Sofia – uma bela e imponente edificação.
Além disso, conheceram também, a Catedral Monumento de Alexandre Nevski. Em seu subterrâneo, está abrigado um museu de arte búlgara, antiga e medieval. 
Com isso, após três dias de viagem, os turistas pegaram o trem e embarcaram rumo a Iugoslávia.
Assim, como nos outros passeios que fizeram, enquanto o trem percorria enormes distâncias, os turistas podiam se maravilhar com as paisagens rurais, bem como com as imponentes visões naturais a que tinham acesso. Isso por que, ainda no trem, puderam se maravilhar com os Alpes Julianos, situados na região.
Em Belgrado, puderam conhecer um pouco mais sobre a cultura do país.
Na Macedônia, importante região agrícola, puderam conhecer plantações de fumo características do lugar.
Quando de passagem pela Croácia, puderam se maravilhar com um anfiteatro romano – em Pula. Datado de 80 depois de Cristo a arena tinha capacidade para mais de vinte e três mil espectadores. Além disso, era uma visão impressionante em meio a tantas construções históricas. 
Em Split, os turistas puderam passear pela Arcada do Palácio de Diocleciano. De passagem pelo país, conheceram ainda, Rijeka, Ljubljana e Sarajevo. 
Quando de passagem pela Grécia, viajando de trem, mais uma vez, os viajantes puderam se maravilhar com as paisagens do país.
Ao chegarem em Atenas – capital –, mais do que depressa puderam perceber a maravilha que era conhecer um lugar como aquele. Da Acrópole, podiam ter uma visão geral de toda a cidade. Ao longe se podia ver o Monte Licabeto.
Ainda em Atenas, os turistas puderam visitar as ruínas do Templo de Zeus. E mais, além do templo, puderam ver o penhasco da Acrópole, em cuja plataforma se encontram ruínas de alguns dos mais fantásticos edifícios construídos pelo homem. Quanto ao Partenon, este era o símbolo de uma era passada. Magnífico templo dedicado aos deuses, é um dos grandes símbolos do país. 
No entanto, apesar de muitos dos monumentos gregos estarem em ruínas, visitar a Grécia é um acontecimento extraordinário, pensaram eles imaginando como era a vida dos gregos, e como devia ser maravilhoso quando tudo estava intacto.
Em Olímpia, puderam ver as Ruínas do Ginásio, um famoso santuário religioso e sede das primeiras olimpíadas. Lá também existe um Templo dedicado a Zeus. Em estilo dórico, é uma considerada uma das grandes construções em seu estilo.
Estupefato, Mister Winston mal  podia acreditar que estava diante de dezenas de séculos de história. Deslumbrado, cada vez que visitava um lugar sagrado dos gregos, mais e mais se encantava com sua cultura e engenho humanos.
Em inúmeros passeios, puderam descobrir que o país, assim como França, entre outros, também cultivava uvas. Em Corcira, antiga Corfu, vinhas eram cultivadas em meio ao Mar Jônio. Corcira, como era de se imaginar, é uma das inúmeras ilhas que circundam a região. Nesta ilha, inúmeras casas foram erguidas, para que seus moradores pudessem apreciar a bela vista da região. Sobrepostas, se pareciam com antigas construções gregas.
No Monte Parnasso, os turistas puderam conhecer a famosa morada do Deus Apolo.
Em Siphnos, na ilha de mesmo nome, as casas são todas feitas de pedra caiada. Brancas, ao longe, mais parecem pequenas igrejas.
Em Tessália, puderam visitar o Mosteiro de Todos os Santos, ou Barlaam. Construído em cima de um morro, – o qual possuí formações rochosas resultantes da erosão de um mar pré-histórico –, trata-se de um lugar curioso.
No Tolo de Delfos, as ruínas do edifício circular de mármore, remontam as origens do oráculo de mesmo nome. No Cais de Hidra, na ilha de mesmo nome, se encontram inúmeros pescadores em seu trabalho, qual seja, recolher esponjas do Mar Egeu.
Além disso, no Peloponeso, mais uma vez os turistas e principalmente Mister Winston, puderam se maravilhar com a plantação de uvas que dava tom ao lugar.
