Depois de almoçarem, Lindolfo e Andréia saíram para passear.
Era assim que transcorria a vida, na família Oliveira Jardas.
Nos últimos dois anos, Lindolfo não se cansou de brigar com Lorena, por conta de seus namorados ocasionais.
Seu primeiro namorado, que conheceu aos dezesseis anos, causou muitas brigas em casa. Lindolfo, ao ver sua filha namorando um hippie, ficou horrorizado. Não poderia ter arrumado algo melhor? Pensava.
Por isso, assim que soube do namoro da filha, fez o que pôde para que Lorena terminasse o relacionamento. Alegando que ela ainda era muito nova, e que o rapaz que arrumara não servia para namorado, Lindolfo torpedeou o quanto pôde, o relacionamento dos dois.
Por conta disso, o rapaz, cansado das provocações de Lindolfo, acabou desistindo do compromisso com Lorena.
Tal fato, deixou Lindolfo extremamente feliz, mas não contribuiu em nada para melhorar o relacionamento dele com Lorena.
Em razão disso, os últimos dois anos, foram verdadeiros tempos de guerra na família Oliveira Jardas.
Lorena, por ser muito parecida com o pai, desejava ter mais liberdade. Mas, ao contrário do que desejava, o que vinha obtendo era mais controle.
Aborrecida com tudo o que vinha acontecendo, passou a se encontrar furtivamente com os namorados. Namoradeira, em dado momento, chegou a ter até três namorados ao mesmo tempo.
Esta informação, ao chegar aos ouvidos de seu pai, só serviu para que as brigas entre os dois, se tornassem mais constantes.
Diante disso, depois de completar dezoito anos, Lorena decidiu com Lara, que assim que arrumasse um bom trabalho, sairia de casa. Cansada de brigar quase todos os dias com o pai, Lorena estava decidida a mudar sua vida.
No entanto, precisava contar com o apoio da irmã.
Sempre fora assim, desde pequenas, as duas nunca se largavam.
Mesmo Luís – que nessa época já estava com dezesseis anos – este, nunca fora tão próximo de Lorena quanto Lara.
Luís, sempre fora muito mais ligado com Lara do que com ela. Mesmo quando os dois brigavam por sua atenção, Luís entrava nesta disputa, mais para competir com Lara, do que almejando realmente a atenção de Lorena.
Por esta razão, nos últimos anos, Lara também vinha adotando uma postura mais rebelde com o pai. Mas, ao contrário de Lorena, que era namoradeira, Lara estava cercada de amigos estranhos.
Também, nos últimos tempos, Lara passou a se vestir de maneira estranha.
Acostumada a se vestir com coturnos e roupas escuras, seu pai, vivia implicando com ela.
Diversas vezes, Lindolfo discutiu com ela sobre seus modos. Afirmando que aquilo não era maneira de uma moça se comportar, chegou até a levá-la ao banheiro e molhá-la, tentando com isso, demovê-la da idéia de se vestir daquela maneira.
Mas, não adiantava, Lara, teimosa, não se cansava de afrontá-lo.
Assim, depois de algum tempo, Lindolfo acabou desistindo de impor sua vontade a filha. Mesmo assim, nunca se acostumou com o visual despojado de Lara. E sempre que podia, implicava com o visual e as companhias da filha.
Certa vez, durante uma discussão entre os dois, Lindolfo irado, tirou sua sandália, e atirou-a contra Lara, que em tempo, conseguiu se desviar.
Andréia, quando via essas brigas, insistia com o marido para que esse não desse corda, nem para Lara, muito menos para Lorena. Andréia sensata, sempre dizia que se ele não valorizasse tanto o estranho comportamento das duas, as mesmas acabariam por desistir de tudo aquilo.
Mas, Lindolfo, nunca lhe deu ouvidos. Desde que as meninas entraram na adolescência, tudo passou a ser motivo para homéricas brigas entre os três. No entanto, nos últimos anos, a coisa piorou muito. As brigas passaram a ser mais freqüentes, e a convivência mais e mais difícil.
Lara, insistentemente o acusava de ter matado sua mãe.
Insuflada por sua irmã mais velha, Lara acabou descobrindo, em conversas entre Lindolfo e seus amigos, Maurício e Rodrigo, que Lizandra, momentos antes do acidente, tivera uma briga horrível com ele.
Atenta, ouviu que os dois discutiram por conta de um caso que ele tivera com uma moça, que morava na periferia. Caso este, que ele tentou explicar para ela, mas que ela, enraivecida, não quis escutar. Assim, Lizandra pegou o carro do casal, e enlouquecida, acabou sofrendo um acidente.
Descobrir isso, foi terrível para ela. Afinal, desde pequena, Lara fora acostumada com a idéia de que Andréia era sua mãe, e que Lindolfo era um bom pai. Mas depois disso, seu relacionamento com Lindolfo nunca mais foi o mesmo.
As coisas só pioraram depois disso. Lara, que já adotara um comportamento rebelde, mais e mais foi se aproximando de pessoas estranhas. Magoada e confusa, nos últimos tempos, passou a ficar cada vez menos em sua casa.
Seus irmãos menores, viviam cobrando a presença dela e de Lorena, mas as duas, não estavam nem aí.
Mesmo quando Luís pediu a Lara, para lhe fizesse companhia, a moça não desistiu de sair. Desculpou-se, mas foi se encontrar com os amigos.
Lara, por ser menor de idade ainda – estava com dezessete anos –, não podia freqüentar certos lugares. Mas, ajudada por sua turma, acabou freqüentando festas na qual não poderia entrar, dada sua idade.
Diante disso, Lara pôde presenciar as coisas mais esdrúxulas. Viu pessoas beberem até cair, se drogando, entre outras coisas. Mas isso, não a incomodava. Só a idéia de fazer parte de um grupo, já a encantava. E para fazer parte disso, não media esforços.
Seus irmãos Leonardo, Lúcio, Lígia, Leandro, Linda e Augusto, esses filhos de Lindolfo e Andréia, estavam cada qual, com 13 anos, 11 anos, 9 anos, 7 anos, 5 anos e 3 anos, respectivamente.
Nessa época, Andréia, grávida de alguns meses, sofreu um abortamento, e perdeu a criança. Desolada, pôde contar durante todo o período da convalescença, com o apoio do marido.
Mas, apesar de penalizadas com a triste situação da madrasta, Lorena e Lara decidiram sair de casa.
E assim, conforme o planejado, Lorena, já trabalhando em um serviço seguro, estava suficientemente calçada para isso. De formas que, logo que encontrou um apartamento para morar, combinou com a irmã, de se mudarem para lá.
Lindolfo, ao saber disso, no entanto, ficou possesso. Afinal, por ser menor de idade, não poderia deixar Lara ir morar sozinha com a irmã. E assim, novamente uma briga se desenrolou na casa da família Oliveira Jardas.
Ao perceber que seu pai jamais aceitaria que ela saísse de casa para morar com a irmã, Lara ameaçou o pai, dizendo que iria sim, mesmo que ele não concordasse. Afinal, em suas palavras, Lindolfo nunca se importara com ela. Atrevida, chegou até mesmo a dizer, que este, não tinha moral para proibi-la de nada.
Lindolfo porém, não se intimidou, e berrando, mandou-a voltar para o quarto.
Diante disso, mesmo revoltada, Lara teve que voltar.
Andréia, quando soube da confusão, ficou perplexa. Afinal de contas, como podia ser aquilo? Como pai e filha podiam brigar tanto? Ela não conseguia entender.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Poesias
sexta-feira, 30 de julho de 2021
SOCIEDADE ALTERNATIVA - CAPÍTULO 13
Mas também, animada que estava, desejava organizar uma festa para as filhas.
Por conta disso, não poupou despesas. Juntamente com as amigas da vizinhança, preparou comes e bebes.
Como possuía uma empregada, esta a auxiliou também, nos preparativos.
Por meio de telefone, convidou a meninada da escola para a festa, assim como as crianças e amigos da vizinhança.
Mas, conforme os convidados iam aceitando o convite, mais Thereza se dava conta de que precisava de espaço para a festa. Por isso, tendo condições de alugar um salão, tratou logo de alugar o salão de festas do centro.
Este salão, por ser amplo e muito bonito, era o ambiente ideal para a comemoração dos aniversários. E assim, a festa se realizou lá.
Com muita pompa e circunstância, Lílian, Letícia e Léa, comemoraram seus aniversários.
Por serem trigêmeas, tal fato foi comentado em toda a cidade. E, por conta disso, muitos curiosos tentaram entrar na festa para ver as meninas. Contudo, Thereza, precavida, só autorizou a entrada das pessoas convidadas. E, para se prevenir contra qualquer problema, mandou, em uma gráfica, imprimir convites. Assim, só quem apresentasse o convite, poderia entrar.
Tal cuidado, evitou a presença de penetras.
Entretanto, isso não evitou que a festa chegasse aos ouvidos de Lindolfo.
Como Luís, Lorena e Lara freqüentavam a mesma escola de Letícia, Léa e Lílian, não tinha como eles, não ficarem sabendo da novidade.
Mesmo Leonardo, Lúcio e Lígia, que por serem menores, não poderiam participar da festa, sabiam que uma festa muito boa, ia acontecer em Arco Verde. Animados, chegaram até a pedir ao pai, que os levasse até lá.
Mas Lindolfo, surpreso com a novidade, não autorizou a ida de qualquer dos filhos, àquela festa. Alegando que não conhecia a família das garotas, proibiu terminantemente, a ida de seus três filhos mais velhos a festa.
Como era de se esperar, tanto Lara quanto Lorena, protestaram. Mas, para surpresa de Lindolfo, até Luís, que sempre fora pacato, teimou em discutir com o pai, esta decisão.
Alegando que era muito amigo das três, disse que não poderia fazer esta desfeita.
Luís disse ainda, que para elas, era muito importante que seus amigos fossem, principalmente ele, que sempre foi muito camarada com as três. Desde que as meninas passaram a freqüentar a escola municipal, foram constantemente, alvo de piadinhas maldosas. Mas, ao contrário de outros garotos, Luís sempre as defendeu, sob o risco até, de ser excluído de seu grupo de amigos.
Surpreso, Lindolfo só conseguia dizer:
-- Eu não sabia disso.
-- Pois é, pai, e eu acabei brigando com meus amigos por isso. E tem mais. Eu só não fiquei sozinho, por que elas e minhas irmãs, Lorena e Lara, me faziam companhia no intervalo. Teve uma vez até que, Lara me defendeu, dizendo para os garotos que, se implicância continuasse, ela tomaria medidas drásticas. Chegou até a lhes dizer, que iriam se arrepender de tudo que fizeram.
Diante disso, Lindolfo perguntou:
-- Então Lara, já te defendeu na escola? Por que não me contou?
No que Luís respondeu:
-- Eu não podia. Lara me fez prometer que nunca contaria a ninguém sobre isso.
-- Mas por que? – insistiu Lindolfo.
-- Por que ela não queria levar uma bronca do senhor, pai.
-- E por que eu lhe daria uma bronca, meu filho?
-- Ah, não sei! O que sei, é que o senhor sempre implicou com Lorena e Lara. Mas elas, não são como o senhor pensa. Lorena e Lara são generosas. Sempre que podem, ajudam a mãe com as crianças. O senhor sabe disso.
-- Até mesmo Lara?
-- Lara principalmente. Eu nunca a vi reclamar, quando teve que cuidar dos meninos.
Lindolfo, ao ver-se diante de tantas explicações, acabou por aceitar a ida dos três a festa.
Mas, recomendou aos três, que não comentassem nada sobre a família. Afirmando que não queria ser alvo de comentários maldosos, insistiu com os filhos, para que estes não comentassem sobre a vida familiar deles.
Diante disso, Lorena, Lara e Luís concordaram em não comentar sobre o assunto.
E animados, quando o relógio marcou nove horas da noite, já estavam prontos para ir a festa.
Vestidos com calças boca de sino e camisas largas, mal viam a hora para saírem de casa. Mas, Lindolfo, cuidadoso que era, cismou em levá-los até lá. E assim, como era de costume, marcou com eles, que os buscaria à uma da manhã.
Muito embora, os três não concordassem com o horário, Lindolfo exigiu que eles o esperassem na entrada do salão, na hora combinada, sob pena de não poderem mais, sair sozinhos.
Por conta disso, não lhes restou saída, senão concordar com o determinado.
E, a despeito disso, Lorena, Luís e Lara se divertiram muito. Aproveitaram muito bem a pista de dança, e como eles mesmos gostavam de dizer, chacoalharam bem o esqueleto.
Os três cumprimentaram as aniversariantes e logo que entraram, lhes entregaram os presentes.
No que as trigêmeas, agradeceram. Preocupadas, chegaram até a pensar que os três não iriam a festa. Mas quando Letícia e Líliam viram os três se aproximando, suas preocupações se dissiparam. Mal podiam acreditar no que seus olhos viam.
Lorena, Lara e Luís comentaram, que, só foram autorizados a ir a festa na última hora, por isso, levaram os presentes a festa.
Nesse momento, Léa apareceu.
Ao receber os presentes, a moça agradeceu os três irmãos e os levou até a pista de dança.
E lá, como já foi dito antes, os três se acabaram de tanto dançar.
Lara e Luís, chegaram até a fazer uma performance juntos.
E assim, a festa transcorreu, com muita dança, muito refrigerante, muitos quitutes, e no final, o bolo de aniversário e o parabéns para as aniversariantes.
Por sorte, logo que o relógio do salão marcou onze horas, os convidados foram chamados para cantar os parabéns.
Assim, quando os três se despediram das meninas, foram poupados da indelicadeza de não estarem presentes na hora de cortar o bolo.
Com isso, quando então, o relógio marcou uma da manhã, os três foram logo se despedir das amigas, que gratas, sentiram-se muito satisfeitas com a presença deles. E apesar dos protestos das trigêmeas, os três irmãos tiveram que se dirigir até a entrada do salão, e esperar por Lindolfo, que ansioso, já os aguardava.
Por conta disso, Lara, Lorena e Luís chegaram a levar uma leve bronca, já que o combinado era que estivessem o aguardando na entrada do salão de festas. Para ajudar, quando os três finalmente saíram do salão, o relógio de Lindolfo já marcava uma e quinze da manhã.
Por conta disso, os três trataram logo de se desculpar. Não imaginavam que saíram tão tarde do salão.
Mas estava felizes. Durante o trajeto para a casa, não se cansaram de comentar como a festa estava boa. Animados, chegavam a dizer, que se acabaram na pista de dança.
Lindolfo ao ouvir isso, ficou surpreso. Mas que modo de falar, dizia.
No que os meninos respondiam que todo mundo falava daquele jeito.
Ao chegarem em casa, não fosse a intervenção de Lindolfo, os três ficariam durante toda a madrugada, conversando sobre a festa. Mas ele logo interrompeu a conversa dos três. Alegando que havia crianças pequenas na casa, mandou os três se recolherem sem fazer barulho. Afinal todos em casa já dormiam.
E assim, Lindolfo, subiu as escadas e foi para seu quarto.
No entanto, por conta das emoções do dia e da noite que se sucederam, Lindolfo não conseguiu dormir. Preocupado com a possibilidade de seu antigo caso, vir a tona, não conseguiu ter uma noite de sono tranqüila.
Por conta disso, Andréia, percebendo a inquietude do marido durante a noite, deixou-o dormir até mais tarde.
Já Leonardo, Lúcio, Lígia e Leandro acordaram cedo.
Como era de praxe, Marlene e Bernadete, levaram a criançada para passear.
Assim, logo que se levantaram, as crianças trataram logo de se arrumar para o passeio.
Enquanto isso, Lorena, Luís e Lara, dormiam pesadamente, depois da agitação da noite anterior.
Com isso, mesmo quando as crianças retornaram do passeio, os três, assim como Lindolfo, ainda estavam dormindo.
No entanto, quando o relógio marcou onze horas, os três irmãos logo se levantaram.
Andréia, ao vê-los acordarem tão tarde, decidiu que o almoço seria feito mais tarde. Contudo, para ela e as crianças, prepararia um lanche para que conseguissem esperar até o almoço.
Como acordaram cedo, era de se esperar que ao meio-dia, ela, Leonardo, Lúcio, Lígia, Leandro e Linda, estivessem com fome.
Por isso, tratou de preparar um lanche para as crianças.
E assim, quando finalmente Lindolfo acordou, Andréia resolveu mandar as empregadas preparem o almoço.
Como já era quase três horas da tarde, mesmo ele, Luís, Lara e Lorena, estavam famintos.
E assim, todos almoçaram tarde.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Por conta disso, não poupou despesas. Juntamente com as amigas da vizinhança, preparou comes e bebes.
Como possuía uma empregada, esta a auxiliou também, nos preparativos.
Por meio de telefone, convidou a meninada da escola para a festa, assim como as crianças e amigos da vizinhança.