Quanto ao Templo de Concórdia, em Acragas, atual Agrigento, Sicília, se pode constatar mais uma vez, a grandeza de um povo. Graças a sua cultura, permanecem presentes até hoje.
Em Epidauro, os turistas puderam conhecer um Teatro da localidade, construído em 340 antes de Cristo. Já, no Templo Jônico de Erecteion, verificaram tratar-se de uma construção de grande complexidade. Apesar de estar em ruínas, todos puderam perceber que quando de sua construção, o mesmo devia ser magnífico.
Entrementes, após dez dias de passeio, os turistas tiveram que se despedir da Grécia e seguir viagem rumo a outros países.
E assim o fizeram. 
Rumando para a Polônia, puderam se recordar no caminho, das belas paisagens que lhes fizeram companhia. Assim, extasiados, pararam em Varsóvia, sua capital. Na cidade, conheceram suas construções típicas, palácios, museus e seus principais monumentos.
Lá está o Palácio da Cultura entre outras coisas.
Em seguida, rumaram para outras cidades. 
Conheceram Posnan e o magnífico prédio em que estava instalada a prefeitura da cidade. Já em Gdynia, puderam ver inúmeras embarcações atracadas em seu Porto.
Em Szczecin, um maravilhoso prédio resistiu a Segunda Guerra. Nesse prédio, uma esplendorosa e magnífica escada, convidava os turistas a longa subida em seus degraus.
Com isso, após três dias de jornada, despediram do pitoresco país e seguiram viagem.
Muito rapidamente, passaram pela Lituânia.
Já na Letônia, reservaram alguns dias para realizarem um pequeno passeio. Durante dois dias, passearam pela Capital, Riga. Lá, caminharam pela Praça Central da Cidade, lugar onde puderam vislumbrar a presença de magníficos prédios. Pela Rua Gorki, em Vilnius, puderam conhecer mais dos vários aspectos da cultura européia. Essa rua, com uma enorme praça, convidava a um gostoso passeio pelos arredores.
E assim, prosseguiram viagem.
Quando chegaram na Estônia, pararam em Tallinn, Capital. 
Lá, começaram percorrendo o trecho mais antigo da Cidade, em uma Colina circundada por muralhas, nas quais continham monumentos históricos.
Depois disso, na parte mais baixa, foram conhecer a Cidade Medieval, a qual contrastavam o antigo e o novo.
Com isso, após o passeio por este grande trecho da Europa, Mister Willian, Winston, suas famílias e convidadas, trataram logo de, em viagem de navio, percorrer as longas distâncias que os separavam dos demais países do velho continente.
Conforme a viagem se seguia, faltava conhecerem ainda a Finlândia, a Suécia e a Noruega. 

Luciana Celestino dos Santos 
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.  

SONHO DE VALSA - CAPÍTULO 7

E assim, conforme o ano ía se encerrando, Marilu, telefonou então para os pais, informando que gostaria de ficar por mais algum tempo na Europa.
Paulo, contudo ao ouvir a notícia, ficou profundamente desapontado. Para ele, a primeira coisa que a filha gostaria de fazer, era o quanto antes, voltar para casa. Mas, a despeito de seu desejo mais óbvio, a filha lhe pediu para que autorizasse a viagem dela com as amigas. Diante disso, Paulo acabou concordando em que ela estendesse o passeio.
Sentido com a filha, chegou até a comentar:
-- Nunca imaginei na minha vida, que algum dia, iria ouvir da boca de Marilu, que ela preferiria ficar mais alguns meses na Europa, viajando com as amigas. Eu sempre pensei que ela iria querer voltar correndo para casa. Afinal, nós é que somos a família dela.
Dona Rose, ao perceber o descontentamento do marido, tratou logo de consolá-lo:
-- Querido, isso não é desprezo pela gente. A atitude dela é até compreensível. Afinal, não é todo dia que se tem uma oportunidade como essa. Assim, ela tem mais é que aproveitar.
-- Tem que aproveitar. Tem que aproveitar. – resmoneou – É por conta dessas bobagens que andam colocando na cabeça dela, é que ela não quer mais saber de voltar para casa.
-- Não é verdade, Paulo. Maria Lúcia, vai voltar para casa sim. Afinal nós estamos esperando, morrendo de saudades dela.
-- Bem sei. Eu quero só ver. – completou Paulo, aborrecido.
Paulo, o pai de Marilu estava aborrecido. Muito aborrecido.
Quando sua filha ligou lhe pedindo para ficar mais alguns meses, para que pudesse viajar com suas amigas, tal fato o incomodou muito. Isso por que, sempre tivera a filha do seu lado, e não se acostumara com tanto tempo de separação. 
Esse tempo em que estiveram distantes um do outro só serviu para deixá-lo mais preocupado do que já estava com a educação da filha. Por longos meses, não sabia nada sobre o estado da filha. Não sabia se estava bem, ou mal. A únicas coisas que ainda o mantinham informado sobre os passos da filha, eram as esparsas ligações que a moça fazia para casa, e as cartas que esta lhes enviava.
Com efeito, mesmo durante sua viagem pela Europa Maria Lúcia não se descurou do encargo de enviar-lhes toda semana, um postal e uma carta, relatando os últimos acontecimentos. Zelosa, mesmo nos momentos de grande diversão, nunca se esqueceu da atenção que deveria ter com os pais.
Mas para eles, principalmente para Seu Paulo, isso não era o suficiente. Os últimos meses longe da filha, foram muito duros para ele. Saudoso, já não podia mais contar os minutos para rever a filha.
Mas essa, ao contar-lhe o quão importante era o passeio, acabou por convencê-lo.
Com efeito, após algumas ligações, novamente o venceu pelo cansaço.
Seu Paulo, ao perceber a felicidade da filha ao comentar os inúmeros passeios que iria realizar, acabou convencendo-o a concordar. Afinal, tal viagem até a ajudaria.
E assim, mesmo diante do argumento de que ela já conhecia boa parte dos países os quais iria visitar, Paulo não conseguiu demovê-la da idéia de empreender a viagem. Isso porque, até mesmo para ele que era um tanto quanto turrão, esta viagem era um achado. Nunca mais em sua vida, Maria Lúcia empreenderia um passeio tão magnífico pela Europa. Viajar por quase quatro meses!
Isso realmente, não era para qualquer um.
Assim, Paulo teve que concordar. 
Nem mesmo ele, em viagem com a família, ficou tanto tempo fora do país. Esta era uma oportunidade de ouro para ela.
Diante disso, não tinha argumentos. Rose estava certa, seria bobagem Marilu não aproveitar o convite. Assim, Paulo mais uma vez, capitulou.
Contudo, a despeito do conformismo de Paulo com a decisão de Marilu, Laura – a irmã  caçula –, não ficou nem um pouco satisfeita com a notícia.
Isso por que, mais uma vez, sentiu-se preterida.
Afinal, segundo ela, que direito Marilu tinha de ficar tanto tempo longe de casa, ocupando as mentes e os corações de seus pais? Isso por que durante um ano teve que aturar as lamúrias dos dois, enquanto sentiam saudades de Marilu. Já não agüentava mais.
Como já imaginava o que viria pela frente, Laura ficou ainda mais aborrecida.
Diante do novo quadro apresentado, seu desejo de viajar no final do ano com a família, estava cancelado. Isso por que, seu pai, preocupado com a possibilidade de Marilu desistir da viagem com as amigas a qualquer momento, decidiu que não realizaria nenhuma viagem.
Tal novidade, ao cair nos ouvidos da garota, produziu os mesmos efeitos que uma bomba.
Decepcionada, Laura foi para seu quarto, onde ficou trancada por horas a fio.
Durante todo esse tempo chorou e culpou a irmã pelo cancelamento da viagem que ela faria com os pais.
Por conta disso, Dona Rose fez todo o possível para consolar a filha. 
Tentando-lhe explicar os motivos do cancelamento da viagem, Rose só conseguiu fazer a filha ficar ainda com mais raiva da irmã.
Assustada, Rose não conseguia compreender o motivo da ira de Laura. Sempre fora mimada pelos dois, bem tratada, bem cuidada. Não compreendia a razão de tanta raiva.
Por isso, tentando remediar a situação, Rose resolveu propor a filha, uma viagem só com as duas, para alguma das inúmeras praias do litoral paulista.