Mas, conforme os convidados iam aceitando o convite, mais Thereza se dava conta de que precisava de espaço para a festa. Por isso, tendo condições de alugar um salão, tratou logo de alugar o salão de festas do centro.
Este salão, por ser amplo e muito bonito, era o ambiente ideal para a comemoração dos aniversários. E assim, a festa se realizou lá.
Com muita pompa e circunstância, Lílian, Letícia e Léa, comemoraram seus aniversários.
Por serem trigêmeas, tal fato foi comentado em toda a cidade. E, por conta disso, muitos curiosos tentaram entrar na festa para ver as meninas. Contudo, Thereza, precavida, só autorizou a entrada das pessoas convidadas. E, para se prevenir contra qualquer problema, mandou, em uma gráfica, imprimir convites. Assim, só quem apresentasse o convite, poderia entrar.
Tal cuidado, evitou a presença de penetras.
Entretanto, isso não evitou que a festa chegasse aos ouvidos de Lindolfo.
Como Luís, Lorena e Lara freqüentavam a mesma escola de Letícia, Léa e Lílian, não tinha como eles, não ficarem sabendo da novidade.
Mesmo Leonardo, Lúcio e Lígia, que por serem menores, não poderiam participar da festa, sabiam que uma festa muito boa, ia acontecer em Arco Verde. Animados, chegaram até a pedir ao pai, que os levasse até lá.
Mas Lindolfo, surpreso com a novidade, não autorizou a ida de qualquer dos filhos, àquela festa. Alegando que não conhecia a família das garotas, proibiu terminantemente, a ida de seus três filhos mais velhos a festa.
Como era de se esperar, tanto Lara quanto Lorena, protestaram. Mas, para surpresa de Lindolfo, até Luís, que sempre fora pacato, teimou em discutir com o pai, esta decisão.
Alegando que era muito amigo das três, disse que não poderia fazer esta desfeita.
Luís disse ainda, que para elas, era muito importante que seus amigos fossem, principalmente ele, que sempre foi muito camarada com as três. Desde que as meninas passaram a freqüentar a escola municipal, foram constantemente, alvo de piadinhas maldosas. Mas, ao contrário de outros garotos, Luís sempre as defendeu, sob o risco até, de ser excluído de seu grupo de amigos.
Surpreso, Lindolfo só conseguia dizer:
-- Eu não sabia disso.
-- Pois é, pai, e eu acabei brigando com meus amigos por isso. E tem mais. Eu só não fiquei sozinho, por que elas e minhas irmãs, Lorena e Lara, me faziam companhia no intervalo. Teve uma vez até que, Lara me defendeu, dizendo para os garotos que, se implicância continuasse, ela tomaria medidas drásticas. Chegou até a lhes dizer, que iriam se arrepender de tudo que fizeram.
Diante disso, Lindolfo perguntou:
-- Então Lara, já te defendeu na escola? Por que não me contou?
No que Luís respondeu:
-- Eu não podia. Lara me fez prometer que nunca contaria a ninguém sobre isso.
-- Mas por que? – insistiu Lindolfo.
-- Por que ela não queria levar uma bronca do senhor, pai.
-- E por que eu lhe daria uma bronca, meu filho?
-- Ah, não sei! O que sei, é que o senhor sempre implicou com Lorena e Lara. Mas elas, não são como o senhor pensa. Lorena e Lara são generosas. Sempre que podem, ajudam a mãe com as crianças. O senhor sabe disso.
-- Até mesmo Lara?
-- Lara principalmente. Eu nunca a vi reclamar, quando teve que cuidar dos meninos.
Lindolfo, ao ver-se diante de tantas explicações, acabou por aceitar a ida dos três a festa.
Mas, recomendou aos três, que não comentassem nada sobre a família. Afirmando que não queria ser alvo de comentários maldosos, insistiu com os filhos, para que estes não comentassem sobre a vida familiar deles.
Diante disso, Lorena, Lara e Luís concordaram em não comentar sobre o assunto.
E animados, quando o relógio marcou nove horas da noite, já estavam prontos para ir a festa.
Vestidos com calças boca de sino e camisas largas, mal viam a hora para saírem de casa. Mas, Lindolfo, cuidadoso que era, cismou em levá-los até lá. E assim, como era de costume, marcou com eles, que os buscaria à uma da manhã.
Muito embora, os três não concordassem com o horário, Lindolfo exigiu que eles o esperassem na entrada do salão, na hora combinada, sob pena de não poderem mais, sair sozinhos.
Por conta disso, não lhes restou saída, senão concordar com o determinado.
E, a despeito disso, Lorena, Luís e Lara se divertiram muito. Aproveitaram muito bem a pista de dança, e como eles mesmos gostavam de dizer, chacoalharam bem o esqueleto.
Os três cumprimentaram as aniversariantes e logo que entraram, lhes entregaram os presentes.
No que as trigêmeas, agradeceram. Preocupadas, chegaram até a pensar que os três não iriam a festa. Mas quando Letícia e Líliam viram os três se aproximando, suas preocupações se dissiparam. Mal podiam acreditar no que seus olhos viam.
Lorena, Lara e Luís comentaram, que, só foram autorizados a ir a festa na última hora, por isso, levaram os presentes a festa.
Nesse momento, Léa apareceu.
Ao receber os presentes, a moça agradeceu os três irmãos e os levou até a pista de dança.
E lá, como já foi dito antes, os três se acabaram de tanto dançar.
Lara e Luís, chegaram até a fazer uma performance juntos.
E assim, a festa transcorreu, com muita dança, muito refrigerante, muitos quitutes, e no final, o bolo de aniversário e o parabéns para as aniversariantes.
Por sorte, logo que o relógio do salão marcou onze horas, os convidados foram chamados para cantar os parabéns.
Assim, quando os três se despediram das meninas, foram poupados da indelicadeza de não estarem presentes na hora de cortar o bolo.
Com isso, quando então, o relógio marcou uma da manhã, os três foram logo se despedir das amigas, que gratas, sentiram-se muito satisfeitas com a presença deles. E apesar dos protestos das trigêmeas, os três irmãos tiveram que se dirigir até a entrada do salão, e esperar por Lindolfo, que ansioso, já os aguardava.
Por conta disso, Lara, Lorena e Luís chegaram a levar uma leve bronca, já que o combinado era que estivessem o aguardando na entrada do salão de festas. Para ajudar, quando os três finalmente saíram do salão, o relógio de Lindolfo já marcava uma e quinze da manhã.
Por conta disso, os três trataram logo de se desculpar. Não imaginavam que saíram tão tarde do salão.
Mas estava felizes. Durante o trajeto para a casa, não se cansaram de comentar como a festa estava boa. Animados, chegavam a dizer, que se acabaram na pista de dança.
Lindolfo ao ouvir isso, ficou surpreso. Mas que modo de falar, dizia.
No que os meninos respondiam que todo mundo falava daquele jeito.
Ao chegarem em casa, não fosse a intervenção de Lindolfo, os três ficariam durante toda a madrugada, conversando sobre a festa. Mas ele logo interrompeu a conversa dos três. Alegando que havia crianças pequenas na casa, mandou os três se recolherem sem fazer barulho. Afinal todos em casa já dormiam.
E assim, Lindolfo, subiu as escadas e foi para seu quarto.
No entanto, por conta das emoções do dia e da noite que se sucederam, Lindolfo não conseguiu dormir. Preocupado com a possibilidade de seu antigo caso, vir a tona, não conseguiu ter uma noite de sono tranqüila.
Por conta disso, Andréia, percebendo a inquietude do marido durante a noite, deixou-o dormir até mais tarde.
Já Leonardo, Lúcio, Lígia e Leandro acordaram cedo.
Como era de praxe, Marlene e Bernadete, levaram a criançada para passear.
Assim, logo que se levantaram, as crianças trataram logo de se arrumar para o passeio.
Enquanto isso, Lorena, Luís e Lara, dormiam pesadamente, depois da agitação da noite anterior.
Com isso, mesmo quando as crianças retornaram do passeio, os três, assim como Lindolfo, ainda estavam dormindo.
No entanto, quando o relógio marcou onze horas, os três irmãos logo se levantaram.
Andréia, ao vê-los acordarem tão tarde, decidiu que o almoço seria feito mais tarde. Contudo, para ela e as crianças, prepararia um lanche para que conseguissem esperar até o almoço.
Como acordaram cedo, era de se esperar que ao meio-dia, ela, Leonardo, Lúcio, Lígia, Leandro e Linda, estivessem com fome.
Por isso, tratou de preparar um lanche para as crianças.
E assim, quando finalmente Lindolfo acordou, Andréia resolveu mandar as empregadas preparem o almoço.
Como já era quase três horas da tarde, mesmo ele, Luís, Lara e Lorena, estavam famintos.
E assim, todos almoçaram tarde.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
SOCIEDADE ALTERNATIVA - CAPÍTULO 12
Com isso, a despeito do tratamento que dedicava as filhas de Thereza, Lindolfo procurava agora, ser cuidadoso com os filhos havidos de seus casamentos.
Ao contrário do que ocorrera em seu primeiro enlace, passou a estar presente na vida dos filhos.
Aliás, quando do nascimento de Linda – sua segunda filha com Andréia –, Lindolfo ficou extremamente feliz.
No entanto, Lígia – que até o momento era a queridinha da casa –, ficou enciumada. Acostumada a ser o centro das atenções, percebeu que havia perdido o posto de xodó da família.
Por conta disso, passou ficar rebelde e mal criada. Sempre que sua mãe lhe dava uma ordem, Lígia teimosa, insistia em não obedecer. Para complicar, vivia fazendo pirraça com Leandro, nesta época com quase dois anos.
Por ser menor, Leandro vivia levando a pior. Dessarte, Lígia, ao perceber isso, passou a mais e mais, implicar com ele.
Enfim, ela judiava muito do menino.
Ademais, sempre que não havia ninguém por perto, Lígia aproveitava também, para azucrinar o bebê. Constantes vezes interrompeu seu sono, e a fez chorar muito.
Andréia, ao perceber as maldades da filha, tratou logo de lhe impingir um castigo. Em razão da malcriação praticada, Lígia estava proibida de sair com os irmãos.
No entanto, tal castigo só piorou as coisas. Lígia estava impossível.
A menina, que nesta época estava com quatro anos, vivia infernizando a vida dos irmãos.
Essa fase complicada, só se encerrou, quando Andréia, percebendo o ciúme de Lígia em relação a Linda, resolveu conversar com a menina.
Cautelosa, fez questão de ressaltar, que, apesar de haver mais uma menina na família, isso não a excluía de nada. Sempre seria a princesinha da casa, a despeito de não ser mais a única filha do casal.
Disse ainda, que ela e Lindolfo, nunca deixariam de gostar dela.
Mesmo assim, depois dessa conversa, Andréia ainda precisou conversar muito com a filha, para convencê-la de que o que dizia, era a verdade.
Isso por que, várias vezes após essa primeira conversa, surgiram pequenas rusgas com Leandro.
Mas, depois de várias conversas, as coisas se acalmaram um pouco.
Com isso, as brigas se tornaram menos constantes, e Lígia passou a não mais perturbar a irmã.
Além disso, após algum tempo, Lígia acabou se afeiçoando a sua irmãzinha. Interessada em ajudar, chegou até a auxiliar a mãe a cuidar do bebê.
Lorena – a filha mais velha de Lindolfo, na época com quatorze anos – e Lara – com treze –, eram verdadeiras auxiliares de Andréia. Sempre que as babás estavam atarefadas, as duas trocavam as fraldas da menina, davam-lhe mamadeira, e a colocavam para dormir.
Luís – doze anos –, mal parava em casa. Vivia em casa de amigos, brincando até altas horas da noite.
Tal fato, no entanto, não agradava nem um pouco Lindolfo. Por isso, passou a limitar as saídas do filho, que a respeito disso, ficou desapontado. Mas, obediente, não discutiu.
Por esta razão, Lindolfo sempre dizia para a esposa:
-- Esse menino, nunca me dá trabalho. Quem dera, Lorena e Lara fossem assim também.
Mas Andréia, argumentando que os filhos nunca são como a gente quer, dizia que isso era impossível. Afinal as pessoas são diferentes. E não se poderia exigir que os filhos agissem com os pais gostariam. Isso por que, nem os próprios pais eram do jeito que os filhos queriam.
Entretanto, Lindolfo, não concordava com isso. Mas, para encurtar a conversa, deixava o assunto de lado.
Isso, por que ele já estava cansado de discutir com as filhas. Conforme o tempo passava, mais rebeldes, Lorena e Lara ficavam. Argumentando que já eram moças, insistiam em sair de casa.
E, apesar de não ser o padrão de comportamento das meninas de sua idade, teimavam em sair a noite. Alegando que precisavam conhecer os pontos noturnos da cidade, queriam ir as festas noturnas, conhecer pessoas.
Mas Lindolfo, alegava que elas ainda eram muito novas para isso. Por conta disso, os três chegavam a ter brigas feias.
Lorena e Lara, emburradas, chegavam a ficar dias sem falar com o pai. Mas isso, não o demovia da idéia de proibi-las de sair.
No que Andréia concordava. Afinal, ainda eram duas crianças. Conforme fossem crescendo, aí sim poderiam sair à noite. No momento, ainda não estavam prontas.
Além disso, Leonardo – com oito anos – e Lúcio – com seis – eram alvos fáceis da influência e do comportamento das duas.
Em razão disso, surgiram os primeiros atritos entre Andréia, Lorena e Lara.
Lorena e Lara, aborrecidas com a madrasta, passaram a tratá-la com uma estranha.
Apesar de terem sido, praticamente criadas por Andréia, passaram a tratá-la muito mal. Primeiro, dispensando a forma carinhosa como sempre a trataram, passaram a chamá-la pelo nome.
Ao perceber isso, Andréia não se deu por vencida. Apenas disse para as duas que:
-- Meninas! Apesar de não serem minhas filhas, eu sempre gostei muito de vocês. Mas isso não quer dizer, que vocês tenha o direito de me destratar, e muito menos, tentar me intimidar. Por isso, digo e repito, vocês não vão sair se o pai de vocês não concordar com isso, e eu não vou tentar convencê-lo a mudar de idéia. Também, não vou aceitar provocações. Se vocês não querem mais me chamar de mãe, é um direito de vocês. Quanto a isso, eu não posso fazer nada.
Contudo, conforme os dias se passavam, Lorena e Lara aproveitavam cada vez mais, para passarem menos tempo em casa.
Assim, como Luís fizera, as duas passaram a ficar mais tempo em casa de amigas.
Lindolfo, ao perceber isso, tomou a mesma atitude que havia tomado com o filho. Assim, passou a limitar suas saídas.
Contudo, a teimosia das duas, tornou mais difícil sua decisão. Lorena e Lara, ao dizerem que não iam obedecê-lo, obrigaram Lindolfo a colocá-las de castigo.
Assim, por semanas, só sairiam de casa para irem até a escola, e nada mais.
Para se certificar disso, Lindolfo pediu a esposa que as levasse e buscasse.
Diante disso, as duas não tiveram saída.
Compelidas a cumprir o castigo, só lhes restou aceitá-lo. O que no entanto, não contribuiu em nada para a boa convivência em casa. Lorena e Lara, entraram na fase da rebeldia. A qual só iria piorar, com o passar dos anos.
Com isso, quando nasceu o sexto filho do casal, de nome Augusto, Lorena e Lara já estavam com dezesseis e quinze anos, respectivamente.
Luís, com quatorze anos, demonstrava mais interesse em sair com os amigos.
Lindolfo, ao perceber isso, tratou de deixar o filho realizar alguns passeios com os amigos. No entanto, quanto a sair a noite, Luís ainda era muito jovem. Mas Lindolfo prometeu-lhe que dentro de alguns anos, teria idade suficiente para tanto.
Tal fato, contudo, não o animou nem um pouco. Mas, apesar disso, Luís acatou os desejos do pai. Esperaria uma autorização para sair a noite. Enquanto isso, passearia com os amigos, pela cidade.
Entrementes, ao deixar o filho sair com os amigos, Lindolfo arrumou uma grande briga com Lorena e Lara. Afinal, depois de as ter proibido de sair com amigas, como podia deixar Luís o fazer?
Aborrecidas com isso, Lara e Lorena exigiram que o pai lhes deixasse sair a noite. Afinal já tinham idade suficiente para isso.
Diante desse quadro, Lindolfo acabou concordando. No entanto, as meninas só sairiam, quando ele autorizasse. Portanto, tais saídas não seriam constantes.
Mas, diante do progresso alcançado, Lara e Lorena não tinham do que reclamar. Haviam conseguido muito mais do que esperavam.
E assim, aceitaram as imposições paternas.
Animadas diante da possibilidade de sair a noite, foram logo pedindo a Lindolfo que as deixasse ir em uma festa que seus amigos da escola estavam organizando.
Lindolfo, cansado que estava de brigar com as filhas, foi logo concordando. No entanto, fez logo uma exigência.
Não queria que as duas chegassem muito tarde. Por isso Lindolfo, estipulou que deviam estar de volta, a meia-noite e meia, no máximo.
E assim, animadas, as duas irmãs, passaram a tarde inteira escolhendo a roupa com a qual iriam para a festa. Felizes com a concordância do pai, foram animadíssimas para a festa.
Lá dançaram, se divertiram, e conversaram com os amigos da escola.
Quando retornaram para casa, de carona com outros amigos, não cabiam em si de contentes. Agitadas, passaram a noite inteira falando da festa.
Como dormiam no mesmo quarto, puderam conversar durante toda a madrugada, sem serem interrompidas.
Diante disso, só foram dormir as quatro horas da manhã.
Assim, devidamente prevenida pelo marido, sobre a festa, Andréia não as acordou no horário de costume. Deixou-as dormir até tarde.
Ao saber da novidade, Andréia disse ao marido:
-- Que bom que você concordou com isso. Afinal de contas, agora elas já tem idade para isso.
-- É eu sei. Mas é difícil se acostumar com isso.
-- Mas você vai ter que se acostumar. Além disso, você vai ver. A convivência nesta casa, vai melhorar muito depois disso.
-- Eu espero. – disse Lindolfo.
Leonardo e Lúcio nesta época, estavam com dez e oito anos, respectivamente. Lígia, estava com seis, Leandro com quatro anos e Linda com dois anos.
Os cinco – filhos do casal –, ao não terem mais de presenciar as brigas do pai com as irmãs mais velhas, também se acalmaram, e deram um pouco de sossego as babás.
Enfim, a convivência familiar, conforme a própria Andréia havia dito ao marido, melhorou muito depois que ele resolveu deixar as meninas saírem.
E Assim, durante alguns meses, a convivência entre todos foi ótima.
Contudo, quando Lorena arrumou namorado, as coisas se complicaram na família.
Lindolfo, ao saber da novidade, ficou muito aborrecido. Afinal, segundo ele, sua filha não fora criada, para se envolver com um vagabundo.
Por isso, quando a moça apresentou o rapaz para a família, novamente os conflitos entre ela e seu pai vieram a tona.
Diante do fatídico quadro, Andréia não sabia o que fazer.
Acostumada a ver as brigas dos dois por conta de festas e saídas noturnas, nunca imaginou que o marido criaria problemas por conta de um simples namoro.
Aliás, por conta disso, Andréia foi acusada pelo marido, de estar colaborando com Lorena. Todavia, ela não sabia do referido namoro.
Por conta disso, diversas vezes, tentou explicar ao marido, que nunca tinha ouvido sequer comentários a respeito de um suposto namorado, quanto mais, que esse seria apresentado para a família. Andréia também, insistiu em dizer que ficou tão surpresa quanto ele, ao saber da novidade.
Mas Lindolfo não quis saber. Acreditando que a esposa auxiliou Lorena na história, foi logo a acusando, sem nem ao menos ouvir seu lado na história.
Aborrecida com isso, em dado momento, Andréia desistiu de tentar se explicar. Por esta razão, finalmente lhe disse:
-- Você acredita em quem quiser, eu é que não vou mais perder meu tempo, tentando lhe dizer, que eu não tenho nada com isso.
Por conta disso, aliás, Andréia chegou a dormir no quarto dos hóspedes.
Essa foi a primeira briga séria do casal.
Apesar disso, em menos de um mês, a confusão foi desfeita.
Lindolfo, ao perceber que havia sido injusto com a esposa, tratou logo de se desculpar. Amoroso, foi logo a convidando para almoçar em um bom restaurante.
Animado, preparou um espetáculo. Vestiu seu melhor terno, comprou flores e uma bela jóia. Queria impressionar.
No entanto, desculpar-se, não foi tão fácil assim.
Isso por que, as desculpas até foram aceitas, mas para isso, Lindolfo teve que se empenhar muito. Durante horas a fio, ficou a bater na porta do quarto de hóspedes, tentando se explicar. Mas Andréia era dura de se convencer. No entanto, depois de horas insistindo, Andréia, não teve alternativa. Conforme Lindolfo não ía embora, teve que ouvi-lo.
E assim, ao entrar no quarto e convencê-la de que estava arrependido pela atitude intempestiva, finalmente foram ao restaurante.
Contudo, Andréia, vaidosa que era, pediu-lhe que esperasse se arrumar.
E assim, a mulher passou um bom tempo em seu quarto, escolhendo a melhor roupa para vestir.
A seguir, os dois, devidamente trajados para a ocasião, foram até um restaurante na cidade vizinha.
Animados, só voltaram para casa, tarde da noite. Afinal, depois de tanto tempo casados, precisavam ficar um pouco a sós.
Depois de doze anos casados, precisavam de um tempo só deles.
Nesse período, Letícia, Líliam e Léa, estavam com quase quatorze anos.
Por conta disso, Thereza resolveu organizar uma bela festa de aniversário.
Afinal, desde que nasceram, as meninas tiveram poucas oportunidades de comemorarem seus aniversários.
Isso por que, apesar de Lindolfo ajudar financeiramente a mãe das meninas, em certas épocas, o dinheiro que vinha, era suficiente apenas, para cobrir as despesas básicas.
A casa mesmo, só foi comprada, por que Lindolfo, engenheiro de formação, a obteve em retribuição a um favor concedido. Assim, ele conseguiu comprá-la por um valor menor que o de mercado. Ademais, devido a localização da mesma, não se poderia mesmo cobrar muito, dado que a região, não era das mais valorizadas na cidade.
No entanto, apesar disso, por Lindolfo já possuir um família constituída, os gastos com a moradia, eram muito pesados. Assim, não restava dinheiro para muita coisa além do essencial para as trigêmeas. Dinheiro este que ele entregava para Thereza.
E assim, durante os primeiros anos de vida das trigêmeas, Thereza, para conseguir sustentar as filhas, teve até que trabalhar. Isso por que, o dinheiro que Lindolfo lhe dava, era quase todo gasto na casa. E também por que, manter uma casa, demandava o pagamento de impostos, aquisição de mobílias, etc. Além disso, dado o valor da casa, – que mesmo não sendo alto, era considerável – Lindolfo ficou desfalcado. Por meses a fio, o rapaz mal tinha dinheiro para lhe dar.
Com isso, durante muitos anos, Thereza trabalhou para cuidar das filhas.
Dedicada também procurou estudar. Depois, por estar se saindo bem na profissão, Thereza resolveu continuar trabalhando.
Por conta de seu trabalho, conseguiu criar as três filhas, mobiliar sua casa, pagar suas contas, comprar um carro, e até, continuar estudando. Assim, depois de algum tempo, por não precisar mais da ajuda financeira de Lindolfo, Thereza tratou logo de abrir uma poupança, e guardar o dinheiro das filhas. Também passou a fazer alguns investimentos.
É, nos últimos cinco anos, era isso que vinha fazendo com o dinheiro que dele recebia.
Ele que aliás, nunca deixou de lhe mandar dinheiro. Nunca as visitou depois que romperam, mas ele sempre cumpriu com o acordo que fizera.
Mas, a despeito disso, Thereza procurou levar sua vida para frente. Com dificuldades, chegou até a cursar a Universidade de Arco Verde. Mas, por conta das filhas, acabou não terminando o curso.
Entretanto, agora que suas filhas estavam maiores, estava decidida a voltar a estudar.
Até porque, conscientes agora de que para a mãe, era importante ter um diploma, não criariam obstáculos para isso. Maduras, até a apoiaram.
Isto porque, ao verem que a mãe crescia na profissão que escolhera, não tinham por que dificultarem as coisas.
Mesmo já sendo gerente em uma loja, na cidade vizinha, Thereza sabia que podia crescer. No entanto, precisa ter um diploma universitário nas mãos. Daí o súbito interesse em cursar administração.
Além disso, não era mais criança e sabia que, apesar da ajuda do ex-amante, não poderia contar eternamente com isso, pois também precisava fazer alguma coisa por si mesma. E assim resolveu voltar a estudar.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Ao contrário do que ocorrera em seu primeiro enlace, passou a estar presente na vida dos filhos.
Aliás, quando do nascimento de Linda – sua segunda filha com Andréia –, Lindolfo ficou extremamente feliz.
No entanto, Lígia – que até o momento era a queridinha da casa –, ficou enciumada. Acostumada a ser o centro das atenções, percebeu que havia perdido o posto de xodó da família.
Por conta disso, passou ficar rebelde e mal criada. Sempre que sua mãe lhe dava uma ordem, Lígia teimosa, insistia em não obedecer. Para complicar, vivia fazendo pirraça com Leandro, nesta época com quase dois anos.
Por ser menor, Leandro vivia levando a pior. Dessarte, Lígia, ao perceber isso, passou a mais e mais, implicar com ele.
Enfim, ela judiava muito do menino.
Ademais, sempre que não havia ninguém por perto, Lígia aproveitava também, para azucrinar o bebê. Constantes vezes interrompeu seu sono, e a fez chorar muito.
Andréia, ao perceber as maldades da filha, tratou logo de lhe impingir um castigo. Em razão da malcriação praticada, Lígia estava proibida de sair com os irmãos.
No entanto, tal castigo só piorou as coisas. Lígia estava impossível.
A menina, que nesta época estava com quatro anos, vivia infernizando a vida dos irmãos.
Essa fase complicada, só se encerrou, quando Andréia, percebendo o ciúme de Lígia em relação a Linda, resolveu conversar com a menina.
Cautelosa, fez questão de ressaltar, que, apesar de haver mais uma menina na família, isso não a excluía de nada. Sempre seria a princesinha da casa, a despeito de não ser mais a única filha do casal.
Disse ainda, que ela e Lindolfo, nunca deixariam de gostar dela.
Mesmo assim, depois dessa conversa, Andréia ainda precisou conversar muito com a filha, para convencê-la de que o que dizia, era a verdade.
Isso por que, várias vezes após essa primeira conversa, surgiram pequenas rusgas com Leandro.
Mas, depois de várias conversas, as coisas se acalmaram um pouco.
Com isso, as brigas se tornaram menos constantes, e Lígia passou a não mais perturbar a irmã.
Além disso, após algum tempo, Lígia acabou se afeiçoando a sua irmãzinha. Interessada em ajudar, chegou até a auxiliar a mãe a cuidar do bebê.
Lorena – a filha mais velha de Lindolfo, na época com quatorze anos – e Lara – com treze –, eram verdadeiras auxiliares de Andréia. Sempre que as babás estavam atarefadas, as duas trocavam as fraldas da menina, davam-lhe mamadeira, e a colocavam para dormir.
Luís – doze anos –, mal parava em casa. Vivia em casa de amigos, brincando até altas horas da noite.
Tal fato, no entanto, não agradava nem um pouco Lindolfo. Por isso, passou a limitar as saídas do filho, que a respeito disso, ficou desapontado. Mas, obediente, não discutiu.
Por esta razão, Lindolfo sempre dizia para a esposa:
-- Esse menino, nunca me dá trabalho. Quem dera, Lorena e Lara fossem assim também.
Mas Andréia, argumentando que os filhos nunca são como a gente quer, dizia que isso era impossível. Afinal as pessoas são diferentes. E não se poderia exigir que os filhos agissem com os pais gostariam. Isso por que, nem os próprios pais eram do jeito que os filhos queriam.
Entretanto, Lindolfo, não concordava com isso. Mas, para encurtar a conversa, deixava o assunto de lado.
Isso, por que ele já estava cansado de discutir com as filhas. Conforme o tempo passava, mais rebeldes, Lorena e Lara ficavam. Argumentando que já eram moças, insistiam em sair de casa.
E, apesar de não ser o padrão de comportamento das meninas de sua idade, teimavam em sair a noite. Alegando que precisavam conhecer os pontos noturnos da cidade, queriam ir as festas noturnas, conhecer pessoas.
Mas Lindolfo, alegava que elas ainda eram muito novas para isso. Por conta disso, os três chegavam a ter brigas feias.
Lorena e Lara, emburradas, chegavam a ficar dias sem falar com o pai. Mas isso, não o demovia da idéia de proibi-las de sair.
No que Andréia concordava. Afinal, ainda eram duas crianças. Conforme fossem crescendo, aí sim poderiam sair à noite. No momento, ainda não estavam prontas.
Além disso, Leonardo – com oito anos – e Lúcio – com seis – eram alvos fáceis da influência e do comportamento das duas.
Em razão disso, surgiram os primeiros atritos entre Andréia, Lorena e Lara.
Lorena e Lara, aborrecidas com a madrasta, passaram a tratá-la com uma estranha.
Apesar de terem sido, praticamente criadas por Andréia, passaram a tratá-la muito mal. Primeiro, dispensando a forma carinhosa como sempre a trataram, passaram a chamá-la pelo nome.
Ao perceber isso, Andréia não se deu por vencida. Apenas disse para as duas que:
-- Meninas! Apesar de não serem minhas filhas, eu sempre gostei muito de vocês. Mas isso não quer dizer, que vocês tenha o direito de me destratar, e muito menos, tentar me intimidar. Por isso, digo e repito, vocês não vão sair se o pai de vocês não concordar com isso, e eu não vou tentar convencê-lo a mudar de idéia. Também, não vou aceitar provocações. Se vocês não querem mais me chamar de mãe, é um direito de vocês. Quanto a isso, eu não posso fazer nada.
Contudo, conforme os dias se passavam, Lorena e Lara aproveitavam cada vez mais, para passarem menos tempo em casa.
Assim, como Luís fizera, as duas passaram a ficar mais tempo em casa de amigas.
Lindolfo, ao perceber isso, tomou a mesma atitude que havia tomado com o filho. Assim, passou a limitar suas saídas.
Contudo, a teimosia das duas, tornou mais difícil sua decisão. Lorena e Lara, ao dizerem que não iam obedecê-lo, obrigaram Lindolfo a colocá-las de castigo.
Assim, por semanas, só sairiam de casa para irem até a escola, e nada mais.
Para se certificar disso, Lindolfo pediu a esposa que as levasse e buscasse.
Diante disso, as duas não tiveram saída.
Compelidas a cumprir o castigo, só lhes restou aceitá-lo. O que no entanto, não contribuiu em nada para a boa convivência em casa. Lorena e Lara, entraram na fase da rebeldia. A qual só iria piorar, com o passar dos anos.
Com isso, quando nasceu o sexto filho do casal, de nome Augusto, Lorena e Lara já estavam com dezesseis e quinze anos, respectivamente.
Luís, com quatorze anos, demonstrava mais interesse em sair com os amigos.
Lindolfo, ao perceber isso, tratou de deixar o filho realizar alguns passeios com os amigos. No entanto, quanto a sair a noite, Luís ainda era muito jovem. Mas Lindolfo prometeu-lhe que dentro de alguns anos, teria idade suficiente para tanto.
Tal fato, contudo, não o animou nem um pouco. Mas, apesar disso, Luís acatou os desejos do pai. Esperaria uma autorização para sair a noite. Enquanto isso, passearia com os amigos, pela cidade.
Entrementes, ao deixar o filho sair com os amigos, Lindolfo arrumou uma grande briga com Lorena e Lara. Afinal, depois de as ter proibido de sair com amigas, como podia deixar Luís o fazer?
Aborrecidas com isso, Lara e Lorena exigiram que o pai lhes deixasse sair a noite. Afinal já tinham idade suficiente para isso.
Diante desse quadro, Lindolfo acabou concordando. No entanto, as meninas só sairiam, quando ele autorizasse. Portanto, tais saídas não seriam constantes.
Mas, diante do progresso alcançado, Lara e Lorena não tinham do que reclamar. Haviam conseguido muito mais do que esperavam.
E assim, aceitaram as imposições paternas.
Animadas diante da possibilidade de sair a noite, foram logo pedindo a Lindolfo que as deixasse ir em uma festa que seus amigos da escola estavam organizando.
Lindolfo, cansado que estava de brigar com as filhas, foi logo concordando. No entanto, fez logo uma exigência.
Não queria que as duas chegassem muito tarde. Por isso Lindolfo, estipulou que deviam estar de volta, a meia-noite e meia, no máximo.
E assim, animadas, as duas irmãs, passaram a tarde inteira escolhendo a roupa com a qual iriam para a festa. Felizes com a concordância do pai, foram animadíssimas para a festa.
Lá dançaram, se divertiram, e conversaram com os amigos da escola.
Quando retornaram para casa, de carona com outros amigos, não cabiam em si de contentes. Agitadas, passaram a noite inteira falando da festa.
Como dormiam no mesmo quarto, puderam conversar durante toda a madrugada, sem serem interrompidas.
Diante disso, só foram dormir as quatro horas da manhã.
Assim, devidamente prevenida pelo marido, sobre a festa, Andréia não as acordou no horário de costume. Deixou-as dormir até tarde.
Ao saber da novidade, Andréia disse ao marido:
-- Que bom que você concordou com isso. Afinal de contas, agora elas já tem idade para isso.