Laura, ao ouvir a proposta da mãe, ficou furibunda. Enraivecida com a proposta, considerou-a estapafúrdia. Furiosa que estava, disse a mãe, que esta só estava fazendo isso para aliviar sua culpa, pois ela fora responsável por toda essa confusão.
Paulo, ao ouvir o que Laura disse, chamou-lhe logo a atenção. Afinal, que direito ela tinha de acusar a mãe, se ela própria, não fazia nada para melhorar a convivência na família? Além disso, para ele, Rose não tinha culpa de nada. Tudo o que ela fizera foi no intuito de ajudar Maria Lúcia.
Mas, mesmo a admoestação, de nada serviu para Laura. Ao ouvir a repreensão, Laura ainda mais magoada com o pai disse:
-- Sempre ela. A Marilu sempre fica com a melhor parte de tudo. Para mim, só sobram os restos. – disse isso, já subindo as escadas para chegar ao quarto.
Quanto então, finalmente entrou em seu quarto, tratou logo de bater a porta.
De tão forte, o estrondo foi ouvido até na sala.
Conforme se pode perceber, as coisas pioraram muito depois que Laura soube que sua irmã só retornaria da Europa, no ano seguinte.
Paulo e Rose, já não sabiam mais o que fazer. 
Em regime de silêncio, Laura mal lhes dirigia a palavra.
Por conta disso, Paulo, certa vez, acabou perdendo a paciência com a filha.
Ao dizer-lhe bom dia, não obteve resposta. Diante disso, tentou novamente puxar conversa. Ao constatar então, que sua filha o ignorava, Paulo ficou irado.
Puxou a menina pelo braço e disse-lhe:
-- Escute muito bem. Ouviu? Sua pirralha, que direito você tem, de agir assim? Por acaso te falta alguma coisa? Não tem tudo o que uma menina da sua idade quer?
No que ela respondeu:
-- Não, eu não tenho tudo o que eu quero. Muito pelo contrário. Nessa casa, eu só levo desaforos. Aqui, ninguém gosta de mim. – disse gritando.
-- Cale sua boca, sua malcriada. Você não tem direito nenhum de dizer isso. Até por que, eu cuido mais de você do que sua mãe e de sua irmã, se quiser saber. – retrucou, enfurecido.
-- É mentira. – gritou Laura.
-- Cale a boca. Vá para o seu quarto. – respondeu gritando. – E só saía de lá, quando eu autorizar. – terminou dizendo, agora mais calmo.
Por conta dessa briga, Dona Rose ficou penalizada. Discordando do marido, chegou até a questionar o rigor do castigo. Mas, ao ver o comportamento da filha, acabou se convencendo que o marido havia tomado a melhor atitude possível, com relação aos últimos acontecimentos.
É, realmente, o clima estava muito ruim na casa da família de Maria Lúcia. Desde que decidira realizar uma grande viagem pela Europa, antes de retornar, as coisas ficaram ainda piores na casa. 
Laura estava cada vez mais impossível. Por conta de seu comportamento, insuportável nos últimos tempos, a garota passava cada vez mais tempo sozinha.
Suas poucas amigas, cansadas de aturar o mau-humor da menina, pouco a pouco foram se afastando dela.
Por este motivo, freqüentes vezes, Laura era vista sozinha, sentada no quintal, observando as pessoas que passavam na rua. Desacostumada a não ser o foco das atenções, nos últimos meses, vinha fazendo de tudo para chamar a atenção dos pais. 
Reiteradas vezes, arrumou discussão com os colegas da escola, só para que seus pais fosse até a escola. Mas, ao contrário do que esperava, tudo o que fazia, resultava em broncas e repreensões.
Tais discussões, no entanto, só serviam para que ela ficasse ainda mais revoltada com os pais.
Muitas vezes, resmoneando sozinha, chegou a seguinte conclusão:
-- Se fosse com Maria Lúcia, o comportamento deles, seria diferente. Mas como sou eu, eu vou ser sempre a culpada de tudo.
Por este motivo, passou a se sentir cada vez mais injustiçada.
Acostumada a ser sempre o alvo de todas as atenções, mal podia acreditar que fora preterida. Sonhando com uma grande viagem pela Europa, sentiu-se em desvantagem em relação a irmã.