-- É eu sei. Mas é difícil se acostumar com isso.
-- Mas você vai ter que se acostumar. Além disso, você vai ver. A convivência nesta casa, vai melhorar muito depois disso.
-- Eu espero. – disse Lindolfo.
Leonardo e Lúcio nesta época, estavam com dez e oito anos, respectivamente. Lígia, estava com seis, Leandro com quatro anos e Linda com dois anos.
Os cinco – filhos do casal –, ao não terem mais de presenciar as brigas do pai com as irmãs mais velhas, também se acalmaram, e deram um pouco de sossego as babás.
Enfim, a convivência familiar, conforme a própria Andréia havia dito ao marido, melhorou muito depois que ele resolveu deixar as meninas saírem.
E Assim, durante alguns meses, a convivência entre todos foi ótima.
Contudo, quando Lorena arrumou namorado, as coisas se complicaram na família.
Lindolfo, ao saber da novidade, ficou muito aborrecido. Afinal, segundo ele, sua filha não fora criada, para se envolver com um vagabundo.
Por isso, quando a moça apresentou o rapaz para a família, novamente os conflitos entre ela e seu pai vieram a tona.
Diante do fatídico quadro, Andréia não sabia o que fazer.
Acostumada a ver as brigas dos dois por conta de festas e saídas noturnas, nunca imaginou que o marido criaria problemas por conta de um simples namoro.
Aliás, por conta disso, Andréia foi acusada pelo marido, de estar colaborando com Lorena. Todavia, ela não sabia do referido namoro.
Por conta disso, diversas vezes, tentou explicar ao marido, que nunca tinha ouvido sequer comentários a respeito de um suposto namorado, quanto mais, que esse seria apresentado para a família. Andréia também, insistiu em dizer que ficou tão surpresa quanto ele, ao saber da novidade.
Mas Lindolfo não quis saber. Acreditando que a esposa auxiliou Lorena na história, foi logo a acusando, sem nem ao menos ouvir seu lado na história.
Aborrecida com isso, em dado momento, Andréia desistiu de tentar se explicar. Por esta razão, finalmente lhe disse:
-- Você acredita em quem quiser, eu é que não vou mais perder meu tempo, tentando lhe dizer, que eu não tenho nada com isso.
Por conta disso, aliás, Andréia chegou a dormir no quarto dos hóspedes.
Essa foi a primeira briga séria do casal.
Apesar disso, em menos de um mês, a confusão foi desfeita.
Lindolfo, ao perceber que havia sido injusto com a esposa, tratou logo de se desculpar. Amoroso, foi logo a convidando para almoçar em um bom restaurante.
Animado, preparou um espetáculo. Vestiu seu melhor terno, comprou flores e uma bela jóia. Queria impressionar.
No entanto, desculpar-se, não foi tão fácil assim.
Isso por que, as desculpas até foram aceitas, mas para isso, Lindolfo teve que se empenhar muito. Durante horas a fio, ficou a bater na porta do quarto de hóspedes, tentando se explicar. Mas Andréia era dura de se convencer. No entanto, depois de horas insistindo, Andréia, não teve alternativa. Conforme Lindolfo não ía embora, teve que ouvi-lo.
E assim, ao entrar no quarto e convencê-la de que estava arrependido pela atitude intempestiva, finalmente foram ao restaurante.
Contudo, Andréia, vaidosa que era, pediu-lhe que esperasse se arrumar.
E assim, a mulher passou um bom tempo em seu quarto, escolhendo a melhor roupa para vestir.
A seguir, os dois, devidamente trajados para a ocasião, foram até um restaurante na cidade vizinha.
Animados, só voltaram para casa, tarde da noite. Afinal, depois de tanto tempo casados, precisavam ficar um pouco a sós.
Depois de doze anos casados, precisavam de um tempo só deles.
Nesse período, Letícia, Líliam e Léa, estavam com quase quatorze anos.
Por conta disso, Thereza resolveu organizar uma bela festa de aniversário.
Afinal, desde que nasceram, as meninas tiveram poucas oportunidades de comemorarem seus aniversários.
Isso por que, apesar de Lindolfo ajudar financeiramente a mãe das meninas, em certas épocas, o dinheiro que vinha, era suficiente apenas, para cobrir as despesas básicas.
A casa mesmo, só foi comprada, por que Lindolfo, engenheiro de formação, a obteve em retribuição a um favor concedido. Assim, ele conseguiu comprá-la por um valor menor que o de mercado. Ademais, devido a localização da mesma, não se poderia mesmo cobrar muito, dado que a região, não era das mais valorizadas na cidade.
No entanto, apesar disso, por Lindolfo já possuir um família constituída, os gastos com a moradia, eram muito pesados. Assim, não restava dinheiro para muita coisa além do essencial para as trigêmeas. Dinheiro este que ele entregava para Thereza.
E assim, durante os primeiros anos de vida das trigêmeas, Thereza, para conseguir sustentar as filhas, teve até que trabalhar. Isso por que, o dinheiro que Lindolfo lhe dava, era quase todo gasto na casa. E também por que, manter uma casa, demandava o pagamento de impostos, aquisição de mobílias, etc. Além disso, dado o valor da casa, – que mesmo não sendo alto, era considerável – Lindolfo ficou desfalcado. Por meses a fio, o rapaz mal tinha dinheiro para lhe dar.
Com isso, durante muitos anos, Thereza trabalhou para cuidar das filhas.
Dedicada também procurou estudar. Depois, por estar se saindo bem na profissão, Thereza resolveu continuar trabalhando.
Por conta de seu trabalho, conseguiu criar as três filhas, mobiliar sua casa, pagar suas contas, comprar um carro, e até, continuar estudando. Assim, depois de algum tempo, por não precisar mais da ajuda financeira de Lindolfo, Thereza tratou logo de abrir uma poupança, e guardar o dinheiro das filhas. Também passou a fazer alguns investimentos.
É, nos últimos cinco anos, era isso que vinha fazendo com o dinheiro que dele recebia.
Ele que aliás, nunca deixou de lhe mandar dinheiro. Nunca as visitou depois que romperam, mas ele sempre cumpriu com o acordo que fizera.
Mas, a despeito disso, Thereza procurou levar sua vida para frente. Com dificuldades, chegou até a cursar a Universidade de Arco Verde. Mas, por conta das filhas, acabou não terminando o curso.
Entretanto, agora que suas filhas estavam maiores, estava decidida a voltar a estudar.
Até porque, conscientes agora de que para a mãe, era importante ter um diploma, não criariam obstáculos para isso. Maduras, até a apoiaram.
Isto porque, ao verem que a mãe crescia na profissão que escolhera, não tinham por que dificultarem as coisas.
Mesmo já sendo gerente em uma loja, na cidade vizinha, Thereza sabia que podia crescer. No entanto, precisa ter um diploma universitário nas mãos. Daí o súbito interesse em cursar administração.
Além disso, não era mais criança e sabia que, apesar da ajuda do ex-amante, não poderia contar eternamente com isso, pois também precisava fazer alguma coisa por si mesma. E assim resolveu voltar a estudar.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
SOCIEDADE ALTERNATIVA - CAPÍTULO 11
Este, quando nasceu, foi cercado dos mesmos cuidados com que todos os seus irmãos foram.
Nessa época, os filhos do primeiro casamento de Lindolfo, já estavam bastante crescidos. Lorena, já era uma mocinha com doze anos. Lara, com seus onze anos, já queria sair mais com seus amigos. Nessa fase aliás, começaram os atritos de Lindolfo com as duas.
Já Luís, com dez anos, este não dava trabalho. Apesar de viver muito próximo as duas, passava a maior parte do tempo com seus irmãos menores.
Leonardo – com seis anos – e Lúcio – com quatro – viviam disputando a atenção de Luís, para que este participasse de suas brincadeiras. Por conta disso, viviam às turras um com o outro. Isso fazia Andréia lembrar-se do relacionamento de Luís com sua irmã, Lara. Como os dois meninos, ele e Lara viviam brigando, procurando chamar a atenção de Lorena. Para ela, era divertido ver que isso era a repetição de uma cena que ela já conhecia. Por isso, acostumada, só intervinha quando julgava necessário. Assim, deixava que eles se entendessem. Afinal eram irmãos.
E assim, as brigas, da mesma forma que começavam, acabavam. Apesar de muito briguentos, os dois se adoravam, e não podiam ficar muito tempo separados que logo um ia procurar o outro.
Os dois eram realmente muito parecidos com Luís e Lara.
Mas, com o passar dos anos Luís e Lara, passaram a se tolerar mais. Acostumados agora, com suas amizades na escola, preferiam mil vezes, ficar com os amigos, do que em casa. Por isso, constantemente, faziam passeios com seus amiguinhos.
Tal fato, deixava Leonardo e Lúcio desapontados. Afinal de contas, para eles, Luís era seu melhor amigo. Não conseguiam entender como ele podia preferir ficar com outras pessoas do que com eles.
A despeito disso, não gostavam quando Lígia – de dois anos –, entrava em suas brincadeiras. Sempre dizendo que ela era muito pequena e chorona, os dois a afastavam das brincadeiras.
Andréia, ao perceber isso, tratou de chamar a atenção dos dois. Mas não forçou-os a aceitar Lígia. Isso porque, dado o fato de serem dois meninos, temia que eles pudessem judiar da irmã. Por isso, sempre que surgia uma oportunidade, pedia a Lorena que brincasse com ela.
Paciente, – a filha mais velha de Lindolfo – constantemente distraía a irmã, com suas brincadeiras. Apesar das rusgas com seu pai, Lorena sempre teve paciência com os irmãos. Mesmo com Lara, se relacionava muito bem. Já com Luís, por este ter um temperamento pacato, a convivência era muito mais fácil.
Dócil, Luís se dava bem com todo mundo. Com exceção de Lara, raramente tinha brigas com os irmãos.
Já Lara, ao contrário dos irmãos, era muito rebelde e mal-criada.
Andréia, no entanto, não compactuava com isso. E a despeito disso, sempre se relacionou muito bem com a menina. Por isso, apesar de saber que Lara tinha um temperamento difícil, nunca cansou de dizer, que ela era muito carinhosa com ela.
Às vezes também, Lara, quando percebia que ninguém a olhava, aproveitava para curtir os irmãos menores. Variadas vezes, Andréia a viu brincando com Lígia e Lúcio. Ao observá-los a distância, ficava comovida com a dedicação de Lara.
Mas, é claro que tais cenas, não eram muito freqüentes. No entanto para ela, Lara estava fazendo um grande progresso. Afinal, nunca fora paciente com os irmãos!
Por esta razão, Andréia achava que a enteada, merecia um voto de confiança.
Ademais, sempre que aconteciam os aniversários dos irmãos, e sempre que podia, Lara ajudava Marlene e Bernadete, a distraírem as crianças.
Principalmente agora. Com sete crianças na casa, a residência da família Oliveira Jardas, mais parecia uma creche. Por isso, toda a ajuda era pouca.
Contudo, Andréia não podia se queixar. Os três primeiros filhos de Lindolfo eram muito prestativos. Lorena e Luís, sempre se ofereciam para cuidar dos irmãos.
Já Lara, só se oferecia para ajudar, com percebia que realmente era necessária. No mais, evitava ter muitos cuidados com os irmãos. Mas, a despeito disso, nunca negou ajuda. Sempre que lhe pediram, procurou auxiliar a todos.
Nesse aspecto, mesmo Lindolfo, sempre que estava em casa, ajuda também, a cuidar das crianças.
Contudo, suas três filhas, Letícia, Líliam e Léa, que nesta época tinham dez anos, estas, nunca receberam nenhuma atenção do pai.
Sentidas com isso, viviam perguntando a mãe, Dona Thereza, quem era o pai delas, e por que este nunca a ia visitar.
Por passarem por toda a infância ouvindo comentários sobre a atitude do pai, sabiam que este, era um homem importante na cidade. Curiosas, depois de algum tempo, chegaram até, a descobrir que este, auxiliava financeiramente a família. Por essa razão, acreditavam que ele soubesse delas e para se desculpar pela ausência, dava dinheiro a sua mãe, para que esta não contasse a elas, quem era ele. Por isso, nos últimos tempos, viviam cercando a mãe de perguntas.
Atordoada, Dona Thereza já não sabia mais o que fazer.
Impaciente, sempre que era interpelada pelas filhas, a respeito de seu passado, sempre se negou a contar o que acontecera. Como desculpa, sempre dizia que fora abandonada pelo pai delas, que covardemente a deixou sozinha, com três filhas para criar.
No entanto, tal resposta, nunca as deixou satisfeitas. Apesar de terem sido muito bem cuidadas durante infância, por sua mãe, as três queriam saber quem era seu pai.
Isso também, por que, na escola, eram constantemente alvo de piadas e brincadeiras maldosas. Esse aliás, um aspecto complicado na vida da família.
Durante todo esse tempo, Dona Thereza perdeu as contas de quantas vezes viu as meninas voltarem chorando da escola. Cansada disso, resolveu tomar uma atitude.
Foi até a escola, e intimou as professoras das filhas para que reagissem contra isso. Afinal a escola, apesar de gratuita, já recebera muito dinheiro de Thereza, que contribuíra financeiramente, para implementar mudanças na mesma.
Diante disso, as referidas mestras, se encarregaram de pessoalmente resolver o problema.
Assim, depois de algum tempo, as brincadeiras maldosas e as provocações, praticamente se encerraram.
Sob pena de tomarem uma advertência, os alunos tiveram que parar com as brincadeiras de mal gosto.
Dessarte, sem terem que aturar brincadeiras sem graça, as trigêmeas finalmente passaram a participar efetivamente das brincadeiras da escola.
Enturmadas, chegaram a convidar colegas da escola para brincar e estudar em casa.
Apesar de morarem longe da região central da cidade, utilizando condução, se podia chegar, tranqüilamente ao lugar.
Mas, seus coleguinhas em grande parte, possuíam carro e boa condição social. Contudo, nunca foram visitá-las. Mas, sempre que podiam, convidavam as trigêmeas para visitarem suas casas. E assim, passavam tardes inteiras brincando.
Brincavam com os brinquedos dos colegas e também nos quintais das casas deles.
Porém ao final, as meninas tinham que voltar para casa, e assim, o motorista, ou mesmo a mãe dos seus colegas, se encarregavam de levá-las.
Nisso, ao verem uma bela casa, pintada de amarelo, em uma das inúmeras ruas da periferia de Arco Verde, ficavam admiradas. Diferente do que haviam imaginado, não se tratavam de simples pobretonas. As meninas moravam numa casa boa, muito maior do que muitas casas da região central da cidade.
Encantadas, as pessoas, quando eram convidadas para entrar, freqüentemente aceitavam. Movidas pela curiosidade, queriam entrar e conhecer a casa. E assim, tomavam um cafezinho, comiam bolo, conversavam e perguntavam sobre a vida de Thereza.
Geralmente, impressionadas com o tamanho da casa, começavam perguntando:
-- Nossa, Dona Thereza! Realmente sua casa é uma beleza! Há quanto tempo ela foi construída?
-- Há mais ou menos, uns dez anos. Na época em que me mudei para esta região, mais ou menos. – respondia.
-- Então as meninas nasceram aqui?
-- Não. Quando elas nasceram, eu morava em uma casa muito pobre. Mas meu marido, antes de fugir, me deu dinheiro suficiente para comprar uma boa casa. Por isso, quando nasceram as meninas, percebendo que precisava de uma casa grande, ao encontrar essa casa sendo construída, resolvi comprar. Era de um lugar assim, que as meninas precisavam.
-- Mas você apresentou o dinheiro na hora?
-- Sim. O canalha antes de fugir, me deixou um bom dinheiro.
Algumas vezes, procurando dar uma alfinetada em Thereza, as madames insinuavam sobre a história de um amante.
No que ela, acostumada com as provocações, respondia insinuando também, que os maridos de algumas senhoras, constantemente eram vistos saindo de algumas casas da periferia. Logicamente, ela não mencionou nomes. Ao contrário, procurou até dizer que não era o caso delas.
Mesmo assim, ao comentar sobre isso, Thereza as faziam mudar os rumos da conversa.
E assim, as mulheres passavam a falar dos filhos, e de como sua criação era difícil.
Nesse ponto Thereza sempre comentava que as meninas foram criadas por ela.
Desde que nasceram, as meninas só tiveram os cuidados dela.
Foi então que Thereza contou que era ela que, com a ajuda de vizinhas, cuidava das três. Trocava fraldas, dava banho, colocava para dormir, etc.
Thereza recordando-se dos primeiros tempos, comentou que admirou-as quando as viu darem seus primeiros passos, e ao balbuciarem suas primeiras palavras.
Encantada e apaixonada pelas meninas, sabia de cor, cada detalhe da vida delas, e a despeito de serem trigêmeas e idênticas, nunca as confundia. Sabia perfeitamente quem era quem ali.
Por sinal, em razão da semelhança, sempre tentaram enganá-la. Contudo, nunca conseguiam. Dona Thereza conhecia muito bem as filhas. Nunca se enganaria, ou confundiria uma com a outra. Era muito atenta.
E invariavelmente, a conversa terminava nesse ponto.
Dessa forma, de pergunta em pergunta, as mulheres acabaram conhecendo um pouco mais sobre a vida de Thereza.
Entretanto, nunca conseguiram descobrir, o que mais interessava. Quem era o pai das meninas. Suspeitando que era um homem influente na cidade, viviam especulando sobre isso. Mas nunca conseguiram ter certeza.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Nessa época, os filhos do primeiro casamento de Lindolfo, já estavam bastante crescidos. Lorena, já era uma mocinha com doze anos. Lara, com seus onze anos, já queria sair mais com seus amigos. Nessa fase aliás, começaram os atritos de Lindolfo com as duas.
Já Luís, com dez anos, este não dava trabalho. Apesar de viver muito próximo as duas, passava a maior parte do tempo com seus irmãos menores.
Leonardo – com seis anos – e Lúcio – com quatro – viviam disputando a atenção de Luís, para que este participasse de suas brincadeiras. Por conta disso, viviam às turras um com o outro. Isso fazia Andréia lembrar-se do relacionamento de Luís com sua irmã, Lara. Como os dois meninos, ele e Lara viviam brigando, procurando chamar a atenção de Lorena. Para ela, era divertido ver que isso era a repetição de uma cena que ela já conhecia. Por isso, acostumada, só intervinha quando julgava necessário. Assim, deixava que eles se entendessem. Afinal eram irmãos.
E assim, as brigas, da mesma forma que começavam, acabavam. Apesar de muito briguentos, os dois se adoravam, e não podiam ficar muito tempo separados que logo um ia procurar o outro.
Os dois eram realmente muito parecidos com Luís e Lara.
Mas, com o passar dos anos Luís e Lara, passaram a se tolerar mais. Acostumados agora, com suas amizades na escola, preferiam mil vezes, ficar com os amigos, do que em casa. Por isso, constantemente, faziam passeios com seus amiguinhos.
Tal fato, deixava Leonardo e Lúcio desapontados. Afinal de contas, para eles, Luís era seu melhor amigo. Não conseguiam entender como ele podia preferir ficar com outras pessoas do que com eles.
A despeito disso, não gostavam quando Lígia – de dois anos –, entrava em suas brincadeiras. Sempre dizendo que ela era muito pequena e chorona, os dois a afastavam das brincadeiras.
Andréia, ao perceber isso, tratou de chamar a atenção dos dois. Mas não forçou-os a aceitar Lígia. Isso porque, dado o fato de serem dois meninos, temia que eles pudessem judiar da irmã. Por isso, sempre que surgia uma oportunidade, pedia a Lorena que brincasse com ela.
Paciente, – a filha mais velha de Lindolfo – constantemente distraía a irmã, com suas brincadeiras. Apesar das rusgas com seu pai, Lorena sempre teve paciência com os irmãos. Mesmo com Lara, se relacionava muito bem. Já com Luís, por este ter um temperamento pacato, a convivência era muito mais fácil.
Dócil, Luís se dava bem com todo mundo. Com exceção de Lara, raramente tinha brigas com os irmãos.
Já Lara, ao contrário dos irmãos, era muito rebelde e mal-criada.
Andréia, no entanto, não compactuava com isso. E a despeito disso, sempre se relacionou muito bem com a menina. Por isso, apesar de saber que Lara tinha um temperamento difícil, nunca cansou de dizer, que ela era muito carinhosa com ela.
Às vezes também, Lara, quando percebia que ninguém a olhava, aproveitava para curtir os irmãos menores. Variadas vezes, Andréia a viu brincando com Lígia e Lúcio. Ao observá-los a distância, ficava comovida com a dedicação de Lara.
Mas, é claro que tais cenas, não eram muito freqüentes. No entanto para ela, Lara estava fazendo um grande progresso. Afinal, nunca fora paciente com os irmãos!
Por esta razão, Andréia achava que a enteada, merecia um voto de confiança.
Ademais, sempre que aconteciam os aniversários dos irmãos, e sempre que podia, Lara ajudava Marlene e Bernadete, a distraírem as crianças.
Principalmente agora. Com sete crianças na casa, a residência da família Oliveira Jardas, mais parecia uma creche. Por isso, toda a ajuda era pouca.
Contudo, Andréia não podia se queixar. Os três primeiros filhos de Lindolfo eram muito prestativos. Lorena e Luís, sempre se ofereciam para cuidar dos irmãos.
Já Lara, só se oferecia para ajudar, com percebia que realmente era necessária. No mais, evitava ter muitos cuidados com os irmãos. Mas, a despeito disso, nunca negou ajuda. Sempre que lhe pediram, procurou auxiliar a todos.
Nesse aspecto, mesmo Lindolfo, sempre que estava em casa, ajuda também, a cuidar das crianças.
Contudo, suas três filhas, Letícia, Líliam e Léa, que nesta época tinham dez anos, estas, nunca receberam nenhuma atenção do pai.
Sentidas com isso, viviam perguntando a mãe, Dona Thereza, quem era o pai delas, e por que este nunca a ia visitar.
Por passarem por toda a infância ouvindo comentários sobre a atitude do pai, sabiam que este, era um homem importante na cidade. Curiosas, depois de algum tempo, chegaram até, a descobrir que este, auxiliava financeiramente a família. Por essa razão, acreditavam que ele soubesse delas e para se desculpar pela ausência, dava dinheiro a sua mãe, para que esta não contasse a elas, quem era ele. Por isso, nos últimos tempos, viviam cercando a mãe de perguntas.
Atordoada, Dona Thereza já não sabia mais o que fazer.
Impaciente, sempre que era interpelada pelas filhas, a respeito de seu passado, sempre se negou a contar o que acontecera. Como desculpa, sempre dizia que fora abandonada pelo pai delas, que covardemente a deixou sozinha, com três filhas para criar.
No entanto, tal resposta, nunca as deixou satisfeitas. Apesar de terem sido muito bem cuidadas durante infância, por sua mãe, as três queriam saber quem era seu pai.
Isso também, por que, na escola, eram constantemente alvo de piadas e brincadeiras maldosas. Esse aliás, um aspecto complicado na vida da família.
Durante todo esse tempo, Dona Thereza perdeu as contas de quantas vezes viu as meninas voltarem chorando da escola. Cansada disso, resolveu tomar uma atitude.
Foi até a escola, e intimou as professoras das filhas para que reagissem contra isso. Afinal a escola, apesar de gratuita, já recebera muito dinheiro de Thereza, que contribuíra financeiramente, para implementar mudanças na mesma.
Diante disso, as referidas mestras, se encarregaram de pessoalmente resolver o problema.
Assim, depois de algum tempo, as brincadeiras maldosas e as provocações, praticamente se encerraram.
Sob pena de tomarem uma advertência, os alunos tiveram que parar com as brincadeiras de mal gosto.
Dessarte, sem terem que aturar brincadeiras sem graça, as trigêmeas finalmente passaram a participar efetivamente das brincadeiras da escola.
Enturmadas, chegaram a convidar colegas da escola para brincar e estudar em casa.
Apesar de morarem longe da região central da cidade, utilizando condução, se podia chegar, tranqüilamente ao lugar.
Mas, seus coleguinhas em grande parte, possuíam carro e boa condição social. Contudo, nunca foram visitá-las. Mas, sempre que podiam, convidavam as trigêmeas para visitarem suas casas. E assim, passavam tardes inteiras brincando.
Brincavam com os brinquedos dos colegas e também nos quintais das casas deles.
Porém ao final, as meninas tinham que voltar para casa, e assim, o motorista, ou mesmo a mãe dos seus colegas, se encarregavam de levá-las.
Nisso, ao verem uma bela casa, pintada de amarelo, em uma das inúmeras ruas da periferia de Arco Verde, ficavam admiradas. Diferente do que haviam imaginado, não se tratavam de simples pobretonas. As meninas moravam numa casa boa, muito maior do que muitas casas da região central da cidade.
Encantadas, as pessoas, quando eram convidadas para entrar, freqüentemente aceitavam. Movidas pela curiosidade, queriam entrar e conhecer a casa. E assim, tomavam um cafezinho, comiam bolo, conversavam e perguntavam sobre a vida de Thereza.
Geralmente, impressionadas com o tamanho da casa, começavam perguntando:
-- Nossa, Dona Thereza! Realmente sua casa é uma beleza! Há quanto tempo ela foi construída?
-- Há mais ou menos, uns dez anos. Na época em que me mudei para esta região, mais ou menos. – respondia.
-- Então as meninas nasceram aqui?
-- Não. Quando elas nasceram, eu morava em uma casa muito pobre. Mas meu marido, antes de fugir, me deu dinheiro suficiente para comprar uma boa casa. Por isso, quando nasceram as meninas, percebendo que precisava de uma casa grande, ao encontrar essa casa sendo construída, resolvi comprar. Era de um lugar assim, que as meninas precisavam.
-- Mas você apresentou o dinheiro na hora?
-- Sim. O canalha antes de fugir, me deixou um bom dinheiro.
Algumas vezes, procurando dar uma alfinetada em Thereza, as madames insinuavam sobre a história de um amante.
No que ela, acostumada com as provocações, respondia insinuando também, que os maridos de algumas senhoras, constantemente eram vistos saindo de algumas casas da periferia. Logicamente, ela não mencionou nomes. Ao contrário, procurou até dizer que não era o caso delas.
Mesmo assim, ao comentar sobre isso, Thereza as faziam mudar os rumos da conversa.
E assim, as mulheres passavam a falar dos filhos, e de como sua criação era difícil.
Nesse ponto Thereza sempre comentava que as meninas foram criadas por ela.
Desde que nasceram, as meninas só tiveram os cuidados dela.
Foi então que Thereza contou que era ela que, com a ajuda de vizinhas, cuidava das três. Trocava fraldas, dava banho, colocava para dormir, etc.
Thereza recordando-se dos primeiros tempos, comentou que admirou-as quando as viu darem seus primeiros passos, e ao balbuciarem suas primeiras palavras.
Encantada e apaixonada pelas meninas, sabia de cor, cada detalhe da vida delas, e a despeito de serem trigêmeas e idênticas, nunca as confundia. Sabia perfeitamente quem era quem ali.
Por sinal, em razão da semelhança, sempre tentaram enganá-la. Contudo, nunca conseguiam. Dona Thereza conhecia muito bem as filhas. Nunca se enganaria, ou confundiria uma com a outra. Era muito atenta.
E invariavelmente, a conversa terminava nesse ponto.
Dessa forma, de pergunta em pergunta, as mulheres acabaram conhecendo um pouco mais sobre a vida de Thereza.
Entretanto, nunca conseguiram descobrir, o que mais interessava. Quem era o pai das meninas. Suspeitando que era um homem influente na cidade, viviam especulando sobre isso. Mas nunca conseguiram ter certeza.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
SOCIEDADE ALTERNATIVA - CAPÍTULO 10
Diante disso, sentindo-se livre de qualquer compromisso, resolveu que tentaria novamente, ter uma família, e por isso, casou-se novamente.
Numa cerimônia realizada na mesma igreja em que se casara com Lizandra, Lindolfo novamente contraiu núpcias. Casou-se com Andréia.
Com Andréia, teve sete filhos.
Contudo, a despeito do que ocorrera no primeiro casamento, Lindolfo decidiu que não teriam filhos tão cedo. Prevenido com o que ocorrera em seu primeiro matrimônio, Lindolfo achou por bem, esperarem algum tempo, antes de ter filhos.
Tal notícia no entanto, não agradou nem um pouco Andréia.
Desapontada, ela ficou surpresa com a decisão do marido. No entanto, apesar disso, procurou não discutir, pois sabia que de nada adiantaria. Afinal, se ele decidiu assim, nada o faria mudar de idéia.
Por isso mesmo, para convencê-lo de que era boa mãe, aceitou com o prazer, a responsabilidade em educar os filhos do primeiro casamento do marido.
Nessa época, Lorena, Lara e Luís, já possuíam, quatro, três e dois anos, respectivamente.
Apesar disso, Andréia conseguiu com sucesso, criar as três crianças. Mesmo Lorena e Lara, que no começo, resistiram a sua presença em casa, mas depois de algum tempo de convivência, acabaram por se aproximar da moça.
Carinhosa com as crianças, mesmo depois de ter os seus próprios filhos com o marido, nunca fez distinção entre eles. Sempre tratou a todos igualmente.
Aliás, foi justamente por esta razão, que Lindolfo finalmente concordou com a esposa, e passou a se interessar pela possibilidade de ter outros filhos.
Assim, depois de quase dois anos de casados, nasceu Leonardo – o filho mais velho do casal. Tal fato, deixou Lindolfo muito animado. Como fizera quando do nascimento de Lorena, durante primeiros meses de vida do menino, dedicou-se exclusivamente a ser pai.
Zeloso, ajudava a esposa a dar banho no bebê, a distraí-lo, e de vez em quando, se era necessário, tomava conta de Leonardo. Sempre que Andréia precisava sair, Lindolfo cuidava do menino. Juntamente com seus outros filhos, chegou a passar tardes inteiras brincando. Agindo desse modo, nem parecia o mesmo homem de antes.
Atencioso, raramente saía sozinho. Nos últimos tempos, passou a ser portar muito bem com a família.
-- Isso é sentimento de culpa. – diziam os mais impiedosos.
Esse aliás, era um pensamento comum na cidade. Mesmo antes de Lizandra morrer, Lindolfo sempre fora criticado por suas atitudes promíscuas. Seu comportamento antiquado incomodava as pessoas.
Mas agora, ele resolvera adotar uma atitude diferente.
Mais atencioso com os filhos, se tornara um pai mais presente.
No entanto, apesar disso, nunca visitava as filhas de Thereza. Tentando fugir dessa complicação, passou, conforme o combinado a mandar-lhe dinheiro. E só. Com relação as trigêmeas, nunca teve nenhuma curiosidade. Partindo da premissa que Thereza cuidava muito bem delas, nunca se preocupou em vê-las.
Nesse aspecto, Lindolfo só viu as meninas, quando estas nasceram. Depois, somente em espaçadas visitas que fazia a amante. Mas, depois do acidente que vitimou Lizandra, Lindolfo, a exceção do dia em que cortou relações com a amante, nunca mais foi ver as filhas.
Para ele, os filhos de seus dois casamentos é que eram seus de verdade.
Por isso, nos últimos anos, dedicou-se a eles.
Presente, acompanhou os primeiros passos de Leonardo. Viu-o engatinhando e balbuciando suas primeiras palavras.
Nessa época Lorena, Lara e Luís, estavam crescidos. Lorena com seis anos, já ajudava o pai a cuidar do irmão, brincando com ele e o distraindo.
Ela aliás, capitalizava todas as atenções. Lara e Luís – com cinco e quatro anos, na época –, viviam disputando a atenção da irmã.
Por conta disso Lindolfo e Andréia viviam apartando as brigas dos dois.
Mas, a despeito das brigas, os dois se gostavam muito. Depois de cinco minutos, lá estavam os dois, juntinhos de novo, brincando.
Vê-los juntos, era uma cena muito bonita.
Muito embora, vivessem brigando, sabiam ser amigos também.
Depois de algum tempo, Andréia ficou novamente grávida.
Porém, a moça levou algum tempo para contar ao marido. Com isso, quando finalmente tomou coragem e contou o que sucedia, Lindolfo ficou surpreso. Contudo, apesar de não estar esperando uma segunda gravidez da esposa, percebeu que não fora um descuido proposital. Além disso, ele também era responsável por isto.
Assim, simplesmente disse:
-- Bom, o que está feito, está feito. O jeito é cuidarmos para que ele se sinta bem, e que tenha um cantinho nesta casa.
Ao ouvir isto, Andréia sentiu-se aliviada.
Lindolfo então, decidiu que, para mobiliar o quarto do bebê, usaria os mesmos móveis que foram usados nos quartos de seus outros filhos.
Andréia porém, cansada de ver o mesmo mobiliário, insistiu com o marido para que este comprasse móveis novos para o filho ou filha, que estava por chegar.
Diante deste pedido, Lindolfo não teve como recusar. A pedido de Andréia, comprou tudo que ela pedira.
Quando os móveis foram levados para a casa, a moça cuidou logo, para que tudo fosse montado. Assim, quando ao final da tarde entrou no quarto, e viu os móveis montados, ficou encantada. Para ela, tudo estava perfeito. Contudo, faltava uma decoração condizente com o quarto.
Por esta razão, durante os meses que se seguiram, Andréia passava as manhãs olhando as vitrines. Procurando montar o enxoval da criança, evitou comprar roupas rosas ou azuis. Tais cores, na época, indicavam o sexo da criança.
Por isso, muitas cores neutras, compuseram o enxoval. Cuidadosa, também comprou brinquedos, mamadeiras, entre outras coisas para o bebê.