Por essa razão, seu relacionamento com a família foi se tornando cada vez mais desgastado.
Por conta da última discussão que tiveram, Laura passou a cada vez ficar em seu quarto. Só saía de lá, quando almoçava ou jantava. Com isso, passou a ficar cada vez mais reclusa. Mesmo quando foi liberada do castigo, a garota raramente ficava com os pais.
Por conta do cancelamento da viagem, Laura ficou profundamente desapontada. Magoada que estava, não queria saber de conversa com ninguém.
Paulo, preocupado com isso, comentou com a esposa, que precisava tomar uma atitude. No entanto, não sabia o que fazer.
Conforme os dias passavam, as coisas só pioravam. 

Luciana Celestino dos Santos 
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte. 

SONHO DE VALSA - CAPÍTULO 6

Quando retornaram da excursão pela Europa, as meninas estavam cheias de novidades para contar. Retornando ao colégio com quase uma semana de atraso, tinham elas, muito o que contar para as amigas.
Assim, durante as primeiras semanas, quando de retorno as aulas, não faltou assunto para Maria Lúcia. Entusiasmada com a França, com a Espanha, Portugal e com a Itália, tinha muito o que falar sobre o que viu. Durante as semanas de viagem, ela pôde se maravilhar com os castelos do Vale do Loire, na França, e com sua magnífica capital Paris, bem como com os passeios de trem pela região vinícola do país. Sim, por que a França, além de ser um grande país no que se refere a produção de vinhos, também possuí inúmeros outros atrativos.  
Ademais, havia muito o que ser dito sobre Portugal, Espanha e Itália, os outros países que visitaram. Estes também possuem, assim como a França, uma grande tradição histórica.
Animada com o belíssimo passeio que realizou em companhia das novas amigas e de seus pais, Marilu pôde contar então, que Portugal foi o país que colonizou o Brasil, sua terra. 
Curiosas, suas colegas de escola, passaram a lhe perguntar se ela, por ser brasileira, era descendente de Portugueses.
Ao ouvir a pergunta, Maria Lúcia assentiu com a cabeça:
-- Yes, I’m descendant of Portuguese.1 – respondeu.
Assim, igualmente maravilhadas com o passeio da colega, Lisa, Susie e outras meninas, não se cansavam de fazer perguntas.
Embora muitas delas já estivessem acostumadas a realizarem estes passeios, adoravam ouvir a forma como Maria Lúcia comentava cada detalhe de sua viagem. Cuidadosa com as palavras, quando comentava sobre a viagem, conseguia descrever com perfeição, a mesma imagem que já haviam visto.
Enfim, Maria Lúcia, com jeitinho simpático, realmente cativou a todos.
Alvo das constantes atenções da amiga, era freqüentemente convidada para passeios. Certa vez ...
-- Hey Marylu how are you?2 – perguntou Carol.
-- Iam very well, thank you. What about yourself?3
-- I feel great!4 – respondeu.
-- That’s good to hear!5
-- Mary I want to invite you for a strool.6
-- What’s stroll?7
-- Shall we walk with me?8
-- Yes, that’s nice!9
-- At six p.m. Ok?10
-- Ok. That’s good.11 
Com isso, ao aceitar o convite, Marilu e Carol passaram a tarde inteira a passear e a conversar. Visitaram lugares famosos de Londres. 
No centro de Londres por exemplo, passaram por Pall Mall Street, bem como pela National Gallery. Assim por estarem próximas a Saint Martin’s in the Fiel Church, aproveitaram para fazer uma pequena oração.
Depois que saíram da igreja, passaram pela Trafalgar Square, que ladeava a Torre de Nelson. Em seguida foram até a rua próxima e chegaram à Northumberland Avenue.
Logo após, Marilu e Carol atravessaram a Ponte de Charing Cross. Ao lá chegarem, finalmente puderam admirar o Rio Tâmisa, marco da cidade. Próximos a este rio estão, a Torre de Londres, sendo que ao centro, está a Torre Branca, construída durante a Idade Média. Ali perto está também a Ponte Westminster, a Torre Victoria das Casas do Parlamento, a Ponte Lambert e o Edifício Vickers.
Quando chegaram a Abadia de Westminster, Marilu pediu a colega, para que parassem um pouco por ali, para que ela pudesse admirar, mais uma vez, a beleza da Igreja.
Realmente Londres é uma cidade fascinante.
Quando finalmente chegaram a uma das feiras de antigüidades da cidade, caminhando em meio as barracas, Maria Lúcia virou-se para virou-se para Carol e perguntou:
-- What’s that thing?12
-- I’m not sure.13 – respondeu ela.
Foi então que Marilu percebeu, que se tratava de uma banca de perfumes. Interessada, perguntou ao vendedor, qual era o preço de alguns dos perfumes em exposição:
-- How much are these botlles?14
-- This one is fifteen pounds each.15 – respondeu o vendedor.
-- Fifteen pounds!16 – exclamou Maria Lúcia espantada.
-- That’s expensive.17 – reiterou Carol.
-- They’re very old perfums. They’re victorian.18 – explicou o vendedor, tentando convencer as duas a comprarem alguns vidros de perfume.
Diante das argumentações do vendedor, as duas acabaram por se convencer de que se tratava de uma boa aquisição e compraram alguns frascos de perfume.
-- This one is beautiful.19 – disse Carol apontando para um dos frascos.
Maria Lúcia ao ver o perfume, concordou.
E assim, as duas acabaram comprando vários frascos de perfume. 
Quando foram pagar:
-- Here’s sixty pounds.20 – disseram as garotas.
Com isso, devidamente abastecidas com objetos de consumo, as duas foram passear em um dos vários parques da cidade.
Depois, famintas que estavam, foram almoçar em um dos vários restaurantes de Londres. Por serem menores de idade, não poderiam freqüentar os pubs, muito comuns por lá. Mas, apesar disso, puderam se regalar com uma lauta refeição em um dos muitos bons restaurantes da cidade.
Ao se sentarem a mesa, foram logo atendidas por um maitre:
-- Are you read to order?21 – perguntou o garçom.
-- Yes. I’d like a steak, please with chips and salad of carrots.22 – pediu Carol.
-- And your miss?23 – perguntou o garçom.
-- I’d like some chicken, with chips, please.24 – pediu Marilu.
-- Anything to drink?25 – perguntou o garçom.
-- I would like a glass of orange juice.26 – pediu Marilu. 
-- And me, a refreshment.27 – pediu Carol.
-- Thank you.28 – respondeu o garçon, já se dirigindo a cozinha do lugar.
Assim, quando finalmente a refeição chegou, as duas nem se deram conta de quanto tempo havia se passado. Afinal, ficaram o tempo todo conversando.
Quando então a comida chegou, assim entretidas, ficaram espantadas com a rapidez do cozinheiro. Famintas que estavam, foram logo se servindo.
Enquanto se deliciavam com a comida, Carol e Maria Lúcia, elogiavam o cardápio.
-- Ah, delicious.29 – comentou Marilu.
-- Would you like a dessert?30 – perguntou o garçom ao perceber que as moças haviam terminado a refeição.
-- No thanks.31 – respondeu educadamente Carol.
-- And yours?32
-- For me, a piece of cake, please.33 – respondeu Maria Lúcia.
E Maria Lúcia se deliciou com a sobremesa.
Depois, que terminaram a refeição, novamente o garçon se aproximou e perguntou as moças:
-- Would you like some more?34
-- No thanks.35 – respondeu Marilu.
Era sempre assim. Depois de alguns meses freqüentando o colégio inglês, Maria Lúcia era alvo constante de convites para sair, de passeios. Sua excursão pela Europa, por exemplo, fora mais um dos inúmeros convites que recebia de suas novas colegas.
Mas, tal solicitação tinha duas faces. Assim como ela era muito querida por lá, Maria Lúcia fazia questão também, de ser gentil com as amigas.
Por isso, quando lhe pediam qualquer livro emprestado, Marilu o emprestava sem problemas.
-- Can you lend me your book?36
-- Yes, dont have problems.37
-- Thank you, friend.38 – respondiam sempre.
Da mesma forma, que era sempre bem tratada por todos, fazia questão sempre, de retribuir a gentileza.
Assim, quando ía dormir.
-- Were you asleep?39 – certa vez lhe perguntaram.