Animada, sua gravidez foi das mais tranqüilas. Aliado a isso, por não ser mãe de primeira viagem, sabia que não teria grandes dificuldades com seu segundo filho. Ademais, em caso de dúvida, poderia pedir ajuda ao marido, pois este já era pai de três filhos ao se casar com ela. Ademais, ele já demonstrara bastante interesse com relação aos filhos, ao cuidar de Leonardo.
E assim foi, ao final da gravidez, Andréia deu luz a mais um filho.
Feliz com o nascimento de mais um filho, Lindolfo resolveu dar-lhe o nome de Lúcio. E a Lúcio, dispensou os mesmos cuidados que a Leonardo – nesta época, com quase dois anos. No entanto, conforme surgiam compromissos no escritório, Lindolfo não pôde se dedicar integralmente ao novo filho. Constantes viagens o faziam ficar, seguidos dias, longe de casa.
Tal fato, acarretou fofocas na cidade.
As futriqueiras de plantão, começando a especular novamente a vida de Lindolfo, chegavam a insinuar que este, estava novamente de caso com alguém.
No entanto, Andréia, confiante que era, não acreditava nisso. Segura de si, sempre dizia que, se Lindolfo lhe aprontasse uma dessas, não haveria segunda chance. Estaria tudo acabado entre eles. Por isso, não ligava para os comentários, e procurava seguir com sua vida. Além do mais, tinha cinco crianças para cuidar. E portanto, muito trabalho a esperava.
Apesar de poder contar com a ajuda de duas babás, ainda assim Andréia precisava tomar conta dos filhos.
Por serem muitas crianças, o trabalho nunca acabava.
Mas, Lorena – a filha mais velha de Lindolfo –, que nesta época tinha oito anos; Lara, com sete e Luís com seis; já podiam fazer algumas coisas sozinhos.
Contudo, por serem crianças, ainda assim, precisavam que alguém atento, os olhasse.
Isso por que, quando Lorena se juntava com Lara, a confusão era certa. As duas quando se juntavam, era só traquinagem. Já Luís, sempre foi um menino quieto. Mesmo quando estava com as duas, raramente aprontava. Mas quando ficava sozinho com Lara, freqüentemente brigavam.
Já Leonardo, por ser muito pequeno, não participava da brincadeira dos irmãos.
Por serem maiores, Lara e Luís não tinham paciência com o pequeno Leonardo. Sempre que brincavam de alguma coisa, queriam que o irmão os acompanhasse nas brincadeiras. Como isso não acontecia, deixavam-no de lado.
Por isso, sempre que era rejeitado nas brincadeiras dos irmãos, saía chorando em busca de que alguém o defendesse.
Por conta disso, muitas vezes, a babá de um deles, ou mesmo Andréia, quando percebia isso, ia logo chamando a atenção dos dois, que então, eram compelidos a aceitar o irmãozinho nas brincadeiras.
No entanto, por serem maiores, viviam judiando do menino.
Em razão disso, depois de um certo tempo, Andréia desistiu de impor a presença do filho, nas brincadeiras dos irmãos.
Mas antes disso, deu-lhes uma merecida bronca. Vendo que não havia jeito de integrar os irmãos, decidiu então, afastar Leonardo dos dois. Em razão disso, chamou Lara e Luís para uma conversa. Levando-os até seu quarto, começou dizendo:
-- Muito bonito o que os dois fizeram, heim? Bonito maltratar uma criança que é o irmão de vocês.
-- Mas, mãe, a culpa não foi minha, foi a Lara que empurrou ele. – disse Luís, se defendendo.
-- Não fui eu não. Esse mentiroso que está inventando tudo. O Leonardo caiu sozinho. – disse Lara.
-- Não interessa quem começou. O que eu sempre vejo, é duas crianças muito amadas, que insistem em judiar de uma pessoinha que ainda não sabe se defender. Isso é certo, meninos?
Envergonhados, balançaram a cabeça negativamente.
Mas, Andréia não estava satisfeita. Então perguntou:
-- Eu não ouvi. Isso é certo Lara?
-- Não. – respondeu a menina.
-- E você Luís, acha isso certo?
-- Não.
-- Então, se vocês não acham certo, por que continuam insistindo nisso? Por que cometem sempre o mesmo erro? Por que isso? Acaso, eu não cuido bem de vocês? Alguma vez eu dei motivos para que vocês se sentissem menos amados que o Léo e o Lúcio?
Ao ouvirem isso, os dois caíram no choro.
-- Me digam crianças, onde foi que eu errei? Se eu fiz alguma coisa errada, eu preciso saber para consertar, está bem?
Nisso os dois correram para os braços dela e disseram entre soluços:
-- Não mãe. Você não fez nada de errado.
Depois dessa conversa, os dois foram correndo chamar o irmãozinho para brincar. Segurando-o pela mão, Lara, explicou-lhe todas as brincadeiras. Paciente, chegou até a levá-lo no banheiro. Mas ao ter que limpá-lo, chamou Andréia, para fazê-lo.
Sabendo disso, Andréia ficou feliz. Finalmente estavam aceitando o irmão.
Ao contrário de Lorena, que sempre brincava com ele, Lara e Luís, rejeitavam-no sistematicamente em suas brincadeiras. No entanto, após a chamada que levaram de Andréia, finalmente passaram a brincar com o irmão.
Apesar de algumas brigas e algum choro, já era um progresso admitirem o irmão em algumas brincadeiras. Contudo, em nem todas Leonardo estava.
Mas isso Andréia entendia. Como era muito pequenino, Leonardo não conseguia acompanhar os irmãos nas brincadeiras. Por isso, sempre que era necessário, uma das babás, ou mesmo Andréia, intervinham, e lhe explicavam os motivos dos irmãos.
Mas Leonardo não entendia. Assim, para distraí-lo, Bernadete e Marlene sempre brincavam com ele. Dedicadas, desde a morte de Lizandra, passaram a cuidar dos meninos como babás. Por essa razão, outras empregadas foram contratadas para cuidar da casa.
E assim, há alguns anos, já trabalhavam para a família Oliveira Jardas.
Acostumadas com a criançada, Marlene e Bernadete já tiravam de letra certos imprevistos. Enfim, eram pessoas de confiança.
Por isso, quando Andréia ficou novamente grávida, as duas ficaram animadas com a notícia, pois mais uma criança viria ao mundo, para alegria delas. Afinal, enquanto tivessem crianças para olhar, teriam o emprego garantido. Felizes, encontraram a casa certa para trabalharem.
E assim, quando Lígia nasceu, todos ficaram encantados. Finalmente depois de seis anos de feliz matrimônio, Andréia teve uma menina.
Já um pouco crescidos, Leonardo – com quatro anos – e Lúcio – com quase dois anos –, ficaram encantados com a irmãzinha. Curiosos, ficavam o tempo todo observando o comportamento da menina e perguntando a mãe, o porquê de todos os seus gestos.
Lorena – já com dez anos –, Lara – com nove – e Luís – com oito –, já estavam mais do que acostumados a ter crianças na família. Desde que nasceram, não paravam de ganhar irmãos.
Com este aliás, já era o terceiro filho de Andréia.
Foi assim que Lígia, passou a ser a princesinha da casa.
Paparicada por todos, inclusive pelos irmãos mais velhos, – filhos do primeiro casamento de Lindolfo – que ficaram encantados com ela, desde que nasceu, a e menina então, se tornou o xodó da casa.
Quando Lígia nasceu, Lindolfo estava viajando a trabalho. Por isso, somente quando retornou, é que pôde finalmente ver a filha.
Por isso, quando viu a menina, ficou encantado. Depois de dois meninos, nascia uma menina. Para ele, uma grande alegria, apesar de já ter duas filhas legítimas.
Andréia nesse aspecto, ansiava muito por uma filha. Adorava os meninos, mas sempre quis ter filhas também. Em razão disso, em todas as suas gravidezes, sempre esperava por uma menina. No entanto, isso nunca acontecia. Agora, depois de tanto tempo, finalmente, Lígia nasceu.
E a menina cresceu em meio a muitos irmãos.
Mesmo quando nasceu Leandro, quarto filho do casal, Lígia não perdeu seu posto de queridinha da casa.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Numa cerimônia realizada na mesma igreja em que se casara com Lizandra, Lindolfo novamente contraiu núpcias. Casou-se com Andréia.
Com Andréia, teve sete filhos.
Contudo, a despeito do que ocorrera no primeiro casamento, Lindolfo decidiu que não teriam filhos tão cedo. Prevenido com o que ocorrera em seu primeiro matrimônio, Lindolfo achou por bem, esperarem algum tempo, antes de ter filhos.
Tal notícia no entanto, não agradou nem um pouco Andréia.
Desapontada, ela ficou surpresa com a decisão do marido. No entanto, apesar disso, procurou não discutir, pois sabia que de nada adiantaria. Afinal, se ele decidiu assim, nada o faria mudar de idéia.
Por isso mesmo, para convencê-lo de que era boa mãe, aceitou com o prazer, a responsabilidade em educar os filhos do primeiro casamento do marido.
Nessa época, Lorena, Lara e Luís, já possuíam, quatro, três e dois anos, respectivamente.
Apesar disso, Andréia conseguiu com sucesso, criar as três crianças. Mesmo Lorena e Lara, que no começo, resistiram a sua presença em casa, mas depois de algum tempo de convivência, acabaram por se aproximar da moça.
Carinhosa com as crianças, mesmo depois de ter os seus próprios filhos com o marido, nunca fez distinção entre eles. Sempre tratou a todos igualmente.
Aliás, foi justamente por esta razão, que Lindolfo finalmente concordou com a esposa, e passou a se interessar pela possibilidade de ter outros filhos.
Assim, depois de quase dois anos de casados, nasceu Leonardo – o filho mais velho do casal. Tal fato, deixou Lindolfo muito animado. Como fizera quando do nascimento de Lorena, durante primeiros meses de vida do menino, dedicou-se exclusivamente a ser pai.
Zeloso, ajudava a esposa a dar banho no bebê, a distraí-lo, e de vez em quando, se era necessário, tomava conta de Leonardo. Sempre que Andréia precisava sair, Lindolfo cuidava do menino. Juntamente com seus outros filhos, chegou a passar tardes inteiras brincando. Agindo desse modo, nem parecia o mesmo homem de antes.
Atencioso, raramente saía sozinho. Nos últimos tempos, passou a ser portar muito bem com a família.
-- Isso é sentimento de culpa. – diziam os mais impiedosos.
Esse aliás, era um pensamento comum na cidade. Mesmo antes de Lizandra morrer, Lindolfo sempre fora criticado por suas atitudes promíscuas. Seu comportamento antiquado incomodava as pessoas.
Mas agora, ele resolvera adotar uma atitude diferente.
Mais atencioso com os filhos, se tornara um pai mais presente.
No entanto, apesar disso, nunca visitava as filhas de Thereza. Tentando fugir dessa complicação, passou, conforme o combinado a mandar-lhe dinheiro. E só. Com relação as trigêmeas, nunca teve nenhuma curiosidade. Partindo da premissa que Thereza cuidava muito bem delas, nunca se preocupou em vê-las.
Nesse aspecto, Lindolfo só viu as meninas, quando estas nasceram. Depois, somente em espaçadas visitas que fazia a amante. Mas, depois do acidente que vitimou Lizandra, Lindolfo, a exceção do dia em que cortou relações com a amante, nunca mais foi ver as filhas.
Para ele, os filhos de seus dois casamentos é que eram seus de verdade.
Por isso, nos últimos anos, dedicou-se a eles.
Presente, acompanhou os primeiros passos de Leonardo. Viu-o engatinhando e balbuciando suas primeiras palavras.
Nessa época Lorena, Lara e Luís, estavam crescidos. Lorena com seis anos, já ajudava o pai a cuidar do irmão, brincando com ele e o distraindo.
Ela aliás, capitalizava todas as atenções. Lara e Luís – com cinco e quatro anos, na época –, viviam disputando a atenção da irmã.
Por conta disso Lindolfo e Andréia viviam apartando as brigas dos dois.
Mas, a despeito das brigas, os dois se gostavam muito. Depois de cinco minutos, lá estavam os dois, juntinhos de novo, brincando.
Vê-los juntos, era uma cena muito bonita.
Muito embora, vivessem brigando, sabiam ser amigos também.
Depois de algum tempo, Andréia ficou novamente grávida.
Porém, a moça levou algum tempo para contar ao marido. Com isso, quando finalmente tomou coragem e contou o que sucedia, Lindolfo ficou surpreso. Contudo, apesar de não estar esperando uma segunda gravidez da esposa, percebeu que não fora um descuido proposital. Além disso, ele também era responsável por isto.
Assim, simplesmente disse:
-- Bom, o que está feito, está feito. O jeito é cuidarmos para que ele se sinta bem, e que tenha um cantinho nesta casa.
Ao ouvir isto, Andréia sentiu-se aliviada.
Lindolfo então, decidiu que, para mobiliar o quarto do bebê, usaria os mesmos móveis que foram usados nos quartos de seus outros filhos.
Andréia porém, cansada de ver o mesmo mobiliário, insistiu com o marido para que este comprasse móveis novos para o filho ou filha, que estava por chegar.
Diante deste pedido, Lindolfo não teve como recusar. A pedido de Andréia, comprou tudo que ela pedira.
Quando os móveis foram levados para a casa, a moça cuidou logo, para que tudo fosse montado. Assim, quando ao final da tarde entrou no quarto, e viu os móveis montados, ficou encantada. Para ela, tudo estava perfeito. Contudo, faltava uma decoração condizente com o quarto.
Por esta razão, durante os meses que se seguiram, Andréia passava as manhãs olhando as vitrines. Procurando montar o enxoval da criança, evitou comprar roupas rosas ou azuis. Tais cores, na época, indicavam o sexo da criança.
Por isso, muitas cores neutras, compuseram o enxoval. Cuidadosa, também comprou brinquedos, mamadeiras, entre outras coisas para o bebê.
Animada, sua gravidez foi das mais tranqüilas. Aliado a isso, por não ser mãe de primeira viagem, sabia que não teria grandes dificuldades com seu segundo filho. Ademais, em caso de dúvida, poderia pedir ajuda ao marido, pois este já era pai de três filhos ao se casar com ela. Ademais, ele já demonstrara bastante interesse com relação aos filhos, ao cuidar de Leonardo.
E assim foi, ao final da gravidez, Andréia deu luz a mais um filho.
Feliz com o nascimento de mais um filho, Lindolfo resolveu dar-lhe o nome de Lúcio. E a Lúcio, dispensou os mesmos cuidados que a Leonardo – nesta época, com quase dois anos. No entanto, conforme surgiam compromissos no escritório, Lindolfo não pôde se dedicar integralmente ao novo filho. Constantes viagens o faziam ficar, seguidos dias, longe de casa.
Tal fato, acarretou fofocas na cidade.
As futriqueiras de plantão, começando a especular novamente a vida de Lindolfo, chegavam a insinuar que este, estava novamente de caso com alguém.
No entanto, Andréia, confiante que era, não acreditava nisso. Segura de si, sempre dizia que, se Lindolfo lhe aprontasse uma dessas, não haveria segunda chance. Estaria tudo acabado entre eles. Por isso, não ligava para os comentários, e procurava seguir com sua vida. Além do mais, tinha cinco crianças para cuidar. E portanto, muito trabalho a esperava.
Apesar de poder contar com a ajuda de duas babás, ainda assim Andréia precisava tomar conta dos filhos.
Por serem muitas crianças, o trabalho nunca acabava.
Mas, Lorena – a filha mais velha de Lindolfo –, que nesta época tinha oito anos; Lara, com sete e Luís com seis; já podiam fazer algumas coisas sozinhos.
Contudo, por serem crianças, ainda assim, precisavam que alguém atento, os olhasse.
Isso por que, quando Lorena se juntava com Lara, a confusão era certa. As duas quando se juntavam, era só traquinagem. Já Luís, sempre foi um menino quieto. Mesmo quando estava com as duas, raramente aprontava. Mas quando ficava sozinho com Lara, freqüentemente brigavam.
Já Leonardo, por ser muito pequeno, não participava da brincadeira dos irmãos.
Por serem maiores, Lara e Luís não tinham paciência com o pequeno Leonardo. Sempre que brincavam de alguma coisa, queriam que o irmão os acompanhasse nas brincadeiras. Como isso não acontecia, deixavam-no de lado.
Por isso, sempre que era rejeitado nas brincadeiras dos irmãos, saía chorando em busca de que alguém o defendesse.
Por conta disso, muitas vezes, a babá de um deles, ou mesmo Andréia, quando percebia isso, ia logo chamando a atenção dos dois, que então, eram compelidos a aceitar o irmãozinho nas brincadeiras.
No entanto, por serem maiores, viviam judiando do menino.
Em razão disso, depois de um certo tempo, Andréia desistiu de impor a presença do filho, nas brincadeiras dos irmãos.