-- No. I’m just going to bed.40 – respondeu ela.
-- At that time, good night to you, Marylu.41
-- Good night to you, Emily.42
Para ela, tais gestos eram extremamente importantes. Afinal de contas, se agressividade só traz como retorno violência, a educação, a cordialidade, só poderiam gerar gentileza. Aliás, essa era sua máxima. Delicadeza, gera gentileza.
Por isso sempre procurava retribuir as gentilezas que recebia.
Contudo certa vez, Maria Lúcia ficou deveras aborrecida com o comportamento das amigas. Isto por que, devido ao adiantado do ano letivo, começou a sentir mais e mais, saudades de sua família. 
Por conta disso, algumas vezes ficava triste e pedia as amigas para ficar sozinha. Mas estas, ao verem Marilu reclusa, absorta em seus pensamentos, chegaram a cogitar que a moça estava sofrendo de solidão. Assim, mesmo não intencionalmente, começaram a fazer-lhe perguntas inconvenientes, e preocupadas, passaram a agir com o intuito de distraí-la.
Atenciosas, só queria ajudá-la, mas o que conseguiram, foi justamente o oposto do que desejavam.
Aconteceu desta forma.
Maria Lúcia, conversando com as amigas, comentou que estava muito saudosa de sua família. 
-- I’m feeling miss of my relatives.43
Uma das meninas disse:
-- You’re lonely.44
-- I’m not lonely. I have a family.45 – respondeu Maria Lúcia, irritada.
-- But you’re sad.46 – insistiram as amigas.
No entanto, a despeito da boa intenção das meninas, estas, ao verem que ela ficou aborrecida com os novos rumos da conversa, trataram logo de distraí-la. Para isso, ofereceram-lhe um chá.
-- Would you like a cup of tea?47
-- Yes, please.48 – respondeu agora, mais tranqüila.
-- Here it is.49
-- Thank’s.50
-- Tomorrow I’ll walk around London’s center. Do you like to walk with us?51
-- Yes, with pleasure. Thank you very much.52 – disse agradecida.
E assim, tudo acabou se resolvendo.
Diante disso, Pamela, Susie, Emily, Helen, Carol, Marilu e Lisa, aproveitaram os últimos meses do ano letivo, para, além de estudar, se conhecerem melhor. Para isso, sempre que podiam sair da escola, aproveitavam para passear e conhecer melhor a região.
Por conta disso, cansadas que estavam de só passear por Londres, decidiram certa vez, quando os pais de Helen vieram de passagem pela cidade, que, sob os seus cuidados e vigilância, conheceriam algumas cidades próximas da capital.
Convidadas pela amiga, as garotas não puderam recusar. E assim foram, passear.
Viajando de trem, puderam conhecer belos lugares da Inglaterra. 
Pela janela do trem, puderam avistar magníficas paisagens. 
No Condado de Kent, considerado ‘O Jardim da Inglaterra’, conheceram algumas de suas construções pitorescas, onde se põe o lúpulo para secar. A propósito, o lúpulo, é um precioso componente das cervejas. 
Em Berkshire, puderam conhecer uma das mais famosas tradições inglesas. O Derby de Ascot, em Ascot, onde acontecem corridas de cavalo. Segundo os turistas foram informados, a realeza sempre abre as festividades.
Ao passarem por York, puderam conhecer suas típicas ruas estreitas, remanescentes de períodos medievais. Caminhando em meio a essas construções, acabaram avistando ao fundo, as torres do Mosteiro de York. Ao se aproximarem da construção, puderam constatar o quanto este era bonito.
Durante o passeio, visitaram fábricas de produtos de porcelana, em Longton, Staffordshire. De tão maravilhados com a profusão de bons produtos, os turistas resolveram comprar algumas porcelanas.
De tão animados, chegaram até a conhecer Liverpool, que alguns anos após, revelaria grandes nomes da música inglesa.
Assim, aproveitaram muito os últimos meses do ano. E, mesmo sob restrições, durante a viagem de trem, puderam conhecer e visitar muitos lugares das cidades vizinhas.
Durante o passeio, os turistas se fartaram de ver inúmeras construções no mais clássico estilo inglês. 