Mas antes disso, deu-lhes uma merecida bronca. Vendo que não havia jeito de integrar os irmãos, decidiu então, afastar Leonardo dos dois. Em razão disso, chamou Lara e Luís para uma conversa. Levando-os até seu quarto, começou dizendo:
-- Muito bonito o que os dois fizeram, heim? Bonito maltratar uma criança que é o irmão de vocês.
-- Mas, mãe, a culpa não foi minha, foi a Lara que empurrou ele. – disse Luís, se defendendo.
-- Não fui eu não. Esse mentiroso que está inventando tudo. O Leonardo caiu sozinho. – disse Lara.
-- Não interessa quem começou. O que eu sempre vejo, é duas crianças muito amadas, que insistem em judiar de uma pessoinha que ainda não sabe se defender. Isso é certo, meninos?
Envergonhados, balançaram a cabeça negativamente.
Mas, Andréia não estava satisfeita. Então perguntou:
-- Eu não ouvi. Isso é certo Lara?
-- Não. – respondeu a menina.
-- E você Luís, acha isso certo?
-- Não.
-- Então, se vocês não acham certo, por que continuam insistindo nisso? Por que cometem sempre o mesmo erro? Por que isso? Acaso, eu não cuido bem de vocês? Alguma vez eu dei motivos para que vocês se sentissem menos amados que o Léo e o Lúcio?
Ao ouvirem isso, os dois caíram no choro.
-- Me digam crianças, onde foi que eu errei? Se eu fiz alguma coisa errada, eu preciso saber para consertar, está bem?
Nisso os dois correram para os braços dela e disseram entre soluços:
-- Não mãe. Você não fez nada de errado.
Depois dessa conversa, os dois foram correndo chamar o irmãozinho para brincar. Segurando-o pela mão, Lara, explicou-lhe todas as brincadeiras. Paciente, chegou até a levá-lo no banheiro. Mas ao ter que limpá-lo, chamou Andréia, para fazê-lo.
Sabendo disso, Andréia ficou feliz. Finalmente estavam aceitando o irmão.
Ao contrário de Lorena, que sempre brincava com ele, Lara e Luís, rejeitavam-no sistematicamente em suas brincadeiras. No entanto, após a chamada que levaram de Andréia, finalmente passaram a brincar com o irmão.
Apesar de algumas brigas e algum choro, já era um progresso admitirem o irmão em algumas brincadeiras. Contudo, em nem todas Leonardo estava.
Mas isso Andréia entendia. Como era muito pequenino, Leonardo não conseguia acompanhar os irmãos nas brincadeiras. Por isso, sempre que era necessário, uma das babás, ou mesmo Andréia, intervinham, e lhe explicavam os motivos dos irmãos.
Mas Leonardo não entendia. Assim, para distraí-lo, Bernadete e Marlene sempre brincavam com ele. Dedicadas, desde a morte de Lizandra, passaram a cuidar dos meninos como babás. Por essa razão, outras empregadas foram contratadas para cuidar da casa.
E assim, há alguns anos, já trabalhavam para a família Oliveira Jardas.
Acostumadas com a criançada, Marlene e Bernadete já tiravam de letra certos imprevistos. Enfim, eram pessoas de confiança.
Por isso, quando Andréia ficou novamente grávida, as duas ficaram animadas com a notícia, pois mais uma criança viria ao mundo, para alegria delas. Afinal, enquanto tivessem crianças para olhar, teriam o emprego garantido. Felizes, encontraram a casa certa para trabalharem.
E assim, quando Lígia nasceu, todos ficaram encantados. Finalmente depois de seis anos de feliz matrimônio, Andréia teve uma menina.
Já um pouco crescidos, Leonardo – com quatro anos – e Lúcio – com quase dois anos –, ficaram encantados com a irmãzinha. Curiosos, ficavam o tempo todo observando o comportamento da menina e perguntando a mãe, o porquê de todos os seus gestos.
Lorena – já com dez anos –, Lara – com nove – e Luís – com oito –, já estavam mais do que acostumados a ter crianças na família. Desde que nasceram, não paravam de ganhar irmãos.
Com este aliás, já era o terceiro filho de Andréia.
Foi assim que Lígia, passou a ser a princesinha da casa.
Paparicada por todos, inclusive pelos irmãos mais velhos, – filhos do primeiro casamento de Lindolfo – que ficaram encantados com ela, desde que nasceu, a e menina então, se tornou o xodó da casa.
Quando Lígia nasceu, Lindolfo estava viajando a trabalho. Por isso, somente quando retornou, é que pôde finalmente ver a filha.
Por isso, quando viu a menina, ficou encantado. Depois de dois meninos, nascia uma menina. Para ele, uma grande alegria, apesar de já ter duas filhas legítimas.
Andréia nesse aspecto, ansiava muito por uma filha. Adorava os meninos, mas sempre quis ter filhas também. Em razão disso, em todas as suas gravidezes, sempre esperava por uma menina. No entanto, isso nunca acontecia. Agora, depois de tanto tempo, finalmente, Lígia nasceu.
E a menina cresceu em meio a muitos irmãos.
Mesmo quando nasceu Leandro, quarto filho do casal, Lígia não perdeu seu posto de queridinha da casa.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
SOCIEDADE ALTERNATIVA - CAPÍTULO 9
De um hospital na cidade vizinha, lhe ligaram, informando que Lizandra havia batido o carro contra um poste. Estava em estado grave.
Ao ouvir isso, Lindolfo deixou o telefone escorregar de suas mãos.
Desesperado, avisou as empregadas para que informasse a quem ligasse, que Liza, já havia sido encontrada. Muito embora estivesse mal, estava viva. Lindolfo recomendou as duas ainda, que caso alguém perguntasse por ele, era para dizer que havia ido até o hospital municipal da cidade vizinha.
Passou estas recomendações e saiu.
Por não estar de carro, foi até a praça central da cidade e pegou um táxi. De lá, foi direto para o hospital.
Ao lá chegar, descobriu que o carro fora inteiramente destruído.
Para piorar, sua esposa estava agonizante. Os médicos não lhe davam mais do que alguns minutos de vida. Admirados, chegaram a comentar com Lindolfo, que era realmente espantoso, que a moça não tivesse morrido na hora. Preocupados, chegaram a pensar, que ela morreria a caminho do hospital.
Sobre seu estado físico, os médicos disseram que ela, havia se chocado contra um poste e, dada a violência da batida, estava seriamente machucada. Contudo, por ter se protegido, na hora da batida, não tinha muitos ferimentos no rosto. Mas o corpo, estava cheio de hematomas, escoriações, e fraturas.
Lindolfo, ouvindo atentamente todas as explicações do médico, ao constatar que os mesmos não tentariam salvá-la perguntou:
-- Mas vocês não podem nem ao menos tentar? Não tem como ajudá-la?
-- Não, infelizmente não tem jeito. Se nós mexermos nela, podemos complicar sua situação. Além do mais, ela está sentindo muitas dores. – disse dos médicos.
-- Mas, vocês não estão lhe ministrando analgésicos?
-- Sim, e também a examinamos. Mas infelizmente, não há nada a ser feito. A moça vai morrer em menos de uma hora. Lamentamos dizer isso. Um acidente desse porte é fatal. A única coisa que podemos fazer nesses casos, é tentar diminuir as dores do paciente, e tentar ajudar a família no que for possível.
Ao ouvir o diagnóstico do médico, Lindolfo se sentiu realmente culpado pelo acidente da esposa. Desesperado, não sabia o que pensar. Só lhe vinha a mente a idéia de culpa.
No entanto, num minuto de lucidez, chegou a perguntar:
-- Por acaso, minha mulher pediu alguma coisa?
-- Sim, pediu. Pediu para ver os filhos.
-- E nestes casos, como se procede?
-- Bem ... Diante deste caso, abriremos uma exceção. As crianças podem visitar a mãe. Não se preocupe com nada. Apesar do acidente, a moça pode perfeitamente conversar. Além do mais, ela não possuí nenhuma lesão grave, que esteja exposta. Como eu já disse, seu rosto não tem grandes ferimentos, apenas alguns cortes. Nada que impressionaria crianças.
-- Então eu as trarei. Por favor, tente mantê-la viva, o máximo possível. Eu vou fazer sua última vontade.
E disse e cumpriu sua palavra.
Lizandra, parecia realmente determinada a ver os filhos pela última vez.
Assim, as crianças, ao chegarem em seu leito, finalmente puderam ver a mãe.
Acompanhadas pelo pai, Lindolfo, e pelas empregadas, puderam visitar Lizandra.
No entanto, ao tentar adentrar o quarto da esposa moribunda, Lindolfo foi taxativamente, proibido de entrar. Os médicos, alegando que a moça não queria lhe ver, pediram educadamente para que esperasse do lado de fora do quarto.
Diante da insistência do rapaz, disseram que nestes casos, não era bom contrariar o paciente, afinal, em poucos minutos, ela não estaria mais ali.
Mas o rapaz insistia com os médicos. Precisava se desculpar com a esposa.
Entretanto, a despeito de sua insistência, mesmo penalizados com o desespero do rapaz, os médicos não autorizaram a visita. Cautelosos, levaram Lindolfo para fora da ala dos doentes internados e ficaram conversando com ele durante quase uma hora.
Enquanto isso, Lorena, Luís e Lara – os filhos de Lizandra –, sem conseguir entender muito bem o que se passava, procuraram se aninhar ao lado da mãe.
Lorena, que tinha quase três anos e Lara, que já sabiam falar, não paravam de fazer perguntas do tipo. Mamãe, por que você tá aqui? Por que não tá em casa? Você tá dodói? Vamos pra casa, mamãe. Aqui tá muito chato.
Ao ouvir tantas perguntas, Lizandra começou a rir. Em seguida comentou:
-- Mamãe está aqui, por que se machucou. Por isso, tenho que ficar deitada.
Nesse momento, Lorena então lhe perguntou quando sairia de lá.
Ao ouvir isso, Lizandra, já no limite de suas forças, começou a chorar.
Foi então que suas duas empregadas sinalizaram para que as crianças saíssem.
Mas Lizandra queria ficar mais um pouco com os filhos.
Como última mensagem, Lizandra pediu as empregadas que ficassem com eles, que cuidassem dos meninos. Pediu ainda para que se precisassem, contassem com a ajuda de Odete, sua mãe, e das amigas Adriane e Celeste. Angustiada, chegou a insistir com Bernadete – que trabalhava para ela desde quando se casou –, que não abandonasse os meninos. Sabia que não podia contar com o marido.
Aliás, nessa última conversa, deixou bem claro que não queria que elas deixassem as crianças sozinhas nas mãos dele. Lizandra afirmou ainda, que Lindolfo não saberia cuidar delas, por isso o cuidado.
Por último Lizandra pediu a Bernadete, que nunca deixasse de dizer que ela Lizandra Porto Real, amava muito Lorena, Lara e Luís, e que mesmo muito longe, não deixaria de olhar por eles.
Consciente de que estava morrendo, disse as empregadas, que só lamentava uma coisa, deixar seus filhos sozinhos.
Disse isso, e morreu logo em seguida, diante dos olhares espantados de Lara, que ficou realmente impressionada.
Ao constatar isso, Bernadete pediu então a Marlene, que avisasse os médicos.
Em seguida, pediu as crianças que se despedissem da mãe, pois esta estava dormindo.
No entanto, Lara, percebendo que a mãe estava estranha, começou a chorar e a assustar seus irmãos.
Bernadete então, pediu a menina que se acalmasse, já que estava assustando Lorena e Luís. Mas a menina, mal sabendo pronunciar as palavras, só conseguia dizer, que sua mãe havia dormido para sempre. Seguidas vezes repetiu isso.
No que Bernadete, perdendo a paciência puxou-a, e junto com os irmãos, todos saíram do quarto.
Ao sair do quarto, Lara voltou a chorar e desesperada, só conseguia repetir que sua mãe havia ido embora. Sabendo que ela nunca mais voltaria, tentou entrar no quarto. Mas Bernadete a impediu.
Tentando acalmá-la, a mulher disse que mais tarde voltariam a vê-la.
Ao ouvir isso, Lara se acalmou, mas Lorena e Luís, por estarem assustados, começaram a chorar.
Foi então que Lindolfo, percebendo a confusão, começou a se aproximar. Pressentindo que havia algo errado, quando finalmente conversou com Bernadete, descobriu que Lizandra, já estava morta.
Ao ouvir isso, caiu em desespero. Culpado, começou a chorar. E entre lágrimas e soluços, culpou os médicos por não ter podido vê-la pela última vez.
Por conta disso, carregaria pelo resto da vida, a culpa pelo mal que causou a esposa.
Em razão disso, com derradeira homenagem, cuidou de todos os detalhes do velório e do enterro. Como Lizandra sempre viveu em Arco Verde, Lindolfo decidiu que lá, é que seria seu enterro.
E assim, cuidou pessoalmente do traslado do corpo. Auxiliado por seus amigos, cuidou para fosse celebrada uma missa de corpo presente, para encomendar a alma da esposa.
Sentido com a morte da esposa, Lindolfo ficou perdido diante da responsabilidade em educar os filhos. Neste momento de dor, como deveria agir? Afinal, eles, que haviam visto a mãe morrer, deviam estar profundamente assustados. Seria conveniente que eles estivessem presentes no velório?
Em dúvida sobre como proceder, Lindolfo resolveu consultar Bernadete, a qual, nos últimos tempos, esteve cuidando de seus filhos. Além do mais, ela praticamente os vira nascer, e ao contrário dele, sempre esteve presente na vida deles. Por isso, era a pessoa indicada para sanar suas dúvidas.
Bernadete, então, ao ouvir a pergunta do patrão, recomendou-lhe que não levasse as crianças no velório. Mas se ele realmente fazia questão, que deixasse para ela e Marlene levar. Assim, veriam a mãe, e depois retornariam para casa.
Isso por que, Bernadete prometeu a Lara, que esta veria sua mãe pela última vez.
No entanto, Marlene e Bernadete precisariam explicar as crianças, o que sucedera a mãe delas.
E assim, incumbida desta obrigação, Bernadete então lhes explicou, o que havia ocorrido.
Inconsoláveis, tanto Lorena quanto Lara, choraram muito. Já Luís, por ser muito pequeno, não entendia ainda o por que de tudo aquilo. Mas ao ver as irmãs chorando, ficou assustado e acabou chorando também.
E assim, no final da tarde, Bernadete, Marlene e as crianças foram até a igreja, velar o corpo da mãe. Depois, acompanharam o cortejo fúnebre e jogaram flores em seu túmulo.
Apesar desta prática não ser comum na época, Lindolfo fez questão de ver os filhos no enterro.
Por isso, ao consentir que os filhos estivessem presentes no velório e no enterro, foi duramente criticado. Acusado de expor as crianças a uma situação dolorosa, foi taxado de irresponsável e considerado despreparado para cuidar das crianças.
Por conta disso, após a morte da esposa, passou a sofrer uma dura perseguição, por parte de seus sogros.
Revoltados com a morte da filha, tentaram seguidas vezes, tirar as crianças de sua casa. Contudo, amparado pelos amigos advogados, e visto ser pessoa influente no local, Lindolfo conseguia sempre, reverter a situação a seu favor.
Seus sogros, além do mais, não reuniam condições para cuidar de três crianças pequenas. Por já possuírem uma certa idade, já não tinham energia suficiente para cuidar de tantas crianças juntas.
Além disso, após alguns meses viúvo, Lindolfo acabou por encontrar uma nova companheira.
Andréia, que mais tarde se tornou sua esposa, era a pessoa ideal para cuidar de seus filhos. Dos filhos de seu casamento anterior.
Um pouco antes disso, Lindolfo, pesaroso com o falecimento da esposa, procurando se retratar e diminuir um pouco sua culpa, terminou o relacionamento de anos que manteve com Thereza.
Contudo a despeito, do rompimento dos dois, assumiu com a ex-amante, o compromisso de ajudar a manter as meninas. Nada lhes faltaria.
E assim o fez. Cumpriu com o prometido.
No entanto, a despeito disso, nunca mais, foi ver as filhas.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
Ao ouvir isso, Lindolfo deixou o telefone escorregar de suas mãos.
Desesperado, avisou as empregadas para que informasse a quem ligasse, que Liza, já havia sido encontrada. Muito embora estivesse mal, estava viva. Lindolfo recomendou as duas ainda, que caso alguém perguntasse por ele, era para dizer que havia ido até o hospital municipal da cidade vizinha.
Passou estas recomendações e saiu.
Por não estar de carro, foi até a praça central da cidade e pegou um táxi. De lá, foi direto para o hospital.
Ao lá chegar, descobriu que o carro fora inteiramente destruído.
Para piorar, sua esposa estava agonizante. Os médicos não lhe davam mais do que alguns minutos de vida. Admirados, chegaram a comentar com Lindolfo, que era realmente espantoso, que a moça não tivesse morrido na hora. Preocupados, chegaram a pensar, que ela morreria a caminho do hospital.