No colégio em que estudavam, a arquitetura e os elementos do prédio, datavam da época medieval. Assim, durante meses as alunas se viram cercadas por muros e uma arquitetura sóbria.
Quando então, podiam ver outros tipos de construções, as garotas se maravilhavam com o que viam. Afinal, mesmo podendo passear em alguns fins de semanas, a vida de uma interna, não é fácil. Por estarem sob a responsabilidade de terceiros, não podem se dar ao luxo de fazerem o que bem entendem. Para tudo, tem darem satisfações.
Daí a razão de adorarem sair, e aproveitarem isso muito bem.
Por isso, quando do término do ano letivo, Lisa, Carol, Susie, Pamela e Marilu estavam mais do que preparadas para seguirem viagem pelos países da Europa. Convidadas pelos pais de Helen e Emily, aceitaram mais do que depressa viajar.
Marilu então, nem se fala. Com a experiência de haver feito uma viagem com a família, teve o cuidado de recomendar as quatro meninas, que aceitassem o convite. Acompanhantes maravilhosos, Mister Winston e Mister Willian eram muito simpáticos. Ademais, um convite desses, era irrecusável. Afinal, não é todo dia que se tem uma oportunidade dessas.
Assim, diante de tantos argumentos, as garotas acabaram por aceitar realizar o passeio.
Este aliás, passou a ser uma coisa certa para todas elas.
Mas, antes disso, foi realizada uma bela recepção, para comemorar o encerramento do ano letivo. 
Em uma recepção simples, as moças, foram cumprimentadas pela direção do colégio, que fez questão de convidar a todas, para que permanecessem por lá. Mas, Maria Lúcia, mesmo ante a decepção das amigas, teve que recusar o convite.
Apesar de ter adorado o colégio, não podia continuar. Afinal, havia prometido aos pais, que só ficaria um ano na Inglaterra. Mas, gentil, agradeceu a oferta.
E assim, após o cerimonial, todos foram se sentar e conversar. E entre quitutes, comes e bebes as moças se divertiram muito.
Emily e Helen, insistindo para que Marilu ligasse para os pais para que os mesmos a autorizassem a fazer a viagem acabaram convencendo a moça. Marilu então prometendo que falaria com os pais, pediu então para que aguardassem um pouco.
As moças então concordaram. Mesmo assim, Carol, Susie, Lisa, Pamela, Helen, Emily e ela, trataram de sair cedo da festa. 

Tradução:
Eu sou descendente de Portugueses.
Oi Marylu, como vai você?
Eu vou bem, obrigada. E você?
Estou bem.
Fico feliz por ouvir isso!
Mary, eu quero te convidar para um passeio.
Que passeio?
Você gostaria de fazer um passeio comigo?
Sim, com prazer.
Às seis da tarde. Está bem?
Sim. Está bem.
O que é aquilo?
Não sei ao certo.
Quanto custam estes frascos com perfume?
Cada um custa quinze libras.
Quinze libras!
É muito caro.
 São perfumes muito antigos. São da Era Vitoriana.
 Este é bonito.
Aqui estão sessenta libras.
Estão prontas para fazerem o pedido?
Sim. Eu quero um bife com batatas fritas e uma salada de cenoura.
E você senhorita?
Eu quero frango com batatas fritas, por favor.
Alguma coisa para beber?
Eu quero um suco de laranja.
E eu, um refrigerante.
Obrigado.
Delicioso!
Vão querer sobremesa?
Não, obrigada.
E você?
Para mim, um pedaço de torta de chocolate, por favor.
Mais alguma coisa?
Não, obrigada.
Você pode me emprestar seu livro?
Sim, sem problema.
Obrigada amiga. 
Você está dormindo?
Não. Eu estou indo para cama.
Então, boa noite pra você Marylu.
Boa noite pra você Emily.
Eu estou sentindo saudades dos meus parentes.
Você está sozinha.
Eu não estou sozinha. Eu tenho uma família.
Mas você está triste.
Você gostaria de tomar uma xícara de chá?
 Sim, por favor.
Aqui está.
Obrigada.
Amanhã, nós iremos passear pelo centro de Londres. Você quer ir com a gente?
Com prazer. Muitíssimo obrigada.

Luciana Celestino dos Santos 
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.