Sobre seu estado físico, os médicos disseram que ela, havia se chocado contra um poste e, dada a violência da batida, estava seriamente machucada. Contudo, por ter se protegido, na hora da batida, não tinha muitos ferimentos no rosto. Mas o corpo, estava cheio de hematomas, escoriações, e fraturas.
Lindolfo, ouvindo atentamente todas as explicações do médico, ao constatar que os mesmos não tentariam salvá-la perguntou:
-- Mas vocês não podem nem ao menos tentar? Não tem como ajudá-la?
-- Não, infelizmente não tem jeito. Se nós mexermos nela, podemos complicar sua situação. Além do mais, ela está sentindo muitas dores. – disse dos médicos.
-- Mas, vocês não estão lhe ministrando analgésicos?
-- Sim, e também a examinamos. Mas infelizmente, não há nada a ser feito. A moça vai morrer em menos de uma hora. Lamentamos dizer isso. Um acidente desse porte é fatal. A única coisa que podemos fazer nesses casos, é tentar diminuir as dores do paciente, e tentar ajudar a família no que for possível.
Ao ouvir o diagnóstico do médico, Lindolfo se sentiu realmente culpado pelo acidente da esposa. Desesperado, não sabia o que pensar. Só lhe vinha a mente a idéia de culpa.
No entanto, num minuto de lucidez, chegou a perguntar:
-- Por acaso, minha mulher pediu alguma coisa?
-- Sim, pediu. Pediu para ver os filhos.
-- E nestes casos, como se procede?
-- Bem ... Diante deste caso, abriremos uma exceção. As crianças podem visitar a mãe. Não se preocupe com nada. Apesar do acidente, a moça pode perfeitamente conversar. Além do mais, ela não possuí nenhuma lesão grave, que esteja exposta. Como eu já disse, seu rosto não tem grandes ferimentos, apenas alguns cortes. Nada que impressionaria crianças.
-- Então eu as trarei. Por favor, tente mantê-la viva, o máximo possível. Eu vou fazer sua última vontade.
E disse e cumpriu sua palavra.
Lizandra, parecia realmente determinada a ver os filhos pela última vez.
Assim, as crianças, ao chegarem em seu leito, finalmente puderam ver a mãe.
Acompanhadas pelo pai, Lindolfo, e pelas empregadas, puderam visitar Lizandra.
No entanto, ao tentar adentrar o quarto da esposa moribunda, Lindolfo foi taxativamente, proibido de entrar. Os médicos, alegando que a moça não queria lhe ver, pediram educadamente para que esperasse do lado de fora do quarto.
Diante da insistência do rapaz, disseram que nestes casos, não era bom contrariar o paciente, afinal, em poucos minutos, ela não estaria mais ali.
Mas o rapaz insistia com os médicos. Precisava se desculpar com a esposa.
Entretanto, a despeito de sua insistência, mesmo penalizados com o desespero do rapaz, os médicos não autorizaram a visita. Cautelosos, levaram Lindolfo para fora da ala dos doentes internados e ficaram conversando com ele durante quase uma hora.
Enquanto isso, Lorena, Luís e Lara – os filhos de Lizandra –, sem conseguir entender muito bem o que se passava, procuraram se aninhar ao lado da mãe.
Lorena, que tinha quase três anos e Lara, que já sabiam falar, não paravam de fazer perguntas do tipo. Mamãe, por que você tá aqui? Por que não tá em casa? Você tá dodói? Vamos pra casa, mamãe. Aqui tá muito chato.
Ao ouvir tantas perguntas, Lizandra começou a rir. Em seguida comentou:
-- Mamãe está aqui, por que se machucou. Por isso, tenho que ficar deitada.
Nesse momento, Lorena então lhe perguntou quando sairia de lá.
Ao ouvir isso, Lizandra, já no limite de suas forças, começou a chorar.
Foi então que suas duas empregadas sinalizaram para que as crianças saíssem.
Mas Lizandra queria ficar mais um pouco com os filhos.
Como última mensagem, Lizandra pediu as empregadas que ficassem com eles, que cuidassem dos meninos. Pediu ainda para que se precisassem, contassem com a ajuda de Odete, sua mãe, e das amigas Adriane e Celeste. Angustiada, chegou a insistir com Bernadete – que trabalhava para ela desde quando se casou –, que não abandonasse os meninos. Sabia que não podia contar com o marido.
Aliás, nessa última conversa, deixou bem claro que não queria que elas deixassem as crianças sozinhas nas mãos dele. Lizandra afirmou ainda, que Lindolfo não saberia cuidar delas, por isso o cuidado.
Por último Lizandra pediu a Bernadete, que nunca deixasse de dizer que ela Lizandra Porto Real, amava muito Lorena, Lara e Luís, e que mesmo muito longe, não deixaria de olhar por eles.
Consciente de que estava morrendo, disse as empregadas, que só lamentava uma coisa, deixar seus filhos sozinhos.
Disse isso, e morreu logo em seguida, diante dos olhares espantados de Lara, que ficou realmente impressionada.
Ao constatar isso, Bernadete pediu então a Marlene, que avisasse os médicos.
Em seguida, pediu as crianças que se despedissem da mãe, pois esta estava dormindo.
No entanto, Lara, percebendo que a mãe estava estranha, começou a chorar e a assustar seus irmãos.
Bernadete então, pediu a menina que se acalmasse, já que estava assustando Lorena e Luís. Mas a menina, mal sabendo pronunciar as palavras, só conseguia dizer, que sua mãe havia dormido para sempre. Seguidas vezes repetiu isso.
No que Bernadete, perdendo a paciência puxou-a, e junto com os irmãos, todos saíram do quarto.
Ao sair do quarto, Lara voltou a chorar e desesperada, só conseguia repetir que sua mãe havia ido embora. Sabendo que ela nunca mais voltaria, tentou entrar no quarto. Mas Bernadete a impediu.
Tentando acalmá-la, a mulher disse que mais tarde voltariam a vê-la.
Ao ouvir isso, Lara se acalmou, mas Lorena e Luís, por estarem assustados, começaram a chorar.
Foi então que Lindolfo, percebendo a confusão, começou a se aproximar. Pressentindo que havia algo errado, quando finalmente conversou com Bernadete, descobriu que Lizandra, já estava morta.
Ao ouvir isso, caiu em desespero. Culpado, começou a chorar. E entre lágrimas e soluços, culpou os médicos por não ter podido vê-la pela última vez.
Por conta disso, carregaria pelo resto da vida, a culpa pelo mal que causou a esposa.
Em razão disso, com derradeira homenagem, cuidou de todos os detalhes do velório e do enterro. Como Lizandra sempre viveu em Arco Verde, Lindolfo decidiu que lá, é que seria seu enterro.
E assim, cuidou pessoalmente do traslado do corpo. Auxiliado por seus amigos, cuidou para fosse celebrada uma missa de corpo presente, para encomendar a alma da esposa.
Sentido com a morte da esposa, Lindolfo ficou perdido diante da responsabilidade em educar os filhos. Neste momento de dor, como deveria agir? Afinal, eles, que haviam visto a mãe morrer, deviam estar profundamente assustados. Seria conveniente que eles estivessem presentes no velório?
Em dúvida sobre como proceder, Lindolfo resolveu consultar Bernadete, a qual, nos últimos tempos, esteve cuidando de seus filhos. Além do mais, ela praticamente os vira nascer, e ao contrário dele, sempre esteve presente na vida deles. Por isso, era a pessoa indicada para sanar suas dúvidas.
Bernadete, então, ao ouvir a pergunta do patrão, recomendou-lhe que não levasse as crianças no velório. Mas se ele realmente fazia questão, que deixasse para ela e Marlene levar. Assim, veriam a mãe, e depois retornariam para casa.
Isso por que, Bernadete prometeu a Lara, que esta veria sua mãe pela última vez.
No entanto, Marlene e Bernadete precisariam explicar as crianças, o que sucedera a mãe delas.
E assim, incumbida desta obrigação, Bernadete então lhes explicou, o que havia ocorrido.
Inconsoláveis, tanto Lorena quanto Lara, choraram muito. Já Luís, por ser muito pequeno, não entendia ainda o por que de tudo aquilo. Mas ao ver as irmãs chorando, ficou assustado e acabou chorando também.
E assim, no final da tarde, Bernadete, Marlene e as crianças foram até a igreja, velar o corpo da mãe. Depois, acompanharam o cortejo fúnebre e jogaram flores em seu túmulo.
Apesar desta prática não ser comum na época, Lindolfo fez questão de ver os filhos no enterro.
Por isso, ao consentir que os filhos estivessem presentes no velório e no enterro, foi duramente criticado. Acusado de expor as crianças a uma situação dolorosa, foi taxado de irresponsável e considerado despreparado para cuidar das crianças.
Por conta disso, após a morte da esposa, passou a sofrer uma dura perseguição, por parte de seus sogros.
Revoltados com a morte da filha, tentaram seguidas vezes, tirar as crianças de sua casa. Contudo, amparado pelos amigos advogados, e visto ser pessoa influente no local, Lindolfo conseguia sempre, reverter a situação a seu favor.
Seus sogros, além do mais, não reuniam condições para cuidar de três crianças pequenas. Por já possuírem uma certa idade, já não tinham energia suficiente para cuidar de tantas crianças juntas.
Além disso, após alguns meses viúvo, Lindolfo acabou por encontrar uma nova companheira.
Andréia, que mais tarde se tornou sua esposa, era a pessoa ideal para cuidar de seus filhos. Dos filhos de seu casamento anterior.
Um pouco antes disso, Lindolfo, pesaroso com o falecimento da esposa, procurando se retratar e diminuir um pouco sua culpa, terminou o relacionamento de anos que manteve com Thereza.
Contudo a despeito, do rompimento dos dois, assumiu com a ex-amante, o compromisso de ajudar a manter as meninas. Nada lhes faltaria.
E assim o fez. Cumpriu com o prometido.
No entanto, a despeito disso, nunca mais, foi ver as filhas.
Luciana Celestino dos Santos
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.
SOCIEDADE ALTERNATIVA - CAPÍTULO 8
Assim, enquanto, Lizandra cuidava de seus filhos, Lindolfo – o marido infiel –, arrumava filhos também, com outras mulheres.
Muito embora não soubesse inicialmente, que seu marido possuía uma amante-fixa, sabia que ele não lhe fiel. Apesar de nunca ter presenciado uma traição, nada mais explicava o total desinteresse pela família depois de um ano e meio casados. Um pouco antes de descobrir a segunda gravidez da esposa, Lindolfo passou a adotar um comportamento estranho. Isso por que, todas as noites, chegava tarde em casa.
Sob a alegação de que estava cuidando do novo escritório que montara na cidade, dizia que ser dono do próprio nariz, exigia muito esforço e dedicação. Além disso, como seu trabalho exigia constantes viagens para outras cidades, não foi difícil inventar desculpas para a mulher.
Tal fato inclusive, colaborou para que o casamento de Lindolfo e Lizandra se desgastasse ainda mais.
E assim, sozinha, Lizandra passava os dias cuidando dos filhos. Lorena, sua filha mais velha, nessa época tinha quase três anos. Já Lara, a filha do meio, estava prestes a completar dois anos. E Luís, o caçula, único menino no meio de tantas mulheres, estava com quase onze meses. Pelo fato de os três já estar andando, o cuidado tinha que ser redobrado, pois um minuto de distração, poderia ter graves conseqüências.
E foi assim, que, num minuto de distração da babá, Lorena – a filha mais velha de Lizandra –, saiu andando para fora para de casa e quase foi atropelada.
Não fosse a intervenção da própria mãe da menina, esta teria sido atropelada e a babá só perceberia quando o mal estivesse feito.
Por conta disso, Lizandra furiosa, imediatamente demitiu a empregada.
Em razão disso, nos últimos tempos, passou ter duas empregadas em casa.
Foi assim, que ao ver-se em meio a tantas crianças, percebeu então, que casada a quase quatro anos, passou quase todo o tempo grávida. Por isso sentia que algo ia mal. Durante quase todo o tempo em que estivera casada, não tivera tempo de se dedicar a relação dos dois. Praticamente durante todo o período em que estiveram casados, Lizandra só teve tempo para pensar em seus filhos.
Em razão disso, Lizandra chegou a comentar diversas vezes com sua mãe, que se sentia culpada pelo fracasso de seu casamento.
Nessa época, Dona Odete já sabia que o casamento da filha não ia bem.
Mas, mesmo assim, jamais admitiria a separação do casal. Muito embora estivesse decepcionada com o genro, o matrimônio naquele tempo, era um laço indissolúvel.
Além disso, com as constantes fofocas, não havia maneira de não saber que as coisas não andavam bem entre eles.
No salão de cabeleireiro da cidade, tal fato não parava de ser comentado. A própria Odete, enquando freqüentou o salão, cansou de ouvir indiretas.
Assim, não havia como Lizandra não tomar conhecimento de tudo isso.
No entanto, mesmo sabendo das infidelidades do marido, Lizandra só foi tomar uma atitude, quando descobriu que este possuía a quase três anos, uma amante-fixa.
Lizandra, ao descobrir a infidelidade do marido, resolveu tomar satisfações com ele. Diferentemente de seu jeito costumeiramente pacato, Lizandra, carinhosamente chamada de Liza por ele, ficou enfurecida.
Ao descobrir que este possuía nos últimos tempos, uma amante-fixa, Lizandra exigiu que o marido a deixasse. Não queria que o marido mantivesse o caso.
Lindolfo, ao ouvir isso, tentou o quanto pôde, negar seu envolvimento com Thereza. Mas Lizandra não acreditou nele.
Prevenida por longo tempo por suas amigas, sobre a infidelidade de Lindolfo, Lizandra tentou o máximo possível, fingir que não via.
Mas, em dado momento, ao avistar o marido, dando carona a Thereza, e depois, ao vê-los sair de um bar, abraçados, não restava mais dúvidas. Lindolfo estava realmente, tendo um caso com aquela mulher.
Por isso, quando seu marido tentou negar seu envolvimento extraconjugal, Lizandra afirmou que vira os dois juntos por duas vezes.
Diante disso, Lindolfo não teve como se desculpar. Afinal como poderia explicar a traição? Todavia, a despeito disso, comprometeu-se com Lizandra, em terminar seu caso com Thereza. Disse que a procuraria pela última vez para explicar tudo. Argumentando que precisava se acertar com ela, comentou que não podia deixar suas filhas desamparadas.
Ao ouvir isso, Lizandra não aceitou os termos do marido. Ao constatar que havia crianças envolvidas na história, Lizandra sentiu-se ainda mais magoada.
Sentindo-se ultrajada, discutiu seriamente com Lindolfo. Chamou-o de canalha, calhorda, mentiroso.
De tão enfurecida, tentou agredi-lo, mas este segurou-a pelo braço. E assim, impossibilitada de chegar as vias de fato, quando, finalmente conseguiu se desvencilhar dele, correu em direção a garagem e, pegando o carro do marido, saiu em disparada.
Lindolfo, tentou impedi-la de sair com o carro, mas Lizandra ameaçou jogar o carro contra ele. Diante disso sem ter como impedi-la, a moça conseguiu sair com o carro.
Ao perceber a gravidade do quadro, Lindolfo, preocupado, pediu aos amigos e conhecidos, que o auxiliassem. Estava procurando a esposa.
Constrangido com a situação em que estava envolvido, tentou explicar as pessoas, que ele e a esposa haviam brigado. Em resposta, Lizandra pegou o carro do casal e saiu em alta velocidade.
Estava preocupado. Temia que a esposa fizesse alguma besteira. Por isso precisava encontrá-la o quanto antes. Precisava encontrá-la, antes que se prejudicasse.
Nesse intuito, passou a noite inteira procurando a esposa, pelas ruas da cidade. Conforme as horas passavam, mais e mais seu desespero aumentava. Como ele pôde deixar as coisas chegarem naquele ponto? Covarde, sentia-se responsável por tudo que acontecera, momentos antes. Se tivesse coragem, teria assumido a esposa, ao invés de arrumar amantes.
Mas já era tarde.
Mesmo tendo a ajuda de amigos, não conseguiu encontrar a esposa.
Preocupado, só lhe restava voltar para casa.
Seus amigos, atenciosos, se comprometeram em continuar procurando.
Diante disso, Lindolfo resolveu voltar para sua residência. Afinal, alguém precisava ficar em casa, se Lizandra resolvesse ligar.
E assim, Lindolfo ficou em casa. Durante horas a fio, esperou uma ligação da esposa. Horas, que mais pareciam séculos. Horas que o deixavam ainda mais desesperado.
Por ter se portado como um canalha, sentiu-se verdadeiramente culpado. Se algo acontecesse, morreria de culpa. Daí sua intranqüilidade. Precisava encontrar a esposa.
Com isso, por volta das quatro horas da madrugada, finalmente recebeu uma ligação.
Luciana Celestino dos Santos
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